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Unidade IV

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Prévia do material em texto

Economia Política e 
Serviço Social 
Karl Marx (Parte 2) 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Bruno Leonardo Tardelli
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
5
• Processo de Trabalho
• Composição Orgânica do Capital: Capital 
Constante e Capital Variável 
Observe a representação visual da unidade. Na representação esquemática, poderá ter uma 
noção da sequência que Marx utiliza e que será trabalhada nesta unidade.
No tópico de contextualização, analisar a imagem para projetar o assunto que será estudado.
Ao longo do material teórico, leve em consideração os conceitos envolvidos nas unidades 
anteriores para poder seguir com mais tranquilidade. 
Na atividade de sistematização, irá responder o que será pedido, com o intuito de fixar o 
conteúdo. São 6 atividades autocorrigíveis pelo Blackboard.
Realize a atividade de aprofundamento, que está no formato de atividade de aplicação. Está 
proposta uma atividade numérica para aplicação do conteúdo desta unidade. 
 · Nesta unidade, encerraremos o estudo marxista, a partir da 
obra “O Capital: crítica da economia política”.
 · Além disso, abordaremos com mais detalhes a ideia da 
formação do capital, bem como exploraremos o conceito de 
mais-valia com mais detalhes.
Karl Marx (Parte 2)
6
Unidade: Karl Marx (Parte 2)
Contextualização
 
marxismo.org.br
7
Processo de Trabalho
Iniciaremos esta unidade explorando sobre os componentes do processo de 
trabalho para podermos chegar na forma com que os capitalistas conseguem 
obter a mais-valia. 
Posteriormente, será realizada uma discussão envolvendo as composições 
do capital (em capital constante e capital variável), de modo a 
possibilitar o entendimento da taxa de mais-valia absoluta. Um gancho 
será puxado deste ponto para tratarmos da mais-valia relativa. 
Está perdido em meio a tantos conceitos novos? Então, vamos a cada um 
deles separadamente.
A unidade anterior foi finalizada com uma indagação sobre como o capitalista consegue de 
fato aumentar o dinheiro no final do processo de circulação, ou seja, de D, para D’. A mais-
valia corresponde justamente a esse valor a mais que o capitalista consegue extrair para poder 
conquistar o lucro.
O primeiro passo para a compreensão de como é formada a mais-valia é entendermos o 
conceito de processo de trabalho.
Você Sabia ?
Processo de trabalho é o processo de elaboração de uma mercadoria da forma que vemos. 
Os elementos que o compõem são: o próprio trabalho, o objeto de trabalho e o instrumental 
de trabalho.
O trabalho representa a parte da força-de-trabalho humana; objeto de trabalho, em termos 
gerais, seria a matéria-prima; e, por fim, o instrumental de trabalho representa os meios de 
produção, ou seja, os instrumentos necessários para auxiliar o trabalhador a transformar um objeto 
de trabalho em uma nova mercadoria (por exemplo, as máquinas, as ferramentas, o imóvel em 
que a fábrica está instalada e etc.).
Por exemplo, caso um capitalista queira produzir 10 quilos de fios de algodão poderá 
precisar de: 6 horas de trabalho, 10 quilos de algodão (objeto de trabalho) e uma máquina (que 
naturalmente se desgasta ao longo da produção dos 10 quilos de fios).
Agora que já identificamos o que seria o processo de trabalho, vamos compreender o que 
seria o processo de produção de mais-valia.
Exemplo de processo de trabalho
 
ALGODÃO
MÁQUINA PRODUÇÃO DE FIOS DE ALGODÃO
FORÇA-DE-TRABALHO
8
Unidade: Karl Marx (Parte 2)
Processo de produção de mais-valia
O processo de produção de mais-valia é compreender como a mais-valia é criada. Para isso, 
você precisa entender como a força-de-trabalho é utilizada. A interpretação de Marx (2006) é 
de que, assim como as máquinas (instrumentos de trabalho) e os objetos de trabalho, a força-
de-trabalho, a partir do momento que é comprada, passa a poder ser utilizada da forma que o 
capitalista desejar. 
Em Síntese
Para Marx, somos semelhantes a qualquer “coisa” que um empresário precisa para produzir. Somos 
apenas uma mercadoria que vai produzir outra!
