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Fisiologia Aplicada À Fisioterapia RESUMO

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Fisiologia Aplicada À Fisioterapia
 A filogênese do sistema nervoso visa o entendimento e compreensão sobre o desenvolvimento do sistema nervoso, e as interações entre as estruturas durante e após sua formação. Além disso, ela busca explicar os comportamentos dos seres humanos frente aos estímulos externos. Um grande exemplo e que será bastante abordado ao longo da disciplina é a resposta do corpo frente aos estímulos da atividade física. Sabe-se que o corpo responde dinamicamente frente ao exercício, de acordo com a intensidade e duração do exercício. Assim, todos os sistemas corporais visam à manutenção das funções básicas durante a prática do exercício.
O sistema nervoso pode ser estudado a partir das estruturas anatômicas e seu posicionamento, neurogênese, ou por meio do desenvolvimento filogenético, que é baseado na evolução das espécies, como exposto por Sarnat e Netsky no livro Evolution of the nervous system, de 1981. A filogênese parece ser útil para a discussão a respeito do aparecimento, desenvolvimento e imbricamento de estruturas do sistema nervoso, e também sobre as características e os comportamentos das estruturas a partir da evolução das espécies.
Segundo Ribas, em artigo para a Revista Brasileira de Psiquiatria, na edição de dezembro de 2006, o processo evolutivo traz consigo as mudanças e evoluções entre as diferentes espécies e do ser humano. As mudanças advindas da evolução dos sistemas foram, no geral, ambientais, e tiveram a capacidade de influenciar o surgimento e a especificidade de novas estruturas e o desaparecimento de outras. Portanto, o processo de evolução está marcado por adaptação, expansão de diversidades e aumento do grau de complexidade dos sistemas, indo ao encontro do que foi apontado por Darwin no livro A origem das espécies e por Gould no livro The book of life, de 2001, e no artigo “Três aspectos da evolução”, parte do livro de Brockman e Matson, As coisas são assim: pequeno repertório científico do mundo que nos cerca, publicado em 1997.
De acordo com a literatura, nossa espécie se assemelha a outras, do ponto de vista evolutivo, e do desenvolvimento de novas habilidades a partir de gerações passadas. Essas diferenças podem ser exemplificadas pelo fato dos primeiros vertebrados não possuírem córtex, comparados com os animais de menor complexidade que o possuem. A grande distinção entre os seres humanos e os outros seres que também possuem córtex está na presença de especificidade e em sua organização, o que é evidenciado não só por Sarnat e Netsky, como por Edelman e Tononi, autores do livro Universe of consciousness: how matter becomes imagination, de 2000, e por Allman, autor de Evolving brains, também de 2000. O sistema nervoso central (SNC) se desenvolveu por muitos milhões de anos para atingir a estrutura que conhecemos atualmente. É bastante interessante como acontece o desenvolvimento embrionário e fetal que serão tratados mais adiante.
A evolução se iniciou com os primeiros seres vivos, que eram organismos compostos por uma única célula, os unicelulares. A Eobactéria foi o primeiro organismo unicelular que viveu há 3,4 bilhões de anos. Ao longo do tempo, os organismos se tornaram capazes de se dividir e se reproduzir, e a partir daí surgiram os primeiros multicelulares, aproximadamente há 700 milhões de anos. Os organismos encontraram no meio marinho a forma de se adaptar e evoluir com maior facilidade. 
Os peixes mais primitivos são datados de 570 milhões de anos atrás. 
A função do sistema nervoso, desde o início, sempre foi adaptar-se ao meio e, assim, podem ser destacadas as três propriedades básicas que permitem essa função: 
a irritabilidade, condutibilidade e contratilidade. A ameba, por exemplo, quando é tocada ou toca em alguma superfície tende a se afastar da mesma, como uma forma de proteção. Essa característica resgata essas propriedades e o entendimento de que o sistema nervoso atua também na superfície desses organismos.
A evolução dos seres permitiu a existência da complexidade e o desenvolvimento cada vez mais específico do habitat dos seres. As esponjas, por exemplo, tiveram seus receptores de superfície especializados de forma a transformar os estímulos de origem física e química em impulsos nervosos, semelhante ao que acontece no corpo humano ao estímulo da pele. 
As células musculares dos metazoários passaram a ficar mais profundas, e a diferenciação permitiu com que elas fossem capazes de determinar os estímulos ambientais. 
Os celenterados tiveram células especializadas na propriedade de irritabilidade e de condutibilidade, e puderam ser chamadas de células nervosas. 
As anêmonas do mar possuem células nervosas em contato com as células musculares. A literatura aponta que a rede de neurônios existe há cerca de 700 milhões de anos nos seres marinhos invertebrados.
EXPLICANDO
Os anelídeos possuem o neurônio sensitivo e também os neurônios eferentes, em que seus axônios são interligados e são capazes de gerar a resposta motora ao estímulo. Essa conexão acontece por meio da sinapse, mostrando que nesses organismos já se iniciam os princípios básicos da transmissão de impulsos por meio da sinapse.
O organismo mais simples que possui o sistema nervoso básico é a hidra, que ao contrário das esponjas, se locomove. O corpo da hidra possui uma camada externa de ectoderma, que é sensitiva, e a camada interna é responsável pela digestão e eliminação dos restos alimentares. Os neurônios de associação surgiram trazendo a novidade de ligação de um neurônio com outro. Essa novidade também trouxe a possibilidade do arco reflexo intersegmentar. Essa conexão no sistema nervoso da minhoca já explicava as conexões que eram feitas na medula dos vertebrados, algo demonstrado por Darwin, Gould e também por Squire, um dos coautores do livro Fundamental neuroscience, de 2003.
A evolução da integração dos neurônios e suas associações intersegmentares constituiu a medula espinhal. No topo da medula foram desenvolvidos os centros nervosos que controlam as funções corporais e as reações aos estímulos. Essas uniões e formações foram evoluindo para se tornar o tronco encefálico e o SNC básico. A literatura menciona que espécies de vertebrados há 400 milhões de anos já possuíam o SNC básico. As células neurais localizadas no centro e nas porções superiores do tronco encefálico, aos poucos se uniram e foram chamados de formação reticular, capazes de regular as posturas e controle de funções orgânicas associadas ao hipotálamo. O desenvolvimento dessas estruturas superiores trouxe a formação reticular que controla o ciclo sono-vigília e os mecanismos associados à atenção, como indicado por Squire e também por Brodal, no livro Neurological anatomy in relation to clinical medicine, de 1981. O aglomerado de células que forma o hipotálamo é a porção mais antiga do encéfalo, que nos primórdios controlava os organismos por meio da atividade de neurosecreção, controlando o metabolismo, termorregulação, sistema nervoso autônomo e sistema endócrino, como salientado por Ribas.
Aos poucos, outros elementos como o cerebelo e os tratos espinocerebelares foram cada vez mais especializados em peixes primitivos, de acordo com o desenvolvimento dos músculos do tronco. De acordo com Darwin, os primeiros organismos que tiveram essas estruturas são os vermis. Os primeiros vertebrados evoluíram as funções dessas estruturas, dando melhor desenvolvimento ao sistema nervoso, de acordo com o tempo. Com isso, houve o surgimento dos primeiros mamíferos, que depois originaram os primatas. Os animais marinhos se desenvolveram dando origem aos anfíbios e depois aos répteis primitivos há 350 milhões de anos. As primeiras dificuldades foram seus pesos fora da água, e o sistema respiratório que devia se adaptar no meio terrestre. 
Além disso, eles tiveram de desenvolver mecanismos para evitar o excesso de perda de líquidos para o meio, outros métodos de reprodução e formas de se relacionar com o ambiente.
