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EXERCICIO DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA

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A nova educação e a nova escola: perspectivas, desafi os e competências
 Workshop Licenciaturas 
A NOVA EDUCAÇÃO E A NOVA ESCOLA: 
PERSPECTIVAS, DESAFIOS E COMPETÊNCIAS
2
Workshop Licenciaturas
 INTRODUÇÃO
A complexidade das relações políticas e sociais, decorrentes das novas demandas, requer a superação 
dos referenciais tradicionalmente convencionados, sejam eles de ordem cultural, política ou social. Em geral, 
as escolas mantiveram, indefinidamente, seu modelo de ser e de fazer preservando-se de qualquer fator que 
pusesse em risco tal modelo, resistindo, até recentemente, a ultrapassar os limites dos seus muros.
Estamos vivendo no contexto dos acontecimentos nacionais e mundiais da globalização e da crise 
global, das altas mobilidades internacionais, do redesenhar do mapa do planeta, devido a conflitos e 
grandes paradoxos mundiais. Estamos diante das políticas educacionais internacionalizadas, de valores 
de segregação e de discriminação presentes no contemporâneo, dos novos paradigmas educacionais e 
das desigualdades sociais que se disseminam. 
 UMA ANÁLISE DA ESCOLA E SUAS TRANSFORMAÇÕES
Quando pensamos nas mudanças pelas quais o mundo passou nas últimas décadas, é impossível não 
pensar na escola. Afinal, essa instituição faz parte da vida das pessoas, de diferentes formas, e ajuda a construir 
personalidades e valores. Assim, como em todas as áreas, a educação passa por um processo de metamorfose 
constante e o papel da escola, dos professores e dos alunos tem mudado de forma intensa nos últimos anos. 
A pandemia do coronavírus, em 2020, talvez tenha provocado a melhor e a pior forma de mudan-
ça. Melhor porque fomos impelidos, enquanto profissionais de educação, a repensar a escola em tempo 
exíguo e propor uma evolução que não aconteceu mesmo que tenha havido décadas para isso. Mas 
houve também seu lado ruim: não temos ainda ideia do que será a escola daqui a 10 ou 20 anos, depois 
desse turbilhão que nos impediu de fazermos o mais importante nesse ambiente: nos relacionarmos 
de forma presencial. Tivemos que aprender a usar a tecnologia à disposição, enfrentar a desigualdade 
ainda mais nua à nossa frente e achar meios de manter o mundo estudando.
Como ilustração dessa desigualdade, olhemos a Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica 
Aplicada (IPEA)1, publicada em julho de 2020, com base em dados do Censo Educacional de 2019. Esse 
estudo mostra o quanto a desigualdade afeta a educação em uma situação pandêmica que restrinja 
contato físico e aglomerações, como da COVID-19. O choque dessa reflexão surge ao nos depararmos 
com dois números: 27% das escolas dos ensinos fundamental e médio informaram não possuir acesso 
à internet em 2019; 44% das escolas brasileiras não eram atendidas por rede pública de esgoto neste 
mesmo ano. Ou seja, é evidente que isso impactará de forma bastante severa a formação das próximas 
gerações – e a escola deverá dar conta disso e se preparar para essa realidade. 
Passado todo esse susto trazido pela pandemia, hoje, o desafio dos profissionais da educação é 
tomar decisões sem contar com aqueles parâmetros seguros que antes orientavam as políticas educa-
cionais. Temos de abandonar normas e regras antigas, pois, há muito tempo, elas não nos levam para 
frente, para onde precisamos estar. Isso fica claro quando vemos os resultados do Brasil no Programa 
Internacional de Avaliação de Estudantes - PISA.
O PISA2 é um estudo que oferece informações sobre estudantes que estão finalizando a educação 
básica, sendo realizado a nível internacional a cada três anos. O estudo comparativo, ranqueado pela 
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, considera o desempenho de 
1 Brasil Pós Covid 19 - Contribuição do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada disponível em https://www.ipea.gov.br/portal/
index.php?option=com_content&view=article&id=36143, acesso em 10/08/2020.
2 BRASIL, Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - PISA, disponível em http://portal.inep.gov.br/artigo/-/as-
set_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/pisa-2018-revela-baixo-desempenho-escolar-em-leitura-matematica-e-ciencias-no-bra-
sil/21206 acesso em 12/12/2020
3
A nova educação e a nova escola: perspectivas, desafios e competências
70 países quanto a educação. O estudo traz informações importantes sobre os processos de ensino e 
aprendizagem e os fatores de maior impacto relacionado à comunidade escolar. E os resultados possi-
bilitam uma avaliação a nível nacional, do desempenho dos estudantes, quanto aos conhecimentos e 
habilidades que estão desenvolvendo e os compara com o desempenho dos demais países. Isso pos-
sibilita a intervenção de cada país para criar políticas públicas e programas educacionais que possam 
melhorar a qualidade do ensino e possibilitar a equidade no acesso à aprendizagem.
Outros índices importantes trazidos pelo PISA nos anos de 2015 e 2017 mostram que 73% dos 
alunos não leem textos simples; 24% das crianças repetem de ano no 1o. ano. No México, esse índice 
é de 7%, no Chile, é de 2,5%, na Índia, é de 4%. E apenas 20% dos estudantes vindos da Escola Pública 
fazem matrículas no Ensino Superior – isso no que se refere ao acesso, não à conclusão. Esses dados nos 
mostram que precisamos investir muito em políticas públicas.
Mas o que é política pública? Para a Professora Zita Lago3 (2020), doutora em educação, é o Estado 
criar programas, projetos e ações voltados a áreas específicas da sociedade, para obter impactos positi-
vos a partir disso nessa mesma sociedade. E no que consiste o Estado? Em um conjunto de instituições 
políticas, jurídicas, administrativas e militares, que se encontram dentro de um território limitado geo-
graficamente. Sua responsabilidade pela criação de normas e leis é circunscrito ao seu território geográ-
fico-político, no qual se estabelece uma cultura política partilhada por seus cidadãos. 
