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Aulas 1 e 2 -Princípios do Direito do Trabalho

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06/04/2020
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Profª.  Denise de Almeida Guimarães
Curso de Pós Graduação em Direito do Trabalho e 
Processo do Trabalho
Teoria Geral do 
Direito do Trabalho
Direito do Trabalho I
Aulas 1 e 2
Relações do Direito do Trabalho com 
outros ramos do Direito
Princípios do Direito do Trabalho
Relações do Direito do Trabalho com 
outros Ramos do Direito 
• O Direito é único e não comporta fragmentações, seus
ramos apesar de autônomos são interdependentes e
coexistem em harmonia. Vejam os exemplos:
a) direito constitucional – vide art. 7º da CRFB
b) direito civil – origem do contrato de trabalho
c) direito internacional – OIT
d) direito previdenciário e tributário – FGTS, PIS/PASEP
e) direito penal – penas para delitos no trabalho.
f) direito empresarial – mudança da estrutura empresarial.
g) direito administrativo – normas de medicina e segurança do
trabalho.
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PRINCÍPIOS
• Conceito e a tríplice função
Os princípios “são linhas diretrizes que informam
algumas normas e inspiram direta ou indiretamente 
uma série de soluções pelo que, podem servir para 
promover e embasar a aprovação de novas normas, 
orientar a interpretação das existentes e resolver os 
casos não previstos.” (Américo Plá Rodriguez)
Princípios constitucionais
• Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: o
homem não pode ser usado como meio para
atingir determinado objetivo, veda‐se a
coisificação do trabalhador. Ele ainda veda
todo tipo de discriminação pessoal.
• Valores sociais do trabalho
• Da liberdade profissional
• Função social da propriedade
• Busca do pleno emprego
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OUTROS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
ARNALDO SÜSSEKIND
● Princípio previsto na CRFB: Princípio da não-
discriminação (Art. 7º , incisos XXX, XXXI, XXXII da 
CRFB; Convenção 111 da OIT; Lei nº 9.029/95; art.27 
da Lei nº 10.741/2003)
Princípios do Direito do Trabalho
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO
Princípio maior do Direito do Trabalho. 
Compensa-se, no plano formal, a desigualdade 
entre empregado e empregador no plano 
econômico, dando ao empregado 
(hipossuficiente) um tratamento legal 
privilegiado.
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Derivam do Princípio da Proteção segundo 
Alfredo Ruprecht:
❶ Princípio in dubio pro operario (ainda a propósito da 
mesma premissa, odiosa restringenda, favorabilia amplianda)
❷ Princípio da norma mais benéfica (Teorias da Acumulação 
ou Atomista; do Conglobamento, e da Incindibilidade dos 
Institutos Jurídicos ou Orgânica)
❸ Princípio da condição mais benéfica (vedação da 
reformatio in pejus e respeito ao direito adquirido. Art. 5º, XXXVI 
da CRFB)
PRINCÍPIO DA NORMA MAIS BENÉFICA
Teoria da Acumulação ou Atomista → possibilidade de 
se acumular as vantagens extraídas de diferentes normas. 
(CIT → “colcha de retalhos” – J.A.Dallegrave Neto)
Teoria do Conglobamento ou do Conjunto → a norma 
mais favorável deve ser aplicada comparando as fontes 
formais em sua globalidade.
Teoria da Incindibilidade dos Institutos Jurídicos ou 
Orgânica → art. 3º, inciso II da Lei nº 7.064/82.
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PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
• Princípio da continuidade da relação de emprego 
(arts. 451, 452, 443, parágrafos 1º e 2º , 445, 448, da 
CLT. Súmula 212 TST). 
Obs: Pode ser flexibilizado? Art. 7º , incisos I, XXI da 
CRFB 
• Princípio da irredutibilidade do salário – art. 7º, inc. 
VI CRFB.
Súmula 212 do TST ‐ Ônus da Prova ‐ Término do
Contrato de Trabalho ‐ Princípio da
Continuidade ‐ O ônus de provar o término do
contrato de trabalho, quando negados a
prestação de serviço e o despedimento é do
empregador, pois o princípio da continuidade da
relação de emprego constitui presunção
favorável ao empregado.