O olfato foi a primeira modalidade sensorial nos seres terrestres, e com ele ficoumais fácil sentir os estímulos externos. Ao mesmo tempo, outras estruturas, como as amígdalas e o hipocampo, foram surgindo para suprir as necessidades dessas novas interações com o ambiente. Essas novas estruturas em conjunto com o hipotálamo, mudaram o comportamento da espécie e dessa forma, se tornaram mais sofisticadas que as espécies mais velhas. Essas estruturas constituíram o SNC mais primitivo e foram nomeadas de estruturas límbicas que significava anel, em latim. Nos anfíbios eram ainda mais rudimentares e nos répteis evoluíam com a lâmina cortical primitiva, chamada de arquicórtex não só por Darwin como também por Heimer, autor do livro The human brain and spinal cord: functional neuroanatomy and dissection guide, de 1995. As amígdalas foram surgindo na filogênese pela união de vários núcleos. Elas se localizam na parte anterior do hipocampo dos animais primitivos e assim, recebem informações olfatórias e estavam associadas ao hipocampo e hipotálamo, segundo Squire e Heimer.
A partir do surgimento das estruturas olfatórias e dos complexos hipocampais e amigdaloide, se iniciou a memória olfativa dos seres. Esses animais já podiam identificar nutrientes, venenos, parceiros sexuais, presas e predadores. Enquanto eles eram capazes de sentir o cheiro, outra camada de células se especializou em desenvolver respostas adequadas para cada situação. Dessa forma, teve início o comportamento regulado pelo SNC. As conexões que havia entre o sistema límbico e o hipotálamo já coordenavam a vida vegetativa do organismo, sendo essa função responsável pelas sensações básicas e o início da vida emocional com sentimentos como o medo. Com relação à reprodução, a copulação foi iniciada com os répteis, com o desenvolvimento do sistema límbico associado à função vegetativa.
Nos mamíferos, o desenvolvimento dos hipocampos cerebrais está associado ao aparecimento dos fórnices e das áreas corticais adjacentes e juntos, eles formam o complexo hipocampal. De acordo com Ribas, funcionalmente essas estruturas promovem as capacidades de armazenamento de informações, e consequentemente, atuam sobre a memória e o aprendizado. Mamíferos menos evoluídos possuem o hipocampo localizado posteroinferiormente em torno do tálamo e originando as estruturas do fórnix e do indúsio cinzento sobre o corpo caloso. O córtex hipocampal primitivo possuía a substância branca que se assemelha à substância branca da medula e do tronco cerebral dos animais mais evoluídos. O desenvolvimento do neocórtex proporcionou o encobrimento dos ventrículos telencefálicos; os hipocampos ficaram situados nas paredes mesiais e passaram a ser as únicas superfícies do córtex intraventricular.
A função das amígdalas está relacionada com as emoções e permitiu que os animais primitivos passassem a ter a resposta de alerta, fuga e vegetativa. O desenvolvimento do chamado neocórtex provocou o aumento do nível de complexidade dos estímulos sensoriais, como a sensação térmica, tátil, dolorosa e profunda. Além disso, as sensações do olfato, paladar e visão também se tornaram mais desenvolvidas. As estruturas passaram a ter receptores efetores, que poderiam receber os estímulos e os encaminhar ao sistema nervoso central. O tálamo surgiu a partir dos conglomerados de núcleos durante o desenvolvimento da base de cada hemisfério. Ele possuía núcleos responsáveis pelo controle do sistema endócrino e também das funções vegetativas. O tálamo se desenvolveu passando a ser um dos centros receptores dos estímulos eferentes, e passou a funcionar como um dos centros de coordenação e discriminação.
A função receptora deixou de ser primária do tálamo e foi dividida com os níveis subcorticais, onde já há uma pré-percepção do estímulo, antes mesmo que ele chegue ao tálamo. 
A única via sensitiva que não passa pelo tálamo é exatamente aquela que é uma função adquirida mais antiga, o olfato. 
Portanto, o olfato segue por vias filogeneticamente diferentes dos outros estímulos sensitivos. 
O tamanho do encéfalo, seus sulcos e giros vieram aumentando de tamanho com a evolução, mas vale ressaltar que o tamanho não deve significar evolução, pois outros mamíferos, como as baleias, possuem o encéfalo maior que o de humanos, mas não mais evoluído, como exposto por Trefil no livro Somos diferentes? Um cientista explora a inteligência ímpar da mente humana, de 1999.
O desenvolvimento de fibras nervosas, formadas pelos axônios, foi outro marco no desenvolvimento, depois do neocórtex. As fibras nervosas passaram a conectar os centros e núcleos nervosos, havendo dois tipos de fibras: as de projeção e as de associação. As fibras de projeção eram aquelas que se originavam no córtex e que se inseriam nos centros nervosos inferiores, que possuíam relação com as atividades motoras e também com as sensações a estímulos. As fibras de associação se dividiam entre as que ficavam somente em um hemisfério (intra-hemisféricas) e as que cruzavam os hemisférios (inter-hemisféricas). Essas fibras de associação são conhecidas por comissuras, onde fica o corpo caloso, o que é relatado por Squire, Brodal e Martin, no livro Neuroanatomy, text and atlas, de 1996.
As fibras do sistema reticular ativador ascendente estão localizadas nos núcleos de formação reticular no mesencéfalo e se projetam para os dois hemisférios do encéfalo através do tálamo e vias extra-talâmicas. Elas exibem funções relativas ao controle do ciclo sono-vigília e da atenção. O feixe prosecenfálico medial está dividido em núcleos septais, núcleos hipotalâmicos e interpeduncular. Sua função, segundo Brodal e Heimer, está relacionada com os estímulos e funcionamento visceral.
EVOLUÇÃO DO CÉREBRO DOS PRIMATAS
As grandes evoluções que caracterizaram os primatas e os diferenciaram das outras espécies foi o surgimento do neocórtex, processo chamado de encefalização segundo Darwin. Esse processo levou ao aumento do volume da massa encefálica e, ao mesmo tempo, ao surgimento de várias comunicações entre os neurônios e, entre eles, os segmentos inferiores. Essas aquisições levaram ao aumento das capacidades e desenvolvimento da espécie. A espécie mais antiga de primatas se chamava Ramapithecus, que viveu há 50 milhões de anos e depois, os primatas primitivos viveram há cerca de 13 milhões de anos. Estes, se dividiram entre os que permaneceram nas savanas e não se desenvolveram e os que migraram procurando melhores condições de vida e hidratação, portanto, nossos ancestrais.
A adaptação dos primatas fez com que eles se adaptassem a se locomover de forma mais ereta, deixando suas mãos mais livres para o desenvolvimento das funções motoras e especializadas. Ao mesmo tempo, houve o desenvolvimento da visão e consequente retrocesso do sentido olfatório. Essas mudanças ocorreram pelo fato da adoção da nova postura e também pelo desenvolvimento das áreas neocorticais, as quais são especializadas nessas atividades, conforme relatado por Gould e Trefil. O desenvolvimento da função visual proporcionou ao primata mais desenvolvido ter os olhos mais alinhados e ter o olhar focado em um único ponto, oferecendo, assim, melhor imagem e a percepção de profundidade na visão tridimensional. Dessa forma, com base em Itzkoff, autor de The form of man, de 1983, e Pinker, que publicou The language instinct em 1994, as novas espécies já eram capazes de ter uma melhor percepção do ambiente, devido a muitas evoluções corticais relacionadas à área da visão e ao desenvolvimento das áreas occipitais e do corpo caloso.