O governo é o conjunto de programas e projetos que uma parcela da sociedade, composta por 
políticos, técnicos ou organismos da sociedade civil, propõe para a sociedade como um todo. O governo 
é responsável por formalizar, através da aprovação parlamentar, os referidos projetos e programas. Educa-
ção é uma política pública social, de responsabilidade do Estado, mas não pensada somente por ele.
Políticas públicas educacionais dizem respeito a áreas específicas de intervenção: políticas de 
Educação Básica, Ensino Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Superior. A educação 
como política pública revela as intenções que subsidiam os planos e as ações do governo com relação a 
ela. Nesse sentido, Educação e Política possuem a mesma natureza, pois tanto podem reproduzir como 
transformar a ordem estabelecida e os planos e ações vigentes em espaço-tempo determinados.
Tanto o Governo como os dirigentes educacionais e professores precisam desenvolver sua capaci-
dade para inovar, mudar, e rever conceitos e valores. Porém, é preciso entender que essa mudança não 
consiste apenas no uso das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTICs), como muitos 
têm proclamado, mas em modos alternativos de atuar. Ninguém está pedindo para jogarmos fora o 
conhecimento que adquirimos, vamos reformatá-lo e adequá-lo ao nosso público. 
É preciso ter coragem de rever e repensar todo ensino tradicional, embasado no acúmulo e na 
transmissão de informações que não condiz mais com a sociedade. As novas gerações precisam de 
uma educação dinâmica, interativa, voltada para a formação integral. O processo educacional do futuro, 
como tudo no mundo, está em desenvolvimento. Existem amplos desafios, diferentes fontes, infovias, 
multirreferências e informações diversas que podemos consultar. Precisamos partir daquilo que o aluno 
já sabe para poder ensiná-lo de fato.
Todos esses pressupostos estão há bastante tempo na pauta de estudos e trabalho dos educado-
res. Mas, por que é tão difícil os educadores e as escolares mudarem? 
O educador, formado dentro de velhas estruturas, acabou por muitotempo reproduzindo o mes-
mo modelo da escola que estudou, tanto em sala de aula, quanto nas funções de gestão. O drama dessa 
situação é que a sociedade em geral, com destaque ao mercado de trabalho e o mundo dos negócios 
são ambos submetidos a estruturas modernas. Boa parcela dos educadores tem demorado para com-
preender a realidade e as alternativas que lhes foram e ainda são apresentadas. 
3 Lago, Zita – Políticas Educacionais e qualidade social, palestra disponível no canal do Instituto Casagrande, em https://www.
youtube.com/watch?v=kecYcB1Cz64&feature=youtu.be, acesso 20/12/2020.
4
Workshop Licenciaturas
Pensar estrategicamente a mudança da instituição escolar é se defrontar com necessidade de 
rupturas em todos os níveis. Docentes e gestores precisam comandar as mudanças, em vez de serem 
levados por elas. Mudanças corporativas são resultados de mudanças pessoais. 
O Brasil vive de reformas programáticas, sendo que, o que precisamos fazer é uma grande reforma 
paradigmática. Pensar estrategicamente a gestão da educação é, sem dúvida, ter a coragem de romper 
paradigmas. Não estamos diante de uma simples encruzilhada, que pede desvios de percurso. Estamos 
num momento que se exige invenção, ousadia de imaginação para criar o novo.
Referindo-se à reforma paradigmática, o pesquisador Antonio Pazeto4, 2000 afirma que as insti-
tuições educacionais estão sendo desafiadas a assumir novas funções, papéis e interfaces para os quais 
elas ainda não adquiriram consistência e condições suficientes. 
“Enquanto muitas organizações, em especial as que compõem o mercado de produção 
de bens e serviços, impregnaram-se de novos valores, as instituições educacionais, de 
um modo geral, ainda não tomaram consciência da necessidade de criarem uma gestão 
ágil, dinâmica e comunicativa para o empreendimento de suas estratégias”. (Pazeto,2000) 
Reforça-se ainda o fato de que a sociedade também está cada vez mais exigente sobre os resul-
tados educacionais. Hoje em todo o mundo há grandes questionamentos sobre o custo-benefício da 
escola. Ninguém duvida da importância da educação para o desenvolvimento da humanidade. O que 
está em xeque é a real necessidade da escola que aí está. A UNESCO5 nos apresenta dados em que nas 
sociedades hiperescolarizadas entre 10% a 25% dos egressos da educação básica são analfabetos fun-
cionais. A relação custo e efeito da escola está sendo questionada. A pergunta que não cala é esta: “Mais 
escolas significa mais competência e sabedoria para todos? ”
A partir das reflexões abaixo, o educador Eduardo Chaves6, 2004, nos desafiou, há um bom tempo, 
a reinventar a escola, revendo conceitos:
 » De educação. Por que educar? Para que educar?
 » Missão da escola
 » Currículo
 » Método
 » Papel de alunos, professores e equipe técnica
 » Organização do tempo e espaço
 » Relação com o mundo externo e com a tecnologia
 » O educador precisa ter vontade, emoção, inteligência, postura e atitude.
(Chaves, 2004)
E no meio de todas essas indagações, questionamentos e muitas insatisfações com os resultados 
das escolas, veio a pandemia do coronavírus que virou o mundo de cabeça para baixo. Uma doença 
que nos privou do que há de mais rico no ser humano: o convívio social. 
A educação, como já mencionado, foi extremamente impactada e teve que se adequar a mudan-
ças da noite para o dia, expondo desafios, falhas e frustrações de uma sociedade que teve de se adaptar 
ao isolamento social. 
4 PAZETO, Antonio Elizio –Participação: exigências para a qualificação do gestor e processo permanente de atualização. Em 
Aberto, Brasília, v. 17, n. 72, p. 163-166, fev/jun. 2000.
