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NEUROFISIOLOGIA E aAPRENDIZAGEM

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Prévia do material em texto

NEUROFISIOLOGIA E 
APRENDIZAGEM
PROFESSOR
Dr. Weslei Jacob
ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO 
NA VERSÃO 
DIGITAL!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2692
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. JACOB, Weslei.
Neurofisiologia e Aprendizagem. 
Weslei Jacob.
Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 
152 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Neurofisiologia 2. Aprendizagem 3. neuroanatomia. 
EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Waleria Henrique dos Santos Leonel
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Lucas Pinna Silveira Lima
Design Educacional
Amanda Peçanha
Revisão Textual
Nágela Neves da Costa
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Fotos
Shutterstock CDD - 22 ed. 616.8 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-101-4
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacio-
nal Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val 
Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane 
Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de 
Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina 
da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais 
Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração 
Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva 
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
BOAS-VINDAS
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenas de cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A
Weslei Jacob
Doutor em Atividade Física, Educação Física e Esporte, linha de pesquisa: Treinamen-
to Esportivo, pela Universidade de Barcelona-Espanha. Mestre em Atividade Motora 
e Educação pela Universidade de Barcelona-Espanha. Especialista em Educação 
Infantil pela Faculdade Cruzeiro do Oeste. Graduado em Educação Física, pela Pon-
tifícia Universidade Católica do Paraná. Professor no Centro Universitário Metropo-
litano de Maringá - FAMMA. Professor convidado em módulos de Pós-Graduação 
pelo Grupo RHEMA Educação, Instituto Dimensão, Instituto Paranaense de Ensino e 
Faculdade Cruzeiro do Oeste. Professor de capacitações voltadas à Educação Infantil. 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4414843D8
A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
NEUROFISIOLOGIA E APRENDIZAGEM
Um bom livro ou material didático-pedagógico é aquele que informa o aluno, ajuda a reter 
informações e aplicá-las em seu cotidiano. Desse modo, o desafio, aqui, é expor os princípios 
da neurofisiologia aplicada à aprendizagem, contribuindo para que professores e estudantes 
aprendam sobre a infância e seu desenvolvimento até a fase adulta.
Embora o conhecimento sobre os aspectos neurológicos esteja bem difundido na socieda-
de atual, ainda é um mistério para diversos profissionais. Consequentemente, a primeira 
unidade deste material garante a você noções sobre neuroanatomia. Aprofundando no 
desenvolvimento do sistema nervoso, esta unidade desafia o aluno a compreender as con-
sequências de um mau desenvolvimento neurológico. É natural que o interesse de estudo 
seja direcionado para os mecanismos neurofisiológicos, os quais dependem de células 
especializadas, denominadas neurônios. Aqui, a abordagem de comunicação elétrica e 
química dará suporte a sua compreensão tanto do funcionamento neurológico e como de 
sua aplicabilidade em sua vida profissional.
Um sistema de aprendizagem deve ser organizado sob a ótica dos conhecimentos neuroló-
gicos, inevitavelmente, a construção do conhecimento da Unidade 2 oferecerá suporte para 
a Unidade 3, que discorrerá sobre a atenção e a formação de memórias, permitindo a nós 
discorrer sobre etapas de aprendizagem. Outro desafio, certamente, de interesse natural 
dos profissionais que atuam com crianças e adolescentes, a Unidade 4 garante informações 
sobre o desenvolvimento da mente, do comportamento, da linguagem, do pensamento e, até 
mesmo, dos transtornos de aprendizagem.
Por fim, a última unidade inclui uma discussão sobre os fatores que influenciam a aprendi-
zagem. Entre diversos fatores destacam-se o estresse, o estado emocional, a influência dos 
estímulos cognitivos, a afetividade e as práticas psicomotoras. É desse modo que buscamos 
apresentar conhecimentos que ajudam a desenvolver habilidades individuais que atendam 
às suas necessidades profissionais.
ÍCONES
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conceituando
No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida 
para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. 
quadro-resumo
Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco 
mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. 
explorando ideias
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este momento! 
pensando juntos
Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes 
online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor. 
conecte-se
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo 
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
UNIDADE 03
UNIDADE 05
UNIDADE 04
FECHAMENTO
NOÇÕES SOBRE
NEUROANATOMIA
8
NEUROFISIOLOGIA
36
61
NEUROFISIOLOGIA:
ATENÇÃO,
APRENDIZADO E 
MEMÓRIAS
86
DESENVOLVIMENTO 
DA MENTE E DO 
COMPORTAMENTO 
COGNITIVO
119
NEUROFISIOLOGIA: 
FATORES
INFLUENCIADORES
NA APRENDIZAGEM
148
CONCLUSÃO GERAL
1
NOÇÕES SOBRE
NEUROANATOMIA
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Desenvolvimentodo Sistema 
Nervoso • Mau desenvolvimento do sistema nervoso • Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso 
Periférico • Neurônios e Sistema Nervoso • Hemisférios Cerebrais.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
• Compreender como ocorre o desenvolvimento do sistema nervoso, durante o período embrionário 
e fetal • Elucidar possíveis falhas e influências durante a formação do sistema nervoso • Proporcionar 
conhecimentos sobre a organização, a divisão e o funcionamento do sistema nervoso • Compreender 
a relação dos neurônios com o sistema nervoso • Esclarecer a atividade neurológica dos hemisférios 
cerebrais direito e esquerdo.
PROFESSOR 
Dr. Weslei Jacob
INTRODUÇÃO
Todos os tecidos e órgãos são formados por células, as quais evoluem há, 
aproximadamente, 700 milhões de anos. Com o avanço dos séculos, as 
capacidades mentais dos seres humanos, também se desenvolveram, para 
tanto, o encéfalo se reorganizou, e alguns sentidos, também, evoluíram.
O sistema nervoso inicia sua formação ainda no período embrionário, 
por volta da terceira semana de gestação, com o surgimento da placa neural, 
que se origina da membrana embriológica denominada ectoderma, a qual 
também formará a pele. A placa neural será enrolada sobre si, dando ori-
gem ao tubo neural, que, futuramente, formará o canal central da medula, 
posteriormente, preenchido por líquido cefalorraquidiano.
Devido à rápida transformação somada às influências genéticas, ocor-
rerá a proliferação de células nervosas dentro do tubo neural e, depois, 
iniciará a subdivisão das estruturas encefálicas, as quais, após o desen-
volvimento do sistema nervoso se completar, conhecemos como sistema 
nervoso central e sistema nervoso periférico.
As células nervosas, quando são ativadas e passam a se comunicar com 
células vizinhas, amplificam o desenvolvimento do sistema nervoso, pois, 
além do estabelecimento de conexões, ocorrerá proliferação e, consequen-
temente, migração dessas células para ocupação dos seus respectivos locais 
dentro do encéfalo. Tudo isso ocorre antes dos seis meses de gestação. Pos-
teriormente, iniciará a formação dos sulcos e giros cerebrais, evidenciando 
aumento da superfície cerebral. Durante o processo de formação e amadu-
recimento do sistema nervoso, erros de transcrição genética ou migração 
celular podem ocasionar más formações congênitas.
O desenvolvimento do sistema nervoso continua após o nascimento e se 
prolonga por toda a vida, influenciado por modificações nas conexões neu-
rológicas, induzidas pelo ambiente. O amadurecimento funcional, sobretudo, 
do tecido neuronal, é alcançado apenas ao final da segunda década de vida.
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DESENVOLVIMENTO
DO SISTEMA
nervoso
Tem-se, inicialmente, a fusão do espermatozóide com o óvulo cujo resultado 
dessa ligação formará um zigoto, nas trompas de falópio da mulher. Em seguida, 
por meiose, uma divisão desse zigoto ocorrerá, depois, novas divisões, até atingir 
o número de 64 células. Isso mesmo, começa com um zigoto e se divide até 64 
células. Após tantas divisões, surgirá uma figura embrionária, chamada de mó-
rula. Logo, novas modificações ocorrerão e, na sequência, aparecerá a blástola.
A blástola é semelhante a uma bola de borracha, apresenta três camadas de cé-
lulas, ectoderma, mesoderma e endoderma. O ectoderma, camada mais externa, 
constituirá a pele e as estruturas anexas (unhas, cílios, cabelos etc.), sendo, aqui, 
o ponto de origem do sistema nervoso. Por outro lado, a camada intermediária, 
denominada mesoderma, formará o tecido conjuntivo e, por fim, a última cama-
da, aquela mais interna, o endoderma, constitui as vísceras e os órgãos internos.
Parece complicado não é mesmo? Compreendemos, inicialmente, o surgi-
mento do sistema nervoso, agora, precisamos aprofundar nossa compreensão 
para saber como surgem os famosos neurônios. Posto isso, a mesma blástola 
que mencionamos anteriormente sofrerá modificações, formará novas figuras 
embrionárias e originarão a gástrola e a neurola. Desta surgirá o sistema nervoso, 
que, em breve, será subdividido em sistema nervoso central e sistema nervoso 
periférico (GUYTON; HALL, 2011).
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O ectoderma também sofre modificações e ficará alinhado, formando a placa 
neural ao redor da terceira semana de vida, que, na sequência, será invaginada, 
formando os sulcos neurais e, posteriormente, goteira neural. É com uma nova 
modificação nessa goteira neural que surgirá o tubo neural, desta estrutura ori-
ginará todo nosso sistema nervoso (RANDANOVIC, 2016).
Após a placa neural se dobrar e dar forma ao tubo neural, em seu interior, 
dará origem ao sistema ventricular e canal central da medula, preenchidos com 
líquido cefalorraquidiano (líquor). Com as intensas modificações e prolifera-
ções ocorridas no tubo neural, surgirão três vesículas neurais, o prosencéfalo, o 
mesencéfalo e o rombencéfalo, além, é claro, da medula espinhal, por volta da 
quarta semana de vida. “Mais tarde, outras cinco vesículas surgirão, telencéfalo, 
diencéfalo, mesencéfalo, metencéfalo e mielencéfalo. Estas originarão o sistema 
nervoso maduro” (RANDANOVIC, 2016, p. 34).
