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EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 1 Temas preparados para discussão na disciplina “Gestão de Tesouraria” do Curso de Administração da Escola de Administração da UFRGS. Uso exclusivo dos alunos matriculados na disciplina. Não é autorizada a cópia ou reprodução para terceiros, por quaisquer meios. As considerações contidas neste texto estão em processo de elaboração e discussão e não constituem recomendações de ações ou tomada de decisão. ©Roberto Lamb, Porto Alegre, RS, 2017 Gestão de Tesouraria Mercado Financeiro Notas de aula EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 2 Apresentação Uma característica que se mostra comum às empresas brasileiras com boa situação financeira é o constante foco na gestão do seu capital de giro e do seu caixa. Junto com a boa situação financeira essas empresas também apresentam bom desempenho. Mas não são só empresas de bom desempenho precisam ter esse foco. O ambiente atual, com seguidas faltas de crédito, com pressões nas cadeias de suprimento, com o aumento da complexidade dos negócios, coloca desafios para todas as empresas: na falta de oferta de recursos para suas operações, as empresas precisam administrar cuidadosamente o caixa de suas próprias operações para financiá‐las. Um aprendizado que as empresas precisam é o de como o caixa está envolvido nos seus diferentes ciclos operacionais e também a identificar as áreas em melhores condições para responder às mudanças do ambiente financeiro e tomar as medidas necessárias antecipadamente. Uma pesquisa realizada pela KPMG1 em 2008, com mais de 500 gestores financeiros de empresas de todos os portes, mostrou que a gestão do caixa era a prioridade número 1 para 24% dos executivos entrevistados, e 61% deles afirmou que o caixa era uma das prioridades que estavam no topo das preocupações para o negócio com um todo. Verificar se a empresa demonstra atenção total para a gestão do caixa passou também a ser uma tendência das atenções das agências classificadoras de risco e dos departamentos de crédito dos bancos. Demonstrando que têm caixa, que têm acesso a caixa, as empresas podem melhorar seus ratings e podem estar melhor posicionadas para tirar proveito de oportunidades, como aquisições por exemplo. O desafio da gestão do caixa está em equilibrar as necessidades e estratégias de curto prazo com as necessidades e estratégias de longo prazo para o desempenho sustentado do capital de giro. A área financeira precisa estar atenta para que os novos produtos, processos, mercados e canais de distribuição assim como a crescente complexidade associada aos negócios, não criem bolsões de ineficiência, que são consumidores do capital de giro. Além de conhecer as formas de gerar caixa pela eficiente gestão dos processos internos, as empresas precisam conhecer as fontes de recursos oferecidas pelos mercados financeiros, e, especialmente, as restrições que pesam sobre esses mercados para não contar com soluções que na hora em que se mostram necessárias, podem não estar disponíveis. A gestão da tesouraria pressupõe o conhecimento, de preferência aprofundado, do mercado financeiro, pois é nesse mercado que o gestor encontrará os produtos para suprir faltas de caixa e para aplicar sobras de caixa, seja para as operações diárias, seja para a execução da política de longo prazo da organização. A atenção para o mercado financeiro inclui, em destaque, a atenção para cenários econômicos e políticos e seus desdobramentos, especialmente no que diz respeito à formação de expectativas e as consequências que essas expectativas trazem para a disponibilidade e o custo de recursos financeiros. A preocupação da tesouraria num mercado complexo é manter a liquidez e a disponibilidade de capital de giro. Este texto busca apresentar os fundamentos do funcionamento do mercado financeiro brasileiro, que, em linhas gerais, envolvem, principalmente, o conhecimento dos seguintes temas: Bancos: os bancos têm um papel central no mercado financeiro, pois operam o sistema de pagamentos da economia e, mais que isso, criam moeda por meio do mecanismo de empréstimos e depósitos. 1 KPMG. Cash Management. The importance of preserving cash in a downturn.Insights from 2008 research into cash and working capital management. Disponível em: http://www.visualwebcaster.com/VWP/SkinPlayer/Player.asp?e=55278&w=240&h=70&s=True&ch=True&sm=True&c=True&c1=True&mc =&qo=True&p=True&i=True&pp=True&cp=False&v=False&mc=False&a=False&sid=100001&aid=101375&pl=&pr=&st=ps&num=0&y=7606 5&hs=&u=2822757&pid=1&pt=2&pc=False&cuts=6&t=Rethinking+Liquidity%3A+Managing+Cash+and+Working+Capital. Consultado em 05/02/2009. EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 3 Curvas de taxas de juros: A taxa de juros não é única, para cada prazo há uma taxa diferente, essa sucessão de taxas formam curvas e essas curvas variam diariamente; Política monetária: A taxa de juros é uma das principais ferramentas utilizadas pelas autoridades monetárias para fazer política monetária no sistema de metas para a inflação; Produtos financeiros: os bancos têm uma ampla gama de produtos para atendimento das necessidades das organizações. Produtos “de prateleira”, os produtos prontos e de certa forma “padronizados” como, por exemplo, o produto “Desconto de Duplicatas”. Há outros produtos, conhecidos como produtos estruturados, montados para situações específicas. Reservas Bancárias: reservas bancárias são os recursos dos bancos, imediatamente disponíveis, depositados no Banco Central e que liquidam todas operações entre bancos, referentes a quaisquer operações do público como pagamentos, cobranças, transferências por TED e DOC; Taxa DI: A taxa DI, ou taxa do CDI, é o custo de oportunidade do mercado financeiro, pois é a última taxa pela qual os bancos podem negociar sobras ou faltas de caixa podem ser negociadas no mercado interfinanceiro, o mercado de reservas bancárias entre instituições financeiras; Taxa Selic: A taxa Selic é a taxa de referência do mercado financeiro, pois reflete o custo de reservas bancárias em negócios sem risco, lastreados em títulos públicos, no mercado secundário desses títulos e é a taxa que o Banco Central do Brasil busca controlar diretamente em função da sua política monetária; Taxas de juros: A taxa de juros é o preço do dinheiro no mercado financeiro e é um dos principais fatores de decisão para as decisões empresariais; Títulos públicos: Os negócios com títulos públicos são o instrumento utilizado pelo COPOM – Comitê de Política Monetária para estabelecer a meta para a taxa Selic, a taxa média dos negócios com títulos públicos no mercado secundário; Para tratar desses temas que se relacionam entre si, iniciamos com uma discussão sobre o papel e as restrições operacionais dos bancos. Isso porque uma empresa precisa entender os negócios de seus clientes e de seus fornecedores e, para uma empresa, os bancos são isso, são clientes de sobras de caixa e fornecedores de suprimentos de caixa. É fundamental que o gestor de tesouraria compreenda a natureza do negócio bancário e as restrições que o afetam. No sistema bancário, o Banco Central, como diz o seu nome, tem papel central. Não só ele funciona como “bancodos bancos”, aquele banco que têm as reservas bancárias de todos os bancos, ele também funciona como autoridade monetária, direcionadora e fiscalizadora do sistema. Em seguida, apresenta‐se o papel do Banco Central e das reservas bancárias e o processo de definição das taxas de juros no Brasil, dentro do regime de metas de inflação. Um quadro geral da formação da taxa Selic é apresentado para uma visão integrada do processo de definição da taxa de juros. Em seguida, apresenta‐se a ETTJ, a “estrutura a termo da taxa de juros”. O uso da ETTJ como referência na precificação de produtos de captação e de aplicação de recursos pelo sistema bancário é apresentando por meio de exemplos de cálculo para CDBs, CDI e títulos públicos. Uma hierarquia de taxas de juros é apresentada. A seção seguinte realiza um “passo a passo” para o cálculo de rentabilidade bruta, líquida e real de um CDB; essa seção é seguida por uma seção que trata de fundos de investimento, para aplicação de sobras de caixa, assim como os CDBs. Apresentados os produtos básicos para aplicação de sobras de caixa, a seção seguinte trata dos produtos para empréstimos para suprir capital de giro, com referência ao ciclo operacional das empresas. São apresentados os fatores que determinam o custo efetivo total (CET) de um empréstimo para capital de giro: IOF, tarifas, comissões, juros. São apresentadas as diferentes forma de cotar EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 4 produtos para capital de giro, como os produtos Capital de Giro, o Desconto de Duplicatas Mercantis, Hot‐Money, Compror e Vendor. O negócio dos bancos Os bancos são clientes e fornecedores das empresas. São clientes quando procuram captar o dinheiro gerado nas atividades das empresas e são fornecedores de recursos para financiar as operações das empresas. Gerir uma empresa é conhecer os seus clientes e seus fornecedores, entender o seu negócio para melhor atender o cliente e buscar o produto mais adequado do fornecedor. A atividade essencial dos bancos é a intermediação financeira. Neste papel é necessário que os bancos possuam: Reputação (credibilidade) perante o mercado financeiro para atrair e manter a confiança dos seus depositantes; Competência para entender e analisar riscos na concessão de crédito de forma lucrativa e sustentável (garantindo o retorno do dinheiro dos depositantes). 