Buscar

Unidade III

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Economia Política e 
Serviço Social 
Karl Marx (Parte 1)
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Bruno Leonardo Tardelli 
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
5
• A Mercadoria na Visão Marxista e a Teoria 
do Valor em Marx
• As Formas do Valor ou Valor de Troca
• A Circulação das Mercadorias e do Dinheiro
• Como o Dinheiro se Transformaria em 
Capital
Nesta unidade será apresentada parte da teoria do pensador Karl Marx. Como esse autor 
possui elevado volume de ideias, a estratégia para esta unidade é introduzir parte do conteúdo 
referente à sua obra O Capital. Serão expostos conceitos elementares para entendimento do 
funcionamento do capitalismo, segundo a visão marxista. 
Preste atenção aos detalhes colocados nesta unidade, pois serão fundamentais para a 
consolidação da unidade IV.
 Nesta unidade, iremos detalhar os seguintes pontos:
 · a mercadoria na visão marxista e a teoria do valor em Marx;
 · as formas do valor ou valor de troca;
 · a circulação das mercadorias e do dinheiro;
 · como o dinheiro se transformaria em capital.
Karl Marx (Parte 1)
6
Unidade: Karl Marx (Parte 1)
Contextualização
Seríamos nós apenas um rebanho?
Eleassar/wikimedia commons
7
A Mercadoria na Visão Marxista e a Teoria do Valor em Marx
A mercadoria é o ponto de início da obra, pois, segundo Marx, a riqueza das sociedades 
capitalistas é derivada de uma extensa acumulação de mercadorias.
Bom, então o que é considerado mercadoria? Mercadoria seria “uma coisa que, por suas 
propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas [...]” 
(MARX, 2006).
Se esta coisa satisfaz as necessidades do homem, dizemos que é algo que possui utilidade. 
Entretanto, devemos entender que cada coisa útil gerada para a sociedade (lápis, computadores, 
fogões, alimentos etc.) possui qualidade específica.
Se observarmos um lápis e um computador, podemos ver claramente que possuem 
características absolutamente distintas, ou seja, possuem propriedades materiais que fazem com 
que um lápis não seja confundido com um computador. Ao longo do estudo marxista, cada bem 
ou mercadoria gerada seria um valor de uso por possuir utilidade. Assim, a mercadoria lápis 
seria um valor de uso diferente do computador, não por valor divergente, mas por características 
físicas e químicas distintas.
Podemos entender, então, que: as sociedades mais avançadas tendem a se especializar na 
produção de determinado bem ao invés de produzirem todo tipo de bem para uso pessoal.
Pense
É mais comum encontrar pessoas que produzem tudo o que precisam para satisfazer seus desejos 
ou pessoas que produzem algo específico e adquirem o que precisam a mais trocando com outras 
pessoas? Naturalmente a última situação é mais comum. Por exemplo, um fabricante de cachaça não 
precisa somente da “branquinha” para viver; então, troca uma quantidade de cachaça por outras 
coisas que precisa para viver. 
Diante desse contexto se (1) os indivíduos comumente não produzem tudo o que consomem, 
mas sim trocam produtos, de modo a satisfazerem suas necessidades; e se (2) o valor de uso 
representa apenas as características materiais de um bem, a pergunta que surge é: qual fator 
determinaria o quanto se pode trocar uma mercadoria por outra? De outra forma, como o 
fabricante de cachaça sabe a quantidade de outros produtos que pode obter a partir de uma 
garrafa de aguardente? Se, por exemplo, uma garrafa de um litro do produto pudesse ser 
trocada por duas camisas, o que definiria essa relação? Por que um litro de pinga poderia valer 
duas camisas, mas não três?
É nesse momento que Marx revela outra face da mercadoria, a de poder não ter somente 
valor de uso, ou seja, ser apenas um bem com propriedades materiais específicas, mas sim 
também conter valor de troca. Ou seja, existe algo na mercadoria além suas características 
físicas e químicas. Mas se o valor de uma mercadoria não está no fato de ser um bem com 
utilidade, quer dizer, um valor de uso, onde estaria? Para Marx, estaria na quantidade de 
trabalho aplicada na mercadoria. Segundo as próprias palavras do autor, se excluirmos
8
Unidade: Karl Marx (Parte 1)
“[...] o valor-de-uso da mercadoria, só lhe resta uma propriedade, a de ser 
produto do trabalho”. Pondo de lado seu valor de uso, abstraímos, também, 
das formas e elementos materiais que fazem dele um valor de uso. Ele não é 
mais uma mesa, casa, fio ou qualquer outra coisa útil. Sumiram todas as suas 
qualidades materiais. Também não é mais o produto do trabalho do marceneiro, 
do pedreiro, do fiandeiro, ou de qualquer outra forma de trabalho produtivo. 