A figura a seguir representa o desenvolvimento do sistema nervoso.
Figura 1 - Formação do Tubo Neural
Entre o segundo e o quarto mês de gestação, uma intensa proliferação e migração 
celular estruturarão o sistema nervoso, com o alinhamento das células nervosas 
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que, após organizadas em seu destino final, serão mielinizadas, evento que per-
durará até o final da segunda década de vida.
Veja que impressionante, todo esse desenvolvimento se dá, ainda, no útero ma-
terno, mas vale ressaltar que cada etapa ocorre em um tempo específico. Para se ter 
ideia, o cérebro de um recém-nascido pesa, aproximadamente, 400g, em 12 meses, 
1.000g, variando entre 1.200g e 1.400g, na adolescência (RANDANOVIC, 2016).
Caríssimo(a), volte um pouco à formação do tubo neural, esta estrutura deve 
estar 100% fechada. Inicia-se pelo centro e se prolonga para frente e para a parte 
posterior, para isso, um simples cuidado é importante, a preocupação com uma 
dieta rica em proteínas, que auxiliará na produção das células nervosas e no for-
talecimento muscular do bebê, já para a mãe esta ingestão reduz a possibilidade 
do surgimento de estrias. A ingestão ótima de cálcio subsidiará, junto a outros 
minerais, o fortalecimento dos ossos e de outras estruturas do futuro bebê. Na 
ausência deste íon importante na alimentação diária, será retirado dos ossos da 
mãe, podendo promover osteoporose precoce. Por fim, é fundamental a ingestão 
de ácido fólico que auxiliará no fechamento do tubo neural.
Caro(a) aluno(a), é de conhecimento de muitos, se não para você, pergunte 
à sua mãe, ao seu pai, ao seu avô, à sua avó ou a algum vizinho adulto: a mulher 
que deseja engravidar deve ou não ingerir uma substância denominada ácido fó-
lico? A resposta será, certamente: sim. Isso mesmo, a mulher, antes de engravidar 
e logo no princípio da gestação, deve fazer esta suplementação de ácido fólico. 
Para algumas pessoas isso é desnecessário, mas eu explico a você que não. A au-
sência dessa substância pode promover espinha bífida, uma abertura na coluna 
vertebral, ou mesmo formar um indivíduo anencéfalo.
O bom funcionamento do sistema nervoso associa-se a fatores hereditários 
e fatores bioquímicos. O primeiro deles está, diretamente, relacionado à média 
neuronal dos pais. Isso mesmo. A quantidade de neurônios presente nos pais 
influenciará na quantidade de células nervosas na criança. Dessa forma, de modo 
simplista, a capacidade cognitiva da criança também tem relação hereditária.
O desenvolvimento neurológico não é apenas hereditário, ele também 
pode ser influenciado por fatores externos. Na base bioquímica existe relação 
direta com a base nutritiva realizada pela mãe, sendo o primeiro trimestre 
de gestação momento fundamental de ingestão de proteínas para otimizar a 
formação de neurônios. Após o nascimento, até por volta de 6 anos,além das 
proteínas, é essencial a ingestão de lipídios, promovendo amadurecimento 
neurológico estável e eficiente.
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MAU DESENVOLVIMENTO
DO SISTEMA
nervoso
Diante do que foi apresentado a você até este momento, fica claro que o 
desenvolvimento do sistema nervoso é bastante complexo e, em grande parte, 
é uma ação biológica. Não intervimos de maneira pontual com estratégias pe-
dagógicas, mas levamos conhecimento às famílias e, principalmente, às mães, 
conscientizando-as de que seu estilo de vida pode acarretar benefícios ou pre-
juízos cognitivos para o bebê gerado.
Evidentemente, muitos fatores podem influenciar no desenvolvimento adequado 
do sistema nervoso. Iniciamos nossa discussão com a seguinte reflexão: ao final 
do sexto mês de gestação, o bebê está completamente formado, sendo assim, por 
qual razão ele permanece mais três meses no ventre materno? Porque existem 
estruturas neurológicas que necessitam ser amadurecidas, este é o caso do hipo-
tálamo, uma estrutura que auxilia no controle da temperatura corporal, no equi-
líbrio nutritivo, na osmolidade dos líquidos corporais e diversas outras funções.
Seguindo esta linha de raciocínio, no caso de um bebê prematuro nascer, o que 
ocorre com ele? Perfeito, ele irá para uma incubadora. Isso ocorre pelo fato de o 
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hipotálamo, ainda, não estar pronto para regular a temperatura corporal, ocasio-
nando variação da temperatura do corpo conforme o ambiente, ou seja, se está 
calor, o bebê aquece; se estiver frio, pode causar na criança hipotermia. Indepen-
dentemente do quadro desenvolvido, ambos são prejudiciais, a hipertermia pode 
provocar a morte de células neurais e o rebaixamento da capacidade neurológica; 
a hipotermia, por sua vez, poderá ocasionar o congelamento do sangue e da linfa 
corporal, levando a óbito. Dessa forma, faz-se necessário o uso da incubadora.
Pois bem, com esta apresentação, trago a você a informação que jamais pode 
esquecer, o ótimo ou o mau desenvolvimento das funções neurológicas depen-
dem do que ocorre nos três momentos: período pré-natal, perinatal e pós-natal. 
Desse modo, diante das capacidades ou dificuldades que encontrar em suas in-
tervenções profissionais, deverá considerar o transcurso evolutivo do indivíduo, 
sobretudo, esses três períodos.
Durante o período pré-natal, deve-se evitar a exposição a radiações, como 
aquelas por meio de raio x, o uso de drogas ou medicamentos, pois seu uso poderá 
modificar, ou interromper a formação de células nervosas. O uso indiscriminado 
do álcool poderá promover síndrome fetal alcoólica, promovendo, após o nasci-
mento, irritação, ansiedade, impulsividade no bebê. A utilização da nicotina, por 
meio do fumo, poderá reduzir a produção de neurônios, causará doenças e in-
fecções, sejam elas por vírus, sejam por bactérias, como a rubéola, sífilis etc. Estas 
são algumas condições que devem ser evitadas durante a gestação, pois os maus 
cuidados referentes a essas condições poderão promover deficiência intelectual, 
cegueira, surdez ou transtornos de aprendizagem na criança.
Ainda, durante o período pré-natal, a dieta materna rica em proteínas e lipí-
dios é essencial para a formação da bainha de mielina, que auxilia na propagação 
dos impulsos nervosos. Por outro lado, é possível ocorrer uma falha na transferên-
cia genética dos pais para a criança, ocasionando uma mutação gênica no bebê. 
Uma mutação gênica comum associada à base bioquímica é a fenilcetonúria 
e galactosemia. A fenilcetonúria é analisada após o nascimento, pelo teste do 
pezinho. Em síntese, essas alterações bioquímicas, na corrente sanguínea, po-
dem aumentar as substâncias tóxicas no organismo, promovendo rebaixamento 
mental. Outra alteração genética pode se associar às anomalias cromossômicas, 
como síndrome de Down, Rett e X-Frágil.
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Durante o período perinatal, diversas situações podem ocorrer, as mais co-
muns são a prematuridade, como mencionado anteriormente, hipóxia (falta de 
oxigenação), icterícia grave, quando a criança apresenta pele e olhos amarelados 
pelo excesso de bilirrubina no sangue. Para exemplificar a você esse último caso, 
imagine-se no banheiro e observe qual a coloração de sua urina. Amarelada não 
é mesmo? Isso é pela bilirrubina eliminada, pois, em grande quantidade na cor-
rente sanguínea, ela é prejudicial ao organismo humano. Além destas situações 
mencionadas, outras tantas podem prejudicar o desenvolvimento neurológico.
Por fim, o terceiro momento é o período pós-natal, talvez o mais fácil de 
entender, mas um dos mais complexos em fatores causais de mau funciona-
mento neurológico. Vinculamos essa à fase anterior, momento do nascimento. 
A demora ou o nascimento por fórceps podem causar falta de oxigenação e 
nutrição neural ou lesões neurológicas graves, sem falar do cordão umbilical 
que pode estar em torno do pescoço do bebê. Além disso, a desnutrição e a 
desidratação, a carência de estímulos externos, as infecções, as encefalites, as 
febres altas ou os acidentes graves também podem ser causadores de mau de-
senvolvimento do sistema nervoso.
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SISTEMA NERVOSO
CENTRAL E SISTEMA
nervoso periférico
Discutimos, até aqui, os elementos que 
promovem o bom ou o mau desenvol-
vimento do sistema nervoso. Se nada, 
até aqui, trouxe grandes complicações, 
uma importante subdivisão dará ori-
gem ao sistema nervoso central e ao 
sistema nervoso periférico.
Para elucidar a você, o sistema 
nervoso central é composto por es-
truturas recobertas e protegidas por 
ossos, o sistema nervoso periférico, 
porém, não apresenta essa proteção. 
Se, ainda, está com dúvidas, associe 
esses dois sistemas nervosos de tal 
maneira: tudo que está dentro da sua 
cabeça e se prolonga, por meio da sua 
coluna, até o quadril, você considera-
rá sistema nervoso central, por outro 
lado, tudo aquilo que difere dessas es-
truturas, você nomeará como sistema 
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nervoso periférico. Neste, encontram-se os nervos, por exemplo: ciático, óptico, 
olfativo e muitos outros.
O mais interessante é que o sistema nervoso central conta com uma distri-
buição detalhada das estruturas neurológicas, contendo, no centro da caixa cra-
niana, o encéfalo. Este é composto por cérebro, o tecido mais famoso, o cerebelo 
e o tronco encefálico. Este último é subdividido em mesencéfalo, ponte e bulbo. 
