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Nutrição desportiva - Nutrição nos Transtornos Alimentares

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Nutrição nos Transtornos Alimentares
1- Anorexia Nervosa: Etiologia, Características Clínicas, Aspectos Comportamentais e Cuidados Alimentares.
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar, que causa a distorção da própria imagem, fazendo com que o indivíduo se veja muito mais gordo do que realmente é. Assim, quem tem anorexia fica obcecado pelo próprio peso e o mantém muito abaixo do normal propositalmente, o que leva a ingerir pouquíssimo alimento, como explicado no vídeo de Sophie Deram (Anorexia Nervosa, saiba reconhecer os sinais).
Cada vez mais essa doença vem acometendo um público muito variado, mas alguns indivíduos têm maior probabilidade de desenvolvê-la, como as mulheres, adolescentes, pessoas com transtornos psicológicos, como ansiedade, dependência de drogas e determinados profissionais, como atletas, modelos e bailarinos, que vivem a magreza na sua profissão. (Epidemiologia, curso e evolução dos transtornos alimentares)
Como dito por Sophie Deram, as causas desse transtorno são inúmeras. A genética e fisiologia individual podem contribuir muito, mas o ambiente em que o indivíduo vive, bem como traumas passados podem ser determinantes. O histórico familiar e uma esfera social com muitos preconceitos e abandonos podem ser fatores influenciadores (ás vezes, uma rejeição pode ser associada com o peso). A pressão dos padrões estéticos de corpo magro, perfeito e feliz também faz com que muitas pessoas se incomodem em exagero com o seu corpo, muito além da saúde e simples estética.
Além da perda de peso demasiada, alguns sinais e comportamentos mostram a diferença um simples emagrecimento para a doença. Entre eles, a distorção da própria imagem; a preocupação excessiva com a balança e a quantidade de calorias dos alimentos; muitas dietas e jejuns; medo e repulsa pela comida; uso de roupas longas e largas, para disfarçar a magreza; prática excessiva de atividade física; irritabilidade e sentimentos como sofrimento, tristeza, desanimo, baixa autoestima e culpa. Na CID-10, a anorexia tem o código F-50.01. Pessoas com esse transtorno tem inúmeras alterações clínicas, tais como: a diminuição ou perda de apetite; perda de peso e de massa óssea (maior risco de fraturas); modificação no metabolismo, como a alterações no ritmo cardíaco; distúrbios hormonais, como amenorreia; e anemia. Os problemas se interceptam, tornando as pessoas acometidas muito fracas e mais suscetíveis a outras doenças e morte tanto devido à complicações, quanto por suicídio. (Anorexia nervosa, saiba reconhecer os sinais; Epidemiologia, curso e evolução dos transtornos alimentares)
O tratamento deve ser multidisciplinar, apoiado por familiares, professores (se estiver na escola) e com acompanhamento psicológico e nutricional. Os pacientes devem retornar ao peso normal. Esse tratamento deve ser lento e contínuo, para que o corpo consiga se readaptar à fome e se recuperar de possíveis sequelas (físicas e psicológicas). A ingestão calórica deve ir aumentando progressivamente, o valor energético não deve ser menor que 1200kcal/dia e, eventualmente, podem ser necessárias suplementação de vitaminas e minerais. O professor de educação física pode auxiliar com a conscientização e com treinamento físico, para reestabelecer a massa magra perdida.
2- Bulimia: Etiologia, Características Clínicas, Aspectos Comportamentais e Cuidados Alimentares.
De acordo com a CID-10, a bulimia (F50.2) é um transtorno caracterizado pela ingestão compulsiva de alimentos, geralmente muito calóricos, seguido da tentativa de evitar ganhar peso, usualmente, pela indução de vômito.3 A hiperfagia recorrente e descontrolada é seguida por momentos de culpa e tentativas de compensação, como exercício físico em excesso, laxantes, diuréticos, jejum e o vômito forçado. Alguns ainda se submetem a fazer cirurgias plásticas invasivas. Os indivíduos afetados possuem muita preocupação com o seu peso e podem ter distorção da imagem corporal. Dentre as causas desse transtorno, pode-se destacar a predisposição genética, histórico familiar, a dependência da comida, similar à dependência de drogas e a presença de um padrão de beleza que exalta o magro.4 Percebe-se que os motivos são muito similares aos da anorexia, entretanto, a bulimia é mais prevalente (1,1-4,2% da população). (Epidemiologia, curso e evolução dos transtornos alimentares)
Geralmente, acomete mais pessoas que possuem um tipo físico desejável, que treinam e se alimentam com dietas restritivas. As mais propícias a desenvolver são mulheres, jovens, com outros transtornos prévios, modelos e atletas. Os sinais não são tão marcantes quanto os da anorexia. Isso se dá pois, na bulimia, não necessariamente ocorre uma perda de peso tão expressiva e, também, as formas compensatórias são escondidas de parentes e amigos. Portanto, deve-se observar as preocupações exageradas com o corpo, grande ingestão de alimentos sem o aumento do peso correspondente, dietas restritas e descontrole, distorção da imagem e baixa autoestima.4
Os frequentes vômitos podem causar problemas no esmalte do dente, inflamação na garganta, sangramentos, problemas gastrintestinais, arritmias cardíacas, desidratação, feridas na boca e dedos devido ao baixo pH do conteúdo estomacal, que a boca garganta não estão preparados para entrar em contato. Além disso, podem haver doenças metabólicas devido à restrições de macronutrientes.4
O tratamento da bulimia deve ser interdisciplinar, contando com o nutricionista, psicólogo, psiquiatra e endocrinologista. A terapia ocorre a fim de diminuir a compulsão, regularizar a alimentação para suprir os déficits, incluindo mais alimentos saudáveis, educação sobre a doença e suas consequências, aceitação do seu corpo e produção de um diário alimentar. Não é indicado que os alimentos sejam pesados ou tenham as suas calorias contadas, deve-se priorizar sentir o corpo e comer até se sentir satisfeito. Alguns podem necessitar de antidepressivos, para diminuir a compulsão. Além disso, pode ser que toda a família deva passar por atendimento psicológico, para melhorar o ambiente em que o paciente vive.2,5 O paciente deve entender que o corpo ideal é aquele que é saudável.