Dado que a teoria marxista encara a força-de-trabalho, também como uma mercadoria, vamos 
a um exemplo para, agora sim, mostrar a forma com que o capitalista obtém a mais-valia.
Suponha que um capitalista queira confeccionar 10 quilos de fios de algodão, cujo tempo 
socialmente necessário à produção é de 6 horas e que este, corresponda ao valor da 
força-de-trabalho.
 
 Atenção
Caso tenha esquecido o que significa o valor da força-de-trabalho volte à unidade anterior antes 
de prosseguir!
Vamos, então, a um exemplo com valores fictícios (“de mentirinha”) para ilustrarmos o 
processo de produção de mais-valia.
 Para a produção dos 10 quilos de fios de algodão, necessita-se de: 
• 10 quilos de algodão puro (objeto de trabalho) que custam 10 reais;
• uma máquina que perde 2 reais na produção de 10 quilos de fios pelo fato de estar se 
desgastando.
• a força-de-trabalho para 6 horas de produção.
Pense
Uma máquina, assim como o seu colchão, se desgasta a medida que é utilizada. No exemplo, estamos 
considerando que o processo de se fazer 10 quilos de fios desgasta (“tira valor da máquina”) 2 reais.
9
A imagem apresenta uma fábrica de fios de algodão da época de Marx, ou seja, entre o final 
XVIII e início do século XIX.
Library of C
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om
m
ons
Assim, temos os três tipos de mercadorias adquiridas pelo capitalista que formam a primeira 
parte da circulação (D - M): força-de-trabalho, algodão e máquinas.
A tabela 1 ilustra os elementos que compõem o processo de formação de mais-valia. Pode-
se verificar que a coluna de valor adiantado exibe o valor (D) para obtenção dos produtos 
necessários para a formação dos 10 quilos de fios. É o que o capitalista precisa gastar para 
poder produzir!
Tabela 1 - Elementos do processo de trabalho e produção de mais-valia em 10 quilos de 
fios de algodão
Quantidade Valor adiantado
Objeto de trabalho (algodão) 10 quilos 10 reais
Instrumento de trabalho (desgaste da máquina) - 2 reais
Força-de-trabalho 6 horas 3 reais
TOTAL 15 reais
Valor gerado = 15 reais
Mais-valia = 0 reais
Vamos, agora, analisar o processo. Para a confecção dos 10 quilos de fios, o algodão, por 
exemplo, não aumenta seu valor quando passa a estar incrustado na forma de fio. Assim, 
como a quantidade de 10 quilos de algodão foi adquirida por um valor de 10 reais, deve 
também transferir 10 reais aos 10 quilos de fios. Não há razão para ser diferente. O algodão não 
aumentará nem diminuirá seu valor somente por estar na forma de fios.
Ao mesmo tempo, analisando o desgaste sofrido pela máquina em função do uso, temos de 
ter a percepção que é como se esse desgaste participasse da construção dos 10 quilos de fios e o 
valor referente ao desgaste da máquina, também, transferido para os 10 quilos de fios ao final.
10
Unidade: Karl Marx (Parte 2)
Para Pensar
É como se, para sentir prazer ao deitar no seu colchão após um dia cansativo, o colchão perdesse 
valor por estar sendo usado (desgastado). Ou como se ao longo dos anos, cada eletrodoméstico da 
sua casa fosse ficando enferrujado ou mostrando falhas (por exemplo, o controle da TV que precisa 
de uma fita isolante para não abrir a parte que comporta as pilhas).
Há, portanto, até esse momento, apenas a transferência de valor para os fios; e não, expansão 
de valor capaz de gerar, a partir do recurso inicial (D) do capitalista, um valor maior (D’) ao final 
com a venda. 
Os 10 reais dos 10 quilos de algodão puro e a parte do desgaste da máquina foram transferidos 
para os 10 quilos de fios. Assim o problema-chave é: onde está o valor que dará lucro ao capitalista? 
Vejamos, então, o último elemento: o trabalho. Suponha que o tempo socialmente necessário 
à formação dos 10 quilos de fios de algodão é de 6 horas e que são pagos 3 reais ao trabalhador 
por este serviço. Assim, o capitalista gasta 10 reais com algodão puro, 2 reais com a máquina e 
3 reais com o trabalhador.
