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NEUROFISIOLOGIA – POS GRADUAÇÃO FAVENI 2021 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................4 2 INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO ..................................................5 2.1 Organização estrutural do sistema nervoso/ sistema nervoso – divisão anatômica 7 2.2 Sistema nervoso central.......................................................................7 2.3 Sistema nervoso periférico ...................................................................7 2.4 Sistema Nervoso – O tecido nervoso ...................................................9 2.5 Neurônios ...........................................................................................11 3 TIPOS DE NEURÔNIOS...........................................................................13 4 TIPOS DE SINAPSE.................................................................................14 5 ESTRUTURA BÁSICA DE UM NEURÔNIO .............................................16 5.1 Classificação dos neurônios...............................................................17 6 FENÔMENOS FUNDAMENTAIS DA NEUROFISIOLOGIA......................19 6.1 Comunicar, adaptar, sustentar e compreender ..................................21 6.2 A transmissão de sinais......................................................................22 6.3 A plasticidade neural ..........................................................................22 6.4 A produção do líquor ..........................................................................22 6.5 O pensamento....................................................................................23 7 SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO ...........................................................23 8 NOÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO ONTOGENÉTICO E FILOGENÉTICO DO SISTEMA NERVOSO..............................................................26 8.1 Considerações sobre a evolução filogenética inicial do SNC.............29 8.2 Neurotransmissores ...........................................................................35 9 NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL.......................................................40 9.1 Plasticidade e Desenvolvimento.........................................................41 9.2 Mecanismo de recuperação funcional após lesões cerebrais ............42 3 9.3 Atividades motoras sobre a neuroplasticidade ...................................42 9.4 Plasticidade Cerebral .........................................................................43 9.5 Repetição da Atividade.......................................................................43 9.6 Fenômeno do “não-uso aprendido”....................................................44 9.7 Neuroplasticidade e Aprendizagem....................................................44 9.8 Processos envolvidos na aprendizagem ............................................46 10 DOENÇAS DEGENERATIVAS DO CÉREBRO.....................................52 10.1 Alzheimer ........................................................................................53 10.2 Parkinson ........................................................................................54 10.3 Huntington.......................................................................................54 10.4 Esclerose Múltipla ...........................................................................55 10.5 Acidente Vascular Cerebral (AVC)..................................................56 10.6 Epilepsia..........................................................................................56 10.7 Como prevenir as doenças neurodegenerativas?...........................57 10.8 Exercício físico: manter-se ativo .....................................................58 10.9 Exercitar a mente............................................................................58 10.10 Ser social ........................................................................................59 10.11 Perceção de autoestima e autoeficácia ..........................................59 10.12 Alimentação saudável.....................................................................59 10.13 Stress e sono ..................................................................................59 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................60 12 BIBLIOGRAFIA......................................................................................61 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO Fonte:portalsaofrancisco.com O sistema nervoso central (SNC) possui um envoltório, a MENINGE, com três folhetos membranosos (o externo, dura-máter, a aracnoide; e o mais interno, piamáter) e alguns espaços entre eles. Destes espaços, o peridural é utilizado em analgesias na região lombar, e o subaracnóide é o maior e preenchido por vasos, filamentos radiculares de nervos e líquido encéfalo raquiano (ou líquor). A dura-máter é mais fibrosa e forma grandes pregas na cavidade craniana (foice do cérebro, tenda do cerebelo, diafragma da sela túrsica) e canais venosos importantes na drenagem (seios da dura-máter). O maior dos seios da dura-máter é o seio sagital, superior, sagital e mediano próximo à calota. Porém na base maior é o seio cavernoso, acima de asa maior do osso esfenoide e atravessado pela artéria carótida interna e alguns nervos cranianos. O Líquor (LCR) tem sua circulação apenas no SNC, sendo produzido nas paredes dos quatro ventrículos encefálicos (plexos corióides) e absorvidos para corrente venosa em granulações da aracnoide para os sérios da dura-máter. Os ventrículos encefálicos são quatro e se comunicam entre si, sendo os dois primeiros chamados de laterais (VL), dentro de cada hemisfério cerebral do telencéfalo. O terceiro ventrículo encontra- se dentro do diencéfalo e o quarto ventrículo entre ponte, bulbo e cerebelo. 6 Este último se comunica com o espaço subracnóide, para circulação externa do líquor e com o terceiro ventrículo através do aqueduto cerebral mesencefálico. Ainda se estuda no SNC a sua estrutura interna, após vários tipos de seção (transversais, frontais, sagitais e oblíquas). A organização macroscópica pode ser vista pela visualização de SUBSTÂNCIA BRANCA (axônios mielinizados), SUBSTÂNCIA CINCEZENTA (corpos e dendritos) e a RETICULAR (intermediariária do tronco encefálico). O sistema nervoso é o que nos permite perceber e interagir com o nosso ambiente. O encéfalo regula a função voluntária e involuntária, permite-nos estar atentos e receptivos e possibilita que respondamos física e emocionalmente ao mundo. A função cerebral é o que nos torna a pessoa que somos. O sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso central (SNC), composto pelo encéfalo e pela medula espinal, e sistema nervoso periférico (SNP), composto de todos os nervos e seus componentes fora do SNC. Essas estruturas se integram com a função de permitir o ajuste do corpo humano aos meios interno e externo, ou seja, garantir a homeostase. Para exercerem tal função, ascélulas nervosas - os neurônios - contam com duas propriedades fundamentais: a irritabilidade, também denominada excitabilidade e a condutibilidade. Irritabilidade é a capacidade de permitir que uma célula responda a estímulos internos ou externos. Assim, irritabilidade é a propriedade que torna a célula apta a responder. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de um fio condutor. Uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de excitação, chamada de impulso nervoso, por toda a sua extensão em grande velocidade e em curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade. Os impulsos nervosos, que nada mais são que informações, frequentemente se originam no interior das células nervosas, como resultado de atividades de estruturas sensitivas, os receptores. Estes são ativados por mudanças nos meios interno e externo do corpo celular, os estímulos, que se iniciam nas células nervosas sensitivas e são transportados por essas células até a medula espinhal e o encéfalo (Biomédica. Doutora em Ciências Médicas, área de concentração Neurociências pela Universidade Estadual de Campinas. Professora do departamento de anatomia da Universidade Federal do Paraná. 2007 apud Veronez D. 2010). 7 As informações recebidas podem ser distribuídas para várias regiões do corpo, onde células nervosas motoras são estimuladas e novos impulsos nervosos são gerados. Estes são, então, encaminhados a estruturas efetuadoras, tais como células musculares e secretoras endócrinas. O sistema nervoso, além de responder a estímulos do meio (quer seja interno ou externo), também possui a capacidade de integrar e armazenar informações recebidas. 2.1 Organização estrutural do sistema nervoso/ sistema nervoso – divisão anatômica O sistema nervoso pode ser dividido em duas partes: Sistema nervoso central (SNC); Sistema nervoso periférico (SNP) 2.2 Sistema nervoso central O sistema nervoso central é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal, que estão contidos dentro da cavidade craniana e do canal da coluna vertebral, respectivamente. Ele funciona como um sistema controlador e integrador do SN, recebendo impulsos sensitivos do SNP e formulando respostas para estes impulsos. 