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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 2. TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL E OS PADRÕES COMPORTAMENTAIS ............................................................................................... 4 3. COMPORTAMENTO ALIMENTAR HUMANO E SAÚDE .................................... 6 4. TRANSTORNOS ALIMENTARES (TA’s) .......................................................... 11 4.1 Bulimia Nervosa (BN).......................................................................................... 13 4.2 Anorexia Nervosa (AN) ....................................................................................... 17 4.3 Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) ...................................... 23 4.4 Transtorno Alimentar Restritivo/ Evitativo (TARE) .............................................. 26 4.5 Alotriofagia ou Síndrome de PICA ...................................................................... 29 5. NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL .................................................................... 31 5.1 Técnicas de Terapia Comportamental ................................................................ 33 6. OBESIDADE ....................................................................................................... 44 6.1 A obesidade e suas influências metabólicas ....................................................... 48 6.2 Tratamento da obesidade ................................................................................... 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 56 1. INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2. TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL E OS PADRÕES COMPORTAMENTAIS Fonte: shre.ink/muJs A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) baseia-se na ideia de que os padrões comportamentais são influenciados por fatores cognitivos (pensamentos e crenças) e emocionais (BAKER et al., 2020). Segundo Neufeld, Moreira e Xavier (2012), a TCC aplicada a essa questão permite que o indivíduo compreenda seus hábitos alimentares e os fatores que influenciam na manutenção desses hábitos, podendo assim refletir sobre eles e modificá-los através da reestruturação cognitiva e mudanças de estilo de vida que podem ser rastreadas a longo prazo. A TCC para tratar obesidade ou sobrepeso pode ser usada individualmente ou em grupo. No entanto, Neufeld e Rangé (2017) argumentam que, devido aos fatores terapêuticos de universalidade e coesão do grupo, a Terapia Cognitivo Comportamental em Grupo (TCCG) pode ser mais eficaz para perda de peso, pois a terapia em grupo proporciona um ambiente que permite a experimentação de novos comportamentos. Cabe ressaltar que o objetivo fundamental de qualquer grupo é a possibilidade de mudança que abrange os membros envolvidos no processo, o que favorece a aquisição de posições diferenciadas diante da situação grupal (SASAKI, 2017). Portanto, a TCCG, ao trabalhar na reestruturação cognitiva, envolve a modificação de crenças e padrões de pensamento disfuncionais e comportamentos associados. 5 No caso da TCCG para obesos e com sobrepeso, estudos mostram que ela é superior à psicoterapia individual, pois proporciona um ambiente homogêneo em que os pacientes têm experiências semelhantes em relação à demanda feita (NEUFELD et al., 2012; NEUFELD et al., 2016; NEULFELD & RANGÉ, 2017; MAGILL et al., 2020). Nessa perspectiva a TCCG para esses indivíduos, proporciona aos membros do grupo o reconhecimento de suas cognições disfuncionais, de acordo com a demanda proposta, o que afeta diretamente o comportamento alimentar desadaptativo. Portanto, a TCCG proporciona reestruturação dessas cognições por meio de seu reconhecimento e especificidades. Técnicas para esse fim, resultam na modificação dos hábitos alimentares e na aquisição de hábitos mais saudáveis, levando à perda de peso. Curiosamente, no entanto, a perda de peso é um objetivo secundário alcançado por meio de modificação cognitiva e comportamental (NEUFELD et al., 2012, NEULFELD et al., 2016, NEULFELD; RANGÉ, 2017). Além do foco na compreensão, monitoramento de cognições e comportamentos, a TCCG em obesos também foca na psicoeducação da obesidade e da alimentação emocional, fornecendo ao cliente informações úteis a curto, médio e longo prazo neste termo de ajuda do processo. A alimentação emocional consiste na ingestão de alimentos influenciada por estados emocionais. Fatores cognitivos como baixa autoestima, visão negativa de si, sentimento de culpa e frustração, assim como estados de ansiedade, estresse e tristeza podem influenciar a alimentação emocional, pois o indivíduo alimenta-se na tentativa de suprimir a emoção negativa. Através da psicoeducação os indivíduos passam a compreender os processos cognitivos envolvidos na alimentação (HINDLE et al., 2020, VAINIK; GARCÍA-GARCÍA; DAGHER, 2019). Também são trabalhados treinos de autocontrole, desenvolvimento de hábitos saudáveis, treino de habilidades sociais e prevenção de recaídas. Esta última merece atenção especial, pois é o principal diferencial da TCC em relação a outras terapias utilizadas em tratamentos para perda de peso, uma vez que a maioria dos tratamentos oferecidos foca apenas no peso, mas não em sua manutenção a longo prazo. A esse respeito, dados do Ministério da Saúde mostram que 90% ou mais das pessoas que emagrecem por meio de dieta ou medicação tendem a recuperar o peso alguns meses depois (DELUCHI; SOUZA, 2013; WHO, 2018). Embora a eficácia 6 desse tratamento tenha sido comprovada cientificamente, são poucos os estudos que detalham a estrutura do programa e refletem a experiência de cada sessão (NEUFELD et al., 2016). 3. COMPORTAMENTO ALIMENTAR HUMANO E SAÚDE Fonte: shre.ink/muCw Todorov (2012), discute comportamento alimentar como uma relação entre o organismo e o ambiente, expressa que se considerado apenas como uma ação, sua definição será muito simples. O comportamento, na verdade, é antes a interação entre o organismo e o ambiente, mas ancorado na presença de um estímulo antecedente e cuja repetição ou não se baseia em consequências reforçantes ou punitivas. Embora a definição de comportamento seja complexa, é suficiente e satisfatório entendê-lo como a interação entre o organismo e o ambiente. Portanto, com base no conceito de Todorov (2012), o comportamento alimentar pode ser entendido como uma interação entre a pessoa (organismo) e o alimento (ambiente), levando em consideração seus estímulos prévios e as consequências da manutenção desse comportamento. A partir daí, pode-se perguntar: O que impulsiona um determinado comportamento? Por que fazer isso? Por se tratar de um componente complexo, podem existir várias explicações. De acordo com um deles, a privação de alimentospode ser um fator motivador para uma pessoa comer demais quando há comida disponível (SKINNER, 2011). 7 Para Bear, Connors e Paradiso (2017, p. 552), “a probabilidade e a direção de um comportamento variam de acordo com a força que compele o animal a executar esse comportamento”. Mas, apesar de todas essas motivações sugerindo que um comportamento ocorrerá, por que não pode dizer que uma pessoa com deficiência alimentar comerá esses alimentos quando estiverem disponíveis? A partir dessa reflexão, podemos nos referir a Baum (2019), que explica o comportamento regido por regras e enfatiza que toda sociedade tem as suas próprias. Ainda segundo o autor, o princípio, neste caso, é um estímulo escrito ou verbal, de natureza legal ou cultural, que indica como uma pessoa deve se comportar e as consequências se ela agir de acordo ou não. Portanto, mesmo que uma pessoa seja privada de comida, intencionalmente ou não, quando tem comida disponível, ela não poderá comer, se seguir regras como "preciso fazer dieta para emagrecer" ou "não posso comer agora, porque eu tenho que me curar para ficar saudável”. Todos esses conflitos, entre ações motivadoras e objetivos fixos, podem ser responsáveis pelo controle de comportamentos (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017). Começando pelo comportamento fora do corpo, se entra nos detalhes do comportamento interno, mais especificamente o comportamento motivado gerado pelo sistema motor somático, que surge da atividade do hipotálamo lateral. Para o perfeito funcionamento do organismo é necessário que o meio interno seja mantido dentro dos limites fisiológicos. Essa manutenção é chamada de homeostase e afeta, por exemplo, a temperatura corporal, o equilíbrio hídrico e o equilíbrio energético, que é assumido pelo hipotálamo. Ainda de acordo com Bear, Connors e Paradiso (2017), neurônios sensoriais especializados que regulam a homeostase medem um parâmetro regulado e desvios dos limites considerados ideais. Tais neurônios estão concentrados na região periventricular do hipotálamo. Quando os neurônios percebem um desvio da norma ideal, eles podem se comportar de acordo com três componentes segundo Bear; Connors e Paradiso, (2017): Resposta humoral: Os neurônios hipotalâmicos respondem a sinais sensoriais estimulando ou inibindo a liberação de hormônios hipofisários na corrente sanguínea. Resposta visceromotora: Os neurônios hipotalâmicos respondem a sinais sensoriais e regulam o equilíbrio das atividades dos sistemas nervosos simpático e parassimpático. 