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A sala de aula invertida (Flipped Classroom)
A sala de aula invertida (Flipped Classroom) tem como seus maiores expoentes os professores Jonathan Bergmann e Aaron Sams, sua metodologia baseia-se em uma concepção educacional que coloca os aprendizes como os principais agentes de seu aprendizado. Nela, o estímulo à crítica e à reflexão é incentivado Novas Metodologias na Educação Mediada por Tecnologias 21 2.1.2 Sala de Aula Invertida A aprendizagem Híbrida (Blended Learning ou B-learning), segundo Bacich e Moran (2015) híbrida significa misturada, mesclada, blended. Significa ainda partir do pressuposto de que não há uma única forma de aprender e, por consequência, não há uma única forma de ensinar. Ainda para os mesmos autores, a educação sempre foi híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades, metodologias, públicos e agora esse processo, com a mobilidade e a conectividade, é muito mais perceptível, amplo e profundo, tratando-se de um ecossistema mais aberto e criativo, e, portanto, mais flexível. Neste sentido, é preciso pensar e organizar os espaços de aprendizagem que até então eram pré-estabelecidos, de forma mais abrangente, haja vista que todos os lugares podem se tornar locais de aprendizagem, com a vantagem inclusive de que muitas vezes este local dar-se-á de forma virtual. Apesar do grupo alvo de nosso curso ser altamente especializado, nossa opção por um modelo híbrido vai ao encontro do que enfatizam Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015), ao afirmarem que apesar das novas tecnologias digitais exercerem um papel importantíssimo no contexto educacional, os professores ainda não detêm o conhecimento necessário para a utilização de ferramentas e tecnologias em suas aulas. 2.1.1 Aprendizagem Híbrida pelo professor que conduz a aula, mas o centro desse processo é, de fato, o próprio aluno. Segundo Bergmann e Sams (2016), o principal conceito de sala de aula invertida é que o que antes era feito em sala de aula, agora é realizado em casa e o que era tradicionalmente feito em casa, passou a ser feito em sala de aula. Para tal, a ideia central é de que o professor prepare e disponibilize previamente seus materiais, que idealmente em sua maior parte serão vídeos, os quais os alunos assistirão previamente com as principais explicações sobre os assuntos e/ou estudarão os materiais indicados e quando do encontro e/ou na aula presencial, esta passará a ser a oportunidade para esclarecer dúvidas, realizar atividades, trocar conhecimentos e fixar de fato a aprendizagem. Além dos materiais, o professor deverá incentivar a participação de todos por meio de discussões e aplicações práticas dos conceitos estudados. Neste sentido, o professor passa a atuar como um designer de percursos, devendo propor atividades individuais e em grupo, promovendo continuamente diferentes formas para os aprendizes ampliarem seus conhecimentos, sua autonomia e a gestão de seu tempo. Para tanto, os materiais devem ser desenvolvidos de forma a serem flexíveis, levando em conta que cada aprendiz aprende no seu ritmo, procurando entender como cada um aprende, propiciando uma atenção mais individualizada. Para que a circulação e a interação dos alunos entre seus pares e o professor sejam facilitadas, também a sala de aula física tem que ser modificada. Depois do evento COVID-19, a educação e a sociedade em muitas de suas nuances mudaram para sempre, cabendo então o seguinte questionamento. - Como seria inverter uma sala de aulas remota? Novas Metodologias na Educação Mediada por Tecnologias 22 Simples, o que seria feito na escola (os conteúdos) agora serão estudados em casa, e na sala on-line ocorrerão as tarefas de casa. Para tal, o(a) professor(a) disponibiliza com antecedência os seus materiais de estudo da(s) próxima(s) aula(s). Com os(as) alunos(as) tendo estudado anteriormente tais conteúdos, a aula on-line será melhor aproveitada em seu momento síncrono, já que o(a) professor(a) terá ganhado tempo em relação à explicação total dos conteúdos. Com isso, amplia-se o tempo para aprofundar-se nos assuntos e ainda para a realização de tarefas individuais ou colaborativas.