2.3 Sistema nervoso periférico O sistema nervoso periférico é constituído, estruturalmente, pelos nervos, que conectam as estruturas corporais e seus receptores com o SNC, e pelos gânglios, que são grupos de corpos de células nervosas associadas aos nervos. Inclui 12 pares de nervos cranianos, que se originam do cérebro e do tronco encefálico, e 31 pares de nervos espinhais, que têm origem na medula espinhal, deixando o canal vertebral através dos forames intervertebrais. Os pares dos nervos espinhais incluem: Oito nervos cervicais; Doze nervos torácicos; Cinco nervos lombares; 8 Cinco nervos sacrais; Um nervo coccígeo Pode ser dividido, funcionalmente, em um componente aferente (sensitivo) e um eferente (motor). Componente aferente possui células nervosas sensitivas somáticas e células nervosas sensitivas viscerais. As primeiras levam informações de receptores localizados na pele, na fáscia e em torno das articulações ao SNC; as demais levam impulsos das vísceras para o SNC. Componente eferente dividido em sistema nervoso somático (SNS) e sistema nervoso autônomo (SNA). O SNS é conhecido também como sistema nervoso voluntário porque sua função motora é controlada conscientemente. Ele possui células nervosas motoras somáticas que levam impulsos do SNC aos músculos estriados esqueléticos. O SNA, também conhecido como sistema nervoso involuntário, é composto por células nervosas motoras viscerais que transmitem impulsos para a musculatura lisa e para o músculo cardíaco, por exemplo. O SNA pode ser divido, funcionalmente, em sistema nervoso autônomo simpático (SNAS) e sistema nervoso autônomo parassimpático (SNAP). Fonte:descomplica.com.br 9 Bilhões de células nervosas (neurônios), captam informações do interior e exterior: SNC: cavidades –craniana e coluna vertebral. SNP: as fibras nervosas agrupam-se em feixes, dando origem aos nervos. Nervos fazem a união do SNC com os órgãos periféricos. Se a união se faz no encéfalo = nervos cranianos, se ocorre na medula nervos espinhais. 2.4 Sistema Nervoso – O tecido nervoso Fonte:www.infoescola.com O tecido nervoso é composto por dois tipos de célula: Neurônios Neuroglias ou glias. As células do sistema nervoso são a base construtora para as complexas funções que ele desempenha. Mais de 100 milhões de neurônios preenchem o sistema nervoso humano. Cada neurônio tem contato com mais de mil outros neurônios. 10 Os contatos neuronais são organizados em circuitos ou redes que se comunicam para o processamento de todas as informações conscientes e inconscientes do encéfalo e da medula espinal. A segunda população de células, as chamadas células gliais, tem a função de apoiar e proteger os neurônios. As células gliais, ou glia, têm processos mais curtos e são mais numerosas que os neurônios, em uma proporção de 10:1. A função da glia vai além de um simples papel de apoio. O tecido nervoso é composto principalmente por: neurônios, células geralmente com longos prolongamentos, e vários tipos de células da glia ou neuroglias, que sustentam os neurônios e participam de outras funções importantes. (J. Histologia Básica. 11ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008 apud Junqueira, l.c.u. & carneiro; 2008). Fonte:pt.slideshare.net As células gliais também participam da atividade neuronal, formam um reservatório de células-tronco no interior do sistema nervoso e propiciam a resposta imunológica a inflamações e lesões. 11 2.5 Neurônios Os neurônios são as células excitáveis do sistema nervoso. Os sinais são propagados por meio de potenciais de ação, ou impulsos elétricos, ao longo da superfície neuronal. Os neurônios comunicam-se uns com os outros por sinapses, formando redes funcionais para o processamento e armazenamento das informações. Uma sinapse tem três componentes: o terminal axonal de uma célula, o dendrito da célula receptora e um processo de célula glial. A fenda sináptica é o espaço entre esses componentes. Organização funcional dos neurônios: Há muitos tipos de neurônios no interior do sistema nervoso, mas todos têm componentes estruturais que lhes permitem processar a informação. Todos os neurônios têm um corpo celular, ou soma (também chamado de pericário), que contém o núcleo da célula, onde são produzidos todos os hormônios, as proteínas e os neurotransmissores. Um halo de retículo endoplasmático (RE) pode ser encontrado ao redor do núcleo, atestando a alta taxa metabólica dos neurônios. Esse RE colore-se intensamente de azul na coloração de Nissl e é comumente chamado de substância de Nissl. Moléculas produzidas na soma são transportadas para as sinapses periféricas por uma rede de micro túbulos. Fonte:colegiovascodagama.pt 12 O transporte do pericário ao longo do axônio até a sinapse é denominado transporte anterógrado, pelo qual são transportados os neurotransmissores necessários à sinapse. O transporte ao longo do micro túbulos também pode se dar do terminal sináptico ao pericário, o que se chama de transporte retrógrado. Ele é essencial para o vaivém dos fatores tróficos, em especial a neurotrofina do neurônioalvo na periferia para o soma. Os neurônios dependem das substâncias tróficas fornecidas por seus alvos periféricos para a sobrevivência. É uma espécie de mecanismo de retroalimentação que informa ao neurônio que ele está inervando um “alvo vivo”. Alguns vírus que infectam neurônios, como o do herpes, também aproveitam esse mecanismo de transporte retrógrado. Depois que são apanhados pela terminação nervosa, são levados por transporte retrógrado ao pericário, onde podem permanecer dormente até serem ativados. O input sináptico para um neurônio ocorre principalmente nos dendritos. Nesse local, as pequenasespinhas dendríticas são saliências onde ocorrem os contatos sinápticos com os axônios. Fonte:saude.hsw.uol.com.br As densidades pós-sinápticas nas espinhas dendríticas servem como o andaime que mantém e organiza os receptores de neurotransmissores e os canais de íons. Além disso, cada neurônio tem um axônio, cujas terminações fazem contatos sinápticos com outros neurônios. 13 Esses processos cilíndricos surgem de uma área especializada chamada cone axonal ou segmento inicial e podem estar envoltos por uma camada protetora chamada mielina. O cone axonal de um axônio é o local onde se somam todos os inputs de um neurônio, tanto excitatórios quanto inibitórios, e onde se toma a decisão de propagar um potencial de ação para a próxima sinapse. Quando a terminação do axónio de um neurónio estabelece ligações com as dendrites ou corpo celular de um outro neurónio, as membranas modificamse e formam uma sinapse, que permite que o impulso nervoso seja conduzido de um neurónio para o seguinte. Quando o impulso nervoso chega à terminação do axónio que forma uma sinapse libertam-se neurotransmissores a partir da membrana pré-sináptica que atravessam a fenda sináptica e se ligam aos receptores da membrana pós-sináptica do neurónio seguinte. (Revista de Ciência Elementar, 1(01):0006 apud; Moreira, C.2013). 3 TIPOS DE NEURÔNIOS Existem diversos tipos de neurônios no SNC. Podem ser classificados de acordo com seu tamanho, sua morfologia ou conforme os neurotransmissores que utilizam. Fonte:brasilescola.uol.com.br Neurônios multipolares: Tipo mais abundante no sistema nervoso central; são encontrados no encéfalo e na medula espinal. Os dendritos ramificam-se diretamente do corpo celular, e um axônio único surge a partir do cone axonal. 14 Neurônios pseudounipolares: Os neurônios pseudounipolares são encontrados sobretudo nos gânglios espinais. Apresentam um ramo periférico do axônio que recebe a informação sensorial da periferia e a envia para a medula espinal, sem passar pelo corpo celular. Os neurônios pseudounipolares retransmitem a informação sensorial de um receptor periférico ao SNC sem modificar o sinal. Contudo, os neurônios bipolares na retina e no epitélio olfatório integram múltiplos inputs e, em seguida, passam essa informação modificada para o neurônio seguinte na cadeia. Neurônios bipolares: Os neurônios bipolares são encontrados principalmente na retina e no epitélio olfatório. Apresentam um único dendrito principal, o qual recebe o input sináptico, que, por sua vez, é transportado para o corpo da célula e daí para a camada de células seguinte, via axônio. A diferença entre um neurônio pseudounipolar e um bipolar é a quantidade de processamento que ocorre em cada um deles. Neurônios unipolares: possuem um corpo celular e um axônio. Não são muito frequentes e constituem, por exemplo, as células sensoriais da retina e mucosa olfatória. Os axônios normalmente são únicos, com ramificações geralmente em sua extremidade. Esse prolongamento pode atingir até 1 metro de comprimento e está relacionado com a transmissão do impulso nervoso (prolongamento eferente). Na maior parte dos casos, essa estrutura está envolta por uma bainha de mielina, que é formada por oligodendrócitos ou células de Schwann. Essa estrutura não é contínua por todo o axônio, ocorrendo áreas sem mielina, que são denominadas de nódulo de Ranvier (Brasil escola. Uol. 2018 apud; Vanessa dos santos 2010). 4 TIPOS DE SINAPSE Uma sinapse é o contato entre duas células neuronais. Os potenciais de ação codificam a informação, que é processada no sistema nervoso central; e é por meio das sinapses que essa informação é transmitida de um neurônio para outro. 15 Fonte:pt.slideshare.net Sinapses axodendríticas: Os contatos sinápticos mais comuns no SNC ocorrem entre um axônio e um dendrito, as chamadas sinapses axodendríticas. A árvore dendrítica de um dado neurônio multipolar receberá milhares de inputs de sinapses axodendríticas, o que fará com que esse neurônio alcance o limiar e gere um sinal elétrico, ou potencial de ação. A arquitetura da árvore dendrítica é um fator-chave no cálculo da convergência de sinais elétricos no tempo e no espaço (chamado de somação temporoespacial). Sinapses axossomáticas: Um axônio também pode contatar outro neurônio diretamente na soma da célula, o que é chamado de sinapse axossomática. Esse tipo de sinapse é muito menos comum no sistema nervoso central e é um poderoso sinal muito mais próximo do cone axonal, no qual um novo potencial de ação pode se originar. Sinapses axoaxônicas: Quando um axônio contata outro, ocorre a chamada sinapse axoaxônica. Essas sinapses muitas vezes acontecem no cone axonal ou próximo a ele, onde podem causar efeitos muito poderosos, inclusive produzir um potencial de ação ou inibir um que, de outra forma, teria sido desencadeado. 