Apesar de o trabalhoter acrescentado 3 reais, esse valor corresponde também ao valor da 
força-de-trabalho, ou seja, o capitalista paga o trabalhador pelo que efetivamente vale e o 
aproveita somente neste período de 6 horas para trabalhar. Neste sentido, tudo que é adiantado 
(ver tabela 1 para facilitar a visualização) é transferido para o valor dos 10 quilos de fios (10 
reais do algodão + 2 reais da máquina + 3 reais da força-de-trabalho). O valor da força-de-
trabalho, assim como o valor dos 10 quilos de algodão e o da parcela da máquina desgastada 
são todos repassados ao produto final e, obtém-se este montante com a venda dos fios. 
 
 Atenção
Neste exemplo, o capitalista gastou 15 reais e ao final vendeu por 15 reais também! 
Então, como se formará a mais-valia? Como o capitalista pode obter mais com a venda do que com 
os valores adiantados? 
Realmente, da forma como colocamos, a mais-valia não poderá ser obtida, pois todo dinheiro 
adiantado foi transferido para o valor do produto, de modo que no ato da venda se obtém o 
mesmo dinheiro. Em outros termos, temos D – M – D, e não D – M – D’.
Vamos, então, identificar o problema. 
De fato, o algodão e a parcela do desgaste da máquina são valores que não podem alterar seu 
valor ao serem transferidos para os fios de algodão. Mas, como comentado anteriormente, a chave 
do segredo está na força-de-trabalho. Esta possui a capacidade de expandir o valor cristalizado 
nos fios para além dos valores transferidos pelos outros elementos, algodão e máquinas.
No primeiro caso (ver tabela 1), apesar de utilizarmos a força-de-trabalho e expandir o valor 
do produto final, esta foi remunerada exatamente pelo seu valor. De outro modo, foi paga 
pelos 3 reais que precisa para suprir os meios de subsistência, correspondentes nas 6 horas de 
trabalho – o tempo socialmente necessário à manutenção e reprodução da força-de-trabalho.
11
Entretanto, nada impede que o capitalista utilize o trabalhador por um tempo superior às 6 
horas. Conforme Marx,
“(...) o capitalista paga, por exemplo, o valor diário da força-de-trabalho. Sua utilização, como a 
de qualquer outra mercadoria – por exemplo, a de um cavalo que alugou por um dia –, pertence-
lhe durante o dia. Ao comprador pertence o uso da mercadoria, e o possuidor da força-de-
trabalho apenas cede realmente o valor-de-uso que vendeu, ao ceder seu trabalho. Ao penetrar o 
trabalhador na oficina do capitalista, pertence a este o valor-de-uso de sua força-de-trabalho, sua 
utilização, o trabalho. O capitalista compra a força-de-trabalho e incorpora o trabalho, fermento 
vivo, aos elementos mortos constitutivos do produto, os quais também lhe pertencem. Do seu 
ponto de vista, o processo de trabalho é apenas o consumo da mercadoria que comprou, a força-
de-trabalho, que só pode consumir adicionando-lhe meios de produção” (MARX, 2006). 
Do exposto pelo autor, fica claro que o capitalista pode usar o quanto quiser a força-de-trabalho. 
Deste modo, vamos considerar o capitalista produzindo 20 quilos de algodão, ao invés de 10 quilos. 
Caso produza 20 quilos, serão necessários o dobro tanto algodão quanto também o será 
assim o desgaste da máquina. Por outro lado, apesar das horas necessárias para executar a 
produção também seja o dobro, o pagamento à força-de-trabalho é a mesma que com 10 
quilos de fios. Lembre-se que isso ocorre em função de que com os 3 reais já estaria pagando 
o suficiente para a manutenção diária do trabalhador e, portanto, este está sendo remunerado 
pelo que efetivamente “custa” para o capitalista. 
A tabela 2 contém os elementos semelhantes aos da tabela 1. Claramente, os valores a serem 
considerados são para os 20 quilos de fios. Observe que o dobro é adiantado de quilos de algodão 
(20 reais), assim como, de desgaste da máquina (4 reais). Entretanto, para essa produção, paga-se 
os mesmos 3 reais à força-de-trabalho, totalizando 27 reais a serem adiantados. Se para 10 quilos 
gerar-se-iam 15 reais de valor final em dinheiro, no caso de 20 quilos, formar-se-iam 30 reais. 