Ao finalizar a distribuição do sistema nervoso central, temos a medula, revestida 
pela coluna vertebral (PARKER, 2014; BARRETT, 2014; GUYTON; HALL, 2011).
Agora que está claro a diferenciação de sistema nervoso central e o sistema 
nervoso periférico, observe a figura a seguir, ela retrata tal subdivisão do sistema 
nervoso central, em um corte no eixo sagital.
Figura 2 - Corte sagital do encéfalo
Caríssimo(a), a magia desta estruturação neuroanatomofisiológica, aparentemen-
te, é complexa, mas, ao mesmo tempo, simples e impressionante. Essa estrutura 
cheia de sulcos, invaginações ou circunvoluções representa a estrutura cerebral 
que compõe aproximadamente, 90% da massa encefálica.
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Você acaba de notar que a superfície do cérebro é amassada com característica 
pregada, isso ocorre pelo fato de termos a limitação da calota craniana, caso 
contrário nossa cabeça seria imensa. O cérebro é dividido em dois hemisférios e 
conta com duas partes, o córtex externo, que contém substância cinzenta, repre-
sentando os corpos neuronais; e a região interna, que contém substância branca, 
evidenciando os dendritos e axônios.
No cérebro, existem diversas áreas de processamento, essas são independentes, 
mas interconectadas. Desse modo, mesmo que uma rede neuronal formada seja 
responsável por determinado processamento, outras áreas darão suporte para tal 
mecanismo cognitivo. O cérebro, sobretudo, é responsável pelo armazenamento 
das memórias, em especial, as memórias voluntárias e de acesso consciente.
Na parte inferior da nuca dos seres humanos, localiza-seo cerebelo, estru-
tura neurológica com inúmeras funções. Atualmente, são conhecidas mais de 
doze, e tendem a ser ampliadas, cada vez mais relacionadas aos mecanismos de 
aprendizagem. O cerebelo é responsável pelo equilíbrio do corpo, pela orientação 
espacial, pela coordenação dos movimentos, pelo tônus e pelo vigor muscular. 
Este controle muscular pode influenciar a aprendizagem. Indivíduos que apre-
sentam lesão no cerebelo ou, por razões de desequilíbrios emocionais, oscilação 
do tônus muscular para mais (hipertonia) ou para menos (hipotonia) terão di-
ficuldades na escrita ou na postura corporal notadas (GUYTON; HALL, 2011; 
BEAR; CONNORS; PARADISO, 2008).
Agora, observe a região que compreende o hipotálamo, logo abaixo do cé-
rebro. Associe essa região a um gerente, alguém que controla, organiza, regula o 
organismo, isso mesmo, tem diversas alçadas, em especial, aquelas relacionadas 
à primitividade, associada ao sistema límbico dos seres humanos. O hipotálamo 
é formado por um grupo de neurônios que possui diversas funções, algumas 
relacionadas ao sistema nervoso autônomo. Ele é um regulador da homeostase 
corporal, da temperatura, do apetite, do balanço hídrico do controle da hipófise, 
também conhecida como glândula pituitária (responsável pela secreção de hor-
mônios) e outras glândulas (SILVERTHORN, 2017).
Se estender o cérebro no chão, quantos metros ele ocuparia? 
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Outro elemento interessante relacionado ao hipotálamo associa-se à desregula-
ção hormonal da mulher, sendo causador de mudanças de comportamento emo-
cional, durante o período pré-menstrual. Ao analisar a imagem, próximo ao hi-
potálamo, existe uma bolinha, próxima à intercessão da medula vertebral, região 
denominada tálamo, estrutura responsável pela reorganização dos estímulos 
nervosos, funcionando como uma espécie de rotatória de trânsito. É nesta região 
que os estímulos recebidos serão redirecionados às devidas e específicas áreas de 
processamento. No tálamo, também, ocorre a percepção sensorial.
Chegamos, agora, à região de ações inconscientes dos seres humanos. O tronco 
encefálico apresenta, como primeira porção de cima para baixo, o mesencéfalo, 
estrutura responsável pela postura corporal. Se, neste momento, você está sentado 
ou em pé lendo esse material, os músculos estão, parcialmente, contraídos, pro-
movendo manutenção de sua postura corporal. Nesse sentido, ela é controlada e 
organizada pelo mesencéfalo, que também tem por função a recepção e a coor-
denação da contração muscular, subsidiada por outras áreas neurológicas, assim 
como o cerebelo mencionado anteriormente (GUYTON; HALL, 2011).
O mesencéfalo contém muita melanina, por essa razão, os neurônios dessa 
região, que interliga o mesencéfalo ao cérebro, são conhecidos como substância 
negra, presentes, em especial, na base do cérebro, responsável por diversos con-
troles de comandos e pelo auxílio da coordenação dos movimentos corporais. 
Diante disso, uma lesão no mesencéfalo pode ocasionar a doença de Parkinson.
Ao descer mais um pouquinho, chegamos à estrutura denominada ponte, a 
qual amplia a capacidade do mesencéfalo na manutenção da postura corporal, 
elevando o equilíbrio de todo o corpo, independentemente da sua posição e tônus 
muscular. Em virtude dessa estrutura, um professor consegue ficar duas horas 
em pé de frente para uma turma, ministrando seu conteúdo.
Por fim, a última estrutura do tronco encefálico é o bulbo, também, conhecido 
como medula oblonga, que auxilia no controle dos batimentos cardíacos, uma 
vez que o coração é o único tecido corporal autoexcitável, sendo o bulbo atuante 
no controle dos movimentos respiratórios e também da deglutição (engolir).
Hipotálamo atua no controle da temperatura corporal. Indivíduos com paralisia cerebral 
e lesão na região hipotalâmica têm febres constantes.
Fonte: o autor.
explorando Ideias
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Caro(a) aluno(a), para facilitar sua visualização e seu entendimento dessa 
organização e, por consequência, construir mais conhecimento sobre o sistema 
nervoso, apresento a você a divisão geral do sistema nervoso.
Figura 3 - Divisão Geral do Sistema Nervoso / Fonte: Radanovic (2016, p. 3).
Ao observar a Figura 3, possivelmente, você percebeu que existem mais estru-
turas do que aquelas que expliquei a você. O telencéfalo apresenta o córtex ce-
rebral, dividido nos cinco lobos cerebrais (frontal, parietal, temporal, occipital e 
a ínsula), além do cérebro ser dividido em dois hemisférios. Os núcleos da base 
têm função de controlar movimentos, funções cognitivas e comportamentais, o 
hipocampo atua na codificação das memórias; a amígdala tem respostas auto-
nômicas e regulação endócrina, mas, acima de tudo, está associada aos estados 
emocionais. Por outro lado, o diencéfalo e suas porções, atuam, diretamente, 
no recebimento e processamento das informações provenientes do sistema 
nervoso (RANDANOVIC, 2016).
Evidentemente, cada uma das regiões que se apresentam no sistema ner-
voso é responsável por diversas funções e atua, conjuntamente, no controle 
do organismo humano. Por essa razão, muitas subdivisões apresentadas têm 
características semelhantes.
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Talvez, você já ouviu falar que o neurônio é a unidade básica da estrutura do cére-
bro. Digo a você que essa afirmativa está correta, por isso, vou além, os neurônios 
são a unidade básica da estrutura do sistema nervoso. Como vimos, até aqui, o 
cérebro e o sistema nervoso são formados por milhares de células nervosas, estas 
se subdividem em neurônios e células da glia.
Os neurônios podem variar em tamanho e, dependendo da sua localização, 
as funções também podem ser diferentes bem como sua estruturação. De todo 
modo, o neurônio é formado pelo corpo celular, composto por diversas organe-
las celulares, incluindo, entre elas, um núcleo e um prolongamento que conduz 
eletricidade, denominado de axônio. Nas extremidades do corpo celular, exis-
tem prolongamentos denominados de dendritos, estes podem se ramificar de 
um a milhares, em um único neurônio, e, na porção final do axônio, existem as 
terminações nervosas. Vale ressaltar que um conjunto de dendritos são conhe-
cidos como árvores dendríticas (GUYTON; HALL, 2011; BEAR; CONNORS; 
PARADISO, 2008). Para representar melhor isso que acabo de apresentar a 
você, observe a figura a seguir.
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NEURÔNIOS E
SISTEMA NERVOSO
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Figura 4 - Anatomia dos neurônios
Existem neurônios que são amielínicos e outros mielínicos. A diferença principal 
entre eles é a velocidade de condução dos estímulos elétricos. Isso ocorre em vir-
tude da formação de bainha de mielina, em especial, dentro do sistema nervoso 
central, o que possibilita que cada um de nós interaja com o mundo em tempo 
real. Essa mielinização é composta de 80% de lipídios (gordura) e outros 20% de 
proteínas. Está aí a importância de uma dieta materna equilibrada e, posterior-
mente, uma dieta infantil adequada (GUYTON; HALL, 2011).
Essa bainha de mielina é formada por uma célula específica, denominada 
célula de Schwann. Esta possibilitará que inúmeras voltas de sua membrana 
seja colocada sobre o axônio, e essa camada isolante que recobre o axônio 
neuronal contém uma substância lipídica esfingomielina. Se, até aqui, não está 
claro, permita-me uma pequena analogia, se um eletrodoméstico em sua casa 
teve a capa do fio cortada, descascada ou partida, poderia gerar um choque se 
você encostar nessa região, não é mesmo? O que você faz? Joga fora e compra 
outro equipamento? Acredito que a resposta é não. Você passa fita isolante, e 
essa fita que recobre o fio, nada mais é que a bainha de mielina sobre o axônio 
(condutor elétrico das células nervosas).