8 Resposta somatomotora: Neurônios hipotalâmicos, particularmente no hipotálamo lateral, respondem a estímulos sensoriais e estimulam uma resposta somatomotora para produzir um comportamento apropriado. Segundo Torres et al., (2020), os hábitos alimentares começam a se formar na infância e estão diretamente relacionados ao ambiente em que a criança está inserida, levando em consideração as informações que a família possui sobre alimentação saudável, as condições financeiras e a publicidade de alimentos industrializados. Esses hábitos, se vinculados desde a infância, podem ser mantidos como padrões de comportamento na idade adulta e na velhice. Passando para a adolescência, surgem novos hábitos alimentares, que alteram a relação da pessoa com a comida, ou seja, seu comportamento alimentar. Muitos desses hábitos são influenciados pela mídia e pela facilidade de acesso a todo tipo de conteúdo, com a popularização de tecnologias que deixam a comida a um clique de distância (BITTAR; SOARES, 2020). Mesmo na adolescência, segundo estudos recentes como o de Salomão et al. (2021), é possível detectar o surgimento de transtornos alimentares relacionados a distorções da imagem corporal, insatisfação com o peso, hábitos alimentares específicos e o desenvolvimento de obesidade. Dentre esses transtornos, os mais comuns são a anorexia nervosa e a bulimia nervosa, ambas mais comuns na população feminina. Além disso, também é possível encontrar adolescentes com transtorno de compulsão alimentar periódica e vigorexia. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 329), os transtornos alimentares podem ser caracterizados por "transtorno alimentar persistente ou comportamento alimentar que envolve consumo ou absorção prejudicada de alimentos e que afeta significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial". No Quadro 1, algumas informações sobre os dois transtornos alimentares mais comuns na adolescência: anorexia e bulimia. 9 Quadro 1. Informações sobre os transtornos alimentares mais comuns na adolescência Fonte: Adaptado de AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (2014). Preocupações com o aumento da obesidade e do sobrepeso, desde o início da década passada, é confirmada em estudos recentes, como o de Castilho et al., (2021), que conclui que a obesidade é uma doença crônica e afeta grande parte da população mundial, inclusive com uma estimativa da Organização Mundial de Saúde - OMS de que aproximadamente 700 milhões de adultos em todo o mundo serão obesos até 2025. A obesidade não é apenas um problema individual, mas também uma preocupação sistêmica, pois envolve a família e a sociedade, além de diversas comorbidades (hipertensão, diabetes, infarto, etc.). No caso do Brasil, estima-se que 7% dos gastos com saúde sejam destinados a tratamentos relacionados à obesidade (CASTILHO et al., 2021). Embora esses dados sejam preocupantes, muito tem sido feito nos últimos anos para combater os transtornos alimentares. Além da atividade física e da 10 reeducação alimentar, que afetam diretamente o aspecto visual da obesidade, são desenvolvidas estratégias que visam estimular pedagogicamente mudanças na percepção e reinterpretação da relação das pessoas com a comida, como visto em grupos terapêuticos, oficinas educativas, psicoterapia, entre outros. Em estudo realizado por França et al. (2012), já havia sido identificado que sentimentos positivos, como motivação e alegria, são impulsionadores para a mudança de comportamentos alimentares e adoção de hábitos saudáveis. Mais recentemente, em Castilho et al., (2021) foi demonstrado que uma intervenção multidisciplinar, como a prática de atividades físicas (educador físico), orientação para adoção de dieta balanceada (nutricionista) e apoio psicológico (psicólogo), é essencial para obter resultados em termos de redução de peso e melhoria dos índices biológicos, melhorando assim a qualidade de vida da pessoa em causa e de toda a comunidade. Entre as abordagens da psicologia no tratamento dos transtornos alimentares, Klotz-Silva, Prado e Seixas (2016) apresentam várias evidências positivas para a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) em intervenções para transtornos alimentares, devido à sua reestruturação cognitiva, com a mudança de crenças de resultados e pensamentos disfuncionais e com mudanças nos padrões de comportamento. Para uma melhor compreensão da relação entre pessoa e alimento, é necessário abranger os componentes de singularidade e subjetividade de cada um, além do ambiente externo e das possibilidades disponíveis (KLOTZ-SILVA; PRADO; SEIXAS, 2016). Comportamentos alimentares saudáveis afetam direta e indiretamente a saúde física e psicológica das pessoas. Para ajudar a melhorar os hábitos alimentares da população, contamos com diversas ciências, como Nutrição, Educação Física e Psicologia. Atuando de forma complementar, oferecem teorias e práticas que auxiliam uma boa relação com a comida, melhorando a qualidade de vida. 11 4. TRANSTORNOS ALIMENTARES (TA’s) Fonte: shre.ink/muCv Transtornos alimentares (TA’s) são condições psicopatológicas que compartilham uma mudança grave e persistente nos hábitos alimentares (BALOTTIN et al., 2017;LEONIDAS; SANTOS, 2017; SANTOS; LEONIDAS; COSTA, 2017). Nas últimas décadas, um crescente corpo de pesquisa tem se concentrado no estudo dos transtornos alimentares, incluindo as características psicodinâmicas dos pacientes e os sistemas familiares em que estão inseridos (VÁZQUEZ-VELÁZQUEZ et al., 2017). Com base nos avanços do conhecimento científico sobre o papel da família no contexto dessas condições psicopatológicas, conteúdos relacionados à diversidade de modelos de relações familiares, como herança emocional transgeracional, padrões de comunicação intrafamiliar e transmissão psíquica intrafamiliar de práticas alimentares passaram a ser exploradas pela literatura científica (VALDANHA et al., 2013). A categoria diagnóstica de TA inclui diferentes tipos de transtornos, entre os quais se destacam a Anorexia Nervosa (AN) e a Bulimia Nervosa (BN). Atualmente, acredita-se que os transtornos alimentares tenham uma etiologia multifatorial que inclui influências da dinâmica familiar, do ambiente sociocultural e aspectos constitucionais e dinâmicos da personalidade. Estes seriam presumivelmente os fatores responsáveis pelo projeto, instalação e manutenção desses quadros (VALDANHA et al., 2013; MORGAN; VECCHIATTI; NEGRÃO, 2002). A literatura tem enfatizado cada vez mais a necessidade de desenvolver estudos que visem compreender a dinâmica das relações familiares em pessoas 12 diagnosticadas com transtornos alimentares, a partir da observação clínica dos padrões disfuncionais de relacionamento dessas famílias (LEONIDAS; SANTOS, 2014, SANTOS; LEONIDAS; COSTA, 2017). Diante desses pressupostos, estudos têm destacado a importância de estender uma visão mais ampla ao contexto familiar de sujeitos com TA, focando principalmente no grau de disfunção dos padrões relacionais reproduzidos nas famílias (VÁZQUEZ- VELÁZQUEZ et al., 2017, VOS et al., 2017). Nem todas as dimensões da complexa inter-relação que existe entre a forma como as famílias formam vínculos e o desencadeamento de sintomas indicativos de transtornos alimentares ainda são compreendidas. O mecanismo pelo qual o manejo alimentar familiar influencia o início e/ou manutenção dos sintomas psicopatológicos também não é totalmente compreendido (VALDANHA et al., 2013). A investigação da relação mãe-filha é particularmente importante nos casos de Anorexia Nervosa. Sopezki e Vaz (2008) apontam que "o vínculo mãe-filha em mulheres com transtornos alimentares é caracterizado por mais insegurança, medo do abandono e falta de autonomia" (p. 269) do que em famílias livres dessa psicopatologia. O padrão de apego é do tipo fusão simbiótica, em que a desdiferenciação eu-tu prevalece e as fronteiras eu torna-se indistintos. A relação de fusão com a figura materna também acaba se tornando conflituosa, pois implica a manutenção de um padrão de extrema dependência afetiva mútua, o que faz com que os membros da díade experimentem dificuldades no processo de diferenciação e identificação que aumenta na adolescência. Por causa dessas vicissitudes, a ambivalência evocada pelas experiências fusionais é muito pronunciada, relacionando-se por um lado ao amor entre mãe e filha mantido em nível imaturo e regressivo, e por outro lado ao desejo inconsciente de ambos ter um relacionamento próximo para manter o relacionamento como estratégia de defesa para suprimir o ódio. Nessa dinâmica relacional, o ódio decorre do fato de que o desejo de individuação da filha é continuamente frustrado por inúmeras e repetidas tentativas fracassadas de conseguir a separação do objeto materno. 13 4.1 Bulimia Nervosa (BN) Fonte: shre.ink/muC3 A Bulimia Nervosa (BN) é caracterizada por períodos de alta ingestão alimentar em que uma grande quantidade de alimentos consumidos em um curto período de tempo, associados a sentimentos de falta de controle sobre o comportamento alimentar e preocupação excessiva com o controle do peso corporal. Tais preocupações levam o paciente a tomar medidas compensatórias para evitar o ganho de peso. O vômito autoinduzido ocorre em cerca de 90% dos casos e é o principal método de compensação utilizado. O efeito imediato do vômito é aliviar o desconforto físico causado pelo excesso de comida e reduzir o medo de ganhar peso. Outros mecanismos usados pelos bulímicos para controlar seu peso incluem o uso inadequado de laxantes, diuréticos, hormônios tireoidianos, anoréxicos e enemas. O jejum prolongado e o exercício excessivo também são formas de controlar o peso. As distorções da imagem corporal, se presentes, são menos pronunciadas. Os traços de personalidade da bulimia são sociabilidade, correr riscos e impulsividade, traços associados à falta de controle e desintoxicação. Os sintomas aparecem no final da adolescência ao início dos 40 anos, com uma idade média de cerca de 20 anos (CÂNDIDO et al., 2014). 