Observe! Foram adiantados 27 reais e ao final seriam obtidos 30 reais, o que representa 3 reais 
a mais, que são o valor excedente denominado mais-valia. Portanto, a extração da mais-valia 
viria do uso da força-de-trabalho, além das horas necessárias à sua manutenção ou reprodução, 
dado que o trabalhador estaria dedicando 12 horas na produção de fios de algodão.
Tabela 2 - Elementos do processo de trabalho e produção de mais-valia em 20 quilos de 
fios de algodão
Quantidade Valor adiantado
Objeto de trabalho (algodão) 20 quilos 20 reais
Instrumento de trabalho (desgaste da máquina) - 4 reais
Força-de-trabalho 12 horas 3 reais
TOTAL 27 reais
Valor gerado = 30 reais
Mais-valia = 3 reais
12
Unidade: Karl Marx (Parte 2)
Realizando o mesmo exercício, mas, agora, para 30 quilos de fios de algodão chega-se ao resultado 
da tabela 3. O valor adiantado seria de 39 reais e a força-de-trabalho estaria envolvida no processo 
durante 18 horas do dia. Fato este, que geraria um valor excedente, ou mais-valia, de 6 reais.
Tabela 3 - Elementos do processo de trabalho e produção de mais-valia em 30 quilos de 
fios de algodão
Quantidade Valor adiantado
Objeto de trabalho (algodão) 30 quilos 30 reais
Instrumento de trabalho (desgaste da máquina) - 6 reais
Força-de-trabalho 18 horas 3 reais
TOTAL 39 reais
Valor gerado = 45 reais
Mais-valia = 6 reais
Passemos, agora, ao entendimento da composição do capital separado em capital constante 
e variável.
Composição Orgânica do Capital: Capital Constante e Capital Variável 
Ao discorrermos sobre processo de trabalho e processo de criação de mais-valia, deve ficar 
claro uma significativa diferença entre eles. 
O processo de trabalho refere-se à criação de novos valores-de-uso, de novas mercadorias 
geradas a partir dos elementos constitutivos originais desse processo. Estes se compõem de 
objeto de trabalho e instrumental de trabalho. O processo de trabalho passa pela destruição 
dos objetos de trabalho (“matérias-primas”) para a formação de novos elementos concretos, ou 
seja, das mercadorias finais que se deseja alcançar, a partir do uso da força-de-trabalho e dos 
instrumentos (máquinas, ferramentas e etc) necessários à sua execução. 
Por outro lado, o processo de criação de mais-valia relaciona-se à transferência de valor do 
objeto de trabalho e instrumento de trabalho para as novas mercadorias formadas – no exemplo 
da seção anterior, o algodão e o maquinário, respectivamente. No exemplo, o algodão e a 
máquina transferiam o seu valor para os fios de algodão.
 Além da transferência de valor destes elementos preexistentes, também há criação de valor 
novo neste processo, a partir da força-de-trabalho.
13
 
 Atenção
Uma questão a ser salientada é que a transferência de valor somente é possível porque no algodão 
e na máquina já havia trabalho realizado. 
Confuso? Veja. Para se colher o algodão, o produtor rural teve de semear a terra e executar uma série 
de etapas até a colheita e entrega do produto ao fabricante de fios. Da mesma forma, o produtor do 
maquinário introduziu uma série de processos até a montagem do maquinário antes de vendê-la ao 
produtor de fios. Ora, se o tempo socialmente necessário foi introduzido na produção de algodão 
e da máquina, eles possuem valor. E, no momento da produção dos fios não se acrescenta valor 
ao algodão ou ao maquinário; apenas transfere-se. Na produção de fios, portanto, somente há 
transferência dos valores do algodão e de parte da máquina para formação dos fios de algodão.
Assim, deve estar claro que os momentos de criação do algodão, da máquina e dos fios de algodão 
são distintos. Ao se fazer fios de algodão, o produtor desta mercadoria somente transfere os valores 
que já existem nestes aos fios e introduz valor novo com o uso da força-de-trabalho envolvida para 
confeccionar estes.
