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Departamento de Ciências Econômicas – DCECO Economia Brasileira II Prof. Glauco Manuel dos Santos Trabalho Final Alunos: Gabriel Oliveira Medeiros 160700002 Jonathan Azi Cardoso 160700019 Turma: CEN 06 Os determinantes estruturais e conjunturais da inflexão da trajetória de crescimento e da eclosão da crise econômica a partir do governo Dilma tendo em vista as continuidades e descontinuidades da gestão macroeconômica em relação aos governos Lula da Silva Nos anos 1980, com a estagnação oriunda de hiperinflações e sucessivas tentativas de estabilização econômicas mal sucedidas, o país iniciava o período de crescimento lento, sendo este potencializado pela abertura comercial e financeira na década de 1990. Esta estagnação se repetira por todos os anos durante o governo Lula. Desconsiderando a recuperação pós-crise de 2008, o governo enfrentou problemas com a armadilha do tripé macroeconômico, bem como com a falta de credibilidade na sustentabilidade das contas públicas da União. O governo de Luís Inácio Lula da Silva representou um momento de grande mudança e significado na história brasileira. Seu governo alcançou altos níveis de popularidade, atuando no sentido de promover igualdade social e erradicação da pobreza. O crescimento do PIB quase dobrou durante os mandatos do presidente. Uma característica importante do regime de metas de inflação adotado no primeiro mandato do governo Lula foi a rápida e consistente queda da taxa de inflação. Como mostram Dezordi e Oreiro (2012), o IPCA acumulado de 12 meses em 2003 registrava uma alta de 14,47% e em novembro de 2006, final de mandato, uma alta de apenas 3,02%. Esses dados denotam uma queda considerável da inflação em 4 anos de governo. No âmbito fiscal, o governo anunciou meta de superávit primário para o setor público não consolidado de 4,25% do PIB para 2003. Em 2004 esta meta foi mantida até setembro, sendo elevada para 4,5% de outubro a dezembro. Em 2005 voltou para o patamar de 4,5%, assim permanecendo até outubro de 2006. Não houve, contudo, uma mudança significativa no modelo macroeconômico herdado pelo governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, sendo este modelo de cunho ortodoxo. O sucesso do governo Lula, porém, não se deveu à política macroeconômica, mas como observa Bresser-Pereira (2013), à sorte do extraordinário crescimento dos preços das commodities exportadas pelo Brasil, à política do salário mínimo e a uma política internacional independente, bem como criativa. A taxa real de juros, contudo, continuava alta, em torno dos 9% ao ano, o que impedia o crescimento da economia brasileira (pois a alta remuneração tornava menos atraente o investimento em um setor produtivo) e remunerava, de certa forma, “generosamente”, o capital estrangeiro. Ainda sobre a herança de governos anteriores, Lula não equacionou o herdado problema relativo à já mencionada armadilha do tripé macroeconômico, ou seja, não obteve sucesso em reduzir a taxa de juros, como mencionado no parágrafo anterior, tampouco em neutralizar a sobreapreciação cíclica da taxa de câmbio. A valorização cambial trouxe um período com grande estímulo ao consumo. Indústrias, que viam o Real extremamente valorizado, sendo impossibilitados de exportar e voltando-se ao mercado interno. Porém, sem capacidade de concorrer com o mercado das importações, houve agravante queda de competitividade, principalmente de indústrias tecnológicas, prejudicando o desenvolvimento nacional e aumentando o índice de desemprego. Dilma Rousseff inicia seu governo com uma proposta de continuidade do governo de Lula. A esperança da população era que o país continuasse a vivenciar a diminuição da desigualdade social. O governo Dilma herda uma situação macroeconômica consideravelmente deplorável, tendo em vista um anterior período de “glória” vivenciado no ciclo de ouro das commodities. A herança macroeconômica se resumia a uma taxa de juros elevada, e uma taxa de câmbio altamente sobreapreciada. E no início de seu governo, em 2011, o explosivo aumento dos preços das commodities exportadas que haviam beneficiado o governo Lula não era mais uma “carta na manga” do Estado brasileiro. O PIB brasileiro não possuía mais um ritmo de crescimento acelerado, apresentando cada vez mais características de desaceleração. A situação internacional estava deteriorada pela recuperação abaixo das expectativas da economia americana, bem como pela crise do euro. Essa situação repercutiu diretamente na demanda pelos bens exportados pelo Brasil. O fenômeno de desindustrialização, que ocorria desde os