1. A função econômica dos bancos é a concessão de crédito e o fornecimento de meios de pagamento, tomando recursos de agentes superavitários e emprestando recursos para agentes deficitários. Como consequência deste processo, os bancos acabam criando moeda pelo mecanismo multiplicador dos empréstimos e financiamentos. 2. Em um banco, a alavancagem financeira é elevada, a proporção de recursos de terceiros em relação aos recursos próprios é alta. Há muitos recursos de terceiros e poucos recursos próprios. É como se o capital do acionista se multiplicasse para ser investido em um grande número de ativos. Do total de recursos aplicados nos ativos do banco, somente uma pequena parte tem origem no capital próprio da instituição. Observe nas figuras a seguir a relação entre os ativos de um banco (aplicações de recursos, à esquerda), os seus passivos (origem dos recursos disponíveis para o banco, à direita) e a proporção do capital dos acionistas em relação ao todo que no Brasil deve ser de mais de 11% dos ativos ponderados pelo risco. Este percentual de capital próprio para absorver riscos é determinado em função dos acordos de Basiléia. Figura 1 Na Figura 1 representamos o fato de que o percentual de capital próprio que financia os ativos é muito pequeno. A Figura 2 é outra forma de representar isso. Dinheiro dos depositantes 1 Dinheiro dos depositantes 2 Dinheiro dos depositantes 3 Dinheiro dos depositantes 4 Dinheiro dos depositantes 5 Dinheiro dos depositantes 6 Dinheiro dos depositantes 7 Dinheiro dos depositantes 8 Dinheiro dos depositantes 9 Dinheiro dos depositantes 10 (Capital Nível 1 + Nível 2) ≥ 11% Caixa Reservas bancárias Títulos e valores mobiliários Empréstimos e financiamentos de curto prazo Empréstimos e financiamentos de longo prazo Móveis, utensílios, equipamentos Ativo Permanente EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 5 Figura 2 3. A intermediação entre agentes superavitários (pessoas físicas e jurídicas que têm recursos sem necessidade imediata de alocação) e deficitários (também pessoas físicas e jurídicas que demandam recursos para consumo e/ou investimento) é feita pelos bancos e se constitui em função fundamental para o desenvolvimento econômico. A atuação dos bancos é essencial para reduzir o risco de alocação de recursos, pois os bancos são especialistas em selecionar e conceder crédito, possuindo ferramentas de monitoramento dos riscos de concessão que contribuem significativamente nesse controle. 4. É importante notar que os bancos emprestam o dinheiro que captaram, emprestam o dinheiro dos depositantes e, portanto, a concessão de crédito deve ser feita com extremo rigor e garantias que mitiguem o risco de não retorno dos recursos dos depositantes, chamado risco de crédito. 5. Além do risco de crédito há dois grandes riscos que afetam diretamente a atividade bancária: o risco de liquidez e o risco de solvência. 6. O risco de liquidez afeta os ativos, ele diz repeito à probabilidade de que o banco não consiga converter seus ativos em caixa de forma rápida e a preços de mercado. A cada aplicação de recursos realizada, o banco deve considerar que aquele investimento precisa ser convertido em caixa, para restituir os recursos dos depositantes. O pagamento aos depositantes deve ser realizado independentemente da liquidação dos empréstimos e financiamentos dados aos tomadores de recursos. 7. A possibilidade de não conseguir converter em caixa os seus ativos traz o risco de solvência que afeta os passivos do banco. É necessário que os gestores não abusem da alavancagem sob pena de tornar a instituição insolvente em momentos de stress no mercado. 8. Nas empresas não financeiras, o endividamento elevado aumenta o custo de capital e a despesa com juros e isso pode corroer os resultados, levando a empresa à insolvência. Nas empresas com elevada proporção da capital de terceiros, há uma grande pressão para que a geração de caixa seja suficiente para cobrir os custos com a alavancagem financeira. 9. Nos bancos tem‐se uma situação diferente. Bancos são empresas que trabalham o tempo todo com alta alavancagem. A habilidade essencial de um banqueiro é assumir o risco de emprestar recursos de terceiros, correndo o risco de não ter o retorno dos recursos emprestados, ganhar dinheiro com essa atividade e manter a instituição solvente e com alta reputação. Observe mais uma vez a relação entre ativos e passivos de uma instituição financeira na figura a seguir. Alavancagem do capital próprio (Capital Nível 1 + Nível 2) ≥ 11% Caixa Reservas bancárias Títulos e valores mobiliários Empréstimos e financiamentos de curto prazo Empréstimos e financiamentos de longo prazo Móveis, utensílios, equipamentos Ativo Imobilizado 100% EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 6 Figura 3 10. Ao atuar como intermediador financeiro entre os ofertadores e tomadores de recursos, o banco posiciona seus produtosativos e passivos com focos específicos. As obrigações assumidas pelos tomadores de recursos formam a maior parte do Ativo dos bancos, pois representam valores que o banco terá a receber em um horizonte de tempo futuro. Quando o banco empresta recursos para seus tomadores ele o faz por meio de produtos específicos para atender as diversas necessidades destes tomadores (crédito imobiliário, crédito rural, crédito para investimentos, crédito pessoal, capital de giro, etc.) 11. O mesmo ocorre no lado do Passivo dos bancos. Os direitos dos depositantes de recursos (depósitos à vista e a prazo) constituem a principal parte do Passivo dos bancos, pois representam valores que o banco terá que pagar em um horizonte de tempo futuro. 12. Vemos então que, a administração do lado esquerdo do balanço patrimonial exige o cuidado na análise do risco das alocações e o cuidado com sua liquidez, enquanto que a administração do lado direito do balanço implica em manter uma reputação tal que sequer passe pela imaginação dos depositantes que os seus recursos estão sendo investidos sob risco. O banco também deve buscar “casar” prazos, moedas e taxas entre Ativo e Passivo, o que é conhecido por “administração de ativos e passivos” (ALM‐Asset Liability Management, em inglês). 13. A Figura 4 mostra o “caminho do dinheiro” realizado por meio dos produtos de captação e de aplicação dos bancos. 14. As regras do Acordo da Basiléia determinam que os bancos tenham capital próprio suficiente para fazer frente aos riscos das suas operações; o capital dos acionistas é chamado de Capital de Nível I. O capital dos acionistas pode ser complementado por outros recursos de fontes estáveis, de baixíssima rotação, como obrigações de longo prazo, a exemplo do PIS e PASEP na CEF e fundos setoriais no BB, chamado de Capital de Nível II. Como consequência da crise financeira de 2008, novas exigências e proporções entre os capitais de nível I e II foram exigidas. Alavancagem do capital próprio (Capital Nível 1 + Nível 2) ≥ 11% Caixa Reservas bancárias Títulos e valores mobiliários Empréstimos e financiamentos de curto prazo Empréstimos e financiamentos de longo prazo Móveis, utensílios, equipamentos Ativo Imobilizado Riscos de Crédito e Liquidez Risco de Solvência EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 7 Figura 4 15. O capital exigido para sustentar as operações ativas, ponderadas pelo risco que oferecem ao banco, tem o nome de Patrimônio de Referência Exigido. Representa a porção dos ativos com risco que deve ser sustentada pelo capital dos acionistas. 16. A cada operação ativa que o banco realiza (operações de crédito e aplicações de tesouraria em títulos e valores mobiliários) é atribuído um risco e um percentual de capital deve ser alocado para cada operação com risco. Assim, à medida que as operações vão sendo realizadas, o Patrimônio de Referência Exigido vai sendo alocado, e mais capital de referência será necessário para fazer frente ao risco de novos ativos, a fim de suportar os casos de inadimplência. Cada operação consome o capital próprio “livre” na base de capital da instituição. Nos bancos se dique que os empréstimos e financiamentos, “consomem” patrimônio e é para esse patrimônio “consumido” que os acionistas dos bancos exigem remuneração: Figura 5 17. Uma sólida reputação para garantir depositantes fiéis exige que os bancos realizem uma rigorosa análise da capacidade de crédito dos tomadores dos seus produtos, às necessidades e a adequação do produto ao perfil de risco dos seus clientes. Tudo isso, para minimizar e mitigar o Balanço Patrimonial de bancos e o caminho do dinheiro Intermediação. Passivos dos bancos Ofertadores de recursos Tomadores de recursos Produtos para atender a necessidades dos tomadores Produtos para atender a necessidades dos ofertadores Ativos dos bancos Mercado Financeiro Intermediação. Patrimônio de Referência Exigido Ativos dos bancos Balanço Patrimonial dos bancos e consumo de capital Os empréstimos e financiamentos, conforme a sua classificação de risco, determinam o Patrimônio de Referência Exigido. Um banqueiro sempre fará a conta de quanto de capital uma operação está tomando no seu balanço; e cobrará por isso ou negará o empréstimo ou financiamento, se a remuneração for incompatível com o risco ou o risco não for suportável. Produtos ativos “consomem” patrimônio ao determinar o PRE EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 8 risco de não retorno dos recursos investidos pelas diferentes áreas de crédito, e assim garantir o retorno dos recursos dos depositantes. 