Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
COLETA DE FEZES Contexto das parasitoses intestinais ▪Dados da OMS de 2002 revelam que 6 milhões de pessoas no planeta eram portadoras de Ascaris lumbricoides, e várias outras parasitoses são também incidentes em grande parte da população carente. ▪As parasitoses intestinais, apesar de todo o avanço científico, tecnológico e da globalização em todas as áreas de desenvolvimento, representam grave problema social, principalmente em países em desenvolvimento, e contribui para vários problemas, os mais graves são os relacionados à saúde e à educação. ▪Ações no sentido de melhorar ou mesmo minimizar os efeitos dessas doenças consistem na tentativa de erradicá-las, eliminando-as em nível global. ▪Para isso, há necessidade de uma ação conjunta do governo, da população, da classe médica, dos laboratórios e da indústria farmacêutica. ▪A ação governamental deve focar em minimizar os efeitos dos esgotos e lixos a céu aberto, expondo a população a parasitas, larvas e moscas, que podem levar a mais doenças. ▪A população pode atuar por meio de campanhas para a conscientização sobre as diferentes formas de contaminação e transmissão no sentido de controlar a incidência das parasitoses; a classe médica, orientando o paciente sobre as formas de contaminação e estando atenta aos principais sintomas dessas parasitoses, podendo solicitar o exame parasitológico das fezes. ▪A medicação precisa ser indicada para o paciente parasitado e o quadro deve ser comprovado por meio do exame. ▪As medicações, assim como as parasitoses, diferem e devem ser tratadas de modo específico. ▪ Com isso, pode-se conhecer o índice real das parasitoses na população. Contexto das parasitoses intestinais O laboratório de parasitologia clínica ▪O laboratório de parasitologia clínica realiza os exames que contemplam a pesquisa de enteroparasitas, hemoparasitas e ectoparasitas. ▪As principais enteroparasitoses que acometem o organismo humano podem se localizar em diversos sítios: ▪ como intestino delgado (Giardia, Ascaris, Ancylostoma), ▪ intestino grosso (amebas), ▪ ceco (Trichuris), ▪ fígado (amebas) ▪ cérebro (cisticercose – Taenia), e vários métodos para o diagnóstico dessas parasitoses devem ser utilizados. Coleta, preservação e transporte de amostras Coleta de amostras frescas ▪As amostras de fezes podem ser de consistências diversas, e isso não é impeditivo para a realização do exame parasitológico. ▪Alguns pacientes procuram o médico para dizer que foi solicitado o exame PPF, mas que, como as fezes estão diarreicas, esperam passar essa fase para depois coletar a amostra, o que não deve ser feito. ▪A coleta deve ser orientada a ser feita na consistência em que as fezes se encontram, pois nas fezes diarreicas podem ser encontradas formas trofozoíticas com maior facilidade do que em fezes formadas. Coleta, preservação e transporte de amostras Coleta de amostras frescas ▪As fezes podem se apresentar aquosas, liquefeitas, pastosas, amolecidas, firmes, consistentes ou, ainda, petrificadas. Em amostras liquefeitas, pastosas ou amolecidas, pode ou não haver muco ou sangue. ▪A consistência, a coloração, a presença de muco, sangue ou outras estruturas e, principalmente, a presença de vermes adultos podem ser relatados no laudo do exame emitido pelo laboratório. Coleta, preservação e transporte de amostras Amostras formadas ou pastosas ▪Deve-se coletar a amostra de fezes formadas (pastosas ou petrificadas) e colocá-las em frasco coletor universal de plástico limpo e seco com tampa de rosca. ▪Para fazer a coleta de forma mais simplificada, deve-se utilizar um penico, comadre ou mesmo plástico, e colocar as fezes imediatamente no frasco coletor universal (figura abaixo). ▪A quantidade deve corresponder a aproximadamente meio frasco, cerca de 50 a 100 g. Coleta, preservação e transporte de amostras Amostras aquosas ou liquefeitas ▪A coleta da amostra liquefeita ou aquosa deve ser feita diretamente no frasco coletor universal. ▪Se não for possível, pode ser utilizado um frasco com boca larga, que deve ser transportado imediatamente ao laboratório para a realização do exame. ▪Crianças podem fazer essa coleta no próprio laboratório, utilizando coletor de cultura para urina. ▪A quantidade da amostra, nesse caso, deve ser de cerca de 10 mL. Tempo entre a coleta e a realização do exame ▪Amostras de fezes liquefeitas ou diarreicas frescas devem ser examinadas até 30 minutos após a coleta; ▪Amostras pastosas, em até 60 minutos; ▪Amostras formadas ou endurecidas podem ser examinadas no mesmo dia ou no dia seguinte. Conservação ▪Até que sejam enviadas para análise, a temperatura de conservação das