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TUTORIA 3 – PROTEÍNAS DEFINIR E CLASSIFICAR OS AMINOÁCIDOS Os aminoácidos são as unidades estruturais fundamentais de proteínas e peptídeos. São moléculas orgânicas que apresentam os seguintes grupos químicos comuns a todos eles: um grupo carboxila (COOH), um grupo amino (NH2), um átomo de hidrogênio (H) e um radical ou cadeia lateral (R). Os diversos aminoácidos diferem apenas na natureza química do grupo ligado à cadeia lateral. A maioria dos aminoácidos encontrados em peptídeos e proteínas são moléculas assimétricas. Esses aminoácidos assimétricos (como veremos ao longo do desenvolvimento dessa aula) apresentam configuração absoluta L. Os vinte aminoácidos mais comumente encontrados na estrutura de proteínas são denominados aminoácidos padrões ou primários. Utiliza-se esse termo para diferenciar os aminoácidos primários dos aminoácidos derivados ou especiais. Os aminoácidos derivados ou especiais são formados a partir de reações químicas sofridas por um dos vinte aminoácidos primários. O grupo amino (NH2) de um aminoácido reage com o grupo carboxila (COOH) de outro aminoácido formando uma ligação covalente denominada ligação peptídica. A ligação peptídica une os aminoácidos formando os peptídeos e proteínas. Os peptídeos são pequenas cadeias de aminoácidos enquanto as proteínas são cadeias enormes. ESTRUTURA GERAL DOS AMINOÁCIDOS Os aminoácidos são moléculas orgânicas formadas por um grupo amino (NH2), uma carboxila (COOH), um átomo de hidrogênio (H) e um radical ou cadeia lateral (R), ligados ao átomo de carbono 2 (C-2). O carbono 2 dos aminoácidos é denominado carbono a. Os aminoácidos diferem entre si apenas na natureza do grupo químico das suas cadeias laterais ligados ao carbono a (Figuras 1a e 1b). Os aminoácidos em pH 7,0 são encontrados na forma ionizada, isto é, o grupo carboxila com carga negativa (COO-) e o grupo amino com carga positiva (+NH3). Essa forma ionizada do aminoácido é denominada íon dipolar, íon híbrido ou zwitterion (termo alemão que significa íon híbrido) (Figura 1b). Os vinte aminoácidos mais comumente encontrados em proteínas são denominados aminoácidos primários ou padrões. Esses aminoácidos são produzidos a partir de uma informação genética contida na molécula do DNA. Os carbonos adicionais da cadeia lateral dos aminoácidos são designados pelas letras gregas b, g, d, e, etc., e são assim nomeados a partir do carbono a (Figura 2). O carbono do grupo carboxila (COOH) de um aminoácido é o carbono 1 (C-1), o carbono a é o carbono2(C-2), o carbono â é o C-3,o carbonogoC-4,eassim sucessivamente. ESTEREOQUÍMICA DOS AMINOÁCIDOS A maioria dos aminoácidos como a alanina (cuja cadeia lateral é um grupo metil) apresenta carbono assimétrico, sendo a glicina a única exceção. Como a cadeia lateral da glicina é um átomo de hidrogênio, esse aminoácido apresenta um carbono simétrico. DETERMINAÇÃO DA CONFIGURAÇÃO ABSOLUTA DOS AMINOÁCIDOS Para determinação da configuração absoluta dos aminoácidos o grupo carboxila (COOH) é posicionado na parte superior da molécula, na mesma posição do grupo aldeído (CHO) da molécula de referência (o Gliceraldeído). O grupo amino (NH2) e o átomo de hidrogênio (H) localizam-se no plano horizontal da molécula e a cadeia lateral na parte inferior. Se o grupo amino (NH2) estiver para o lado direito, coincidindo com a mesma posição da hidroxila (OH) do D-Gliceraldeído, diz-se que a configuração do aminoácido é D; se o grupo amino (NH2) estiver para a esquerda, coincidindo com a mesma posição da hidroxila (OH) no L-Gliceraldeído, a configuração será L (Figura 4). A maioria dos aminoácidos encontrados em proteínas apresenta configuração absoluta L, excetuando- se a glicina que não tem carbono assimétrico. DISTINÇÃO ENTRE OS TERMOS CONFIGURAÇÃO ABSOLUTA E DESVIO DA LUZ PLANO POLARIZADA Convém destacar que as letras maiúsculas D e L que antecedem os nomes dos aminoácidos não se referem ao desvio da luz plano polarizada, mas, à configuração absoluta dessas moléculas. Portanto, deve ser evitado o freqüente equívoco de fazer associação entre essas letras e o desvio da luz plano polarizada. Para se referir ao desvio da luz plano polarizada são utilizados os símbolos (+), para dextrorrotatório e (-) para levorrotatório, escritos após as letras D e L, seguido do nome do aminoácido. Por exemplo, aminoácido L (-) serina, apresenta configuração absoluta L e é levorrotatório, enquanto L (+) serina, apresenta configuração absoluta L e é dextrorrotatório. MOTIVOS QUE EXPLICAM A ASSIMETRIA DOS AMINOÁCIDOS A configuração das moléculas enquanto estruturas assimétricas, é explicada por duas razões principais: A enorme diversidade de formas percebidas na natureza somente poderia ser possível com moléculas assimétricas. Se as biomoléculas fossem simétricas, teríamos um mundo pobre em formas, previsível e monótono, enfim, sem a riqueza da diversidade observada na biosfera. As moléculas que entram na composição da matéria viva, na sua grande maioria, não estão isoladas no ambiente celular. Elas interagem entre si e essa interação ocorre com o encaixe de uma molécula em outra através da complementaridade das suas formas. A forma da molécula é determinada por sua estrutura assimétrica e tal configuração é que possibilita a relação de complementaridade que existe entre elas. CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS QUANTO À POLARIDADE DA CADEIA LATERAL (R) Os aminoácidos são classificados de acordo com a polaridade da sua cadeia lateral em apolares (hidrofóbicos ou insolúveis em água), polar neutro (hidrofílico ou solúveis em