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OBESIDADE E DIABETES MELLITUS TIPO 2 A obesidade é conhecida há muitos anos. Com a descoberta com código genético e do DNA, acredita-se que quase 40% do nosso IMC é influenciado por fatores genéticos. Somente nos últimos anos a obesidade passou a ser considerada como doença pela OMS. Principais determinantes do aumento da obesidade: susceptibilidade genética, mudanças do comportamento alimentar e hábitos de vida sedentários. Epidemiologia: no Brasil, a maioria dos homens e mulheres estão acima do peso, o que traz repercussões para saúde pública. Outra maneira de classificar o peso corporal é pela medida da cintura. Critérios atuais NCEP ATP-III: >102cm para homens e >88cm para mulheres. Diagnóstico: excesso de tecido adiposo corporal. Como quantificar? · IMC – peso/altura · Circunferência de cintura – ponto médio entre crista ilíaca e rebordo costal · Coloque a fita métrica ao redor do abdome despido, exatamente acima do osso do quadril · Certifique-se de que a fita, sem comprimir a pele · A fita deve estar paralela ao piso, a meia distância do topo da crista ilíaca e a margem inferior da costela em ambos os lados · O paciente deve relaxar e expirar enquanto a medida estiver sendo feita · Prega cutânea · DEXA – composição corporal · TC/RM – localizar onde o tecido adiposo está mais depositado Avaliação laboratorial – foca nas consequências metabólicas do excesso de peso. · Perfil lipídico · Glicose/insulina – calcular o HOMA (índice de resistência à insulina) e teste oral de tolerância a glicose · Leptina – não tem muito valor · Adiponectina – não é muito comum · TSH · Cortisol pós dexa – caso suspeite de síndrome de Cushing A imagem abaixo mostra o percentual médio de gordura de acordo com o IMC, que varia muito. A composição corporal é feita por: · MLG (massa livre de gordura) – proteínas viscerais, água intracelular e água extracelular · Massa gorda – (peso total – MLG) · Uma das maneiras de fazer a composição corporal é pela bioimpedância. O aparelho consegue interpretar a distribuição da gordura corporal Fatores de risco para obesidade: · Genéticos · Gasto metabólico de repouso baixo · Quociente respiratório alto (baixa oxidação de gorduras) · Preferências alimentares · Alta atividade de lipase lipoproteica · Sensibilidade à insulina · Hiperatividade do sistema endocanabinoide · Ambientais: · Sedentarismo · Oferta de alimentos · Psicoemocionais – estresse · Casamento – gravidez · Parar de fumar · Medicamentos – principalmente os psiquiátricos Complicações da obesidade: é uma doença multisistêmica · Artrose · Gota · Diabetes · Cálculo biliar · Apneia do sono · AVC · IAM · Varizes dos MMII · HAS · Dislipidemia Obesidade e transtornos psíquicos: Determinantes do desequilíbrio energético: · É determinado por um ou mais dos seguintes fatores, que atuam de forma conjugada ou alternada · Aumento da ingestão alimentar · Diminuição do gasto energético · Aumento da capacidade de estocar gordura · Diminuição da capacidade de oxidação das gorduras · Cada um desses fatores possui múltiplas causas Aumento da ingestão alimentar: a sensação de fome é aquela que leva a pessoa a procurar alimentos e os ingerir · Sensação de prazer – leva a continuar uma refeição · Sensação de saciação – leva a interromper uma refeição · Sensação de saciedade – leva a adiar a refeição · Qualquer desequilíbrio nesses fatores podem interferir no padrão de ingestão alimentar e na perda/ganho de peso · Fatores que diminuem a saciação levam ao hábito de fazer grandes refeições (hiperfagia) · Fatores de que diminuem a duração da saciedade levam ao aumento da frequência das refeições · Pequenos aumentos da ingestão alimentar por períodos prolongados podem provocar obesidade Influência da composição de macronutrientes: · Alteração da composição da dieta, principalmente com aumento do consumo de gorduras, pois os ácidos graxos livres levam à resistência hipotalâmica à leptina e insulina, os quais são sinalizadores de saciedade · Aumento de consumo de açúcar refinado · Aumento do consumo de carboidratos Fatores sociocomportamentais: · Tamanho das porções – aumentou muito atualmente · Aumento das idas aos fast foods · Estilo de vida estressante · Privação de sono e atividades de lazer Circuitos da fome e saciedade: · Localizados no hipotálamo · Núcleos do hipotálamo medial relacionados à saciedade – núcleo arqueado, ventro-medial, dorso-medial e paraventricular · Núcleos do hipotálamo lateral relacionados à fome – área hipotalâmica lateral e hipotálamo perifornical · Todos os sinais que o organismo produz convergem no hipotálamo · A leptina é um grande