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Princípios do Direito do Trabalho
• Princípio da primazia da realidade: Para o
direito do trabalho, os fatos são sempre mais
importantes que os ajustes formais, ou seja, a
verdade real prevalece sobre a verdade
formal. Concede, portanto, valor maior aos
fatos do que aos documentos.
Princípios do Direito do Trabalho
• Princípio da Irrenunciabilidade: Os direitos 
trabalhistas não são renunciáveis, ou seja, o 
trabalhador não pode renunciar, por exemplo, 
ao recebimento do salário em razão de a 
empresa para a qual trabalha passar por 
dificuldades financeiras. 
O art. 9º da CLT estabelece que “serão nulos de pleno 
direito os atos praticados com o objetivo de 
desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos 
preceitos trabalhistas”. 
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Princípios gerais do direito
• Princípio da boa – fé: tanto empregado
quanto empregador devem agir pela lealdade
e boa‐fé. Art. 422 do CC.
• Princípio da razoabilidade: é o princípio
segundo o qual se espera que o indivíduo aja
orientado pelo bom‐senso, sempre que a lei
não tenha previsto nada. Aplicando‐se as
ideias de adequação e necessidade.
Princípio do Direito Coletivo do Trabalho
Princípio da autodeterminação coletiva
► A auto-regulamentação das normas coletivas é 
vinculativa para os CIT. Integra o contrato mínimo (art. 
444 CLT), sendo irrenunciável, pelo empregado, 
enquanto vigente.
► Os direitos negociados são reversíveis se a categoria 
assim o entender pois possui autonomia.
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Princípio da autodeterminação coletiva
► Súmula 277 TST e o efeito de ultratividade –
Suspensa STF Os direitos contidos nas normas coletivas 
não têm mais vigência limitada no tempo, mas sim até a 
“proxima” negociação coletiva.
(redação alterada na sessão do Tribunal Pleno em 
14.09.2012) - Súmula cuja aplicação está suspensa nos 
termos da medida cautelar deferida nos autos do processo 
STF-ADPF nº 323/DF, Rel Min. Gilmar Mendes Res. 
185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
► É possível a flexibilização de direitos no exercício da 
autonomia coletiva. Exs.: Art. 7º, incisos VI, XIII e XIV da 
CRFB; art. 462 da CLT.
Princípio da autodeterminação coletiva
► Quanto menor for a intervenção do Estado na tutela 
dos direitos sociais, maior será o campo da 
negociação coletiva.
► A deliberação coletiva dos trabalhadores pela greve 
(art. 9º CRFB) impossibilita a caracterização de 
inexecução faltosa nos CIT. (art. 7º da Lei nº 
7.783/89) 
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Princípio do Direito do Trabalho 
PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL 
LESIVA/IMODIFICABILIDADE 
(ART. 468 CLT)
► Origem: Direito Civil - pacta sunt servanda
► Plena autonomia da vontade das partes contratantes, 
mas limitada pela lei e pelos instrumentos coletivos de 
trabalho (art. 444 CLT).
► Condições: Mútuo consentimento e desde que não haja 
prejuízo ao empregado
► Exceções:
Ex. (1) : ius variandi (ex. Mudança de horário de 
trabalho; Súmula 265 TST, mudança do local da 
prestação de serviço, observado o art. 469 CLT) e ius
resistentiae.
Ex. (2) : Redução da carga horária do professor. 
Possibilidade → OJ 244 SDI-1 TST. Art. 320 CLT.
Ex. (3) : Art. 468, § 1o da CLT → Reversão do 
empregado de confiança ao cargo efetivo, com perda
da gratificação correspondente à função, observada a 
interpretação contida na Súmula 372 TST.
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Súmula nº 265 do TST
ADICIONAL NOTURNO. ALTERAÇÃO DE TURNO DE 
TRABALHO. POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO 
(mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
A transferência para o período diurno de trabalho 
implica a perda do direito ao adicional noturno.
Art. 468 CLT - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a 
alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e 
ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, 
prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula 
infringente desta garantia.