16 5 ESTRUTURA BÁSICA DE UM NEURÔNIO Fonte:nossabio.blogspot.com.br Corpo celular, pericário ou soma - representa o centro trófico da célula, capaz de receber estímulos. Axônio - essa projeção da célula, longa e semelhante a um cabo, transporta a mensagem eletroquímica (impulso nervoso ou potencial de ação) pela extensão da célula; dependendo do tipo do neurônio, os axônios podem ser cobertos por uma fina camada de substância lipídica, conhecida como bainha de mielina, como um fio elétrico com isolamento. A mielina é feita de gordura e ajuda a acelerar a transmissão de um impulso nervoso através de um axônio longo. Os neurônios com mielina costumam ser encontrados nos nervos periféricos (neurônios sensoriais e motores), ao passo que os neurônios sem mielina são encontrados no cérebro e na medula espinhal. Dendritos ou terminações nervosas - essas projeções pequenas e semelhantes a galhos realizam as conexões com outras células e permitem que o neurônio se comunique com outras células ou perceba o ambiente a seu redor. Os dendritos podem se localizar em uma ou nas duas terminações da célula. Nódulo de Ranvier - é o espaçamento isento de bainha de mielina no axônio. Tal espaçamento permite a chamada condução saltatória e consequentemente um impulso nervoso mais rápido. O núcleo de um neurônio é circundado por citoplasma e, na maioria dos neurônios, é esférico, grande e pálido, isso porque 17 seus cromossomos encontram-se desespiralizados, indicando o metabolismo elevado destas células. Normalmente os neurônios possuem um só núcleo, porém nos gânglios sensitivos e simpáticos, são binucleados, (Infoescola; 2018 apud Levada, Miriam M. O., Fieri, Walcir J. e Pivesso, Mara Sandra G. Apontamentos Teóricos de Citologia, Histologia e Embriologia, São Paulo: Catálise Editora, 1996). 5.1 Classificação dos neurônios Segundo a função: como explicado na parte de sistema nervoso periférico, os neurônios se dividem em: Aferente: recebe as informações da pele ou outros órgãos sensoriais e leva para o SNC. Eferente: traz informações do SNC para os músculos e glândulas. Interneurônios: recebem as informações dos neurônios aferentes e se comunicam entre si com os neurônios motores. Segundo a estrutura: Com base em como os neurônios são estruturados, eles podem se dividir em: Unipolar: apresenta um único processo (axônio). São raros, exceto no embrião. Bipolar: apresentam dois processos (um axônio e um dendrito). Encontrado na retina e no epitélio olfatório. Multipolar: formado por axônio e vários dendritos (a maioria, encontrado no SNC). Pseudounipolar: Apresenta um único processo que se divide em dois. Uma parte vai para a periferia e a outra para o SNC. Neuroglias ou glias: As neuroglias são células não neuronais que fazem parte do sistema nervoso e tem um papel importante para o funcionamento do sistema nervoso. Elas são suportes para os neurônios e a sua ausência prejudica na transferência de impulsos entre os neurônios. Embora menores em tamanho que os neurônios a sua proporção populacional é bem maior. 18 Fonte:nadhayogi.blogspot.com.br Cada neurôniotem pelo menos 10 glias auxiliando. Longe de ser apenas a “cola de neurônios”, sabemos agora que as células gliais são um componente essencial da função do SNC. As oligodendroglias e as células de Schwann ajudam a dispor a bainha de mielina em torno dos axônios no SNC e SNP, respectivamente. Os astrócitos estão envolvidos na homeostase de íons e nas funções nutritivas. A glia também tem funções únicas de sinalização e modificação de sinal. As células NG2 (polidendrócitos) são outro tipo de célula glial que constitui a reserva de células tronco do SNC, com a capacidade de gerar tanto células gliais quanto neurônios novos. Por fim, as microglias são as células imunológicas do encéfalo, porque a barreira hematencefálica separa o encéfalo das células imunes do sangue. 19 6 FENÔMENOS FUNDAMENTAIS DA NEUROFISIOLOGIA Fonte:blog.doctuo.net A neurofisiologia é amplamente definida como o estudo da função do sistema nervoso. Neste campo, os cientistas investigam os sistemas nervoso central e periférico ao nível de órgãos inteiros, redes celulares, células isoladas ou até mesmo compartimentos subcelulares. Uma característica unificadora dessa ampla disciplina é o interesse pelos mecanismos que levam à geração e propagação de impulsos elétricos dentro e entre os neurônios. Este assunto é importante não só para a nossa compreensão dos fascinantes processos que impulsionam o pensamento humano, mas também para a nossa capacidade de diagnosticar e tratar distúrbios relacionados ao mau funcionamento do sistema nervoso. A neurofisiologia ou o teste eletrodiagnóstico referem-se a investigações especializadas utilizadas no diagnóstico e prognóstico de distúrbios do sistema nervoso periférico. Existem duas técnicas principais: Estudo de condução de nervos; Eletromiograma; Objetivos da realização de neurofisiologia Para localizar uma lesão nervosa; 20 Caracterizar a natureza de uma lesão nervosa; Quantificar o grau ou extensão de uma lesão nervosa; Para prognosticar o resultado provável de uma lesão nervosa; Classificação Vários sistemas de classificação foram desenvolvidos para avaliar a gravidade de uma lesão nervosa. As funções de uma classificação são: Para facilitar a comunicação entre os profissionais de saúde; Para facilitar a pesquisa; Para guiar o prognóstico. Pode parecer um pouco complicado, mas o importante conceito a ser entendido é que uma lesão nervosa pode ser leve ou grave e também pode haver uma mistura de gravidade em uma única lesão. A neurofisiologia é uma especialidade médica que se concentra na relação entre o cérebro e o sistema nervoso periférico. Como o próprio nome indica, a neurofisiologia é, em muitos aspectos, uma fusão da neurologia, que é o estudo do cérebro humano e de suas funções, e a fisiologia, que é o estudo da soma das partes do corpo e como elas se interrelacionam. Os neurofisiologistas examinam as muitas maneiras pelas quais as atividades do cérebro impactam as atividades do sistema nervoso. Grande parte do trabalho do campo é investigativo, com médicos buscando entender as origens e os melhores tratamentos para uma variedade de distúrbios neurológicos. Existem duas partes no sistema nervoso humano: o sistema nervoso central, que é o cérebro e a medula espinhal, e o sistema nervoso periférico, que é a rede de nervos que se estende por todo o corpo. Os nervos são responsáveis pela sensibilidade, mas também pela saúde e controle muscular. Neurofisiologia examina a relação entre os dois sistemas em causar doenças degenerativas como esclerose múltipla e doença de Parkinson, bem como distúrbios neurológicos, como epilepsia. Todas as partes do corpo são controladas no cérebro, mas o cérebro, como parte do sistema nervoso, desempenha um papel único no controle dos nervos. 21 A neurofisiologia tenta conectar o papel do cérebro como controlador do sistema nervoso com seu papel como membro do sistema nervoso para entender melhor como os problemas do sistema nervoso acontecem e por quê. Os médicos da área usam ferramentas e testes como o eletroencefalograma e a eletromiografia para estudar as maneiras pelas quais os nervos afetados se comunicam com o cérebro. Eles usam esses dados para avaliar o funcionamento geral do sistema nervoso como um todo e identificar as raízes de falhas e problemas. Os neurofisiologistas geralmente não tratam as condições diretamente. A maioria dos neurofisiologistas são neurofisiologistas clínicos, o que significa que eles trabalham principalmente com diagnósticos. Seu papel é exploratório e investigativo. Eles trabalham ao lado de neurologistas, neurobiologistas e médicos gerais para identificar e gerenciar as condições neurológicas de um paciente, (Portal são Francisco; apud 2018). Neurofisiologistas clínicos trabalham como especialistas e geralmente só levam os pacientes em encaminhamento de outros profissionais. Na maioria das vezes, eles transmitem suas descobertas aos praticantes, que administram os tratamentos necessários. Os neurofisiologistas podem rever os pacientes para avaliações de como os tratamentos estão funcionando, mas eles raramente agem como cuidadores primários. O sucesso na prática da neurofisiologia requer um conhecimento abrangente não apenas da ciência cognitiva do cérebro e do sistema nervoso, mas também de muitas outras disciplinas médicas relacionadas. As pesquisas que os neurofisiologistas realizam cruzam muitas especialidades e exigem uma compreensão de como todos os elementos do corpo se unem e interagem. A neurofisiologia é geralmente considerada uma especialidade médica de elite e exclusiva. 6.1 Comunicar, adaptar, sustentar e compreender Mais representativos da funcionalidade do sistema nervoso, os fenômenos mentais, psíquicos ou neurológicos, se preferir, ocorrem como parte de sua fisiologia natural. Desde a produção do líquor, ao fenômeno da excitabilidade neuronal propriamente dito, o pensamento, a plasticidade neural, as emoções, como raiva, medo, agressividade e afetividade, os fenômenos cognitivos, os vários aspectos do comportamento, como um músculo do corpo que se contrai respeitando uma 22 ordem do pensamento. Os fenômenos neurológicos são inúmeros e quatro deles, fundamentais, serão apresentados. 6.2 A transmissão de sinais Quando um neurônio recebe um estímulo, se este é “forte” o suficiente, produzirá um impulso nervoso. O impulso nervoso corresponde a uma corrente elétrica que percorre o axônio até os botões sinápticos. O impulso nervoso precisa encontrar a membrana numa condição denominada potencial de repouso (-70 mV); uma vez iniciado, se auto propagará. Os potenciais capazes de gerar tal transmissão de sinal são denominados potenciais de ação (> 15 mV). Os sinais elétricos que percorrem neurônios, sinapses, órgãos receptores e efetores constituem a base da comunicação, em todas as suas instâncias. 