Os seres do gênero Australopithecus, conhecidos por hominídeos, viveram há cerca de 4 milhões de anos e possuíam a postura ereta e por volta de 1,4 metros de altura. O tamanho dos cérebros dessa espécie era correspondente ao de um bebê ou de um chimpanzé adulto. Há 2 milhões de anos, surgiram as espécies do gênero Homo, em que o primeiro foi chamado de Homo habilis, pois já tinha habilidades manuais para fabricar seus próprios instrumentos e ferramentas. O Homo erectus foi capaz de controlar o fogo e se espalhou pelo mundo há cerca de 1,5 milhão de anos. Seus volumescerebrais já se assemelhavam aos atuais, e cerca de 150 a 100 mil anos atrás surgiu o Homo sapiens. Este já possuía o atual tamanho cerebral e foi a espécie que se espalhou pela Europa. Já o Homo sapiens foi o que representa o homem moderno e surgiu há cerca de 50 mil anos. A Figura 1 mostra a evolução das espécies que deram origem aos humanos, mostrando as diferenças entre as posturas e a caixa craniana. SSISTA
O filme A Guerra do Fogo, lançado em 1981, acontece na era paleolítica, e reflete as características apontadas nesse conteúdo. O filme mostra dois grupos de hominídeos que estão iniciando a era da reprodução da fala, e também da descoberta do fogo.
Figura 1. Evolução das posturas e caixa craniana. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2020.
A espécie conhecida por Homem de Neandertal chegou a ter uma massa encefálica até maior que a atual, com 1.500 cm³, mas essa espécie não se estabeleceu e não se sabe as razões. O desenvolvimento das áreas pré-frontais deu origem às funções superiores, auxiliadas pelo crescimento da região occipital e os lobos temporais que facilitaram as funções visuais. Ao longo dos 6 bilhões de anos de evolução, o encéfalo cresceu cerca de três a quatro vezes o seu tamanho original, mas o desenvolvimento não se deu apenas na massa encefálica e na quantidade de células e sim, na quantidade de conexões inter e intra-hemisféricas, como indicado por Allman, Itzkoff e Trefil.
Outra evolução bastante importante para nossa humanidade foi o desenvolvimento da fala e das capacidades de leitura e compreensão, que surgiram a partir de mudanças no aparelho oronasofaríngeo. A literatura aponta que esse desenvolvimento ocorreu graças ao desenvolvimento da postura ereta. As áreas corticais são responsáveis pela função linguística, onde se desenvolveram também as áreas motora e sensitiva da linguagem, que estão localizadas no giro frontal inferior dominante e porção terminal da fissura silviana dominante, respectivamente, como apontado por Ribas. As funções de compreensão da fala e da leitura são comandadas pelas áreas auditivas primárias do opérculo, que são conectadas com as áreas de expressão.
Com base no exposto por Chomsky, no livro Novos horizontes no estudo da linguagem e da mente, de 2005, mas também por Trefil, o fato de crianças de países que não falam a mesma língua se desenvolverem e aprenderem a falar e compreender mais ou menos na mesma idade mostra que as linguagens, ainda que diferentes, compartilham um mesmo código de definição, que é compreendido pelo cérebro da mesma forma.
EVOLUÇÃO E ORGANIZAÇÃO NERVOSA
A teoria de encéfalo três em um é explicada por McLean, que divide as fases de desenvolvimento do encéfalo em três: o encéfalo reptiliano, o mamífero e o humano. Cada um desses tipos de encéfalo sofreu grandes evoluções de seus ancestrais até chegar à forma atual, conforme consta no artigo de Ribas. O cérebro representa um emaranhado de células e fibras nervosas, onde podem ser tomados os três circuitos básicos: sistema de projeção difusa, sistemas córtico-subcorticais e o tálamo-cortical.
O sistema de projeção difusa é originado do tronco encefálico e do hipotálamo e vai em direção ao córtex, hipocampo, gânglios basais, cérebro e medula. 
Segundo Edelman, em artigo para a revista Annals of the New York Academy of Sciences publicado em abril de 2001, o sistema reticular ascendente também está originado no tronco encefálico, e é responsável por ações sensório-motoras e ciclo do sono-vigília, além de modular a atividade cerebral. Os sistemas córtico-subcorticais possuem polisinapses em direção aos gânglios basais vindos do córtex e tálamo, além disso, as sinapses vão também em direção ao hipocampo e cerebelo, de acordo com Squire, Brodal e Heimer.
As funções relacionadas ao comportamento abrangem a área da neuropsiquiatria, onde se acredita que as porções posteriores ganglionares sejam responsáveis por planejar e executar as atividades motoras mais complexas, já as partes anteriores respondem pela função cognitiva e comportamento individual. O sistema tálamo-cortical conecta o tálamo e o córtex e responde pelas áreas especializadas do córtex, onde se desenvolvem as funções de percepção, planejamento e ação. O sistema límbico não é incluído nessa concepção, pois ele não é considerado um sistema básico de organização de fibras nervosas encefálicas. Para Edelman, elas estão dispostas em círculos e conectadas aos sistemas apontados por ele. A Figura 2 mostra as áreas cerebrais desenvolvidas no neocórtex, com as áreas responsáveis pelos comportamentos instintivos, derivadas do cérebro reptiliano. As áreas derivadas do cérebro mamífero são também mostradas na Figura 2 e são responsáveis pelas funções sensitivas, emoção e sentimentos (septo, amígdalas e hipotálamo), cognição, raciocínio espacial, percepção e linguagem (neocórtex).
Figura 2. Evolução do cérebro associando as origens reptilianas e mamíferas do cérebro. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2020. (adaptado).
A consciência primária está relacionada com a percepção individual e sem ações motoras que não levam em conta as imagens mentais em outros tempos como o passado e o futuro. Esse é o tipo de consciência em animais desprovidos de linguagem, e que não possuem capacidade de interpretação, são apenas fenômenos fisiológicos. O desenvolvimento desses fenômenos envolve a capacidade de abstração e os comportamentos voltados para a adaptação. Assim, a consciência superior leva o indivíduo ao pensamento que considera as imagens de passado e futuro para a formação da consciência. Dessa forma, o ser humano possui capacidades de escrita, percepção subjetiva e experiências. A consciência primária está relacionada ao sistema reticular ativador ascendente e também a estruturas límbicas e hipotálamo, já a consciência superior está relacionada às áreas mencionadas em adição das áreas cerebrais responsáveis pela linguagem.
EVOLUÇÃO DOS TRÊS TIPOS FUNDAMENTAIS DE NEURÔNIOS
Os neurônios são as menores células que compõem o sistema nervoso. Eles possuem características que os diferem, dependendo de suas localizações e das conexões que fazem. Considerando que as funções básicas dos neurônios são a transmissão, propagação e recepção de informações, há três tipos de neurônios que desempenham essas funções: os aferentes (recebem a informação), os eferentes (enviam a informação motora) e os neurônios de associação. O neurônio do tipo aferente surgiu para encaminhar as informações relativas ao meio ambiente. Os metazoários foram os primeiros animais a ter os neurônios aferentes, onde as informações extracorpóreas passaram a ser enviadas ao meio interno deles. Durante a evolução, o neurônio sensitivo passou por mudanças na posição do corpo celular.
Em anelídeos, o corpo celular pode estar acoplado ao epitélio, diretamente em contato com o meio externo. O neurônio aferente dos vertebrados está associado aos gânglios sensitivos do sistema nervoso central, mas não se encontra presente nele. Observa-se que o corpo celular do neurônio adotou uma tendência de centralização do corpo em relação aos axônios. De acordo com Machado, no livro Neuroanatomia funcional, de 2007, a tendência à centralização pode ter sido dada a partir da seleção natural, pois a presença do corpo celular na superfície poderia expô-lo a lesões mais facilmente. Vale lembrar que lesões no corpo celular de neurônios costumam ser irreversíveis. A evolução do sistema sensitivo fez com que surgissem os receptores sensoriais periféricos, que enviam estímulos físicos e químicos ao sistema nervoso sem a necessidade deste entrar em contato com o ambiente.