Esse é o processo que vimos anteriormente no processo de produção da mais-valia nas 
tabelas 1,2 e 3. Voltemosà tabela 1 a título de exemplo. 
Na tabela 1, o valor de 10 reais referentes aos 10 quilos de algodão são transferidos para os 
10 quilos de fios. Da mesma forma, parte do valor da máquina é transmitida para os fios na 
forma de desgaste da máquina (2 reais). Valor novo criado nesse processo, somente através da 
força-de-trabalho envolvida, que insere 3 reais. As diferenças para as tabelas 2 e 3 é que, ao 
exigir uma produção do trabalhador, num tempo correspondentemente maior que o valor a este 
remunerado, gera-se a mais-valia. 
A partir do exposto até agora nesta seção, podemos prosseguir e avançar nos conceitos de 
capital constante e capital variável.
 Nas palavras do autor,
“a parte do capital (...) que se converte em meios de produção, isto é, em 
matéria-prima, materiais acessórios e meios de trabalho não muda a magnitude 
do seu valor no processo de produção. Chamo-a, por isso, parte constante do 
capital, ou simplesmente capital constante” (MARX, 2006).
Quando Marx (2006) descreve sobre a parte do valor que não tem sua magnitude alterada, 
refere-se a todo objeto de trabalho (“matéria-prima”) e instrumental de trabalho (máquinas, 
ferramentas e etc.), que têm seus valores apenas transferidos para o valor da nova mercadoria 
gerada, a partir de determinado processo de trabalho.
O autor segue:
“a parte do capital convertida em força-de-trabalho, ao contrário, muda de 
valor no processo de produção. Reproduz o próprio equivalente e, além disso, 
proporciona em excedente, a mais-valia, que pode variar, ser maior ou menor. 
14
Unidade: Karl Marx (Parte 2)
Essa parte do capital transforma-se continuamente de magnitude constante em 
magnitude variável. Por isso, chamo-a parte variável do capital, ou simplesmente 
capital variável” (MARX, 2006, p. 244).
Como capital variável, portanto, incluem todas as horas de trabalho necessárias (e adiantadas) 
para a produção, que podem ou não, dar origem à mais-valia ao capitalista.
Para colocar isto de forma mais clara, ao invés de apresentar a circulação predominante no 
capitalismo (D – M – D’), vamos utilizar a nomenclatura C – M – C’ – como feito em Marx (2006). 
A letra D, que simbolizava o dinheiro adiantado para a produção, passa a ser C; e, D’, que 
mostrava o valor obtido da venda (dinheiro adiantado inicialmente + mais-valia) é, agora, C’. 
Primeiramente, vamos acompanhar C.
C é capital adiantado para comprar os matérias-primas, máquinas e remunerar a força-de-
trabalho. Portanto, existem:
• capital constante: correspondente ao valor das matérias-primas e máquinas necessárias 
à produção, ou seja, a parte apenas transferida de valor; e
• capital variável: a parte do novo valor que remunera a força-de-trabalho.
Exemplificando, caso tenhamos uma produção de cadeiras de madeira, a parte do dinheiro 
para a compra da madeira, dos pregos, da cola, reposição das máquinas desgastadas e demais 
objetos necessários para se produzir esta cadeira, seriam o capital constante. A parte destinada a 
pagar ao trabalhador, seria o capital variável. Assim, C = c + v, em que c é o capital constante e 
v o capital variável. Se os meios de produção tiveram o custo de 50 reais (c) e a força-de-trabalho 
de 10 reais (v), o total adiantado para a criação de cada cadeira foi de 60 reais, que é o C. 
A expressão C’ simboliza o capital ao final do processo que é obtido com a venda da 
mercadoria. Assim,
C’ = (c + v) + m
em que c + v é o capital inicialmente adiantado (C) e m é a mais-valia.
Voltando ao exemplo da produção de cadeiras, caso a mais-valia seja de 20 reais, C’ = (c + 
v) + m será C’ = (50 + 10) + 10 = 70 reais.
Dotado dos conceitos de capital constante e capital variável, pode-se, agora, apresentar a 
taxa de mais-valia.
