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Ensaio sobre os Valores Econômicos na Sociedade: entre propósitos educacionais

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1 
 
ENSAIO SOBRE OS VALORES ECONÔMICOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA: 
ENTRE PROPÓSITOS EDUCACIONAIS 
Juliana Rosa Miranda, Número USP: 11264002, Turma: 192 – 11 
 
 
RESUMO: A sociedade brasileira foi construída sob as bases da lógica capitalista, logo todas 
as estruturas sociais encontram-se afetadas e funcionam de forma consoante a esse sistema 
econômico. Essa prisão, no entanto, possui um agravante: a contaminação das instituições de 
ensino por valores econômicos, causando a deturpação dos propósitos educacionais. Por 
conseguinte, fundamentos da economia são internalizados no indivíduo, de modo que 
controlam seu modo de ser, estar e agir, criando-se um verdadeiro cárcere mental que impede 
o desenvolvimento humano e social. 
Palavras-chave: valores econômicos, educação, cárcere mental, propósitos educacionais, 
profissão, ensino, grilhões, capitalismo, estagnação, sociedade brasileira, universidade, 
racionalidade, liberdade. 
 
 
INTRODUÇÃO 
No século XVI, a ocupação do território brasileiro não foi apenas física, houve a 
incorporação de uma lógica econômica – o mercantilismo - que facilmente se desprendia do 
cenário inserido, haja vista o caráter de artificialidade expresso em um lugar onde os nativos 
viviam da caça, da coleta e de uma agricultura de subsistência. Mas, esse projeto doutrinário, 
obteve êxito, na medida em que a sociedade se torna complexa, levando à diluição do sistema 
2 
 
capitalista nas entranhas das estruturas sociais e, por sua vez, à manutenção de uma mentalidade 
colonial. 
Tal concepção, no entanto, não culmina no capitalismo moderno - descrito por Max 
Weber em A gênese do capitalismo moderno – o qual se apresenta pelas seguintes precondições: 
(i) todos os meios materiais de produção devem ser passíveis de apropriação; (ii) é necessário 
ter liberdade de mercado; (iii) as técnicas empregadas na economia devem ser racionais, ou 
seja, mecânicas e com previsibilidade; (iv) o direito deve ser racional para se ter previsibilidade 
do judiciário e da administração; (v) deve ocorrer comercialização da economia e (vi) o trabalho 
deve ser livre, sob a perspectiva jurídica e pela possibilidade de se vender a própria mão-de-
obra. A incompatibilidade desse modelo com a realidade brasileira se verifica principalmente 
pelo item iv, pois, segundo Habermas, a visão positivista de Weber fundamenta a racionalidade 
do direito nos aspectos formais e na neutralidade moral1 que o constituem, mas, no Brasil, os 
valores sociais exercem influência desde a elaboração até a aplicação das leis. 
Em que pese esse fato, traços weberianos se expressam no capitalismo à brasileira, 
assim como há marcas da teoria habermasiana revelada pela moral intrínseca ao direito2. Ocorre 
que as circunstâncias neste território extrapolam os pensamentos manifestados pelos notórios 
sociólogos alemães, pois não são apenas valores morais que compõe o ordenamento jurídico 
brasileiro e nem tão somente há uma lógica capitalista externa ao indivíduo que o aprisiona 
como indica a alegoria da jaula de aço3. Valores econômicos se naturalizaram como sociais e 
criaram um cárcere mental, que, consequentemente, se materializou no direito. 
 
1 HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia entre facticidade e validade. 2 ed. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 
2003. 
2 Ibid. 
3 LÖWY, Michael. "A jaula de aço: Max Weber e o marxismo weberiano". Disponível em: < 
https://www.youtube.com/watch?v=0oUduAJ_5Wk>. Acesso em: 12 fevereiro 2021 
3 
 