14 Diagnósticos Critérios para diagnósticos: A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos: 1. Comer dentro de um determinado período de tempo (por exemplo, dentro de um período de duas horas) uma quantidade de alimentos que é definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria no mesmo período em circunstâncias semelhantes. 2. Sensação de falta de controle sobre a alimentação durante o episódio (por exemplo, não se sentir capaz de parar de comer ou controlar o que e o quanto é ingerido). B. Comportamentos compensatórios inapropriados recorrentes a fim de impedir o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos, uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos, jejum prolongado ou exercício em excesso. C. A compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados ocorrem, em média, no mínimo uma vez por semana durante três meses. D. A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma e pelo peso corporais. E. A perturbação não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa (DSM-5, 2014). Há três aspectos principais da bulimia nervosa: compulsão alimentar recorrente (critério A), comportamentos compensatórios inadequados recorrentes para evitar ganho de peso (critério B) e uma influência excessiva da forma e do peso corporal no autorrelato (critério D). Para se qualificar o diagnóstico, a compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inadequados devem ocorrer em média pelo menos uma vez por semana durante três meses (Critério C) (DSM-5, 2014). O contexto em que ocorre a ingestão pode afetar a avaliação do médico sobre se a ingestão é excessiva ou não. Por exemplo, uma quantidade de comida considerada excessiva para uma refeição típica pode ser considerada normal durante uma festa ou feriado. Um "período de tempo específico" refere-se a um período de tempo finito, geralmente inferior a duas horas. Um único episódio de compulsão alimentar não precisa ser limitado a um contexto. Por exemplo, uma pessoa pode iniciar 15 comportamentos de compulsão em um restaurante e depois continuar comendo depois de voltar para casa. Fazer lanches constantemente em pequenas quantidades ao longo do dia não seria considerado compulsão (DSM-5, 2014). Uma explosão de compulsão alimentar deve ser acompanhada por uma sensação de descontrole (Critério A2) para ser considerada um episódio de compulsão. Um indicador de perda de controle é a incapacidade de se abster de comer ou parar de comer uma vez que começou. Algumas pessoas descrevem uma qualidade dissociativa durante ou após episódios de compulsão. O comprometimento do controle associado à essa compulsão pode não ser absoluto. Alguns relatam que seus episódios de compulsão não são predominantemente caracterizados por uma sensação aguda de perda de controle, mas sim por um padrão mais generalizado de alimentação descontrolada. Se houver relatos dedesistência de tentar controlar sua ingestão, a perda de controle deve ser considerada certa. O ato compulsivo também pode ser planejado em alguns casos. O tipo de alimento consumido durante os episódios de compulsão varia tanto entre pessoas diferentes quanto dentro da mesma pessoa. Essa compulsão parece ser caracterizada por uma anomalia na quantidade de alimentos ingeridos, em vez de um desejo por qualquer nutriente específico. No entanto, durante episódios, as pessoas tendem a consumir alimentos que, de outra forma, evitariam. Pessoas com bulimia nervosa muitas vezes têm vergonha de seus problemas alimentares e tentam esconder seus sintomas. A compulsão alimentar ocorre muitas vezes de forma clandestina ou tão discreta quanto possível. Comumente continua até que a pessoa se sinta desconfortável ou até dolorosamente cheia. O precursor mais comum da compulsão alimentar é o efeito negativo. Outros gatilhos são estressores interpessoais, restrições dietéticas, sentimentos negativos relacionados ao peso corporal, a forma do corpo, a alimentos e tédio. A compulsão alimentar pode minimizar ou atenuar os fatores que desencadeiam um episódio a curto prazo, mas a autoestima negativa e a disforia costumam ser as consequências posteriores (DSM-5, 2014). Outro aspecto significativo da bulimia nervosa é o uso repetido de comportamentos compensatórios inadequados para evitar ganho de peso, coletivamente conhecidos como comportamentos purgativos (Critério B). Muitas 16 pessoas com bulimia nervosa usam uma variedade de métodos para compensar a compulsão alimentar. Pessoas com tal compulsão podem usar uma variedade de métodos para induzir o vômito, incluindo o uso de dedos ou ferramentas para estimular o reflexo de vômito. Eles geralmente se tornam hábeis por induzi-lo o vômito e, eventualmente, são capazes de vomitar sempre que quiserem. Outros comportamentos purgativos incluem o uso indevido de laxantes e diuréticos. Em casos raros, outros métodos de compensação também são usados. Pessoas com bulimia nervosa podem abusar de enemas após episódios de compulsão alimentar, mas esse raramente é o único mecanismo compensatório empregado. Pessoas com esse distúrbio podem tomar hormônios da tireoide para evitar o ganho de peso. Pessoas com diabetes mellitus e bulimia nervosa podem omitir ou diminuir as doses de insulina para reduzir o metabolismo dos alimentos consumidos durante episódios de compulsão alimentar. Pessoas com esse distúrbio também podem jejuar por um ou mais dias ou se exercitarem excessivamente para evitar o ganho de peso. O exercício pode ser considerado excessivo se interferir significativamente em atividades importantes, ocorrer em horários inadequados ou em ambientes inadequados ou continuar o exercício apesar de lesões ou outras complicações médicas (DSM-5, 2014). Pessoas com bulimia dão muita ênfase à forma ou peso corporal em suas autoavaliações, e esses fatores são extremamente importantes para determinar sua autoestima (Critério D). Eles podem ser muito parecidos a pessoas com anorexia devido ao medo de ganhar peso, desejo de perdê-lo e insatisfação com o próprio corpo. No entanto, o diagnóstico de bulimia nervosa não deve ser feito se o transtorno ocorrer apenas durante episódios de anorexia nervosa (critério E) (DSM-5, 2014). 17 4.2 Anorexia Nervosa (AN) Fonte: shre.ink/muC9 A Anorexia Nervosa (AN) é caracterizada pela perda de peso intensa e intencional (pelo menos 15% do peso corporal inicial) às custas de dietas muito restritivas, busca desenfreada da magreza, recusa em manter o peso acima do mínimo normal, amenorreia (ausência de três menstruações consecutivas) e distorção da imagem corporal. Traços como obsessão, perfeccionismo, passividade e introversão são comuns em anoréxicos e permanecem estáveis após a restauração do peso. Embora com início na adolescência (geralmente entre 13 e 17 anos), foram observados casos com início na infância e a partir dos 40 anos (CÂNDIDO et al., 2014). Existem dois tipos de anorexia nervosa: Restritiva: Comportamento restritivo relacionado à dieta; e Purgativa: Ataques de compulsão alimentar seguidas de medidas compensatórias, como vômitos e uso de laxantes e diuréticos. Entre os fatores de risco, há uma clara associação entre idade e sexo, sendo mais comum na adolescência e em mulheres. A prevalência em jovens de ambos os sexos mostra um risco de desenvolver anorexia nervosa (AN) entre 0,4%. Por outro lado, segundo a Psychiatric Association (2014), a prevalência no país entre jovens do sexo feminino é de 4%. Pouco se sabe sobre o assunto em homens, mas é menos comum do que em mulheres, sugerindo uma proporção entre homens e mulheres de 18 cerca de 10:1 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM-5, 2014). Para os homens é mais comum a chamada de vigorexia, classificada (DSM-5, 2014) como subtipo do Transtorno Dismórfico-Corporal (BDD), um problema de saúde mental relacionado à imagem corporal (DSM-5, 2014). Segundo o DSM-5 (2014) os transtornos alimentares são caracterizados por um transtorno persistente no comportamento alimentar que resulta em ingestão ou ingestão de alimentos alterada e afeta significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial. A exemplo, a AN, caracterizada por perda de peso intencional, induzida e mantida pelo paciente que impõe a si mesmos um baixo peso (SUM et al., 2011). Os sintomas compreendem uma restrição das escolhas alimentares, a prática excessiva de exercícios físicos, vômitos provocados e a utilização de laxantes, anorexígenos e de diuréticos, com prevalência maior em mulheres adolescente ou jovem, mas pode igualmente ocorrer em homem adolescente ou jovem, como em uma criança próxima à puberdade ou em uma mulher de mais idade até na menopausa (DSM-5, 2014). Segundo Santos (2016) esse quadro clínico não é apenas causado pela influência excessiva e patológica de ideais de beleza socialmente mediados em relação à mulher, perda de apetite ou volição alimentar, mas também integra aspectos psicológicos da história de vida afetivo-emocional, inter e intrapessoais da jovem e da sua família. Diagnósticos Critérios para diagnósticos: A. Restrição da ingestão de calorias em relação às necessidades, resultando em peso corporal significativamente baixo com base na idade, sexo, histórico de desenvolvimento e saúde física. Fala-se de baixo peso significativo quando não se atinge o peso mínimo normal ou, no caso de crianças e adolescentes, o peso mínimo esperado. B. Medo intenso de ganhar peso, ou comportamento persistente que interfere no ganho de peso apesar de estar significativamente abaixo do peso. C. Perturbação no modo como o próprio peso ou a forma corporal são vivenciados, influência indevida do peso ou da forma corporal na autoavaliação ou ausência persistente de reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual. (DSM-5, 2014). 