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Percurso de um Professor - Renato Casagrande - 2021

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“Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. 
Quando se sonha junto é o começo da realidade.” 
Miguel de Cervantes 
 
Como todos os livros que escrevemos, este é a realização de um sonho! E ele tem dois 
toques especiais: foi idealizado e escrito em plena pandemia, um momento totalmente incomum 
de anormalidade, e é o resultado de uma construção coletiva. Redigido para – e com – 
professores e professoras de diversos segmentos da Educação, que acolhem, ensinam, formam, 
transformam pessoas e se dedicam de corpo e alma aos estudantes, cada profissional oferecendo 
a sua parcela de contribuição, seja por meio de depoimentos e reflexões ou dando exemplos 
reais. O livro contou também com a ajuda de pesquisadores e autores da área educacional, que 
nos têm orientado sobre como lidar com a educação do século XXI. 
O título foi escolhido para relatar o percurso que mais de quinhentos professores das redes 
de educação pública e privada do Brasil fizeram conosco, em 2020, durante um seminário no 
qual pudemos refletir sobre o novo papel da escola, dos professores, dos alunos, das famílias e 
da sociedade em geral, principalmente no que se refere à educação do – e de – futuro. Nesse 
trabalho, as principais perguntas norteadoras foram: Que educação teremos a partir de agora? 
Como passaremos a aprender? De que modo o que está acontecendo atualmente interferirá nos 
perfis dos alunos e dos professores que estarão em sala de aula de agora em diante? 
Além de contarmos com a primorosa colaboração de todos os participantes do seminário, 
que aceitaram o desafio de percorrer trilhas significativas na educação brasileira, educadores 
bastante conhecidos, como Zita Lago, Lana Crevelaro, Rui Fava, Isabelle Moletta, Josemary 
Morastoni e Priscila Santos debateram sobre diversos temas. 
Nunca é fácil escolher um determinado conteúdo e selecionar falas a serem usadas. E, 
aqui, entre as centenas de valiosas contribuições recebidas de todos os cantos do Brasil, foi ainda 
mais difícil escolher quais seriam compartilhadas. Contudo, todo escritor precisa colocar um 
ponto final em cada um dos seus trabalhos e, assim, foi necessário sintetizar ideias e estruturá-
las para que coubessem no espaço disponível, que é sempre limitado. Cumprimos essa difícil 
 
APRESENTAÇÃO: 
nossos recados de boas-vindas e agradecimento 
missão e, agora, o relato dessa nossa incrível experiência eterniza momentos de muito 
significado e crescimento para todos os envolvidos no projeto. 
O meu muito obrigado a todos os que contribuíram direta ou indiretamente para que 
pudéssemos chegar até aqui, lembrando que essa é apenas uma parada em uma estação... 
Portanto, tenham certeza de que as ótimas contribuições que não foram utilizadas desta vez estão 
carinhosamente guardadas para outras oportunidades. 
Caro leitor(a), esperamos que nossas reflexões despertem, em você, ainda mais vontade 
de aprender e pesquisar e também alimente uma paixão ainda maior pela educação. Na tela de 
seu computador, no smartphone ou no leitor digital, o conhecimento que compartilhamos a 
seguir retrata o presente cenário da educação e alinha algumas ideias de futuro, mesmo que o 
futuro ainda seja bastante nebuloso devido à COVID-19. 
E, como o nosso percurso educacional não termina aqui, fiquem comigo, pois temos 
muito a percorrer juntos! 
Desejo-lhes uma excelente leitura e... Até a próxima estação! 
Um grande abraço do seu amigo, 
Professor Renato Casagrande 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO – UM BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ..... 
 
CAPÍTULO 1 – NOVA EDUCAÇÃO, NOVA ESCOLA: desafios, perspectivas 
e competências ............................................................................................................ 
 
 
CAPÍTULO 2 - PRÁTICAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM PARA A NOVA 
ESCOLA ......................................................................................................... 
 
 
CAPÍTULO 3 – RELACIONAMENTO, MOTIVAÇÃO, MOBILIZAÇÃO E 
CONVIVÊNCIA COM AS NOVAS GERAÇÕES DE ALUNOS .......................... 
 
 
CAPÍTULO 4 – A IDENTIDADE DO NOVO PROFESSOR ................................ 
 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
“A grande educadora dos tempos que estamos vivendo 
é a contradição.” 
Zita Lago 
 
Refletindo sobre a atual situação mundial e as contradições entre o que é dito e o que é 
feito, entre o texto e o contexto, entre aquilo em que acreditamos e o que nos é permitido fazer, 
escolhemos iniciar este livro com uma sentença da Professora Zita Ana Lago Rodrigues, que 
descreve, com clareza, o cenário da educação nos anos 2020/2021. Novos paradigmas sociais, 
políticos, financeiros, jurídicos, culturais e educacionais estão passando a fazer parte das nossas 
vidas. Até pouco tempo atrás, a educação escolar era totalmente realizada presencialmente. 
Então, eclodiu a pandemia do Coronavirus-2: em uma sexta-feira, os professores deixaram uma 
flor em um vaso com água, uma maçã na gaveta e a lousa com anotações, mas não puderam 
voltar para a sala de aula na semana seguinte. As escolas foram fisicamente fechadas, as aulas 
presenciais lhes foram subitamente tiradas e todos tiveram que se reinventar e aulas nas telas 
dos computadores e smartphones passaram a ser uma realidade para muitos. 
As redes públicas e particulares, os sistemas de ensino, as instituições educacionais, as 
creches, os professores e os alunos e suas famílias tiveram que aderir a um processo célere de 
busca e adaptação aos meios viáveis, de modo que pudessem dar continuidade aos processos 
de ensino e aprendizagem. Para todos, foi fundamental aliarem-se à tecnologia e ao ensino 
remoto emergencial, uma alternativa que criou um novo ecossistema e uma nova atmosfera de 
trocas entre escolas e estudantes, por meio de aulas remotas. No entanto, em razão da 
diversidade dos modelos de escola, nada disso foi fácil. Nesse contexto, Zita Lago aponta que 
estamos em um processo de transição no que se refere à educação e à qualidade social: os 
valores transitivos e as novas demandas da sociedade e da escola pedem que mudemos. Essa 
sua visão assemelha-se à de Peres (2010), que alerta gestores e professores: 
[...] há uma necessidade de adaptar-se ao inusitado e inesperado, no entanto pensamos 
que estamos inseridos de forma direta dentro deste processo de garantir o direito 
de aprendizagem aos estudantes em um período de pandemia. Somos os agentes de 
transformação. Estamos preparados enquanto gestores para dar o suporte adequado 
à escola para que supere esta problemática? (PERES, 2010, p. 30-31). 
 
 
UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO 
 
 
No decorrer da História, a humanidade conviveu com três revoluções industriais e, 
agora, estamos vivendo uma quarta onda de transformações na economia e nos padrões 
produtivos, todas elas com impacto na área educacional. 
 
Quadro comparativo entre as revoluções industriais e a educação. 
 
Fonte: Escolas Exponenciais (2019). 
 
É evidente a necessidade de, a cada momento, desenvolvermos novas competências 
sociopolíticas, emocionais, cognitivas e pedagógicas que nos permitam acessar bens culturais, 
desenvolver técnicas e construir conhecimento para humanizarmos os processos sociais e 
educacionais de cada época. Isso nos possibilitará viver as mudanças decorrentes dos novos 
processos de produção e os desafios da sociedade contemporânea. 
A Professora Érika Gomes, sentindo-se motivada ao receber informações no nosso 
Seminário, afirma que o papel do professor tem se tornado cada vez mais instigante. 
Segundo Paro (2001), 
 
A participação da comunidade na gestãode escola pública encontra um sem-número 
de obstáculos para concretizar-se, razão pela qual um dos requisitos básicos e 
preliminares para aquele que se disponha a promovê-la é estar convencido da 
relevância e da necessidade dessa participação, de modo a não desistir diante das 
primeiras dificuldades (PARO, 2001, p.72). 
 
Entre as dificuldades atuais, há os paradoxos mundiais e nacionais, assim como os 
conflitos que coexistem na contemporaneidade. A convivência com as crises globais, a 
mobilidade internacional e o redesenho do mapa do planeta – elementos que geram 
desigualdades sociais e discriminação – passaram a fazer parte do contexto no qual vivemos. 
Por outro lado, políticas educacionais internacionalizadas, expansão de oferta, busca por 
qualidade e melhores resultados e novas políticas públicas (dentre as quais, a da educação 
inclusiva) fazem com que a educação seja percebida como fator de desenvolvimento do país. 
Neste ponto, é importante lembrarmos do exame mundial PISA, o Programa 
Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) – do inglês Programme for International 
Student Assessment – a maior e mais importante avaliação comparativa de educação no mundo: 
o exame é aplicado em estudantes de 15 anos de idade, a cada três anos, sob a coordenação da 
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cuja sigla em inglês 
é OECD (Organization for Economic Co-operation and Develpment), um órgão internacional 
que reúne países desenvolvidos em torno da realização de pesquisas, consultorias e projetos 
voltados para o desenvolvimento socioeconômico. Com o desenvolvimento do PISA, a OCDE 
estabeleceu um ranking que considera a atuação educacional dos 38 países que são membros 
dessa organização, juntamente com os 8 parceiros não membros (entre eles, o Brasil) e 
eventuais convidados, sendo que, em alguns casos, é avaliada apenas uma região de certos 
países participantes do Programa (OCDE, 2021). 
Dos oitenta países participantes em 2018, o Brasil está na 58ª. posição em Leitura, na 
71ª. posição em Matemática e na 67ª. em Ciência, um resultado comparativo nada satisfatório. 
 
Fonte: Elaborada por Inep (2020), com base nos dados da OCDE (2019). 
 