O professor de educação física pode e deve atuar na prevenção, abordando os transtornos alimentares em suas aulas e não estimulando os padrões de beleza irreais e não saudáveis da mídia. No tratamento, com um programa de treinamento, ajuda o paciente a manter os níveis de atividade física normais e recomendados.
3- Compulsão Alimentar: Etiologia, Características Clínicas, Aspectos Comportamentais e Cuidados Alimentares.
A compulsão alimentar pode ser identificada pela ingestão excessiva de comida em um curto período, ligada à perda de controle, diferente de exageros ocasionais e da refeição por prazer. O problema acontece quando é recorrente, mesmo sem fome. Ocorre com o intuito de aliviar angústias e outros sentimentos negativos, assim o indivíduo muitas vezes nem mastiga ou sente o sabor do alimento, ingerindo-o até o corpo não aguentar mais fisicamente, chegando a passal mal. Dessa forma, o ato de comer é um sofrimento. Esse é o transtorno mais prevalente na população e pode ser determinante no desenvolvimento de outros transtornos alimentares. (Compulsão Alimentar - Sophie Deram)
A população mais atingida por essa condição são mulheres, adultas, que fazem dietas restritivas, com sobrepeso, pessoas com histórico familiar e com questões psicológicas que geram gatilho para a compulsão. Diferente da bulimia, não ocorre o mecanismo compensatório, para evitar o ganho de peso. (Alimentos Nutrição e Dietoterapia)
Como as crises compulsivas se relacionam com muitas emoções negativas, por exemplo a culpa, a tristeza e a vergonha. Como a ingestão tendem a ser mais recorrente quando a pessoa está sozinha, pode ser difícil identificar de início uma pessoa próxima que tenha essa condição. A culpa faz com que o indivíduo procure uma nova dieta restritiva, pois fica envergonhado com o seu comer transtornado e as consequências que isso causa, como o aumento de peso. CitandoSophie Deram, “restrição gera compulsão”. Com a dieta, a limitação pode causar a depressão e a obsessão pelos alimentos proibidos, fazendo, novamente, o sujeito sair do controle e entrar num novo episódio compulsivo. Isto posto, a compulsão alimentar se desenvolve num ciclo vicioso. Essa condição contribui no aumento de peso e consequente aumento do risco do desenvolvimento de doenças crônicas relacionadas à obesidade, como a diabetes tipo II, alguns canceres, doenças cardiovasculares e outros transtornos psicológicos. (Compulsão alimentar)
O tratamento também deve ser multidisciplinar, com a ajuda de diversos especialistas. O foco não deve ser a perda de peso inicialmente, já que isso pode ser um gatilho para o paciente. O objetivo da terapia deve ser a reeducação alimentar, amparada por psicólogos para lidar com os sentimentos negativos, baixa autoestima e não descontar na comida. Com isso o paciente pode se sentir no controle das suas vontades. Medicamentos também podem auxiliar na redução dos sintomas e tratamento de doenças que foram desenvolvidas pelo excesso de peso, como o diabetes tipo II.6
O professor de educação física, principalmente na escola, deve trabalhar a fim de incentivar os seus alunos a ter hábitos saudáveis. Deve mostrar que os alimentos não são inimigos, mas que devem ser consumidos com controle, vontade e que está tudo bem exagerar de vez em quando, mas não pode ser um hábito. Além disso, pode ajudar os alunos a lidarem melhor as emoções e com os seus corpos, entendendo que o preferível é ser saudável. No tratamento, uma rotina de treinamento periodizado, pode de ajudar o paciente a manter o seu peso ideal e corpo e mente mais saudáveis.
Referências
1 https://www.hidoctor.com.br/cid10/p/capitulo/5/grupo/F50-F59/categoria/F50/subcategoria/F500
2 LATTERZA, Andréa Romero et al. Tratamento nutricional dos transtornos alimentares. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 31, n. 4, p. 173-176, 2004. Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832004000400009&lng=en&nrm=iso>. Access on 30 Nov. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-60832004000400009
3 https://www.hidoctor.com.br/cid10/p/capitulo/5/grupo/F50-F59/categoria/F50/subcategoria/F502
4 https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/bulimia-nervosa/
5 https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/hospital/especialidades/nucleo-obesidade-transtornos- alimentares/Paginas/bulimia-nervosa.aspx
6 https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/hospital/especialidades/nucleo-obesidade-transtornos- alimentares/Paginas/compulsao-alimentar.aspx

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