5 UNESCO: International Institute for Educational Planning, 2003. 
6 CHAVES, Eduardo. A escola precisa se reinventar. Profissão Mestre, São Paulo, n. 61, p.10-12, 01 out. 2004.
5
A nova educação e a nova escola: perspectivas, desafi os e competências
É possível que, no futuro, os livros sobre educação atribuam à Covid-19 muita responsabilidade em 
relação às mudanças que se sucederam. No entanto, embora éramos, como já mencionada, retardatários no 
processo de mudança, é importante destacar os grandes movimentos que tivemos, principalmente nas últi-
mas três décadas para que a transformação da educação acontecesse. Ou seja, quando a pandemia chegou e 
mexeu com toda a estrutura educacional, pode-se dizer que tínhamos feito a lição de casa. Assim, as últimas 
décadas foram fundamentais para desenhar essa escola que temos hoje e que teremos no futuro. 
 As reformas de ensino e as revoluções na educação.
 3.1 Os principais marcos da educação brasileira das últimas décadas
Pode-se dizer que nas últimas três décadas tivemos grandes movimentos em prol de uma edu-
cação mais justa, mais igualitária, mais humana e de maior qualidade. Destacam-se, na fi gura abaixo 
marcos que impactaram e têm impactado a educação brasileira de forma muito positiva.
FIGURA 01: Marcos da educação brasileira
Fonte: Renato Casagrande
O primeiro grande marco da educação brasileira foi a Constituição de 1988, que trouxe avanços 
fundamentais para a sociedade, pois incluiu a educação no rol de direitos civis, e explicitou o dever do 
Estado de garantir, de maneira pública e gratuita, acesso universal à escola e às creches para todos os 
cidadãos. Antes disso, não existia a obrigatoriedade de o Estado garantir amplo acesso. A Educação 
Pública era oferecida como uma assistência a quem não tinha condições de matricular os fi lhos nos 
colégios particulares. 
De acordo com o art. 205 da Constituição, “a educação é um direito de todos e dever do Estado e da 
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento 
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualifi cação para o trabalho”. (Inova7 Social, 2020)
É preciso relembrar outros marcos legais que ajudaram essa escola a se desenvolver. A Constituição 
foi fundamental para colocar a educação como um direito básico a todos e todas. Estabeleceu o 
compromisso com a igualdade, universalização, inclusão e gestão democrática da escola. Mas também 
7 INOVA SOCIAL: Estônia, um país 4.0 e com a melhor educação do ocidente. Disponível em https://inovasocial.com.br/inova/
estonia-melhor-educacao-ocidente/ - Acesso em 25/12/2020.
6
Workshop Licenciaturas
foi importantíssima a Lei de Diretrizes e Bases da Educação8 (LDB), de 1996, discutida por mais de 
duas décadas, que estabeleceu importantes diretrizes, como duração da educação formal e conteúdos 
essenciais a serem trabalhados nos diferentes níveis educacionais. 
Como terceiro marco, podemos destacar, a partir de 1990, a implantação do Sistema de Avalia-
ção da Educação Básica (Saeb)9 que permitiu o acompanhamento da evolução da qualidade da edu-
cação ao longo dos anos. Os indicadores produzidos pelo Saeb são utilizados principalmente pelo Mi-
nistério da Educação e secretarias estaduais e municipais de educação, na definição de ações voltadas 
para a solução dos problemas identificados, assim como, no direcionamento dos seus recursos técnicos 
e financeiros às áreas prioritárias, visando ao desenvolvimento do Sistema Educacional Brasileiro e à 
redução das desigualdades nele existentes.
Segundo o INEP10, os principais objetivos do Saeb são:
 » Oferecer subsídios à formulação, reformulação e monitoramento de políticas públicas e pro-
gramas de intervenção ajustados às necessidades diagnosticadas nas áreas e etapas de en-
sino avaliadas; 
 » Identificar os problemas e as diferenças regionais do ensino; 
 » Produzir informações sobre os fatores do contexto socioeconômico, cultural e escolar que 
influenciam o desempenho dos alunos; 
 » Proporcionar aos agentes educacionais e à sociedade uma visão clara dos resultados dos 
processos de ensino e aprendizagem e das condições em que são desenvolvidos e 
 » Desenvolver competência técnica e científica na área de avaliação educacional, ativando o 
intercâmbio entre instituições educacionais de ensino e pesquisa.(INEP)
Com o sistema de avaliação implantada foi possível estabelecer objetivos e metas mais realistas 
para a educação brasileira. Assim, no ano de 2014, o Congresso Federal sancionou o Plano Nacional 
de Educação11 (PNE) com a finalidade de direcionar esforços e investimentos para a melhoria da 
qualidade da educação no país. Com força de lei, o PNE estabelece 20 metas a serem atingidas nos 
próximos 10 anos.
Os principais desafios do plano estão relacionados à evolução dos indicadores de alfabetização e 
inclusão, à formação continuada dos professores e à expansão do ensino profissionalizante para ado-
lescentes e adultos.
O Plano Nacional de Educação para o decênio 2014/2024, instituído pela Lei nº 13.005/2014 defi-
niu 10 diretrizes que devem guiar a educação brasileira neste período e estabeleceu 20 metas a serem 
cumpridas na vigência.  Essa mesma lei reitera o princípio de cooperação federativa da política educa-
cional, já presente na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, ao esta-
8 BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no. 9.394, 1996. __. Constituição da República Federativa do Brasil. 
São Paulo: Saraiva 1998.
9 BRASIL. Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), disponível em https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/
avaliacao-e-exames-educacionais/saeb, acesso em 15/12/2020.
10 BRASIL. Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), disponível em https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/
avaliacao-e-exames-educacionais/saeb, acesso em 15/12/2020.
11 BRASIL. Plano Nacional de Educação (PNE) disponível em http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/
543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014
7
A nova educação e a nova escola: perspectivas, desafios e competências
belecer que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios atuarão em regime de colaboração, 
visando ao alcance das metas e à implementação das estratégias objeto deste Plano” e que “caberá aos 
gestores federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal a adoção das medidas governamentais 
necessárias ao alcance das metas previstas neste PNE.”