18. O negócio dos bancos é determinado pela confiança que conseguem transmitir aos depositantes. É quase como que uma “questão de fé”; bancos lidam com a moeda, e no mundo contemporâneo todas as moedas são fiduciárias (de fide = fé), pois só valem o quanto que os usuários da moeda têm de fé nessa moeda. 19. Um banco continuará em atividades enquanto os depositantes não levantarem dúvidas sobre sua saúde financeira. O dever de todo o administrador é analisar o balanço dos bancos com quem atua, limitar os depósitos e aplicações a um determinado percentual dos ativos da empresa e a um determinado percentual do patrimônio dos bancos. Deverá ainda procurar distribuir os recursos da empresa em mais de um banco. Figura 6 20. Para oferecer crédito, é necessário que o banco obtenha esses recursos no mercado, oferecendo produtos e serviços para que os depositantes aloquem recursos em prazos e taxas compatíveis para que o banco possa utilizá‐los para emprestar a seus clientes. Figura 7 Balanço Patrimonial dos bancos Mercado financeiro Intermediação Ativos dos bancos Análise da capacidade de crédito /retorno do capital e acessórios nos vencimentos. Adequação ao perfil e necessidades dos clientes Garantir o retorno do dinheiro para os depositantes Balanço Patrimonial dos bancos Mercado financeiro Intermediação Ter recursos para emprestar aos tomadores em prazos, volumes, indexadores e taxas. Ter reputação como instituição depositária. Buscar adequação ao perfil e necessidades dos clientes Passivos dos bancos EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 9 21. Para atuar com eficiência no mercado financeiro como intermediador de recursos é necessário que o banco tenha algumas características. Uma boa estrutura física, tecnológica e logística para operacionalizar as transações financeiras. Poderosas e eficientes bases de dados com informações sobre os clientes e sobre os mercados em que o banco atua, para uma análise de riscos eficiente. Pessoal preparado e conhecedor dos produtos e serviços oferecidos. Recursos próprios e outras fontes de recursos para atender a situações de crises de liquidez. 22. A estrutura formada pela rede de pontos de atendimento, infraestrutura tecnológica de comunicações e dados, competências desenvolvidas internamente, ativos de conhecimentos reunidos no seu quadro de pessoal, contribuem para a reputação de solidez de um banco. Isso lhe permite ser percebido por clientes e outras instituições bancárias como um parceiro para formar uma rede de relacionamentos com outras instituições. Também contribui para os que os bancos possam oferecer produtos como cobrança de títulos, remessas financeiras,garantias, e produtos complementares como seguros, planos de previdência, planos de saúde, redes de pagamentos no exterior e outros serviços. Figura 8 O papel do sistema bancário na criação de moeda 23. Os bancos criam moeda. Para entender como funciona a criação de moeda pelos bancos suponha que um país novo tenha sido agora criado e o primeiro banco tenha sido inaugurado. Um primeiro depositante deposita 1.000 unidades monetárias no banco. O banqueiro entende do negócio de intermediação financeira, e sabe que o depositante não irá utilizar todo o seu dinheiro por algum tempo. O banqueiro então procura alguém interessado em um empréstimo e emprestará parte do primeiro depósito recebido. Emprestará parte porque sabe que o depositante efetuará retiradas para atender às suas necessidades de transação. Suponha que o banqueiro retenha 20% do depósito, com o que pode emprestar 800 unidades monetárias. Ofertadores de recursos Mercado financeiro, intermediação, solidez Reputação Conhecimento e competências Informação sobre mercados Informação sobre clientes Estrutura física, tecnológica e logística Rede de relacionamentos Tomadores de recursos Capital EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 10 24. Quem tomou emprestado, o fez para efetuar compras ou pagar contas e esses 800 emprestados serão transformados em depósitos. Frente à soma dos novos depósitos de 800, o banqueiro, novamente, irá reter 20%, e emprestar o saldo. Isso se repete como mostra o quadro a seguir. Depósito 1 o 2 o 3 o 4 o 5 o 6 o 7 o 8 o 9 o 10 o 11 o 12 o 13 o Valor 1.000 800 640 512 410 328 262 210 168 134 107 86 69 Retenção 20% ‐200 ‐ 160 ‐ 128 ‐ 102 ‐82 ‐66 ‐52 ‐42 ‐34 ‐27 ‐21 ‐ 17 ‐ 14 Saldo para emprestar 800 640 512 410 328 262 210 168 134 107 86 69 55 25. Observe que, com retenção de 20%, até o 13º depósito aqui mostrado, o sistema bancário desse país já criou 3.780 unidades monetárias, além do depósito inicial de 1.000. Há, até aqui, 4.780 unidades monetárias no sistema. 26. Se você repetir esses cálculos em uma planilha, verá que por ocasião do 31º depósito, o “Saldo para emprestar” é de 1, com o que o 32º depósito será de 0,80. 27. Se somar os “Saldos para emprestar” até o 31º depósito, verificará que somam 3.996 unidades monetárias, que somadas ao valor inicial de 1.000 perfazem o valor de 4.996. Se continuarmos até o infinito, a soma será 5.000. 28. Portanto, o total de moeda no sistema, considerado depósito inicial e a capacidade de criação de moeda dos bancos, está relacionado ao percentual de retenção. Neste caso temos: Total de moeda do sistema = 1.000/0,20 = 5.000 29. Essa capacidade de multiplicar moeda na economia por meio do mecanismo de crédito é chamada de “multiplicador monetário”. Os depósitos compulsórios 30. A capacidade dos bancos em multiplicar moeda na economia por meio do mecanismo de crédito tem influência direta na demanda agregada da economia. Com mais crédito pode haver mais demanda, e com maior demanda pode ocorrer tendências inflacionárias. A restrição ao crédito é uma das medidas macroeconômicas para controle da inflação. 31. Os chamados “depósitos compulsórios” têm essa finalidade, eles reduzem os “Saldos para emprestar” de nosso exemplo simples. O papel do Banco Central e as reservas bancárias 32. Um ator‐chave no mercado financeiro é o Banco Central. Como o próprio nome diz, o Banco Central é central ao sistema bancário. O Banco Central é o banco no qual todos os bancos que operam no país têm uma conta‐corrente por meio da qual realizam pagamentos e transferências financeiras entre si. Essa conta é a conta “Reservas Bancárias”. 33. As reservas bancárias, por sua vez, são a “matéria‐prima” da operação do sistema de pagamentos, do sistema bancário e do sistema financeiro em geral. Só há caixa disponível se essa disponibilidade se refere a reservas bancárias disponíveis para livre movimentação. O texto a seguir está disponível no Banco Central do Brasil, na URL indicada. EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 11 O papel do banco central2 O Banco Central do Brasil tem como missão institucional a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro. No que diz respeito ao sistema de pagamentos, nos termos da Resolução 2.882, cumpre‐lhe atuar no sentido de promover sua solidez, normal funcionamento e contínuo aperfeiçoamento. Para funcionamento, os sistemas de liquidação estão sujeitos à autorização e à supervisão do Banco Central do Brasil, inclusive aqueles que liquidam operações com títulos, valores mobiliários, moeda estrangeira e derivativos financeiros1. Como previsto na Lei 10.214, compete também à instituição a definição de quais são os sistemas de liquidação sistemicamente importantes. O Banco Central do Brasil é também provedor de serviços de liquidação e nesse papel ele opera o STR e o Selic, respectivamente um sistema de transferência de fundos e um sistema de liquidação de operações com títulos públicos Para operacionalização de algumas de suas atribuições, o Banco Central do Brasil oferece contas denominadas “reservas bancárias”, cuja titularidade é obrigatória para as instituições que recebem depósitos à vista, exceto cooperativas de crédito, e opcional para os bancos de investimento, bancos de câmbio e bancos múltiplos sem carteira comercial. Por intermédio dessas contas, as instituições financeiras cumprem os recolhimentos compulsórios/encaixes obrigatórios sobre recursos à vista, sendo que elas funcionam também como contas de liquidação. Cada instituição é titular de uma única conta, centralizada, identificada por um código numérico. No Brasil, por disposição legal, uma instituição bancária não pode manter conta em outra instituição bancária. Por isso, exceto aqueles efetuados em espécie e os que se completam no ambiente de um único banco, isto é, quando o pagador e o recebedor são clientes do mesmo banco, todos os pagamentos têm liquidação final nas contas de reservas bancárias. Por determinação constitucional, o Banco Central do Brasil é o único depositário das disponibilidades do Tesouro Nacional. Também as entidades operadoras de sistemas de liquidação defasada, se considerados sistemicamente importantes, são obrigadas a manter conta no Banco Central do Brasil, para liquidação dos resultados líquidos por elas apurados. Para assegurar o suave funcionamento do sistema de pagamentos no ambiente de liquidação de obrigações em tempo real, o Banco Central do Brasil concede crédito intradia aos participantes do STR titulares de conta de reservas bancárias, na forma de operações compromissadas com títulos públicos federais, sem custos financeiros. 