Em vista desse quadro, o presente ensaio visa apresentar o problema estrutural causado 
pela contaminação da sociedade brasileira com valores impróprios cooptados da economia, 
através de uma análise da função desempenhada pelo sistema educacional e dos seus efeitos, 
principalmente, nos profissionais do direito. A partir disso, pretende-se propor uma maneira de 
romper com os grilhões capitalistas, que impedem o Brasil de avançar para uma verdadeira 
democracia. 
O VÍNCULO ENTRE A EDUCAÇÃO E OS VALORES ECONÔMICOS 
Valores sociais são parâmetros orientadores do modo de ser, estar e agir de um 
indivíduo dentro de um grupo, sendo a educação um dos principais meios para serem 
disseminados e sedimentados na sociedade. Por isso, inicialmente, é necessário tomar ciência 
das bases que dão sustentação às instituições de ensino. 
Os mosteiros - construídos na Alta Idade Média – são as raízes do ambiente formal 
destinado a propagação do conhecimento, isto é, a necessidade de se frequentar um espaço para 
aprendizagem está intimamente relacionado a ideia cristã de evangelização4. 
Na Baixa Idade Média, tal modelo foi utilizado para suprir necessidades advindas da 
expansão do comércio, uma vez que a alfabetização dos trabalhadores passou a ser vista como 
importante para o aumento financeiro dos negócios. 
Em um primeiro momento, o investimento da burguesia em escolas esteve associado 
apenas à Igreja Católica, o que conferia um caráter de autonomia na forma de ensino. Mas, o 
fortalecimento do poder do monarca levou a uma gradativa subordinação dessas instituições ao 
Estado e, consequentemente, aos interesses políticos nacionais5. Em decorrência disso, os 
 
4 SERENNA, Nathalia. História da Educação no Mundo e no Brasil. Disponível em: 
<https://serenna.jusbrasil.com.br/artigos/605451719/historia-da-educacao-no-mundo-e-no-brasil>. 
5 MOREIRA ALVES, José Carlos. Universidade, Cultura e Direito Romano. Revista de Direito Civil Contemporâneo. 
n. 2. v. 3. P. 337-352. São Paulo: Ed. RT, abri. - jun. 2015 
4 
 
propósitos iniciais da universidade - que se pautavam, teoricamente, em transmitir cultura, 
ensinar uma profissão e suscitar o espírito investigativo da ciência - foram suplantados pelo 
ensino técnico para atender as exigências do mercado. Trata-se de processo de racionalização 
das universidades, segundo a concepção de Weber, visto que o ensino é configurado para ser 
funcional e especializado em detrimento do desenvolvimento humano. 
No Brasil, o ensino surge para satisfazer tanto os interesses católicos de aumentar o 
número de fiéis quanto os interesses do Estado português de colonização, mas não somente. 
Pois, verifica-se no plano de estudos do primeiro grupo de jesuítas - liderado pelo padre Manuel 
da Nóbrega - o ofuscado objetivo econômico de instituir o hábito do trabalho nos indígenas 
catequizados6. Essa influência dissimulada na construção da sociedade brasileira se consolida 
com as universidades instauradas, a partir de 1808, para atender as demandas da corte 
portuguesa. 
É necessário destacar que, hipoteticamente, o modelo de ensino trazido da Europa seria 
o racionalizado, contudo Sérgio Adorno, em Os Aprendizes do poder: o bacharelismo na 
política brasileira7, torna visível que a educação no Brasil não possuía finalidade de formar 
técnicos, pois, ao descrever sobre a Academia de São Paulo – uma das primeiras universidades 
do país – revelou que o prevalente legado dessa instituição era a ausência de aprendizado nas 
salas de aula, em razão da estrutura educacional. Então, quais são os reais propósitos do ensino 
neste território? 
Os fins educacionais sempre estiveram alinhados aos fins econômicos, no entanto, 
passa despercebido que os valores econômicos modularam o ensino nas universidades e se 
 