FIGURA 02: Resumo das metas previstas no projeto do Plano Nacional de Educação.
Fonte: Brasil, PNE
8
Workshop Licenciaturas
O quinto marco importante que tivemos foi a reforma do ensino médio. A Lei nº 13.415/2017 
alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu uma mudança na estrutura do 
ensino médio, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para 1.000 horas anuais 
(até 2022) e definindo uma nova organização curricular, mais flexível, que contemple uma Base Na-
cional Comum Curricular (BNCC) e a oferta de diferentes possibilidades de escolhas aos estudantes, 
os itinerários formativos, com foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional. A 
mudança teve como objetivos garantir a oferta de educação de qualidade a todos os jovens brasileiros 
e de aproximar as escolas à realidade dos estudantes de hoje, considerando as novas demandas e com-
plexidades do mundo do trabalho e da vida em sociedade.
As principais mudanças do novo ensino médio: 
FIGURA 03: Resumo das metas previstas no projeto do Plano Nacional de Educação.
Fonte: http://novoensinomedio.mec.gov.br/#!/guia
E como sexto e último importante marco da educação contemporânea temos a implantação 
da Base Nacional Comum Curricular – BNCC12, documento com caráter normativo que serve de re-
ferência para a elaboração dos currículos de todas as escolas que ofertam educação básica no País. 
Foi criada com o objetivo de promover a equidade por meio de uma formação integral do cidadão, 
dar valor aos conhecimentos construídos historicamente sobre o mundo, ajudando os estudantes a 
entender e explicar a realidade desse mundo, colaborando para a construção de uma sociedade justa, 
democrática e inclusiva. 
A BNCC apresenta 10 grandes competências a serem desenvolvidas na educação básica. Cada 
competência reforça a proposta de um aluno ativo, que compreende, reconhece a importância do que 
foi aprendido e reflete sobre como ocorre a construção do conhecimento, conquistando autonomia 
para estudar e aprender em diversos contextos.
12 BRASIL. Base Nacional Comum Curricular, disponível em http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/futuro/novas-competen-
cias-da-base-nacional-comum-curricular-bncc/79, acesso em 15/12/2020.
9
A nova educação e a nova escola: perspectivas, desafios e competências
FIGURA 04: Competências gerais da nova BNCC
Fonte: Inep http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/futuro/novas-competencias-da-base-nacional-comum-curricular-b-
ncc/79
Vivenciados esses marcos podemos dizer que chegamos, principalmente com o advento da pan-
demia da COVID-19, a uma educação mais próxima da realidade das pessoas e mais conectada com 
as demandas da sociedade na atualidade. Mas que educação estamos vivendo? Para entender e nos 
situarmos na educação contemporânea, vamos fazer uma breve retrospectiva sobre as grandes fases 
ou ondas da educação no mundo. Depois também faremos uma breve análise sobre as tendências da 
educação para as próximas décadas. Essas análises e perspectivas nos ajudam a entender muitos fenô-
menos que observamos na educação contemporânea bem como também nos ajudam a nos preparar 
para os desafios futuros. 
 3.2 As fases, ondas ou eras da sociedade e da educação ao longo dos séculos
Para entendermos melhor essas mudanças vamos emprestar expressões que até podem ser en-
tendidas como metáforas do setor empresarial. É uma tendência nessa área separar momentos impor-
tantes da vida socioeconômica por números. É dessa ideia que surgem termos como 1.0, 2.0, 3.0, 4.0 
e assim por diante. Entendemos como as sociedades se comportaram a partir dessas escalas, e isso é 
perfeitamente aplicável à educação. Ainda que essas denominações não sejam científicas, elas ajudam 
a entender essa evolução. 
10
Workshop Licenciaturas
Na escola, portanto, convivemos com as numerações 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0. Hoje, inclusive, já se fala 
até mesmo de uma escola 5.0. Podemos entender, a partir disso, em que cenário alunos, professores e 
demais agentes da comunidade escolar estão ou estavam inseridos, ao explicar o processo educacional. 
Dessa forma, entendemos que o mundo também recebeu essa designação numérica – não há como 
falar da evolução da educação sem falar da evolução da própria sociedade. 
Assim, as denominações educação 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0, marcam os diferentes períodos que a socieda-
de passou ao longo dos séculos e ainda está passando e passará no futuro. Destacam-se os adventos da 
revolução agrícola e do renascimento (educação 1.0), da revolução industrial (educação 2.0), da revolu-
ção tecnológica (educação 3.0) e agora com o advento da inteligência artificial (educação 4.0).
 3.2.1 Educação 1.0 
Embora haja bastante divergência entre autores e pesquisadores sobre a caracterização do que 
seria a educação 1.0, muitos consideram essa fase, a o período dos grandes filósofos e religiosos minis-
trando conhecimento por meio de discursos e ensinamentos filosóficos ou cristãos.
O mundo 1.0 é associado a uma era agrícola, cujo poder estava centralizado na conquista de terri-
tórios. Era o mundo do homo politicus, ou seja, baseado em relações não necessariamente econômicas 
como conhecemos atualmente. A globalização, que hoje é comum relacionarmos às empresas, naquela 
época se remetia a países, à definição de fronteiras e a navegações intercontinentais. Ao mesmo tempo, 
tudo se concentrava na agricultura, ou seja, em quem produzia, pois era essa parcela da população que 
alimentava a sociedade. 
Nessa fase, os professores eram os grandes mestres detentores do conhecimento e a educação 
era extremamente informal. Ensinava-se e aprendia-se nas praças, nas ruas, nas praias, nas casas das 
pessoas e em qualquer lugar. A relação era dual, aluno e professor, ou discípulo e mestre como eram 
chamados na época. Nessa época, indubitavelmenteo mestre era a figura central no processo de ensino 
e aprendizagem. Assim, os alunos que desejassem avançar nos estudos em qualquer área, precisavam 
antes de mais nada escolher um mestre. Era comum esses estudantes ou discípulos sentarem aos pés 
dos seus mestres como atitude de admiração e até submissão.