6.3 A plasticidade neural Esta é definida como a capacidade que o sistema nervoso tem de mudar em resposta às exigências do ambiente em que se encontra. É um fenômeno que depende de mudanças micro estruturais nos próprios neurônios, morfológicas e fisiológicas. O termo também pode ser definido, quando ocorre nas sinapses, de plasticidade sináptica. Especialmente as sinapses ao sofrerem o fenômeno plástico, ou ficam “fortalecidas”, reforçadas pelo fenômeno de potenciação, ou se desfazem pela retração e protrusão dendríticas. Sem a plasticidade neural, não aprendemos, simplesmente não nos adaptamos. 6.4 A produção do líquor O liquor sustenta e protege o cérebro contra eventuais choques mecânicos. Além disso, também desempenha um papel imunológico, servindo como veículo para nutrientes e agentes de defesa contra infecções. O liquor é produzido pelo plexo coroide e, após circular pelo interior do cérebro, é absorvido pelo sistema de drenagem venoso. Cerca de 100-150 Ml são produzidos diariamente. Durante séculos se acreditou que o sistema ventricular era onde a alma estava alojada. O estudo do 23 sistema ventricular e da neurofisiologiado liquor, tão importante para o sistema nervoso central, prova que a absorção de impactos e a proteção são básicas para qualquer processo, por mais complexo que ele seja. 6.5 O pensamento Segundo Jolivet, o pensamento é a capacidade que tem o ser de, através de três operações mentais distintas, a formação de ideias, o juízo sobre as relações de conveniência entre essas ideias e o raciocínio, que estabelece relações entre os juízos, compreender o significado das coisas concretas e das abstrações, bem como das relações que elas guardam entre si. Filosofias à parte, é através do pensamento que o ser humano dá conta de sua existência e do seu papel social. 7 SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO Fonte:saude.culturamix.com O sistema nervoso somático é uma pequena parte do sistema nervoso. O sistema somático basicamente é composto pelos nervos e neurônios, que atuam 24 como receptores das ordens enviadas pelo cérebro e transmitidas pela medula, realizando todas as atividades chamadas voluntárias pelo sistema nervoso, como mexer os braços ou pernas, piscar os olhos, dentre outras que realizamos conscientemente. As ações promovidas pelos cinco sentidos (audição, visão, olfato, paladar e tato) também são decorrentes do sistema nervoso somático. Para realizar suas funções corretamente, o sistema nervoso somático divide as áreas do cérebro em dois grandes grupos, com o intuito de organizar as funções do sistema, sendo denominados aferente e eferente. O componente aferente do sistema nervoso somático tem a função de enviar informações ao sistema nervoso central sobre o ambiente em torno da pessoa, usando principalmente os cinco sentidos para esta tarefa. Já o componente eferente cuida dos movimentos voluntários do ser humano, recebe as ordens do cérebro por meio dos neurônios e estimula os músculos e ossos para realizar os movimentos. Fonte: slideplayer.com.br Os dois grupos do sistema nervoso somático também fazem relação com outra parte do sistema nervoso, o visceral. Este sistema em particular faz o controle e intervenção nas vísceras, que por sua vez controlam as ações de boa parte dos órgãos internos. 25 No componente aferente, o sistema nervoso visceral conduz os impulsos enviados das vísceras até áreas específicas do sistema nervoso, enquanto o componente eferente realiza o caminho oposto. Esta função, em especial do componente eferente, o classifica como sistema nervoso autônomo, o que cuida das ações involuntárias do organismo, como o funcionamento dos órgãos internos e o controle emocional. Com o sistema nervoso somático é possível o indivíduo realizar todo o tipo de contato com o ambiente. Através dos sentidos, o ser humano consegue captar todas as informações que precisa para manter o bom funcionamento do corpo. Além dos sentidos, é possível perceber através do sistema somático a temperatura e a pressão arterial quando estas apresentam sinais impróprios, alertando todo o organismo de que há alguma coisa errada. Até mesmo em problemas relacionados ao sistema nervoso autônomo, como a respiração, batimentos cardíacos e outras funções, é possível reparar as alterações pelo sistema somático, sendo que a pessoa interpreta da maneira mais cabível aos seus conhecimentos. Fonte: slideplayer.com.br Não há doenças conhecidas que afetem diretamente o sistema nervoso somático. Existem, contudo, doenças que afetam todo o sistema nervoso, como a Leucemia e o Alzheimer, cujos tratamentos são complicados, com pouca ou nenhuma chance de cura. 26 Talvez o único mal que afete diretamente o sistema nervoso somático seja o desmaio, em que a vítima perde o controle de todos os sentidos, mas isto decorre de outros problemas, como falta de alimentação e queda brusca na pressão arterial. 8 NOÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO ONTOGENÉTICO E FILOGENÉTICO DO SISTEMA NERVOSO Fonte: www.youtube.com Para Sarnat, do ponto de vista anatômico, há três maneiras básicas de se estudar o sistema nervoso central (SNC). A primeira consiste em estudar a simples disposição espacial das suas estruturas já desenvolvidas, campo de estudo denominado neuroanatomia; a segunda, em estudar o seu desenvolvimento ontogenético; e a terceira, em estudar o seu desenvolvimento filogenético- ocorrido ao longo da chamada evolução das espécies, o que é feito principalmente através da paleontologia e da anatomia comparada. Para a discussão de considerações de ordem anatômica pertinentes a questões comportamentais, paralelamente às relevantes contribuições experimentais em animais e às observações clínicas em seres humanos, a análise dos conhecimentos existentes sobre a evolução filogenética das estruturas nervosas nos parece ser particularmente útil, uma vez que ela nos possibilita fazer especulações 27 sobre o aparecimento, o desenvolvimento e o embricamento dessas estruturas e as possíveis características e comportamentos dos seus respectivos elementos evolutivos. Ao propiciar uma visão progressiva das complexidades nervosa e comportamental ao longo da evolução, a análise filogenética também acarreta, a cada passo, questionamentos sobre a própria conceituação de termos como consciência e psiquismo, entre outros, principalmente por propiciar especulações sobre os possíveis paralelos comportamentais existentes entre as diferentes espécies e o próprio ser humano. Fonte: portal2013br.wordpress.com Em relação ao processo evolutivo, é importante lembrar que este diz respeito a mudanças que ocorreram por força de fatores principalmente ambientais que influenciaram todos os seres vivos, e não através de simples adições terminais de novas estruturas. Os processos evolutivos têm como principais denominadores comuns a adaptação, a expansão da diversidade e o aumento da complexidade. Do ponto de vista evolutivo, o que nós, seres humanos, temos em comum com outros animais é apenas o fato de que nos originamos de elementos ancestrais 28 comuns hoje extintos e que deram origem a diferentes espécies que, por sua vez, sofreram as suas próprias evoluções. Enquanto, por exemplo, os vertebrados mais primitivos não possuíam qualquer córtex, hoje mesmo os animais menos complexos apresentam algum manto cortical, uma vez que eles também são produtos de uma longa evolução; portanto, o que mais distingue o cérebro humano não é a simples existência da nossa chamada camada neocortical, mas sim a sua dimensão e, principalmente, a sua organização. Fonte: todamateria.com.br Ao longo de milhões de anos, o SNC dos vertebrados se desenvolveu até atingir a complexidade do SNC humano, e é particularmente interessante e intrigante como o desenvolvimento embrionário e fetal do SNC humano refaz grosseiramente este mesmo curso, conforme será discutido adiante. As maiores dificuldades dos estudos filogenéticos evidentemente se devem à escassez de informações sobre os elementos já extintos, ao longo tempo necessário para observação de quaisquer mudanças evolutivas naturais ou experimentais e à veracidade das inferências sugeridas pelos estudos de anatomia comparada. O 29 desenvolvimento de técnicas de sequenciamento do DNA seguramente propiciará avanços neste campo, dadas as suas possibilidades de comparar genomas de diferentes espécies e mesmo de espécies extintas. 8.1 Considerações sobre a evolução filogenética inicial do SNC Fonte: profaerica-ciencias.blogspot.com.br O nível de organização a seguir atingido pelas chamadas células eucarióticas as tornou capazes de se dividir e se reproduzir; a ocorrência de mecanismos de simbiose fez surgir os primeiros organismos multicelulares há cerca de 700 milhões de anos. Esses organismos logo invadiram o meio marinho, onde encontraram condições mais estáveis para a sua evolução, vindo a dar origem a peixes primitivos com esqueletos mineralizados há aproximadamente 570 milhões de anos. Desde os seres vivos mais primitivos, a principal função do sistema nervoso é propiciar a adaptação ao meio ambiente e, para tanto, se fazem necessárias três propriedades importantes: irritabilidade,condutibilidade e contratilidade. Assim, um ser unicelular, como uma ameba, ao ser estimulado, afasta-se de onde foi tocado, evidenciando que o sistema nervoso nestes seres vivos corresponde às próprias estruturas da sua superfície. 