Imagine esta cena: você inicia sua aula e os alunos trazem dúvidas e questionamentos sobre o conteúdo, que foi estudado previamente em casa. Assim, você pode usar o tempo da aula para sanar as dúvidas, fazer atividades diversas, discussões, debates, projetos. Essa é a proposta da sala de aula invertida. O conceito vem da ideia de inverter a dinâmica da aula tradicional. O aluno estuda em casa, e já vem à aula pronto para realizar atividades. Portanto, temos dois momentos: um on-line, em casa, e um off-line, presencial, na sala de aula. O tempo de sala de aula é aproveitado para potencializar e consolidar o aprendizado. Este modelo começou a ser utilizado na década de 90, mas foi em 2000 que, com um trabalho de Baker na 11th International Conference on College Teaching and Learning apud Schimitz (2016), a prática da Flipped Classroom se popularizou em vários países. O modelo Sala de Aula Invertida foi idealizado para que o professor utilize o tempo dentro da sala de aula para executar atividades práticas, bem como o feedback que recebe dos alunos para melhorar o processo de ensino e aprendizagem. A proposta desse modelo propicia aos alunos dois momentos de aprendizagem: on-line e off-line.
No momento que antecede a aula, o professor providencia um material conceitual, que pode ser um vídeo com uma explanação curta e dinâmica, para que a teoria seja estudada fora da sala de aula, no estilo tarefa para casa. Esses vídeos podem ser selecionados utilizando-se por exemplo a Khan Academy e diversos canais do YouTube, como já mencionamos. Entretanto, esse material pode ser providenciado em diferentes formatos sendo eles textos, infográficos, animações, conteúdos disponíveis em plataformas de ensino, entre outros, como afirma Morais em TV SINPRO Mogi (2017). No momento em sala de aula presencial, o professor incentivará os alunos para que utilizem o material conceitual para solucionar questões e situações-problema, promover debates e discussões, elaborar projetos, dentre outras propostas de atividade. O que se propõe nesse modelo é a proatividade do aluno para que, em casa e antes da aula, ele possa se apropriar do conhecimento-base por meio do material teórico. O aluno traz a sua bagagem de conhecimento, o seu entendimento sobre o conteúdo e pode contribuir com o que compreendeu. Desse modo, a sala de aula se torna um ambiente para desenvolvimento prático de atividades acompanhadas do professor, bem como de incentivo à interação. Imagine um aluno que tem dificuldades em acompanhar a turma, por não compreender algum conceito e nem realizar as tarefas de casa de forma apropriada, pois não entendeu como deveria fazer; uma aluna que não compreende bem os conceitos, mas sabe replicar os conteúdos esperados pela prova; ou qualquer outro aluno que tenha dificuldade de se adaptar ao ensino tradicional. O ensino híbrido surgiu para abordar essas dificuldades. A sala de aula invertida, segundo Bergmann e Sams (2016), permite que as necessidades de alunos como esses sejam atendidas, pela personalização do ensino. - “A inversão da sala de aula estabelece um referencial que oferece aos estudantes uma educação personalizada, ajustada sob medida às suas necessidades individuais.”, Bergmann e Sams (2016, p. 5)
Inverter a sala de aula deve garantir que todos os alunos aprendam, cada um a seu ritmo. Por isso, mesmo as atividades feitas em sala de aula podem ser personalizadas
Como orientar os alunos para estudarem em casa
Em geral, uma aula “invertida” começa com a discussão do conteúdo estudado pelos alunos em casa. Podem ser discussões sobre o vídeo, texto ou outro material que foi disponibilizado previamente. Como temos um ensino tradicional há muitos anos, os alunos podem não estar acostumados a estudar sozinhos. É importante que os alunos sejam instruídos e “treinados” sobre como estudar em casa, até que se crie uma cultura desse estudo mais autônomo.