água), polar com carga negativa (ácido) e polares com carga positiva (básico). Entende- se por polaridade a capacidade de um grupo químico formar pólos elétricos, o que possibilita a esse grupo se solubilizar em água interagindo com ela por pontes de hidrogênio; Os aminoácidos apolares são insolúveis em água por apresentarem em sua cadeia lateral apenas hidrocarboneto. Os aminoácidos polares são solúveis em água porque apresentam em sua cadeias laterais grupos polares como OH, NH e C=O, que fazem pontes de hidrogênio com a água. Os aminoácidos básicos apresentam carga líquida positiva no pH 7,0; enquanto os aminoácidos ácidos apresentam carga líquida negativa no pH 7,0, permitindo a esses aminoácidos formarem uma camada de hidratação quando adicionados à água, revelando, portanto, sua propriedade hidrofílica. AMINOÁCIDOS APOLARES OU HIDROFÓBICOS Os grupos R nesta classe de aminoácidos são apolares ou hidrofóbicos (Figura 5). São formados em sua maioria por hidrocarbonetos. Os aminoácidos dessa classe são L- alanina, L-valina, L-leucina, L-fenilalanina, L- prolina, L-triptofano, L-metionina e L- isoleucina. AMINOÁCIDOS POLARES OU POLARES NEUTROS Os grupos R destes aminoácidos são hidrofílicos, ou solúveis em água. Isso se deve aos grupos funcionais de suas cadeias laterais que formam pontes de hidrogênio com a água. Esta classe de aminoácidos inclui serina, L-treonina, L-cisteína, L-asparagina, L-tirosina, L- gluta- mina e glicina AMINOÁCIDOS POLARES ÁCIDOS (COM CARGA LÍQUIDA NEGATIVA) NO pH 7,0 Os aminoácidos ácidos apresentam grupos R com carga líquida nega- tiva em pH 7,0 que são L-aspartato e L-glutamato. Vale destacar que cada um deles possui na cadeia lateral um segundo grupo carboxila ioni- zado em pH 7,0 AMINOÁCIDOS POLARES BÁSICOS (COM CARGA LÍQUIDA POSITIVA) NO pH 7,0 Os aminoácidos cujos grupos R apresentam carga positiva líquida em pH 7,0 são denominados aminoácidos básicos. Dessa classe fazem parte lisina, arginina e histidina AMINOÁCIDOS AROMÁTICOS Os aminoácidos que apresentam em sua cadeia lateral um grupo fenil ou anel aromático são denominados aminoácidos aromáticos, que são L- tirosina, L-triptofano e L- fenilalanina CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS QUANTO AS SUAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS Levando em consideração o critério nutricional, os aminoácidos sãoclassificados em essenciais e não essenciais. Definem-se os aminoácidos essenciais como aqueles que não são produzidos nas células e, desta forma, devem ser obtidos por meio da alimentação. Os aminoácidos não essenciais são os que podem ser produzidos pelas células. A tabela 2 lista os aminoácidos essenciais e não essenciais. AMINOÁCIDOS DERIVADOS OU ESPECIAIS Os aminoácidos derivados ou especiais são formados a partir de um dos 20 aminoácidos padrões ou primários. Esses aminoácidos resultam de modificações químicas sofridas por um dos aminoácidos primários após a sua produção na célula. A L-cistina é um aminoácido derivado formada a partir da oxidação de duas moléculas de L-cisteína (Figura 10). A oxidação das moléculas orgânicas tanto pode ocorrer com a perda de átomos de hidrogênio como com o aumento de átomo de oxigênio ligado ao carbono. A oxidação da cisteína ocorre com a perda de átomo de hidrogênio do grupo tiol (SH) da cadeia lateral. O aminoácido g-carboxiglutâmico, cuja função é ligar o cálcio, é en-contrado na proteína da coagulação sangüínea, a protrombina. O amino- ácido 4-hidroxiprolina, derivado da prolina, e a 5-hidroxilisina, derivado da lisina, são encontrados no colágeno que é uma proteína fibrosa com uma função estrutural. 6-N-metilisina é encontrado na miosina, proteína que atua na contração muscular (Figura 11). Desmosina e isodesmosina são aminoácidos derivados formados a partir da reação de quatro moléculas de lisina. A elastina, uma proteína de propriedade elástica, é rica em desmosina e isodesmosina. Esses ami- noácidos têm importância fundamental na atividade biológica dessa pro- teína, pois são eles que conferem a ela elasticidade, uma vez que esses aminoácidos interligam cadeias polipeptídicas. → Classificação dos aminoácidos Os aminoácidos são agrupados, geralmente, de acordo com as características de suas cadeias laterais. De acordo com essas características, podemos dividi-los em: • Aminoácidos com cadeias laterais apolares; • Aminoácidos com cadeias laterais polares; • Aminoácidos ácidos (aminoácidos que possuem cadeias laterais com carga negativa devido à presença de grupos carboxila); • Aminoácidos básicos (aminoácidos que possuem o grupo amino nas cadeias laterais). • PEPTÍDEOS • Os peptídeos são cadeias pequenas de aminoácidos formadas a partir da reação dos aminoácidos. Nessa reação, o grupo carboxila de um ami- noácido reage com o grupo amino de um outro aminoácido, produzindo uma ligação covalente denominada ligação peptídica (Figura 12). Uma unidade de aminoácido na cadeia polipeptídica é denominada resíduo devido à perda de uma hidroxila pelo grupo carboxila de um aminoácido e a eliminação de um átomo de hidrogênio pelo grupo amino. NOMENCLATURA DOS RESÍDUOS DE AMINOÁCIDOS NA CADEIA PEPTÍDICA A extremidade de uma cadeia polipeptídica que contém o grupo amino corresponde ao primeiro resíduo de aminoácido e a que contém o grupo carboxila corresponde ao último resíduo de aminoácido. Os resíduos de aminoácidos na cadeia polipeptídica são nomeados por substituição do sufixo ina do nome do aminoácido corres- pondente por il, como serina, que passa a ser denominada seril e glicina de glicil. Aminoácidos como tirosina, são nomeados apenas por substituição da letra