anos 80 não foi combatido com sucesso pelo governo Lula, fazendo com que o governo Dilma enfrentasse um crescimento medíocre do PIB após a rápida recuperação de 7,5% em 2010, sendo 2,7% em 2011 e cerca de 1% em 2012. Em 2013, o crescimento do PIB ficou em 2,3%. Esse resuktado deveu-se também ao desaquecimento do consumo das famílias, cujo crescimento encontrou um limite na capacidade de endividamento. Durante o governo, a presidente obteve êxito na redução da taxa de juros nominal e real, que caiu para cerca de 3% ao ano. Obteve êxito, ainda na depreciação do câmbio (fator de antemão ao neoliberalismo do tripé), com depreciação de R$ 1,65 para cerca de R$ 2,05 por dólar. Contudo, os objetivos alcançados ainda estavam aquém do necessário para a manutenção de um câmbio competitivo e um pleno emprego cíclicos. Com o tripé, o governo adota uma meta de superávit primário que obriga o orçamento a seguir determinada meta a fim de manter a relação dívida/produto. Por isso, a questão de poupança acaba se tornando nula a fim de manter a liquidez do sistema financeiro. Contudo, dada a flexibilidade plausível de ser concedida pelo congresso nacional, nos últimos anos observou-se um aumento do indicador dívida/PIB através de sucessivos déficits, que consequentemente reduziram a liquidez do sistema e aumentaram a necessidade de altos juros. Segundo o Relatório do FMI, a política econômica do Governo brasileiro estaria enfraquecendo a credibilidade na sustentabilidade das contas públicas no longo prazo e gerando incertezas que estariam comprometendo os investimentos. Ainda em outubro de 2013, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, 2013) propondo um conjunto de medidas de política econômica que iam de uma política monetária mais contracionista até a necessidade de se reformular o regime fiscal brasileiro. A Indústria brasileira apresentou no período 2014-2016 seu pior desempenho histórico, superando até mesmo a evolução negativa de final de 2008 e início de 2009 em função dos desdobramentos da crise financeira internacional iniciada em 2007-2008 nos EUA e propagada para o resto do mundo. O produto industrial retornou ao patamar do início do Governo Lula. Quanto às tentativas do Governo Dilma de reverter o quadro, Hiratuka e Sarti (2017 p. 12) destacam: (...) as medidas compensatórias adotadas pelo Governo Dilma, buscando reduzir custo e ampliar a rentabilidade, como a desoneração da folha de pagamento de uma gama ampla de setores, redução das tarifas de energia elétrica, as medidas de apoio no âmbito do programa de sustentação do investimento (PSI), visando a redução dos custos do investimento e assegurar uma parcela mínima de conteúdo local na produção doméstica (sobretudo petróleo e gás e automobilística) não foram suficientes para reverter o quadro negativo. Por fim, o segundo mandato de Dilma se vê em uma recessão econômica proveniente dos ciclos internacionais que desaceleraram a economia brasileira da ótica produtiva e financeira. Não foi uma recessão precedida por escassez de divisas, esta sempre associada às demais crises enfrentadas pela economia brasileira. Destarte, a presidente Dilma Rousseff enfrentou grandes dificuldades para mudar a equação macroeconômica brasileira. Não cabe a este trabalho a discussão dos eventos políticos que encerraram, prematuramente, seu governo, pois seria necessário capítulos inteiros dedicados ao assunto. Pode-se afirmar, contudo, que os péssimos resultados do governo Dilma são uma herança dos governos anteriores. A presidente, economista desenvolvimentista, sempre demonstrou forte capacidade administrativa e forte caráter, necessário aos compromissos políticos. Caso tivesse concluído seu governo, com a oportunidade de implementar suas políticas, quiçá a nação brasileira haveria testemunhado não apenas quedas na taxa de juros, mas uma nova onda de crescimento e desenvolvimento econômico. . Bibliografia BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. O governo Dilma frente ao "tripé macroeconômico" e à direita liberal e dependente. Novos estud. - CEBRAP, São Paulo , n. 95, p. 5-15, Mar. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 33002013000100001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 Nov. 2018. DEZORDI, Lucas & OREIRO, José Luis. Uma Avaliação da Política Macroeconômica do Governo Lula I. Revista Economia & Tecnologia. 2012. HIRATUKA, C ; SARTI, F. Desempenho recente da indústria brasileira no contexto de mudanças estruturais domésticas e globais. Campinas: Unicamp. IE, abr. 2017. (Texto para Discussão, 290).
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