Se sobre essa camada de gordura é mais difícil gerar eletricidade, a célula 
busca propor seus estímulos em áreas do axônio, desprovidas dessa bainha de 
mielina. Essas regiões são denominadas nodos de Ranvier, as quais possibi-
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litam o surgimento da condução elétrica saltatória. Isso mesmo! O estímulo 
neural pode saltar sobre a camada de gordura, mas nunca de uma célula 
para outra. Por meio dessa condução saltatória, a propagação de estímulos 
elétricos ocorre de maneira mais veloz, e a célula consegue se restabelecer 
mais rapidamente e economizar energia.
 “ A velocidade de condução nas fibras nervosas varia desde o mínimo de 0,5 m/s, nas fibras amielínicas mais delgadas, até cerca de 100 m/s (o comprimento de um campo de futebol em menos de um segundo), 
nas fibras mielínicas mais calibrosas. Em termos aproximados, essa 
velocidade de condução aumenta em proporção direta com o diâme-
tro das fibras mielínicas e amielínicas (GUYTON; HALL, 2011, p. 70).
Caro(a) aluno(a), agora que já compreendeu a estrutura básica do neurônio, está 
claro que o cérebro não interpreta luz, sons e percepções táteis, ele analisa estí-
mulos elétricos, potenciais de ação que são conduzidos por células nervosas, nas 
mesmas células que estruturam o sistema nervoso.
Posto isso, avançamos com a seguinte informação: por mais que os neurônios 
sejam estruturas mais famosas, as células da glia também devem ganhar noto-
riedade, por exemplo. As células epdimárias revestem as cavidades do sistema 
nervoso central. Já as células oligodentrócitos auxiliam na formação de bainha de 
mielina e a célula da micróglia funciona como célula de defesa do sistema nervoso.
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Os astrócitos auxiliam na regeneração e nutrição cerebral, além da estru-
turação do sistema nervoso, funcionando como uma espécie de velcro. Isso 
mesmo, depois que os neurônios são colocados e alinhados em seus devidos 
locais, mesmo que você fique de ponta cabeça ou chacoalhe sua cabeça, os 
neurônios não são bagunçados, isso ocorre porque os astrócitos os mantém em 
seus devidos locais. O interessante, aqui, é que, recentemente, não se concebia 
a ideia de que os astrócitos pudessem se comunicar. Isso é possível, por meio 
de transmissores gliais, detectando os neurotransmissores que são liberados, 
liberando moléculas reconhecidas por receptores nos dendritos pós-sinápti-
cos, de tal modo são capazes de regular, influenciar, estabilizar e aperfeiçoar a 
comunicação neuronal (LENT, 2013).
Para finalizar, deixo, a seguir, a figura que auxiliará no entendimento dessa 
distribuição neuronal.
Figura 5 - Neurônios e neuroglia
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Caro(a) aluno(a), já deve ter ouvido falar na divisão do cérebro em direito e esquer-
do. É provável que tenha escutado que o hemisfério direito processa as ações cria-
tivas, enquanto o hemisfério esquerdo tem uma proposta mais analítica dos fatos.
Antes de aprofundarmos um pouco nossa discussão sobre essa temática, a per-
gunta que lhe faço é: esses hemisférios estão separados ou, de alguma forma, inter-
ligados? Simples, com o conhecimento adquirido até aqui, sabendo que o cérebro 
trabalha, integralmente, e diversas áreas neurológicas atuam em um processamento 
simples, podemos afirmar que ambos os hemisférios cerebrais se auxiliam.
Por outro lado, as duas partes do cérebro são divididas por uma sutura sagital 
e ligadas pelo corpo caloso, uma região com células nervosas espessas que possi-
bilitam a comunicação dos hemisférios cerebrais e auxiliam na transmissão das 
aprendizagens que serão fixadas nas memórias (RANDANOVIC, 2016; LENT, 
2013; GUYTON; HALL, 2011). A ligação dos hemisférios cerebrais é possível ser 
notada nas duas figuras posteriores.
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HEMISFÉRIOS
CEREBRAIS
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Figura 6 - Ligação dos hemisférios cerebrais pelo corpo caloso
Figura 7 - Corpo Caloso
Se axônios do corpo caloso forem comprometidos, o que for memorizado em um hemis-
fério será compartilhado com o outro?
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Na próxima figura, é possível perceber a divisão dos hemisférios cerebrais.
Figura 8 - Hemisférios cerebrais
Agora, outro questionamento: por que o hemisfério direito controla as ações 
motoras do lado esquerdo do corpo humano e vice-versa? Sim, isso mesmo, esse 
controle motor é cruzado. Você deve ter observado pessoas que sofreram algum 
acidente vascular encefálico apresentarem dificuldades de fala, escrita ou loco-
moção dificultada por paralisação de um dos lados do corpo. Tal limitação ocorre 
por alguma lesão no hemisfério cerebral oposto, ou seja, uma lesão do lado direito 
do cérebro afetará movimentos do lado esquerdo do corpo. 
Esse cruzamento de informações ocorre pelas células piramidais (neurô-
nios), que emanam do cérebro, devem adentrar a coluna vertebral e se prolon-
gar para o lado oposto, assim esse emaranhado de fibras nervosas, ao chegar na 
coluna, trocam de lado, evidenciando esse controle motor cruzado. Pois bem, 
no final das contas o que é responsabilidade de cada hemisfério cerebral? É 
bastante simples. Siga a orientação inicial, ela define que o lado direto do cé-
rebro processa situações criativas, enquanto o lado esquerdo faz análises bem 
elaboradas de diversas situações.
A dominância de um dos hemisférios cerebrais é variável de indivíduo para 
indivíduo, sobretudo, é comum, na maior parte dos seres humanos. As ati-
vidades verbais, como aquelas relacionadas à linguagem, são processadas do 
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lado esquerdo, predominantemente, e as não verbais, no direito. Neste, está a 
predominância das atividades associadas à percepção espacial e às habilidades 
manuais, por exemplo (RELVAS, 2015).
Resumidamente, o hemisfério esquerdo é mais analítico, atua, principalmente, 
sobre a lógica, a linguagem ou à matemática. Para o cérebro direito, a principal 
atuação nas crianças é por meio de desenhos, músicas, representações mentais, 
mímicas etc. Os hemisférios, no entanto, comunicam-se, por meio do corpo ca-
loso, para todas as situações, assim, defino a você que, por mais que exista uma 
predominância de atividade, cada metade do cérebro depende da outra para o 
bom processamento, a análise ou a representação mental.
Caro(a) aluno(a), gostaria de, nesse momento, esclarecer a você as funções de 
cada hemisfério cerebral difundidas, facilmente, na internet. Nos últimos anos, 
tem-se fortalecido a ideia de que o cérebro opera com uma unidade funcional, 
ou seja, as regiões cerebrais se interconectam e se auxiliam para as mais diferen-
tes situações. Desse modo, dizer que o cérebro esquerdo é mais dominante em 
virtude da linguagem, e o lado direito criativo é, na verdade, um mito.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O sistema nervoso é um construto evolutivo de milhões de anos. Nesse sentido, o 
período embrionário é um marco importante na formação e no desenvolvimento 
neurológico. Elucidou-se que, durante a gestação, no momento do nascimento e no 
período pós-parto podem sofrer influências positivas e negativas que interferem, 
diretamente, no resultado do aparato neurológico, o qual pode impactar, positi-
vamente, as operações mentais, ou prejudicar sua formação, limitar ou ampliar 
as capacidades cognitivas, potencializar, ou dificultar diversas funções corporais.
Fica constatado que os tecidos corporais são construtos de muitas células, do 
mesmo modo, o sistema nervoso é constituído por bilhões de neurônios e glias, 
as quais apresentam características, atividades bioquímicas e funções diferentes. 
Essas células são, proporcionalmente, importantes, mesmo que a discussão sobre 
o sistema nervoso seja centralizada no funcionamento neuronal. Tal atenção ofer-
tada pelos neurocientistas aos neurônios está no fato de essas células se modifica-
rem de acordo com os estímulos do ambiente, tendo elas funções específicas, que 
apresentam atividade individualizada, mas que se conecta com grupos de outras 
células nervosas. Por outro lado, as células da glia contribuem para a estrutura e o 
funcionamento encefálico, isolando, sustentando e nutrindo os neurônios.
Compreendemos que a subdivisão neurológica permite mais entendimento 
do funcionamento orgânico das estruturas neurológicas,sobretudo, que os teci-
dos corporais, independentemente de sua localização, e as células nervosas pre-
sentes nessas regiões se comunicam com outros grupos de neurônios, formando 
redes neuronais. Desse modo, por mais que existam áreas de processamentos e 
comandos específicos no encéfalo, a atividade neurológica eficiente depende, 
diretamente, da íntima relação com diversas outras subáreas encefálicas.
30
na prática
1. A formação das estruturas neurológicas é iniciada durante a gestação e amadure-
cem, apenas, ao final da segunda década de vida, em grande parte, influenciada 
pela formação da bainha de mielina que revestirá o axônio neuronal. Quais células 
auxiliam na formação da bainha de mielina?
a) Da Glia.
b) Oligodentrócitos.
c) Epidimárias.
d) Da micróglia.
e) Apócrinas.
2. Já está bastante claro que os neurônios são células cerebrais responsáveis pela cons-
trução do conhecimento. Essas estruturas nervosas têm a capacidade de propagar 
as informações que a elas chegam. Desse modo, por qual razão, quando pensamos 
em um objeto, um animal ou uma situação específica, outros eventos emergem de 
nosso cérebro? Analise as afirmativas:
I - O cérebro funciona, integralmente, não existe conexão ou função específica, 
este órgão sabe de tudo e sobre qualquer coisa, assim, busca similaridades que 
possam ser utilizadas em determinado momento.