Portanto,seguem algumas orientações que podem beneficiar os alunos e contribuir para a efetividade do modelo de sala de aula invertida: Novas Metodologias na Educação Mediada por Tecnologias Inverter a sala de aula deve garantir que todos os alunos aprendam, cada um a seu ritmo. Por isso, mesmo as atividades feitas em sala de aula podem ser personalizadas. ¹Também conhecido como cartão de memória, é um pequeno cartão com informações de ambos os lados, que se destina ao auxílio da memorização de conteúdos que relacionam conceitos organizados num sistema de perguntas e respostas. Cada flashcard possui uma pergunta ou palavra-chave de um lado e uma resposta sobre o conteúdo do outro. 43 Se a tarefa for uma vídeo-aula, peça aos alunos que pausem e voltem o vídeo quantas vezes for necessário, mas que transcrevam os pontos/conceitos-chave e anotem suas dúvidas. Além disso, oriente que, ao final da aula, eles façam um resumo do que compreenderam; Oriente-os a desligar telefones, tablets, ou se manterem longe de quaisquer outras distrações, e interrupções. Concentração e foco são muito importantes; e Caso o material a ser estudado seja um texto, as orientações são as mesmas: que anotem os pontos importantes e os questionamentos. Ao final do texto, sugira que façam um mapa mental sobre o conteúdo. Outra possibilidade é instruí-los a criar flashcards¹ sobre os conceitos de forma individual ou colaborativa.
Este estudo autônomo deve ser encorajado e treinado, pois, muitas vezes, os alunos não sabem como proceder, ficando com dúvidas sobre o processo em si, sobre como estudar. No modelo tradicional de aula, os estudantes trazem dúvidas sobre suas tarefas de casa, requisitadas no dia anterior. Portanto, é muito comum que os professores iniciem suas aulas corrigindo essas tarefas e sanando dúvidas do conteúdo anteriormente estudado. Assim, um bom tempo da aula é despendido nesta atividade, e, o restante, na apresentação do próximo conteúdo. Não costuma haver muito tempo de aula para a prática e a interação. Já no modelo de sala de aula invertida, se os alunos forem bem treinados para estudar o conteúdo “on-line”, o tempo é reorganizado: mesmo que seja preciso responder perguntas sobre o conteúdo estudado em casa, o restante do tempo é utilizado para práticas, interação, resolução de problemas e consolidação desse conteúdo
Por que utilizar o modelo sala de aula invertida?
Vamos apontar algumas razões pelas quais esse modelo é recomendado:
Ele “fala a língua” dos estudantes. Os alunos são nativos digitais, pois nasceram em meio a vídeos do YouTube, plataformas de games digitais, sem falar nas redes sociais. O próprio celular é um minicomputador, portanto, um recurso que deveria ser mais explorado na prática pedagógica; Usa a tecnologia a nosso favor. Ao invés de tentarmos combatê-la, precisamos unir forças e usá-la a fim de potencializar os resultados; Fomenta a autonomia e interesse dos alunos, bem como a consciência de responsabilidade pelo seu próprio processo de aprendizagem;
Respeita o ritmo dos estudantes e favorece aqueles que têm muitas ocupações, além da sala de aula. Com esta flexibilidade os alunos estudam no momento mais conveniente e pausando, ou acelerando os vídeos, por exemplo. Assim, os alunos que têm mais dificuldade também têm a oportunidade de progredir mais; Promove uma diferenciação, customização e personalização do ensino; Auxilia no desenvolvimento de alunos com habilidades especiais, pois respeita o ritmo desses alunos e personaliza os conteúdos; Intensifica a relação professor-aluno, pois ajuda os professores a conhecerem melhor seus alunos e a mediação se torna mais eficaz; Proporciona maior interação aluno-aluno, já que os momentos de sala de aula são investidos em exercícios, projetos, debates e, portanto, muitas atividades em grupo. Esse aumento na interação e intensificação das relações também permitem que os estudantes desenvolvam mais suas competências socioemocionais; e
Auxilia na “educação” dos pais, pois permite que eles estudem junto com seus filhos e acompanhem o processo de aprendizagem de forma mais próxima. Além disso, os próprios pais aprendem com o material disponibilizado aos filhos. Não é raro conhecer pais que aprenderam conteúdos junto com seus filhos. O modelo também promove mais transparência exatamente porque todos têm acesso ao que está sendo compartilhado. Contudo, é importante deixar os pais bem informados sobre o modelo adotado, para que não haja mal-entendidos.