amostras é a ambiente. ▪O frasco com as fezes pode ser deixado no banheiro, em local fresco e longe do alcance das crianças. ▪Em regiões muito quentes, com temperaturas acima de 35ºC, convém preservar as amostras em geladeira até o momento de enviá-las ao laboratório para a realização do exame. ▪Amostras não conservadas de forma adequada podem sofrer a proliferação de bactérias e fungos, e estes interferem na microscopia do exame, mascarando principalmente protozoários. ▪Para as amostras diarreicas e liquefeitas, é obrigatório que o exame seja realizado em 30 minutos, para melhor identificação de trofozoitas. ▪A orientação para o paciente é de que encaminhe a amostra imediatamente ao laboratório. Interferentes ▪Medicamentos antimaláricos, ácido acetilsalicílico, antibióticos como a tetraciclina, que modifica a flora intestinal, os contrastes radiológicos como bário e bismuto, e o óleo mineral, que muitas vezes é usado como laxante, podem interferir no exame parasitológico, afetando principalmente protozoários. ▪Quando o paciente fizer uso de tais substâncias, deve aguardar cerca de sete dias para a coleta da amostra de fezes. Quando a coleta ocorre após realização de exame radiológico com contraste, ela se torna opaca e não permite a visualização microscópica de parasitas. Fezes obtidas com uso de laxantes ▪São recomendados os laxantes salinos, não oleosos nem compostos com bismuto e magnésio, que podem interferir no exame, causando gotas de óleo e opacidade nas fezes, impossibilitando o exame microscópico. ▪A indicação de uso de laxantes deve ter a prescrição médica. ▪Podem ser utilizados o sulfato de sódio tamponado e o fosfato de sódio, que causam menos danos aos parasitas. ▪As fezes coletadas devem ser levadas imediatamente ao laboratório. ▪Geralmente, essa coleta é feita no laboratório ou em clínicas e hospitais, onde podem ser imediatamente examinadas. Número de amostras ▪Os parasitos podem ser melhor diagnosticados com amostras múltiplas de fezes. ▪As amostras devem ser coletadas em dias sequenciais ou alternados, e devem ser no mínimo três amostras. ▪Nunca se deve coletar uma só amostra e colocá-la em três frascos. ▪O período para a coleta das três amostras é de dez dias, e em dias diferentes. Número de amostras ▪Hiatt et al. compararam a positividade para uma amostra com a positividade para três amostras e notaram que havia um acréscimo de 22,7% nos casos com Entamoeba histolytica, que necessitaram de 4 a 9 amostras para a detecção, de 11,3% para Giardia lamblia e 31,1% para Dientamoeba fragilis. ▪Recomenda-se a colheita de seis amostras para os casos com suspeita de Entamoeba histolytica, em dias alternados ou sequenciados, no período de 14 dias. ▪A coleta de uma única amostra para a detecção de parasitose pode fornecer um resultado falso- negativo Conservantes mais utilizados ▪O formaldeído, ou formalina, pode ser utilizado nas concentrações de 5% e 10%. Conserva bem cistos, oocistos, ovos e larvas de parasitas. ▪O formol 5% pode ser disponibilizado para uso em frasco de coleta para o paciente, e o material ali colocado deve ser processado em no máximo quatro semanas, pois permite a evolução de ovos, como o de Ascaris lumbricoides. ▪O formol 10% também é utilizado e permite boa conservaçãode estruturas dos parasitas. ▪É frequente o uso do SAF (acetato de sódio, ácido acético e formaldeído) nas coletas de amostras ou nos testes dentro do laboratório. A proporção de conservante para as fezes é de 5:1. ▪As fezes devem ficar submersas na solução conservadora. ▪Outro conservador utilizado é o MIF (mertiolato, iodo e formalina). ▪O álcool polivinílico (PVA) e o líquido de Schaudinn são também utilizados para a fixação das fezes. Conservantes mais utilizados ▪Existe atualmente no mercado frascos para a coleta de amostras de fezes que já são fornecidos com os conservadores, tais como o Coprotest®, Coproplus®,TFTest® e Paratest®. ▪O laboratório pode fornecer o frasco com o conservador para realizar metodologias específicas. Nos casos de diarreia, para pacientes impossibilitados de chegar no tempo determinado ao laboratório, é mandatória a utilização de frasco com conservante. Pesquisa de sangue oculto ▪A pesquisa de sangue oculto nas fezes, também conhecida por sangue oculto, sangue nas fezes e, atualmente, detecção de hemoglobina humana nas fezes. ▪É um exame que representa uma alternativa não invasiva, de baixo custo, fácil operacionalidade nos laboratórios clínicos e boa efetividade na investigação de sangramentos causados por doenças gastrointestinais. ▪Portanto, é um exame útil no rastreamento do câncer colorretal ou de seus precursores benignos, os pólipos, mesmo em indivíduos sem