II - Outros eventos emergem de nosso cérebro, devido à neuroplasticidade cere-
bral, que permite ao cérebro se reorganizar de acordo com as necessidades, 
permitindo que os neurônios compartilhem informações.
III - Neurônios são estruturas conectadas em forma de rede, que se comunicam uns 
com os outros. As novas memórias são guardadas de acordo com padrões de 
informação e similaridades.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) II e III, apenas.
31
na prática
3. A velocidade de condução dos estímulos elétricos é importantíssima para melhor 
resposta motora. Sobre essa temática, responda quais os fatores que aumentam a 
velocidade de condução dos potenciais de ação, ao longo de um nervo.
a) Fibras calibrosas e presença de bainha de mielina.
b) Fibras finas e presença de bainha de mielina.
c) Fibras calibrosas e ausência de bainha de mielina.
d) Fibras finas e ausência de bainha de mielina.
e) Tipo de estímulo recebido e idade cronológica.
4. Os neurônios são células especializadas que apresentam inúmeras características, 
estas podem influenciar o processo de transmissão neural. De acordo com as ca-
racterísticas dos neurônios, assinale a resposta correta.
a) São divididos em células de Schwann e nodos de Ranvier, sem bainha de mielina 
e com bainha de mielina, respectivamente, e ambos apresentam espaços para 
que a condução “saltatória” aconteça.
b) São divididos em células de Schwann e nodos de Ranvier, com bainha de mielina 
e sem bainha de mielina, respectivamente, e ambos apresentam espaços para 
que a condução “saltatória” aconteça.
c) São divididos em amielínicos e mielínicos, sem bainha de mielina e com bainha 
de mielina, respectivamente. A bainha de mielina é formada por células de Sch-
wann, no entanto deixam pequenos espaços no axônio desprovidos de mielina, 
formando os nodos de Ranvier.
d) São divididos em amielínicos e mielínicos, com bainha de mielina e sem bainha 
de mielina, respectivamente. A bainha de mielina é formada por células de Sch-
wann, no entanto, deixam pequenos espaços no axônio desprovidos de mielina, 
formando os nodos de Ranvier.
e) São divididos em mielínicos, finos e com nodos de Ranvier e os amielínicos, ca-
librosos e com células de Schwann. Ambos apresentam a característica de con-
dução “saltatória” a qual acelera a velocidade de transmissão neural.
32
na prática
5. A presença de bainha de mielina sobre o neurônio gera a formação de nodos de 
Ranvier, como consequência, os potenciais de ação poderão ser conduzidos de 
maneira “saltatória”. Por quais razões este mecanismo é importante?
a) Redução da velocidade da transmissão neural e elevado gasto metabólico por 
parte do axônio.
b) Aumento da velocidade da transmissão neural e economia de energia por parte 
do axônio.
c) Aumento da velocidade da transmissão neural e elevado gasto metabólico por 
parte do axônio.
d) Redução da velocidade da transmissão neural e economia de energia por parte 
do axônio.
e) Aumento da velocidade de transmissão neural em fibras não mielinizadas.
6. O desenvolvimento do sistema nervoso ocorre, em especial, durante o período em-
brionário. Sobre o desenvolvimento do sistema nervoso, assinale a alternativa correta.
a) A placa neural será enrolada, formando o tubo neural e, posteriormente, o canal 
central da medula.
b) O ectoderma dará origem ao líquido cefalorraquidiano.
c) O canal central da medula originará a goteira neural e a placa mioneural.
d) A goteira neural dará origem ao tubo neural que, posteriormente, formará a pele.
e) A formação do tubo neural tem influência genética e embrionária, impossibilitan-
do má formação do sistema nervoso.
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aprimore-se
FATORES DE CRESCIMENTO NO REPARO NERVOSO
Na complexidade da regeneração nervosa, está envolvida uma gama de elementos 
que interagem entre si, todos fundamentais ao processo; dentre eles, os fatores 
de crescimento (FC) despertam grande interesse da comunidade científica, por sua 
atuação como importantes moduladores celulares.
Os nervos periféricos degenerados são uma fonte importante destes fatores, as-
sim como as CS. Essas proteínas são basicamente um conjunto de três famílias de 
moléculas e seus receptores, responsáveis por manter o crescimento e a sobrevi-
vência dos axônios e neurônios motores e sensitivos após danos teciduais.
Os principais fatores neurotróficos usados no reparo de nervos periféricos são: NGF 
que age sobre os neurônios sensitivos e axônios pequenos; BDNF atuante sobre os 
neurônios sensitivos e grandes axônios; NT3 que tem por alvo principal os neurônios sen-
sitivos e motores; NT4/5 e GDNF que atuam sobre os neurônios motores; CNTF tem por 
alvo o nervo ciático; IGF é atuante nas células inflamatórias (anti inflamatórias), neurônios 
sensitivos e motores; e VEGF que tem por principal alvo as células do endotélio vascular. 
A presença local dos FC é importante no controle da sobrevivência, migração, 
proliferação e diferenciação de vários tipos celulares que estão engajados no repa-
ro de nervos. Por esses motivos, a utilização de terapias baseadas em FC tem au-
mentado nas últimas décadas. Os fatores de crescimento devem ser administrados 
localmente para atingir um efeito terapêutico mais adequado e com poucas reações 
adversas. Portanto, a entrega dos fatores de crescimento para regeneração de ner-
vos pode ser idealmente combinada com condutos nervosos.
Dentre os fatores neurotróficos, o fator de crescimento neural (do inglês nerve 
growth factor – NGF) é o fator mais pesquisado, devido à sua ação na proliferação 
e diferenciação de neurônios e por auxiliar o reparo e a recuperação funcional de 
nervos injuriados. Quando combinado com biomateriais e com liberação controla-
da, seu efeito pode ser potencializado. Em estudos experimentais confirmou-se a 
capacidade do NGF de promover a recuperação funcional após lesão.
O fator neurotrófico derivado do cérebro (do inglês brain-derived neurotrophic 
factor – BDNF) endógeno demonstra um importante papel na indução da resposta 
do corpo celular em neurônios injuriados de ratos. Quando expostas a mitógenos 
34
aprimore-se
como BDNF, as células-tronco se diferenciam em linhagens neuronais in vitro.
O fator neurotrófico derivado de linhagem de célula glial (do inglês glial cell li-
ne-derived neurotrophic factor – GDNF) é considerado o fator mais protetor para 
neurônios motores, sendo fundamental na sua formação, assim como de neurônios 
sensitivos durante o processo de regeneração. O GDNF tem sua expressão elevada 
em modelos experimentais de neuropatias motoras em ratos, váriasneuropatias 
humanas e em nervos humanos traumatizados. Em modelo de lesão de nervo peri-
férico em ratos, demonstrou-se que a combinação de condutos nervosos compos-
tos por quitosana, GDNF e laminina foi significativamente mais eficiente durante os 
estágios iniciais do reparo nervoso, promovendo maior mielinização e crescimento 
axonal em seis semanas após a transecção do nervo dos animais.
O fator neurotrófico ciliar (do inglês ciliar neurotrophic factor – CNTF) auxilia na 
diferenciação e na sobrevivência de uma variedade de neurônios, e os níveis de 
expressão de mRNA de CNTF decrescem significativamente e continuam baixos por 
longo período após transecção de nervo periférico.
De modo semelhante, o fator de crescimento similar à insulina (do inglês insulin-
-like growth factor – IGF) também auxilia na regeneração de nervos. O IGF-1 está pre-
sente em vários estágios do desenvolvimento do sistema nervoso periférico, exer-
cendo uma grande variedade de funções, dentre elas a promoção da regeneração 
dos axônios sensitivos e motores. Evidências sugerem que níveis elevados de IGF 
em músculo denervado podem estimular a regeneração com brotamento do nervo.
O fator de crescimento endotelial vascular (do inglês vascular endothelial growth 
factor – VEGF), além de atuar essencialmente no tecido vascular, também auxilia a re-
generação de nervos, devido à estreita relação existente entre as fibras nervosas e os 
vasos sanguíneos durante esse processo. A adição de VEGF aumenta significativamente 
a infiltração de vasos sanguíneos em câmaras de condução nervosa, estando relaciona-
da ao aumento da regeneração axonal e migração de SC. Além disso, o VEGF atua como 
neuroprotetor em neurônios in vitro após lesão isquêmica. Em trabalho experimental o 
uso de VEGF demonstrou efeito sobre o suprimento vascular, com um aumento signifi-
cativo da regeneração axonal e de SC, estimulando a regeneração nervosa.
Fonte: Sebben, Lichtenfels e Silva (2011, p. 646 - 647).
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eu recomendo!
Fisiologia Básica
Autor: Luiz Eugênio Araujo de Moraes Mello
Ano: 2017
Editora: Guanabara Koogan
Sinopse: o tecido nervoso apresenta atribuições específicas para 
cada região encefálica, desse modo, conhecer a organização ge-
ral do Sistema Nervoso é fundamental para o aprendizado do 
funcionamento corporal, a qual pode ser dividida em bases anatômicas que abar-
cam: sistema nervoso central e periférico, embriologia, terminologia, médula es-
pinal, tronco encefálico, cerebelo e as áreas do diencéfalo e telencéfalo. 
Comentário: recomendo a leitura do Capítulo 10 (p.130-145) desta obra: “Organi-
zação geral do sistema nervoso”.
livro
2NEUROFISIOLOGIAPROFESSOR Dr. Weslei Jacob
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Células e Neurônios • Impulso 
Nervoso • Comunicação Sináptica.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
• Discutir as características e as funções dos neurônios • Conhecer o processo de propagação de 
impulsos nervosos • Desenvolver conhecimento sobre o processo sináptico e suas relações com o 
funcionamento corporal.