 
A taxa de mais-valia
A taxa de mais-valia mede o grau de exploração da força-de-trabalho. O trabalhador, ao se 
vender para um capitalista, dá a este a possibilidade de utilizá-lo pelo tempo que quiser. Em 
troca, recebe, como toda mercadoria, apenas o seu valor.
15
A exploração da força-de-trabalho humana está no período de tempo que trabalha além do 
tempo socialmente necessário para sua própria manutenção ou reprodução. Como comentado 
em seções anteriores, o tempo de trabalho socialmente necessário corresponde ao período de 
tempo trabalhado que lhe é devolvido, na forma de remuneração, suficiente para adquirir os 
meios de subsistência.
Somente para relembrar, vamos a um exemplo. Caso a força-de-trabalho seja remunerada 
em 50 centavos por hora e precisa de 3 reais para “sobreviver”, o tempo de trabalho mínimo 
a ser trabalhado é de 6 horas. Este mínimo é o valor diário da força-de-trabalho. O tempo 
além das 6 horas de trabalho não é remunerado ao trabalhador e vai para o capitalista, que o 
“comprou” para trabalhar naquele dia. Este período adicional oferece ao capitalista a mais-valia 
(ver seção “Processo de produção de mais-valia”).
Como a parte do capital constante corresponde a apenas o valor transferido dos objetos 
e instrumentos de trabalho à nova mercadoria, a mais-valia (valor excedente) não pode ser 
extraída desta parte. A mais-valia é extraída da força-de-trabalho e, portanto, deve-se buscar 
nesta, a fonte do grau de exploração, ou seja, na parte representada como capital variável. 
Em termos formais, a taxa de mais-valia seria o valor excedente (mais-valia) criado pela 
força-de-trabalho dividido pelo valor desta força (a parcela de capital variável), ou seja,
Taxa de mais-valia = m/v
Voltemos às tabelas 1, 2 e 3 da seção “Processo de produção de mais-valia” desta unidade 
para exemplificarmos a taxa de mais-valia (ou grau de exploração da força-de-trabalho).
Pela tabela 1, a mais-valia foi de zero. Assim, aplicando na fórmula:
Taxa de mais-valia = m/v = 0/3 = 0
ou seja, se a mais-valia é zero, claramente o grau de exploração não pode ser 
diferente de zero, dado que a força-de-trabalho está trabalhando as 6 horas que 
precisa para ter o retorno do valor que realmente possui.
No caso das tabelas 2 e 3, como a força-de-trabalho é exigida em 12 e 18 horas, respectivamente, 
haverá algum grau de exploração. 
De acordo com a tabela 2, o grau de exploração seria de:
 Taxa de mais-valia = m/v = 3/3 = 1
 A interpretação é a de que a força-de-trabalho excede em uma vez a mais o que deveria 
trabalhar para receber o que vale. De fato, esta força é remunerada por 6 horas, mas trabalha 
6 horas a mais (12 horas).
16
Unidade: Karl Marx (Parte 2)
Em relação à tabela 3, o sentido da análise é a mesmo, a taxa de mais-valia seria de:
Taxa de mais-valia = m/v = 6/3 = 2
dado que a força-de-trabalho esteve em atividade duas vezes mais em comparação ao que 
recebe. São 18 horas de serviço (6 horas + 6 horas + 6 horas). 
A mais-valia relativa
Para abordarmos o conceito de mais-valia relativa, temos de trabalhar, antes, como podem 
ocorrer variações no valor e valor-de-troca de uma mercadoria.
Vamos considerar o exemplo de dois objetos úteis: mesa e geladeira. Caso uma mesa precise, 
em média, de 10 horas para ser confeccionada e uma geladeira, 20 horas, o valor da geladeira 
será o dobro da mesa. Assim, a troca entre as duas mercadorias seria de uma geladeira para 
duas mesas. 
Suponha que uma melhoria tecnológica tenha sido introduzida, de modo a aumentar a 
produtividade do trabalho na elaboração das geladeiras, no sentido de que, ao invés de 20 
horas para se produzir uma unidade, agora, sejam necessárias somente 10 horas. Observe que 
com a redução (pela metade) do tempo de trabalho socialmente necessário para a produção de 
cada unidade de geladeira, o valor da geladeira, também, cai pela metade (lembrar que o valor 
de uma mercadoria está associada ao tempo socialmente necessário para ser produzida!). E, 
adicionalmente, como a geladeira, nessa situação, leva o mesmo tempo para ser confeccionada 
que uma mesa. Desse modo, elas contêm o mesmo valor. Com isso, uma geladeira seria trocada 
por uma mesa. 