sinalizador, mas também existem vários outros peptídeos e até mesmo o próprio nutriente · Nos indivíduos obesos, a sinalização fica prejudicada por conta da resistência à insulina e leptina · Dentro no núcleo arqueado, existem 2 grupos de neurônios, o POMC e o NPY, os quais sinalizam antagonicamente · O NPY sinaliza fome e o POMC sinaliza anorexia, então precisam estar em equilíbrio Reguladores hormonais do eixo cérebro-intestino-tecido adiposo: · Leptina – regulador da homeostase energética sintetizada pelo gene OB no tecido adiposo branco. A privação alimentar causa supressão da leptina · Oxigênicos (aumentam o apetite): NPY, AgRP, hormônio concentrador de melanina, galanina, beta endorfina, dinorfina e encefalina · Anorexigênicos (Reduzem o apetite): alfa MSH, transcrito regulador por cocaína-anfetamina (CART), CRH, urocortina, neurotensina e neuromedina Mutações relacionadas com obesidade em humanos: · Leptina · Receptor de leptina · Receptor MC4R · Receptor MC3R · Pró-hormônio convertase 1 · PPARy · POMC Componentes do gasto energético: como o indivíduo vai gastar energia. · GET (gasto energético diário) 60 a 75% correspondem ao gasto energético de repouso (GER) 15 a 30% correspondem ao gasto energético das atividades físicas (GEAF) 10% corresponde à termogênese alimentar (TA) · GER – gasto das células para funções celulares vitais no estado de vigília · GEAF – componente mais variável, inclui tanto atividade física voluntário quanto involuntária · TA – energia usada na digestão, absorção e ativação do SNS após a ingestão alimentar Gasto energético pela atividade física: · As mudanças sociocomportamentais nas últimas décadas se relacionam basicamente ao GEAF, o qual influencia muito no GET · Os avanços tecnológicos diminuíram muito a necessidade de o ser humano se esforçar fisicamente · Mudanças no perfil de trabalho também influenciaram, mais de 80% dos trabalhadores estão em atividades sedentárias Gasto energético de repouso: · O maior componente do GET é o GER · O próprio GEAF pode influenciar o GER, pois ao realizar uma atividade física voluntária, há uma elevação posterior do GER que persiste por várias horas · A atividade física em excesso pode causar diminuição do GER Inflamação e obesidade: · O tecido adiposo é capaz de produzir substâncias até então produzidas classicamente pelo sistema imune, como citocinas inflamatórias – TNF, IL-6 · O indivíduo obeso é um indivíduo inflamado · Os obesos têm uma maior predisposição à endotoxicemia endógena, que é a passagem do LPS para o interior das células, que desencadeia várias alterações metabólicas · Diminui a sensibilidade à insulina do fígado · Aumenta inflamação no tecido adiposo · Resistência insulínica no hipotálamo · Capta menos glicose nos músculos · A microbiota intestinal pode influenciar na passagem do LPS do lúmen intestinal para dentro das células por alterações na permeabilidade Obesidade e resistência à insulina: estão intimamente relacionadas. É definida como a falta de efeito normal da insulina no organismo do indivíduo por alterações pós-receptor. Existem várias causas genéticas, mas a maioria das causas são secundárias, como ligadas à obesidade, DM2 e síndrome metabólica. · Dependendo do perfil de adipócitos, pode haver maior produção de diferentes substâncias Para os receptores de insulina funcionarem, eles precisam da dimerização e funcionam através da fosforilação da tirosina-quinase. Na resistênciaà insulina, ocorre uma fosforilação da tirosina não ocorre, acontece da fosforilação da serina, que atrapalha a transdução do sinal. Depois disso, existem várias vias metabólicas, sendo as mais importantes a da MAP quinase (leva ao crescimento celular e remodelamento celular, inclusive aterosclerose, e está favorecida em indivíduos com resistência à insulina) e da IP. Como medir a resistência à insulina? · HOMA – mede a resistência à insulina Tratamento da obesidade: princípios gerais do tratamento · Perder de 5-10% do peso corporal melhora significativamente do estado metabólico · Não medicamentoso – dietas (profissionais da nutrição), atividade física (prevenção do ganho, emagrecimento e manutenção do peso ideal. Os aeróbicos aumentam o transporte de oxigênio para o músculo, sua prática diária diminui bastante a gordura corporal, e os anaeróbicos não aumentam a oxidação lipídica, mas são muito importantes para manutenção de massa magra que é bom para aumentar o gasto energético de repouso) · Medicamentoso – redução da ingestão energética (sibutramina) e mudança do metabolismo normal de nutrientes (orlistat) · Tratamento cirúrgico – cirurgia bariátrica
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