INTRODUÇÃO
As células vivas do corpo humano buscam, constantemente, o equilíbrio, 
do mesmo modo, as células nervosas também necessitam controlar a ho-
meostase corporal. Felizmente, os neurônios possuem propriedades espe-
cíficas, podem conduzir eletricidade em frequências e direções diferentes.
Os sinais nervosos enviam informações codificadas a todos os tecidos 
corporais, evento conhecido como potenciais de ação. Tal propagação elé-
trica depende da correta distribuição dos íons e outras soluções, por meio 
da membrana celular, em que uma inversão de cargas elétricas, em especial, 
a entrada de cargas positivas no axônio neuronal, por meio da membrana 
celular, torna o neurônio, extremamente, excitável, propagando eletricida-
de. Para tanto, o potencial de ação depende de um potencial de membrana 
equilibrado, seguido das fases de despolarização, perda desse potencial de 
membrana, seguido da repolarização, restabelecimento da polaridade celular.
A despolarização do neurônio é o evento propagador dos impulsos 
nervosos ao longo dos nervos. Para que as informações sejam processadas 
nos tecidos ou órgãos periféricos, é fundamental a transmissão desse sinal 
elétrico, por meio de sinapses, um mecanismo de comunicação entre célu-
las nervosas ou dos neurônios com os tecidos corporais. As sinapses podem 
ocorrer, por meio de mediadores químicos ou por mecanismo elétrico.
A transmissão sináptica é fundamental no entendimento das bases 
neurológicas, as relações com aprendizado, a memória, os transtornos 
mentais ou de aprendizagem, as ações de drogas psicoativas, entre outras. 
Portanto, nesta unidade, discutiremos os elementos básicos do funcio-
namento neurológico, elucidando a composição e as características das 
células, perpassando a propagação de impulsos nervosos sobre a ótica 
elétrica e química, para que seja possível a integração de todos os sinais 
fornecidos pelo organismo humano.
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CÉLULAS E 
NEURÔNIOS
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Caro(a) aluno(a), todos os tecidos do organismo humano são formados por célu-
las, as quais possuem funções especializadas, contam com capacidade integrativa 
e determinam a função de cada um dos nossos órgãos. Cada uma das 100 trilhões 
de células é uma estrutura viva que pode sobreviver por meses ou anos, se os 
fluidos que as circundam tiverem os nutrientes adequados.
As diferentes substâncias que formam a célula são, coletivamente, chamadas 
de protoplasma. Este é composto por cinco substâncias: aproximadamente, 70 a 
85% de água, exceto nas células de gordura; diversos íons, como potássio, mag-
nésio, fosfato, sulfato de bicarbonato e, em menores quantidades, sódio, cloreto e 
cálcio (controle celular e transmissão de impulsos eletroquímicos); as proteínas, 
depois da água, a mais abundante com 10 a 20% da massa celular, divididas em 
dois tipos: proteínas estruturais e proteínas funcionais (GUYTON; HALL, 2006).
As proteínas estruturais são longos filamentos, polímeros de muitas molécu-
las individuais de proteínas, formam microtúbulos, e estes formam os citoesque-
letos de organelas celulares, como cílios, axônios de neurônios, fusos mitócitos e 
uma rede de tubos finos que mantém as partes do nucleoplasma e citoplasma em 
seus respectivos lugares. Por outro lado, as proteínas Funcionais são, principal-
mente, as enzimas da célula, são móveis no fluido celular, promovem as reações 
químicas intracelulares que dispõe energia para a função celular.
A célula, ainda, conta com lipídios, aproximadamente, 2% da massa celular, 
fosfolipídios e o colesterol, solúveis em água, importantes para formar as mem-
branas intracelulares que separam um espaço do outro. Algumas células contém 
grandes quantidades de triglicerídeos, os adipócitos. Cerca de 95% da massa 
celular são de triglicerídeos, as quais podem ser fonte de nutrientes, energia para 
o corpo humano. Da mesma forma, os carboidratos atuam, auxiliando a nutrição 
celular, representam cerca de 1% da massa celular geral, 3% nas células esqueléti-
cas e 6% nas hepáticas. O carboidrato dissolvido, no entanto, em forma de glicose, 
está, sempre, presente no fluido celular, somado a uma pequena quantidade em 
forma de glicogênio (GUYTON; HALL, 2006).
Como acabamos de constatar, as células são unidades vivas do corpo, por esta 
razão lhe faço alguns questionamentos: Por que sentimos fome? Por que o medo 
nos faz procurar refúgio? Por que sensações de frio nos faz procurar calor? Por 
que buscamos a reprodução? Calma! Antes de entrar em desespero, quero apenas 
que compreenda que todas as respostas vinculadas à sobrevivência da espécie 
humana estão, diretamente, associadas ao controle do meio interno, em outras 
palavras, à homeostase celular.
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Como verificamos, este equilíbrio celular deve contar com 60% de soluções 
aquosas adicionadas de íons e outras substâncias, em que a maior partedeverá 
ficar dentro da célula, ambiente conhecido como meio intracelular, e a parte 
restante, em espaços fora da célula, ambiente conhecido como meio extracelular.
Para elucidar esta teoria, considere que dentro da célula, no meio intracelular 
existem grandes quantidades de potássio, magnésio, íons de fosfato, mecanismo 
especial de transporte de íons pela membrana celular para manter a diferença de 
concentração. No espaço extracelular, por sua vez, deve existir grande quantidade 
de sódio, cloreto, íons de bicarbonato, nutrientes para as células (oxigênio, glicose, 
ácidos graxos e aminoácidos), e, também, produtos finais do metabolismo, como 
o dióxido de carbono, eliminado pelos pulmões, e a excreção celular pelos rins.
Você deve, neste momento, questionar-se qual a relação dos parágrafos an-
teriores com neurofisiologia? Pois bem, disse a você que o corpo humano conta 
com, aproximadamente, 100 trilhões de células, dessas, cerca de 10% são denomi-
nadas neurônios ou células nervosas, as quais contam com características muito 
semelhantes. Desse modo, voltamos nossa atenção para essa população celular 
que conta de 86 a 100 bilhões de neurônios, conforme relatam Pivetta (2008, 
on-line)1, Bear, Connors e Paradiso (2008), Guyton e Hall (2011).
São essas tais células nervosas que disparam eletricidade e se comunicam com 
outras células, formando redes neuronais, sobretudo, percebem o ambiente, cons-
troem conhecimentos e comandam as respostas corporais. Para isso, a estrutura 
neuronal do córtex cerebral conta com diferentes tipos de neurônios (assim como 
na imagem a seguir). A maior parte deles é subdividido em três tipos: granulares 
ou estrelados, fusiformes e piramidais (GUYTON; HALL, 2011).
Os granulares ou estrelados possuem axônios curtos e, por essa razão, pro-
pagam informações por curtas distâncias, normalmente, dentro do próprio cór-
tex cerebral. Este tipo de neurônio pode ser excitatório, liberando neurotrans-
missores, como glutamato, ou ser inibitórios, liberando o neurotransmissor 
ácido gama-aminobutírico (GUYTON; HALL, 2011). Ressaltamos, aqui, que 
esses tipos de neurônios estão em grandes concentrações nas áreas sensoriais 
e associativas do córtex. Tenha calma que os tipos de neurotransmissores serão 
discutidos, ao final desta unidade.
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Figura 1 - Tipos de Neurônios
As células piramidais e fusiformes são simples de compreendermos. São elas 
as responsáveis por deixarem o córtex, por exemplo, as células que sairão do 
encéfalo e chegarão à medula espinhal. Agora, imagine que dentro de sua cai-
xa craniana existem bilhões de neurônios, e esses devem adentrar um pequeno 
tubo (coluna vertebral), isso ocorre, em especial, por neurônios maiores, longos e 
grossos, denominados células piramidais, em grande parte, associados às funções 
subcorticais, de acesso inconsciente.
Ao classificar os neurônios, também, é possível fazer a associação de acordo 
com a quantidade de neuritos (axônios e dendritos). Neste tipo de célula, é possível 
encontrarmos um, dois ou mais neuritos, os quais são denominados unipolar, bipo-
lar e multipolar, respectivamente (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2008). Como 
se não bastasse, poderíamos classificá-los de diversas outras formas, por exemplo, 
baseado em sua arborização dendrítica, de acordo com os tipos de conexões. 
Estas determinam se são células nervosas sensoriais ou motoras, por exemplo. A 
classificação, sobretudo, pode se relacionar ao comprimento do axônio e ao tipo 
de neurotransmissor utilizado.
Como verificamos até este momento, as células, além de permitirem a manuten-
ção da vida, permitem, em especial, disparar informações, construir um alicerce de 
conhecimento, por meio da interpretação do ambiente. Desse modo, as estruturas 
ou redes neuronais são essenciais para um bom funcionamento neurológico.
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IMPULSO
NERVOSO
Neste momento, iniciamos o alicerce de uma compreensão ampla do funcio-
namento neurológico dos seres humanos. A primeira pergunta que faço a você, 
agora, é: Como o nosso corpo funciona? E eu respondo: pelos controles do 
sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, assim, as informações 
são transferidas para todos os tecidos corporais.
Peço que imagine a seguinte situação: se estiver a caminhar pelos cômodos 
de sua residência e, sem intenção voluntária, bater o seu pé em uma cadeira, 
o que aconteceria? Uma dor gigantesca, um grito ou um movimento dos pés. 
Estas reações são possíveis, apenas, porque nosso corpo integra informações de 
maneira, extremamente, rápida.
Para que qualquer resposta ocorra, assim como neste exemplo, é fundamental 
que os nervos sensoriais recebam a informação, levando-as para uma estrutura 
denominada interneurônios, localizados na medula espinhal. É onde uma má-
gica acontece, a informação de movimento reflexo (sem processamento dentro 
do encéfalo) ocorre, enviando uma informação motora para que seja possível o 
movimento dos pés. Ao mesmo tempo, a informação, que havia chegado à medula 
será redirecionada ao encéfalo, local em que os neurônios específicos processa-
ram a sensação de dor (FOSS; KETEYIAN, 2010; GUYTON; HALL, 2006).