Pode-se entender a produtividade do trabalho como a relação entre mercadoriasproduzidas 
por trabalhador. Se, por exemplo, um marceneiro produz inicialmente 5 cadeiras em 10 
horas e, com a compra de um novo maquinário, passa a produzir 10 cadeiras em 10 horas, a 
produtividade do trabalho foi elevada! 
Em Síntese
Deve estar claro que o valor das mercadorias pode ser alterado em função do tempo de trabalho 
socialmente necessário à produção e as relações de troca se alteram na medida em que as proporções 
de tempo de produção também se alteram. 
Até este momento, consideramos a presença da taxa de mais-valia absoluta, ou seja, a análise 
do grau de exploração passa somente pelas horas adicionais a que a força-de-trabalho estaria 
sujeira, para além do tempo socialmente necessário à sua manutenção e reprodução.
17
De fato, por este ângulo haveria um limite óbvio que seriam as 24 horas do dia. Entretanto, 
os indivíduos precisam de um tempo para si mesmos.
Nas palavras do autor,
“durante o dia natural de 24 horas, só pode um homem despender determinada 
quantidade de força-de-trabalho. Do mesmo modo, um cavalo só pode 
trabalhar, todos os dias, dentro de um limite de 8 horas. Durante uma parte 
do dia, o trabalhador deve descansar, dormir; durante outra, tem de satisfazer 
necessidades físicas, alimentar-se, lavar-se, vestir-se etc. Além de encontrar esse 
limite puramente físico, o prolongamento da jornada de trabalho esbarra em 
fronteiras morais. O trabalhador precisa de tempo para satisfazer necessidades 
espirituais e sociais cujo número e extensão são determinados pelo nível geral 
da civilização” (MARX, 2006, p. 270-271).
Entretanto, apesar destes entraves, o capitalista não restringe seu potencial de exploração. A 
partir da mais-valia relativa, consegue-se extrair mais da força-de-trabalho. Posto isto, podemos 
introduzir a ideia de mais-valia relativa.
Como seria difícil ultrapassar determinados limites naturais do dia do trabalhador, a forma de 
elevar a mais-valia passa pela contração do chamado trabalho necessário, o qual corresponde 
ao tempo socialmente necessário para reproduzir o valor da força-de-trabalho.
O trabalho necessário é aquele tempo que a força-de-trabalho precisa trabalhar para 
poder se manter viva e poder reproduzir-se. Lembre-se que isto é o valor da força-de-trabalho! 
O tempo que trabalha a mais do que o necessário é chamado de trabalho excedente!
Assim, o caminho passaria pela redução do valor da força-de-trabalho, a partir da redução do 
tempo de trabalho “diário” para alcançar o valor suficiente para suprir-se do necessário à vida.
Como fazer isso? Bem, os valores das mercadorias, que compõem os meios de subsistência, 
precisariam sofrer redução. Por exemplo, se o valor dos alimentos, do vestuário, das escolas e dos 
combustíveis reduzirem, naturalmente os trabalhadores precisariam de menos dinheiro para se 
ter uma vida razoável. Desse modo, os capitalistas poderiam remunerar menos seus empregados. 
Entretanto, como poderia cair o valor dos meios de subsistência do trabalhador? Veja, se 
uma melhoria tecnológica possibilitar o aumento da produtividade do trabalho em todos 
os setores da economia que estão relacionados com os meios de subsistência, o valor de cada 
mercadoria cai. É válido considerar que o aumento da produtividade é oriundo do número 
elevado de mercadorias produzidas por um trabalhador num determinado período.
Por exemplo, se para produzir uma cadeira de madeira forem necessárias 10 horas de trabalho 
e com esta cadeira se obter 10 gramas de ouro, ao reduzir o tempo socialmente necessário para 
sua confecção de 10 horas para 5 horas, o valor de cada cadeira teria seu valor equivalente em 
5 gramas de ouro.