Ao desaparecer o caráter útil dos produtos do trabalho, também desaparece o 
caráter útil dos produtos do trabalho nele corporificados; desvanecem, portanto, 
as diferentes formas de trabalho concreto, elas não mais se distinguem umas das 
outras, mas reduzem-se, todas, a uma única espécie de trabalho, o trabalho 
humano abstrato”. (MARX, 2006, p. 60).
E segue:
“Um valor de uso ou um bem só possui, portanto, valor, porque nele está 
corporificado, materializado, trabalho humano abstrato. Como medir a grandeza 
de seu valor? Por meio da quantidade da ‘substância criadora do valor’ nela 
contida, o trabalho. A quantidade de trabalho, por sua vez, mede-se pelo tempo 
de sua duração, e o tempo de trabalho, por frações do tempo, como hora, dia 
etc.” (MARX, 2006, p. 60).
Apesar de longos, os trechos anteriores deixam claro que não é o fato de ser útil, que torna 
uma mercadoria mais ou menos valiosa, mas sim o fato de ser produto do trabalho humano 
independentemente de quem o executou. Assim, na visão marxista, é o tempo de trabalho para 
a confecção de uma mercadoria que definiria o seu valor e, assim, o quanto dela poderia ser 
trocada por outras. 
Assim, por exemplo, se uma mesa demorou quatro horas para ser feita e uma cadeira, duas 
horas, então uma mesa valeria duas cadeiras.
Resumindo, uma mercadoria apresenta dois componentes: valor de uso – em função das 
propriedades materiais que podem satisfazer necessidades humanas – e valor – representado 
pelo tempo de trabalho gasto para sua realização e, é este valor, advindo da força de trabalho, 
que serve de parâmetro de comparação na troca das mercadorias.
Apresentamos que, na visão marxista, o tempo de trabalho gasto para produzir uma mercadoria 
determinaria o valor dela. Pois bem, imagine que estejamos considerando a fabricação de um 
sofá do mesmo modelo por duas pessoas, uma delas com características de mais eficiência 
e outra mais lenta e enrolada. Então, partindo do que Marx coloca, significaria que o sofá 
produzido pela pessoa que demora mais – o tempo de trabalho é maior – para terminá-lo 
teria um valor maior? Claramente que não. Para contornar esta situação, Marx (2006) diz que 
o tempo de trabalho deve ser o tempo gasto pela média dos trabalhadores e não tomados 
individualmente, o qual é chamado pelo autor de tempo socialmente necessário para a 
produção de uma mercadoria.
Nas palavras do autor, “tempo de trabalho socialmente necessário é o tempo requerido para 
produzir-se um valor de uso qualquer, nas condições de produção socialmente normais existentes 
e com o grau social médio de destreza e intensidade de trabalho” (MARX, 2006, p. 61). 
9
Juntamente com a distinção entre valor e valor de uso, podemos observar uma diferença clara 
entre os conceitos de trabalho humano abstrato e o de trabalho útil. O trabalho humano abstrato 
é aquele capaz de introduzir valor numa determinada mercadoria; é fruto do tempo de esforço 
normalmente necessário para confeccioná-la, mas não o vemos no produto final. Por outro 
lado, o trabalho útil é aquele que confere as características materiais das mercadorias; é aquele 
capaz de mostrar que do fruto do trabalho humano pode haver mercadorias qualitativamente 
distintas e úteis.
Poderíamos ver o trabalho útil como a parte de um trabalho particular que desenha 
determinado formato de uma mercadoriae a cria. Por exemplo, o tempo socialmente 
necessário de força de trabalho humana para se fazer uma mesa ou uma cadeira poderiam ser 
os mesmos e, assim, o trabalho humano abstrato (grosso modo, a massa de esforço humano) 
introduziria a mesma quantidade de valor, tanto na cadeira como na mesa. Entretanto, como 
a mesa e a cadeira são valores de uso distintos (ou seja, não são os mesmos objetos), 
derivariam de um trabalho com qualidades distintas (trabalho que cria produtos diferentes e 
revela a parte do trabalho útil). 