 
O PISA avalia os alunos para identificar: 
[...] o desempenho dos estudantes, vinculando-o a dados sobre seus backgrounds e 
suas atitudes em relação à aprendizagem e também aos principais fatores que moldam 
sua aprendizagem, dentro e fora da escola. Os resultados permitem que cada país 
avalie os conhecimentos e as habilidades de seus próprios estudantes, em comparação 
com os de outros países; aprenda com as políticas e práticas aplicadas em outros 
lugares; e formule suas políticas e programas educacionais visando à melhora da 
qualidade e da equidade dos resultados de aprendizagem (BRASIL, 2020). 
 
Então, devemos nos perguntar sempre: O que os outros países estão fazendo que os 
coloca tão à frente do Brasil no quesito educação? 
O primeiro passo é abandonarmos normas e regras antigas, que não estão mais em 
sintonia com o mundo atual, pois elas não nos impulsionam para as melhores posições no PISA 
nem para alcançar as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). 
(Relembrando: os resultados do IDEB – para a escola, o município, cada unidade da federação 
e região, assim como para o Brasil – abrangem escolas da rede pública e amostras da rede 
privada e são compostos pelas taxas de aprovação, reprovação e abandono, conforme coletadas 
pelo Censo Escolar, e pelas médias de desempenho do estudante no Sistema de Avaliação da 
Educação Básica (SAEB), que é um conjunto de avaliações externas aplicados a cada dois anos, 
que permite que o Inep realize um diagnóstico dos fatores que podem interferir no desempenho 
do estudante na Educação Básica no Brasil (BRASIL, 2020). 
 
Quadro resumo de desempenho no Ideb* – Brasil 2005-2019. 
 
*Varia de 0 a 10. (Maior desempenho dos alunos e número de aprovados = maior Ideb.) 
Fonte: Inep (2020). 
http://ideb.inep.gov.br/
 Os resultados publicados pelo Inep (BRASIL, 2015; 2018; 2020; 2021) e pela OCDE 
(2019) confirmam o que já percebemos há tempos: que precisamos investir muito mais em 
políticas públicas para a educação, ou seja, em “[...] medidas criadas pelos governos para 
garantir direitos, assistência ou prestações de serviço à população e seu objetivo é assegurar que 
a população tenha acesso aos direitos que lhe são garantidos por lei” (LENZI, 2019), o que ajuda 
a diminuir as desigualdades sociais. 
 De acordo com esses indicadores, as classificações do Brasil nos rankings nacionais e 
internacionais de educação precisam ser melhoradas. A formação docente atualizada e contínua, 
a utilização adequada das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e uma 
jornada de trabalho adequada para os professores são essenciais. Sobre esse tema, a Professora 
Leila Sandes concorda que os docentes precisam de melhor formação, porém lembra que, 
muitas vezes, o Estado não a favorece. 
As políticas públicas educacionais são planejadas para que sejam realizadas as 
intervenções adequadas para cada segmento específico – Educação Básica (Educação Infantil, 
Ensino Fundamental, Ensino Médio) e Educação Superior – e são criadas a partir de quatro 
situações: quando a oferta é insuficiente, quando há disfunções no fluxo ao longo do Ensino 
Fundamental, em razão dos sistemas de avaliação em larga escala e com base em testes 
padronizados oficiais, revelando as intenções que subsidiam os planos e as ações do governo 
no campo da educacional. 
As políticas educacionais devem se voltar para diferentes estilos de saberes e 
competências que possam direcionar as novas gerações para a construção de um mundo mais 
equânime e solidário, com justiça curricular e social. 
Atualmente, em razão da pandemia e do tempo passado em isolamento, esse período 
tem sido um exemplo de desafios a serem superados por políticas públicas e pela nossa própria 
atuação. Muitas pessoas perderam familiares, amigos, colegas de trabalho, seu emprego, sua 
renda e a saúde (física e mental) e, por isso, no retorno às atividades presenciais, passamos a ter 
maior preocupação com as pessoas do que com o currículo. 
Na visão da UNESCO (2002), 
Os problemas educacionais não têm origem exclusivamente na educação, mas busca-
se resolvê-los apenas com reformas educacionais. O tema do abandono precoce da 
escola é um exemplo paradigmático desta situação; um alto percentual de fracasso 
escolar tem sua origem direta nas carências econômicas, sociais e culturais que sofrem 
determinados grupos da população (UNESCO, 2002, p. 102). 
 
Diante disso, a questão passou a ser: Impactadas por suas perdas, como as pessoas 
voltariam à escola? Por isso, as preparações físicas e psicológicas para as escolas receberem 
 
 
as pessoas de volta tornaram-se essenciais e saber ouvir – o único modo de entendermos o que 
o outro está passando – tornou-se fundamental. 
A Professora Helcia Lima aposta na escuta ativa: "É preciso estar disposto a ouvir o 
próximo sem reservas, sem conceitos preestabelecidos”. 
A isso, Rubem Alves chamou de ‘escutatória’: 
 
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. 
Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer 
um curso de escutatória. [...]. É chegado o momento, não temos mais o que esperar. 
Ouçamos o humano que habita em cada um de nós e clama pela nossa humanidade, 
pela nossa solidariedade, que teima em nos falar e nos fazer ver o outro que dá sentido 
e é a razão do nosso existir, sem o qual não somos e jamais seremos humanos na 
expressão da palavra (ALVES, 2019). 
 
A preocupação com a qualidade educacional deve ser de todos e de cada um. É difícil 
termos ideia de como serão as próximas décadas e, apesar de não termos nem essa resposta nem 
muitas outras, devemos lembrar que as novasgerações precisarão estar preparadas para 
construírem os seus próprios caminhos com autonomia, criatividade, persistência e resiliência. 
O mundo pós-pandemia exigirá educação presencial, on-line, híbrida, 
desenvolvimento de competências socioemocionais, inserção das metodologias ágeis e a 
adoção de metodologias ativas em todas as escolas, tanto nas públicas quanto nas privadas. 
Para que isso ocorra, precisamos pensar em políticas educacionais capazes de suprir as 
demandas no momento atual, que sejam efetivas para atender a interface entre os campos 
educacional, social, econômico e político. 
Para Brandão (2007, pg. 74), 
 
 [...] a educação é uma prática social (assim como a saúde pública, a comunicação 
social, o serviço militar) cujo fim é o desenvolvimento do que, na pessoa humana, 
pode ser aprendido entre os tipos de saber existentes em uma cultura, para a formação 
de tipos de sujeitos, de acordo com as necessidades e exigências de sua sociedade, em 
um momento da história de seu próprio desenvolvimento (BRANDÃO, 2007, p. 74). 
 
A nova escola precisa estar pronta para desenvolver novas competências transversais, 
que cobrirão mais de um domínio, terão caráter multidimensional e conseguirão incorporar 
diferentes saberes, conhecimentos, aptidões, valores e atitudes. Para tal, precisamos de recursos 
humanos e infraestrutura física, técnica e tecnológica adequadas. Logo, professores e gestores 
educacionais precisam estar capacitados para terem um olhar ainda mais atento às mudanças 
que ocorrem no mercado educacional e nas políticas públicas, para que, assim, estejam 
preparados para a formulação de estratégias capazes de atender as novas demandas de como 
lidar com as diversas gerações de pares e de estudantes, nesses novos tempos. 
Já não seguimos apenas o Ministério da Educação e as Secretarias de Educação, mas 
também seguimos órgãos internacionais, posto que o ensino contemporâneo já rompeu 
fronteiras, tornando-se um produto de valor mundial. Se observarmos os principais 
referenciais internacionais sobre as competências-chave e as políticas para a educação do 
século XXI, encontraremos a UNESCO, a OCDE, a Comissão Europeia, a Partnership for 
21st Century Learning e o Fórum Econômico Mundial, organizações nas quais há muitas 
pessoas inovadoras trabalhando em temáticas nas áreas de tecnologia, saúde, ciência, meio 
ambiente e educação. Sendo assim, o Brasil precisa se tornar competitivo também nessa área, 
porque é isso que esses órgãos internacionais esperam de nós. 
Apesar da excelência dos sábios Piaget (1896-1980) e Vygotsky (1986-1934), não 
podemos ficar restritos somente a eles, pois existem outros pensadores contemporâneos que 
focam na educação e que precisamos conhecer e ler. Os estudos atuais abordam, dentre outros 
aspectos, as diferentes gerações que hoje convivem na educação, de Baby Boomers até a Geração 
Alpha. 
 
Fonte: Indalécio (2015). 
 
Hoje, quem dita a mudança geracional é a tecnologia. Afinal, foi ela que mudou 
comportamentos e é ela que nos ajuda a entender como cada geração percebe a sua realidade, 
desenvolve hábitos de consumo e atua na educação. Muitos dos nossos alunos já são inclusive 
da Geração Alpha, composta por crianças e adolescentes que, a partir de 2010, já ‘nasceram 
clicando’ e participando do mundo digital, não pensam de forma linear e entendem de tecnologia 
e de aplicativos de uma forma melhor do que a dos seus antecessores das gerações anteriores. 
Portanto, as soluções para as questões que enfrentaremos com eles não podem ser 
 
 
convencionais. Como nos lembra o Professor Eliseu Borges, crianças e jovens nos ensinam 
constantemente. 
De acordo com o relatório Leitores do Século 21 – Desenvolvendo Habilidades de 
Alfabetização em um Mundo Digital, publicado pela OCDE (2021): 
 
A familiaridade dos adolescentes atuais com a tecnologia, que faz deles nativos 
digitais, não os torna automaticamente habilitados para compreender, distinguir e usar 
de modo eficiente o conhecimento disponível na internet. Pelo contrário, os dados 
sugerem que eles são, em grande parte, incapazes de compreender nuances ou 
ambiguidades em textos online, localizar materiais confiáveis em buscas de internet 
ou em conteúdo de e-mails e redes sociais, avaliar a credibilidade de fontes de 
informação ou mesmo distinguir fatos de opiniões (BBC NEWS/CORREIO 
BRAZILIENSE, 2021) 
 