O neurônio motor eferente surgiu para a condução do impulso em direção às glândulas e músculos, portanto este neurônio promove a secreção de substâncias pelas glândulas ou contração muscular. O corpo do neurônio se originou dentro do sistema nervoso central, onde boa parte deles permaneceu. Mas, os neurônios eferentes passaram a inervar os músculos lisos, cardíacos e glândulas, o que levou à necessidade dos neurôniosque inervassem essas estruturas, migrarem seus corpos para fora do sistema nervoso central. As estruturas que migraram, passaram a constituir o sistema nervoso autônomo. Os neurônios localizados após os gânglios passaram a ser chamados de neurônios pós-ganglionares, que serão estudados mais à frente. E os neurônios que estão ligados aos músculos esqueléticos possuem o corpo celular dentro do sistema nervoso central.
Os neurônios de associação surgiram fazendo com que o número de sinapses fosse largamente aumentado e dessa forma, as capacidades de propagação dos impulsos também aumentaram bastante. O corpo celular desse tipo de neurônio também se manteve dentro do sistema nervoso central, e suas conexões permitiram uma maior complexidade dos comportamentos e elaboração de respostas. As minhocas possuem as extremidades anteriores como estruturas que percebem as mudanças do ambiente. Com o tempo, essa especialidade foi desenvolvida para a cavidade bucal e os órgãos de sentido como olhos, ouvidos e antenas.
Ao mesmo tempo, as diferenciações dos neurônios em neurônios de associação promoveram o aumento das conexões gerando os gânglios cerebroides, conhecidos pelo fenômeno de encefalização, que foi o ápice de desenvolvimento no processo de evolução do cérebro humano. Esses neurônios estão ligados a várias funções, nas quais os que possuem os axônios mais longos são capazes de se ligar aos segmentos mais distantes, enquanto os de menor cumprimento estão associados a neurônios vizinhos, os interneurônios. As funções mais bem elaboradas da região superior encefálica se tornaram especializadas graças a essas adaptações dos neurônios de associação, quando a evolução encefálica chegou ao que é hoje.
Neurogênese
No processo de evolução, os neurônios surgiram nas superfícies externas dos organismos, o que se justifica pela função primária do sistema que é se relacionar com o meio externo. 
Os neurônios se originam do ectoderma, que é o folheto embrionário mais externo entre as camadas embrionárias. 
O ectoderma se espessa e fica acima da notocorda, dando origem à placa neural. A partir dessa placa, inicia-se a formação do sistema neural, pelo tubo neural. 
A placa neural se desenvolve formando o sulco neural que se aprofunda e forma a goteira neural. 
As laterais da goteira, também chamada de lábios se unem formando um tubo que isolará o meio interno do externo. 
A união dos lábios forma a crista neural que será o sistema nervoso periférico e o tubo se desenvolve formando os elementos no sistema nervoso central. Esse processo de formação pode ser visualizado na Figura 3, que mostra as etapas de formação do tubo neural.
Figura 3. Formação do tubo neural. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2020. (adaptado).
As cristas neurais se dividem formando os gânglios nervosos ao longo do sentido craniocaudal. Os neurônios mais centrais se ligam ao tubo neural e os mais periféricos vão em direção aos dermátomos dos somitos que irão inervar. As células da crista formam os tecidos periféricos, como os gânglios sensitivos autônomos, glândulas, entre outros. Além disso, descobriu-se mais recentemente, que as estruturas originadas do ectoderma são originadas da crista neural, por exemplo, as membranas dura-máter e a aracnoide.
Com o fechamento da goteira neural, o tubo neural se localiza no meio do embrião, que vai se encaminhando para a extremidade posterior de acordo com o desenvolvimento. As extremidades superior e inferior se fecham somente ao final do processo de desenvolvimento do embrião. Do tubo neural se originam as lâminas alares, basais, do assoalho e do tecto, sendo que as alares se localizam nas laterais e as basais formam o sulco limitante que separa formações sensitivas e motoras. Dessas estruturas derivam os neurônios e os grupos de neurônios que serão responsáveis por funções associadas à sensibilidade e motricidade. A lâmina do tecto é fina e forma uma espécie de tela corioide e os plexos corioides que estão associados aos ventrículos encefálicos. A lâmina do assoalho forma o sulco do assoalho do IV ventrículo e permanece nos adultos.
O tubo neural possui um calibre não regular, onde a parte cranial é mais dilatada e dá origem ao encéfalo com o desenvolvimento, já a parte caudal é menos espessa e origina a medula espinhal. O desenvolvimento do encéfalo se inicia pela divisão de vesículas que irão formar o prosencéfalo, mesencéfalo e o rombencéfalo. Do prosencéfalo se originam o telencéfalo e o diencéfalo. Já o mesencéfalo não se modifica e o rombencéfalo se divide originando o metencéfalo e o mielencéfalo. Para uma melhor visualização, pode-se observar o Diagrama 1, que aponta essas divisões.
Diagrama 1. Divisões e evoluções do tubo neural.
Do telencéfalo partem duas porções laterais que formam as vesículas telencefálicas laterais. O meio dessa estrutura se fecha anteriormente pela lâmina terminal e as vesículas laterais formam os hemisférios cerebrais que irão esconder boa parte do diencéfalo. Este, possui divertículos responsáveis por funções como as ópticas (laterais) e a que forma a neuro-hipófise (ventral). A luz do tubo neural forma a medula, e a cavidade do rombencéfalo forma o IV ventrículo. O III ventrículo é formado pela cavidade do diencéfalo e parte do telencéfalo. Esses dois ventrículos são unidos pela luz do mesencéfalo e a cavidade medular possui um líquido cérebro-espinhal ou encéfalorraquidiano. Com o desenvolvimento, flexuras formam as curvaturas encefálicas na região do mesencéfalo e prosencéfalo. A segunda curvatura é a cervical, que é a região do pescoço. E a terceira curvatura é contrária e chamada de pontina, que liga as duas primeiras. Essas curvaturas se desfazem ao longo do desenvolvimento, permanecendo apenas a cefálica, que forma o ângulo com o cérebro, denominado de neuroeixo.
ESTRUTURA E FUNÇÕES DO SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso é responsável por comunicar as partes do organismo e manter o funcionamento das mesmas, além de promover nossas atividades diárias, como andar, falar, estudar, entre outras funções. Sendo assim, ele é considerado em seu todo como o sistema mais importante do corpo humano, pois é através dele que todas as funções corporais acontecem. Por meio do sistema nervoso, o corpo se adapta aos diversos estímulos e promove respostas, não importando a natureza desses estímulos. O sistema nervoso central (SNC) elabora respostas do tipo voluntárias (que dependem da nossa consciência para que se realizem), e involuntárias. Funções voluntárias podem ser secundárias do ponto de vista de sobrevivência, já as funções involuntárias, também conhecidas como vegetativas, são essenciais para a sobrevivência humana, como descrito por Powers e Howley no livro Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho, de 2014.
O clássico exemplo de resposta involuntária do sistema nervoso é o reflexo de retirada ou arco reflexo, quando se retira a mão de uma panela quente. Outro exemplo de resposta involuntária é a regulação da pressão arterial após um estímulo estressante. O sistema nervoso como um todo está integrado para promover respostas a essas alterações, de forma a manter a homeostase corporal em resposta a algum dano ou estresse. As atividades voluntárias são essenciais para a independência do ser humano, pois controlam todos os movimentos e também as funções cognitivas, como a memória. O sistema nervoso é bastante complexo, mas possui apenas quatro funções básicas, que são: controlar o ambiente interno, controlar o movimento voluntariamente, programar reflexos espinais, e assimilar experiências de memória e aprendizado.
O sistema nervoso é dividido anatômica e fisiologicamente em dois: o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC compreende a parte central que contém o encéfalo e a medula espinhal, já o SNP contém os neurônios que estão localizados fora do SNC. Esses neurônios periféricos são responsáveis por inervar órgãos e tecidos, em que a inervação consiste em promover suprimento funcional e nutricionalaos tecidos. O SNP, além de promover as inervações dos tecidos e órgãos, é dividido entre suas funções sensoriais e motoras. A divisão compreende tanto fisiológica quanto anatomicamente. As funções motoras são promovidas pelas fibras eferentes que levam o estímulo nervoso do SNC em direção ao SNP. As fibras aferentes são responsáveis pelas funções sensitivas e são levadas do SNP ao SNC por meio das fibras aferentes.