1 Os sistemas que liquidam operações com títulos e valores mobiliários estão sujeitos também à autorização da CVM, competindo ao Banco Central do Brasil, nesse caso, com exclusividade, a análise dos aspectos relacionados com o controle do risco sistêmico. Os sistemas que liquidam títulos públicos e títulos emitidos por bancos estão sujeitos à supervisão exclusiva do Banco Central do Brasil Reservas bancárias Conta que os bancos mantêm no Banco Central, cujo saldo é afetado pelas operações de saques e depósitos realizadas junto ao Departamento do Meio Circulante, junto às suas representações regionais ou junto à custódia no Banco do Brasil. (Ver: http://www.bcb.gov.br/glossariolista.asp?idioma=p&idpai=glossario) Os bancostêm no Banco Central (BC) uma conta denominada Reservas Bancárias, que é similar a uma conta‐corrente, pois nela é processada toda a movimentação financeira diária dos bancos, decorrente de operações próprias ou de seus clientes. (Ver: http://www.bcb.gov.br/?spbentend) 2 Texto do Banco Central, disponível em http://www.bcb.gov.br/?spbbc EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 12 Sistema de Pagamentos Brasileiro3 Introdução Até meados dos anos 90, as mudanças no Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB foram motivadas pela necessidade de se lidar com altas taxas de inflação e, por isso, o progresso tecnológico então alcançado visou principalmente o aumento da velocidade de processamento das transações financeiras. Na reforma conduzida pelo Banco Central do Brasil em 2001 e 2002, o foco foi redirecionado para a administração de riscos. Nessa linha, a entrada em funcionamento do Sistema de Transferência de Reservas ‐ STR, em 22 de abril daquele ano, marca o início de uma nova fase do SPB. Com esse sistema, operado pelo Banco Central do Brasil, o País ingressou no grupo de países em que transferências de fundos interbancárias podem ser liquidadas em tempo real, em caráter irrevogável e incondicional. Esse fato, por si só, possibilita redução dos riscos de liquidação1 nas operações interbancárias, com conseqüente redução também do risco sistêmico, isto é, o risco de que a quebra de um banco provoque a quebra em cadeia de outros bancos, no chamado "efeito dominó". Outra alteração importante ocorreu no regime de operação das contas de reservas bancárias. A partir de 24 de junho de 2002, depois de observada uma regra de transição, qualquer transferência de fundos entre contas da espécie passou a ser condicionada à existência de saldo suficiente de recursos na conta do participante emitente da correspondente ordem. Com isso houve significativa redução no risco de crédito incorrido pelo Banco Central do Brasil. A liquidação em tempo real, operação por operação, a partir de 22 de abril de 2002, passou a ser utilizada também nas operações com títulos públicos federais cursadas no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia ‐ Selic, o que se tornou possível com a interconexão entre esse sistema e o STR. A liquidação dessas operações agora observa o chamado modelo1 de entrega contra pagamento2. A reforma de 2002, entretanto, foi além da implantação do STR e da alteração do modus operandi do Selic. Para redução do risco sistêmico, que era o objetivo maior da reforma, foram igualmente importantes algumas alterações legais. Nesse sentido, a Lei 10.2143, de março de 2001, reconheceu a compensação multilateral nos sistemas de compensação e de liquidação e estabeleceu que, em todo sistema de compensação multilateral considerado sistemicamente importante, a correspondente entidade operadora deve atuar como contraparte central e assegurar a liquidação de todas as operações cursadas. Todas essas alterações tiveram o propósito de fortalecer o sistema financeiro, dando, assim, continuidade à reestruturação iniciada, em 1995, com o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional ‐ Proer e, mais adiante, com o Programa de Incentivo à Redução da Participação do Setor Público Estadual na Atividade Bancária ‐ Proes. Como se observa, no início do processo o foco esteve direcionado para o fortalecimento das instituições financeiras, via fusões e transferências de controle, e para a redução da presença do setor público na atividade bancária. Mais recentemente, o Banco Central do Brasil tem procurado atuar de forma mais intensiva também no sentido de promover o desenvolvimento dos sistemas de pagamentos de varejo, visando, sobretudo, ganhos de eficiência relacionados, por exemplo, com o maior uso de instrumentos eletrônicos de pagamento, com a melhor utilização das redes de máquinas de atendimento automático (ATM) e de transferências de crédito a partir do ponto de venda (PDV), bem como com a maior integração entre os pertinentes sistemas de compensação e de liquidação4. 1 Os riscos de liquidação compreendem os riscos de crédito e de liquidez, isto é, respectivamente, o risco de perda definitiva do valor total ou parcial de uma operação e o risco de a liquidação de uma operação somente ocorrer em data posterior à combinada. 2 A liquidação final da ponta financeira e da ponta do título ocorre ao longo do dia, de forma simultânea, operação por operação Para mais informações sobre modelos de entrega contra pagamento, ver “Delivery Versus Payment in Securities Settlement Systems”, BIS, setembro de 1992. 3 Texto do Banco Central, disponível em http://www.bcb.gov.br/?SPBINTROD. EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 13 3 Lei resultante da conversão da Medida Provisória 2.115‐16 (inicialmente Medida Provisória 2.008, de 14.12.99). 4 Para maiores informações, ver o “Diagnóstico do Sistema de Pagamentos de Varejo no Brasil”, de maio de 2005. O texto a seguir é uma adaptação do texto de 2002 do Banco Central, e está disponível em http://www.bcb.gov.br/?spbentend); o texto resume os objetivos do sistema implantado naquele ano. O monitoramento do saldo de cada conta Reservas Bancárias é feito em tempo real não sendo admitido, desde 24 de junho de 2002, saldo devedor em qualquer momento; O Banco Central faz oferta de empréstimo ponte diário (redesconto intradia), mediante operações de compra, pelo BC, de títulos públicos federais dos bancos, que deverão recomprar os títulos do BC no próprio dia, registrando‐se em tempo real o resultado financeiro na conta Reservas Bancárias. Isso garante, sem risco para o BC, a oferta da liquidez necessária... para o normal fluxo dos pagamentos ao longo do dia; Há um sistema que processa ordens de transferência eletrônica de fundos entre bancos, inclusive as por conta de clientes.Uma rede de telecomunicações do setor privado dedicada exclusivamente ao sistema financeiro é operada sob rígidos padrões de segurança e confiabilidade definidos pelo BC, permitindo a liquidação financeira em tempo real de transações; O risco privado é assumido pelo setor privado, com a definição de regras rígidas para as câmaras de compensação privadas, com adequados mecanismos de gerenciamento de riscos, como o estabelecimento de limites para os bancos com base no recebimento prévio de garantias. Se o BC rejeitar lançamentos na conta de Reservas Bancárias de um banco que não disponha de liquidez suficiente, a câmara executará as garantias que lhe tenham sido entregues pelo banco inadimplente e honrará os pagamentos correspondentes, com fundamento na Lei 10214/2001; Os bancos oferecem produtos que permitem pagamentos por instrumentos de pagamento eletrônicos estruturados. Processo de definição da taxa de juros no Brasil (sistema de metas para a inflação) O texto apresentado a seguir foi publicado pelo Banco Central do Brasil na forma de Anexo do Relatório de Inflação de Junho de 1999. Foram aqui acrescentados a numeração dos parágrafos e ênfases em conceitos e definições importantes para discussão do assunto. Este texto pode ser consultado diretamente na página do Banco Central, no caminho: Sistema de Metas de Inflação, Relatório de Inflação, 1999, Junho/1999 ‐ Relatório de inflação, Anexos. O acesso também pode ser realizado diretamente em: http://www.bcb.gov.br/htms/relinf/port/1999/06/ri199906anp.pdf.O texto do Banco Central do Brasil inicia aqui. Processo de definição da taxa de juros 1. A taxa de juros constitui‐se no mais importante instrumento de política monetária à disposição do Banco Central. Através dela, a autoridade monetária afeta o nível de atividade econômica e de preços. Em virtude dos efeitos significativos que a taxa de juros provoca sobre toda a economia, a opinião pública, em geral, acompanha de perto as decisões do Banco Central sobre o nível e trajetória das taxas de juros. A simples expectativa de mudança já é suficiente para causar efeitos econômicos. 