O Diretor de Educação da OCDE explica que, no entanto, “Ter nascido na era digital e 
ser um nativo digital não significa que você terá habilidades digitais para usar a tecnologia de 
modo eficaz" (BBC NEWS/CORREIO BRAZILIENSE, 2021). E ele continua: 
Mais tecnologia não equivale a mais alfabetização midiática. Os resultados também 
mostram que, apesar de sua crescente familiaridade com a tecnologia, os jovens não 
necessariamente aprendem instintivamente as habilidades necessárias para usar 
essa tecnologia para obter informações contáveis (BBC NEWS/CORREIO 
BRAZILIENSE, 2021) 
 
As pesquisas indicam que os estudantes dos sistemas educacionais que ensinam 
habilidades digitais demonstram ser mais capazes de distinguir o que é fato real do que é apenas 
opinião (OCDE, 2021) e, exaltando o trabalho de países que já têm uma cultura de alfabetização 
e leitura mais significativa, Schleicher (2021) aponta que essa questão ultrapassa os muros da 
escola. 
De acordo com a OCDE (2021), o que se sabe é que, na medida em que mudam as 
habilidades exigidas dos estudantes, o educador tem um papel central em seu desenvolvimento: 
enquanto, no século XX, esperava-se que os alunos obtivessem informações por meio de 
enciclopédias, o que os alunos precisam aprender atualmente é a distinguir o que é realmente 
relevante entre milhares de resultados de uma busca no Google e também a serem capazes de 
construir conhecimento e validá-lo. 
Para muitas crianças em idade escolar e até mesmo professores, a desinformação nos 
tempos pré-pandemia talvez parecesse algo remoto, uma preocupação política de 
pouca relevância no pátio da escola ou na sala de professores. Hoje, a endemia (como 
os especialistas se referem à proliferação de falsas informações em grandes volumes, 
como ocorre tempos de covid-19) e a incerteza sobre fatos científicas e de saúde 
básicos capturou o foco dos alunos de 15 anos - e seus anseios por soluções" (BBC 
NEWS; CORREIO BRAZILIENSE, 2021). 
 
Nesse cenário, "Os educadores precisarão ser grandes mentores, mobilizadores e guias 
nesse processo”, afirma Schleicher (BBC NEWS/CORREIO BRAZILIENSE, 2021). 
Para o relatório da OCDE (2021), a migração do processo educacional para a Internet, 
em razão da pandemia de SARS-CoV-2, “aumentou a urgência de se lidar com o tema 
alfabetização digital”. O documento indica, também, outros impactos da pandemia, tais como o 
aumento do apoio de alunos, professores e formuladores de políticas públicas para a formação 
de leitores no século XXI. 
 
Alfabetização – no século 21 – significa parar e olhar para os lados antes de seguir 
adiante no ambiente online. Significa checar os fatos antes de basear suas opiniões 
nele. Significa fazer perguntas sobre as fontes de informação: quem escreveu isto? 
Quem fez este vídeo? É de uma fonte confiável? Ele faz sentido? Quais são os meus 
vieses? Tudo isso cabe ao currículo escolar e ao treinamento de professores. E tudo 
isso tem implicações que vão muito além de detectar notícias falsas e desinformação: 
assegurar o ato de tomada de decisões bem informadas e assegurar a base de 
democracias funcionais (BBC NEWS; CORREIO BRAZILIENSE, 2021). 
 
Conforme esclarece essa pesquisa da OCDE (2021), é necessário ter capacidade para 
inovar, mudar e rever conceitos e valores. Porém, é preciso compreender que a mudança não 
consiste apenas em usar as novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), mas 
também em implantar modos alternativos de agir. 
O ensino tradicional, embasadona transmissão e no acúmulo de informações, não 
condiz mais com a sociedade atual, pois o processo educacional, como tudo no mundo, está 
em desenvolvimento e as novas gerações precisam de uma educação dinâmica! Para podermos 
ensinar cada aluno de fato, precisamos partir daquilo que ele já sabe. É ampla a gama de 
desafios, mas também a de diferentes infovias, fontes e multirreferências que podemos consultar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Mudar a escola implica um trabalho profundo e sério com os 
educadores, que tem a ver com a questão ideológica, com o assumir 
compromisso e com a qualificação dos profissionais. Esse caminho é, 
no meu entender, a dificuldade maior a transpor. Não considero 
também que seja uma dificuldade intransponível.” 
Paulo Freire 
 
Quando pensamos nas mudanças pelas quais o mundo tem passado nas últimas décadas, 
é impossível não refletirmos sobre a instituição Escola, pois ela faz parte da vida das pessoas, 
ajudando a construir o caráter e os valores. 
Mais recentemente, a educação foi extremamente impactada pela pandemia do 
Coronavírus-2, uma doença que nos privou do que há de mais rico no ser humano: o convívio 
social. Esse contexto precisa estar presente ao repensarmos a escola, lembrando que, para serem 
benéficas, as transformações precisam ser compreendidas e ressignificadas. 
Sobre mudanças, a Professora Nilce Rodrigues de Assis comenta: “Assim como estamos 
construindo o ensino nesse novo formato, estamos ressignificando nossa prática, mas ainda não 
temos a real dimensão da escola que teremos”. E a Professora Helen Barigchun aponta o lado 
bom de tudo isso: “A pandemia, mesmo na sua infelicidade, nos permitiu estar juntos e trocar 
experiências”. 
No âmbito das mudanças educacionais, a Constituição Federal de 1988 foi fundamental 
para colocar a educação como um direito básico de todos e todas, por estabelecer o 
compromisso com a igualdade, universalização, inclusão e gestão democrática da escola. De 
acordo com o Art. 205 da Constituição Federal de 1988, 
 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho 
(BRASIL, 1988). 
 
 Outros marcos legais ajudaram a Escola a se desenvolver, como é o caso da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei 9394/96 (BRASIL, 2014), que garante o direito 
Capítulo 1: 
 
NOVA EDUCAÇÃO, NOVA ESCOLA: 
desafios, perspectivas e competências 
de toda população de ter acesso à educação pública, gratuita e de qualidade oferecida pela 
União, pelos Estados e Municípios. 
 O Professor Jorge Paniagua ressalta que “Precisamos ter uma visão geral do contexto em 
que estamos inseridos, para que possamos fazer leituras e releituras de mundo”. Assim, além 
das questões legais, também utilizamos outras estratégias para que essa evolução fique mais 
clara. Uma delas é falar da evolução da educação a partir da evolução da própria sociedade, 
com as numerações 1.0, 2.0, 3.0, 4.0 e, hoje, até mesmo a 5.0. 
 O mundo 1.0 está associado à Era Agrícola, quando o poder estava centralizado na 
conquista de territórios. Era o mundo do Homo politicus, baseado em relações diferentes das 
que conhecemos atualmente. A globalização, que é comum relacionarmos às empresas de hoje, 
naquela época remetia à definição de fronteiras, países e navegações intercontinentais. Ao 
mesmo tempo, tudo se concentrava na agricultura, ou seja, na parcela da população que 
produzia e alimentava a sociedade. O conhecimento estava concentrado em grandes mestres: 
filósofos, religiosos e outros pensadores. Na Educação 1.0, as aulas não aconteciam a partir de 
estruturas formais. Não existia imprensa; logo, não havia livros e o que valia era apenas a 
explanação oral. 
 O rompimento com a Educação 1.0 se deu por volta de 1780, com a Primeira Revolução 
Industrial, quando foi iniciada a produção em série e os pequenos artesãos tornam-se 
empregados de grandes donos de fábricas. Com a chegada da imprensa a várias partes do 
mundo, a comunicação também evoluiu. Esse divisor de águas gerou comércio entre países, 
algo inédito na economia até então: a globalização 2.0. Aqui, surge o conceito de Homo 
economicus, de Frederick Taylor, e – junto com ele – o conceito de sindicatos, exploração 
econômica e o próprio desenho do capitalismo. Esse novo homem, agora focado no trabalho 
industrial, leva para a escola o conceito de divisão de tarefas, divisão por disciplinas e de haver 
um tempo separado para cada aula. Surge a Escola 2.0, com organização, normas e 
regulamentos originados nas indústrias, que podem ser percebidos até hoje. O principal papel 
da escola era simplesmente o de repassar informações e a fragmentação das disciplinas, a 
divisão do conhecimento e a memorização afastaram as emoções do ambiente educacional. Por 
isso se dizia que a escola era ‘castradora de emoções e sequestradora de sentimentos’. 
 Na Escola 2.0, o papel da instituição de ensino era limitado ao repasse de conteúdo, da 
forma mais objetiva possível, e a figura do educador era associada à ideia de tirania, pois a 
racionalidade predominava. O professor, visto como soberano, só dividia o seu poder com o 
livro. Sobre esse tempo, a Professora Ilza Brisola relembra: “Época triste, em que os alunos 
eram reprendidos sem direito a voz”. 
 
 
 O Professor Waldecy Correia fala das consequências do ambiente educacional da sua 
época de estudante nos anos iniciais: “Eu vivi uma experiência castradora no início da vida 
escolar, tanto é que cheguei a odiar a escola por matar meus sonhos, isso, fora os castigos e 
humilhações” e Leila Sandes, também educadora, lembra que “o respeito estava associado ao 
medo”. 
 Então, a sociedade evoluiu e chegou a Escola 3.0, questionando o atraso daquela lógica 
que até então predominava. Contudo, a escola começou a ter dificuldades em acompanhar as 
transformações e, na transição para a modalidade 3.0, começou a haver resistência por parte da 
estrutura escolar. 
 Para MORIN (2003), 
Há resistências inacreditáveis a essa reforma, a um tempo, una e dupla. A imensa 
máquina da educação é rígida, inflexível, fechada, burocratizada. Muitos professores 
estão instalados em seus hábitos e autonomias disciplinares. Estes [...] são como os 
lobos que urinam para marcar seu território e mordem os que nele penetram. Há uma 
resistência absoluta, inclusive entre os espíritos refinados. Para eles, o desafio é 
invisível (MORIN, 2003, p. 99). 
 