As Formas do Valor ou Valor de Troca
Esta seção é dedicada a compreender as relações de troca e expressões que o valor pode assumir. 
As distintas mercadorias possuem características materiais particulares e, assim, a comparação 
entre as mercadorias, relação de troca entre elas, se daria através do tempo socialmente 
necessário para sua produção, conforme visto anteriormente. Entretanto, precisamos entender 
este ponto de forma mais profunda. 
Uma mercadoria por si só não consegue evidenciar ou expressar seu valor somente através 
do tempo socialmente necessário da força de trabalho. Por exemplo, ao perguntarmos para 
um atendente de loja qual o valor de uma calça, a resposta não seria “10 horas de trabalho”. 
Claramente que a resposta seria em alguma quantia de dinheiro; mas, para explicarmos o 
significado marxista do dinheiro, precisamos fazer um exercício gradual. Dessa forma, passaremos 
a algumas formas do valor.
Veremos as seguintes formas:
A) A forma simples do valor;
B) A forma total do valor;
C) A forma geral do valor; 
D) A forma dinheiro.
10
Unidade: Karl Marx (Parte 1)
A) A forma simples do valor
As mercadorias além de úteis são, também, veículos de valor. Elas carregam valor em si e, 
assim, podem ser trocadas com quaisquer outras mercadorias. Como dito anteriormente, uma 
mercadoria, apesar de seu valor depender do tempo de trabalho socialmente necessário para 
sua formação, não consegue encontrar nessas horas a sua expressão de valor; uma mercadoria 
precisa de algo exterior e concreto para se expressar, ou seja, para mostrar seu valor de troca.
A forma simples do valor é quando relacionamos apenas uma mercadoria com outra de 
valor equivalente.
Vejamos um exemplo:
Se dissermos que 20 metros de linho valem 1 casaco, estamos dizendo que 20 
metros de linho contêm o mesmo tempo de trabalho socialmente necessário 
que uma unidade de casaco. 
Ou seja, 
20 metros de linho = 1 casaco.
A mercadoria que se posiciona à esquerda da equação (20 metros de linho) diz-se que se 
apresenta sob a forma relativa do valor e a que se posiciona à direita (1 casaco) diz-se que 
apresenta sob a forma equivalente. Vamos à explicação de cada uma dessas formas.
Como o valor de uma mercadoria não é exteriorizado sob a forma de horas de trabalho, 
precisa buscar no corpo de outra mercadoria a expressão de seu valor. Se 20 metros de linho 
valem 1 casaco, coloca-se que os 20 metros de linho estão buscando seu valor fora de seu 
próprio corpo para revelar-se e a unidade de casaco empresta seu corpo para o valor dos 20 
metros de linho se materializar. A mercadoria que busca se expressar em algo concreto, além 
do tempo de trabalho, é a mercadoria que está sob a forma relativa do valor e a mercadoria 
que empresta seu corpo para expressar o valor da outra é a que está sob a forma equivalente.
Similarmente, caso disséssemos o contrário, 1 casaco vale 20 metros de linho, a unidade de 
casaco estaria sob a forma relativa do valor e os 20 metros de linho sob forma equivalente.
O valor de troca de uma mercadoria somente se revela quando se faz essa comparação entre 
mercadorias, pois mostra as coisas que podemos adquirir com uma mercadoria.
B) A forma total do valor
A forma total do valor é expressar o valor de uma mercadoria sob forma relativa não somente 
no corpo de outra, mas em todas as outras mercadorias que existem.
Inicialmente, colocamos que 20 metros de linho valem 1 casaco, mas podem expressar seu 
valor não somente na unidade de casaco como em outras. Por exemplo, 20 metros de linho 
valem 1 casaco, ou 100 bonés, ou ½ smartphone, ou 10 quilos de chá etc.
Todos os objetos comparados aos 20 metros de linho teriam o mesmo tempo de trabalho 
socialmente necessário para sua produção. Entretanto, aqui, os 20 metros de linho – que estão 
11
sob a forma relativa do valor – encontram todas as outras mercadorias do mundo como 
formas concretas para expressar seu valor. Agora não somente a unidade de casaco se encontra 
sob a forma equivalente, mas também os 100 bonés, a metade de um smartphone padrão 
(sem especificarmos o modelo para não complicar a explicação), 10 quilos de chá e todos os 
outros objetos construídos pelo homem que podem satisfazer suas necessidades.