a por il, portanto, tirosinil. O último amino- ácido de uma cadeia polipeptídica é nomeado sem qualquer altera- ção no seu nome. O peptídeo Ser·Gly·Ala·Val·Phe·Met·Ala formado por 7 resíduos de aminoácidos, quais sejam: serina, glicina, vali- na, fenilalanina, metionina e alanina é nomeado serilglicilalanilvalil- fenilalanilmetionilalanina. NOMENCLATURA DOS PEPTÍDEOS Os peptídeos que apresentam até dez resíduos de aminoácidos, são nomeados empregando os prefixos di, tri, tetra, penta, hexa, hepta, octa, nona e deca ao nome peptídeo. Por exemplo: o peptídeo formado por dois aminoácidos é denominado dipeptídeo; o que é formado por três, tripeptídeo; por quatro, tetrapeptídeo; por cinco, pentapeptídeo, etc. Para os peptídeos que apresentam mais de dez resíduos de aminoácidos utilizamos os termos oligopeptídeos ou polipeptídios. PEPTÍDEOS DE OCORRÊNCIA BIOLÓGICAS A tabela 3 traz exemplos de alguns peptídeos com importantes atividades biológicas como os dipeptídeos carnosina e anserina que atuam como tampões. Os tampões são misturas de ácidos e bases fracos que atuam no tamponamento do pH, ou seja, atuam evitando variações no valor de pH tanto para valores ácidos como básicos. Esses dipeptídeos atuam tamponando o pH de células musculares. O tripeptídeo glutationa atua como um antioxidante, evitando a oxidação de moléculas orgânicas e de metais, como o íon F2+ que pode ser oxidado a Fe. O aspartame é um dipeptídeo formado por fenilalanina e aspartato. O aspartame é um adoçante de baixa caloria, obtido por processos indus- trializados, é bastante utilizado em dietas de emagrecimento. Dois aminoácidos ligados formam um dipeptídeo. Três um tripeptídeo, quatro um tetrapeptídeo, cinco um pentapeptídeo, e assim por diante. Poucos aminoácidos unidos formam um oligopeptídeo, muitos aminoácidos unidos formam um polipeptídeo. A diferença entre um polipeptídeo e uma proteína é a massa molecular. Com uma massa molecular abaixo de 10.000 temos um polipeptídeo, acima de 10.000 temos uma proteína. Não existe correlação entre o comprimento de um peptídeo e sua atividade biológica. Peptídeos de ocorrência natural podem variar em comprimento de dois a muitas centenas de resíduos de aminoácidos, mas mesmo os menores peptídeos podem apresentar importantes efeitos biológicos. CONCLUSÃO Os aminoácidos são as unidades estruturais formadoras dos peptídeos e proteínas. Os vinte aminoácidos comumente encontrados nessas moléculas são alfa aminoácidos formados por um grupo amino, uma carboxila, um átomo de hidrogênio e uma cadeia lateral. Esses aminoácidos são denominados padrões ou primários e apresentam uma configuração absoluta L, com exceção da glicina (que é o único aminoácido que não apresenta carbono assimétrico). Os aminoácidos primários se classificam de acordo com a polaridade da cadeia lateral em apolar (ou hidrofóbico), polar neutro (ou hidrofílico), polar com carga positiva e polar com carga negativa (ou ácido). Os grupos amino e carboxila desses aminoácidos reagem em uma reação de desidratação (eliminação de água) formando os peptídeos (que são pequenas cadeias de aminoácidos) e as proteínas (grandes cadeias de aminoácidos). RESUMO Os aminoácidos são moléculas orgânicas formadas por um grupo carboxila, um grupo amino, um átomo de hidrogênio e um radical ou ca- deia lateral. São as unidades estruturais das proteínas e peptídeos. Os 20 aminoácidos comumente encontrados na estrutura de proteínas são de- nominados aminoácidos padrões ou primários. A maioria dos aminoáci- dos tem seus nomes terminados com o sufixo “ina”, como: prolina, glici- na, alanina asparagina, etc. Outros têm nomes terminados em “ano”, como o triptofano e em “ico”, como o ácido aspártico e o ácido glutâmico. A maioria dos aminoácidos encontrados em proteínas apresenta configura- ção absoluta L, excetuando-se a glicina que não tem carbono assimétrico. Os aminoácidos são classificados de acordo com a polaridade da sua ca- deia lateral em apolar (hidrofóbico), polar neutro (hidrofílico), polar com carga negativa (ácido) e polar com carga positiva (básico). A cadeia late- ral dos aminoácidos apolares é formada por hidrocarbonetos ou átomos com valores de eletronegatividade próximos do carbono e hidrogênio como alanina, valina, leucina, fenilalanina, prolina, triptofano, metionina e iso- leucina. Os aminoácidos polares ou polares neutros apresentam grupos R solúveis em água como serina, treonina, cisteína, asparagina, tirosina, glutamina e glicina. Os aminoácidos básicos apresentam grupos R com carga positiva líquida em pH 7,0 como lisina, arginina e histidina e os ácidos têm grupos R com carga líquidanegativa como aspartato e gluta- mato. Os aminoácidos essenciais não são produzidos nas células e devem ser obtidos da alimentação. Os aminoácidos não essenciais são produzi- dos pelas células. Os aminoácidos derivados ou especiais são formados a partir de modificações químicas sofridas por um dos 20 aminoácidos pri- mários após a síntese da cadeia polipeptídica. Os peptídeos são cadeias pequenas de aminoácidos, que podem ser formados pela reação dos aminoácidos ou pela hidrólise de proteínas. O grupo carboxila de um aminoácido reage com o grupo amino de um outro aminoácido, produzindo uma ligação covalente denominada ligação peptídica. Os peptídeos que apresentam até dez resíduos de aminoácidos, são nomeados empregando os prefixos di, tri, tetra, penta, hexa , hepta, octa, nona e deca ao nome peptídeo. Para os peptídeos que apresentam mais de dez resíduos de ami- noácidos, utilizam-se os termos oligopeptídeos ou polipeptídios. PROTEÍNAS Proteínas são polímeros de