 Para a Professora Priscila Rodrigues, “a resistência ao conhecimento e à mudança é um 
dos maiores empecilhos no fazer pedagógico”. E o Professor Lincoln Muniz explica que 
permanecer na zona de conforto é mais fácil: “O desafio está na formação ou na desconstrução 
do que há anos já está cristalizado em nossos professores e alunos”. 
 No início do século XXI, a evolução da sociedade foi rápida demais e exigiu, tanto 
da escola quanto do professor, mudanças que, talvez por receio do novo, não foram realizadas. 
No entanto, para podermos crescer, é essencial que deixemos de lado a Zona de Conforto. 
 
 
Fonte: Adaptado de Ferreira (2019). 
 Na visão de Bauman (2013), 
[...] o mundo tal como o conhecíamos, ou pensávamos conhecer, está saindo dos eixos. 
Está acelerando a cada dia e, em tempo real, a cada dia ficando menor. As antigas 
certezas desapareceram. Os velhos remédios não funcionam. As velhas e confiáveis 
pranchetas permanecem desocupadas ou produzem cópias de antigas plantas, como 
que em um transe sonambúlico (BAUMAN, 2013, p. 121). 
 
 Ao sair do modelo industrial e chegar à Era da Informação, a economia passou por uma 
mudança muito grande, que deu origem ao homo complexo, que passa a ter que lidar com 
culturas diferentes e com pessoasglobalizadas. E, agora, não é somente o dinheiro que importa; 
o conhecimento também passa a ser muito importante. 
 O Professor Vado analisou as mudanças na área educacional: “Embora ainda haja 
instituições educacionais que se responsabilizam apenas pelo sucesso do ensino acadêmico, a 
escola deste novo mundo precisa ser também uma nova escola”. 
 Hoje, os modelos de sucesso não estão mais relacionados apenas ao poder aquisitivo, 
mas também a como transformar informação e criatividade em conhecimento e inovação. Não 
é sem razão, portanto, que os nomes mais importantes no mundo contemporâneo dos negócios 
são os daqueles que souberam ressignificar a comunicação, as relações sociais e o ensino, como 
é o caso de Marck Zuckerberg (criador do Facebook), Bill Gates (fundador da Microsoft) e do 
próprio Salman Khan (desenvolvedor da Khan Academy). 
 A sociedade, que já caminha para uma realidade 4.0, sente falta da Educação 3.0, que 
ainda não se impôs de fato. É possível afirmarmos que a escola está devendo até mesmo a 
transição anterior, pois sequer completou o ciclo da Educação 2.0... Sendo assim, a adaptação 
dos educadores e da escola para atuarem como mediadores do conhecimento – agora já 
disseminado e acessível – é urgente! 
 É bem verdade que avançamos no desenvolvimento do professor e que temos 
testemunhado avaliações menos conteudistas e voltadas para a memorização. Aos poucos 
estamos entendendo que os avanços da Educação 3.0 não estão relacionados unicamente à 
tecnologia, mas também aos relacionamentos. Assim, já conseguimos uma abordagem mais 
democrática na sala de aula, propiciamos comunicação interativa e estamos transformando a 
educação em um processo mais colaborativo. 
 Em 2020, a COVID-19 nos apontou as necessidades, percebidas da melhor e da pior 
forma: melhor, porque profissionais da área de gestão escolar foram impelidos a repensar a 
escola e propor uma evolução emergencial, que ainda não acontecera de fato; o lado ruim está 
em ainda não termos ideia de como a escola será depois desse turbilhão que nos impediu de nos 
relacionarmos de forma presencial. Tivemos que aprender a usar a tecnologia que estava à 
 
 
disposição, enfrentar as desigualdades, bastante evidentes à nossa frente, e encontrar meios de 
manter o mundo estudando. Como ilustração dessas desigualdades, apresentamos um estudo do 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), publicada em julho de 2020, com base em 
dados do Censo Educacional de 2020, que demonstra o quanto a desigualdade afeta a educação: 
27% das escolas dos ensinos fundamental e médio informaram não possuir acesso à Internet 
em 2019. É evidente que isso impactará severamente a formação das próximas gerações e que 
a escola precisa se dar conta disso e preparar-se para enfrentar tal realidade. 
 Na sociedade na qual vivemos, mais preocupada com a diversidade, com a igualdade de 
direitos e com a felicidade, tanto na vida pessoal quanto profissional, surge o Homo eroticus, 
com foco na emoção e no prazer. A Professora Priscila Rodrigues contribui com a sua 
experiência ao recordar como a demonstração das sensações e emoções passou a ser mais 
importante na educação: “Hoje, temos escolas que se preocupam com a inteligência emocional 
do aluno e do professor, pois sabemos que é necessário cuidar das emoções para aprender”. 
 O conceito da Escola 4.0, que nasce na era em que o significado é valorizado, precisa 
ser compreendido. O educador dessa era não pode mais ser centralizador, autoritário ou 
especialista em apenas uma área; agora, é a vez da versatilidade. 
 Maffesoli (2015), descreve as mudanças mundiais na Sociedade do Conhecimento: 
 
Graças à web, às redes comunitárias, aos fóruns de discussão e outros blogs, 
acessamos não mais "um outro mundo", mas sim "um mundo outro". Isto é, um mundo 
que faz parte das dimensões que o racionalismo moderno deixou de lado. Falo de tudo 
o que diz respeito à dimensão lúdica, onírica, imaginária da existência. É essa ligação 
entre o "arcaísmo" e o desenvolvimento tecnológico que me leva a não compartilhar 
o pessimismo que se dissemina entre as elites sociais. Existe hoje, em particular entre 
as jovens gerações, uma inegável vitalidade, que se exprime em novas formas de 
solidariedade e de generosidade. A web favorece antigas formas de hospitalidade, que 
foram a marca das sociedades pré-modernas. Desse ponto de vista, sim, sou um 
otimista (MAFFESOLI, 2015, p. 1). 
 
 Analisando o atual cenário, a Professora Edna da Silva Costa declara: “De certa 
maneira, houve mudanças para as interações com os alunos serem favorecidas, porém a 
educação precisa ser mais abrangente e de qualidade”. 
 Na Educação 4.0, não há mais espaço para a compartimentação dos conteúdos. Os 
professores de química, matemática e português não podem mais se restringir às suas caixinhas 
de temas; eles precisam ver o todo e, especialmente, vislumbrar o seu aluno como um ser 
complexo, que é biopsicossocial, sem divisões temáticas internas, para que a escola não 
continue desconectada da realidade dos alunos. “Com certeza a educação formal precisa mudar; 
precisamos dinamizar o ensino e a aprendizagem. Os alunos, sobretudo os jovens, não têm mais 
interesse pela escola atual”, ressalta a Professora Celine Azevedo, a partir da sua vivência. 
 Como tudo isso é bastante novo, não sabemos como será a nova realidade, mas já 
entendemos que há uma nova configuração na educação, na qual a figura do professor passa 
não somente pelo conhecimento específico, mas principalmente pela curadoria do conteúdo. A 
nova escola é aquela que respeita a diversidade e permite que o aluno seja protagonista da sua 
própria aprendizagem, aceitando todos os desafios inerentes à essa proposta. 
 Durante a sua participação no seminário educacional, a fala do Professor Lincoln Muniz 
resume o que se espera da escola que teremos (ou que já temos...): “Somos, de todas as 
maneiras, formadores de opinião e formadores de caráter”. 
 Uma história inspiradora nesse contexto tem nome e lugar: Professor Jonathan Barros, 
da cidade de Castro, no interior do Paraná. Jonathan é diretor da Escola Municipal Professor 
José Antônio Flygare Telles, que atende alunos do Ensino Fundamental I, do 1º ao 5º ano, de 6 
a 10 anos de idade. Hoje, a escola atende 480 crianças em tempo integral, chegando à escola às 
7h30min e saindo às 16h30min. O Professor Jonathan iniciou sua gestão em 2013, quando o 
IDEB da escola estava em 5,4 (em 10); hoje, segundo a avaliação de 2019, a escola teve três 
aumentos consecutivos e já alcançou o índice de 7,9. Esse índice é maior do que o da média 
das escolas do estado do Paraná, que é 6,8 e elevou também a responsabilidade dos educadores, 
já que – para Jonathan – manter o nível alto é mais difícil do que elevá-lo. Para atingir esse 
resultado, a escola do Professor Castro fez um trabalho direto com os pais, explicando-lhes 
sobre a importância das avaliações no resultado da escola dos seus filhos. 
 O segundo ponto focado foi o trabalho com os professores, quando a questão do 
relacionamento também entrou em pauta, para mostrar-lhes que não se faz educação sozinho. 
Houve investimento financeiro, sim, mas também houve muito diálogo no sentido de entender 
quais as reais necessidades da Escola Municipal Professor José Antônio Flygare Telles. 
“Começamos a reorganizar as horas-atividade e a reorganizar o processo de aprendizado”, diz 
o diretor. A reestruturação foi de ‘corpo e alma’, ou seja, houve mudanças na estrutura física e 
também na forma de pensar a escola. 
 Em 2019, na escola em que Jonathan é diretor, 90 crianças apresentavam dificuldades 
na aprendizagem, sendo que 30 delas eram alunas de uma mesma turma. Diante disso, o diretor 
convidou os professores a enfrentarem esse desafio especial e foi feito acompanhamento não 
apenas dos alunos, mas também dos próprios educadores. E a evolução desses educandos foi 
crucialpara o aumento do IDEB da escola. “A gente pode avançar como escola pública. 
Acredito muito no IDEB, como ferramenta importante para construir uma escola cada vez 
melhor”, diz Jonathan. A educadora Angélica Vasconcelos contribuiu com a sua própria 
experiência: “Subir o IDEB é uma luta diária. Depende do perfil do estudante, tanto daquele 
 
 
que recebemos quanto daquele que já faz parte da escola e nela continua”. Esse relato é um 
reflexo de como a educação deve ser vista de forma mais ampla na Sociedade do Conhecimento 
e como é necessário trabalhar coletivamente para que haja mudanças verdadeiras. 
 Dentre algumas reflexões sobre as contradições que enfrentamos estão: atualmente, o 
mundo é mais informal, mas a escola ainda é muito formal; o tempo é flexível, mas a escola é 
estruturada em horários e compartimentalização de matérias; a escola limita as experiências, 
mas o aluno atual deseja uma experiência mais ampla; a escola ainda é passiva, enquanto o 
aluno precisa ser mais ativo; os espaços que menos mudaram com a evolução da sociedade 
foram as escolas, enquanto outros ambientes passaram por mudanças totais; a escola ainda 
cultiva a metodologia da monotarefa, enquanto o mundo é multitarefa. 
 Para que a evolução educacional escolar realmente aconteça, precisamos eliminar os 
modelos que não mais se encaixam no mundo. O desafio é enorme e, assim como tudo em 
educação, deve ser superado com união, inteligência e criatividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A supremacia do conhecimento fragmentado de acordo com as 
disciplinas impede de operar o vínculo entre as partes e a totalidade e 
deve ser substituída por um modo de conhecimento capaz de apreender 
os objetos em seu contexto, sua complexidade e seu conjunto.” 
Edgar Morin 
 