O sistema nervoso periférico é subdividido ainda em sistema nervoso somático (SNS) e sistema nervoso autonômico (SNA) como mostra a Figura 4. O SNS é responsável por promover estímulos conscientes, voluntários aos musculoesqueléticos. O SNA é responsável por promover os estímulos inconscientes, de forma involuntária aos órgãos e glândulas.
Figura 4. Divisões anatômicas e funcionais do sistema nervoso. Fonte: POWERS; HOWLEY, 2014. (adaptado).
O neurônio é a célula que compõe o sistema nervoso. A anatomia dessa célula (neurônio) é diferente das outras do corpo humano e suas funções. Da mesma forma, a nutrição dessa célula também possui diferentes características. O neurônio é constituído anatomicamente pelo corpo celular, dendritos e axônios que podem ser vistos na Figura 5. O corpo celular é a parte em que ocorrem as operações e nele também está o núcleo da célula. Os dendritos são as fixações compostas de filamentos estreitos que conduzem os impulsos elétricos para o corpo celular. O axônio também é conhecido como fibra nervosa e transmite as informações elétricas em direção a outros neurônios ou órgãos. Eles possuem diversos comprimentos, a depender de sua localização, sendo que alguns possuem apenas milímetros e outros possuem um metro. O neurônio possui somente um axônio, mas que pode estar dividido em dois, chamados de ramos colaterais. Esses ramos podem se ligar a outros neurônios aumentando a rede de propagação de informações, a células musculares ou glândulas. O contato entre um neurônio e outro é dado pela sinapse que será discutida posteriormente.
Figura 5. Estrutura celular do neurônio. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2020. (adaptado).
As fibras nervosas longas, como as que inervam músculos esqueléticos, possuem estruturas que possuem a função de isolamento elétrico. Essas estruturas são conhecidas como células de Schwann e possuem uma substância lipoproteica, a mielina. Essas células formam uma camada descontínua, chamada de bainha de mielina, e os espaços formados entre elas são os nódulos de Ranvier, que podem ser vistos na Figura 5. Os nódulos são estruturas que propagam o sinal elétrico. Como a bainha de mielina isola eletricamente um segmento do neurônio, o impulso toma uma forma diferente, chamada de saltatória. O impulso saltatório compreende o salto do sinal elétrico de um nódulo de Ranvier para o próximo, fazendo com que haja a aceleração da propagação desse impulso. Dessa forma, quanto maior o segmento de bainha de mielina, maior será a velocidade do impulso. O diâmetro do axônio também pode interferir na velocidade da propagação elétrica, de modo que quanto maior o diâmetro, maior a velocidade do sinal. No entanto, o dano à integridade da bainha de mielina causado por disfunções nervosas, pode acarretar a velocidade do impulso.
A doença neurológica esclerose múltipla é uma das disfunções que pode afetar o sistema nervoso central e prejudicar os impulsos elétricos. Nessa doença, as estruturas mielínicas são destruídas de forma progressiva. Além disso, os axônios também podem ser destruídos. Não se sabe a causa exata que leva à doença, mas há indícios de que possa ser hereditária. O sistema imune ataca as células nervosas, fazendo com que o sistema nervoso fique cada vez mais defasado. Essa disfunção leva à redução do impulso nas áreas acometidas e o paciente desenvolve grande fraqueza muscular, fadiga, dificuldades no controle motor, perda de equilíbrio e depressão. A doença não possui cura e tem estágio progressivo que evolui de distal para proximal. Há indícios de que a prática de exercícios regulares pode melhorar as capacidades funcionais desses pacientes, pois promovem a melhora da resistência e da força muscular. Os exercícios podem melhorar também as condições psicológicas como a depressão e a qualidade de vida de um modo geral.
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Bioeletrogênese
Tópico 5 de 7
A forma de comunicação dos neurônios acontece por meio de sinais elétricos, para isso, eles são altamente excitáveis e possuem propriedades de irritabilidade e condutividade. A propriedade da irritabilidade significa a capacidade que os dendritos e corpo celular possuem de responder ao estímulo, assim eles convertem-no em impulso neural. A propriedade da condutividade implica a transmissão do impulso ao longo do axônio em direção a outro neurônio ou tecido. O impulso é compreendido como sinal elétrico que é passado pelo neurônio em uma direção. O sinal elétrico é capaz de alterar as cargas elétricas dos neurônios levando ao potencial de ação, quando a membrana plasmática sai do estado de repouso.
O potencial de repouso da membrana é quando as células estão com suas cargas energéticas normais, ou seja, com cargas elétricas negativas internamente e cargas positivas externamente. As cargas negativas são geradas pela desigualdade na distribuição dos íons carregados. Os íons são elementos que possuem carga elétrica positiva ou negativa e ficam ao longo da membrana celular. Portanto, considera-se um neurônio polarizado aquele que possui essa diferença de cargas que também é conhecido como potencial de repouso. Essa carga, elétrica em repouso varia entre -5 e -100 mV, no geral, mas em neurônios ela varia de -40 a -75 mV. O potencial de repouso, limiar e o reestabelecimento do potencial de repouso podem ser observados no Diagrama 2, onde também podem ser observadas as voltagens em que eles ocorrem em função do tempo em milissegundos. Observe que as reações ocorrem em um curto período de tempo, ou seja, de acordo com o gráfico, o início do processo de despolarização acontece entre o primeiro e segundo milissegundo e o retorno ao potencial de repouso ocorre por volta do terceiro milissegundo.
Diagrama 2. Gráfico Do Potencial De Ação. Fonte: POWERS; HOWLEY, 2014. (adaptado).
MEMBRANA CELULAR E SUA PERMEABILIDADE
A membrana é constituída por proteínas, grupos fosfatos e outros nucleotídeos. Essas estruturas ficam carregadas por íons negativos no interior da célula, denominados de ânions, cargas negativas. Essas moléculas estão fixas no interior da membrana, porque não conseguem atravessá-la. 
Ao mesmo tempo, essas cargas, ânions, atraem os cátions, as cargas positivas que estão do lado de fora da membrana. O potencial de repouso é mantido por duas condições: a permeabilidade da membrana a diferentes tipos de íons, e a diferença de concentração desses íons nos meios intra e extracelulares. Os íons mais comuns são o sódio, o potássio e o cloreto, e possuem papel essencial no potencial de repouso da membrana. As concentrações de sódio são maiores no meio extracelular, já a concentração de potássio é maior dentro da célula. As concentrações de cálcio e cloreto também são menores no interior da célula, quando em repouso. A disposição com relação às quantidades dos íons nos meios intra e extracelulares podem ser observados na Tabela 1.
Tabela 1. Disposição Com Relação Às Quantidades Dos Íons Nos Meios Intra E Extracelulares. Fonte: POWERS; HOWLEY, 2014. (adaptado).
O transporte de sódio e potássio é realizado pela permeabilidade da membrana. As proteínas da membrana funcionam como canais para a passagem desses elementos. Os canais ora estão fechados, ora abertos, permitindo a passagem desses íons de forma controlada. Considerando a maior concentração de potássio dentro da célula e a maior de sódio do lado de fora, quando há alteração da permeabilidade da membrana, a tendência é que o sódio se mova para o interior da célula e o potássio se mova para o exterior. Esse evento acontece devido às mudanças de concentrações nos meios e a favor do gradiente de concentração que tende a igualar as quantidadesde um e de outro em ambos os meios. No entanto, em repouso, alguns canais de potássio estão abertos, permitindo o maior movimento desse íon em relação ao sódio. Por esses motivos, a tendência de concentração elétrica é que o interior da célula esteja negativo, em repouso.