19 São três as características principais da anorexia nervosa: restrição persistente da ingesta calórica; medo intenso de ganhar peso ou de engordar ou comportamento persistente que interfere no ganho de peso; e perturbação na percepção do próprio peso ou da própria forma. O indivíduo mantém um peso corporal abaixo daquele minimamente normal para idade, gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde física (Critério A). O peso corporal dessas pessoas com frequência satisfaz esse critério depois de uma perda ponderal significativa, porém, entre crianças e adolescentes, pode haver insucesso em obter o ganho de peso esperado ou em manter uma trajetória de desenvolvimento normal (i.e., enquanto cresce em altura) em vez de perda de peso. (DSM-5, 2014). O critério A exige que o peso da pessoa seja significativamente baixo (abaixo da faixa normal mínima ou, no caso de crianças e adolescentes, abaixo da faixamínima esperada). Determinar o peso pode ser problemático porque a faixa de peso normal varia de pessoa para pessoa e diferentes limites foram publicados para definir magreza ou baixo peso. O Índice de Massa Corporal (IMC) (calculado como peso em quilogramas dividido pela altura em m²) é uma medida útil do peso corporal em relação à altura. Para adultos, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention - CDC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) usaram um IMC de 18,5 kg/m² como limite inferior do peso corporal normal. Portanto, a maioria dos adultos com IMC de 18,5 kg/m2 ou mais não seria considerado baixo peso. Portanto, um IMC inferior a 17,0 kg/m² tem sido considerado pela OMS como indício de magreza moderada ou grave, portanto, um indivíduo com um IMC inferior a 17,0 kg/m² provavelmente seria considerado com um peso significativamente baixo. Um adulto com um IMC entre 17,0 e 18,5 kg/m², ou até mesmo acima de 18,5 kg/m², poderia ser considerado com um peso significativamente baixo se a história clínica ou outras informações fisiológicas confirmarem tal diagnóstico (DSM-5, 2014). Para crianças e adolescentes, é útil determinar um percentil de IMC dependente da idade. Tal como acontece com os adultos, não é possível fornecer padrões definitivos para avaliar se uma criança ou adolescente está significativamente abaixo do peso, e as diferenças nas trajetórias de desenvolvimento do adolescente limitam a utilidade de diretrizes numéricas simples. 20 O CDC usou um IMC para idade abaixo do percentil 5 como indicação de baixo peso, no entanto, crianças e adolescentes com IMC acima desse limite podem ser considerados significativamente abaixo do peso se não mantiverem a trajetória de crescimento esperada. Em resumo, para determinar se o Critério A é atendido, o médico deve considerar as diretrizes numéricas disponíveis, bem como a constituição física do indivíduo, histórico de peso e presença de distúrbios fisiológicos. Pessoas com esse transtorno geralmente exibem um medo intenso de ganhar peso (Critério B). Esse medo geralmente não é aliviado com a perda de peso. De fato, as preocupações com o peso podem aumentar mesmo quando há perda de peso. Pessoas mais jovens com anorexia nervosa, assim como alguns adultos, podem não reconhecer ou perceber esse medo. Na ausência de uma explicação alternativa para um peso significativamente baixo, a inferência do médico a partir do histórico médico fornecido pelo informante, dados observacionais, achados físicos e laboratoriais ou curso longitudinal indicando receio de ganho de peso ou comportamentos podem ser usados para fundar o critério B (DSM-5, 2014). A experiência e o significado do peso e da forma corporal são distorcidos nesses indivíduos (Critério C). Algumas pessoas se sentem totalmente obesas, outras se sentem magras, mas ainda se preocupam com certas partes de seu corpo, principalmente que seu estômago, nádegas e quadris são "muito gordos". São usados um grande número de técnicas para determinar sua altura ou peso, incluindo pesagem frequente, avaliação obsessiva de partes do corpo e uso constante de um espelho para procurar pontos de "gordura" percebidos. A apreciação da anorexia nervosa depende em grande parte de sua percepção da forma e do peso corporal. A perda de peso é muitas vezes vista como uma conquista extraordinária e um sinal de autodisciplina excepcional, enquanto o ganho de peso é visto como uma falha inaceitável no autocontrole. Embora algumas pessoas com esse transtorno reconheçam que são magras, muitas vezes não aceitam as graves consequências médicas de sua desnutrição (DSM-5, 2014). Os familiares geralmente encaminham a pessoa a um profissional após a perda significativa de peso (ou o ganho de peso esperado não ter sido alcançado). Quando procuram ajuda por conta própria, muitas vezes é por medo das consequências somáticas e psicológicas da fome. É raro uma pessoa com anorexia nervosa relatar perda de peso. É certo que essas pessoas muitas vezes desconhecem o problema ou 21 os negam. Assim, é importante coletar informações de familiares ou outras fontes para avaliar o histórico de perda de peso e outros fatores da doença (DSM-5, 2014). Marcadores diagnósticos As anormalidades laboratoriais seguintes podem ser observadas na anorexia nervosa e sua presença pode servir para aumentar a confiabilidade do diagnóstico (DSM-5, 2014). Hematologia: A leucopenia é comum, com perda de todos os tipos de células, mas geralmente com linfocitose evidente. Pode haver anemia leve, bem como trombocitopenia e raramente problemas de sangramento. Bioquímica: A desidratação pode refletir-se no aumento dos níveis de ureia no sangue. A hipercolesterolemia é comum. Os níveis de enzimas hepáticas podem estar elevados. Hipomagnesemia, hipozincemia, hipofosfatemia e hiperamilasemia são raramente observadas. O vômito autoinduzido pode resultar em alcalose metabólica (níveis elevados de bicarbonato sérico), hipocloremia e hipocalemia. O abuso de laxantes pode causar acidose metabólica leve. Endocrinologia: Os níveis séricos de tiroxina (T4) geralmente estão dentro da faixa normal ou abaixo do normal; os níveis de triiodotironina (T3) estão diminuídos enquanto os níveis reversos de T3 estão aumentados. Os níveis séricos de estrogênio são baixos nas mulheres, enquanto os níveis séricos de testosterona são baixos nos homens. Eletroencefalografia: Irregularidades difusas, refletindo encefalopatia metabólica, podem derivar de desequilíbrios hídrico e eletrolítico significativos. Gasto calórico em repouso: Há redução significativa no gasto calórico em repouso com frequência. Eletrocardiografia: A bradicardia sinusal é comum e as arritmias raramente são observadas. Aumento significativo do intervalo QT’c (abreviação de "intervalo QT corrigido", que é uma medida de um eletrocardiograma. Resumindo, o intervalo QT é o tempo que leva para os ventrículos se despolarizarem - "contrairem" - e repolarizarem - "estar pronto para uma nova contração"). Um intervalo QT’c alterado indica um risco aumentado de arritmias graves, que são observadas em algumas pessoas. 22 Massa óssea: Baixa densidade mineral óssea é frequentemente observada, com áreas específicas de osteopenia ou osteoporose. O risco de fratura é significativamente maior. Sinais e sintomas físicos: Muitos dos sinais e sintomas físicos da anorexia nervosa são devidos à fome. A presença de amenorreia é comum e parece ser indicativa de disfunção fisiológica. Quando presente, a amenorreia geralmente é uma consequência da perda de peso, mas em uma minoria de pessoas pode preceder essa perda. A menarca pode ser tardia em meninas pré-adolescentes. Além da amenorreia, pode ocorrer constipação, dor abdominal, queda de cabelo, anorexia, intolerância ao frio, letargia, excesso de energia, fadiga, mãos e pés frios e dificuldade de concentração. O achado mais proeminente no exame físico é a emaciação. Hipotensão significativa, hipotermia e bradicardia também são comuns. Algumas pessoas desenvolvem lanugem, pelos corporais muito finos e macios. Alguns desenvolvem edema periférico, particularmente durante o ganho de peso ou após a interrupção do abuso de laxantes e diuréticos. Raramente, petéquias ou equimoses, especialmente nas extremidades, podem indicar diátese hemorrágica. Algumas pessoas evidenciam tonalidade amarelada na pele, associada a hipercarotenemia. No entanto, como observado em pessoas com bulimia nervosa, pessoas com anorexia nervosa que induzem vômitos podem apresentar hipertrofia das glândulas salivares, particularmente das glândulas parótidas, bem como erosão do esmalte dentário. Algumas pessoas podem ter cicatrizes ou calos nas costas das mãos devido ao contato repetido com os dentes na indução do vômito (DSM-5, 2014). Quadrosclínicos e psiquiátricos As várias condições clínicas e psiquiátricas que levam à perda de peso e redução da ingestão alimentar devem ser diferenciadas da condição anoréxica típica. Dado que muitos pacientes são trazidos involuntariamente para tratamento e negam a possibilidade de doença, pode ser difícil obter alguns dados importantes na história médica. É importante descartar causas físicas para a perda de peso, principalmente patologias gastrointestinais, considerando também a possibilidade de comorbidades clínicas desse tipo em paciente com diagnóstico prévio de anorexia nervosa (TAVARES et al., 2018). 