aminoácidos, unidos por ligação covalente do tipo amida denominada ligação peptídica. Uma proteína contém mais de 100 resíduos de aminoácido o que equivale a uma massa molar superior a 10.000g/mol. As proteínas exercem as mais diferentes funções num organismo, como, por exemplo, a luciferina do vagalume que emite luz através de uma reação química, a hemoglobina que é a proteína transportadora de oxigênio ou a queratina que forma os cabelos, unhas e chifres dos animais. As proteínas, assim como os polissacarídeos são polímeros de peso molecular geralmente muito elevado. Elas estão presentes em todos os organismos vivos, onde atuam em diferentes papéis. Dentre eles podemos destacar: Proteínas estruturais: Muitas proteínas constituem estruturas de suporte que fornecem proteção ou resistência a estruturas biológicas. É o exemplo do colágeno, presente em tecidos de sustentação como cartilagens, pele, ossos e dentes e da queratina, presente no cabelo, nos pêlos e nas unhas. Proteínas transportadoras: Essas proteínas são muito úteis no transporte de íons e moléculas de um órgão para outro. É o caso da hemoglobina, que transporta oxigênio do pulmão para os tecidos e das lipoproteínas, transportadoras de lipídeos entre o intestino, o fígado e o tecido adiposo. Proteínas de defesa: Defendem os organismos contra a invasão de outras espécies ou os protegem de ferimentos. Compreendem a trombina e o fibrinogênio, indispensáveis no processo de coagulação sangüínea e os anticorpos. Proteínas nutrientes: Muitas sementes (de milho, trigo e arroz, por exemplo), armazenam proteínas que servem como nutriente para o vegetal. A ovoalbumina, principal proteína do ovo e a caseína, proteína do leite, também pertencem a essa classe. Enzimas: As enzimas constituem uma classe muito especial de proteínas e assumem grande importância na área de alimentos. Pertencentes ao conjunto mais numeroso e variado de proteínas, as enzimas são moléculas que aceleram (catalisam) reações que, sem ela, ocorreriam muito lentamente no organismo. Um exemplo bastante fácil de ser compreendido é o da amilase salivar, presente na saliva e responsável pelo início da digestão do amido proveniente dos alimentos. Estrutura das proteínas: Estrutura primária: Sequência de aminoácidos unidos por ligações peptídicas, terminal amino e carboxila com números variáveis de resíduos de aminoácidos. Estrutura secundária: No arranjo mais simples proposto por Pauling e Corey, a cadeia polipeptídica enrolava-se sobre si mesma, na forma de um espiral. Essa conformação ficou conhecida como alfa-hélice e ela é formada pelo estabelecimento de interações do tipo ponte de hidrogênio entre o H do grupo amino (-NH) e o O da carbonila (C = O). A estrutura helicoidal permite uma utilização mais eficiente das pontes de hidrogênio internas, o que faz com que essa conformação seja a mais abundante. Todas as ligações peptídicas participam em tais pontes de hidrogênio. Apesar disso, nem todos os polipeptídeos podem formar uma alfa-hélice estável. Isso porque a cadeia lateral dos aminoácidos (os grupos R) pode influenciar nessa estabilidade. Por exemplo: se uma cadeia polipeptídica apresentar muitos resíduos de lisina e/ou arginina próximos uns dos outros, os grupos R positivamente carregados desses aminoácidos repelir-se-ão mutuamente, impedindo a formação da alfa-hélice. Apesar de a alfa-hélice ser a estrutura secundária mais simples, existem outras conformações possíveis. Um outro modelo que merece destaque é a beta conformação ou beta pregueada (figura abaixo). Esse nome deve-se à semelhança dessa estrutura com uma folha de papel dobrada em ziguezague. Nessa conformação, também são formadas pontes de hidrogênio, mas essas podem ser estabelecidas entre átomos de uma mesma molécula (intracadeia), como na alfa-hélice, ou entre átomos de cadeias polipeptídicas diferentes (intercadeia). ESTRUTURA TERCIÁRIA DAS PROTEÍNAS As ligações peptídicas não são os únicos componentes das proteínas a interagir entre si: os grupos constituintes das cadeias laterais (R) também apresentam essa capacidade. A diferença é que as cadeias laterais, além das pontes de hidrogênio, também utilizam outros tipos de força intermolecular. Assim, temos: Pontes de hidrogênio: ocorrem entre um átomo de H de um grupo hidroxila (-OH) proveniente de um aminoácido específico e o O da carbonila (C = O) de outro aminoácido. Ligações hidrofóbicas (ou forças de Van der Waals): ocorrem entre cadeias apolares de aminoácidos como Leu, Ile, Ala, Val e Fen. Imagine que uma proteína rica nesses aminoácidos de cadeia lateral apolar estivesse em meio aquoso. O que aconteceria? Nos pontos da cadeia onde ocorrem as interações hidrofóbicas a cadeia sofre uma "dobra para dentro", visando impedir o contato desse ponto com a água. Pontes salinas ou interações iônicas: interação devida à atração entre porções carregadas* de sinais opostos presentes nos grupos laterais de dois aminoácidos. * De onde vem essas cargas? Se você der uma olhada na tabela de aminoácidos, verá que alguns apresentam características ácidas, o que quer dizer que, em água, o grupo -COOH perderá seu H, formando -COO-. Em contrapartida, o grupo -NH2 de aminoácidos de cadeia lateral básica têm tendência de receber um H, quando em água, e formar o íon - NH3+. Pontes de enxofre ou ligações dissulfeto: o aminoácido cisteína possui grupamentos tiol (-SH) em sua cadeia lateral. Dois resíduos de cisteína podem, assim, interagir originando uma ligação -S-S-, característica da molécula de cistina (dipeptídeo da cisteína). As pontes dissulfeto são, aproximadamente, 10 vezes mais fortes que as citadas