2. Há na economia vários tipos de taxas de juros: taxas de poupança, taxas de empréstimo, taxas de financiamento etc. Elas diferem de acordo com o prazo, sendo classificadas como de curto, médio e longo prazos. Na verdade, apesar das várias taxas existentes, o Banco Central controla diretamente apenas a taxa de juros do mercado de reservas bancárias. É nesse mercado EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 14 específico, e pouco conhecido pela população, que ele pratica a política monetária e influencia as demais taxas da economia. 3. Contudo, são as taxas de juros vigentes no sistema financeiro, em particular no sistema bancário, como taxas de aplicações financeiras, de empréstimo e de financiamento, que são relevantes para a população. 4. É com base nessas taxas que pessoas e empresas tomam decisões de poupança e investimento. Então, por que o Banco Central não as controla diretamente? A pergunta encerra sua própria resposta: porque o Banco Central somente as controla de maneira indireta. Elas dependem também de fatores fora do controle do Banco Central, como margens de lucro, risco de crédito e expectativas quanto ao desempenho futuro da economia. Mais ainda, esse controle torna‐se cada vez mais limitado à medida que o prazo das taxas se amplia. 5. Para entender o que significa e qual a importância da taxa de juros do mercado de reservas bancárias, a chamada taxa Selic, é preciso saber o que é e como funciona esse mercado. Assim como as pessoas e firmas possuem depósitos à vista nos bancos com carteira comercial, com os quais podem efetuar pagamentos, esses bancos possuem depósitos no Banco Central. Esses recursos, chamados de reservas bancárias, são depositados numa espécie de conta corrente dos bancos junto ao Banco Central, denominada conta Reservas Bancárias. É por meio delas que os bancos realizam transações entre si, em nome próprio ou de terceiros, e com o Banco Central. A característica principal das reservas bancárias é que elas constituem recursos imediatamente disponíveis. 6. Qualquer transação que ocorre no sistema bancário passa, necessariamente, pela conta Reservas Bancárias. A compensação de cheques e a compra e venda de moeda estrangeira, por exemplo. Vale observar que as reservas depositadas no Banco Central não rendem juros. Dessa maneira, por que motivo os bancos mantém recursos junto ao Banco Central? A demanda de reservas tem dois componentes: primeiro, os bancos são obrigados a manter no Banco Central um percentual sobre os depósitos à vista, o chamado depósito compulsório; segundo, eles precisam de reservas para realizar transações rotineiras. Por outro lado, a oferta de reservas provém exclusivamente do Banco Central, seja através de operações de mercado aberto, seja através do redesconto. Apenas o Banco Central pode afetar a liquidez do sistema como um todo, dado que operações entre bancos apenas representam troca de titularidade de reservas bancárias e não criação ou destruição das mesmas. 7. No gerenciamento diário de liquidez, geralmente, alguns bancos encontram‐se em situação superavitária enquanto outros em situação deficitária. Desse modo, durante o dia eles trocam reservas entre si de forma a suprir necessidades opostas. Contudo, raramente o valor desse saldo é zero, ou seja, o sistema está sempre com sobras ou falta de reservas. Nesse caso, sem a atuação do Banco Central a taxa de juros cairia ou subiria; entretanto, devido à sua posição monopolista, ele tem o poder de fixar a taxa de juros do mercado de reservas. 8. Ele fixa a taxa de juros da mesma maneira que, por exemplo, determina a taxa de câmbio num regime de câmbio fixo, ou seja, vende e compra reservas a uma taxa de juros determinada. 9. Suponha, por exemplo, que o Banco Central fixe a taxa de juros em 21%. Caso o sistema esteja com excesso de reservas, nenhum banco superavitário iria emprestar reservas a uma taxa inferior a 21%, e nenhum banco deficitário pagaria mais que 21% de juros, de forma que a taxa de juros do mercado será igual a 21%. Vale observar que essa é uma taxa de um dia; todo dia a situação de liquidez do mercado muda, ou seja, os bancos emprestam e tomam emprestado pelo prazo de um dia. EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 15 10. A taxa de juros do mercado de reservas bancárias tem duas características básicas que a torna extremamente importante: a) é a taxa de juros que o Banco Central controla diretamente; e b) é a partir dela que as demais taxas de juros são formadas. É por isso que ela é chamada de taxa primária ou taxa básica de juros. Assim que o Banco Central a determina, as demais taxas são afetadas indiretamente, por arbitragem. A Figura 10 mostra o mecanismo pelo qual isso acontece. Figura 9 O mecanismo de transmissão da política monetária 11. Ao longo dos últimos anos, começou‐se a formar um consenso, entre economistas e bancos centrais, que o objetivo principal da política monetária deve ser a obtenção e a manutenção da estabilidade de preços. 12. Com esse intuito, começou a ganhar importância a adoção, pelo Banco Central, de uma estratégia de política monetária cuja característica principal é antecipar‐se a quaisquer pressões inflacionárias futuras. 13. O caráter preventivo da política monetária justifica‐se não apenas pelo menor custo social associado a uma política prospectiva que se antecipa a eventos futuros, mas, sobretudo, às suas próprias limitações no controle da inflação. Dentro dessa nova estratégia, um aspecto chave é o conhecimento do mecanismo de transmissão da política monetária, isto é, o estudo dos diversos efeitos produzidos pela política monetária na economia. 14. Apesar da maioria dos economistas concordarem em relação aos efeitos qualitativos da política monetária (e.g. um aumento da taxa de juros deprime, no curto prazo, a atividade econômica e diminui a inflação) sobre a economia, persistem discordâncias a respeito da magnitude desses efeitos e, principalmente, dos canais pelos quais esses efeitos se propagam na economia. 15. Vale observar que a despeito da identificação dos canais pelos quais a política monetária propaga‐se pela economia, e a intensidade de cada um deles, o mecanismo de transmissão varia de acordo com as características de cada economia. Por exemplo, a taxa de câmbio, reconhecida como um importante canal de transmissão da política monetária, perde relevância em economias cujas taxas de câmbio são fixas. Da mesma forma, naquelas economias com sistemas financeiros pouco desenvolvidos, o canal de crédito tem pouca importância. 16. Os principais canais de transmissão da política monetária são: taxa de juros, taxa de câmbio, preço dos ativos, crédito e expectativas4. Ao afetar essas variáveis, as decisões de política monetária influem sobre os níveis de poupança, investimento e gasto de pessoas e empresas, que,por sua vez, afetam a demanda agregada e, por último, a taxa de inflação. 4 Quando se fala em preços de ativos, quer‐se dizer outros preços de ativos além das taxas de câmbio e de juros. EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 16 17. Antes de começar a descrever como funciona cada um desses canais, é importante ressaltar que a política monetária produz efeitos reais apenas no curto e médio prazos, ou seja, no longo prazo a moeda é neutra. O único efeito existente no longo prazo é sobre o nível de preços da economia. Deve‐se notar que outros fatores também influem no nível de preços da economia no curto prazo como, por exemplo, um choque agrícola ou um aumento de impostos. 18. Como foi dito acima, a simples expectativa de mudanças na taxa de juros já é capaz de produzir efeitos na economia, por exemplo, as demais taxas de juros podem começar a se ajustar antes mesmo do banco central mudar oficialmente a taxa de juros. Portanto, em benefício da clareza analítica, supor‐se‐á que as mudanças na taxa de juros não são antecipadas pelo mercado. 19. O canal de transmissão por intermédio das taxas de juros é o canal mais conhecido da política monetária, sendo o mais utilizado nos livros‐texto5. Ao subir a taxa nominal de juros de curtíssimo prazo, que é a taxa de juros que o banco central controla, o aumento se propaga por toda a estrutura a termo da taxa de juros, principalmente para as taxas de prazo mais curto, onde são verificados os maiores efeitos. Considerando‐se que no curto prazo os preços são rígidos, a ação do banco central também eleva as taxas reais de juros. 