6 SHIGUNOV NETO, Alexandre; BOMURA MACIEL, Lizete Shizue. O ensino jesuítico no período colonial brasileiro: 
algumas discussões. Curitiba: Educ. ver. nº. 31, 2008. Disponível em: 
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602008000100011>. 
7 ADORNO, Sérgio. "O Liberalismo sob as Arcadas: o confronto entre a Academia Formal e a Academia Real", 
capítulo 3 de Os aprendizes do Poder: o bacharelismo na política brasileira, 2a. ed. revista, São Paulo, Edusp, 
2019 [1988], p. 89-175. 
5 
 
incorporaram em todo um sistema que abrange da infância à vida adulta do cidadão – formato 
instituído no período imperial com implementação da educação primária(1822-1889)8. 
Na contemporaneidade, há principalmente quatro valores que contaminam o ensino: 
eficiência, produtividade, flexibilidade e competitividade. Essa composição encontra-se 
naturalizada na organização do sistema educacional, bem como os seus efeitos se banalizaram. 
Por isso, geralmente as pessoas repreendem a qualidade da educação e as diferenças entre 
público e privado, afastando-se dos questionamentos acerca dos objetivos educacionais, que 
inclusive são definidos pela Constituição9. Ocorre que a oculta desconfiguração dos intuitos do 
ensino são um dos motivos centrais para a hodierna estagnação social vivenciada no Brasil. 
DO ENSINO AO CÁCERE MENTAL 
Ao ingressar no ensino fundamental, uma criança é submetida a uma grade curricular 
rígida, em que se exige a flexibilização do estudante para aprender múltiplas disciplinas – 
ciências humanas, ciências naturais, ciências exatas, entre outras – bem como se requer 
eficiência e produtividade, a partir de métodos avaliativos de desempenho. Comumente utiliza-
se trabalhos e provas para aferir o desenvolvimento do aluno e mesmo que haja uma atividade 
em grupo, ao final sempre se atribuirá uma nota individual. Cria-se, com isso, um ambiente de 
individualidade, competitividade, conteudista e de desestímulo para uma real aprendizagem. 
O quadro se agrava no decorrer da educação básica, à medida que as matérias se 
tornam mais aprofundadas, as cobranças aumentam e os estudantes começam a ser definidos e 
se autodefinir por suas notas. 
 
8 SERENNA, Nathalia. História da Educação no Mundo e no Brasil. Disponível em: < 
https://serenna.jusbrasil.com.br/artigos/605451719/historia-da-educacao-no-mundo-e-no-brasil>. 
9 Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a 
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
6 
 
Por trás dessa descrição naturalizada das escolas está a inserção de uma visão de 
mundo: na sociedade, o indivíduo é obrigado a fazer tarefas que não gosta, deve realizar 
inúmeras atividades no menor tempo possível e no final alguém de hierarquia superior 
quantificará o seu trabalho, que definirá o seu poder de escolha. 
Nesse sentido, a decisão do estudante sobre qual será sua formação universitária é 
ilusória por questões externalizadas e internalizadas. No primeiro caso, há tanto os vestibulares 
- utilizados como forma de ingresso nas universidades - que determinam qual curso e instituição 
o aluno poderá estudar através de uma pontuação atingida por ele em uma prova 
multidisciplinar, quanto as famílias e as escolas que orientam os jovens para carreiras 
consideradas tradicionalmente mais promissoras: medicina, direito e engenharia. O segundo 
caso, por conseguinte, corresponde a perspectiva alienada do estudante que é direcionado a um 
curso por suas notas, ou seja, se a sua avaliação mais alta for em ciências humanas, há uma 
grande probabilidade de acreditar que possui vocação para o direito ou de fazer essa falaciosa 
escolha em razão de ter maiores oportunidades no mercado de trabalho como se transmite o 
senso comum. 
Em vista dos aspectos ressaltados, observa-se que as escolas não cumprem o papel de 
auxiliar na descoberta de vocações, pois o estudante se forma no ensino básico sem saber quais 
habilidades possui e, caso perceba sozinho, ainda não terá suporte para desenvolvê-las. 
Também não há contribuição para construção de cidadãos conscientes, visto que o aprendizado 
não é voltado à compreensão do funcionamento da sociedade e de suas estruturas. A educação 
brasileira, na verdade, desempenha apenas a função de alfabetizar e de apresentar assuntos 
teóricos e aprofundados para serem decorados mesmo que a maioria das pessoas não tenha nem 
interesse nem aptidão para todas as áreas do conhecimento. 
7 
 