§ 1o Não se considera alteração unilateral a determinação do 
empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo 
efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de 
confiança. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 2o A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem 
justo motivo, não assegura ao empregado o direito à manutenção 
do pagamento da gratificação correspondente, que não será 
incorporada, independentementedo tempo de exercício da 
respectiva função. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
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► Exceções:
Ex. (4) : Princípio da Intransferibilidade – art. 469 CLT
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Faculdade de transferência unilateral do empregado
exercente/ocupante cargo de confiança ou daquele cujo
contrato contenha cláusula explícita ou implícita de 
transferibilidade ou de qualquer empregado em casos de 
fechamento do estabelecimento ou transferência
provisória. Para os demais empregados a transferência
deverá ser bilateral.
Art. 469 CLT - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a 
sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se 
considerando transferência a que não acarretar necessariamente a 
mudança do seu domicílio .
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os 
empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos 
tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta 
decorra de real necessidade de serviço.
§ 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento 
em que trabalhar o empregado.
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá 
transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, 
não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará 
obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e 
cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela 
localidade, enquanto durar essa situação. 
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Art. 470 CLT - As despesas resultantes da 
transferência correrão por conta do 
empregador. 
Obs: Transferência de empregados → decorre do jus 
variandi do empregador
① Mudança de domicílio → art. 469 CLT
② Cargo de confiança → §1o, art. 469 CLT
③ Cláusula explícita → diante da necessidade real de 
serviço (Súmula 43 TST)
④ Cláusula implícita → condição subentendida no 
contrato de trabalho. Ex.: aeronauta, atleta, motorista, 
etc.
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⑤ Extinção do estabelecimento → 2º, art. 469 CLT
⑥ Transferência provisória → §3º, art. 469 CLT
◦ independe da vontade do empregado;
◦ o serviço deve ser necessário;
◦ devido adicional de transferência de 25% sobre o 
salário do empregado
OJ 113 SDI-1 TST. ADICIONAL DE 
TRANSFERÊNCIA. CARGO DE CONFIANÇA OU 
PREVISÃO CONTRATUAL DE 
TRANSFERÊNCIA. DEVIDO. DESDE QUE A 
TRANSFERÊNCIA SEJA PROVISÓRIA.
O fato de o empregado exercer cargo de confiança 
ou a existência de previsão de transferência no 
contrato de trabalho não exclui o direito ao 
adicional. O pressuposto legal apto a legitimar a 
percepção do mencionado adicional é a 
transferência provisória.
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Súmula nº 29 do TST
TRANSFERÊNCIA 
Empregado transferido, por ato unilateral do 
empregador, para local mais distante de sua 
residência, tem direito a suplemento salarial 
correspondente ao acréscimo da despesa de 
transporte.
JUS VARIANDI
► Decorre do poder de direção do empregador
► Pequenas alterações no contrato de trabalho 
poderão ser feitas, desde que não alterem 
significativamente o contrato e não importem em 
prejuízo ao empregado. Ex.: Alteração de função, 
horário.
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ALTERAÇÃO DE FUNÇÃO → PROMOÇÃO
► O empregado poderá recusar uma promoção?
► E se a empresa empregadora possuir PCS? 
ALTERAÇÃO DE FUNÇÃO → REBAIXAMENTO
► Sempre ilícito
ALTERAÇÃO DE FUNÇÃO → MUDANÇA DE 
FUNÇÃO OBRIGATÓRIA
► Art. 300 CLT → transferência por motivo de saúde –
trabalho em Minas de Subsolo.
► Art. 392,§4º, inc. I da CLT → transferência de função
quando as condições de saúde da empregada gestante
exigirem.
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ALTERAÇÃO DE FUNÇÃO → MUDANÇA DE 
FUNÇÃO OBRIGATÓRIA
► Art. 407 CLT → mudança da função do menor
quando verificado que o trabalho executado é
prejudicial à sua saúde, ao seu desenvolvimento
físico ou a sua moralidade.
► Readaptação do trabalhador em nova função por
deliberação do INSS, em razão de redução de
capacidade laborativa em função de doença ou
acidente de trabalho.

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