O transporte de íons acontece o tempo todo, de acordo com a permeabilidade da membrana. Se pensarmos nesse único gradiente de uma forma contínua, poderia chegar à perda do potencial negativo da membrana. No entanto, a membrana possui um mecanismo de homeostase, que permite a reorganização das concentrações iônicas nos meios intra e extracelulares. A bomba de sódio e potássio faz essa espécie de reorganização, através do uso de adenosina trifosfato (ATP). Ela basicamente bombeia o sódio para fora e o potássio para dentro, mas possui outra função importante ela gera o potencial de ação. A cada troca de três íons de sódio por dois de potássio, ela é capaz de gerar o potencial de ação.
Sinapses
O potencial de ação foi explicado há mais de cinquenta anos em uma pesquisa realizada na Inglaterra. 
O potencial acontece quando há uma mensagem a partir do sistema nervoso que atinge a membrana neuronal, quando possui a força suficiente para abrir os portões de sódio. 
Quando isso acontece, os íons de sódio se difundem para o interior da membrana, processo chamado de despolarização da célula, onde ela se torna mais positiva. A célula possui um limiar para controlar a ação dessa carga positiva que acontece através da bomba sódio e potássio. 
Portanto, a denominação do potencial de ação é constituída a partir do momento em que se inicia a despolarização da célula, por meio da entrada de sódio para o meio intracelular.
Com a atividade do potencial de ação, ocorrem outras trocas iônicas no axônio como forma de propagar o estímulo nervoso para o próximo neurônio, placa motora ou vísceras. 
O estímulo é propagado para as próximas estruturas considerando o impulso saltatório através dos nódulos de Ranvier. Após a despolarização, se inicia o processo de repolarização, em que há a normalização das cargas elétricas entre os meios intra e extracelular. Esse processo acontece devido à redução do processo de despolarização, em que há um aumento da permeabilidade da membrana ao potássio. Com isso, o potássio migra novamente para o interior da célula, repolarizando o meio para que se torne negativo novamente. Ao mesmo tempo, quando o estímulo de despolarização é removido, os canais de sódio se fecham impedindo ou reduzindo a entrada de sódio para a célula. Esse efeito leva à menor adição de cargas positivas no interior da célula, fazendo com que a combinação desses dois fluxos restaure rapidamente a polaridade normal nos meios.
A lei do tudo ou nada é considerada com essa atuação do potencial de ação em que um impulso percorre todo o neurônio levando a informação (estímulo nervoso) sem perder sua magnitude, ou seja, sem reduzir seu potencial elétrico. Assim, pode-se dizer que a mesma intensidade em que o estímulo é dado pelo SNC, ele chega ao SNP.
DICA: Essa continuação do impulso, ou preservação da magnitude é importante para a magnitude do estímulo e também para a intensidade da resposta gerada àquele estímulo. Essa é mais uma especificidade do sistema nervoso, que mostra como ele pode ser específico e de que forma pode promover tantas respostas motoras e viscerais em várias intensidades.
TRANSMISSÃO SINÁPTICA
A transmissão sináptica consiste na passagem do estímulo nervoso de uma célula à outra. Essa transmissão promove a propulsão dos impulsos, e também a estimulação na via final do sistema nervoso que pode ser o músculo, víscera ou glândula. 
A sinapse é denominada como um espaço pequeno localizado entre o neurônio pré-sináptico e o dendrito de um neurônio pós-sináptico. 
Essa comunicação permite o processo conhecido como transmissão sináptica, que acontece quando há as quantidades ideais de neurotransmissores nas vesículas sinápticas. 
A fenda sináptica contém as vesículas, onde estão os neurotransmissores (substância bioquímica). 
O impulso estimula a liberação desses neurotransmissores (transmissores excitatórios) na fenda levando à despolarização das membranas. 
Os neurotransmissores se ligam aos receptores presentes na membrana do neurônio pós-sináptico, levando à despolarização de sua membrana. 
O nome dado às despolarizações sequenciais de neurônios é potencial excitatório pós-sináptico (PEPS). 
Quando a quantidade de neurotransmissores consegue atingir a despolarização do próximo neurônio, ocorre o potencial de ação. 
Observe que em alguns casos isso não acontecerá, devido à força enviada ou a problemas com a transmissão ligados a doenças ou disfunções nesse sistema de transmissão. 
Os PEPS fazem com que o neurônio pós-sináptico chegue ao seu limiar de eletricidade a partir da somação temporal e da somação espacial. A união dessas somações e a rapidez com que o neurônio pré-sináptico leva à despolarização em pouco tempo é conhecida como somação temporal.
De acordo com Powers e Howley, não há uma quantidade exata de PEPS para atingir o limiar do neurônio pós-sináptico. Está estabelecido que esse número se aproxime de uma média de 50 PEPS para alguns tipos de neurônios. A excitação rápida e repetitiva é uma das formas que um potencial de ação pode ser gerado a partir de um neurônio pré-sináptico excitatório. A outra forma de alcançar o potencial de ação é por meio da somação de PEPS, que acontece quando são disparados vários impulsos pré-sinápticos, chamada de somação espacial. Nela, acontecem vários PEPS simultaneamente, onde o neurônio pós-sináptico recebe vários estímulos, sendo mais fácil de alcançar o limiar.
A acetilcolina é o neurotransmissor comum às fendas sinápticas entre neurônios e entre nervo e músculo. 
Ela é liberada na fenda e se liga aos receptores da membrana pós-sináptica, fazendo com que se abram os canais de sódio do neurônio pós-sináptico. E, como já foi apontado, quando há a quantidade de sódio necessário dentro da célula neural ou muscular, ocorre a despolarização. Há também os meios de controle para evitar a despolarização constante ou crônica dos neurônios pós-sinápticos, a quebra do neurotransmissor. Na fenda sináptica também há as enzimas que fazem esse papel da quebra dos neurotransmissores no momento em que eles não são mais necessários. Essa quebra resulta em moléculas menos ativas que não são capazes de se ligar à membrana.
A enzima responsável pelo A quebra da acetilcolina resulta na cessação do estímulo de despolarização no neurônio pós-sináptico que tende a voltar a recuperar processo de quebra da acetilcolina é denominada como acetilcolinesterase e degrada a molécula de acetilcolina em acetil (acetato) e colina.seu potencial elétrico de repouso. Assim, ele se encontrará disponível para iniciar novamente o processo e gerar outro potencial de ação. Após a degradação os substratos degradados, podem ser recaptados pelo terminal nervoso, para que um novo processo se inicie. A enzima colina acetiltransferase é responsável por unir a acetilcoenzima A e a colina da degradação para a formação da molécula de acetilcolina Todo o processo de degradação e síntese da acetilcolina descrito pode ser observado no Diagrama 3.
Diagrama 3. Processo De Síntese E Degradação Da Acetilcolina. Fonte: CONSTANZO, 2014. (adaptado).
É importante ressaltar que nem todos os neurotransmissores são excitatórios, sendo assim, alguns neurotransmissores podem agir inibindo a despolarização. Esse processo leva à hiperpolarização da membrana pós-sináptica, ou seja, faz com que a negatividade intracelular seja aumentada com relação ao potencial de repouso. Esse potencial é conhecido como potencial inibitório pós-sináptico (PIPS). O neurônio que sofre essa hiperpolarização encontra-se mais longe do limiar de excitação, sendo assim, esse neurônio será mais resistente à despolarização. Portanto, o neurônio pode sofrer estímulos excitatórios ou inibitórios, de forma que o balanço entre eles definirá se ele chegará ou não ao seu limiar. Se o númerode PEPS e PIPS for igual não haverá potencial de ação, pois ele não chegará ao seu limiar de excitação.