A inibição de potencial dos cidadãos se torna uma das causas do excesso de 
profissionais sem vocação, sendo a carreira jurídica um dos principais exemplos, devido à 
grande similaridade da estrutura do curso de direito com a da educação básica. Pois, a maioria 
dos estudantes ingressam na universidade sem o autoconhecimento de suas habilidades e a 
depender do ensino jurídico formal permanecem nesse obscurantismo com aulas teóricas e o 
mesmo formato avaliativo. 
Suscita-se, então, a indagação: as pessoas se formam sem entender quais são as 
aptidões essenciais para o exercício da profissão e se possuem facilidade para desenvolvê-las? 
Algumas instituições, como a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, possuem 
entidades que revelam, de modo implícito, a necessidade da oratória, da utilização de 
estratégias, do conhecimento prático de burocracias e de formalidades presentes nas peças 
elaboradas para um processo, bem como da conduta que se deve ter com clientes e nos tribunais. 
Essas extensões, entretanto, possuem vagas restritas e não abrangem todas as áreas do direito. 
Em decorrência disso, uma pequena parte dos estudantes de direito descobrem tardiamente – 
no desempenho da função – que possuem habilidades importantes para a profissão, enquanto a 
outra grande parte persiste, devido ao reconhecimento monetário conferido pelo mercado de 
trabalho ou, simplesmente, se frustra e retorna a busca por outra ocupação. 
A falta de compreensão do funcionamento prático do direito também afeta a visão 
crítica a respeito da sociedade brasileira, pois apenas se identificam falhas e se questiona acerca 
do desempenho da máquina quando se conhece as engrenagens. Por isso, os cursos de direito 
no Brasil continuam formando operadores do sistema jurídico e não transformadores sociais, 
8 
 
isto é, direcionando os estudantes para a tarefa menor em detrimento da tarefa maior, nos termos 
de Mangabeira Unger10. 
O papel da educação, analogamente ao disposto na Constituição, deveria ser de ajudar 
no autoconhecimento, no desenvolvimento humano, na preparação de profissionais inovadores 
e de cidadãos conscientes. No entanto, atualmente, o objetivo do ensino básico é instruir os 
alunos para o vestibular, incorporando os valores econômicos como sociais, enquanto o ensino 
superior cumpre a função de formar indivíduos para manter as estruturas sociais, sobretudo no 
curso de direito, visto que o sistema jurídico é um dos modos de preservar uma dada realidade. 
Assim, instaurou-se um cárcere mental, em que os indivíduos consideram normal o controle 
capitalista atuante em suas vidas. 
CONCLUSÃO 
Conforme aduzido neste ensaio, a sociedade brasileira foi estruturada dentro de uma 
lógica capitalista, que limita a liberdade do indivíduo, aprisionando-o de modo similar ao que 
se constata na alegoria da jaula de aço weberiana. Mas, é o cárcere mental, construído por meio 
do ensino deste país, que sustenta a manutenção desse controle econômico. Poda-se sonhos. 
Restringe-se o desenvolvimento humano e a consciência do exercício da cidadania. Impede-se 
a compreensão da realidade para se acreditar que as mudanças são lentas e que a verdadeira 
igualdade é utópica. 
Em contrapartida às crenças impregnadas por valores econômicos, propõe-se uma 
reforma estrutural do ensino para que o sistema educacional brasileiro cumpra o papel que lhe 
 
10 MANGABEIRA UNGER, Roberto. “Introdução: o imperativo da rebeldia no pensamento jurídico brasileiro”; “A 
vocação do pensamento jurídico agora”, in O movimento de estudos críticos do direito: outro tempo, tarefa 
maior, trad. Lucas Fucci Amato, Belo Horizonte, Letramento: Casa do Direito, FGV Direito Rio, 2017 
9 
 