quaisquer sintomas. ▪Acredita-se que a pesquisa de sangue oculto, quando realizada anualmente, reduz a mortalidade por câncer de intestino em 15 a 33%, representando um ganho de vida similar ao observado no rastreamento com colonoscopia a cada dez anos. Pesquisa de sangue oculto ▪A perda fisiológica de sangue pelo trato gastrointestinal é de 0,5 a 1,5 mL/dia, quantidade não detectável pelos testes laboratoriais, sejam eles feitos pelo método guáiaco ou imunoquímico. ▪O método guáiaco utiliza a atividade da pseudoperoxidase da hemoglobina, catalisadora da oxidação dos compostos fenólicos contidos no guáiaco de peróxido de hidrogênio para corante azul quinona. Tem sensibilidade variável de 30 a 50% e especificidade de 96,8 a 98,9% quando o paciente realiza a dieta recomendada. Esse método é sensível à peroxidase oriunda de alimentos e à vitamina C. ▪Os métodos imunoquímicos podem apresentar sensibilidade de 62 a 100% e especificidade de 94 a 97%. Esses testes reconhecem somente hemoglobina humana e baseiam-se na formação de um complexo conjugado/anticorpo/hemoglobina. A hemoglobina presente nas fezes reage com anticorpo monoclonal específico anti-Hb conjugado com ouro coloidal e, como a mistura migra ao longo da tira de teste por capilaridade, o complexo conjugado/anticorpo/hemoglobina é capturado por um segundo anticorpo imobilizado na membrana (ensaio tipo sanduíche), formando uma linha de teste colorida. Preparo do paciente ▪ Método guáiaco - amostras de fezes após dieta específica de três dias antes e durante a coleta, em três dias consecutivos ou a critério médico. ▪Método imunoquímico, a dieta é desnecessária. VIDEO https://www.youtube.com/watch?v=1vImg_kbmNY https://www.youtube.com/watch?v=_BLtV8PxOJA https://www.youtube.com/watch?v=lUaIYpHiL2U https://www.youtube.com/watch?v=1vImg_kbmNY https://www.youtube.com/watch?v=_BLtV8PxOJA https://www.youtube.com/watch?v=lUaIYpHiL2U Coleta da amostra fecal para pesquisa de sangue oculto ▪Deve-se coletar uma pequena porção de fezes frescas, sem uso de substâncias laxativas e sem contaminação com urina ou água em três dias consecutivos, após realização da dieta específica três dias antes. ▪É importante acondicioná-las em frasco coletor de polipropileno com tampa de rosca de aproximadamente 80 mL, ao abrigo da luz, e encaminhar ao laboratório no mesmo dia ou no máximo até o dia seguinte, desde que conservada em geladeira. ▪Não se deve adicionar soluções conservantes à amostra de fezes, exceto quando por orientação do fabricante do reagente. Doença diarreica bacteriana (Doença Transmitida por Alimento e/ou Água, incluindo cólera) Pesquisa/Exame: Bactérias, Coprocultura – Bacteriologia Material biológico e: fezes e swab fecal ou retal Amostra: in natura e/ou MTB - meio de transporte bacteriano Metodologia: cultura ORIENTAÇÕES DE COLETA E TRANSPORTE DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS Coleta: ▪swab estéril; ▪meio de transporte: meio de transporte Cary-Blair; ▪frasco coletor, rígido, boca larga e tampa rosqueável; Swab para coleta e transporte de amostras com meio CARY-BLAIR estéril haste de plástico Finalidade: Os swabs são utilizados na coleta de materiais para testes microbiológicos com finalidade clínica ou de pesquisa. Nota: Meio de transporte Cary-Blair: Meio Stuart modificado pela substituição do glicerofosfato por fosfatos inorgânicos e aumento do pH para 8,4. Essa modificação mantém a viabilidade de Salmonella e Shigella em amostras fecais. Recomendado para amostras fecais e swabs retais. Informações: O produto é apresentado em embalagem unitária termoselada. Swab com 150mm de comprimento e ponta de Rayon. Esterilizado por Raios Gama.. Cadastrado na ANVISA. Coleta das fezes Coleta das fezes in natura ❑coletar de 2 a 4 g de fezes (equivalente a 1 colher de sobremesa) em frasco limpo, seco, de boca larga e com tampa de rosca, dar preferência às partes mucopurulentas e com sangue. Coleta com swab fecal em meio de transporte Cary-Blair ❑coletar de 2 a 4 g de fezes em frasco limpo, seco, de boca larga; mergulhar o swab no frasco contendo as fezes, dando preferência às partes mucopurulentas e com sangue e a seguir introduzir no meio de transporte Cary-Blair. Fechar firmemente o frasco. Coleta com swab retal em meio de transporte Cary-Blair ❑introduzir o swab no esfíncter anal (± 2 cm), fazendo movimentos rotatórios suaves por alguns segundos para que haja absorção do material. Retirar o swab e introduzir no meio de transporte Cary-Blair. Fechar firmemente o frasco. REFERENCIA Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) : coleta e preparo da amostra biológica. – Barueri, SP : Manole : Minha Editora, 2014.
Compartilhar