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Dirija-se até o interruptor de luz do ambiente em que está agora, tecle para acender 
a lâmpada. Ao fazê-lo, você disparará eletricidade, por meio de um fio condutor, 
normalmente, por um fio de cobre. O interessante, aqui, é pensar essa ação, como 
ocorre no corpo humano, quando movimentamos as pernas, pensamos em algo, 
ouvimos e falamos, evidentemente, não por fios de cobre, mas pelo citosol das cé-
lulas nervosas, carregadas, eletricamente, por átomos e elétrons. O funcionamento 
de todo organismo humano ocorre por duas bases, pelos impulsos nervosos, co-
nhecidos como potenciais de ação, e pela comunicação sináptica (LENT, 2013).
Neste momento, gostaria de me ater, apenas, na comunicação elétrica. Primeira-
mente, relembro a você os componentes de uma célula nervosa, denominada neurônio.
Essa estrutura conta com o corpo celular ou soma, que contém em seu interior 
núcleo e diversas organelas, como o fio de eletricidade com que fizemos a analogia 
anteriormente, conhecido como axônio. Junto ao corpo celular, existem diversos 
dendritos e, ao final do axônio, as terminações nervosas. Será nessa estrutura 
celular, denominada neurônio que as informações serão conduzidas em todo o 
Se a transmissão de informações ocorre por eletricidade, como ela é transferida de um 
neurônio para outro ou de neurônio para o tecido corporal?
pensando juntos
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corpo humano, sejam elas com destinos aferentes (em direção ao sistema nervo-
so) sejam eferentes (em direção dos tecidos corporais).
Pelos neurônios são conduzidos sinais elétricos de duração e tamanhos fixos. 
Independentemente da distância a ser percorrida, esses sinais são formados, devido 
à característica da membrana axonal. As informações enviadas estão codificadas 
na frequência dos potenciais de ação dos neurônios bem como na distribuição em 
número e disparos de determinado nervo. Ressalto, aqui, que as células nervosas e 
musculares são capazes de conduzir os impulsos nervosos, isso pelo fato de possuí-
rem membranas excitatórias (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2008).
Para simplificar a você, considere que uma membrana neuronal excitável, quan-
do não dispara eletricidade, está em repouso, ou, como conhecido, potencial de 
repouso da membrana. Os sinais neurais são transmitidos, por meio de potenciais 
de ação, isto é, variações muito rápidas do potencial de membrana. Essas variações 
ocorrem em, aproximadamente, um milésimo de segundo. Cada potencial de ação 
começa com uma modificação abrupta do potencial de repouso negativo normal, 
no interior do axônio, para um potencial positivo e, em seguida, termina com a mo-
dificação quase tão rápida quanto para o potencial negativo. Para conduzir o sinal 
neural, o potencial de ação se desloca ao longo de toda a fibra nervosa até atingir 
seutérmino (GUYTON; HALL, 2011; BEAR; CONNORS; PARADISO, 2008).
Um neurônio encontra-se em repouso quando, em seu interior, existe alta 
concentração de cargas negativas, e fora uma grande concentração de íons posi-
tivos. Para tanto, considere que no interior da membrana deve existir, principal-
mente, íons de potássio (K+) e, do lado de fora, uma grande concentração de íons 
de sódio (NA++). Outros componentes, também, devem ser associados, como 
Cálcio (CA++), Cloreto (Cl-), água, entre outros.
Para que possamos compreender a geração elétrica dos impulsos nervosos, con-
sidere que, no interior do axônio, a polaridade negativa normal é de -80 milivolts 
(BEAR; CONNORS; PARADISO, 2008) e de -90 milivolts (GUYTON; HALL, 2011). 
Quando essa polaridade negativa se encontra com esta voltagem, pelo fato de mais 
íons de K+ estarem dentro da célula e uma grande concentração de íons de Na++ 
localizada do lado de fora, consideramos uma membrana em repouso ou polarizada.
Para que esses íons carregados, eletricamente, consigam atravessar a mem-
brana, é necessário transportá-los de um lado para outro, para tanto, existe na 
bicamada lipídica ou fosfolipídica do neurônio diversas comportas ou canais 
voltagem-dependentes, que, assim como o nome denuncia, dependem de eletri-
cidade ou de variação elétrica para abrir, ou para fechar.
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Mesmo que venhamos a discutir, profundamente, o Na++ e K+, o Cl- tem pa-
pel fundamental na geração de potencial de ação, pois ele deve estar em equilíbrio 
dentro e fora da célula. Por essa razão, quando comemos muitas comidas salgadas, 
ficamos inchados por alguns dias, pois a água acompanhará a movimentação 
destes solutos, inflando o ambiente celular. Outro ponto interessante é que a movi-
mentação de Cl- poderá levar o íon de Na++ para dentro da célula, utilizando em 
ambos os casos esses tubos, túneis ou pontes de acesso, conhecidos como canais 
voltagem-dependentes, estruturas seletivas, a cada componente transportado.
Caríssimo(a), quando o potencial de membrana passa de negativo a zero 
(-90 para 0mV, aproximadamente), provoca-se na membrana uma alteração na 
molécula proteica, responsável pela abertura (ativação) dos canais de íons de 
sódio, desse modo, a permeabilidade do sódio, por meio da membrana, poderá 
aumentar até 10x (GUYTON; HALL, 2011). Em geral, é necessária a elevação 
abrupta da ordem de 15 a 30 milivolts. Por conseguinte, o aumento súbito do 
potencial de membrana, em fibra calibrosa, de -90 milivolts até cerca de -65 
milivolts, será capaz, na maioria das vezes, de deflagrar o desenvolvimento ex-
plosivo do potencial de ação. Esse nível de -65 milivolts é, consequentemente, 
chamado de limiar para a estimulação (GUYTON; HALL, 2011).
Agora, pense comigo, se o Na++ está dentro da célula e ele é carregado po-
sitivamente, concorda que, no interior da célula, a polaridade da membrana em 
repouso foi perdida? Se sim, podemos continuar. À medida que o axônio perde 
seu potencial negativo, agora, caminhando em direção à positividade, devido 
à entrada gradativa de íons de Na++ no interior da membrana, uma curva as-
cendente será notada, evento conhecido como despolarização da membrana, 
associado à entrada do íon de Na++.
Conforme o meio interno fica, rapidamente, positivo, outro canal voltagem-
-dependente se abre, retirando íons de K+ do interior da célula, fazendo a curva 
ascendente transformar-se em descendente, perfazendo, novamente, a negativi-
dade no interior do axônio. Este evento é conhecido como fase de repolarização 
da membrana. Ressalto, aqui, que o transporte de substâncias, até aqui, não gerou 
gasto de energia, ou seja, de Adenosina Trifosfato (ATP), assim, considera-se um 
transporte passivo, utilizando proteínas de canal para realização do transporte.
A célula variou, eletricamente, disparou informações, mas os íons de Na++, 
ainda, estão em grande concentração no meio intracelular, enquanto os de K+ 
estão no meio extracelular, ou seja, encontram-se invertidos. Então, como eles 
voltarão aos seus devidos locais de origem? Por meio de uma bomba de Na++/
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K+, presente em todas as células corporais, a qual retira três íons de Na++ do in-
terior da célula e acrescenta, novamente, dois íons de K+. Tudo isso com gasto de 
energia ou ATP, mecanismo denominado transporte ativo primário, que ocorre 
por meio de proteínas carreadoras ou transportadoras.
Para que a despolarização e a repolarização da membrana ocorram durante um 
potencial de ação, é necessário que as comportas ou canais voltagem-dependentes 
de sódio e potássio consigam aumentar sua permeabilidade para os respectivos 
íons, somado a isso, é necessária a ativação conjunta da bomba de Na++/K+. Cabe, 
aqui, explicar a você que as proteínas que transportam íons de Na++ e K+ são ati-
vadas e inativadas pela variação elétrica, ou seja, uma variação do negativo para o 
positivo abre canais de Na++. Nesse sentido, a positividade inativa o canal de Na++, 
enquanto ativa o canal K+. O interessante, aqui, é que a condutância do canal de 
Na++ é maior que a do K+, bem como a velocidade de abertura dos canais, assim, o 
canal de Na++ abre muito rápido e o íon atravessa esse canal, também, de maneira 
muito veloz. O canal de K+, por sua vez, é mais lento para abrir, e o íon atravessa, 
também, de modo mais lento. O canal de K+ é lento, durante a inativação, o que 
permite a saída excessiva de K+, ocasionando déficit extra de íons positivos fora 
da célula. Esse evento é conhecido como fase de hiperpolarização.
Resumidamente, a geração do potencial de ação segue a ordem: por alguma 
razão, a membrana é perturbada, gerando um feedback positivo, leva seu poten-
cial em direção a zero; abrem-se os canais de sódio voltagem-dependentes; influ-
xo de sódio rápido, elevação, ainda, mais rápida do potencial de membrana, com 
aumento na abertura de mais canais de sódio; a própria elevação no potencial 
de membrana gera uma inativação dos canais de sódio e a abertura dos canais 
de potássio; fim do potencial de ação.
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A fibra nervosa pode ser excitada em qualquer ponto, excitando toda sua região 
adjacente. Desse modo, ocorrerá a formação de um “circuito local”, em que a fibra 
excitada aumentará a permeabilidade do sódio, despolarizando as áreas adjacentes 
da membrana em repouso. Essas áreas formam novos circuitos locais que realizam 
o mesmo processo, assim, o potencial de ação se propaga ao longo de uma fibra 
nervosa, denominada impulso elétrico, conforme representado na figura a seguir.