Entre os neurotransmissores, a acetilcolina é o exemplo que promove tanto a excitação quanto a inibição. Ela se diferencia quanto à região em que é encontrada. No músculo estriado cardíaco ela promove a hiperpolarização, com isso ela promove o efeito retardatário da frequência cardíaca. Ao mesmo tempo, ela promove a despolarização do músculo esquelético gerando o potencial de ação e promovendo a contração muscular. A explicação para o duplo efeito desse neurotransmissor é que no coração, os receptores da acetilcolina promovem a abertura do canal de potássio, permitindo a saída de potássio da célula. Além desse efeito, essa difusão de potássio leva à hiperpolarização do tecido estriado cardíaco, fazendo com que o limiar de excitação seja mais dificilmente alcançado.
ALTERAÇÕES NA NEUROTRANSMISSÃO
Deficiências na neurotransmissão podem ser causadas por doenças, como a miastenia grave. Nessa doença há a presença de anticorpos bloqueando os receptores de acetilcolina na membrana do músculo. Esse efeito faz com que poucas moléculas de acetilcolina consigam se ligar à membrana muscular, levando a uma contração muscular prejudicada ou ineficiente. A ilustração desse evento pode ser observada na Figura 7.
Figura 7. Neurotransmissão prejudicada pela miastenia grave. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2020. (adaptado).
O efeito de fármacos como a toxina botulínica, também conhecida como botox, também pode alterar os mecanismos de transmissão sináptica. Nesse caso, o fármaco atua bloqueando a saída dos neurotransmissores do neurônio pré-sináptico, assim a acetilcolina não chega à fenda sináptica, não propagando o estímulo. A não existência do estímulo não leva à contração muscular, deixando o músculo em posição de repouso ou paralisado. Em alguns casos, essa toxina botulínica é utilizada para impedir contrações involuntárias, como em crianças com hipertonia ou espasticidade decorrentes de paralisia cerebral. Em outros casos, ela é utilizada para fins estéticos, reduzindo a contração muscular de músculos da face e, consequentemente, reduzindo as rugas de expressão. A Figura 8 mostra a comparação entre uma contração muscular normal mediada pelo processo de transmissão sináptica comparada com o efeito do botox na fenda sináptica.
Figura 8. Efeito da aplicação de botox na fenda sináptica e no músculo esquelético. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2020. (adaptado).
O curare é outra substância que compete com as moléculas de acetilcolina pelos receptores nicotínicos da placa motora muscular. Quando as doses de curare são altas, essa condição pode levar à paralisia e morte, devido ao bloqueio dos receptores pela substância. A d-bungarotoxina é uma forma de curare e é uma substância utilizada como relaxante para músculos esqueléticos nos procedimentos anestésicos. Outra substância conhecida como α-bungarotoxina é uma forma de curare que se liga aos receptores de acetilcolina de forma irreversível. Essa é uma substância radioativa que é utilizada como ferramenta de medida da densidade dos receptores de acetilcolina na placa motora. Inibidores de acetilcolinesterase, como a neostigmina, evitam a degradação de acetilcolina no final do processo de neurotransmissão. Assim, ocorre o aumento da disposição de acetilcolina prolongando seu efeito na placa motora, como concluiu Constanzo, no livro Fisiologia, de 2014.
EXEMPLIFICANDO
Considerando a ação dos inibidores de acetilcolinesterase, essa é uma substância que pode ser usada para pacientes portadores de miastenia grave. Observe que assim, o paciente reduzirá ou cessará a quebra de acetilcolina, podendo ter uma quantidade maior disponível para a ligação na fenda sináptica.
P
Função vegetativa
Tópico 7 de 7
Embora a nomenclatura função vegetativa tenha sido adaptada para funções autônomas, as funções vegetativas são consideradas como o conjunto de ações sistêmicas que indicam a manutenção da vida, assim como Ribeiro Sobrinho lembrou em artigo para o Acta Fisiátrica em 2003. 
São consideradas essenciais as funções dos sistemas nervoso, respiratório, cardiovascular e outros. 
Suas funções estão ligadas à manutenção da nutrição, crescimento, proteção e funcionamento geral do corpo. Essas funções vegetativas são reguladas pelo sistema nervoso autônomo (SNA) que é dividido entre sistema nervoso simpático (SNAS) e sistema nervoso parassimpático (SNAP). 
Basicamente, eles recebem e enviam informações, estímulos nervosos, do meio externo ao meio interno e vice-versa. Portanto, esses sistemas controlam as atividades funcionais de forma reflexa, ou seja, sem a autonomia ou qualquer necessidade de raciocínio do indivíduo.
SISTEMA AUTÔNOMO E SUAS ESTRUTURAS
A divisão proposta pela literatura aponta que o sistema nervoso deve ser dividido didaticamente entre SNA e sistema nervoso somático (SNS). Essa divisão separa basicamente as funções relacionadas ao ambiente e o corpo, SNS, e as funções relacionadas ao funcionamento visceral, SNA. Ambos os sistemas, SNA e SNS, conduzem seus impulsos pela mesma via aferente. O SNA por sua vez é constituído de SNAS e SNAP, que desenvolvem suas funções de forma alternada ou associada. Embora haja essa divisão de funções e respostas, anatomicamente sua localização é a mesma, na medula. De acordo com Constanzo, a divisão do SNA em SNAS e SNAP está relacionada à origem anatômica dos neurônios pré-ganglionares. No SNAS, os neurônios pré-ganglionares são originados do tronco encefálico e medula espinhal da região sacral.
As atividades do SNA são comandadas a partir do hipotálamo e do tronco encefálico, onde estão localizados o mesencéfalo, ponte e bulbo. Essa condição explica porque as lesões cerebrais, acima do tronco encefálico, não interferem nas atividades autônomas. Por outro lado, a falta das funções do córtex reduz as adaptações do SNA aos estímulos externos. O hipotálamo é formado por pequenos núcleos e possui a função geral de regular os comportamentos ou respostas viscerais. Cada um de seus núcleos é especializado em algum tipo de resposta ou comando. O controle da temperatura, como exemplificado por Mourão Júnior e Abramov no livro Fisiologia essencial, de 2011, acontece através do núcleo anterior do hipotálamo. Esse núcleo recebe informações dos compostos sanguíneos (interleucinas) para que a temperatura seja regulada. Assim, ele envia impulsos nervosos aos músculos, com o objetivo de adaptar a temperatura corporal.
Estruturas como a ponte e o bulbo possuem atuação grandiosa no sistema respiratório e cardiovascular. Elas recebem informações a partir de receptores localizados nas artérias carótidas e aorta a respeito da pressão arterial, quantidade de oxigênio e gás carbônico circulante. Esse fato indica a gravidade do indivíduo que sofre um trauma que acomete a região do centro respiratório e cardiovascular. Esse tipo de trauma pode levar o indivíduo à falência do centro respiratório e/ou cardiovascular, e dependendo ao óbito instantâneo.
SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E SUAS FUNÇÕES
O termo homeostasia diz respeito ao equilíbrio das funções corporais, ou manutenção das funções normais do corpo. Isto ocorre em todos os sistemas corporais e de acordo com a ação do próprio sistema, juntamente com o sistema nervoso autônomo que estão intimamente associados. As ligações entre o SNA e os componentes viscerais permitem com que o SNA de uma forma geral possua o controle sobre o funcionamento das vísceras. O controle acontece a partir dos receptores e do envio de informações importantes do próprio órgão ou tecido ao SNA e vice-versa. Assim, o SNA possui a função reguladora dos mecanismos de resposta involuntária do corpo humano.
As fibras nervosas que compõem o SNA são as eferentes ou motoras, ou seja, elas são responsáveis por coordenar as ações viscerais. No entanto, seu conceito de motor não abrange a inervação de músculos esqueléticos. Logo, os nervos cranianos não pertencem às estruturas do SNA. Ele é constituído de umaparte que se localiza no SNC e outra no SNP. É importante lembrar que as funções vegetativas, comandadas pelo SNA estão ligadas apenas às fibras eferentes do sistema nervoso visceral, ou seja, as fibras aferentes não compõem esse sistema.