cabe como propulsor do progresso social e consolidador de uma efetiva democracia, assim, 
desinstrumentalizando o desempenho das instituições como estagnadores. 
Para isso, é necessário que os valores educacionais estejam em consonância com os 
valores humanos, que tornam uma sociedade mais evoluída, comoa solidariedade, a 
responsabilidade, a liberdade e o respeito. Pautado nesses pilares, o ensino primário deve se 
dividir em duas frentes: essenciais e personalizadas. 
A primeira refere-se ao ensino comum que todos deveriam ter, ou seja, a alfabetização, 
o conhecimento básico das diversas áreas do conhecimento, além da compreensão das 
estruturas sociais e dos seus funcionamentos, a fim de que se desenvolva o senso de cidadania 
ativa desde a infância. Essa frente precisa ter uma organização de cooperação, de modo que 
haja pequenas rodas formadas com estudantes que possuam facilidades e dificuldades distintas 
para poderem se ajudar e discutir sobre a exposição do professor ocorrida no momento inicial 
da aula e em um terceiro momento ter a oportunidade de se fazer perguntas sobre as reflexões 
feitas. 
A partir da identificação de interesses na frente essencial, os estudantes poderiam 
escolher aulas para descobrirem habilidades como de idiomas, de desenho, de canto, de 
instrumentos, de oratória, de debates, de dança, de estratégias, de cálculos avançados, de 
marcenaria, entre outras. Mas, se os alunos não se sentirem motivados nas aptidões 
selecionadas, terão a chance de mudarem, criando, dessa forma, a possibilidade de 
autoconhecimento. 
Em razão desse arranjo educacional, os estudantes se sentirão mais seguros e 
conscientes ao optarem por um curso superior, o qual deve contribuir com o aprimoramento das 
habilidades fundamentais para a profissão, proporcionar o entendimento não apenas teórico, 
mas também prático que a respectiva área oferece no mercado de trabalho, aprofundar o debate 
10 
 
político e criar estímulos funcionais de transformação com aulas que incentivem o discente a 
observar a sociedade brasileira e elaborar projetos para solucionar ou mitigar problemas, 
aguçando a imaginação e contemplando a diversidade. 
Então, com a efetividade dessa reforma, a sociedade pode se libertar dos grilhões 
capitalistas, sendo cidadãos ativos, preparados e motivados em suas profissões como também 
mais ciente de quem são, de suas capacidades e das melhorias que pretendem realizar na 
sociedade e em suas ocupações, gerando, com isso, um constante avanço social. 
BIBLIOGRAFIA 
WEBER, Max. A gênese do capitalismo moderno, Ática 
HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia entre facticidade e validade. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Tempo brasileiro, 2003. 
LÖWY, Michael. "A jaula de aço: Max Weber e o marxismo weberiano". Disponível em: < 
https://www.youtube.com/watch?v=0oUduAJ_5Wk>. Acesso em: 12 fevereiro 2021 
SERENNA, Nathalia. História da Educação no Mundo e no Brasil. Disponível em: < 
https://serenna.jusbrasil.com.br/artigos/605451719/historia-da-educacao-no-mundo-e-no-
brasil>. Acesso em: 13 fevereiro 2021 
MOREIRA ALVES, José Carlos. Universidade, Cultura e Direito Romano. Revista de Direito 
Civil Contemporâneo. n. 2. v. 3. P. 337-352. São Paulo: Ed. RT, abri. - jun. 2015 
SHIGUNOV NETO, Alexandre; BOMURA MACIEL, Lizete Shizue. O ensino jesuítico no 
período colonial brasileiro: algumas discussões. Curitiba: Educ. ver. nº. 31, 2008. Disponível 
em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602008000100011>. 
Acesso em: 15 fevereiro 2021 
11 
 
ADORNO, Sérgio. "O Liberalismo sob as Arcadas: o confronto entre a Academia Formal e a 
Academia Real", capítulo 3 de Os aprendizes do Poder: o bacharelismo na política brasileira, 
2a. ed. revista, São Paulo, Edusp, 2019 [1988], p. 89-175. 
MANGABEIRA UNGER, Roberto. “Introdução: o imperativo da rebeldia no pensamento 
jurídico brasileiro”; “A vocação do pensamento jurídico agora”, in O movimento de estudos 
críticos do direito: outro tempo, tarefa maior, trad. Lucas Fucci Amato, Belo Horizonte, 
Letramento: Casa do Direito, FGV Direito Rio, 2017

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