Assim, o conhecimento estava concentrado nos grandes mestres – filósofos, religiosos e outros 
pensadores. Aqueles que tinham o privilégio de poder ouvir os mestres podem ser considerados os 
primeiros alunos que acessaram os primórdios da educação. 
Também, como relata o Professor Rui Fava13, o ensino era, muitas vezes, desenvolvido em estreita 
simbiose com a Igreja. Muitas aulas, inclusive eram ministradas nas igrejas e o ensino focado nas lições 
das Escrituras. Muitos mestres eram sacerdotes. 
Assim, resumimos a educação 1.0 como uma educação ou uma escola bastante desvinculada do 
mundo, onde o ensino era individual, o professor era extremamente valorizado e lecionava diversas 
disciplinas. O acesso à educação era para poucos, geralmente os nobres, os filósofos ou os intelectuais. 
 3.2.2. Educação 2.0
O rompimento com essa educação 1.0 se dá com a primeira revolução industrial, em torno de 
1780. Iniciam-se as discussões da produção em série, pequenos artesãos tornam-se empregados de gran-
des donos de fábricas, a comunicação também evolui com a chegada da prensa a várias partes do mundo. 
Esse divisor de águas vai nos mostrar o fenômeno da globalização 2.0, que atinge as empresas, as 
quais geram comércio entre países, algo inédito na economia. Aqui, surge o conceito de homo econo-
13 FAVA, Rui. Educação para o século XXI: a era do indivíduo digital; São Paulo; Saraiva, 2016.
11
A nova educação e a nova escola: perspectivas, desafios e competências
micus, de Frederick Taylor14, e junto com ele o conceito de sindicatos, exploração econômica e o próprio 
desenho do capitalismo.
A migração da zona rural para a zona urbana também traz jornadas extenuantes de trabalho e va-
lorização cada vez maior do lucro. Esse homem consumidor e focado no trabalho industrial leva à escola 
o conceito da divisão de tarefas, tempo para cada aula, divisão por disciplinas. Surge, então, a escola 
2.0. Normas, regulamentos e organização quase industrial, percebidos até hoje, passam a fazer parte 
da lógica educacional. A fragmentação das séries leva o professor e a escola a verem o ensino como 
“caixinhas” isoladas, sem criação de vínculos ou relações, bem como a fragmentação do conhecimento. 
Essa realidade contaminou a escola, que passa a ter como papel principal simplesmente repassar 
informações. O professor ainda é soberano, apesar de agora dividir um pouco seu poder com o livro. 
De qualquer forma, era a escola da memorização, da divisão do conhecimento, da fragmentação das 
disciplinas, o que afastava desse ambiente qualquer tipo de emoção. 
Havia quase uma ideia de tirania na figura do educador, pois, na educação 2.0, predominava a 
racionalidade, por isso se dizia que a escola era “castradora de emoções”, que sequestrava os sentimen-
tos. A metáfora parece forte, mas apenas reflete uma sala de aula que admitia apenas a razão, com 
as emoções todas deixadas da porta para fora. É curioso pensar como hoje as escolas se preocupam 
em abordar em sua apresentação a humanização, a preocupação com a empatia e com a inteligência 
emocional, conceito que surgiria apenas na década de 90. Na escala 2.0, o papel da escola se limitava a 
repassar conhecimento da forma mais objetiva possível.
Não à toa, surgiram muitas críticas à escola nesse período, pois seria mais tarde inserida a ideia de que, 
para aprender, é preciso criar relações e conexões entre os conteúdos. No entanto, a escola 2.0 mantinha esse 
desmembramento, o que também criou um professor mais autoritário e especialista. A sociedade, ao mesmo 
tempo, evoluiu enquanto que a escola começou a ter dificuldade de acompanhar essa transformação. 
Pode-se imaginar, ao entender o conceito 2.0 na educação, o quanto houve resistência por parte 
da estrutura escolar na transição para 3.0. Afinal, aquele modelo “funcionava”, era seguro e fácil de man-
ter o respeito pela figura quase endeusada do professor. 
Assim, podemos caracterizar a educação 2.0 como a educação pós revolução industrial, a edu-
cação mecanizada, em que a aprendizagem está centrada na memorização de conteúdos mesmo que 
temporária. A escola passa a cumprir um novo papel que é o de preparar o homem para o trabalho. A 
educação passa a ser cada vez mais um direito do cidadão, embora muito distante de se tornar universal. 
 3.3.3. Educação 3.0
Demorou, mas a educação 3.0 parece ter chegado. Para muitos estudiosos, chegou com grande 
atraso. Questionando o atraso da evolução em todo o processo educacional, Rubem Alves, importante 
escritor e educador brasileiro, disse que a escola, por si só, é retardatária, mas não pode ser retrógrada. 
Ao expor esse ponto de vista, Alves nos mostra que é papel do professor perpetuar a cultura de uma 
sociedade, mas com crítica. Para isso, é fundamental estar um passo atrás e analisar o que está por vir; 
saber ler e analisar o cenário de forma a se preparar para ele – ou seja, ser um retardatário.
Entretanto, as mudanças que surgiram na entrada do século XXI foram rápidas demais e exigiram 
da escola e do professor mudanças que, talvez por medo, não foram absorvidas. E assim nos tornamos 
mais retrógrados que retardatários.
Toda essa reflexão é importante para entender a lógica da educação 3.0, baseada fundamental-
mente no uso da tecnologia e na sociedade do conhecimento. Pode-se dizer que a educação 3.0 tem 
início com a revolução tecnológica ou também chamada 3ª. Revolução Industrial, com ênfase no adven-
to da internet que impactou o mundo todo. 