30 Com a evolução dos seres vivos, as suas funções evidentemente foram se tornando mais complexas, surgindo células especializadas para cada função e desenvolvendo-se uma orquestrada coordenação entre o controle da vida de relação com o meio externo e o próprio controle da economia interna destes organismos. Nas esponjas, os receptores de superfície passaram a transformar os diferentes estímulos físicos e químicos em impulsos nervosos, como verdadeiros órgãos de sensibilidade, e os músculos e glândulas se desenvolveram como órgãos efetores. Nos metazoários mais diferenciados, as células musculares passaram a se localizar mais profundamente e, nas suas superfícies, as células se diferenciaram para discriminar os diferentes estímulos do meio ambiente. Nos celenterados, as células especializadas em irritabilidade e condutibilidade passaram a se caracterizar como células nervosas propriamente ditas. Nas anêmonas do mar já existem células nervosas unipolares com prolongamentos que fazem contato com as células musculares situadas profundamente. Admite-se, assim, que redes de neurônios propriamente ditos tenham surgido há cerca de 700 milhões de anos em seres marinhos ainda invertebrados. Paralelamente ao aprofundamento dos músculos e ao desenvolvimento de diferentes receptores sensitivos, nos platelmintos e anelídios o sistema de coordenação, antes difuso, passa também a se agrupar, caracterizando a centralização do sistema nervoso. Esta centralização aparentemente foi consequente às forças da seleção natural, dada a maior vulnerabilidade das estruturas superficiais e a necessidade de coordenação de respostas mais complexas. Nos anelídeos, além do neurônio sensitivo, já se encontram desenvolvidos neurônios eferentes, cujos axônios se ligam ao músculo e desencadeiam a resposta motora. A conexão do neurônio sensitivo como o neurônio motor se faz através de sinapse, caracterizando-se, assim, os elementos básicos de um arco reflexo simples, segmentar. O elemento mais simples que possui um sistema nervoso básico, porém completo, é a hidra. Ao contrário das esponjas, que são seres vivos que não se movimentam, a hidra já se locomove. O seu corpo é constituído por uma camada externa (ectoderma) principalmente sensitiva, por uma camada interna (endoderma) responsável pelos processos de digestão e de eliminação de detritos alimentares e por uma fina camada intermediária (mesoderma). 31 Fonte: blogdabiossintese.blogspot.com.br Em seguida evolutivamente, apareceram os neurônios de associação, que passaram a viabilizar a interação de um segmento com outro: o axônio do neurônio sensitivo passou a fazer sinapse com o neurônio de associação que, por sua vez, ao fazer sinapse com o neurônio motor do segmento vizinho, viabilizou o arco reflexo intersegmentar. O conhecimento das conexões dos neurônios do sistema nervoso da minhoca, por exemplo, já nos permite entender algumas das conexões da medula espinhal dos vertebrados. A integração anatômica dos níveis segmentares e dos neurônios de associação intersegmentares passou a constituir a medula espinhal e, no seu topo, desenvolveram-se centros nervosos que controlam o funcionamento do corpo e as suas reações ao meio externo. Esses agrupamentos neuronais desenvolvidos no topo medular passaram a constituir os equivalentes dos futuros tronco encefálico e do hipotálamo e, em conjunto com a medula, compuseram o SNC mais básico e comum a todas as espécies e já existente nos primeiros animais vertebrados, que foram os peixes mais primitivos que surgiram há cerca de 400 milhões de anos. Agregados neuronais dispostos centralmente e ao longo das porções mais superiores do segmento correspondente ao tronco encefálico vieram constituir a chamada formação reticular, que nos elementos mais primitivos é, principalmente, responsável por regulações posturais através de influências retículo-espinais e pelo controle de funções orgânicas em conjunção com o hipotálamo. 32 Posteriormente, com o desenvolvimento de estruturas nervosas mais superiores, a formação reticular veio a ser também responsável pelo ciclo sono-vigília e por mecanismos relacionados com a atenção por meio da atuação do chamado sistema reticular ativador ascendente. Fonte: pt.slideshare.net O conglomerado celular no hipotálamo provavelmente corresponde à porção filogeneticamente mais antiga do encéfalo e, desde os seus primórdios, exerceu o controle interno dos diferentes organismos através da sua atividade neurosecretória, sendo responsável pelo controle do metabolismo da água e eletrólitos, do termo regulação, do sistema nervoso autônomo, do apetite e pelo controle endócrino propriamente dito já nos vertebrados mais primitivos. Nestes, a proeminência hipotalâmica basal, denominada tuber cinereum, que abriga os neurônios cujos axônios constituem a haste hipofisária, constitui a maior parte do hipotálamo. Os elementos primordiais do cerebelo e dos tratos espinocerebelares também começam a se mostrar mais evidentes nos peixes primitivos, principalmente à medida que estes desenvolvem as suas musculaturas do tronco. O corpo constituído por estes conglomerados celulares cerebelares primitivos equivale ao vermis dos vertebrados mais evoluídos. Sobre esta constituição básica e fundamentalmente segmentar do SNC dos primeiros vertebrados, as forças evolutivas desencadearam a continuidade do desenvolvimento nervoso em função dos eventos a que estes elementos e os seus descendentes vieram a ser submetidos. Entre estes eventos, destacam-se a incursão 33 terrestre que estes seres marinhos vieram a efetuar e o ulterior desenvolvimento dos mamíferos que culminou com o surgimento dos primatas e do ser humano. A existência de relações entre a filogênese (evolução filogenética das espécies) e a ontogênese (evolução embriológica, fetal e pós-natal do ser humano) constitui uma questão já aventada e discutida desde os tempos da Grécia antiga. Entre os filósofos pré-socráticos, Anaximandro, Anaxímenes e Demócritus conceberam o cosmos como se desenvolvendo circundado por um envelope que lembra a membrana amniótica. Anaximandro e Empédocles chegaram a comparar os estágios da embriologia humana com etapas prévias do ciclo cósmico por eles imaginado. Fonte: educarparacrescer.abril.com.br Aristóteles (384-322 a.C.), considerado pai da anatomia comparada, ao classificar os animais o fez conforme um critério progressivo de "perfeição". Ele acreditava que, durante o seu desenvolvimento, o embrião humano incorporava "almas" também progressivamente mais diferenciadas, por ele denominadas "nutritiva, sensitiva e racional." No entanto, coube a Ernest Haeckel (1834-1919) formular o conhecido dito de que a "ontogenia recapitula a filogenia", ao afirmar, a partir dos seus estudos, que "a rápida e breve ontogenia é uma sinopse condensada da longa e lenta história da filogênese". Para Haeckel, cada etapa embriológica se caracterizaria como tendo características semelhantes ao produto adulto final de cada ancestral correspondente àquela etapa, e que teriam sido realocadas nos estágios iniciais do desenvolvimento ontogenético humano por forças decorrentes da evolução da sua linhagem. 34 Os chamados recapitulacionistas evolucionários que o seguiram se fundamentaram em dois mecanismos básicos para relacionar a evolução com a embriologia: A lei ou fenômeno de adição terminal, que explica as mudanças evolutivas como ocorrendo pela adição de novas etapas sobre o estágio final de cada respectivo ancestral; e A lei ou fenômeno de condensação, na qual os processos de desenvolvimento evolucionário ocorrem e são acelerados pelo deslocamento de características ancestrais para fases mais precoces do desenvolvimento embrionário dos respectivos descendentes.Entre os autores que se opuseram às hipóteses de Haeckel, destaca-se o embriologista e antropologista alemão Karl Ernest von Baer (1792-1876), que refutou a concepção de estágios embrionários caracterizados por particularidades ancestrais adultas e sugeriu que estas etapas equivaliam simplesmente a estágios precoces comuns à ontogenia de todos os vertebrados. Stephen Jay Gould (1941-2002), professor de Zoologia da Universidade de Harvard e grande evolucionista da atualidade, ao tratar das relações entre a filogênese e a ontogênese humana, admite que as mudanças evolutivas se expressam na ontogenia do homem e valoriza, em particular como mecanismo evolutivo, a importância da chamada heterocronia (ou variação temporal do aparecimento de características ontogenéticas) como determinante das mudanças filogenéticas. Portanto, para Gould, as mudanças de regulação dos genes por fim responsáveis pelas mutações evolutivas são, em grande parte, determinadas pelas mudanças dos momentos embriológicos de desenvolvimento de características comuns a ancestrais e descendente. 