acima. O aumento no número de possibilidades de interação faz com que a proteína "dobre-se" ainda mais. Essa nova estrutura, mais enovelada, é denominada estrutura terciária. Uma mesma estrutura terciária pode apresentar mais de um tipo de estrutura secundária A estrutura terciária pode ser formada por vários tipos de estrutura secundária. Veja o exemplo da lisozima, proteína presente nas lágrimas, que confere proteção ao ataque microbiano: as regiões em vermelho correspondem à estrutura em alfa-hélice, enquanto as regiões em azul são cadeias polipeptícas em conformação beta-pregueada. Estrutura terciária da lisozima Essa é a estrutura terciária da glicose-isomerase. Observe que ela também é formada a partir da associação de alfa-hélices e folhas beta-pregueadas. Estrutura terciária da glicose-isomerase A estrutura terciária refere-se à estrutura tridimensional total das proteínas e não é totalmente rígida. Como podemos perceber, a diferença entre as estruturas secundária e terciária é muito clara. Enqüanto a secundária deve-se às pontes de hidrogênio estabelecidas entre aminoácidos relativamente próximos entre si, a terciária se deve às interações entre os grupos laterais, freqüentemente entre aminoácidos situados a uma certa distância na estrutura primária. E são justamenteessas interações que fazem com que as gigantescas moléculas protéicas enrolem-se e permaneçam dessa forma, essencial para o bom desempenho de sua atividade biológica. Você pode estar pensando que, diante de tantas mudanças conformacionais, a estrutura primária de uma proteína não é importante. MUITO PELO CONTRÁRIO!!! As propriedades características de uma proteína são decorrência da sua estrutura primária, uma vez que ela é que define as estruturas secundária e terciária. Esquema de estrutura quaternária Existem algumas proteínas que possuem mais de uma cadeia peptídica. Sendo que cada cadeia apresenta uma estrutura primária, secundária e terciária característica, dizemos que a proteína formada por mais de uma cadeia é formada por subunidades. Nesse contexto, denomina-se estrutura quaternária o arranjo espacial resultante da união de duas ou mais cadeias protéicas que formam uma proteína. As subunidades unem-se através das mesmas forças intermoleculares citadas anteriormente, com destaque especial para as interações hidrofóbicas e excetuando as ligações covalentes. A insulina, a quimiotripsina e a hemoglobina são exemplos de proteínas que apresentam estrutura quaternária. A figura ao lado representa, esquematicamente, uma estrutura quaternária. Observe que há dois tipos de cadeia polipeptídica, constituindo duas subunidades. A configuração espacial final das proteínas (estrutura terciária ou quaternária) é constante e determinante das funções biológicas por elas exercidas. As proteínas globulares são esferas compactas e irregulares resultantes do enovelamento da cadeia polipeptídica. São bastante solúveis em água e possuem funções diversificadas. A mioglobina e a hemoglobina são exemplos. As proteínas fibrosas são proteínas de formato cilíndrico, apresentam baixa solubilidade em água e possuem funções estruturais. (p.ex.: colágeno e queratina). O colágeno é pouco solúvel em água; apresenta uma tripla hélice estabilizada por pontes de hidrogênio. Com uma sequência repetida de glicina, prolina e hidroxiprolina. Possuindo também ligações cruzadas covalentes de alisinas que aumentam a sua resistência tensional. A formação de hidroxiprolina e hidroxilisina requer vitamina C. Abaixo um exemplo da estrutura do colágeno, uma proteína fibrosa. Desnaturação Protéica: A exposição de proteínas a pH extremos ou temperaturas elevadas, mesmo por períodos curtos, faz com que a maioria delas apresentem modificações físicas em sua conformação tridimensional e em sua função fisiológica, processo conhecido como desnaturação. Desta forma, a perda da configuração espacial modifica completamente sua função, podendo até significar a destruição da proteína. Fisiologicamente, condições extremas de desnaturação protéica são obtidas com variação brusca acima de 50oC e pH abaixo de 5,0, ambas condições incompatíveis com a vida. Desta forma, o desenovelamento protéico em hipertermia ou acidoses leva a diminuição ou até perda da função protéica, mas que se mostra reversível quando cessa a causa da variação de temperatura e/ou pH. Este processo de renaturação, entretanto não é visualizado em condições experimentais extremas onde a desnaturação protéica é irreversível. Proteínas conjugadas Muitas proteínas apresentam em sua composição, moléculas não protéicas ligadas de forma covalente ou não aos aminoácidos das proteínas, denominados, genericamente, de grupo prostético. A hemoglobina (Figura 1-15) é uma proteína conjugada cujo grupamento prostético são quatro grupamentos hemes (Figura 1-17) que se ligam de forma não covalente às cadeias peptídicas. Um grupo importante de proteínas conjugadas são as glicoproteínas que estão presentes na superfície celular (p.ex.: mucina), fazem parte de proteínas estruturais (p. ex.: o colágeno), são hormônios (p.ex.: glucagon) ou receptores de membrana. A glicose liga- se de maneira irreversível a uma fração da hemoglobina (hemoglobina glicada) e permite a monitoração da concentração de glicose plasmática (glicemia) até 120 dias (vida média da hemoglobina) antes da coleta de sangue. Outra fração de glicose fixa-se à albumina formando as frutosaminas que, à maneira da hemoglobina glicada, monitora a glicemia anterior da coleta em até 30 dias (vida média das albuminas). As lipoproteínas são importantes transportadoras dos lipídios