14 TAYLOR, F. W. Princípios de Administração Científica. São Paulo: Atlas, 8. ed.-14.reimpr.-São Paulo : Atlas,2009.
12
Workshop Licenciaturas
Quadro 01: A sociedade do conhecimento
No início dos anos 2000, o termo “sociedade da informação” começou a ser utilizado para explicar a nova 
matriz da vida em sociedade, baseada nas Tecnologias da Informação e do Conhecimento (TICs) e forte-
mente influenciada pelo desenvolvimento da economia a partir do desenvolvimento da tecnologia. No 
entanto, desde fins da década de 90, também começou a ficar conhecido nos meios acadêmicos o termo 
“sociedade do conhecimento”. A UNESCO, inclusive, passa a referir-se à expressão para indicar uma visão 
mais ampla sobre como as sociedades estavam passariam a viver com tanta tecnologia à disposição e 
com a informação acessível em grande escala.
Abdul Waheed Khan, diretor geral adjunto de Comunicação e Informação da UNESCO, de 2001 a 2010, 
explicou a diferença dos dois termos: “O conceito de “sociedade da informação”, a meu ver, está relaciona-
do à ideia da “inovação tecnológica”, enquanto o conceito de “sociedades do conhecimento” inclui uma 
dimensão de transformação social, cultural, econômica, política e institucional, assim como uma perspec-
tiva mais pluralista e de desenvolvimento. O conceito de “sociedades do conhecimento” é preferível ao da 
“sociedade da informação” já que expressa melhor a complexidade e o dinamismo das mudanças que 
estão ocorrendo”.
A economia passa por uma mudança muito grande, sai do modelo industrial e se cristaliza em 
uma era da informação, que origina o homo complexo. Essa pessoa, agora, tem que lidar com culturas 
diferentes e com pessoas – não mais apenas empresas – globalizadas. Passa a importar também o co-
nhecimento, não só dinheiro. 
Um caso muito ilustrativo dessa realidade é a história de Salman Khan15, engenheiro e criador da 
Khan Academy. Khan, em 2008, ao ensinar matemática a uma prima, percebeu que poderia gravar as 
aulas e colocar no YouTube, novidade na época. Khan e a prima moravam em cidades distantes, e isso 
facilitaria o ensino. Surgiu, assim, a maior plataforma educacional do mundo, influenciando milhares de 
pessoas a fazer o mesmo. 
Quadro02: A história de Salman Khan
Salman Amin Khan é um matemático e engenheiro americano que, em 2007, começou a ajudar uma 
prima de 12 anos a melhorar as notas em matemática. Ela morava em uma cidade e ele, em outra. Então 
Khan teve a ideia de gravar aulas curtas, de 10 a 15 minutos cada, com temas específicos, e disponibilizar 
no YouTube. Desse modo, ele ensinaria uma vez só, e a menina poderia acessar as explicações quantas 
vezes quisesse. 
Animados, outros primos do matemático começaram a acessar os vídeos. Em alguns meses, porém, ele 
passou a receber e-mails com agradecimentos vindos de desconhecidos. Em 2009, abandonou o emprego 
que tinha e fundou a Khan Academy, uma plataforma digital e gratuita com links que levam para as 2700 
aulas desenvolvidas por ele até agora. 
A gravação do material é muito simples. Na maior parte dos vídeos, o que aparece é uma prancheta em 
que ele escreve, e é possível ouvir a voz de Khan fazendo as explicações e resolvendo os exercícios.
O professor não se ateve ao ensino da matemática, embora seja seu carro-chefe. Atualmente, a academia 
também oferece conteúdos em economia, finanças, medicina, química, física, biologia e computação. O 
canal já tem tradução em quase 30 idiomas. O bilionário Bill Gates declarou publicamente que tem o cos-
tume de assistir às aulas da Khan Academy com os filhos.
Em 2019, o americano recebeu o Prêmio Princesa das Astúrias da Cooperação Internacional por disponibi-
lizar educação gratuita a estudantes de boa parte do mundo.
15 KHAN, Salman. Um mundo, uma escola; tradução George Schlesinger- Rio de Janeiro, Editora Intrínseca, 2013.
13
A nova educação e a nova escola: perspectivas, desafios e competências
Não há nada mais significativo que a história de um jovem (Khan tinha, à época, 30 anos) que, com 
criatividade e aplicação de conhecimento, revolucionou a maneira de ensinar e o papel do professor. 
Os modelos de sucesso, portanto, não estão mais relacionados apenas ao poder aquisitivo, mas a como 
transformar isso em conhecimento, criatividade e inovação. Não à toa, os nomes mais importantes hoje 
no mundo dos negócios se referem àqueles que souberam resignificar a comunicação, as relações so-
ciais, o ensino, como Marck Zuckerberg (criador do Facebook), Bill Gates (dono da Microsoft), Salman 
Khan (Khan Academy). Ou seja, a sociedade, que já caminha para uma realidade 4.0, ainda sente falta 
de uma educação realmente 3.0. A adaptação de educadores e da escola é urgente no sentido de atuar 
como mediação de um conhecimento que já está disseminado e acessível – ainda que haja vários abis-
mos no mundo inteiro em relação ao acesso à tecnologia.
Na educação 3.0 há sérios questionamentos sobre a visão do ensino, em que não se dá mais im-
portância para a memorização absurda e sim para a aprendizagem contando com o auxílio da tecnolo-
gia e da internet.
Assim, saímos da ênfase no ensino para a ênfase na aprendizagem. Passa-se a valorizar a transmis-
são horizontal dos conteúdos em detrimento da vertical, em que o professor era o único ou o principal 
detentor do saber. 
A internet possibilitou aos alunos fazer buscas inteligentes de conteúdos globais instantaneamen-
te, 24 horas por dia e com capacidade máxima. Também possibilitou novas formas de aprendizagem, 
por meio de janelas interativas de comunicação, com o auxílio de softwares que ajudam a desenhar, 
escrever, calcular, e tantas outras habilidades.