No capítulo anterior, tratamos de diversos tipos de educação até chegarmos à categoria 
4.0, que já está em vigor em alguns países, como parte de uma sociedade mais versátil. 
Entendemos que versatilidade é a qualidade do que é mutável, adaptável e polivalente; a 
qualidade da pessoa com diversas habilidades, que pode aprender funções diferentes e 
desempenhar tarefas distintas com facilidade e qualidade. Assim, precisamos orientar as novas 
gerações no desenvolvimento dessa qualidade, pois elas precisam ser capazes de se adaptar – 
em um curto espaço de tempo e com o menor dano possível – às várias realidades. 
Desenvolver as nossas habilidades de modo a utilizá-las conforme cada situação exige 
é possível, mas é necessário lermos muito e participarmos de discussões sobre temas variados 
e relevantes para a ampliação da nossa visão do mundo. O educador que amplia a sua visão do 
mundo se torna maior, pois consegue ajudar os seus alunos a fazerem o mesmo. 
Todos nós queremos chegar à Educação 4.0 e já temos notado muitas diferenças na 
Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Esperamos que, com a reforma do Ensino Médio, 
as mudanças necessárias abranjam toda a Educação Básica. Contudo, em sua participação no 
Seminário Percurso Educacional, a Professora Cacilda Hora pontua que ainda existe um grande 
número de professores que não conseguem sair da prática ‘tradicional’. 
Em entrevista ao Professor Renato Casagrande, Priscila Cruz, presidente do movimento 
Todos pela Educação – uma organização da sociedade civil que busca melhorar a qualidade 
educacional do nível básico da educação no Brasil – alertou que, muitas vezes, a escola 
estagnada é responsável por impedir o futuro de sucesso dos alunos. 
A Professora Maria Bernardes durante participação no Seminário Percurso Educacional 
pergunta: “Não foi a falta de investimento que levou a escola a esse patamar?”. Na verdade, 
Capítulo 2: 
 
PRÁTICAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM 
PARA A NOVA ESCOLA 
 
 
não. O problema não é apenas de verba; é de conscientização, pois há quem faça uso do sistema 
apenas para o bem próprio e não para o coletivo. 
O educador e escritor André Gravatá concorda e comenta a questão do desinteresse dos 
alunos pela escola que não se interessa por eles: 
 
Eu noto que a escola que a gente tem hoje é uma escola que não provoca o interesse 
e não provoca atratividade alguma. Ela tem um método e um sistema que vem, de 
alguma maneira, se sustentando ao longo dos últimos anos e acha que todo mundo é 
igual e tem que receber o mesmo tratamento, fazer a mesma coisa (GRAVATÁ, 
2021). 
 
Para Gravatá, esse tipo de imposição mostra claramente que não existe diálogo, que 
os alunos não são ouvidos e que os professores parecem lecionar para si mesmos. Se os alunos 
não se encantam ou não acreditam que a escola vá trazer algum benefício para eles em algum 
momento da vida, não aprendem. 
A escola está sofrendo com suas desconexões com o mundo e, por isso, precisa quebrar 
a formalidade e ampliar os tempos. Talvez o Ensino Híbrido permita que essa transposição de 
limites ocorra; porém, ao solucionar essas questões, ainda teremos o impasse da monotarefa 
versus a execução de multitarefas: enquanto o mundo nos dá ferramentas para sermos 
multitarefas, a escola insiste em seguir a arcaica linha da monotarefa. 
Uma das maneiras de solucionar os problemas encontrados é utilizar novas metodologias 
de ensino. Quem domina esse tema é a Professora Lana Crivelaro, doutora em Educação, 
Inovação e Tecnologia, mestre em Educação e Novas Tecnologias e colaboradora da Associação 
Nacional de Educação Básica Híbrida (ANEBHI). Ela explica que as metodologias ativas 
existem desde o tempo de Platão, pensador da Grécia Antiga que, sempre em busca da criação 
do conhecimento, tinha o hábito de investigar e, assim, chegou à conclusão de que ensinar é 
fazer com que o aluno extraia, de si mesmo, o conhecimento imortalizado da sua alma, ou seja, 
o conhecimento que brota, que vem de dentro, que tem significado e que faz sentido para o 
aprendiz, a ponto de acordar o conhecimento inerte que a pessoa já traz consigo. 
Nesse ponto, a Professora Maria Inês Fini, da ANEBHI, esclarece que, quando o 
professor trabalha com memorização de conteúdo, o aluno não está realmente adquirindo aquele 
saber; ele está apenas decorando a informação recebida, o que é muito diferente. 
Quando se inicia o período de escolarização, é comum vermos as crianças da Educação 
Infantil sentadinhas, quietas, uma atrás da outra. Contudo, os alunos precisam interagir e brincar, 
pois aprendem brincando. Com o passar dos anos, a criatividade e a aprendizagem ativa acabam 
diminuindo (ou até cessam) por causa do estudante ter que permanecer o tempo todo sentado, 
apenas escutando o professor falar. Assim, os alunos se cansam de ir para a escola ao longo da 
vida, desistem e acontece a evasão. 
Se isso já era difícil nos primórdios da Internet, ainda mais agora, quando as novas 
gerações têm um celular na mão. Vivemos em um mundo capaz de inventar aplicativos de ensino 
que são mais eficazes do que uma aula tradicional, o que torna evidente que o formato do ensino 
escolar precisa ser modificado. 
Cabe ao professor planejar, do começo ao fim, que métodos e técnicas serão utilizados 
para os objetivos de certa disciplina serem alcançados. Para tanto, ele precisa saber exatamente 
o que os alunos deverão ter aprendido ao fim do processo e traçar todas as estratégias que 
viabilizem tal aprendizagem. 
A Taxonomia de Bloom – uma teoria criada em 1956 e revisada em 2001 por um grupo 
de psicólogos cognitivos e pesquisadores da educação – pode nos orientar sobre como 
estabelecer objetivos de aprendizagem nos domínios cognitivo (intelectual), afetivo 
(sentimentos, emoções e valores) e psicomotor (atitude, coordenação motora, destreza), que 
norteiem os caminhos a serem trilhados nas aulas, de modo que, ao fim de cada atividade 
proposta, o aluno tenha desenvolvidoum pouco mais de cada um dos três domínios em relação 
ao tema abordado (BLOOM, 1973). As metodologias ativas cabem aqui confortavelmente. 
A Professora Olga Peterllini afirma que, para ela, iniciar o trabalho com metodologias 
ativas foi muito difícil, mas que “Hoje, a minha cabeça é voltada para mediar a aprendizagem e 
torná-la significativa”. 
Lana Crivelaro acrescenta que as metodologias ativas não são interpretadas de modo 
adequado por alguns professores e que, por não compreendem como aplicá-las, acabam 
utilizando-as de modo errôneo em suas práticas. Crivelaro dá o exemplo de quando foi fazer 
uma especialização nessa área de estudo na Universidade Federal de São Paulo e conheceu a 
Aprendizagem Baseada em Problema (do inglês Problem-based Learning ou PBL): “Eu chegava 
na aula, o professor me dava um case e falava tchau. Demorou para que eu descobrisse como 
era a metodologia e ela fez todo sentido para mim”. 
A professora ainda lembra que, após o curso, iniciou o trabalho como professora de 
Educação Superior e usou o PBL. Ela teve a oportunidade de trabalhar com PBL em uma turma 
de pós-graduação em Gestão Escolar, na qual os alunos eram diretores de colégios. Ela narra que 
eram criados todos os tipos de problemas possíveis em uma escola, como eles terem que 
dispensar candidatos a professores. Nesse cenário, os diretores sabiam apenas o que eles tinham 
de dizer, mas não sabiam como esses professores iriam reagir. Eles criavam a cena, as forças e 
as fraquezas de cada um analisávamos as forças e somente depois é que vinham as teorias que 
 
 
explicavam todos os quadros. Ao final do curso, o TCC foi a reformulação, a partir da 
metodologia aprendida, da escola que cada um dirigia. 
 
A técnica de Problem-based Learning tem as seguintes sete etapas: 
 
Fonte: Fonseca (2009) 
 
Uma diferença que existe entre os professores mais recentes na profissão e aqueles que 
estão em sala de aula há mais tempo é que esses últimos precisam ‘virar uma chave pedagógica’, 
ou seja, deixar de lado o método usado em anos anteriores e começar a aplicar as metodologias 
ativas. Contudo, a segurança que lidar com o já conhecido dá ao professor pode fazer com que 
mantenham viva a metodologia tradicional em sua memória. 
 