C) A forma geral do valor
A forma geral do valor é expressarmos todas as mercadorias – estando sob a forma relativa 
do valor – a uma única – que estaria sob a forma equivalente.
Por exemplo:
100 bonés
Ou
½ Smartphone = 20 metros de linho
Ou
10 quilos de chá
Etc... 
Forma relativa do valor Forma equivalente
Assim, todas as mercadorias se apresentam sob a forma relativa de valor, exceto os 20 
metros de linho, que estão sob a forma equivalente. As mercadorias buscam o corpo de 
apenas uma para expressar seu valor, os 20 metros de linho, que se torna um equivalente geral.
D) A forma dinheiro
Apesar do que foi dito na forma geral do valor, ao irmos a uma loja e perguntarmos: “Moça! 
Quanto valem estes 100 bonés?”, a atendente não vai revelar o valor em algo concreto do tipo 
“20 metros de linho”, mas sim o equivalente em dinheiro. O dinheiro assume, portanto, o papel 
de equivalente geral. 
Por exemplo:
100 bonés
Ou
½ Smartphone = 5 gramas de ouro 
Ou
10 quilos de chá
Etc... 
Forma relativa do valor Forma equivalente
12
Unidade: Karl Marx (Parte 1)
O ouro, por suas características próprias, e, principalmente, por ser uma mercadoria que teve 
um tempo socialmente necessário para sua extração e lapidação, pode servir de equivalente 
para todas as outras mercadorias. 
Assim, a diferença da forma geral do valor para a forma dinheiro é somente o uso de uma 
mercadoria mais adequada, como o ouro, ou a prata, para expressar o valor de todas as 
outras mercadorias.
A Circulação das Mercadorias e do Dinheiro
As mercadorias entram no processo de troca. É natural que isso ocorra dada a divisão do 
trabalho da sociedade. Cada indivíduo contribui de uma forma produtiva e adquire uma gama 
produtos de outros indivíduos.
As mercadorias circulam na sociedade, através da utilização de uma mercadoria que serve 
como equivalente geral, que é denominada dinheiro.
O processo de troca possui duas sequências: inicia quando há uma venda e depois uma 
compra. Vamos a elas.
Inicialmente, um tecelão possui uma determinada mercadoria, por exemplo, o nosso velho 
conhecido 20 metros de linho. Considerando que esse objeto não lhe útil, só possui para ele valor 
de troca, ele busca realizar a venda deste produto. Quando há dinheiro em troca do produto 
vendido, o valor na forma de dinheiro deve ser idêntico ao valor do produto. Isso não poderia 
ser diferente, pois o dinheiro por si só é uma mercadoria, como vimos anteriormente. Se os 20 
metros de linho contivessem 14 horas de trabalho e recebessem em troca uma quantidade de 
dinheiro expressa em ouro representando 15 horas de trabalho, por exemplo, o vendedor dos 
20 metros de linho estaria em vantagem e teria enganado o comprador do tecido. A circulação 
das mercadorias por meio de um processo intermediário realizado pelo dinheiro não tem por 
objetivo enganar as pessoas.
A parte correspondente ao processo de venda é simplificada pelo autor como M – D (ou 
mercadoria – dinheiro, nessa sequência).Analisando pelas formas de valor vistas anteriormente, 
o dinheiro empresta seu corpo para a mercadoria expressar seu valor. Por exemplo, 20 metros 
de linho valem 5 gramas de ouro.
Com o obtido pela venda dos 20 metros de linho, o indivíduo realiza agora a compra: D – M 
(ou dinheiro – mercadoria, nessa sequência). O indivíduo, para satisfazer suas necessidades, 
possuindo dinheiro (5 gramas de ouro), verificaria as mercadorias que poderiam expressar o 
valor dessa quantidade em ouro e verificaria todas as quantidades de mercadorias que pode 
obter com aquele ouro. 
Digamos que o nosso tecelão do exemplo escolha uma Bíblia. Assim, o processo da troca em 
si é finalizado com a compra da Bíblia, representando um valor equivalente ao do ouro.
13
Para o processo inteiro ser possível, o tempo socialmente necessário para a produção 
dos 20 metros de linho, das 5 gramas de ouro e de 1 Bíblia devem ser iguais, caso contrário, 
haveria trocas de mercadorias com valores distintos.