De acordo com Guyton e Hall, autores de Tratado de fisiologia médica, de 2006, o SNA faz parte das atividades inferiores, mas está diretamente ligado às funções superiores. Além de oferecer o estado de alerta e a base para o funcionamento das funções superiores, ele é submisso e oferece determinadas respostas aos sistemas corporais decorrentes de alguma decisão superior, por exemplo. 
Essa relação mostra que o SNA não está ligado somente às funções de manutenção das atividades vitais e o coloca como sistema que é base para a vida em geral.
SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO
Os SNAS e SNAP são responsáveis por um conjunto de atuações que engloba todos os sistemas viscerais. Resumidamente, o SNAS possui função de ativação do corpo para alguma atividade. Ele também é responsável pelas respostas ao estresse, como luta ou fuga. Já o SNAP responde aos estímulos com o objetivo de normalizar as funções, restaurando-as. Ele responde pela economia de energia e redução das atividades, agindo contrariamente do SNAS. Algumas das funções que os dois sistemas exercem podem ser observadas no Quadro 1.
As nomenclaturas adrenérgico e colinérgico são utilizadas para denominar os neurônios do SNAS e adrenorreceptores, receptores dos órgãos efetores. 
Esses adrenorreceptores SNAP, de acordo com o neurotransmissor que está sendo sintetizado e liberado. Os neurônios chamados adrenérgicos liberam a substância norepinefrina que se liga aos 
podem receber tanto a norepinefrina quanto a epinefrina, que é secretada pela medula suprarrenal na corrente sanguínea. Os neurônios colinérgicos liberam a acetilcolina que se liga aos colinorreceptores. 
Os receptores não adrenérgicos ou não colinérgicos estão localizados em neurônios pós-ganglionares parassimpáticos no trato gastrointestinal. Eles liberam peptídeos como a substância P, ou outras moléculas como o óxido nítrico, ao invés de liberar a acetilcolina. Observa-se que no SNAS, todos os neurônios pré-ganglionares liberam acetilcolina. Já os neurônios pós-ganglionares podem ser adrenérgicos ou colinérgicos que liberam norepinefrina e acetilcolina, respectivamente. No SNAP, a maioria dos neurônios pós-ganglionares são colinérgicos, já no sistema simpático, os neurônios pós-ganglionares são adrenérgicos ou colinérgicos.
// SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO
Como já dito, a principal função desse sistema é a ativação corporal para a atividade. Quando o indivíduo é submetido ao estresse extremo, o SNAS é ativado pela resposta de luta ou fuga. Essa resposta consiste no aumento: da pressão arterial, fluxo sanguíneo muscular, da taxa metabólica, da concentração de glicose no sangue, da atividade mental e do estado de alerta. Essa resposta é raramente usada, sendo assim, a atuação desse sistema é mais bem vista na modulação de funções das vísceras como o coração, vascularização, trato gastrointestinal, pulmão, entre outros. No SNAS os neurônios pré-ganglionares se originam na medula espinal da região toracolombar, saindo pelas raízes motoras ventrais e pelos ramos brancos e vão em direção aos gânglios paravertebrais da cadeia simpática ou para os gânglios pré-vertebrais.
CONTEXTUALIZANDO
Observe que os neurônios pré e pós-ganglionares fazem sinapse no sistema simpático, onde podem ocorrer em gânglios do mesmo segmento da cadeia ou as fibras podem se direcionar para o sentido crânio ou caudal inervando outros nervos da cadeia. Essas informações levam ao entendimento de como as funções difusas desse sistema podem estar relacionadas.
Outra categoria de neurônios pré-ganglionares não forma sinapses na cadeia simpática, formando-as somente nos gânglios pré-vertebrais, onde inervam as vísceras, glândulas e sistema nervoso entérico. Nesses gânglios, os neurônios pré e pós-ganglionares fazem a sinapse, onde os pós-ganglionares inervarão os órgãos efetores.
// SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO
A função do sistema nervoso parassimpático está relacionada às funções de restaurações, nas quais o objetivo pode estar voltado para a conservação de energia. Essas funções podem ser vistas na Figura 10, assim como as localizações de origem dos ramos nervosos. Os corpos dos neurônios pré-ganglionares simpáticos estão localizados no tronco encefálico ou na medula da região sacral. Os neurônios pré-ganglionares vão em direção a vários gânglios dos órgãos efetores adjacentes. Os neurônios pré-ganglionares no SNC estão de acordo com os órgãos efetores inervados por eles. A inervação dos olhos é originada do núcleo de Edinger-Westphal no mesencéfalo, já os órgãos genitourinários são inervados pela região sacral. 
Uma característica importante que diferencia o SNAS e o SNAP é a posição dos gânglios: no SNAP eles estão próximos aos órgãos efetores ou sobre eles. Observe que haverá consequente diferença entre os comprimentos dos neurônios pré e pós-ganglionares com relação ao SNAS. Sendo assim, os neurônios pré-ganglionares terão seus prolongamentos mais compridos e os pós-ganglionares os terão menos compridos.
Com relação aos neurotransmissores e receptores sinápticos, todos os neurônios pré-ganglionares são colinérgicos, portanto, liberam acetilcolina que se liga aos neurônios pós-ganglionares, e a maioria dos neurônios pós-ganglionares também é colinérgica. Os órgãos efetores possuem receptores muscarínicos e não nicotínicos. Para isso, quando há a liberação pelos neurônios pré-ganglionares são ativados os receptores nicotínicos, já a acetilcolina liberada pelos neurônios pós-ganglionares ativa os receptores muscarínicos.
// FUNÇÕES SIMPÁTICAS E PARASSIMPÁTICAS
Embora os sistemas simpático e parassimpático possuam funções distintas, é necessária a ação dos dois para o controle das funções orgânicas do corpo. Assim, as funções das vísceras e glândulas são controladas pelos dois sistemas de forma recíproca, dependendo da situação e estímulos que eles recebem. A diferença entre os dois sistemas está basicamente na origem dos sistemas, sendo que o sistema parassimpático está localizado na região craniossacra e o sistema simpático se localiza na região toracolombar. As vias eferentes são compostas por dois neurônios que estão divididos por um gânglio periférico, denominado gânglio autônomo. A medula suprarrenal é um gânglio que possui funções especializadas com relação ao sistema simpático. Ela é responsável por secretar catecolaminas na circulação sanguínea.
Como as ações dos dois sistemas são inversas, eles se controlam de forma ativa, sendo que são coordenados pelos centros autônomos do tronco encefálico. As funções controladas por essa região podem ser a pressão arterial e a frequência cardíaca, por exemplo. Assim, o tronco encefálico modula a atividade dos dois sistemas de forma a promover um equilíbrio entre eles e manter a homeostase das funções vegetativas. Os dois sistemas respondem a receptores adrenérgicos e colinérgicos e estão acoplados às proteínas G, que são responsáveis por ativar ou inibir enzimas que controlam as ações fisiológicas.
SINTETIZANDO
O estudo da fisiologia do sistema nervoso permite compreender desde a filogênese, que é a evolução dos seres vivos com relação ao sistema nervoso, até a funcionalidade do sistema com relação aos outros. 
O sistema nervoso é o nosso sistema que recebe os estímulos, os processa e gera respostas de adaptação. 
A compreensão acerca da neurogênese nos faz entender como as estruturas são formadas no período embrionário, bem como a relação entre as estruturas do sistema. 
O estudo sobre como acontecem as transmissões nervosas, assim como dos potenciais elétricos que acontecem entre as estruturas do sistema, são importantes para a compreensão da propagação do estímulo e também das doenças que podem afetar essa transmissão. 
Por fim, o conhecimento sobre as funções vegetativas, que são as funções essenciais à vida,é importante para compreender como são reguladas as funções de forma autônoma, ou seja, inconscientes. 
Portanto, a partir dos conhecimentos abordados nessa unidade, é possível compreender boa parte da complexidade estrutural e funcional que envolve o sistema nervoso e suas ligações com os outros sistemas corporais nos mecanismos de homeostase.

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