 
 Atenção
Ao reduzir o valor dos meios de subsistência, parte do trabalho necessário é contraído e, parcela 
maior de mais-valia pode ser obtida.
Por que isso ocorre? Vamos explicar.
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Unidade: Karl Marx (Parte 2)
Voltemos à tabela 3 para exemplificar. 
Verifique que, na tabela 3, o tempo de trabalho necessário é de 6 horas que o trabalhador 
trabalha para além destas 6 horas, é de 12 horas. Marx (2006) chama estas 12 horas adicionais 
de trabalho excedente. Caso existam mudanças na produtividade do trabalho em vários ramos 
industriais (como o de alimentos, vestuário e os demais supracitados, por exemplo) tendo como 
efeito a redução do valor destes meios de subsistência, o tempo de trabalho necessário se reduz.
Em Síntese
Fica mais barato o custo de vida do trabalhador. Assim, menos horas serão dedicadas no emprego 
para poder ter o que precisa para sobreviver!
Entretanto, a força-de-trabalho continua a ser vendida por todo dia ao empresário. Supondo 
que o tempo de trabalho necessário à produção de fios de algodão (tempo associado ao valor da 
força-de-trabalho) tenha se reduzido de 6 horas para 3 horas – e as condições de produtividade 
do trabalho na indústria de fios, bem como de seus objetos e instrumentos de trabalho tenha se 
mantido constante –, ao invés de se pagar 3 reais pelas 6 horas de trabalho, será pago a metade 
pelas 3 horas, ou seja, 1 real e cinquenta centavos e o capitalista terá o seu valor excedente 
(mais-valia) elevado.
 
 Atenção
Lembrar que estamos considerando, no exemplo, as empresas que produzem os produtos básicos da 
economia (alimentação, combustíveis, eletrodomésticos e etc.) sofrem um aumento da produtividade 
do trabalho, de tal forma que o valor destas mercadorias é reduzido. Assim, a parcela de trabalho 
necessário é reduzida, também! O trabalhador precisa de menos dinheiro para viver e se reproduzir, 
de modo que a mercadoria chamada força-de-trabalho fica mais barata para o capitalista, o qual 
produz qualquer tipo de mercadoria na economia.
Com isso, podemos realizar um paralelo entre os conceitos de mais-valia absoluta e mais-
valia relativa. Segundo Marx,
“chamo de mais-valia absoluta a produzida pelo prolongamento do dia de 
trabalho, e de mais-valia relativa à decorrente da contração do tempo de 
trabalho necessário e da correspondente alteração na relação quantitativa entre 
ambas as partes componentes da jornada de trabalho” (MARX, 2006, p. 366).
Em outras palavras, quando trabalhamos com a ideia de aumentar o tempo de trabalho com 
as tabelas 1, 2 e 3 estávamos, na realidade, utilizando o conceito de mais-valia em seu sentido 
absoluto. Ao pensarmos em uma contração da parte do capital variável (ou seja, do que é pago ao 
trabalhador) em prol de uma elevação da mais-valia, estamos considerando a mais-valia relativa.
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Deste modo, partimos para o encerramento do estudo de Marx colocando as palavras do autor:
“O desenvolvimento da produtividade do trabalho na produção capitalista tem 
por objetivo reduzir a parte do dia de trabalho durante a qual o trabalhador 
tem de trabalhar para si mesmo, justamente para ampliar a outra parte durante 
a qual pode trabalhar gratuitamente para o capitalista” (MARX, 2006, p. 371).
Diante do exposto, fica claro que o objetivo do capitalista é reduzir o que o trabalhador 
precisa para se manter e se reproduzir, de modo a “pegar” da força-de-trabalho o máximo de 
valor excedente (“mais-valia”) possível.
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Unidade: Karl Marx (Parte 2)
Material Complementar
 
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Sugere-se assistir ao filme “Tempos Modernos” (1936), de Charles Chaplin, que caracteriza, entre 
outras, uma crítica ao capitalismo e mostra o processo de divisão do trabalho e indiretamente a 
extração da mais-valia no mundo industrializado.
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Referências
MARX, K. O Capital: Crítica da Economia Política: livro I. Volume I. 24 ed. Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. 
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