No processo de troca, ocorrem as seguintes mudanças:
MERCADORIA – DINHEIRO – MERCADORIA
M – D – M
Da mesma forma que o tecelão realizou a compra da Bíblia, o vendedor da Bíblia realizou a 
venda e, por meio desta, obteve dinheiro suficiente para comprar outros produtos que deseja 
consumir. Assim, o processo de compra para um pode ser o de venda para outro.
Nas palavras do autor, “o circuito percorrido pelas metamorfoses de cada mercadoria 
entrelaça-se, portanto, inextricavelmente com os circuitos das outras mercadorias. 
O conjunto de todos os circuitos constitui a circulação das mercadorias” (MARX, 
2006, p. 139).
Ao passar o dinheiro do tecelão para o vendedor de Bíblias e este escolher comprar uma 
quantia de cachaça correspondente a 5 gramas de ouro, o dono do alambique recebe as 5 
gramas de ouro. Assim, apesar de a circulação das mercadorias ocorrer entre produtos que vão 
sendo substituídos (por exemplo, linho, Bíblia, cachaça etc.), o dinheiro se mantém na esfera 
de circulação realizando seu próprio circuito, a circulação do dinheiro. “A forma de movimento 
que a circulação de mercadorias imprime ao dinheiro é, por isso, seu afastamento constante do 
ponto de partida, seu fluir das mãos de um possuidor de mercadoria para a de outro, enfim, o 
seu curso.” (MARX, 2006, p. 141-142).
Como o Dinheiro se Transformaria em Capital
Dinheiro e capital não são a mesma coisa? Na teoria marxista realmente há distinção entre 
o dinheiro que é somente dinheiro e aquele que é visto como capital. A diferença estaria na 
esfera da circulação.
A circulação simples das mercadorias é composta por uma conversão de mercadoria em 
dinheiro (M - D) e, posteriormente de dinheiro em mercadoria (D - M), a qual forma M – D – M. 
Por outro lado, temos a circulação D – M – D, em que dinheiro se transforma em mercadoria e 
mercadoria em dinheiro. 
Poderia nos parecer à primeira vista absolutamente a mesma coisa, sendo o segundo caso (D 
– M – D) uma mera manipulação. Para entendermos a diferença fundamental, devemos analisar 
o D – M – D de forma separada.
14
Unidade: Karl Marx (Parte 1)
A primeira parte (D - M) revela que existe um dinheiro inicialmente e ocorre, a partir dele, o 
processo de compra. Uma mercadoria (M) encarna o valor do dinheiro e revela valor equivalente 
a ele. Na segunda parte (M- D), a mercadoria é vendida e convertida em dinheiro. 
Entretanto, se na circulação simples M – D – M o objetivo da circulação é o atendimento 
das necessidades humanas através das trocas, a circulação existente em D – M – D tem por 
finalidade a obtenção de dinheiro, a partir de um montante de dinheiro inicial.
Vamos analisar essa nova circulação D – M - D. Inicialmente temos uma quantia em dinheiro 
que encarna no corpo de uma mercadoria de mesmo valor (processo de compra). Posteriormente, 
ocorre a venda da mercadoria para reconversão em dinheiro, que, se formos analisar do ponto 
de vista marxista, deveria expressar o mesmo valor da mercadoria. 
Então, qual seria o objetivo de transformar dinheiro em dinheiro? Veremos que a forma D – M 
– D é o objetivo fundamental do capitalista, que busca, a partir da compra de matérias-primas e 
máquinas, por exemplo, transformar o objeto em uma mercadoria a ser vendida posteriormente 
e vendida por um valor maior. Assim, teríamos D – M – D’. Em que D’ representa o dinheiro 
inicial D mais um valor excedente, que Marx (2006) denomina de Mais-valia.
Nas palavras de Karl Marx, “o valor originalmente antecipado não só se mantém na circulação, 
mas nela altera a própria magnitude, acrescenta uma mais-valia, valoriza-se. E este movimento 
transforma-o (o dinheiro) em capital” (MARX, 2006, p. 181).
A questão que surge então é: como alguém consegue inicialmente um montante em dinheiro 
D e no final obtém D’ se as trocam se efetuam entre mercadorias de mesmo valor?
