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Em 2020, foi promulgado o "Orçamento de Guerra", regulamentado pela Emenda Constitucional nº 106 de 7de maio de 2020. Dentre os dispositivos da referida emendam temos o Art. 3º, caput, no qual se lê o seguinte: Art. 3º Desde que não impliquem despesa permanente, as proposições legislativas e os atos do Poder Executivo com propósito exclusivo de enfrentar a calamidade e suas consequências sociais e econômicas, com vigência e efeitos restritos à sua duração, ficam dispensados da observância das limitações legais quanto à criação, à expansão ou ao aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento de despesa e à concessão ou à ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita. Analisando o teor da norma acima transcrita, redija um texto dissertativo- argumentativo sobre os aspectos de Direito Financeiro desta, fazendo menção aos princípios do Direito Financeiro envolvidos e mitigados, bem como aos possíveis impactos negativos dessa medida no longo prazo, tendo em vista que o estado de calamidade pública não tem previsão para acabar e ainda deverá surtir efeitos sociais e econômicos por vários anos. As disposições da Emenda Constitucional nº 106, de 8 de maio de 2020, para as contas públicas e as ações de combate à pandemia da Covid-19 estabeleceram no plano constitucional, em razão de emergência de saúde pública de importância internacional, o regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para atender às necessidades dele decorrentes. Durante o regime extraordinário, as proposições legislativas e os atos do Poder Executivo que tenham o propósito exclusivo de enfrentar a calamidade e suas consequências sociais e econômicas ficam dispensados da observância dessas limitações legais, desde que isso não implique em despesas permanentes. Ainda no início do ano de 2020, a sociedade brasileira começou a sentir os efeitos deletérios da pandemia de coronavírus que já vinha sendo enfrentada por diversos outros países. Desde então, os cidadãos e o poder público, nas suas diversas esferas, enfrentam intensos desafios decorrentes da grave crise sanitária que já levou à trágica perda de centenas de milhares de vidas. Entendeu-se necessária uma atuação urgente, duradoura e coordenada de todos as autoridades federais, estaduais e municipais em defesa da vida, da saúde e da própria subsistência econômica de grande parcela da sociedade brasileira, tornando, por óbvio, logica e juridicamente impossível o cumprimento de determinados requisitos legais compatíveis com momentos de normalidade. Nesse contexto fático e normativo, aos Estados e municípios permitem-se as dispensas do atingimento dos resultados fiscais, haja vista, a ocorrência do estado de calamidade pública, assim como na União. O artigo 3º da emenda "prevê uma espécie de autorização genérica destinada a todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) para a flexibilização das limitações legais relativas às ações governamentais que, não implicando despesas permanentes, acarretem aumento de despesa". Diante desse cenário de emergência mundial, são exigidas do poder público medidas preventivas e repressivas, excepcionais e definitivas, de controle e provimento, para as quais as ferramentas já existentes no Direito Administrativo se mostram ineficientes. Situações drásticas e incomuns, como a calamidade gerada pela covid-19, exigem do poder público providências excepcionais. Com isso não se quer dizer que as medidas clássicas de controle e provimento administrativo não serão utilizadas, mas que o panorama ímpar já tem demonstrado que essas providências serão insuficientes para controlar o impacto da pandemia nas relações entre administração e administrados e entre particulares.3 As ferramentas excepcionais já existentes de controle de situações emergenciais e calamitosas já mitigam a visão rígida e tradicional do princípio da legalidade - de acordo com a qual a administração pública somente poderia atuar se autorizada pela lei, sem qualquer margem de inovação -, para viabilizar atuações administrativas normativas ou concretas, caracterizadas como urgentes, excepcionais, temporárias e proporcionais, baseadas no princípio da juridicidade. Não obstante, as medidas necessárias para a superação do panorama atual de crise mundial, evidentemente, flexibilizarão, ainda mais, a legalidade administrativa. As ferramentas excepcionais já existentes de controle de situações emergenciais e calamitosas já mitigam a visão rígida e tradicional do princípio da legalidade - de acordo com a qual a administração pública somente poderia atuar se autorizada pela lei, sem qualquer margem de inovação -, para viabilizar atuações administrativas normativas ou concretas, caracterizadas como urgentes, excepcionais, temporárias e proporcionais, baseadas no princípio da juridicidade. Não obstante, as medidas necessárias para a superação do panorama atual de crise mundial, evidentemente, flexibilizarão, ainda mais, a legalidade administrativa. Em períodos de excepcionalidade, é possível que o princípio da legalidade seja flexibilizado para encampar decisões não pautadas somente na lei, mas na necessidade emergencial dos administrados. Essa emergência e a noção mitigada de legalidade não permitem a distinção intransponível entre atos vinculados e discricionários, mas somente a diferenciação em seus diferentes graus de vinculação. Nesse aspecto, o controle judicial dos atos administrativos, em períodos emergenciais, não segue a lógica puramente legalista, mas deve atentar também para procedimentos, competências e responsabilidades da administração pública, sempre em prol do atingimento do interesse da coletividade, à luz da CF. Esse controle deve ser tão denso quanto maior for o grau de restrição imposto à atuação administrativa. Em outras palavras, nos campos mais complexos e dinâmicos de atuação administrativa, a intensidade do controle deve ser menor do que nos campos de atuação mais restrita. É imprescindível que o direito, como um todo, se refaça, e deixe para trás as burocracias e os excessos que engessam sua atuação, mas sem que, com isso, perca a segurança jurídica de seus agentes e administrados. Um novo modelo de Direito Administrativo - e de Direito Administrativo Sancionador - se apresenta diante do caos, e cabe aos aplicadores da lei realizarem os ajustes necessários à adequação neste novo universo jurídico. O mundo como conhecíamos, muito provavelmente, já não existe mais. Por isso, a evolução do direito se faz mais imprescindível do que nunca. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
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