20. Por sua vez, a taxa real de juros é a taxa relevante para as decisões de investimento. Dessa forma, ao elevar o custo do capital, a subida da taxa real de juros diminui o investimento, seja em capital fixo, seja em estoques. Por sua vez, a queda do investimento reduz a demanda agregada. Além disso, a literatura sobre o mecanismo de transmissão da política monetária mostra claramente que as decisões dos consumidores em relação à compra de bens duráveis também podem ser encaradas como decisões de investimento. Portanto, a subida da taxa real de juros também diminui o consumo de bens duráveis. 21. Outro canal importante de transmissão da política monetária é o da taxa de câmbio, principalmente para economias abertas. Não obstante a economia brasileira ser relativamente fechada, o canal da taxa de câmbio produz efeitos importantes, valendo a pena descrever seu funcionamento. Como sabemos, ao subir a taxa de juros, o banco central ocasiona a valorização da moeda doméstica. Por sua vez, a valorização da taxa de câmbio transmite os efeitos da política monetária de três maneiras distintas. 22. Ao contrário dos demais canais, a taxa de câmbio exerce influência direta sobre o nível de preços através do preço doméstico dos bens comercializáveis internacionalmente. Com alguns produtos, como as mercadorias ("commodities"), esse efeito é particularmente rápido. Além disso, ela exerce efeitos indiretos sobre o nível de preços de duas maneiras. Primeiro, por meio dos bens produzidos internamente que se utilizam de matérias‐primas importadas. Nesse caso, a valorização da taxa de câmbio diminui o custo de produção desses bens, ocasionando queda de seus preços. Segundo, a taxa de câmbio afeta indiretamente o nível de preços através da demanda agregada. Ao valorizar‐se, a taxa de câmbio torna os produtos importados mais baratos, deslocando a demanda dos bens domésticos por similares importados, diminuindo a demanda agregada e a pressão sobre o nível de preços. 23. Outro canal importante, nem sempre abordado nos estudos sobre o mecanismo de transmissão da política monetária, é o canal das expectativas. Ao alterar a taxa de juros, a ação do banco central pode alterar as expectativas dos agentes econômicos quanto à evolução presente e futura da economia. Por exemplo, ao elevar a taxa de juros de curto prazo para 5 O canal da taxa de juros é o tradicional canal implícito nas análises keynesianas sobre os efeitos da política monetária sobre a demanda agregada, sendo abordado na análise do conhecido modelo IS‐LM. EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 17 evitar o surgimento da inflação, o banco central pode restabelecer a confiança no desempenho futuro da economia, e provocar uma queda nas taxas de juros esperadas para prazos mais longos. A queda da taxa de juros durante uma recessão pode significar que tempos melhores virão, estimulando o consumo da população. Por outro lado, vale observar que devido à incerteza inerente aos efeitos da política monetária e à evolução da economia, muitas vezes uma mudança na taxa de juros pode produzir efeitos opostos aos esperados. 24. O quarto canal de transmissão da política monetária é o canal do crédito, que tem grande importância nos países industrializados. Ele pode ser representado pelos empréstimos bancários, e funciona da seguinte maneira: ao diminuir a taxa de juros, e aumentar o volume de reservas na economia, o banco central permite que os bancos comerciais aumentem seus empréstimos. Esses empréstimos são particularmente importantes para as pequenas empresas, que não têm acesso direto ao mercado de capitais (e.g. emissão de ações, debêntures etc.). 25. Portanto, o canal de crédito incentiva os gastos com investimento e, além disso, pode ser importante também para o consumo das pessoas. No Brasil, em decorrência do elevado grau de incerteza da economia no passado, das elevadas alíquotas dos depósitos compulsórios e dos impostos incidentes sobre a intermediação financeira, esse canal de transmissão da política monetária tem sido bastante prejudicado. Contudo, à medida que a economia estabilize‐se e volte a crescer, ele pode vir a ser extremamente importante 26. O último canal de transmissão da política monetária atua através de variações na riqueza dos agentes econômicos, em virtude de alterações da taxa de juros. Por exemplo, geralmente uma queda das taxas de juros eleva o preço das ações, pois estimula o crescimento da economia e o lucro das empresas, mais ainda, o valor dos títulos públicos pré‐fixados aumenta. Nessa situação, o aumento do volume de riqueza financeira faz com que as pessoas sintam‐se mais ricas, estimulando o nível de consumo. 27. Em alguns países, como nos Estados Unidos e na Inglaterra, esse canal tem alguma relevância. Contudo, não existem indícios suficientes de que esse seja um canal relevante na transmissão da política monetária no Brasil. A Figura 11 mostra, de maneira simplificada, os principais mecanismos de transmissão da política monetária. Figura 10 Taxas de Mercado Preço dos Ativos Expectativas Crédito Taxas de Câmbio TAXA SELIC Choques Externos Investimento Privado Consumo de Bens Duráveis Exportações Líquidas Preços Externos INFLAÇÃO Demanda Agregada EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 18 O texto do Banco Central do Brasil termina aqui. Quadro geral da formação da taxa Selic. Na próxima página, é apresentada uma possível representação geral do processo de emissão e negociação de títulos públicos. Nossa formade apresentação parte da sinalização da taxa Selic, pelo estabelecimento da taxa Selic Meta na reunião do COPOM, e transita pela decisão do Tesouro em emitir títulos, pelo leilão realizado pelo Banco Central no mercado primário, quando a captação de recursos vai para o Tesouro, e conclui no mercado secundário. Queremos, com isso, dar uma ideia geral de como se forma a taxa Selic. EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 19 QUADRO GERAL DA FORMAÇÃO DA TAXA SELIC ‐ Mercados primário e secundário de Títulos Públicos Quadro 1 COPOM: Comitê de Política Monetária Secretaria do Tesouro Nacional Bancos comerciais Instituições financeiras comerciais Bancos de investimento Fundos de investimento Investidores, Pessoas Físicas e Jurídicas, Outros... Mercado primário de Títulos Públicos Mercado secundário de títulos públicos O mercado financeiro utiliza os títulos públicos como garantia de compra e venda de reservas bancárias (operações compromissadas ou definitivas) ou para realizar investimentos em renda fixa. Os negócios com títulos públicos são registrados na SELIC (administrada pelo Demab/BACEN em conjunto com a ANBIMA). A média das taxas dos negócios registrados (ver método na página da ANBIMA) é divulgada como “taxa Selic”. A taxa Selic é formada nos negócios de mercado e é essa a taxa que a meta Selic divulgada pelo COPOM procura influenciar. O COPOM estabelece e divulga a meta para a taxa Selic, a taxa praticada no mercado secundário de títulos públicos. A meta atende objetivos de política monetária, visando influenciar a taxa de juros praticada no mercado. Isto visa o combate à inflação e a manutenção do poder de compra da moeda. SINALIZAÇÃO da Taxa SELIC EMISSÃO de Títulos Públicos LEILÃO primário de Títulos Públicos DISTRIBUIÇÃO (revenda) de Títulos Públicos COMERCIALIZAÇÃO de Títulos Públicos INVESTIMENTO em Títulos Públicos *ADVERTÊNCIA: O fluxograma aqui apresentado tem objetivo meramente didático e o funcionamento efetivo das transações pode apresentar diferenças em relação a esta representação. As etapas e funções mostradas não necessariamente são segmentadas ou independentes. Um dealer também pode, neste quadro, ser um banco comercial e um investidor em TP. Para maiores informações consulte as páginas especializadas como a da Secretaria do Tesouro Nacional: http://www.stn.fazenda.gov.br, a do Banco Central do Brasil: http://www.bcb.gov.br, ou da ANBIMA http://www.anbima.com.br/ . TP $$$ Resgate $$$ TP Emissão $$$ Sistema Selic do Bacen Bancos Dealers Ver também: Ross, Westerfield, Jaffe e Lamb. Administração Financeira. Bookman/McGraw‐Hill. Porto Alegre. 2015. Pag. 265‐270. EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 20 Estrutura geral para captação e aplicação de recursos no mercado financeiro brasileiro Este texto parte do Quadro 1, QUADRO GERAL DA FORMAÇÃO DA TAXA SELIC, para discutir como são formadas as taxas do mercado financeiro, para captação e aplicação de recursos. A numeração dos parágrafos visa facilitar a discussão do texto em atividades à distância. Começamos tratando da taxa Selic, a taxa mais importante do mercado financeiro brasileiro, pois é com base nela que se formam todas as demais taxas. 1. A taxa Selic divulgada nos meios de comunicação é uma taxa média verificada nos negócios com reservas bancárias mediante entrega de títulos públicos para operações com prazo de UM dia e, embora para um dia, é expressa no formato anual. Suponha que a taxa média Selic (TMS) do dia seja divulgada como sendo de 10,75%aa: isto significa que na média, os negócios com reservas nesse dia ocorreram à taxa de 0, 0405262% (negócios para um dia). 