Marx (2006) responde:
A mudança do valor do dinheiro que se pretende transformar em capital não pode 
ocorrer no próprio dinheiro. Ao servir de meio de compra ou de pagamento, o 
dinheiro apenas realiza o preço da mercadoria, que compra ou paga, e, ao manter-
se em sua própria forma, petrifica-se em valor de magnitude fixada. Tampouco 
pode a mudança do valor decorrer do segundo ato da circulação, da revenda da 
mercadoria, pois esse ato apenas reconverte a mercadoria da forma natural em 
forma dinheiro. A mudança tem, portanto, de ocorrer com a mercadoria comprada 
no primeiro ato D – M, mas não em seu valor, pois se trocam equivalentes, as 
mercadorias são pagas pelo seu valor. A mudança só pode, portanto, originar-se 
de seu valor-de-uso como tal, de seu consumo. Para extrair valor do consumo de 
uma mercadoria, nosso possuidor de dinheiro deve ter a felicidade de descobrir, 
dentro da esfera da circulação, no mercado, uma mercadoria cujo valor-de-uso 
possua a propriedade peculiar de ser fonte de valor, portanto. E o possuidor 
de dinheiro encontra no mercado essa mercadoria especial: é a capacidade de 
trabalho ou a força de trabalho. (MARX, 2006, p.197).
O trecho deixa claro que a transformação D – D’ só é possível se a força de trabalho humana 
agir sobre os ingredientes materiais necessários à produção de modo a produzir algo com mais 
valor, pelas horas dedicadas à sua produção. 
15
A capacidade de trabalho ou força de trabalho seria o “conjunto das faculdades físicas e 
mentais existentes no corpo e na personalidade viva do ser humano, as quais ele põe em ação 
toda vez que produz valores de uso de qualquer espécie” (MARX, 2006, p. 197).
Para Marx (2006) a força de trabalho deve, principalmente, ser livre e deve estar desvinculada 
dos meios de produção (matérias-primas e máquinas para produção, por exemplo). A força de 
trabalho deve se vender ao mercado para que o possuidor (o capitalista) a possa utilizar. Se a 
força de trabalho se vende ela é encarada como uma mercadoria na visão marxista e como tal, 
deve conter algum valor.
Qual seria o valor da força de trabalho? “O valor da força de trabalho é determinado, como 
o de qualquer outra mercadoria, pelo tempo de trabalho necessário à sua produção e, por 
consequência, à sua reprodução” (MARX, 2006, p. 200-201).
Observe que Marx (2006) mantém sua fidelidade e rigor científico ao determinar o valor, 
mesmo quando a mercadoria a ser considerada é a força de trabalho. Como uma mercadoria 
qualquer, deve ser remunerada somente por um valor que a produza ou a mantenha viva sob 
condições normais de ser uma força de trabalho saudável. De outro modo, deve ser provida dos 
meios de subsistência que a figura humana do trabalhador necessita, além de criar a capacidade 
desta força de trabalho procriar (reproduzir), de modo a manter a entrada de novas mercadorias 
no futuro. Isto é pagar a mercadoria pelo que vale. 
Por meios de subsistência, temos de ter uma noção mais ampla do que somente alimentos. 
Temos combustíveis, roupas, móveis e outras necessidades para suprir as necessidades da 
força de trabalho.
Vamos ao exemplo aplicado por Marx (2006) para compreender melhoro valor da força de 
trabalho humana. 
Suponhamos que as necessidades diárias do ser humano estejam expressas em 6 horas de 
trabalho. Trabalhando 6 horas, o indivíduo conseguiria obter uma quantidade em dinheiro 
suficiente para cobrir os meios de subsistência diários, digamos 3 reais. Se o possuidor da força 
de trabalho (ou seja, o capitalista que comprou esta força) oferecer 3 reais diariamente, estará 
pagando o que a força de trabalho vale. 
A parte da charada que falta a ser desvendada é: se o capitalista remunerar a força de 
trabalho pelo que ela vale e o valor excedente (mais-valia) é extraído do desta força para gerar 
mais dinheiro ao capitalista, como a mais-valia é obtida? A resposta a esta pergunta é longa e 
possui vários desdobramentos. Assim, será tratada na próxima unidade. 
16
Unidade: Karl Marx (Parte 1)
Material Complementar
 
Realize a leitura de parte do capítulo 9 do livro História do Pensamento Econômico, 
de Hunt, que destaca os tópicos abordados nesta unidade. Na sétima edição, o capítulo 
encontra-se entre as páginas 218 e 234. 
HUNT, E.K. História do Pensamento Econômico. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1981.
17
Referências
MARX, K. O Capital. Crítica da Economia Política: livro I. Volume I. 24 ed. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2006. 
18
Unidade: Karl Marx (Parte 1)
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000
http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br

Outros materiais