23 Na depressão, a perda de peso significativa pode ocorrer secundária ao verdadeiro sintoma da anorexia (diminuição do apetite), sem buscar a perda de peso ou medo de tomá-la como na anorexia nervosa. Além disso, na depressão há um sentimento geral de ineficácia ou incapacidade, enquanto a perda de autoestima na pessoa anoréxica está particularmente ligada ao peso e à imagem corporal. Na esquizofrenia de início precoce, sintomas como negativismo, retraimento emocional, indecisão e recusa em comer por razões delirantes-alucinatórias podem aproximar esse diagnóstico da condição descrita na anorexia nervosa. No caso recusa em comer por razões delirantes-alucinatórias, há alterações fundamentais na esquizofrenia nas áreas afetivas, nos distúrbios do pensamento e volição. Nos transtornos de ansiedade, é possível encontrar sintomas como evitar alimentos ou situações relacionadas ao ato social de comer. Fobias alimentares e fobia social são os principais exemplos. Novamente, a ausência de perda de peso como motivação permite o diagnóstico diferencial (TAVARES et al., 2018). 4.3 Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é caracterizado pelo consumo excessivo de alimentos por um curto período com várias repetições. Na maioria das vezes, o indivíduo relata uma sensação de perda de controle sobre o ato de comer. É comum que acompanhado de episódios de bulimia, a pessoa experimente sentimentos como culpa, angústia, vergonha e até nojo, que levam o indivíduo a adotar o hábito de comer escondido. Ao contrário de outros distúrbios, como anorexia nervosa, pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) não relatam ter dietas tão restritivas e não alternam frequentemente entre restrição alimentar e episódios bulímicos (CUNHA CREJO; MATHIAS, 2021). Segundo o DSM-5 (2014), o TCAP é caracterizado pela compulsão alimentar que deve ocorrer pelo menos uma vez por semana durante pelo menos 3 meses. Além da alimentação compulsiva, o paciente deve sentir que não pode controlar o tipo e a quantidade de alimentos que ingere durante o episódio para ser diagnosticado com TCAP. O DSM-5 (2014) também indica que os episódios compulsivos devem estar associados a três ou mais dos seguintes sintomas: 24 Comer rapidamente, evitando o habitual; Comer depois da saciedade quando se sentir satisfeito; Comer quantidades significativas de alimentos sem estar fisicamente com fome; Adquirir o hábito de se esconder para preparar essas refeições; Ter sentimento de culpa ou tristeza após os episódios. O TCAP pode ainda ser classificado de acordo com a frequência dos episódios de compulsão alimentar, sendo considerado leve quando o paciente apresenta de 1 a 3 episódios por semana até a gravidade extrema onde o paciente pode apresentar 14 ou mais episódios compulsivos por semana. Apesar de comumente ser associado a indivíduos com sobrepeso ou obesidade, o TCAP pode ocorrer em indivíduos eutróficos, sendo que, em estudos laboratoriais do comportamento alimentar, notou- se que a diferença entre indivíduos obesos que não apresentavam TCAP e os que apresentavam, é que os com o transtorno apresentavam baixa qualidade de vida, maior prejuízo funcional e maiores comorbidades psíquicas, além de um consumo calórico mais elevado, sendo constatado que a maioria dos indivíduos obesos não apresentam episódios de compulsão alimentar (DSM-5, 2014). Estudos mostram que altos níveis de estresse podem desencadear comportamentos compulsivos. Quando a pessoa apresenta altos níveis de estresse, há um aumento do cortisol plasmático, aumentando o metabolismo energético da pessoa, o que pode explicar o aumento da ingestão alimentar, além do fato de que os sentimentos ansiosos causados pelo estresse levam a pessoa a fazê-lo, pois, proporciona uma sensação prazerosa para satisfazer a fome emocional que pode assumir a forma de episódios compulsivos (CORTEZ, et al., 2011). Como mencionado anteriormente, os transtornos alimentares se adaptam como patologias psíquicas, pois, no caso do TCAP, o indivíduo busca alívio de diversos sentimentos e sensações como ansiedade, estresse, depressão, raiva, tédio, frustração e solidão, muitas vezes tendo passado por várias situações de jejum ou fome devido a dietas restritivas. Considerando as características multifatoriais dos transtornos alimentares e do TCAP, o tratamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar para que o paciente tenha uma melhora em seus problemas emocionais e possa aprender através de técnicas comportamentais de alimentação a ter relações saudáveis e não 25 compensatórias com a comida. Algumas das técnicas mais utilizadas no tratamento de transtornos alimentares em um contexto comportamental são as teorias e práticas de mindfulness (atenção plena) e mindful eating (comer com atenção plena) e intuitive eating (comer intuitivo) (DAMÉ, 2018). O mindfulness tenta trazer o indivíduo para o momento presente, a maioria dos relatos de crises de ansiedade está associada ao medo e preocupação extrema com o futuro, por isso são aplicadas estratégias de conscientização para vivenciar a realidade como é ela. As habilidades desenvolvidas por meio de técnicas de conscientização se apresentam como base fundamental para o tratamento (DAMÉ, 2018). Estudos mostram que a consciência é uma habilidade humana inata, mas pode ser mais desenvolvida em alguns indivíduos e menos em outros. No entanto, como todos os comportamentos, também pode ser melhorado e modificado por técnicas clássicas de meditação, por exemplo, ou criando hábitos voltados para essa consciência (ALVARENGA et al., 2016). Logo, o mindful eating é alimentação consciente sem julgamento ou autocrítica, prestando atenção às sensações físicas e emocionais relacionadas à comida. Esta experiência visa levar o ser humano a envolver todas as partes do seu ser: corpo, mente, emoções e sentimentos em todos os processos relacionados com a alimentação, desde a seleção dos alimentos até à sua preparação e alimentação. Estimula-se o indivíduo a ter atenção a todos os aspectos do alimento, como textura, cores, aromas e sabores, e voltar sua atenção para seus corpos, além da comida, para encontrar sinais internos de fome e saciedade (ALVARENGA et al., 2016). Essa estratégia tenta desvincular o "pensamento dietético" dos pacientes, evitando prescrições e restrições para que o indivíduo passe a ter autonomia de escolhas com base em sua própria consciência interna, bem como aprender a ouvir os sinais de fome e saciedade, o indivíduo passa a respeitar seu corpo em relação ao tipo de alimentação, bem como quando iniciar e terminar uma refeição (DAMÉ, 2018). Por fim, o comer intuitivo (intuitive eating) tem como base o princípio de que o corpo “sabe” de maneira intrínseca os tipos e a quantidade de alimentos que devem ser ingeridos a fim de manter uma boa saúde, colocando como exemplo bebês que, através de sinais de fome, reclamam pelo alimento e, com o sinal de saciedade, passam a negar o alimento mesmo quando ainda ofertado. Tais estudos afirmam que 26 diversas “interferências” cotidianas podem fazer com que alguns indivíduos deixem de percebertão claramente os sinais enviados pelo corpo (DEMÉ, 2018). Dessa forma, a alimentação intuitiva tenta ensinar às pessoas que elas podem confiar em suas habilidades e capacidade de diferenciar entre sensações físicas e emocionais, entrando em contato íntimo com seu corpo e sua sabedoria. Os principais pilares da alimentação intuitiva são: permissão incondicional para comer, reconhecendo que não existem alimentos “bons” ou “ruins” e entendendo os malefícios das restrições. Alimentar-se para satisfazer necessidades fisiológicas e não emocionais, orientando o paciente no entendimento de que o alimento existe para nutrir e proporcionar saúde ao corpo e que embora o alimento tenha aspectos culturais, sociais e emocionais, não deve ser utilizado de forma compensatória para ocultar o psicológico distúrbios e/ou problemas emocionais e confiar em sinais internos de fome e saciedade para determinar o que, quanto e quando comer (ALVARENGA et al., 2016). 4.4 Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo (TARE) Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo (TARE) é um transtorno alimentar caracterizado pela falha persistente em atender às necessidades nutricionais e/ou energéticas relacionadas a um ou mais dos quatro elementos a seguir (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013): 1. Perda de peso significativa (ou falha em alcançar o ganho de peso esperado ou retardo de crescimento em crianças); 2. Significativa deficiência nutricional; 3. Dependência de alimentação por sonda ou suplementos alimentares; 4. Interferência acentuada no funcionamento psicossocial. Esse transtorno não é explicado por privação nutricional ou práticas culturalmente aceitas, não ocorre no curso de anorexia nervosa (AN) ou bulimia nervosa (BN) e não há alterações ou distorção na imagem corporal, nem é explicado por uma doença psiquiátrica ou uma patologia orgânica subjacente. Um dos aspectos mais marcantes da doença é a interrupção do funcionamento psicossocial (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 1990). 