2. A partir da taxa Selic outra taxa importante para o mercado financeiro é formada, é a taxa DI, a taxa média dos negócios com depósitos interfinanceiros que também são negócios com reservas bancárias entre bancos com a emissão de títulos privados, o Certificado de Depósito Interfinanceiro, o CDI (negócios, portanto, sem a garantia de títulos emitidos pelo tesouro, mas por títulos emitidos pelo banco tomador de reservas no mercado). 3. A figura a seguir mostra a relação entre os bancos comerciais e o Banco Central, em que os bancos têm contas correntes de reservas bancárias no Banco Central. Ao longo do dia, os bancos realizam transações que implicam em entrada e saída de reservas bancárias de sua conta no Banco Central. Essas transações podem ter como consequências sobras ou faltas de reservas. Para suprir faltas ou aplicar sobras, os bancos podem recorrer à venda ou à compra de títulos públicos. Em nenhum momento ao longo do dia a conta Reservas Bancárias de qualquer banco pode ter saldo negativo. 4. Os bancos, individualmente, são sistemas fechados, não têm nenhuma relação com os demais bancos. Seu relacionamento, que é feito mediante transferências de reservas, ocorre exclusivamente mediante a conta Reservas Bancárias, no Banco Central. 5. Os bancos também podem fazer compras de reservas mediante a emissão de Certificado de Depósito Interfinanceiro, o “CDI”. Os bancos com sobras de reservas podem aplicar essas reservas Banco Central Banco 01 Banco 02 Banco N Banco N‐1 Banco 02 Contas reservas bancárias Linha de tendência no comportamento da Nível mínimo que determina decisão de compra de reservas Tempo Nível Zero EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 21 com a compra de CDI de outros bancos. A compra e a venda de reservas com lastro em CDI, um título privado, determina a “taxa DI”, a taxa média de compra e venda de reservas com lastro em títulos privados. 6. Se no mesmo dia a “taxa do CDI” ou “taxa DI” foi, na média, de 10,65%a.a. isto significa que os negócios foram realizados à taxa média de 0, 0401675%. 7. Observe que é mais fácil ler a taxa no formato anual do que no formato diário. 8. Dada a importância e o papel dos títulos públicos e do CDI no mercado financeiro brasileiro, neste texto serão apresentados os cálculos para se obter o valor de mercado de um título público e de um CDI às taxas praticadas num dia qualquer no mercado financeiro. O texto situa as taxas de mercado numa estrutura hierárquica de taxas. 9. A didática recomenda que quando tratamos de um assunto novo, avancemos num ritmo que facilite a aprendizagem. Assim, trataremos inicialmente de uma situação simplificada, ao não levar em conta a realidade das CURVAS DE TAXAS vigorantes no mercado, com taxas diferentes para cada vencimento, diferentes para cada dia útil da curva de vencimentos. É preciso esta advertência porque vamos supor que a taxa Selic‐meta e a taxa Selic praticada no mercado são taxas que vigoram para qualquer prazo intermediário no período de um ano. Na realidade, as taxas para diferentes vencimentos devem ser aquelas da estrutura a termo das taxas de juros, a ETTJ. Os gráficos da ETTJ mostram movimentos da curva que se movimenta conforme mudam as expectativas. 10. Na próxima página são apresentados seis gráficos com a estrutura a termo das taxas de juros (ETTJ) para a taxa DI verificadas em 5 e 7 de outubro de 2010, em 19 de agosto e 28 de setembro de 2011, em 22 de março de 2013 e em 19 de agosto de 2015. 11. Nos gráficos apresentados, a ETTJ apresenta as taxas diárias para operações entre 1 dia útil até 756 dias úteis (três anos). Observe adiferença entre as curvas dos dias 5 e 7 de outubro de 2010. A estrutura geral da taxa permanece, mas em dois dias, pode‐se observar variação na curva de taxas. 12. Observe como a forma das curvas observadas no dia 19 de agosto de 2011 mudou completamente. Enquanto as curvas de 2010 mostram taxas ascendentes, a curva de julho (a curva a um mês atrás da apresentada para agosto) de 2011 é quase plana enquanto que as curvas de agosto mostram comportamento de queda nas taxas futuras praticadas no dia. Já as curvas mostradas no dia 28 de setembro apresentam‐se todas com queda nas taxas para o prazo até 252 dias e depois mostram um crescimento para o restante do prazo até 756 dias. Já as curvas divulgadas em 25 de março de 2013, referentes ao mercado de 22 de março de 2013, mostram um comportamento ascendente, e mais, que isso, pouca volatilidade entre as taxas verificadas no dia 22, uma semana antes e um mês antes. Confira os comportamos das curvas nos gráficos mostrados a seguir. Observe um período comum a todos os gráficos, Setembro a Dezembro de 2014: o que você observa quanto às taxas praticadas no mercado em diferentes momentos? Por que isso acontece? 13. As três curvas mostradas no gráfico do dia 19 de agosto de 2015 podem ser assim explicadas: há um mês antes daquela data o mercado esperava que a taxa Selic continuaria subindo até 14% mantendo‐se por algum tempo naquele teto até que os efeitos da elevação de taxa se mostrassem na queda a inflação. Com a elevação da meta para a taxa Selic para 14,25% e com base nas sinalizações do COPOM, o mercado manteve a expectativa de manutenção da taxa, porém num patamar mais elevado, ao mesmo tempo em que o mercado projetava que a taxa deveria se manter elevada por mais tempo e num patamar superior. Isso porque se passou a estimar que os efeitos da política monetária demorariam mais para mostrar efeito. EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 22 Estrutura em 5 de outubro de 2010. Estrutura em 19 de agosto de 2011. Estrutura em 28/09/2011 Compare a marcante variação entre as curvas de 19/08/2011 e 28/09/2011. Observe que em 22/03/2013 as taxas para o vencimento agosto/15 foram negociadas na faixa entre 8,75% e 9% e em 19/08/2015 as taxas nesse vencimento eram negociadas acima de 14%. Estrutura em 22 de março de 2013 Estrutura em 19 de agosto de 2015 Estrutura em 10/04/2017 Em abril de 2017, as curvas revelam a expectativa generalizada de queda de taxas de juros, o que se podia confirmar pelas decisões do COPOM. Agora, tendo presente o comportamento em curva das taxas de juros, vamos apresentar um raciocínio geral para a formação de taxas de captação e aplicação de recursos no mercado interbancário de reservas bancárias (DI) e no mercado de captação de recursos com CDB. No Quadro 2, apresentado a seguir, utilizam‐se taxas praticadas no mercado financeiro brasileiro no mês de Agosto de 2008. Observe que as taxas não são muito diferentes das taxas praticadas em Agosto de 2015. EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 23 Negócios no mercado financeiro (a partir do leilão de um Titulo Público sem cupom). Prazo de vencimento de um ano com 252 dias úteis. a) Valor de face 100.000,00 b) Dias úteis 252 Hierarquia de taxas PU Spread potencial entre captação e aplicação c) Selic meta 13,00% d) Taxa do leilão 12,98% 88.511,240928 e) Selic de mercado do dia 12,92% 88.558,271343 0,0531%a.a. Captação que pode fazer em: Spread potencial entre captação e aplicação f) DI 12,84% Capta DI Aplica Selic: 0, 07089%a.a. g) CDB (máxima) 11,73% Capta CDB Aplica Selic: 1, 0650%a.a. Capta CDB Aplica DI: 0, 9934%a.a. h) CDB (média) 9,78% Capta CDB Aplica DI: 2, 7873%a.a. Quadro 2 14. A primeira observação que devemos fazer é que estamos calculando as taxas em 252 dias úteis. Anote isso, é o padrão do mercado financeiro brasileiro. 15. A taxa Selic‐meta na ocasião em que o Quadro 2 foi elaborado era de 13%a.a., a Selic diária observada no mercado secundário foi de 12,92%, os negócios com CDI foram realizadas à taxa média de 12,84% e os bancos captaram CDB junto ao público a taxas entre 9,78%a.a. e 11,73%a.a. 16. É importante aqui, distinguir entre os conceitos de “mercado interfinanceiro” e “público”; o primeiro é o mercado de reservas bancárias transacionadas entre instituições financeiras, no também chamado “mercado interbancário” e o segundo é constituído por todos os participantes do mercado que não são instituições financeiras, ou seja, pessoas físicas, jurídicas, órgãos de governos federal, estadual, municipal, autarquias e quaisquer outras organizações não financeiras. 17. Quando os bancos captam recursos junto ao público emitem CDB ‐ Certificado de Depósito Bancário ou RDB – Recibo de Depósito Bancário (a diferença entre um e outro é que o CDB é negociável no mercado e o RDB não) e quando captam recursos junto a outras instituições financeiras transacionam títulos públicos ou emitem um CDI ‐ Certificado de Depósito Interfinanceiro. A taxa média dos negócios com CDI no dia é divulgada como “taxa DI”; esta taxa é negociada também na BMFBovespa, com o nome de DI‐1, DI de um dia. Existem outros instrumentos de captação concebidos para bancos, como a Letra Financeira, mas no momento utilizaremos o CDB como o exemplo de instrumento de captação mais comum do mercado. A emissão de Letras Financeiras é uma operação mais estruturada e a colocação desses papéis é realizada mais entre investidores qualificados. 