plasmáticos, principalmente os triglicerídeos e o colesterol. De acordo com a variação das lipoproteínas pode-se avaliar o risco para doenças cardíacas coronarianas. Transcrição: copia de um molde do DNA pela RNA polimerase. Um fragmento do DNA se transcrito: o gene. PROCARIOTO: as consequências genicas são comandadas apenas por um promotor, enquanto que no EUCARIOTOS apresentam um promotor para cada gene, com sequencias genicas e intergenicas – exons e introns. O dna possui duas fitas, assim, a escolha da fita molde depende da localização e orientação do promotor. Podendo ser utilizada ambas as fitas. Fita codificadora: copia do RNA transcrito com exceção da timina. Fita molde: fita na qual a RNA polimeralise será utilizada para sua transcrição. SÍNTESE DE PROTEÍNAS – TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO O Dogma Central da Biologia No final de 1953, os pesquisadores adotaram como hipótese de trabalho a idéia de que o DNA atuaria como molde para a síntese do RNA,cujas moléculas,nos eucariontes,migrariam para o citoplasma onde iriam determinar o arranjo dos aminoácidos nas proteínas. Este esquema para o fluxo de informação genética, abaixo esquematizado, foi denominado dogma central da Biologia, por Francis Crick em 1956. As Classes de RNA Alguns autores agrupam os tipos de RNA em duas classes gerais, sendo uma a que contém a informação genética para a síntese de proteína, o RNA mensageiro (RNAm). As demais classes de RNA são chamadas de RNA funcionais, pois essas moléculas exercem suas funções biológicas na forma de RNA, ou seja, o próprio RNA é o produto funcional final. São muitos os tipos de RNA funcional. Os mais conhecidos são o RNA ribossômico (RNAr) e o RNA transportador (RNAt). Como veremos a seguir, as moléculas de RNAr são importantes constituintes estruturais e componentes catalíticos do ribossomo, atuando no processo de síntese de proteína. Os RNAt transportam aminoácidos do citoplasma para o RNAm nos ribossomos, no processo de tradução.Alguns outros RNA participam do processo de recomposição (splicing) do RNAm e são chamados de pequenos RNA nucleares (snRNA). As demais classes de RNA, mais recentemente descobertas, como por exemplo, microRNA, curtos RNA de interferência (siRNA) e RNA longos não codificadores (lncRNA) são importantes na regulação da expressão gênica e na inibição da atividade de elementos de transposição. As Polimerases do RNA As polimerases do RNA são enzimas que catalisam a síntese de RNA tendo como molde uma fita de DNA. Esse processo é denominado de transcrição. Ao contrário das DNA polimerases, as polimerases do RNA são capazes de iniciar uma nova cadeia de RNA a partir de um molde de DNA, sem precisar de iniciador (primer). Os procariontes possuem apenas um tipo de polimerase do RNA, enquanto os eucariontes possuem três. As polimerases do RNA são, em geral, moléculas complexas formadas por múltiplas cadeias polipeptídicas e têm massa ao redor de 500 mil Dalton. A polimerase do RNA das bactérias O núcleo enzimático da polimerase do RNA de E. coli contém quatro tipos de subunidades, alfa (α), beta (β), beta' (β') e ômega (ω), sendo a subunidade alfa presente em duas cópias.A enzima completa, ou seja, a holoenzima, pode ser separada em dois componentes, um núcleo enzimático (do inglês core), responsável pela polimerização dos ribonucleotídeos trifosfatados (que inclui as cinco unidades descritas acima), e o fator sigma (σ), necessário apenas para o reconhecimento do local de início da transcrição. A parte central (núcleo enzimático) da RNA polimerase é capaz de iniciar a transcriçãoin vitro em qualquer ponto de uma molécula de DNA. Porém, nas células, ela só inicia a transcrição no local correto, ou seja, nos promotores, se o fator sigma estiver presente. Quando uma cadeia de RNA alcança cerca de 8-10 bases, o fator sigma se desprende do núcleo enzimático da polimerase, o qual continua a síntese do RNA tendo o DNA como molde (Fig. 3). As polimerases do RNA dos eucariontes Embora o mecanismo de transcrição nos eucariontes seja basicamente o mesmo que nos procariontes (Figura 3), a maquinaria de síntese de RNA nas células nucleadas é consideravelmente mais complexa do que nas bactérias. Nos eucariontes há três tipos de polimerase do RNA, cada uma delas responsável pela transcrição de um conjunto específico de genes. Essas enzimas são estruturalmente semelhantes entre si e são denominadas polimerases I, II e III do RNA. Todas elas são mais complexas que a polimerase do RNA procariótica, sendo formadas por no mínimo 12 subunidades, sendo que algumas das subunidades são comuns a todas elas. Enquanto a polimerase do RNA de E. coli é capaz de reconhecer e se ligar ao sítio promotor, iniciando a transcrição, as polimerases do RNA dos eucariontes necessitam da ajuda de várias proteínas adicionais chamadas fatores de transcrição basais ou fatores gerais de transcrição (GTFs), as quais devem estar previamente ligadas ao promotor para possibilitar o posicionamento correto da polimerase e a iniciação eficiente da transcrição. A polimerase II transcreve os genes cujos RNAs serão traduzidos em proteínas (RNAm), precursores de microRNA e lncRNA.As outras duas polimerases transcrevem os genes correspondentes a moléculas de RNA que têm função estrutural ou catalítica, como as que fazem parte da maquinaria de síntese de proteínas (RNA funcionais).A polimerase I sintetiza a molécula precursora de três dos quatro tipos de RNAr (28S,18S e 5,8S) e a polimerase III sintetiza o RNAr 5S, os RNAt e uma grande variedade de snRNA. As células contêm grande quantidade de moléculas de polimerase do