Buscar

Fichamento 04 - O que é moralidade

Prévia do material em texto

Fichamento 04 - O que é moralidade?
Disciplina: Filosofia e ética na Administração
Gabriel de Carvalho Araújo - Universidade Federal do Ceará
O problema da definição?
Neste início de capítulo, o autor cita qual a definição de Sócrates da filosofia moral. A partir
disso, cita algumas possíveis definições rivais que, independentemente do que se trate, irá
ofender a teoria de Sócrates. Sendo assim, ele irá fazer uma discussão sobre a definição
mínima do que é moralidade.
Primeiro exemplo: o bebê Theresa
Neste exemplo, o autor cita o caso de um recém-nascido anencéfalo. O caso está relacionado
à doação de órgãos, pois um bebê anencéfalo não é capaz de sobreviver por muito tempo e os
pais de Theresa decidiram doar seus órgãos, mas foram impedidos por uma lei da Flórida.
Após esse caso, eticistas foram consultados e em sua maioria foi contra o ato de retirar os
órgãos do bebê. Sendo assim, para que fosse aberta a discussão o autor cita alguns possíveis
argumentos que favorece ou não a situação dos pais, como:
Argumento do benefício: Em que se é possível fazer o bem para alguém sem retirar nada do
outro, que faça. Essa situação se encaixa, pois Theresa iria morrer de qualquer forma, sendo
assim, doar seus órgãos seria um benefício a outras crianças.
Argumento de que não devemos usar pessoas como meios: Este favorece o argumento dos
eticistas, pois, é correto usar uma pessoa que não tem capacidade de escolher para um fim,
seja bom, seja ruim? Esse tipo de comportamento poderia ser interpretado como uma
violação da autonomia do indivíduo, mas seria mesmo? Porque um bebê é capaz de ter
autonomia? De acordo com o autor, não existe, pois o bebê nunca teve preferências sobre
algum tema e nunca decidiu sobre nada, sendo assim, quem deveria escolher seriam seus
responsáveis.
Argumento a partir da incorreção de matar: Mais um argumento para os eticistas está
sobre matar ser errado, pois nessa situação não há nenhum tipo de ameaça sobre ninguém
sendo feita pelo bebê. Apesar de ser considerado matar uma criança, em décadas anteriores,
realizar um transplante de coração era considerado matar e reviver um indivíduo, pois a
definição de morte era dada quando o coração parava de funcionar. Hoje em dia a definição
mudou e está relacionada à morte cerebral.
Segundo exemplo: Jodie e Mary
Neste exemplo, o autor cita o caso de gêmeas siamesas que poderiam ser separadas, mas com
a consequência de uma delas morrer. Nesta situação os pais católicos não permitiram que
fossem separadas, mas por uma ação dos médicos, foram permitidos de realizar o
procedimento. Quem estava certo? Nessa questão, o autor cita dois possíveis argumentos:
Argumento de que deveríamos salvar o máximo possível: Com o pensamento de se é
possível salvar, que salve o máximo. Sendo assim, esta situação está em salvar uma das duas,
ao invés de saber que vão morrer as duas.
Argumento religioso sobre a vida humana: Devido à religiosidade, os pais não permitiram
que o procedimento fosse realizado com o argumento de que ‘... se for a vontade de Deus
que…’, comportando-se da forma que as vidas humanas são iguais e não se pode escolher
uma vida em prol de outra. Neste caso, o que permitiu o procedimento foi considerar que a
morte de Mary não seria intencional, mas seria por causa da fraqueza de seu corpo, no
entanto, visto pelo lado religioso, de qualquer forma sua morte foi acelerada e isto é
moralmente proibido. Apesar dessa, ‘proibição’, podem existir três situações em que matar
não é condenável: o humano irá morrer de qualquer forma, o humano é incapaz de ter desejos
e escolhas e a morte dele salvará inúmeras pessoas que poderão ter uma vida completa.
Terceiro exemplo: Tracy Latimer
Neste caso, o autor cita a situação de Tracy, uma garota de 12 anos com problemas de
desenvolvimento psicológico que foi assassinada pelo seu pai e o seu julgamento foi
abrandado pelo juiz e pelo júri, mas que depois foi ordenado seu cumprimento pela corte
Canadense. Porque o juiz e o júri abrandaram a pena? O que ele fez para convencê-los de que
não foi tão errado? Existem dois argumentos contra esse ato:
Argumento de discriminação com deficientes ser errado: Independente de uma pessoa ser
deficiente ou não, ela deve ser respeitada da mesma forma, pois são seres humanose ninguém
tem o direito de decidir sobre a vida de ninguém. E qualquer desrespeito que se embase em
uma característica que a pessoa não tem escolha, é uma decisão arbitrária.
Argumento da ladeira escorregadia: O problema de abrandar esse tipo de condenação,
poderia gerar uma ‘ladeira escorregadia’ para outros casos em que o assassinato seria
abrandado por questões de deficiência. E a pior situação estaria em definir a partir de que
ponto a morte por compaixão seria permitido. O problema de pensar dessa forma, é que
prever o futuro se torna uma tarefa muito difícil quando se tenta fazer, pois um exemplo real
é a dos bebês de proveta em que havia inúmeras consequências caso isso acontecesse e
mostrou-se que nenhuma delas aconteceram de forma catastrófica.
Razão e imparcialidade
Os argumentos morais precisam ser bem embasados pela razão e pela lógica, pois em casos
como o de Tracy sentimentos opostos podem ser gerados em pessoas diferentes e,
logicamente, os dois lados não podem estar certos ao mesmo tempo, sendo assim, os
sentimentos que são guiados pela razão estão bem embasados e, possivelmente, poderá ser a
posição moralmente correta. Caso o sentimento não seja guiado pela razão, o pensamento
começa a ter vieses que podem atrapalhar o raciocínio de futuras decisões como o de achar
que as previsões drásticas possam vir a acontecer. Apesar de algumas questões serem óbvias,
a definição de se algo está moralmente correto ou incorreto não tem uma fórmula específica,
isso dependerá da situação em que o indivíduo se encontra. Tudo isso está relacionado com a
capacidade de imparcialidade na hora de analisar uma situação crítica, pois é assim que se
pode avaliar sem vieses sentimentais, apenas com boas razões.
A concepção mínima de moralidade
O agente moral consciente é aquela capaz de agir imparcialmente e que fique preocupado
com os interesses dos dois lados da situação sendo capaz de criar boas razões para defender
um lado ou outro. E mesmo que pareça óbvio que esse agente deve ser necessário, por muitos
anos foi criticado esse tipo de pessoa.

Continue navegando