27 Comer é culturalmente uma das formas de socialização. Portanto, devido à dieta extremamente restrita, o indivíduo não pode participar de eventos com a família ou amigos, como almoços e passeios, impedindo-o de viver em sociedade. Nesses casos, pacientes estão cientes de seu baixo peso e, em muitos casos, até querem ganhar peso (BRYANT-WAUGH et al., 2010). O TARE é mais frequente em homens e, em alguns casos, pode haver história pregressa de condições médicas patológicas relacionadas ao trato gastrointestinal, a exemplo de doença do refluxo gastroesofágico, que por dor, náusea ou vômitos pode vir a desencadear a aversão alimentar (SHARP et al., 2017). A evitação e restrição alimentar associada à ingestão inadequada de alimentos ou falta de interesse por estes geralmente se desenvolvem na primeira infância e podem persistir na idade adulta. Da mesma forma, a evitação devido às propriedades sensoriais dos alimentos tende a ocorrer na primeira década de vida, mas pode persistir na idade adulta. A evitação associada a consequências aversivas pode ocorrer em qualquer idade. A escassa literatura sobre consequências a longo prazo sugere que a evitação sensorial ou a restrição alimentar é relativamente estável e duradoura, mas se persistir na idade adulta, pode estar associada a um funcionamento relativamente normal. Atualmente, há poucas evidências de uma ligação direta entre um transtorno alimentar restritivo/evitativo e a manifestação posterior de um transtorno alimentar (DSM-5, 2014). Crianças com transtorno alimentar restritivo/evitativo podem ficar irritadas e difíceis de confortar durante a amamentação ou parecer apáticos e retraídos. Em alguns casos, a interação dos pais com a criança pode contribuir para o problema de alimentação infantil (por exemplo, apresentar alimentos de forma inadequada ou interpretar o comportamento da criança como um ato de agressão ou rejeição). A ingestão nutricional inadequada pode piorar as características associadas (por exemplo, irritabilidade, atrasos no desenvolvimento) e contribuir ainda mais para as dificuldades alimentares. Os fatores associados incluem o temperamento do bebê e deficiências de desenvolvimento que reduzem a capacidade do bebê de responder à ingestão de alimentos. A coexistência de psicopatologia parental, abuso ou negligência infantil é sugerida quando a dieta e o peso melhoram em resposta à mudança do cuidador. 28 Em bebês, crianças pré-púberes e adolescentes, o transtorno alimentar restritivo/evitativo pode estar associado a falhas no crescimento, e a desnutrição resultante pode prejudicar o desenvolvimento e o aprendizado. Em crianças maiores, adolescentes e adultos, o funcionamento social tende a ser afetado. Independentemente da idade, o funcionamento familiar pode ser afetado, com aumento do estresse durante as refeições e outros contextos alimentares envolvendo amigos e familiares. O transtorno alimentar restritivo/evitativo é mais comum em crianças do que em adultos, e pode haver um longo atraso entre a manifestação inicial e o início clínico. Os fatores que desencadeiam a apresentação variam muito e incluem dificuldades físicas, sociais e emocionais (DSM-5, 2014). Há três subgrupos com características distintas: Grupo I: Recusa alimentar por pouco apetite ou desinteresse por alimento Neste grupo, não há razão aparente para recusa de alimentos. Eles exibem um padrão evitativo, com variedade limitada de alimentos (menos de 12 alimentos) e podem ou não estar abaixo do peso, independentemente da forma corporal (MADDEN et al., 2009). Grupo II: Recusa alimentar devido às propriedades sensoriais do alimento Nesse grupo, a recusa alimentar se deve a limitações secundárias relacionadas à cor, textura, sabor e cheiro dos alimentos. Em 40% dos casos, outros transtornos como o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) ou o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) estão presentes (RÅSTAM et al., 2013). Grupo III: Recusa alimentar por medo das consequências negativas de se alimentar Semelhante a um transtorno fóbico, as fobias alimentares podem ocorrer isoladamente ou como parte do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Mais comumente, os seguintes medos são relatados: vomitar, engasgar, sufocar ou contaminar-se com o alimento. Em alguns casos, é possível identificar um desses eventos como gatilho para a recusa alimentar (NICHOLLS; BARRETT; HULINE- DICKENS, 2014). 29 4.5 Alotriofagia ou Síndrome de PICA A Alotriofagia ou Síndrome de PICA é vista como um comportamento inadequado caracterizado por um padrão de apetite e desejo por substâncias não nutritivas. PICA geralmente não representa situações de risco de vida, mas às vezes pode causar sérias complicações devido ao comportamento psicogênico de uma pessoa. Sua apresentação clínica é altamente variável e pode estar associada a características específicas da doença resultante a substância ingerida. Um padrão de consumo incomum pode causar várias alterações nos tecidos duros e moles da cavidade oral, o que pode levar a úlceras e dores pulpares. A palavra PICA deriva da palavra em latim para a ave mais conhecida como “pega”, uma espécie de ave que come tudo o que encontra. PICA indica um apetite perverso por substâncias que não são adequadas como alimentos sem valor nutricional, como tijolos, barro, terra, gelo, entre outros (ABREU, 2021). Durante séculos, foi associado ao fato de que pessoas com desejos incomuns de comida podem sofrer de distúrbios do sangue e da pele verde, que foram descritos pela primeira vez por Lange e chamados de síndrome clorótica de Verandal em 1600. A PICA é considerada um sintoma de anemia desde a época de Hipócrates. Para Abreu (2021), ainda não se sabe se a anemia ferropriva é causa ou efeito desse transtorno. Esta síndrome é mais frequentementeobservada no 2º e 3º anos de vida e é considerada inapropriada em termos de desenvolvimento para crianças com mais de 18-24 meses. Pesquisas sugerem que esse transtorno ocorre em 25-33% das crianças pequenas e 20% das crianças tratadas em clínicas de saúde mental. Uma diminuição linear no pico ocorre com o aumento da idade. A PICA às vezes se estende até a adolescência, mas raramente é vista em adultos sem deficiência mental. Em pessoas com deficiência intelectual, esse transtorno é mais comum entre 10 e 20 anos. A exploração de objetos através da boca e da degustação faz parte do desenvolvimento normal, saudável e não é considerado um comportamento patológico associado à pica. Pica só é suspeita quando os objetos não alimentares são consumidos repetidamente ao longo de um mês ou mais, apesar dos esforços para reduzir o comportamento; o comportamento é considerado inadequado para a idade de desenvolvimento do indivíduo (isto é, para além dos 18 meses); não é uma prática cultural; e o comportamento é um sintoma de outra desordem mental e é suficientemente preocupante para justificar atenção médica. (STIEGLER, 2005. p. 27-38) 30 Os sinais físicos podem incluir manifestações de ingestão tóxica (por exemplo, envenenamento por um componente tóxico), manifestações de infecção ou infestação de parasitas, manifestações gastrointestinais e manifestações dentárias. As manifestações gastrointestinais podem incluir problemas intestinais mecânicos, constipação, úlceras, perfurações e obstruções intestinais causadas pela formação de bezoar e ingestão de material indigerível no trato gastrointestinal. As manifestações dentárias comuns são abrasões dentárias graves, abfrações e perda de dentes superficiais. A literatura científica disponível sobre PICA inclui relatos de vários tratamentos. Existem várias maneiras de tratar o problema, incluindo abordagens nutricionais, psicológicas, farmacológicas, comportamentais, ambientais e sensoriais. Para estabelecer um tratamento adequado, é muito importante que o médico e o nutricionista conheçam os hábitos alimentares da pessoa. Recomenda-se também a realização de exames para identificar deficiências nutricionais e desta forma o profissional de saúde pode ajudar a orientar a pessoa para uma alimentação mais adequada e se necessário iniciar a suplementação de vitaminas e minerais (ABREU, 2021). Além disso, se o transtorno estiver relacionado à constipação, anemia ou obstrução intestinal, o médico poderá recomendar outros tratamentos mais específicos. Em alguns casos, o acompanhamento de um psicólogo ou psiquiatra também pode ser importante, pois ajuda a entender que esse automatismo não é adequado, principalmente para pessoas que não apresentam deficiências nutricionais subjacentes ao comportamento. As intervenções nutricionais obviamente funcionam com a introdução de suplementos alimentares. Estes são comumente usados para reduzir o transtorno juntamente com suplementos de ferro que são sempre recomendados. Outro suplemento que é usado com bastante regularidade é o zinco. Por outro lado, a intervenção psicológica é muito recomendada. Aconselhamento e psicoterapia têm sido recomendados para pessoas com suspeita de PICA, devido a distúrbios emocionais ou psicogênicos. As intervenções farmacológicas são comumente usadas para o tratamento, e os medicamentos inibidores seletivos da recaptação da serotonina são mais comumente recomendados. 31 Eles podem ser usados em conjunto com correções de comportamento (ABREU, 2021). 5. NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL Fonte: shre.ink/muCQ O comportamento relacionado à comida liga-se diretamente a auto percepção dos sentidos e a identidade social do ser humano. A nutrição comportamental surge com essa nova vertente que aborda diversos aspectos relacionados ao comportamento alimentar por meio de diferentes estratégias (SILVA; MARTINS, 2017). Nessa abordagem, o nutricionista aplica técnicas para garantir uma mudança efetiva de hábitos, a exemplo da “Entrevista motivacional”, “Comer intuitivo”, “Comer com atenção plena”, “Terapia cognitivo-comportamental”, entre outras, fazendo assim uma comunicação mais responsável e inclusiva que estabeleça vínculos, segurança e respeito (ALVARENGA et al., 2019). O estudo do comportamento alimentar torna-se cada vez mais importante para o sucesso das intervenções nutricionais, pois faz parte de um contexto no qual fluem fatores sociais, culturais, demográficos e psicológicos, ou seja, são determinados por diversas influências (TORAL; SLATER, 2007). Em geral, os transtornos alimentares têm suas primeiras manifestações na infância, mas podem se manifestar mais tarde, como no caso da bulimia, anorexia e transtorno da compulsão alimentar periódica (FERREIRA, 2018). Esses distúrbios têm 32 sido amplamente estudados ao longo dos anos, porém, a literatura avança a cada dia com novas descobertas que devem ser ponderadas com toda a importância desejada, pois sua incidência continua aumentando, principalmente no público obeso. A nutrição comportamental tem sido promovida como uma fórmula eficaz e instrumental no tratamento de transtornos alimentares. Sob o olhar de Alvarenga (2016), a nutrição comportamental não é propriamente uma especialidade, justifica-se como uma abordagem inovadora que incorpora aspectos sociológicos, sociais, culturais e emocionais da nutrição e abre espaço para a atuação do nutricionista, devido a necessidade de tratar pacientes com distúrbios alimentares e dificuldades em seguir dietas padrão ou diretrizes alimentares tradicionais. Portanto, espera-se que a mudança de comportamento realmente ocorra e (que) esses pacientes sejam incentivados a continuar o tratamento e assim atingir seus objetivos. Como nutricionista, a autora ressalta: “Estudamos sobre o alimento, nutrientes e corpo humano, mas estudamos pouco sobre o SER humano [...]”. Ainda nos conceitos da Nutrição Comportamental, afirma-se que atribuir valores aos alimentos como “bons ou ruins”, “saudáveis ou não saudáveis” não traz benefícios ao paciente, sendo recomendado que os alimentos sejam incluídos em uma “alimentação saudável” baseada no equilíbrio e levando em consideração, atributos importantes como sabor e prazer. Esta abordagem propõe autonomia ao paciente para fazer melhores escolhas em uma mudança no seu estilo de vida de forma que além de fatores nutricionais dos alimentos seja possível considerar em suas escolhas o contexto de vida biopsicossocial e também cultural (ALVARENGA et al., 2016). Kamil (2013) relatou que, de acordo com Schomer e Kachani (2010), “o comportamento alimentar vai além do ato de comer”. Com esta afirmação, nota-se que o comportamento alimentar envolve muitos outros fatores, como emocionais e culturais, independente de apenas saciar a fome. As sensações que sentimos no ato de comer, o local onde são realizadas as refeições, as circunstâncias externas, por que comemos e até mesmo o pensamento no momento em que estamos comendo, influenciam nesse comportamento. Segundo Silva (2008) “[...] sem aceitar os sentimentos e os fatos é impossível planejar e executar mudanças”. O mesmo autor ainda relata que para que a mudança 33 ocorra é necessário a realização de exercícios (técnicas), sendo sua eficácia sempre avaliada, para que haja interrupções e mudanças. De acordo com Alvarenga et al. (2016), o nutricionista que utiliza essa abordagem é denominado ‘terapeuta nutricional’ (TN). Este profissional não só ajuda uma pessoa em termos de estrutura e o que ela deve comer, mas também a entender como as emoções afetam o comportamento e a atitude alimentar. Vale ressaltar que o TN também vivencia inseguranças diante das mais diversas situações de seus pacientes, por medo de não conseguir resolver o problema ou até piorá-lo.Para que isso seja minimizado, se faz necessário que o TN busque auxílio com outros TN’s mais experientes, como também com outros profissionais como, por exemplo, psicólogos. Diante disso, o TN é responsável por ajudar o paciente a construir um percurso gradual, tornando viável a execução do planejamento alimentar., sendo essas as que mais se destacam e que abordaremos a seguir. Todas essas ferramentas/técnicas são utilizadas para que o paciente se sinta motivado no processo de mudança do comportamento alimentar (ALVARENGA et al., 2019). Para tornar isso mais concreto, são desenvolvidas estratégias para auxiliar nesse processo, incluindo: determinação de objetivo de tratamento, plano mais flexível, estabelecimento de metas detalhadas, desenvolvimento de práticas parentais, entre outras. Nessa visão, o principal papel da nutrição comportamental é a comunicação responsável e científica, que transmita mensagens consistentes, considerando que esses transtornos têm diversas causas como, por exemplo, psicológicas, biológicas e socioculturais, e devem ser tratados respeitando as crenças e valores do paciente (ALVARENGA, 2016). 5.1 Técnicas de Terapia Comportamental Inicialmente, o tratamento de transtornos alimentares focava apenas na recuperação do peso, mas nas últimas décadas avançamos muito na compreensão dessas doenças, principalmente de sua base cognitiva. Hoje, a intervenção é feita de modo multifatorial. Além dos atendimentos psicológicos, outros profissionais são importantes, como nutricionistas, psiquiatras e médicos de outras especialidades. Para auxiliar no tratamento de distúrbios da imagem corporal, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é vista como uma intervenção direta que ajuda o 34 paciente a superar essa situação. Além disso, busca diminuir as práticas rígidas de dieta ou de atividade física, facilitar um peso saudável e modificar o sistema disfuncional de crenças associadas à aparência, ao peso e à alimentação. Entrevista Motivacional (EM) De acordo com Alvarenga et al. (2019), a Entrevista Motivacional (EM) é uma técnica utilizada na Nutrição Comportamental, em que o objetivo principal é descobrir as reais motivações do indivíduo para que ocorra a mudança, através de uma comunicação colaborativa do TN. Na entrevista, o paciente é guiado para as escolhas de comportamento que deseja mudar, o que também afirma Burgess et al. (2017), dizendo que a EM é uma conversa que se afasta do estilo tradicional de consulta, em que o TN direciona o indivíduo para declarações auto motivacionais, verificando sua prontidão para a mudança. A EM se aplica em situações onde envolvem mudanças de comportamento como, por exemplo, adesão à dieta, prática de atividade física, tratamento de transtornos alimentares, isto é, tudo que está diretamente relacionada à saúde e bem- estar. Para que a EM seja bem-sucedida, se faz necessário criar um ambiente onde o indivíduo se sinta acolhido, confortável e seguro, pois geralmente todo processo de mudança de comportamento causa desconforto e ansiedade (ALVARENGA et al., 2019). De tal modo, a EM possui etapas que vão desde o primeiro contato do TN com o paciente até a finalização do atendimento: A primeira etapa consiste em “envolver”, ou seja, criar vínculo, escutar e entender a história do paciente, fazendo com que ele se sinta aceito, respeitado, confortável e disponível para a mudança. A segunda etapa consiste em “focar”, onde além de manter o paciente envolvido, o TN e o indivíduo focam nas questões relacionadas à alimentação, questionando quais mudanças ele está interessado em fazer. Além disso, a terceira etapa é “focar” nas questões relacionadas à alimentação. Outra parte da conversa consiste em “evocar”, na qual a comunicação é colocada em prática, o paciente é guiado para identificar seus reais interesses, sua motivação intrínseca, e assim realizar a mudança. Perguntas abertas podem ajudar e transformar o ambiente da consulta, deixando o paciente confortável, pois caso ocorra o contrário e o mesmo não se sentir à vontade, o que iria ser consertado pode gerar uma resistência e impedir de sair do status quo, ou seja, 35 contrário à mudança. Por fim, vem a etapa de “planejar”, que ocorre quando o paciente está pronto para que a mudança ocorra, e ele mesmo encontra sua solução. Nesse momento, o TN pode fazer uso de instrumentos como o plano de ação e o planejamento de metas para direcioná-lo (ALVARENGA et al., 2019). Corroborando com os autores já citados, Figlies e Guimarães (2014) dizem que a EM propõe ajudar as pessoas em sua ambivalência/conflito, agregando uma visão humanista e construtivista nas modificações de comportamentos de risco, levando o paciente a tomar uma decisão que almeje sua renovação. Utilizado no processo de transição de comportamento alimentar, o modelo transteórico, também denominado modelo de estágios de mudança de comportamento, é uma abordagem onde essa modificação em relação à saúde ocorre através de cinco estágios distintos, são eles: pré-contemplação, contemplação, decisão, ação e manutenção, onde cada estágio mostra o momento da mudança e o grau de motivação para realizá-la. Na pré-comtemplação, o indivíduo ainda não tem intenção de mudar; na contemplação, o indivíduo começa a considerar a alteração mas ainda não tem um prazo para começar; já o estágio denominado decisão ou preparação, prevê uma variação de comportamento para um futuro próximo; a ação corresponde à mudança de comportamento, exigindo dedicação por parte do indivíduo para evitar recaídas; no estágio manutenção, o indivíduo mudou o comportamento e conseguiu manter por mais de seis meses (TORAL; SLATER, 2007). Comer Intuitivo Sob o olhar de Almeida e Furtado (2017), o Comer Intuitivo (CI), ou Intuitive Eathing, é uma abordagem que se baseia em evidências ensinando as pessoas a terem uma boa relação com a comida, conhecendo seu próprio corpo. Tem como objetivo, fazer com que o indivíduo possua uma verdadeira sintonia com a comida, mente e corpo. A mesma autora relata que são três os pilares dessa abordagem: permissão incondicional para comer; comer para entender as necessidades fisiológicas e não emocionais e apoiar-se nos sinais internos de fome e saciedade para determinar o que, quanto e quando comer. A consciência introspectiva é a capacidade de perceber sensações físicas que surgem de dentro do corpo, mediada diretamente pelo cérebro. Sendo assim, comedores intuitivos tem maior consciência intuitiva. 