 
 Fonte: Dutra (2015). 
X 
Ainda que possa parecer que há uma pequena demora para o conteúdo propriamente dito 
ser alcançado, qualquer metodologia ativa oferece resultados mais duradouros, pois o tempo 
nesse tipo de aula é destinado às investigações que o próprio aluno deve fazer e, assim, ele não 
vai mais ficar apenas sentado na carteira, ouvindo o professor falar, tornando-se protagonista do 
processo de aprendizagem. 
A Professora Gorete Oliva explica que o aluno atado à cadeira não se desenvolve em sua 
totalidade e que, além disso, como o cérebro de uma pessoa não foi feito para manter a atenção 
por muito tempo, o aluno acaba se desligando da aula em algum momento”. O professor que não 
percebe isso, termina o conteúdo e vai embora achando que cumpriu o seu dever, quando, na 
verdade, seus alunos não conseguiram captar a totalidade do que o educador apresentou. 
Importante deixar claro que é necessário que a técnica seja bem compreendida pelos alunos, para 
que eles tenham um bom desempenho. 
Quando o professor percebe a diferença na qualidade de ensino proporcionada pelas 
metodologias ativas, ele compreende que precisa substituir as muitas horas de método tradicional 
por essas novas práticas educativas. 
Para Moran (2015), 
Em um mundo de tantas informações, oportunidades e caminhos, a qualidade da 
docência se manifesta na combinação do trabalho em grupo com a personalização, no 
incentivo à colaboração entre todos e, ao mesmo tempo, à que cada um possa 
personalizar seu percurso (MORAN, 2015, p. 26). 
 
Na aprendizagem ativa – aquela que é acontece ao fazermos e compartilharmos saberes, 
como nas metodologias ativas – os conceitos são vivenciados e, como o aluno se recorda melhor 
a experiência que é aliada a teoria, ele vai absorver o que faz sentido e descartar o que não faz. 
Conheça mais algumas metodologias ativas: 
 
A gamificação é uma metodologia ativa muito atraente hoje em dia, por ser bastante motivadora. 
Ela consiste em transformar uma atividade pedagógica em um jogo de cooperação ou competição. 
Gincanas, charadas, caça ao tesouro, encontre a falha, monte o texto, tudo que desafiar o aluno e 
provocar sua ação como protagonista na resolução daquele problema, gera engajamento, desperta 
curiosidade, mantém a participação e, ao final, oferece uma recompensa. 
 
 
 
Tornar o aluno protagonista não quer dizer que a palavra do docente perderá espaço na 
educação. Ela estará lá, por exemplo, no diálogo reflexivo e na storytelling, quando o professor 
conta uma história que faz sentido para o aluno e o educando, por sua vez, vai imaginando e 
construindo, em sua mente, a situação narrada. 
 
 
Storytelling: contar histórias emocionantes, que gerem empatia, faz com que o aluno preste atenção e se 
envolva, o que favorece a aprendizagem. Pode ser uma boa opção na apresentação de projetos, pois é um modo de 
fazer os alunos olharem para todas as questões enfrentadas no caminho e lhes dar algum significado. 
 
 
Sala de aula invertida: nessa metodologia, o aluno chega à sala com leituras sobre o conteúdo da aula já 
realizadas antes dela, de modo que o momento na escola seja muito mais para discussão e solução de dúvidas do 
que apenas expositivo. A inversão ocorre porque, na prática, o aluno se prepara antes da aula, participa de debates 
e exercícios durante a aula e se aprofunda no tema após a aula. É como se ele começasse pelo fim das aulas 
expositivas tradicionais (estudando o que foi ensinado). Essa metodologia incentiva a autonomia e favorece a troca 
de ideias e a compreensão dos conteúdos. 
 
Aprendizagem Baseada em Projetos: assim, o aluno busque o conhecimento para resolver um problema, 
seja a partir de pesquisas na Internet, livros, vídeos, entrevistas ou qualquer outra forma de construir 
conhecimento. A metodologia desperta autonomia e perfil investigativo/crítico dos estudantes. 
Fonte: Adaptado de Siqueira (2019). 
 
Aprendemos que a escola forma o aluno para o mundo do trabalho; então, precisamos 
ensinar os educandos a conhecerem as suas habilidades e desenvolverem o que já sabem. Nessa 
linha, outro conceito atual relacionado com as novas formas de aprender é a importância de 
desenvolver a criatividade e a lógica da inovação e do movimento maker. Um aluno sentado, 
que apenas escuta a aula expositiva do professor, tem um papel passivo no processo de 
aprendizagem e não tem oportunidade de trabalhar a sua habilidade criativa. Se isso acontecer, 
como o aluno vai saber se é uma pessoa criativa, um bom comunicador ou líder? Portanto, cabe 
ao professor criar estratégias para que os alunos descubram os perfis que têm e estimular cada 
aluno a desenvolver as habilidades que possui. 
 
 
O Movimento Maker – surgido nos Estados Unidos na década de 60, com base na cultura do ‘faça você 
mesmo’ – tem como objetivo estimular os alunos a tirarem seus projetos do papel e transformá-los em realidade. 
A ideia maker é utilizar o conhecimento: desde aprender a plantar temperos no quintal, desenvolver um protótipo 
de robô, desenvolver um aplicativo que mostre onde estão os fios de energia dentro de uma parede, planejar um 
festival de música, fazer uma campanha de reciclagem de lixo ou criar um monitor que mostre a quantidade de 
água que uma pessoa ingere por dia, a qualquer aprendizado que caiba na imaginação de seus alunos e possa 
ser colocado em prática. 
Usar o movimento maker é mais uma maneira de incentivar o protagonismo do aluno nas situações de 
aprendizado enquanto o ensina a se conhecer melhor, a desenvolver suas habilidades, a descobrir o queele gosta 
de fazer e em que área deseja atuar. 
Fonte: Adaptado de Lyceum (2021). 
 
Uma maneira bem simples dos alunos perceberem quais são as suas habilidades é em 
grupos de trabalho. Muitas vezes, deixamos os alunos escolherem com quem desejam trabalhar 
e eles buscam pessoas conhecidas, com perfis semelhantes e eles podem, sim, se organizar por 
afinidades ou interesses, um critério importante para que haja trocas e reflexões conjuntas 
(TAMASSIA, 2020). Segundo Tamassia (2020), contudo, os componentes do grupo podem 
também ser definidos pelo professor: 
[...] em outros momentos, o professor deve planejar também os agrupamentos, pois 
eles podem ajudar no direcionamento para o trabalho em prol do objetivo. São os 
chamados ‘agrupamentos produtivos’. Algumas vezes, é importante pensar nos 
saberes dos alunos para agrupá-los; pode ser por saberes próximos, pode ser por 
saberes complementares. A definição dependerá, de novo, do objetivo da aula 
(TAMASSIA, 2020). 
 
Uma boa equipe deve contar com cinco perfis diferentes: o ‘empreendedor’, que dá as 
ideias, o ‘associador’, que delimita conteúdo, o ‘produtor’, que é concentrado, o ‘comunicador’, 
que é observador e bem-humorado, e o ‘crítico’, que é quem diz “Não vai dar certo...”. Há 
quem não se sinta confortável em trabalhar com pessoas que possuem o perfil crítico, mas é 
importante entender que esse também contribui muito ao observar as falhas de um projeto e 
ajudar a consertá-las antes da entrega. Observar os pontos fortes e fracos é necessário em 
qualquer ambiente e de extrema relevância no espaço da escola, onde é possível avaliar o 
 