Figura 2 - Potencial de ação
Para que um tecido corporal mantenha sua atividade constante, deverá receber somação de 
ondas elétricas. Desse modo, antes que a frequência estimulatória de um único impulso ner-
voso termine, uma nova onda elétrica chegará ao tecido. Desse modo, é possível apresentar 
contração muscular prolongada para superar tarefas do dia a dia. Posto isso, a frequência 
de disparos neurológicos é fundamental para a ativação e o controle dos tecidos corporais.
Fonte: o autor.
explorando Ideias
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COMUNICAÇÃO
SINÁPTICA
A maior parte desta complexidade neurológica, denominada cérebro, é o córtex, 
uma capa que cobre a superfície do cérebro que tem espessura de, aproximada-
mente, seis centímetros, responsável por filtrar os estímulos do ambiente e pro-
porcionar aos seres humanos entendimento sobre a realidade, permitindo-lhes 
ver, tocar, ouvir e falar. É por esse córtex que podemos raciocinar, pensar, planejar. 
Isso se deve ao fato de que essa região é revestida de células nervosas, que disparam 
informações elétricas e se comunicam por substâncias químicas. Desse modo, 
diversas ligações entre essas células são formadas, construindo redes neuronais.
Ressalto, aqui, que essas redes de comunicação neurológicas não nascem 
prontas, são criadas de acordo com as experiências vividas e, por meio delas, os 
circuitos neuronais se alinharão, construindo muito mais que vias de comunica-ção, assim serão construídos os conhecimentos, as memórias e toda possibilidade 
neurológica dos seres humanos (BEE; BOYD, 2011).
Este mundo que nos rodeia impulsiona a formação de trilhões de comunica-
ções neuronais, assim, pouco a pouco amadurecemos a capacidade cerebral e de-
pendemos, cada vez menos, de adultos. Apenas para esclarecer melhor essa ideia 
a você, peço que faça a seguinte reflexão sobre o conhecimento e a capacidade 
de comunicação de células neuronais: Aos 12 meses de vida, um bebê possui o 
dobro de comunicações sinápticas do que os adultos, desse modo, uma criança de, 
aproximadamente, um ano conhece mais que um adulto? Obviamente, a resposta 
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é não, isso ocorre por diversos princípios. O primeiro funciona como uma “apólice 
de seguros” para que, caso áreas neurológicas sejam comprometidas por uma que-
da ou um acidente, possamos minimizar o aparecimento das sequelas. Sim, basta 
observar quantas vezes uma criança cai e sua cabeça colide com um objeto, nem 
por isso fica com grandes lesões ou limitações. À medida que a criança evolui, ela 
elimina esse excesso de comunicação sináptica e passa a construir conhecimentos 
diversos, ancorados nos estímulos do ambiente, na genética e, mesmo, nas tarefas 
proferidas por adultos (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Caríssimo(a), de acordo com o que verificamos até aqui, é possível entender 
que a aquisição de um segundo idioma ou a aprendizagem de qualquer outro 
elemento acontece mais rápido em um cérebro jovem, isso pelo fato do rápido 
alinhamento das comunicações neuronais, ou seja, é como um computador novo, 
tudo abre ou roda mais rapidamente que em um equipamento mais velho.
Nas últimas décadas, o avanço tecnológico possibilitou o amplo mapeamento 
das redes neuronais e, acima de tudo, como a comunicação neurológica ocorre. 
Há mais de um século, descobriu-se a capacidade dos neurônios dispararem 
eletricidade e estimular células vizinhas, por meio de sinapses e, mais tarde, duas 
maneiras de comunicação sináptica, uma elétrica e outra química.
Iniciamos esta discussão, elucidando a sinapse menos presente nos seres 
humanos, de base elétrica. A caracterização de uma sinapse elétrica ocorre 
pela junção comunicante presente entre duas células, ou seja, existe livre 
passagem de íons e substâncias. Esse evento é mais presente na comunicação 
do tecido visceral ou mesmo do músculo cardíaco. Em síntese, é como se um 
túnel fosse formado para a livre passagem da informação nervosa. Vale ressal-
tar, aqui, que as sinapses elétricas podem ser transmitidas nos dois sentidos 
da fibra nervosa (GUYTON; HALL, 2011).
Por outro lado, a sinapse química é simples de compreender, a comu-
nicação elétrica ocorre em sentido unidirecional, com o intuito de passar, 
quimicamente, uma informação de um neurônio chamado pré-sináptico para 
outro, denominado pós-sináptico.
A condução elétrica de uma informação, pelo axônio neuronal, chegará até as 
terminações nervosas, permitindo a entrada do íon de cálcio, presente no meio 
extracelular, na terminação nervosa do neurônio pré-sináptico. Esse evento per-
mite o deslocamento das vesículas sinápticas, estruturas que armazenam e, de-
pois, secretam neurotransmissores, moléculas de comunicação neuronal. Nas 
últimas décadas, muitas moléculas neurotransmissoras foram descobertas, e se 
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estabeleceu que elas são responsáveis em conduzir prazer, felicidade, dor, tensão, 
relaxamento etc. As respostas de secreção neurotransmissora relacionam-se aos 
estímulos do ambiente, absorvidos ao longo da vida, ou seja, a quantidade de 
neurotransmissores depende dos níveis sociais, educacionais, entre outros fatores.
Tome, por exemplo, a seguinte situação: a inteligência depende de fatores 
relacionados à predisposição genética, mas é influenciada pelo entorno cultural, 
pelos aspectos sociais e pela base familiar. Desse modo, não é possível transformar 
uma criança normal em uma superdotada, do mesmo modo que um superdota-
do, sem estímulos, não apresentará altas habilidades.
Simplificando, a inteligência associa-se à comunicação elétrica transportada 
de um neurônio para outro, por meio de sinapses, as quais podem secretar sero-
tonina, isto é, molécula neurotransmissora ligadas às atividades impulsivas e à 
felicidade. A dopamina, quando liberada, auxilia na tomada de decisões, regula 
a atividade cerebral, reduz a comunicação sináptica, amplia a manutenção do 
foco e, ainda, desperta sensações de prazer. A noradrenalina ou a epinefrina, 
vinculadas à adrenalina, despertam o interesse individual, a substância P, asso-
ciada às sensações de dor ou ocitocina, hormônio associado à base materna ou 
reprodutiva, que, no cérebro, pode desenvolver apego, empatia e até fidelidade.
Existem cerca de 50 neurotransmissores descobertos pela neurociência, mas 
para elucidar melhor essas informações, observe o quadro a seguir.
NEUROTRANSMISSOR LOCAIS DE ORIGEM
Acetilcolina
Ação excitatória, atua na formação reticular e 
algumas estruturas do sistema límbico. Envolve-
-se nos mecanismos de alerta e atenção, apren-
dizado e memória de curto prazo. No sistema 
nervoso periférico, o neurotransmissor é liberado 
na junção neuromuscular, ou seja, na sinapse, 
entre as fibras do nervo periférico e seu músculo 
efetor. No sistema nervoso autônomo, é o neuro-
transmissor das vias parassimpáticas.
Gaba (ácido gama-ami-
nobutírico)
Ação inibitória, presente, de forma disseminada, 
no córtex cerebral.
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Dopamina
Presente no sistema límbico e nas conexões com 
o córtex motor. Envolve-se com funções cogniti-
vas e atua no sistema nigroestriatal, relacionado 
à regulação do movimento. Sua liberação gera 
sensação de prazer.
Serotonina
Presente nos núcleos da rafe. Relaciona-se à sensa-
ção de bem-estar, saciedade, regulação da tempe-
ratura corporal, aumento da tolerância à dor.
Glutamato
Ação excitatória, presente no sistema nervoso 
central e medula espinhal.
Noradrenalina
Presentes em regiões do tronco cerebral, como 
o locus coeruleus (na ponte) e área tegmentar 
lateral. Atua, extensamente, no sistema límbico e 
no córtex cerebral.
Adrenalina
Responsável pelas respostas ao estresse (reação 
de “luta ou fuga”), por meio de sua ação nas vias 
simpáticas do sistema nervoso autônomo.
Glicina
Ação inibitória, atua, principalmente, na medula 
espinhal.
Histamina
Presente no sistema nervoso central e periférico, 
relacionada aos mecanismos de regulação do 
sono e prazer sexual.
Substância P
Relacionada à transmissão da sensação de dor 
pelos tratos sensitivos.
Quadro 1 - Principais neurotransmissores e seus locais de origem e ação / Fonte: Radanovic (2016, p. 44).
Caro(a) aluno(a), se uma perturbação nos estímulos elétricos ocorrerem, a 
harmonia química do cérebro será impactada e como resultado teremos a não 
aprendizagem. Isso, também, pode afetar a construção da personalidade ou o 
comportamento humano.
Com tantas substâncias agindo no sistema nervoso, como as drogas agem no cérebro?
pensando juntos
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Voltamos, agora, à compreensão da sinapse química. Logo após o impulso nervo-
so viajar pelo axônio neuronal, ativará as vesículas sinápticas que armazenam os 
neurotransmissores, liberados por exocitose na fenda sináptica e se conectarão às 
moléculas receptoras no neurônio pós-sináptico (GUYTON; HALL, 2011). Esta 
conexão entre neurotransmissor e receptor ocorre como chave e fechadura, em 
um encaixe perfeito. Aqui, cabe uma ressalva, as sinapses podem ser excitatórias 
ou inibitórias, as que estimulam a comunicação ou aquelas que as bloqueiam, 
isso se associa ao tipo de receptor a que os neurotransmissores se conectam. 
Para excitar a comunicação e deflagrar um novo estímulo elétrico no neurônio 
pós-sináptico, uma enzima catalisa a reação e permite a entrada do íon de sódio 
na próxima estrutura nervosa, despolarizando, assim, a fibra neuronal. O en-
cerramento da sinapse ocorre por um mecanismo de receptação

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