E ainda temos as redes sociais com destaque ao Instagram, Facebook, o Google, o Youtube, o 
WhatsApp, os jogos eletrônicos, os áudios e vídeos de alta qualidade, as múltiplas plataformas de apren-
dizagem, os livros, artigos e textos, hyperlinks que permitem deslocamentos para lugares e assuntos 
diversos a qualquer momento.
É totalmente necessário, portanto, compreender o conceito da escola 4.0, nascente com a era do 
significado. A globalização, que já teve como eixo principal os países, depois as empresas e as pessoas, 
é agora uma globalização de ideias. Surge então um conceito novo, ainda pouco difundido, o do homo 
eroticus, com foco na emoção e no prazer. Vivemos em uma sociedade mais preocupada com a diversi-
dade, igualdade de direitos e com a felicidade, tanto na vida pessoal quanto profissional. 
Quadro 03: Sobre Michel Maffesoli e o Homo Eroticus
Em 2015, o filósofo francês Michel Maffesoli lança Homo Eroticus: Comunhões Emocionais. O livro trouxe 
à tona uma nova maneira de ver o ser humano em meio à racionalidade extrema aflorada pela tecnologia. 
Para o autor, é preciso resgatar, em meio ao excesso de racionalidade, o culto do prazer, o afeto e as emoções. 
Na introdução de seu livro, ele destaca: “O espírito do tempo parece pôr em dúvida a ordem racionalista 
que prevaleceu e privilegiar o emocional. Daí a ênfase no papel dos afetos, no erótico social. (...) É assim que 
se pode compreender a mudança dos tempos”.
Assim, o educador dessa nova era não pode mais ser centralizador, autoritário ou especia-
lista. Agora é a vez da versatilidade. O próprio IDEB, como mostra uma rápida análise temporal, 
tem uma queda do 6° ao 9° ano, momento em que é preciso solidificar valores e ter uma visão 
mais universalizante. O que se vê na escola, especialmente no ensino médio, mas também no 
ensino fundamental nos anos finais, é uma compartimentação de conteúdos para a qual não há 
mais espaço na educação 4.0. 
O professor de Química, Matemática, Português não pode mais se restringir a suas caixi-
nhas de temas e se contentar com o ensino limitado a isso – ele precisa ver o todo e, especial-
14
Workshop Licenciaturas
mente, ver seu aluno com um ser complexo, sem divisões temáticas ou de horários, como hoje a 
maioria das escolas ainda funciona. Percebemos, inclusive, que essa escola está desconectada 
da realidade dos alunos que temos atualmente. 
Como tudo isso é algo bastante novo, não sabemos como vai se concretizar – entendemos 
apenas que é uma configuração nova de educação, em que a figura do professor e da professo-
ra passa não só pelo conhecimento específico, mas principalmente pela curadoria de conteúdo. 
Esse conceito é determinante para a nova escola que queremos: deve-se escolher a dedo o que 
se passa em sala de aula, entender como se estabelecem as interações, aceitar como os alunos 
se expressam e de que forma é possível trabalhar com todas as diferenças dentro do ambiente 
escolar. É uma escola que respeita a diversidade e que permite ao aluno ser protagonista de sua 
própria aprendizagem, aceitando sua complexidade e todos os desafios inerentes a essa proposta. 
 3.3.4. Educação 4.0
Mas, as mudanças não param por aí. Mal adentramos na educação 3.0 e já se anuncia a educação 
4.0. Com o advento da 4ª Revolução Industrial, a sociedade passa a viver a era 4.0, caracterizada pelo 
surgimento da Inteligência Artificial, da robótica, de novas redes de comunicação, a impressão em 3D 
e outras inovações tecnológicas que em breve vão mudar de forma drástica a economia e as relações 
interpessoais. 
Assim, novas competências, novas demandas se fazem necessárias para a formação dos cidadãos. 
Estudiosos afirmam que 50% dos empregos atuais deixarão de existir nas próximas duas décadas e que 
65% das crianças que entram na escola hoje trabalharão em funções que ainda não existem. Viveremos 
nas próximas décadas grandes transformações na sociedade e a escola, mais uma vez, precisará desen-
volver amplas competências para lidar com o novo mundo. 
A educação 4.0 deverá ser baseada em alta tecnologia, como os robôs, inteligência artificial, big 
data, impressão 3D, realidade aumentada, cloud computing, Internet of Things (IoT), entre outras. Essa 
realidade já não é novidade para o setor industrial e deve ser introduzida nos serviços, no comércio e na 
vida das pessoas em geral. A adoção dessas tecnologias na educação exigirá um novo paradigma peda-
gógico, voltado plenamente para a informação em tempo real, para a integração de dados, processos, 
pessoas em todo o tempo, para a conectividadee para a informação em tempo real. 
Essas mudanças só serão possíveis de serem vividas nas escolas, se houver uma ampla conexão da 
escola com as famílias. Estudos mostram que escolas que conseguem se transformam tem forte cone-
xão com as famílias e com a comunidade do seu entorno. 
 A RELAÇÃO DA ESCOLA COM A FAMÍLIA E A SOCIEDADE
Realmente o mundo mudou muito nos últimos anos, principalmente neste em que a pandemia 
destruiu muitas convicções e certezas. Mudou tanto que os pais, antes com certeza de como educar 
seus filhos e muito mais segurança nos resultados que obteriam nessa educação, acabam por confessar 
não terem mais tanta convicção. Manifestam, sempre mais, muitas e grandes inseguranças de como 
conduzir a educação dos seus filhos. Não sabem, muitas vezes, nem mesmo avaliar a escola e o método 
de ensino adequado. Tem grandes dúvidas se devem incentivar ou não a prática de sua religião, ou dei-
xarem o jovem escolher o caminho que estiver mais alinhado com seus interesses e suas crenças. 
Enfim, muitos pais estão percebendo, pouco a pouco, os seus limites. Percebendo sua impotência, 
sua incapacidade e seu desconhecimento quanto as orientações mais eficazes que podem dar ao filho 
para garantir a ele sucesso na sua vida futura. É lógico que é dever da família ensinar valores, virtudes, 
15
A nova educação e a nova escola: perspectivas, desafios e competências
desenvolver senso de justiça, de generosidade, de compaixão, mas sabemos que isso não é suficiente. 