35 8.2 Neurotransmissores Fonte: psiqweb.net Os neurotransmissores são moléculas liberadas pelos neurônios présinápticos e são o meio de comunicação em uma sinapse química. Eles se ligam a receptores de neurotransmissores, podendo se acoplar a um canal iônico (receptores ionotrópicos) ou a um processo de sinalização intracelular (receptores metabotrópicos). Os neurotransmissores são específicos para o receptor em que se ligam e provocam uma resposta específica nos neurônios pós-sinápticos, resultando em um sinal excitatório ou inibitório. Os neurotransmissores são mensageiros químicos capazes de transmitir, modular e amplificar sinais (informação) entre neurónios e outras células do organismo como, por exemplo, células musculares (Sámano et al., 2012). Atualmente existem diversas classificações dos neurotransmissores, podendo ser divididos nas seguintes categorias (Purves et al., 2001): Monoaminas: Acetilcolina; Serotonina; Histamina. Catecolaminas Dopamina; 36 Adrenalina; Noradrenalina Aminoácidos Excitatórios: Glutamato; Aspartato Inibitórios GABA; Glicina Neuropéptidos Os neuropeptídios são definidos como pequenas proteínas, constituídas por cadeias de aminoácidos. As suas ações vão desde neurotransmissor até fator de crescimento; são hormonas no sistema endócrino e mensageiros secundários no sistema imunitário (Hökfelt et al., 2003). Glutamato: O glutamato é o neurotransmissor excitatório mais comum no SNC. Ele pode se ligar a receptores ionotrópicos de glutamato, que incluem os receptores NMDA (Nmetil-D-aspartato), receptores de AMPA (-amino-3-hidroxilo-5-metil-4-isoxazolepropionato) e receptores de cainato. Esses receptores são nomeados de acordo com os agonistas (além do glutamato) que se ligam especificamente a eles. Todos esses receptores causam um influxo de cátions (carga positiva) nos neurônios póssinápticos. O receptor de NMDA é um pouco diferente do AMPA e do cainato, pois seu poro é bloqueado por um íon Mg2, a menos que a membrana pós-sináptica seja despolarizada. Uma vez desbloqueado, o canal é permeável não só ao Na, mas também a grandes quantidades de Ca2. Um excesso de influxo de Ca2 pode resultar em uma cascata de eventos que pode levar à morte celular. O glutamato também pode se ligar a uma família de receptores metabotrópicos de glutamato (mGluRs), que iniciam a sinalização intracelular capaz de modular os canais iônicos pós-sinápticos indiretamente. Isso costuma aumentar a excitabilidade dos neurônios pós-sinápticos. O glutamato é sintetizado nos neurônios pelos precursores da glutamina, a qual é fornecida pelos astrócitos, que a produzem a partir do glutamato captado na fenda sináptica. 37 GABA e glicina: O ácido -aminobutírico (GABA) e a glicina são os neurotransmissores inibitórios mais importantes do SNC. Cerca de metade de todas as sinapses inibitórias na medula espinal utiliza glicina. A glicina se liga a um receptor ionotrópico, que permite o influxo de Cl. A maioria das outras sinapses inibitórias do SNC utiliza GABA. O GABA pode se ligar a receptores ionotrópicos GABA (GABAA e GABAC), que induzem um influxo de Cl quando ativados. Esse influxo leva a um acúmulo de carga negativa, que afasta o potencial de membrana de seu limiar (ou seja, o neurônio é inibido). O GABAB (receptor metabotrópico do GABA) ativa os canais de K e bloqueia os de Ca2, resultando em perda líquida da carga positiva, o que também conduz à hiperpolarização da célula pós-sináptica. O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório do SNC e estima-se que mais de metade das sinapses do cérebro liberta este neurotransmissor. O glutamato está envolvido nos processos de plasticidade sináptica e em funções neuronais como a aprendizagem e a memória (Danbolt, 2001; Willard e Koochekpour, 2013 apud Costa A; 2015). GABA e glicina: O ácido -aminobutírico (GABA) e a glicina são os neurotransmissores inibitórios mais importantes do SNC. Cerca de metade de todas as sinapses inibitórias na medula espinal utiliza glicina. A glicina se liga a um receptor ionotrópico, que permite o influxo de Cl. A maioria das outras sinapses inibitórias do SNC utiliza GABA. O GABA pode se ligar a receptores ionotrópicos GABA (GABAA e GABAC), que induzem um influxo de Cl quando ativados. Esse influxo leva a um acúmulo de carga negativa, que afasta o potencial de membrana de seu limiar (ou seja, o neurônio é inibido). O GABAB (receptor metabotrópico do GABA) ativa os canais de K e bloqueia os de Ca2, resultando em perda líquida da carga positiva, o que também conduz à hiperpolarização da célula pós-sináptica. Acetilcolina: A acetilcolina (ACh) é o neurotransmissor utilizado no SNP (gânglios do sistema motor visceral) e SNC (cérebro). Também é utilizado na junção neuromuscular (ver Capítulo 3, “Visão Geral do Sistema Nervoso Periférico”). Existem dois tipos de receptores de ACh: 38 Os receptores nicotínicos de ACh são receptores ionotrópicos e estão acoplados a um canal de cátion não seletivo; Os receptores muscarínicos de ACh compreendem uma família de receptores metabotrópicos ligada a vias mediadas pela proteína G. Não há mecanismo de recaptação de ACh pela fenda sináptica. Sua depuração depende da enzima acetilcolinesterase, que hidrolisa o neurotransmissor e o desativa. Aminas biogênicas: São um grupo de neurotransmissores com um grupo amina em sua estrutura. Compreendem as catecolaminas dopamina, noradrenalina e adrenalina, bem como a histamina e a serotonina. Fonte:psiquiatriageral.com.br Aminas biogênicas: São um grupo de neurotransmissores com um grupo amina em sua estrutura. Compreendem as catecolaminas dopamina, noradrenalina e adrenalina, bem como a histamina e a serotonina. Dopamina: A dopamina está envolvida em muitos circuitos do cérebro associados a emoções, motivação e recompensa. Atua em receptores acoplados à proteína G; sua ação pode ser tanto excitatória (via receptores D1) quanto inibitória (via receptores D2). Noradrenalina: A noradrenalina (também conhecida como norepinefrina) é um neurotransmissor essencial envolvido no estado de vigília e atenção. Atua nos 39 receptores metabotrópicos -adrenérgicos e -adrenérgicos, ambos excitatórios. A adrenalina (também conhecida como epinefrina) atua sobre os mesmos receptores, mas sua concentração no SNC é muito mais baixa que a de noradrenalina. Histamina: A histamina se liga a um receptor metabotrópico excitatório. No SNC, está envolvida na vigília. d. Serotonina: A serotonina pode ter tanto efeitos excitatórios quanto inibitórios. Está envolvida em uma infinidade de vias que regulam o humor, a emoção e várias vias homeostáticas. A maioria dos receptores de serotonina é do tipo metabotrópica. Existe apenas um receptor ionotrópico, que é um canal de cátions não seletivo, sendo, portanto, excitatório. ATP: O ATP é mais conhecido como a fonte de energia dentro das células. Contudo, é também liberadopelos neurônios pré-sinápticos como um neurotransmissor. Por ser muitas vezes liberado junto com outros neurotransmissores, é chamado de cotransmissor. Na fenda sináptica, o ATP pode ser quebrado em adenosina, uma purina que se liga e ativa os mesmos receptores que o ATP. Esses receptores purinérgicos podem ser tanto ionotrópicos (P2X) como metabotrópicos (P2Y). Os ionotrópicos são acoplados a canais catiônicos não específicos e são excitatórios, e os metabotrópicos agem em vias de sinalização acopladas à proteína G. O ATP e as purinas são neuromoduladores. Uma vez que são liberados junto com outros neurotransmissores, o grau de ativação do P2X ou P2Y modulará a resposta ao outro neurotransmissor secretado, aumentando sua ação ou inibindo-o. Neuropeptídeos: Os neuropeptídeos são um grupo de peptídeos envolvidos na neurotransmissão. Incluem as moléculas envolvidas na percepção e modulação da dor, como a substância P, as metencefalinas e os opióides. Outros neuropeptídeos estão envolvidos na resposta neural ao estresse, como o hormônio liberador da corticotrofina e o hormônio adrenocorticotrófico. 40 9 NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL Fonte: namu.com.br A neuroplasticidade refere-se à capacidade do sistema nervoso de alterar algumas das propriedades morfológicas e funcionais em resposta a alterações do ambiente, é a adaptação e reorganização da dinâmica do sistema nervoso frente às alterações. A plasticidade nervosa não ocorre apenas em processos patológicos, mas assume também funções extremamente importantes no funcionamento normal do indivíduo. Graças a esta capacidade é que, crianças que sofreram acidentes, às vezes gravíssimos, com perda de massa encefálica, déficits motores, visuais, de fala e audição, vão se recuperando gradativamente e podem chegar à idade adulta sem sequelas. Formas de plasticidade: Regenerativa: consiste no recrescimento dos axônios lesados. É mais comum no sistema nervoso periférico. Axônica: ou plasticidade ontogenética, ocorre de zero a 2 anos de idade, é a fase crítica, fundamental para desenvolvimento do SN. Sináptica: Capacidade de alterar a sinapse entre as células nervosas. Dendrítica: Alterações no número, no comprimento, na disposição espacial e na densidade das espinhas dendríticas, ocorrem principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento do indivíduo. 41 Somática: Capacidade de regular a proliferação ou morte de células nervosas. Somente o sistema nervoso embrionário é dotado dessa capacidade. 9.1 Plasticidade e Desenvolvimento Fonte: fisioterapiaalphaville.com O grau de plasticidade neural varia com a idade do indivíduo. Durante o desenvolvimento o sistema nervoso é mais plástico, principalmente as fases denominadas de períodos críticos que é mais susceptível a transformações. Ao nascimento os órgãos do sistema nervoso já estão praticamente formados anatomicamente, embora as sinapses não estejam estabelecidas. Ao nascimento os órgãos do sistema nervoso já estão praticamente formados anatomicamente, embora as sinapses não estejam estabelecidas. Daí a importância da maturação nervosa para a aprendizagem: aprender significa ativar sinapses normalmente não utilizadas. Mecanismo de recuperação funcional após lesões cerebrais: A lesão promove no SNC vários eventos simultâneos: Num primeiro momento, as células traumatizadas liberam seus aminoácidos e neurotransmissores, os quais, em alta concentração, tornam os neurônios mais excitados e mais vulneráveis à lesão. Neurônios muito excitados podem liberar o neurotransmissor glutamato, o qual alterará o equilíbrio do íon cálcio e induzira seu 42 influxo para o interior das células nervosas, ativando várias enzimas que são tóxicas e leva os neurônios à morte, o que é chamado de excitotoxicidade. Após o evento lesivo, ocorre também a ruptura de vasos sanguíneos e/ou isquemia cerebral, diminuindo os níveis de oxigênio e glicose, que são essenciais para a sobrevivência de todas as células. A falta de glicose gera insuficiência da célula nervosa em manter seu gradiente transmembrânico, permitindo a entrada de mais cálcio para dentro da célula, ocorrendo um efeito cascata. A lesão promove três situações distintas: uma em que o corpo celular do neurônio foi atingido e ocorre a morte do neurônio, sendo, neste caso, o processo irreversível; o corpo celular esta integro e seu axônio esta lesado ou o neurônio se encontra em um estágio de excitação diminuído. 