 
próprio trabalho e o trabalho do outro, assim como perceber o que pode ser melhorado. Isso 
desenvolve o senso crítico e a autocrítica dos alunos. 
A Professora Lana Paula Crivelaro Monteiro de Almeida desenvolveu um estudo que 
teve o objetivo de descobrir como tornar os professores mais colaborativos entre si. Usando 
critérios pré-determinados, ela observou dois professores diferentes que ensinavam a mesma 
disciplina: um deles, pela manhã e o outro, à noite, no mesmo curso de uma mesma 
universidade. Ambos usaram provas como instrumento de avaliação. Em média, os alunos da 
manhã tiraram nota 8 em 10 e os da noite tiraram 10 em 10. A pesquisadora concluiu que não 
havia parâmetros para afirmar se os alunos da manhã eram melhores do que os da noite, pois 
– ainda que se tratasse da mesma disciplina, com o mesmo conteúdo programático – esses 
alunos estavam fazendo cursos completamente diferentes, pois o corpo docente não era o 
mesmo nos dois turnos e não existia diálogo, troca ou confiança mútua entre os dois 
professores, que não se consideravam duplas. “Essa é uma das fraquezas do professor. Ele foi 
formado para trabalhar sozinho com a sua turma”. E ela complementa: “Por isso, usa a 
metodologia com a qual se identifica, cria dinâmicas a serem feitas apenas em sua sala de aula 
e desenvolve o conteúdo com base naquilo que ele sabe e consegue ensinar”. 
Para o Professor Waldeci Correia, a estrutura que está cristalizada confina o docente em 
seu gueto. “Cada um ‘no seu quadrado’ no programa e currículo a ser cumprido”, ele reflete. É 
provável que esse seja um dos motivos pelos quais o professor se sente exposto quando outro 
professor ou o diretor da escola pede para assistir à aula e imagina que, na avaliação do outro, 
seu trabalho não estará bem realizado. 
A partir da sua experiência na área educacional, a Professora Lucimara Rocha da 
Silva concorda com esse fato e acrescenta: “A dificuldade do professor para abrir sua sala e 
trabalhar coletivamente existe por causa do medo que ele tem de ser julgado”. 
Outro ponto importante desta discussão sobre novas metodologias é como se dá a 
avaliação. Antigamente, as provas eram utilizadas para manter disciplina em sala de aula, 
pois a nota era a forma que o professor tinha de ‘ segurar’ o aluno na classe. Quando 
tiraram esse poder desse tipo de docente, ele perdeu o controle da turma. Além disso, houve um 
momento na história em que a figura do educador que dava notas baixas nos trabalhos dos 
alunos era sinônimo de um bom professor. Hoje, sabemos que isso é uma bobagem, pois, se 
alguém leciona para uma turma na qual ninguém é capaz de tirar boas notas, isso significa 
que há algo de errado com a metodologia de ensino escolhida e utilizada pelo professor. 
Outra discussão relevante é a atribuição de números para medir conhecimento. De 
acordo com a Professora Conceição Alves, a nota não avalia e o motivo é simples: em uma sala 
de aula, há alunos muito diferentes e cada um aprende de uma forma única. Se o professor 
priorizar apenas um método de ensino, ele só vai alcançar um tipo de aluno e os outros terão 
mais dificuldades para aprender. 5 
A Professora Elisandra Schwanka entende que a avaliação deve ser vista como processo 
diagnóstico e formativo. A partir do momento em que o professor tem conhecimentos sobre 
aprendizagem, ele consegue diversificar suas formas de ensinar e avaliar, de forma a garantir 
significado para cada aluno, de acordo com a sua individualidade. Dentre as opções de 
atividades avaliativas que podem substituir a prova escrita e, assim, trazer mais benefícios para 
os estudantes de todos os níveis de ensino, nós temos: autoavaliação, avaliação entre colegas, 
apresentações, debates, mapas mentais, trabalho em equipe. Após analisarmos esse contexto, é 
importante olharmos a educação de outro modo: quando o interesse do aluno não é despertado 
ou o aluno não é provocado para ser autônomo na construção do seu conhecimento e não é 
desafiado a superar limites, a escola corre um grande risco: esse estudante pode evadir-se ou 
não se interessar em cursar uma faculdade por pensar que, assim como na escola, ele vai apenas 
perder tempo na Educação Superior. A isso é somado o fato de que há alunos com dificuldades 
na aprendizagem, com deficiências físicas, visuais e auditivas. Quando frequentam escolas nas 
quais os professores não sabem como alcançam todos os públicos, uma realidade que marca 
esses jovens é eles se sentirem invisíveis. Porém, há sim vários modos de acolhermos todos eles. 
A Professora Bianca Abreu, que acredita que a aplicação de diferentes estratégias possibilita 
que a maior parte da turma seja alcançada, comenta: “Se você planeja com cuidado, você traça 
objetivos que seus estudantes vão alcançar de diferentes formas”. 
A Professora Débora Borges desabafa: “Eu já estava desanimada, achando que iria me 
aposentar sem ver mudanças na educação... Agora já tenho esperança de vê-las acontecerem”, 
ela fala com entusiasmo. A esperança de Débora é a mesma de inúmeros professores das redes 
particular e pública de ensino. Somente fazer investimento financeiro não trará resultados e 
termos medo de sermos julgados por nossos colegas não expandirá nossos horizontes. 
Manter a sala de aula como aquela do século XVIII ou transformá-la em uma do século 
XXI depende unicamente de nós. Olhar para si, para o que se tem, para o que se sabe e para o 
que é possível fazer é uma das maneiras de contribuir com a melhoria da educação no país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O que se sabe é que as mudanças chegaram e continuam chegando a cada dia 
e que é preciso estarmos preparados para compreender e atender estas gerações 
cheias de novidades e de novas ambições.” 
Marlene Zanghelini Altini 
 
Desde o início deste livro, a nossa conversa tem sido sobre mudanças: como as 
percebemos, como nos adaptamos a elas e de que forma elas influenciaram, influenciam e ainda 
vão influenciar as nossas vidas. Até aqui, falamos das estruturas – escola, métodos e técnicas de 
ensino – e, a partir de agora, vamos refletir um pouco mais sobre o relacionamento e a 
convivência com as novas gerações de alunos que frequentam as escolas atualmente,pois as 
principais mudanças realmente acontecem nas pessoas. Por isso, elas são o foco deste capítulo 
e do próximo. 
É no ser humano que está a mola propulsora do desenvolvimento gerado pela 
necessidade de se reinventar. Portanto, se as pessoas não souberem como utilizar 
adequadamente os avanços tecnológicos e as novas tecnologias de informação e comunicação, 
eles de nada adiantarão. Sendo assim, é impossível falar de mudanças na educação sem 
envolvermos alunos, professores e gestores. 
É para os alunos que todo o sistema educacional é criado e desenvolvido e são eles 
também que despertam a nossa curiosidade, nos fazendo buscar meios de compreendê-los. Para 
entendermos os alunos de hoje, é preciso relembrarmos as mudanças comportamentais que, 
desde a Antiguidade, vêm ocorrendo no mundo inteiro, parte da evolução que tem sido objeto 
de estudo para a melhoraria da educação. 
O Professor Rui Fava, estudioso das gerações nas escolas, aborda a transformação do 
aluno ao longo do tempo da seguinte forma: 
Os estudantes continuaram a apresentar um comportamento passivo, disciplinado, de 
respeito e submissão; entretanto, se o mestre não fosse bem nas questões disputadas 
corria o risco de ver seus alunos desertarem das suas salas de aula e procurarem outros 
mestres, como muitas vezes ainda presenciamos em nossas escolas, com a ausência 
de estudantes em salas de aula onde o professor não consegue motivá-los 
suficientemente (FAVA, 2021). 
Capítulo 3: 
 
 RELACIONAMENTO, MOTIVAÇÃO, MOBILIZAÇÃO E 
CONVIVÊNCIA COM ALUNOS DAS NOVAS GERAÇÕES 
No Brasil, o início da vida escolar era extremamente ligado à cultura dos Jesuítas, com 
métodos pedagógicos que seguiam o modelo europeu e, basicamente, funcionavam como uma 
pregação católica. Após a expulsão dos Jesuítas do nosso país, o Marquês de Pombal implantou 
um currículo desarticulado, com um professor único, e no Brasil Colônia, bastante influenciado 
pela Europa, surge um período de cultura cosmopolita. 
Surgiu, então, um estudante que estava na escola apenas para receber conteúdo pronto, 
acostumado a, de maneira apática, decorar tudo separadamente, em ‘caixinhas’, e nada mais. O 
Professor Waldecy Correia recorda seu período como aluno: “Não aprendíamos; decorávamos 
itens para fazermos provas. Passada a prova, não ficava nada”. 
Algumas décadas depois, surge uma geração que estabelece mudanças fundamentais nos 
meados do século XX: os baby boomers, nome que vem da explosão de nascimentos de bebês 
após a Segunda Guerra, na década de 40. Fava conta que os baby boomers nasceram em um 
mundo falido e com a disciplina e os traumas que aquela realidade impôs. A liberdade passou a 
ser um valor fundamental para essa geração, fazendo surgir o movimento hippie, o t i p o d e 
roupas que eram utilizadas e o movimento pelo amor livre (FAVA, 2014). Naquela época, a 
educação era privilégio das classes abastadas e era uma forma de dar continuidade aos costumes 
da família, mas não de proporcionar desenvolvimento intelectual de fato. 
Depois dos baby boomers, na década de 70 surgiu a Geração X, a geração do carpe diem 
(do latim, significando ‘aproveite o dia’). Hoje, essas pessoas ocupam cargos de gestão das 
escolas e são professoras e professores. Para a Geração X, a premissa de ‘viver o dia de hoje’ 
significou consumismo e materialismo: acabou a religiosidade, as pessoas se tornaram bastante 
individualistas e vários costumes sofreram grandes revoluções, a exemplo da própria instituição 
do casamento, que apresentou aumento no número de divórcios. Nesse período, a tecnologia 
começou a aparecer na educação e essa geração passou a ser vista com a dos ‘imigrantes 
digitais’. A maneira de aprender passou a incluir o uso de recursos de som e vídeo, mas o texto 
ainda continuou sendo o ponto de partida para a aprendizagem dos indivíduos: “Pensam no 
texto como sua forma de comunicação primária e, nas imagens, como auxiliares” (FAVA, 2021). 
Essa mesma guinada no paradigma educacional também impactou outros tipos de trabalho. Os 
filhos das pessoas da Geração X vieram a constituir a Geração Y e foram criados com grande 
riqueza material, mas carentes de atenção. 
A Geração Y, a dos nascidos no período de 1983 a 2000, chegou junto com a Internet e 
são considerados nativos digitais, o primeiro grupo de estudantes com acesso frequente à rede 
mundial de computadores. Nessa geração, os laços familiares e de amizade são extremamente 
fracos e não há heróis ou ídolos, o que se reflete nas próprias relações com colegas e professores. 
 