A influência que as crianças e os jovens estão tendo no fenômeno da globalização está, muitas vezes, 
superando em partes o modelo de educação ao qual as famílias e a escola estão acostumadas. Há um 
provérbio africano que diz que é preciso uma aldeia toda para educar uma criança. No entanto, nossa 
aldeia global não tem conseguido cumprir bem essa função. 
Esse é também um dilema que vivem os educadores. Como preparar as crianças e jovens para um 
mundo de tantas incertezas e contradições? Como desenvolver a consciência crítica e prepará-los, para 
a reflexão e a mudança de atitude, com relação aos desígnios deste novo e complexo mundo da glo-
balização e do avanço tecnológico, sem precedentes na história da humanidade? O que os educadores 
podem e o que não podem fazer ou falar? Muitas dúvidas pairam no ar no que se refere ao papel dos 
educadores em geral, sejam pais ou professores.
Sendo assim, é mister que a escola tenha um excelente relacionamento com as famílias, para que 
juntos possam encontrar melhores e eficazes caminhos para uma boa formação das crianças e jovens.
No mundo familiar as crianças são filhos; no mundo escolar elas são alunos. A passagem de filho 
para aluno não é uma operação automática e, dependendo da distância entre o universo familiar e o 
escolar, ela pode ser traumática. 
Um recente estudo realizado pela UNESCO na última década, em parceria com o Ministério da 
Educação, elegeu como prioridade, dentre tantas funções importantes, que a aproximação das escolas 
e das famílias pode ter, a recuperação da singularidade do aluno visto no seu contexto mais amplo. 
Percebeu-se. que, quando a escola melhora seu conhecimento e compreensão sobre os alunos, sua 
capacidade de comunicação e adequação das estratégias didáticas aumenta e, em consequência, au-
mentam as chances de um trabalho escolar bem-sucedido. Nesse sentido, a conquista da tão desejada 
participação das famílias na vida escolar dos alunos, deve ser vista como parte constituinte do trabalho 
de planejamento educacional. 
Um outro estudo realizado pela Fundação Itaú Social (2018), que teve como foco a relação entre 
a família e a escola no Ensino Fundamental, apontou os principais fatores que devem ser levados em 
conta para essa aproximação. 
 » As escolas precisam compreender a realidade dos alunos, suas especificidades e desenvol-
ver meios de aproximação a essa realidade.
 » Abertura de espaços de diálogo com as famílias, por meio de reuniões, rodas de conversa, 
eventos, festas e outras atividades.
 » Implantar uma nova abordagem com a família, no sentido de acolher suas especificidades. 
A escola deve chamar as famílias não apenas para cobrar ou reclamar do comportamento 
dos estudantes. É preciso enfatizar aspectos positivos e compartilhar a produção dos alunos.
 » Melhorar as orientações com a famílias, deixando-as mais claras, respeitando o posiciona-
mento dos pais, às vezes divergentes da escola. Essas orientações devem ser feitas tanto 
individualmente como coletivamente.
 » Promover a integração interna da escola por meio da promoção de um bom clima escolar 
adotando estratégias eficazes de gestão e a incorporação de princípios integradores em seu 
projeto pedagógico. 
 » Chamada ativa das famílias para a melhoria dos indicadores educacionais. A escola precisa 
16
Workshop Licenciaturas
“resgatar” alunos que estão com dificuldades de desempenho e assiduidade. Recomenda-se 
um olhar e cuidado particular com cada aluno e também o desenvolvimento de estratégias 
específicas de atuação com as famílias envolvidas nessa busca ativa. 
 » Elaborar e reelaborar o projeto pedagógico levando-se em conta a integração com pais e 
comunidade. Desenvolver projetos transversais que consigam envolver a participação ativa 
e o envolvimento das famílias e da comunidade escolar.
 » Pensar a escola envolvendo sempre o território ao redor e a própria rede de ensino em que 
a escola está inserida. A escola não pode ser pensada isoladamente. Assim, dependendo 
de onde a escola se localiza, o fator território pode ser mais ou menos determinante para o 
sucesso das suas atividades – e isso deve ser levado em consideração pelas redes. 
(Fonte: Itaú Social – Pesquisa Social: Família-Escola, 2018)
A pandemia veio mostrar que a família e a escola precisam, mais do que nunca, estar juntas para 
promover uma educação de qualidade e em condições para que as crianças enfrentem com mais se-
gurança e preparo o futuro que está por vir. Sozinhos escola e família, ou isoladas em seu mundo, não 
haverá grandes progressos no desenvolvimento e formação das crianças. 
Isso não significa, em hipótese alguma, que os papeis são os mesmos. A escola não pode substituir 
a responsabilidade que a família tem. A escola tem como função principal promover e desenvolver a au-
tonomia, a solidariedade e a formação crítica dos alunos. Mas, a responsabilidade principal da formação 
integral e plena do cidadão continua sendo da família e ela não pode se eximir disso. São responsabili-
dades complementares e que, se integradas e trabalhadas em conjunto, haverá grande favorecimento 
na formação dos alunos. 
Por fim, sabemos que as demandas são complexas e precisamos de um trabalho em equipe em 
que cada parte cumpra com afinco seu papel. Haverá dissensos, contradições, conflitos, mas eles serão 
bem menores que as consequências negativas de uma formação fragmentada, frágil e incapaz de lidar 
com as novas e complexas demandas que a sociedade e o mundo preveem para o futuro das nossas 
crianças e jovens.
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futuro/novas-competencias-da-base-nacional-comum-curricular-bncc/79, acesso em 15/12/2020.
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seu Capítulo III e art. 242 trata da regulação e supervisão da educação superior.
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17
A nova educação e a nova escola: perspectivas, desafios e competências
nal. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, v. 134, n. 248, 23 dez. 1996.Seção I, p. 
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