36 A capacidade de sintonia mente/corpo fornece ao indivíduo uma poderosa ferramenta para identificar suas necessidades, por exemplo: sonolência, bexiga cheia, fome, ou seja, o corpo envia mensagens de acordo com as necessidades físicas e psicológicas. Então, quando há regras, como fazer uma dieta, há uma confusão entre a mente e o corpo (TRIBOLE et al., 2017). Estudos mostram que dieta e restrição alimentar para fins de perda de peso leva a mais ganho de peso, o que corrobora com o autor acima citado. Alvarenga et. al. (2019) relata que o comer intuitivo é uma abordagem baseada em evidências que ajudam pessoas a seguirem seus sinais internos de fome e comer o que escolhe, sem sentir culpa, sem julgamentos e sem viverem um problema. O foco é na “não dieta” e deve ser visto como um programa no qual a ordem em que são trabalhados seus princípios não é fixa, devendo ser adaptada para cada indivíduo. Os princípios são: Rejeitar a mentalidade da dieta Deve-se excluir tudo que contenha informações sobre dieta e medidas que prometam perda de peso de forma rápida, por exemplo, livros, revistas, parar de seguir mídias sociais, não permitindo que outras pessoas determinem o que, quanto e quando vai comer (ALVARENGA et. al., 2019). O estilo de vida atual leva as pessoas a quererem praticidade no seu dia a dia e isso abre espaço paraque a estrutura alimentar seja influenciada pela mídia (MORAES, 2014). Honrar a fome Para que se honre a fome, é necessário perceber os seus sinais e padronizar horários. É importante não ficar faminto, e o acesso à comida tem que estar possível para atender a fome quando ela acontecer. Alguns exercícios podem ser aplicados para percepção da fome, como por exemplo, o Odômetro da Fome (Figura 1), em que o paciente identifica sua fome e saciedade, que são inversamente proporcionais, ou seja, quando estamos com zero de fome, a saciedade se aproxima de dez, e vice- versa. É interessante que o paciente treine para realizar suas refeições entre os números quatro e seis, diminuindo assim o risco de exageros ou restrição, aumentando sua saciedade (ALVARENGA et al., 2019). 37 Figura 1: Odômetro da fome Fonte: shre.ink/muWe Fazer as pazes com a comida Violar as regras da dieta pode desencadear a pessoa a comer mais, sem levar em conta a fome nem saciedade. Isso não quer dizer que o indivíduo vai sair comendo tudo o que quiser em qualquer momento e na quantidade que quiser, mas fazer com que surjam perguntas do tipo: “eu realmente quero comer isso?”, “eu preciso comer isso agora?”. Essa permissão incondicional para comer deve acontecer de acordo com os sinais internos, ajudando as pessoas a comerem de forma intuitiva, não necessariamente seguindo uma regra. De uma forma geral, é permitir-se comer algo que gosta, percebendo as sensações do corpo, em especial e fome e saciedade, sem o medo da restrição (ALVARENGA et al., 2019). Desafiar o policial alimentar Nesse princípio, a autora mostra que o indivíduo se sente como se estivesse em constante julgamento por um policial interno. As sensações de roubar ou mentir 38 em relação à dieta geram um sentimento de culpa, tendo um efeito extremamente ruim. Para que isso não ocorra, é necessário mudar esse pensamento, e dar espaço a outras vozes internas que não julgam, que dão retornos positivos e que ajudam a tomar decisões mais tranquilas em relação à comida (ALVARENGA et al., 2019). Sentir a saciedade Sabe-se que a leptina e a insulina são hormônios que interagem com receptores hipotalâmicos, favorecendo a saciedade. Em obesos, as concentrações séricas desses hormônios são maiores, apresentando maior resistência à sua ação (HALPERN et al., 2004). Para se sentir saciado, é necessário aprender a escutar e entender os sinais internos. Para que isso aconteça, como já foi relatado anteriormente, deve-se honrar a fome e comer de maneira incondicional. Alguns exercícios de auto avaliação podem ajudar nesse processo de entender melhor o corpo. Pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno, se confundem na hora que o corpo sinaliza, gerando muitas vezes a sensação de culpa (ALVARENGA et al., 2019). Descobrir o fator de satisfação É fundamental saber identificar quando se está satisfeito, pois, dessa forma, o indivíduo consegue comer menos e também usar a comida como uma forma de satisfação, não só para matar a fome e se nutrir, até porque, o objetivo do comer envolve também questões socioculturais e emocionais, não só atender as necessidades físicas. Deixar o ambiente agradável, decorar o prato, ter uma boa companhia, pode ajudar muito no processo (ALVARENGA et al., 2019). Lidar com as emoções sem usar a comida Todo ser humano é apto a comer de tudo, o que significa que eles têm uma liberdade percebida para escolher sua comida. No entanto, essas decisões são influenciadas por vários fatores que dominam sua história individual (JOMORI et al., 2008). O ato comer vai muito além de satisfazer as necessidades fisiológicas do corpo, na maioria das vezes a comida é utilizada como forma de recompensa ou como expressão de afeto, também é utilizada para reduzir emoções e sentimentos negativos, e os positivos para estender. Portanto, o estado emocional interfere completamente na forma de comer, além de considerar crenças, medos e temores. 39 Os exercícios de terapia cognitivo-comportamental podem ser muito úteis para lidar com essas emoções sem o uso de alimentos. Nesta abordagem, o NT deve eliminar a alimentação desatenta e a alimentação emocional e usar a atividade para ajudar a pessoa a tomar consciência de seu comportamento. Inicialmente, o TN pede que o paciente se pergunte: "Estou com fome?" todas as vezes antes de comer. Se a resposta for "não" e o paciente ainda quiser comer, uma lista de sentimentos (Quadro 2) é aplicado para fazê-lo parar e pensar na emoção que está enfrentando para usar os alimentos. Depois de identificar o sentimento, provavelmente não usará comida para supri-lo. O TN o auxiliará a encontrar uma atividade além da comida para ajudá-lo a lidar com suas dificuldades (ALVARENGA et al., 2019). Quadro 2: Lista de sentimentos Fonte: shre.ink/mzk2 Respeitar o próprio corpo Hoje, infelizmente, prevalece a insatisfação física condicionada a um corpo dito perfeito e, assim, criou uma desordem de imagem, principalmente entre as mulheres. A extrema preocupação e estima do corpo não valoriza as qualidades naturais de cada pessoa, pois estão condicionadas a um determinado padrão. É preciso exercitar o respeito ao corpo por meio de metas, promover o cuidado com o ser humano, não se comparar com os outros, mas sim ser sua própria referência. 40 O TN pode oferecer um exercício que visa estimular o paciente a perceber seu próprio corpo com compaixão, sem demonstrar insatisfação. Neste exercício, o paciente recebe uma lista de afirmações que devem ser lidas nos momentos em que ele começa a ter pensamentos negativos sobre o corpo. Esta lista contém algumas maneiras de se amar, por exemplo: “Esteja ciente do que seu corpo está fazendo todos os dias. Ele é o instrumento de sua vida, e não um adorno de prazer para os outros”. “Curta seu corpo: estique-se, dance, tome um banho de espuma, caminhe, cante, tome um banho de espuma, faça massagem, faça as unhas...”, “Deve-se afirmar que seu corpo é perfeito do jeito que é” (ALVARENGA et al., 2019). Exercitar-se O exercício físico deve ser uma forma de prazer, por isso é importante buscar algo prazeroso, pois essa prática é fundamental, e ficar atento às formas compensatórias ou punitivas, como a sugestão do Comer Intuitivo é um exercício focado no bem-estar e na saúde (ALVARENGA et al., 2019). O mesmo autor relata que o cotidiano é repleto de atribuições pessoais, mas na maioria das vezes acontece de forma sedentária, por exemplo sentado no carro, no sofá, em o escritório. Para trabalhar com isso, é interessante começar pelo “Controle do tempo sedentário” para estimular as pessoas a se movimentarem mais ao longo do dia, de forma intuitiva. Honrar a saúde – praticar uma “nutrição gentil” A nutrição gentil, segundo as autoras, nada mais é do que sentir-se bem ao comer, o oposto da nutrição terrorista, mas cumprindo as diretrizes alimentares. Rozin et al. (1999), publicaram um estudo onde a atitude em relação à comida, em contraponto ao estresse e preocupação, principalmente em relação ao prazer, interfere diretamente na saúde. Nesse estudo, os autores examinaram as atitudes alimentares e o papel da comida em quatro países. Os americanos associam a comida mais à saúde e menos ao prazer, mas ficam em último lugar no ranking de alimentos saudáveis, demonstrando a coexistência de preocupação e insatisfação. Eles tendem a adotar estratégias de dieta mais simples. Eles pensam que algo que é prejudicial ao corpo em altas doses também é prejudicial em doses baixas, incluindo nutrientes essenciais como sal e gordura. Os autores concluíram que quando um dos principais aspectos da vida, como a alimentação, se torna fonte de 41 ansiedade e estresse, pode ter consequências negativas para os sistemas imunológico e cardiovascular. Comer em
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