18. Além da colocação de certificados de sua emissão junto ao público, os bancos podem captar recursos para atender suas necessidades de tesouraria mediante a venda de Títulos Públicos que tenham em carteira, ou mediante a emissão de CDI ou mediante a venda de CDBs. 19. Negócios com Títulos Públicos e CDI geralmente são negócios em grandes volumes, quando comparados a negócios com CDB. A captação por CDB (e RDBs) tem custo maior por unidade captada, pois as captações são pulverizadas entre os clientes das agências e mesas de operação de cada banco espalhadas no país; isto explica a menor remuneração que lhes é oferecida. Operações com Títulos Públicos e CDI são centralizadas numa única tesouraria. 20. As taxas para captação junto ao público são definidas pela mesa de operações de cada banco, com base nas taxas dos negócios com reservas bancárias com Títulos Públicos e CDI e são estabelecidas de tal forma que o banco possa repassar com lucro os recursos captados. Se as captações com CDBs e RDBs forem efetuadas a taxas elevadas, os bancos correm o risco de não encontrarem EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 24 aplicações que remunerem os custos de captação e não obterão resultado na intermediação financeira. Isso explica o porquê da hierarquia de taxas mostrada no Quadro 1 antes apresentado. 21. No Quadro 2 partimos da meta para a taxa Selic, na ocasião estabelecida em 13%a.a e supusemos que no leilão de títulos públicos a taxa aceita tenha sido de 12,98%, valor próximo da meta; mas lembre que a meta é para a taxa do mercado secundário e não para a taxa do leilão; mas a taxa do leilão deverá ser tal que os negócios no secundário ocorram a taxas em torno da meta. 22. A lógica é a seguinte: se a taxa verificada no leilão foi de 12,98% isso significa que os bancos dealersaplicaram recursos a essa taxa, no momento da compra de títulos públicos no leilão. Em seguida os dealers precisam buscar dinheiro no mercado para financiar a posição e podem fazer isso vendendo os títulos que compraram. Ao vender um título um banco estará captando dinheiro e deverá captar a uma taxa inferior a 12,98% (neste exemplo) para obter lucro. Assim, neste exemplo, os dealers captam a 12,92% no mercado secundário de títulos públicos e aplicam os recursos a 12,98% no leilão primário. 23. Suponha que o Título Público deste exemplo tenha valor de face de R$100.000,00. O valor de face é o valor do título no vencimento, é o valor que aparece na “face” do título. O valor de face de um título pode ter valores como R$1.000,00 ou R$10.000,00 ou R$100.000,00 24. O cálculo dos spreads apresentados no Quadro 2 é feito mediante a razão entre fatores de taxas; 0,0531% a.a. é o spread entre as taxas de 12,98% a.a. e 12,92% a.a.; 2,7872% é o spread entre as taxas 12,84% a.a. e 9,78% a.a. 25. Faremos a suposição adicional de que o título tenha vencimento em exatos 252 dias úteis da data do leilão (veja a advertência inicial a respeito de prazos e juros). 26. Nas condições apresentadas, um dealer6 pagaria ao Tesouro Nacional, R$88.511,240928 para adquirir um título com valor de face de R$100.000,00 para resgate em 252 dias úteis. 27. Chegamos a esse valor, descontando o valor de face pelo fator de taxa para o prazo de 252 dias úteis, como mostra a equação 1, apresentada a seguir. Este valor é o VALOR PRESENTE do título, conhecido como PU, o preço unitário de um título. 928 88.511,240PU 100 9812 1 00000100 252 252 , ,. (1) 28. O dealer deverá transferir reservas para a conta do Tesouro para liquidação financeira da aquisição do título no leilão e agora precisa captar recursos no mercado para financiar essa aplicação de recursos junto ao Tesouro. Se vendesse o Título Público no mercado secundário à taxa de 12,92%, por exemplo, ele venderia o título ao preço de R$88.558,271342 e realizaria um ganho de R$47,0304 apurados na diferença entre compra e venda do título público. 29. A informação trazida no parágrafo anterior é importante para compreendermos o mercado de títulos. Para obter ganho financeiro numa operação de tesouraria, um investidor em um título de renda fixa precisa vendê‐lo a uma TAXA DE JUROS MENOR do que a aquela à qual o adquiriu. 30. Isso é simples de entender quando raciocinamos em valores presentes. Uma taxa de desconto menor proporciona um VALOR PRESENTE MAIOR. Ora, o Título Público neste exemplo teria sido 6 O “dealer” é uma instituição autorizada a participar dos leilões do Banco Central (é uma instituição “atacadista” que participa do leilão de títulos do Banco Central e os revende no mercado secundário). Ver a relação de dealers em: http://www4.bcb.gov.br/Pom/demab/dealers/periodos.asp EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 25 comprado por R$88.511,240928 e vendido por um valor maior, R$88.558,271342 permitindo o ganho de R$ 47,0304 para o vendedor. 31. Podemos também raciocinar em compra e venda de reservas: ao comprar um Título Público no leilão (mercado primário), a instituição financeira VENDEU RESERVAS ao Tesouro a 12,98% a.a. e foi ao mercado cobrir sua venda com uma COMPRA DE RESERVAS a 12,92% a.a. Em outras palavras, realizou uma aplicação financeira a 12,98%a.a. e financiou esta aplicação com uma captação de recursos a 12,92%a.a. 32. Na posição compradora, as instituições financeiras que adquiriram os títulos públicos dos dealers estariam investindo R$88.558,271343 para cada título adquirido. Se mantiverem o título em carteira até o vencimento, o fluxo de caixa de R$100.000,00 que receberiam no vencimento inclui a remuneração do capital investido à taxa de 12,92%, ou seja, juros no valor de R$ 11.441,73 no período 33. Voltemos para a data do negócio. Os adquirentes do título no mercado secundário realizaram uma aplicação financeira a 12,92% a.a. (posição ativa) e agora precisam financiar essa posição, captando recursos no mercado (lembre‐se que a tesouraria de um banco não tem recursos, ela precisa captar recursos para carregar seus ativos e fazer resultado com isso) 34. Essa última instituição financeira deverá captar recursos no mercado para financiar a posição. A taxa para os depósitos interfinanceiros (taxa DI) no dia era de 12,84%; se a instituição captasse recursos no mercado interbancário, teria recursos aplicados 12,92% e estaria financiando essa posição a 12,84% aa., realizando um spread de 0,07089% aa. 35. Mas a instituição financeira iria buscar recursos no mercado interbancário somente no final dos negócios dia, caso não tivesse conseguido “casar” as posições ativas com as posições passivas, pois a melhor situação para a instituição financeira seria buscar captações em CDB durante os negócios do dia. 36. Se considerarmos que na data as taxas para os CDBs registraram a taxa máxima de 11,73% a.a. e uma taxa média de 9,78% a.a., se a instituição financeira captasse recursos em CDB entre a média e máxima do dia, poderia captar recursos a uma taxa entre 11,73%.a.a., a 9,78%aa realizando nesse dia um spread entre 1,065% a 2,86% a.a. entre as posições passiva e ativa nos negócios com reservas. Observe que escrevemos “nesse dia” mas expressamos as taxas e os spreads no formato de taxa anual. Evidentemente, o resultado do dia de fato é apenas a taxa equivalente diária dessas taxas escritas no formato anual. 37. A Tabela 1 apresenta o valor do PU para as três taxas citadas. Qualquer posição, captada ou aplicada, mantida até o vencimento (por 252 dias úteis), terá como valor final R$100.000,00. Assim, se uma instituição financeira aplicasse recursos num Título Público a 12,92% e captasse recursos no mercado pelo mesmo prazo, a 12,84% ela estaria numa posição “casada” em prazos e valores e realizaria um ganho de R$62,49 em valor presente (B‐A); se captasse em CDB, a 11,73% para o mesmo prazo, estaria igualmente em posição casada em prazos e valores e realizaria agora um ganho de R$943,21 (C‐A). Se captasse em CDB e aplicasse à taxa do CDI pelo mesmo prazo, o ganho seria de R$880,42 (C‐B). EA UFRGS – Gestão de Tesouraria – 2017‐1 ©RLamb – Uso exclusivo dos alunos matriculados em Gestão de Tesouraria. Não é autorizada cópia para terceiros‐ Revisão Março 2016 26 Tabela 1. Taxa de juros PU (B‐A) e (C‐B) (C‐A) A 12,92% 88.558,27 B 12,84% 88.621,06 62,79 C 11,73% 89.501,48 880,42 943,21 Como calcular o valor de mercado de um Título Público 38. Para um título com valor de face de R$100.000,00 com prazo 252 dias a decorrer para seu vencimento, o valor presente à taxa de 12,98% a.a., é calculado como mostrado a seguir: é o valor que está no Quadro 1: 92888.511,240 100 12,98 1 252/252 PU 100.000,00 (2) 39. E para a taxa de 12,92% a.a., cujo PU também está no Quadro 2, temos (agora simplificando a potência): 34388.558,271 100 92,121 1 00,000.100 PU (3) 40. Observe com atenção os passos do cálculo. Como método de trabalho, vamos sempre primeiro calcular o fator de desconto diário da taxa e para isso precisamos extrair a “raiz 252” do fator de taxa anual. 100 92,121 252 1 :dia um para taxa de Fator (4) 41. Por que não escrevemos apenas o fator de desconto 1,1292 (1,1298 no primeiro caso) nas equações? 42. A resposta é que precisamos utilizar um método e sermos sistemáticos no seu uso: o método que utilizamos
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