9.2 Mecanismo de recuperação funcional após lesões cerebrais As variáveis que afetam a recuperação funcional são: localização de lesão; extensão e severidade do comprometimento neuropsicológico, etiologia e curso de progressão do processo patológico, idade de início, tempo transcorrido desde o início do quadro, variações na organização cerebral das funções, condições ambientais, estilo de vida, fatores agravantes internos ou externos. 9.3 Atividades motoras sobre a neuroplasticidade A reorganização neural é um objetivo preliminar da recuperação neural para facilitar a recuperação da função e pode ser influenciado pela experiência, comportamento, prática de tarefas em resposta as lesões cerebrais. Um consenso na literatura sobre a plasticidade cerebral é que o aprendizado de determinada atividade ou a somente prática da mesma, desde que não seja simples repetição de movimentos, induza mudanças plásticas e dinâmicas no sistema nervoso central (SNC). 43 9.4 Plasticidade Cerebral O SNC é altamente “plástico” essa característica permanece durante toda a vida, em condições normais ou patológicas. O córtex motor pode reorganizar-se em resposta ao treinamento de tarefas motoras especializadas depois de uma lesão isquêmica localizada. Acredita-se que regiões corticais não lesadas assumam a função perdida da área danificada. Sistema nervoso é dotado de plasticidade. Não faz muito tempo, ainda se acreditava que nosso sistema nervoso estaria praticamente formado já ao nascimento. Completada a mielinização por volta do segundo ano de vida, o cérebro permaneceria imutável, com o mesmo peso, tamanho e o mesmo número de neurônios, de sinapses ou de fibras. Somente na década de 1960, pesquisadores da Universidade de Berkeley (EUA) constataram que o sistema nervoso se modifica quando o organismo é exposto a um ambiente rico em estimulação. (EUA 1960 apud; Universidade Estadual de Campinas 2007). O fisioterapeuta irá atuar treinando as funções motoras para prevenir futuras perdas de tecido de áreas corticais adjacentes à lesada, e direcionar o tecido intacto a assumir a função do tecido danificado. Os exercícios estimulam a sinaptogênese e promover crescimento de espinhos dendríticos no córtex. O exercício pode então aumentar a neurogênese, a plasticidade sináptica e o aprendizado. Quando iniciar a fisioterapia Nas primeiras horas após lesão tão logo o paciente esteja estável. Deve-se iniciar com exercícios físicos passivos e ativo-assistido e ativo de intensidade leve e moderada a fim de reduzir eventos vasculares tromboembólicos, pneumonias, escaras, etc. 9.5 Repetição da Atividade O aprendizado motor utiliza memória não - declarativa (adquirida em virtude de treinamento). Assim para aprender um ato motor é necessário treinar inúmeras vezes e de diversas maneiras determinada ação para que esta se fixe. 44 9.6 Fenômeno do “não-uso aprendido” Com a perda da função de uma área do cérebro atingida pelo AVC, o paciente não consegue mover o membro mais afetado, compensa usando o outro. Após certo tempo, quando os efeitos da lesão não estão mais presentes e ocorreram readaptações no cérebro, os movimentos poderiam ser recuperados, no entanto, o paciente já “aprendeu” que aquele membro não é mais funcional. 9.7 Neuroplasticidade e Aprendizagem Por muitos anos os cientistas afirmaram que ao atingir determinada idade o cérebro perderia a capacidade de produção neural, que se o tecido cerebral fosse lesado em regiões específicas por conta de derrames, traumatismos ou doenças, essa região jamais se regenerariacausando no indivíduo uma perda total da função exercida por ela. Fonte: enbmoficial.wordpress.com Atualmente sabemos, por meio dos resultados das pesquisas científicas, que embora o cérebro seja incapaz de se regenerar ele possui uma capacidade de se reorganizar, ou seja, de se adaptar, de modificar o processamento das informações e que essa capacidade de modificação e rearranjo das redes de neurônios formam novas sinapses reforçadas. Assim múltiplas possibilidades de respostas ao ambiente tornam-se possíveis, pois o cérebro é altamente maleável e com os estímulos, 45 adequados e intensos, pode-se modificar a estrutura cerebral desenvolvendo habilidades. Segundo HOUZEL (2010), O que nós sabemos, no entanto, é que mesmo que o cérebro não consiga reconstruir o tecido afetado, o tecido que ele perdeu, ele é capaz de usar o que sobrou e modificar a maneira como essas regiões restantes do cérebro são usadas. E a base disso tudo é o uso. A reorganização funcional do cérebro acontece quando existe demanda, quando nós insistimos em resolvermos um problema. A descoberta da Neuroplasticidade, ou seja, da capacidade plástica do cérebro, da sua maleabilidade na qual ele se adapta às experiências e de que há uma rede de conexão neural muito ampla, portanto, de que algumas funções que anteriormente eram executadas por áreas cerebrais lesadas ou disfuncionais, podem ser assumidas por outras áreas fazendo com que ocorra uma reorganização e reestruturação das conexões neurais, desfez antigas crenças de que o cérebro só se modificava com a velhice. Assim como o cérebro das crianças -que apresenta uma neuroplasticidade mais intensa- o do adulto também apresenta essa plasticidade, que cria novas e corretas conexões para que ele possa aprender a cada dia mais. As neurociências demonstraram por meio dos seus experimentos, como os realizados em 2000 por cientistas britânicos com os taxistas de Londres que por exercitarem diariamente a memorização de ruas e rotas da cidade estimularam e desenvolveram o hipocampo – região fundamental da memória espacial- mais que outras pessoas e que a capacidade de memorização não declinou com o passar dos anos e sim ocorreu o contrário, pois a atividade mental contínua gerou novos neurônios que migraram para a área mais utilizada pelos motoristas, que o exercício mental e o estímulo, têm como consequência a produção de novas células nervosas. Essa descoberta abre possibilidades para a reabilitação de pessoas com lesões cerebrais e para que as crianças e adolescentes tenham novas esperanças para o tratamento dos distúrbios e transtornos de aprendizagem. 46 9.8 Processos envolvidos na aprendizagem Fonte: neurobusinessbrasil.blogspot.com.br Os processos envolvidos na aprendizagem são a sensação, em que os estímulos incidem sobre os receptores; a atenção, pré-requisito para a aprendizagem é fundamental para a recepção da informação, pois precisamos ter atenção para focar no estímulo que queremos aprender; a concentração, decorrente da fixação da atenção; a percepção, processo complexo em nível cortical responsável pela interpretação e codificação da informação e a memorização, retenção da informação pelas áreas da memória pelo córtex cerebral. Para a Neurociência Cognitiva (NC) a atenção é a porta para a aprendizagem e o seu desenvolvimento depende da interação entre as estruturas do tronco encefálico e das suas conexões com o córtex frontal. É um processo complexo. Nas escolas muitas crianças e adolescentes que são considerados desatentos apresentam baixo desempenho acadêmico. Pode ser que esses alunos não sejam realmente desatentos, mas sim ainda têm a atenção involuntária ou dividida e por este motivo não aprenderam a selecionar qual estímulo deve ser focado. Gazzaniga (2010) define a atenção como sendo um mecanismo cerebral cognitivo que possibilita processar informações, pensamentos ou ações relevantes, enquanto ignora outros irrelevantes ou dispersivos. 47 Fonte: fontesdeluz.blogspot.com.br Há vários tipos de atenção: a atenção involuntária ou passiva que é voltada para eventos externos ao indivíduo como os barulhos, uma porta que se abre, um cheiro, etc.; a atenção voluntária ou ativa que é a vigília; a atenção sustentada na qual o sujeito se mantém atento ao que está sendo tratado por um longo período; a atenção alternada ou dividida, quando se sai de um foco de atenção e a compartilha com outros estímulos e a atenção seletiva, que é o que fazemos com o que nos é significativo, ou seja, selecionamos aquilo que nos interessa. O nosso cérebro consegue prestar atenção em uma coisa de cada vez devido às próprias limitações e não porque vivemos em um mundo altamente distrativo. Quando pensamos que estamos atentos a vários estímulos do ambiente (como estudar ouvindo música ou assistindo a TV ao mesmo tempo) na verdade estamos captando fragmentos de cada um desses estímulos e não estamos realmente atentos a nenhum deles. 48 Fonte: neuropsicopedagogianasaladeaula.com As teorias da seleção precoce versus tardia defendem que o sistema de processamento de informação humano não pode processar simultaneamente múltiplos sinais de entrada se há uma alta carga de informação, de forma que o sistema deve tomar uma “decisão” difícil sobre o que processar a seguir – o cerne da seleção (GAZZANIGA, 2010). Para aprender é necessário focar em apenas um estímulo ( Gazzaniga 2010; apud Etiviano 2015). Estando atento a um estímulo o cérebro registra a informação na memória, que é a capacidade que temos de adquirir, formar, conservar informações e recuperá-las, de acordo com as nossas necessidades para poder utilizá-las no presente. Ela é uma das funções cognitivas mais utilizadas pelos seres humanos, pois faz a manutenção de todo material aprendido. É a persistência do aprendizado. Segundo Izquierdo (2002), Memória é aquisição, a formação, a conservação e a evocação de informações. A aquisição é também chamada de aprendizagem: só se 'grava' aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido (2002). A memória passa por estágios, desde a codificação (em sub-estágios de aquisição e consolidação) na qual a pessoa recebe e transforma a entrada de informações sensoriais e físicas para reter essas informações; o armazenamento (criando e mantendo um registro) e a evocação (a lembrança, o acesso às informações) para a execução de um comportamento. 