No entanto, a sala de aula invertida não deve ser utilizada se o professor acredita que isso facilitará sua vida. Não é verdade. Há uma mudança de postura e atuação, mas o trabalho continua sendo desafiador. Outro motivo equivocado para utilizar este modelo é motivado apenas para “se tornar um professor do século XXI”. Os benefícios do modelo devem estar bem claros e o objetivo das atividades também. O professor deve fazer o que faz com consciência, sabendo que suas práticas pedagógicas são, de fato, significativas para seus alunos.
Experiência na Grécia utilizando o modelo Sala de Aula Invertida
Sergis e colaboradores (2017), pela Universidade de Pireu na Grécia, apresentaram um estudo que investigou o impacto dos ambientes de aprendizado, quando aprimorados com modelo de sala de aula invertida, sobre os resultados de aprendizagem dos alunos, bem como sobre o nível de satisfação e a autodeterminação durante a aprendizagem deles. O estudo envolveu 128 alunos com cerca de 14 anos de idade que cursavam as disciplinas matemática, tecnologia e ciências humanas. Para mensurar a aprendizagem dos alunos, primeiramente foi aplicado um pré-teste antes de iniciar o conteúdo para avaliar o conhecimento prévio dos alunos sobre o assunto. O professor delegou aos alunos tarefas para serem concluídas em casa. Durante esse período, foi solicitado que os alunos estudassem conceitos básicos, referentes a próxima sessão presencial em sala de aula, utilizando vídeos fornecidos pelo professor. Além disso, eles também deveriam responder a questões sobre a sua compreensão deste material através de testes on-line. Uma avaliação pós-teste foi realizada para considerar as notas dos alunos obtidas depois da aplicação do conteúdo. A teoria da autodeterminação define três princípios básicos: relaciona o envolvimento dos alunos na realização de tarefas com suas necessidades de competência, autonomia e relacionamento. Quanto à competência, considera ter sucesso no processo de aprendizagem. Sobre a autonomia, trata de agir com atitude autônoma em um contexto relevante para eles. E para o relacionamento, trata da colaboração e da comunicação com outros alunos. Com a aplicação do método, os professores puderam investir o tempo, que seria para aula conceitual, em atividades práticas e colaborativas para seus alunos, bem como para fornecer feedbacks
Os resultados para a aprendizagem dos alunos se mostraram melhorados e estatisticamente significativos quando comparadas as notas dos alunos obtidas no pós-teste e no teste diagnóstico (pré-teste). Os princípios da autodeterminação foram comparados entre o início e o final do processo de aprendizado, por meio de questionários respondidos pelos alunos, e se mostraram estatisticamente relevantes. Também, o nível de satisfação em relação ao aprendizado se mostrou satisfatório para as suas necessidades motivacionais internas. Adicionalmente, verificou-se que o maior aumento na aprendizagem foi relatado para os alunos com baixo desempenho. Desse modo, o trabalho sugere que a utilização da Sala de Aula Invertida pode não apenas influenciar os resultados da aprendizagem dos alunos, mas também aumentar o seu nível de satisfação com o aprendizado engajando as suas necessidades motivacionais internas.
Concluindo...
O contexto educacional sofreu e continua sofrendo várias mudanças. Precisamos nos adaptar e atender às demandas, repensando e transformando nossas práticas pedagógicas. O ensino híbrido é mais uma alternativa para proporcionarmos experiências de aprendizagem significativas aos estudantes.Ao modificarmos as estratégias para condução da aula oportunizamos reflexões sobre as relações de ensino e aprendizagem. O mais importante é tornarmos o aluno o centro do processo de aprendizagem, fomentando a autonomia, o interesse, a descoberta, incluindo alunos com necessidades especiais, e habilidades diferenciadas, e respeitando o ritmo de cada um. Assim, modelos de ensino híbrido como a rotação por estações e a sala de aula invertida nos mostram que é possível inovar, desde que utilizemos a tecnologia a favor de nossos interesses e que compreendamos os objetivos do fazer pedagógico. A aprendizagem pode e deve ser mais divertida, envolvente e significativa

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