 
Esses alunos são mais imediatistas e, aparentemente, conseguem tudo o que querem. Nesse 
contexto, aparece o conceito dos ‘pais helicópteros’, aqueles que super protegem os filhos o 
tempo todo e, assim, estendem a infância e a adolescência. “É comum hoje vermos adolescentes 
de 40 anos”, alerta Fava (2021) durante a sua participação no seminário Percurso de um 
Professor, do Instituto Casagrande. 
Em todo esse processo, é curioso entender que cada revolução tem seus princípios: na 
era agrícola, era o nomadismo – afinal, se não havia boa terra para trabalhar, a solução era mudar 
de lugar; depois da revolução industrial, a estabilidade era o principal foco e a geração se 
preocupava com concursos; nas gerações Y, do joystick e, na Z, da banda larga, ambas têm a 
lógica da conexão ilimitada. Segundo Fava, a escola ainda sofre para largar a lógica da Geração 
X, que é parte analógica, parte digital, enquanto esses dois grupos, Y e Z, são caracterizados por 
estudantes impacientes, que querem tudo ‘para ontem’ e acreditam que não precisam da escola 
para estudar, pois basta ‘dar um Google’. Essas gerações mudaram a forma de aprender: poucos 
usam cadernos e fotografam tudo com seus smartphones, equipamentos que passaram a ser a 
extensão do corpo desses estudantes. Na visão dos seus pais, eles podem ser e fazer o que 
quiserem, resultando em alunos agressivos, conscientes dos seus pontos fortes, porém reticentes 
quanto aos seus pontos fracos. E ainda há um outro lado: as gerações Y e Z só funcionam com 
uma ‘causa’, por exemplo, defesa do meio ambiente, maior atenção para problemas sociais e 
preocupação com questões de gênero. Eles querem ter um bom salário, desde que o trabalho 
tenha propósito. Portanto, se a escola não tiver um propósito real, esse aluno não ficará nela”, 
diz Fava (2021). 
Novos comportamentos estão relacionados com os objetivos da educação 
contemporânea. No momento atual, com a mudança comportamental do aluno, do professor e 
da escola, os trabalhos físicos e repetitivos estão sendo substituídos e passam a ser voltados 
para as pessoas, com metodologia centralizada no aluno, na sua aprendizagem e no seu 
desenvolvimento. A Professora Jacqueline Oliveira nos lembra que não há aprendizagem sem 
significado e a Professora Elisabeth Lessa Rodrigues também contribui ao afirmar que “A 
geração Y apresenta uma mudança de comportamento interessante: prevalece o ser, não o ter; 
ela não precisa de casa própria ou carro, empreendem; e prevalece o propósito no que faz”. 
Esse é o contexto no qual a aula expositiva tem sido bastante questionada, inclusive pelos 
próprios estudantes. Muitos professores entendem que, apesar do aluno ultraconectado que 
temos hoje, ela ainda é uma ferramenta importante para a reflexão e a transmissão de 
informações. É importante ressaltarmos, no entanto, que – caso nosso objetivo seja a construção 
do conhecimento – a aula precisa ser dialogada, mesmo quando expositiva. 
No nosso seminário O Percurso de um Professor, os educadores e gestores escolares 
participantes também compartilharam as seguintes opiniões: 
 Débora Rodrigues: “Aula expositiva, como organização do conteúdo, é sempre válida 
e pode ser dinâmica.” 
 Priscila Rodrigues: “A aula expositiva é um recurso que não deve ser descartado. 
Como toda metodologia, precisa ser utilizada a favor da aprendizagem,de maneira 
planejada e democrática.” 
 Eliza Jordão: “Dar aula expositiva é uma ‘arte’. Aula expositiva, sim, mas não de 45 
minutos, com uma voz monótona e sem interação.” 
 Rosangela Alves: A aula expositiva pode e deve ser provocativa também.” 
 Maria Gomes: “É preciso dosar a aula expositiva, acrescentando outras estratégias 
para que o aluno tenha atenção e aprenda.” 
 Simone Barros: “A aula expositiva é importante como forma de direcionar o foco do 
conteúdo, desde que seja feita uma referência com a prática, ou seja, com as vivências 
dos alunos e alunas”. 
 Lúcia Guedes: “Não podemos abolir a aula expositiva, mas devemos repensar a forma 
como ministrar essa exposição.” 
 Samia Cardoso: “Aula expositiva sempre terá seu espaço na educação. A questão é 
de que maneira será essa aula.” 
 Bete Costa: “A aula expositiva é válida, desde que o professor tenha um objetivo claro 
do que deseja transmitir para os alunos.” 
 Elisandra Schwanka: “Aula expositiva também é importante, mas com a 
flexibilização de outras metodologias. Quando desenvolvemos práticas 
diferenciadas e diversificadas dá muito mais trabalho, porém gera prazer para o 
professor e alunos.” 
Nessa conjuntura, não é difícil compreender o choque que estamos vivendo: escolas 
analógicas e digitais, professores acostumados a controlarem o saber e alunos super conectados, 
com milhares de informações a um clique de distância. A partir desse quadro, o Professor Mestre 
Vado ressalta: “A escola ainda está sob a égide de uma maioria de professores donos do saber. 
Isso pertence a Idade Média! Alguns supõem que os mesmos métodos de ontem ainda 
funcionam para os alunos de hoje, tornando a escola desinteressante.” 
Agora, experimente pensar na escola dos próximos dez anos, a partir da ocorrência mais 
marcante do ano de 2020, a pandemia de Coronavírus-2. O cenário em que ela ocorreu foi o da 
 
 
saúde, mas as consequências se alastraram por todas as áreas da vida em sociedade: o modo 
de cuidamos do nosso corpo e nossas relações humanas foram afetadas, assim como a liberdade 
de ir e vir, a forma de trabalharmos; o impacto das desigualdades sociais e, especialmente, a 
forma com que passamos a estudar, mudou. 
Fava (2021) explica que há sempre um marco fundamental para cada mudança: do 
século XVIII para o XIX, foi a Revolução Industrial; do século XIX para o XX, ficaram as 
marcas das guerras; do século XX para o XXI, a disseminação da COVID-19, que fez a 
tecnologia entrar para valer. “Falávamos muito que os professores tinham que trabalhar com 
tecnologias; hoje, somos obrigados a fazer isso! ” (FAVA, 2021). Em sua participação, a 
Professora Simone Barros chamou atenção para a adaptação: “Nesse período da pandemia, 
estamos aprendendo para ensinar e, ao mesmo tempo que ensinamos, aprendemos. Não 
tínhamos tantas habilidades com a Internet, mas a estamos desenvolvendo com a prática das 
aulas remotas”. 
O Professor Jorge Paniagua diz que o desafio é constante: “Adaptar a forma como 
estávamos ensinando antes da pandemia é o maior desafio. A distância física requer, por parte 
do professor, uma avaliação constante do que está dando certo ou não”. Até mesmo a linguagem 
corporal ganhou uma importância maior nesse cenário, por conta da limitação visual das telas, 
e o aluno de hoje valoriza memes e tudo que está ligado à linguagem da rede. 
Talvez nunca tenhamos passado por um momento tão delicado e instável na área 
educacional como o ano de 2020, um momento de incertezas e tentativas, que ensinam uma 
grande lição: nada mais é individual; tudo é coletivo e todos estão tentando. 
Duas professoras que nos brindaram com suas experiências na educação, Cristiane 
Aguiar e Jacqueline Oliveira, falam do protagonismo do aluno como algo essencial: 
“Precisamos de alunos protagonistas no centro do processo de aprendizagem, junto com o 
professor”, diz Cristiane. E Jacqueline completa: “Quando nos relacionamos e dominamos a 
nossa área de atuação, motivamos os alunos. Aluno só é protagonista se o professor também for 
e se ele permitir que o aluno seja também.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver 
naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. 
O professor, assim, não morre jamais.” 
Rubem Alves 
 
O professor é um artista, um artesão ou um cientista?... Mesmo que tal questionamento 
não tenha sido feito nesses termos, ele certamente já passou pela mente de muitas pessoas que 
escolheram o magistério como o caminho profissional a trilhar. Creio que nossa profissão tem 
um quê de arte, pois envolve talento e encantamento, é também uma técnica, já que exige 
planejamento, e é uma ciência, já que se baseia em conhecimento e nas teorias que funcionam 
nas salas de aula. 
Há vários autores que tratam a docência sob o ponto de vista dessas três perspectivas. 
Dentre eles, Lemov (2011) analisa vários professores premiados nos Estados Unidos – país 
conhecido por aplicar a meritocracia na área da educação – e descreve quarenta e nove técnicas 
utilizadas pelos melhores professores para dar boas aulas; Marzano (2011) aborda evidências 
científicas de quem é o bom professor e, tanto Paulo Freire quanto Rubem Alves trataram a 
educação como arte, falando do professor Coração e do professor Emoção. Sobre isso, Luciana 
de Cassia Mazza Correia comenta: “O professor que está de passeio no magistério não consegue 
ficar; para permanecer, além de formação, é necessário ter dedicação; se não há, ele não ficará, 
pois, com o tempo, desiste ”. 
Os cenários desenhados em cada época – Era Agrícola, Revolução Industrial, Pós-
Revolução Industrial, Era da Informação e Sociedade do Conhecimento – definiram o tipo de 
professor que predominou no ensino. E, por exercer uma profissão tão rica e diversa, o educador 
abrange várias áreas do ser humano e também passa pelas transformações decorrentes do tempo 
e do ambiente em que estão inseridos. A Professora Evilândia Alencar, recorda: “Havia 
professores que achavam que os alunos eram a escuridão e o professor era a única luz”. 
Antes da Revolução Industrial, o professor era realmente o único ou o principal detentor 
do conhecimento. Isso levou o professor Pós-Revolução Industrial a ser autoritário e mais 
‘mecanizado’, transmitindo o conteúdo sem muita preocupação com a aprendizagem real. O 
Capítulo 4: 
 
A IDENTIDADE DO NOVO PROFESSOR 
 
 
aluno considerado bem-sucedido era aquele que ia bem nas provas e passava de ano. E seu 
sucesso era atribuído apenas ao professor. Porém, se o aluno não conseguisse absorver o 
conteúdo, fosse reprovado ou desistisse da escola, essa responsabilidade era atribuída 
unicamente próprio estudante. Mestre Vado contribuiu falando sobre e ‘escola bancária’ de 
Freire (2005): “O professor apenas depositava informações e tínhamos que, depois, reproduzir 
tudo, como eles desejavam”. 
É interessante comparar o docente de antigamente com o de hoje: devido ao avanço da 
tecnologia e ao acesso facilitado à informação, ele perdeu esse domínio pleno sobre o ensino. 
Mais do que transmitir informações, o professor atual passou a ter que ser também um curador 
do conteúdo, um guia, alguém que orienta o saber e a construção do conhecimento; ao mesmo 
tempo que tem que lidar com essas mudanças contextuais, o professor ainda precisa enfrentar 
três importantes aspectos de sua profissão, apontados por uma pesquisa realizada pela 
Fundação Vitor Civita em 2018: carreira, formação e mal-estar. (Sim, você entendeu certo: mal-
estar, que explicaremos melhor mais adiante.) 
Infelizmente, a carreira do professor ainda é bastante desvalorizada, seja em relação ao 
salário ou ao crescimento na carreira, ou seja, à promoção. Quem envereda por esse caminho, 
no entanto, não consegue praticar a docência ‘mais ou

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