49 Fonte: neuropsicopedagogianasaladeaula.com Memória e aprendizagem são as estruturas básicas para os conhecimentos, habilidades e planejamentos, pois envolvem as orientações temporais, espaciais, habilidades mentais e intelectuais, permitindo aos indivíduos se situarem no presente e planejarem o seu futuro, considerando sempre o seu passado. Não há como dissociar a memória da aprendizagem, pois para que a aprendizagem ocorra é fundamental que as informações e os conhecimentos adquiridos se consolidem na memória. Como as memórias são processos neuronais relacionados ao hipocampo, amígdala, córtex frontal e são moduladas pelas emoções, pelo nível de consciência e pelos estados de ânimo (interesse, motivação, necessidade), podemos inferir que a integridade do processo neuronal, das principais áreas relacionadas a elas e como são moduladas é fundamental no processo de aprendizagem e da sua qualidade. Segundo Melo (2008) a memória responsável por armazenar e adquirir conhecimento sobre o mundo, incluindo fatos, conceitos e vocabulários é chamada de memória semântica. Esse tipo de memória é requerida para armazenar o aprendizado das disciplinas escolares e estas necessitam de repetição, pois não são processadas imediatamente. Muitos educadores ainda desconhecem como os seus alunos aprendem, ou seja, quais são os meios que eles utilizam para aprender. Desconhecem também que algumas das dificuldades que os seus alunos encontram no processo de aprendizagem podem estar associadas a problemas com aintegridade da sua memória. 50 Fonte: cardapiopedagogico.blogspot.com.br Assim sendo, os alunos não conseguirão atingir os objetivos esperados para a sua turma, pois a aprendizagem não ocorrerá e qualquer das estratégias utilizadas pelos professores será ineficiente gerando um desgaste emocional em todos os envolvidos no processo. Nas salas de aula podemos encontrar crianças e adolescentes que sequer conseguem repetir uma frase que acabaram de ouvir. Os educadores concluem que isso ocorre por pura falta de atenção, mas não sabem que essa suposta "desatenção" pode ocorrer por conta de prejuízos numa das principais funções cognitivas utilizadas por nós, a memória. Como vimos anteriormente sobre os vários tipos de atenção é improvável que alguém seja "desatento". O que podemos considerar é que a pessoa em questão, ou nosso aluno, esteja utilizando sistematicamente um tipo específico de atenção, como a involuntária ou passiva. Os professores devem estar atentos à essa questão da desatenção dos seus alunos, pois estratégias podem ser utilizadas para direcionar o foco da atenção. Outro processo envolvido na aprendizagem é o Sistema de Recompensa (SR) que é o sistema cerebral ativado quando fazemos algo que nos dá prazer, nos mostrando que é bom repetir essa ação. Essa sensação prazerosa de satisfação, é resultado da liberação da substância neuromoduladora dopamina que é fundamental para o processo de aprendizagem. 51 Fonte: testobrasil.com.br Houzel (2010) define o sistema de recompensa como: (…) o conjunto de estruturas que sinaliza para o restante do cérebro quando alguma coisa dá certo, seja ela algo que você desejava ou algo que você estava tentando fazer e conseguiu, ou algo que aconteceu inesperadamente, mas é considerado bom, interessante pelo cérebro (Houzel 2010 ; apud Carvalho G 2012). A ativação do Sistema de Recompensa (SR) é muito mais que uma resposta ao que deu certo, pois por meio das experiências anteriores o nosso cérebro cria expectativas sobre o que ainda pode vir a dar certo. Essa expectativa criada por antecipação é a motivação. Quando o ensino é baseado em atividades criativas e repletas de novidades, ou que se disponibilize uma variedade de opções, formas de aprendizagem sobre um conteúdo a ser trabalhado, promove-se a motivação que leva ao aprendizado. Para a Neurocientista, o retorno positivo que se dá ao aluno sobre o seu desempenho nas atividades escolares, o apoio oferecido para que ele perceba os seus acertos e descobertas é fundamental e pode ser o que falta a ele para perceber que acertou, e isso acaba ativando o seu SR. As pessoas se sentem motivadas quando percebem que estão no caminho certo ou escolhido e quando acerta, tomando consciência de que acertou, pois assim procurará fazer novamente aquilo que lhe deu prazer. Como o SR é ativado quando se aprende, na sala de aula os educadores podem e devem lançar mão desse recurso, elogiando, encorajando e incentivando as atitudes corretas e o esforço dedicado dos seus alunos à resolução dos problemas 52 postos a eles. Baseando-se no conceito de SR os educadores passam a avaliar os seus alunos com outro olhar, não para os seus erros, mas para o que eles ainda não aprenderam, ou seja, a avaliação deixa de ser um mero instrumento classificatório e passa a ser um norteador para os próximos passos em busca do aprender. 10 DOENÇAS DEGENERATIVAS DO CÉREBRO Fonte: jornalggn.com.br As doenças cerebrais compreendem um grande problema de saúde da sociedade moderna, em consequência do crescente número de pessoas acometidas de forma direta ou indireta, e também, devido à inexistência de cura para estas patologias. Alguns pesquisadores consideram que a tendência dessas doenças é aumentar, em decorrência do aumento da expectativa de vida da população, resultando em uma maior prevalência de doenças do cérebro, desde neurodegenerativas, como Alzheimer, Parkinson, Huntington e esclerose múltipla aos acidentes vasculares cerebrais (AVC), neoplasias, epilepsia, ou disfunções psiquiátricas diversas, bem como outras diretamente ligadas ao envelhecimento, de origem genética ou traumática. 53 As principais doenças do cérebro estão listadas abaixo: 10.1 Alzheimer Fonte: segredosdomundo.r7.com Define-se Alzheimer como uma doença neurodegenerativa, caracterizada por uma súbita perda das faculdades mentais. Esta é considera a primeira causa de demência senil. Inicialmente, a perda de memória gera um desconforto. No entanto, numa fase mais adiantada deixa de ser um problema, pois o doente perda a capacidade de autocritica. 54 10.2 Parkinson Fonte:tuasaude.com Esta também é uma doença neurodegenerativa, crônica e progressiva, que normalmente afeta pessoas com idade avançada. É decorrente da perda de neurônios do sistema nervoso central (SNC) em uma área específica do cérebro, levando à redução de dopamina, com consequente alteração dos movimentos não voluntários. 10.3 Huntington Fonte: indice.eu 55 Esta doença, também conhecida como mal de Huntington ou coréia de Huntington, é uma enfermidade neurodegenerativa hereditária, rara, que acomete de 3 a 7 indivíduos a cada 100.000 habitantes. Clinicamente, caracteriza-se por movimentos, bruscos, rápidos e involuntários dos braços, pernas e face. 10.4 Esclerose Múltipla Fonte: ladobmodainclusiva.com.br Esta também é classificada como uma doença neurodegenerativa, que se caracteriza por placas disseminadas de desmielinização em todo o SNC, levando a um quadro neurológico variado, certas vezes com remissão, e outras com exacerbação das manifestações clínicas. Costuma aparecer entre os 25 a 30 anos de idade, sendo mais comum em mulheres. Dentre os sintomas, podem estar presentes: sensibilidade, fraqueza muscular, perda da capacidade de locomoção, distúrbios emocionais, incontinência urinária, queda de pressão, intensa sudorese, diplopia (quando há acometimento do nervo óptico), entre outros. 56 10.5 Acidente Vascular Cerebral (AVC) Fonte: medifoco.com.br Popularmente conhecido como derrame cerebral, é um problema neurológico decorrente de uma obstrução (isquemia) ou rompimento dos vasos sanguíneos cerebrais (hemorragia). Inicia-se abruptamente, sendo que o paciente pode apresentar dificuldade de movimentação dos membros de um mesmo lado do corpo, dificuldade na fala ou articulação das palavras e déficit visual súbito de uma parte do campo visual. Também pode evoluir com coma e outros sinais. 10.6 Epilepsia É definida como uma alteração na atividade elétrica do cérebro, temporária e reversível. Na verdade, a epilepsia não se trata de uma doença, e sim de um sintoma que pode aparecer em diferentes formas clínicas, podendo levar a manifestações motoras, sensitivas, sensoriais, psíquicas ou neurodegenerativas. Tem como etiologia fatores que podem lesar os neurônios ou a forma de comunicação entre eles, como: traumatismos cranianos, resultantes de cicatrizes cerebrais; traumatismo de parto; algumas drogas e substâncias tóxicas; interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro 57 decorrente de um AVC ou problemas cardiovasculares; doenças infecciosas ou tumores. Fonte: pt.slideshare.net 10.7 Como prevenir as doenças neurodegenerativas? A investigação científica tem-nos dado também indicações sobre formas de manter o nosso cérebro saudável e prevenir ou controlar sintomas das doenças neurodegenerativas. Os cientistas acreditam que estimular a mente e manter o cérebro ativo ao longo da vida pode retardar o aparecimento de doenças neurodegenerativas. A saúde do cérebro está, em grande parte, nas nossas mãos. Estimativas mostram que apenas 30% do envelhecimento do cérebro está geneticamente programado. A outra parte relaciona-se com o impacto do ambiente ao longo do tempo que depende quase na totalidade de fatores que podemos controlar. Como todos os órgãos, o cérebro muda ao longo da vida com intensidade diferente de indivíduo para indivíduo. De uma forma geral, encolhe ligeiramente, perdemos alguns neurónios e as ligações entre os neurónios
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