RNA. As de mamífero, por exemplo, contêm entre 20.000 e 40.000 moléculas de cada uma das polimerases do RNA, sendo que suas concentrações são reguladas individualmente de acordo com a taxa de crescimento da célula. A Transcrição do RNA A transcrição do DNA em moléculas de RNA é um processo altamente seletivo, pois apenas uma pequena porção dos genes é copiada em RNA em um dado momento. Essa seletividade é de importância fundamental, uma vez que a transcrição é o primeiro estágio da expressão gênica e o passo principal em que essa expressão é controlada. O passo inicial na regulação de um gene, e às vezes o único, é a decisão se ele será transcrito ou não. O processo de transcrição é baseado na complementaridade de bases. A síntese de RNA ocorre dentro da chamada bolha de transcrição, uma estrutura na qual cerca de 18 pares de bases do DNA são temporariamente separados e uma das fitas da dupla hélice serve como molde para o RNA que está se formando. À medida que a polimerase do RNA se move, a bolha de transcrição move-se com ela, e a cadeia de RNA aumenta em tamanho. Após a passagem da polimerase, a cadeia de RNA se solta de seu molde e as duas cadeias do DNA voltam a se emparelhar, restabelecendo as pontes de hidrogênio rompidas durante a transcrição (Fig. 4). O processo de transcrição tem início quando a polimerase do RNA liga-se a uma sequência especial de DNA, denominada promotor, localizada no início de um gene. Nessa sequência de bases existe uma região especial, denominada sítio de iniciação, que contém a primeira base do DNA a ser transcrita em RNA (chamada de +1). A partir desse ponto, a polimerase do RNA move-se ao longo do molde, sintetizando RNA, até alcançar uma sequência de terminalização da transcrição. A sequência de DNA transcrita em uma única molécula de RNA, que teve início no promotor e término na região terminalizadora, constitui uma unidade de transcrição. Nos eucariontes uma unidade de transcrição é, em geral, composta por um único gene. Já nos procariontes, uma unidade de transcrição contém, em geral, instrução para a síntese de diversas cadeias polipeptídicas, ou seja, contém vários cistrons. O RNA codificado por tal unidade de transcrição é denominado policistrônico. Terminologia referente à transcrição Consideremos a transcrição de um segmento de DNA que corresponde a um gene. As duas cadeias da dupla-hélice do DNA se separam e uma das cadeias separadas atua como molde para síntese do RNA. Em um cromossomo, em geral, ambas as cadeias do DNA podem ser usadas como molde, mas em um determinado gene, apenas uma das cadeias é a utilizada como molde e, para esse gene, será sempre essa cadeia. Em outro gene, a outra cadeia pode ser utilizada como molde Desse modo, em um gene, a cadeia do DNA que possui a mesma sequência de bases do RNA, exceto por possuir T ao invés de U, é denominada cadeia de código (coding strand). A outra cadeia do DNA, que serviu de molde para a síntese do RNA, é chamada cadeia molde (template strand). Assim, a sequência do RNA é a mesma da fita molde do DNA (Fig. 6). É uma convenção que a sequência nucleotídica dos genes publicada em trabalhos científicos e depositada em bancos de dados tenha a sequência nucleotídica escrita como se apresenta na cadeia de código. Início da transcrição A transcrição tem início quando um primeiro nucleotídeo trifosfatado é posicionado sobre a cadeia molde de DNA, por ação da polimerase do RNA. A polimerase do RNA permanece ligada à região promotora enquanto são adicionados os primeiros nucleo- tídeos da cadeia de RNA sendo sintetizada. Essa fase pode ser prolongada pela ocorrência de eventos abortivos, nos quais a enzima sintetiza transcritos de tamanho inferior a dez nucleotídeos. Essa fase inicial, chamada fase de iniciação, termina quando a polimerase consegue estender a síntese além desse tamanho e prossegue para a fase de alongamento (Figura 9). Fase de alongamento Após a síntese de cerca de nove a dez nucleotídeos da molécula de RNA, a subunidade sigma da polimerase do RNA dissocia-se e diversos fatores de alongamento se associam à polimerase, que passa a se deslocar ao longo do DNA, alongando a molécula de RNA. Essa é a fase de alongamento À medida que a polimerase do RNA se move ao longo do DNA, ela desenrola a hélice, expondo um novo segmento da cadeia molde. Os nucleotídeos vão sendo covalentemente unidos à extremidade 3’ da cadeia de RNA em crescimento, formando um híbrido DNA/RNA na região desenrolada do DNA. Esse híbrido tem uma extensão de cerca de oito ou nove nucleotídeos da cadeia crescente de RNA. Imediatamente atrás do local onde está ocorrendo a síntese, após a polimerase passar, a região do DNA já copiada volta a se emparelhar, refazendo a dupla hélice. O RNA, que vai se soltando do DNA, emerge finalmente como uma fita simples e livre. A velocidade de síntese do RNA foi estimada em cerca de 40 nucleotídeos por segundo a 37°C, para a poli- merase de bactéria. Essa síntese se dá, como no caso do DNA, pelo ataque nucleofílico da extremidade 3’OH do último nucleotídeo incorporado sobre a ligação do fosfato alfa de um ribonucleotídeo 5’ trifosfatado emparelhado à cadeia molde de DNA. O nucleotídeo a ser incorporado perde seus dois grupos fosfatos terminais, liberados na forma de pirofosfato. A etapa final da transcrição, chamada fase de término, envolve o reconhecimento de uma sequência sinaliza- dora, que indica que a transcrição deve parar. Quando a última base é adicionada ao RNA, a bolha de transcrição colapsa e o híbrido DNA/RNA é desfeito, as duas cadeias do DNA finalizam seu emparelhamento e o RNA e a enzima se soltam (Fig. 9). A sequência de DNA que sinaliza o término da transcrição é chamada região terminalizadora. O término da transcrição Na bactéria E. coli há dois mecanismos básicos de término de transcrição, ou seja, dois tipos de termina- dores. No primeirodeles, a terminação é direta (intrínsica) e a sequência de DNA que sinaliza o término da transcrição contém cerca de 40 bases, sendo que na extremidade 3’ desta sequência nucleotídica existe um segmento rico em C e G, seguido por seis ou mais timinas. No RNA transcrito, a sequência rica em C e G fica arranjada de modo a que a molécula de RNA possa formar, nessa região, uma alça em forma de grampo de cabelo (hairpin). Na molécula de RNA, essa alça é seguida por uma série de Us que são complementares aos resíduos de adenina da cadeia molde de DNA. A estrutura em forma de grampo, juntamente com a sequência de Us, provoca a parada e o desprendimento da polimerase do RNA com consequente término da transcrição (Fig. 10). Supõe-se que o grampo empurre a polimerase para a frente do RNA e do DNA e contribua para dissociar o RNA transcrito da polimerase. O segundo tipo de término da transcrição tem a participação de uma proteína denominada fator Rho e é por isso chamado de dependente de Rho. Esse fator rho é uma proteína com aproximadamente 40 mil Daltons, mas atua na forma de um hexâmero com 275 mil Daltons. Essa proteína em forma de anel tem seis unidades idênticas e se liga ao RNA de fita simples assim que ele deixa a RNA polimerase.Acredita-se que o fator rho se ligue à molécula nascente de RNA em sítios com sequências específicas, chamados de sítios rut (Fig. 11). Esses sítios consistem em segmentos de cerca de 40 nucleotídeos que permanecem como fita simples no RNA. Há duas hipóteses sobre como o fator rho atua: ou ele empurra a polimerase para frente, liberando o RNA transcrito da polimerase ou induz uma modificação conformacional na polimerase, levando-a a pausar. Em eucariontes, diferenças Uma diferença importante na iniciação eucariótica, quando comparada à procariótica, é a necessidade de ligação ao DNA de várias proteínas na região promotora, antes que a RNA polimerase possa se ligar. A polimerase não se liga diretamen- te ao DNA, mas liga- se a essas proteínas, somente depois que elas estiverem posicionadas corretamente na região promotora. Essas proteínas são fatores de transcrição basais ou fatores gerais de transcrição (GTFs). Seu papel é de atrair a RNA polimerase II e posicioná-la no local correto onde deve ocorrer o início da transcrição.TFIIA,TFIIB são os nomes de alguns desses GTFs. Os GTFs acoplados à RNA polimerase constituem o chamado complexo de pré-iniciação. Esse complexo pode ser muito grande, pois é constituído de vários GTFs, cada um cor- respondendo a um complexo multiproteico, além do núcleo de RNA polimerase. Os RNA que contêm a informação para a síntese de proteínas são denominados RNA mensageiros (RNAm). Há importantes dife- renças nos detalhes da síntese e da estrutura dos RNA mensageiros de pro e eucariontes. Nos procariontes, o RNAm é transcrito e traduzi- do no único compartimento celular e os dois processos ocorrem acopladamente. Na célula eucarionte, a síntese e a maturação dos RNAm ocorrem exclusivamente no núcleo. Apenas quando o RNAm está maduro ele é exportado para o citoplasma e traduzido. Diferenças significativas na tradução dos RNAm de bactérias e de eucariontes são devidas a suas características estruturais e estabilidade. A diferença estrutural é que o RNAm de bactérias frequentemente codifica para várias proteínas, sendo chamado de policistrônico, enquanto o RNAm de eucariontes, na maioria dos casos, codifica para apenas uma cadeia polipeptídica, sendo chamado monocistrônico (Fig. 14). Uma diferença funcional é que o RNAm de bactérias geralmente é instável, e é por isso traduzido em proteínas durante um período de tempo muito curto, tipicamente poucos minutos. O RNAm dos eucariontes é mais estável e pode continuar a ser traduzido por várias horas ou mesmo dias. São necessárias várias reações para produzir o RNA mensageiro maduro dos eucariontes.As moléculas mensageiras recém-sintetizadas pela polimerase II são denominadas transcritos primários.A população de tais transcritos no núcleo foi originalmente denominada RNA heterogêneo nuclear (RNAhn), por causa da grande variação em tamanho que apresentava, contrastando com os RNAs mais uniformes e de menor tamanho realmente necessários para codificar uma proteína. Muita dessa variação em tamanho no RNA recém-sintetizado é devida à presença de longas sequências de nucleotídeos, denominadas íntrons, porque estão intercalalados na sequência codificadora, a qual será expressa, formando blocos chamados éxons. Íntrons serão retirados do transcrito primário em um processo denominado splicing (recomposição). Além disso, outras reações importantes como a adição de uma extremidade 5 ĆAP e da cauda de poli-A são fundamentais ao funcionamento do RNAm maduro (Fig. 14). Tem sido usado o termo processamento para descrever o conjunto de modificações co-transcricionais aos quais os transcritos primários são submetidos (adição de 5’-CAP, de cauda de Poli-A e splicing). Essas modificações que ocorrem no RNA são chamadas co-transcricionais, pois ocorrem imediatamente e simultamente à transcrição do RNAm. A cauda CTD da polimerase eucariótica tem um papel central na coordenação dos eventos de processamento. Essa cauda tem sequência repetidas de sete aminoácidos que são sítios de ligação para proteínas importantes para a adição do CAP, para o splicing, clivagem e poliadenilação do RNAm. O estado de fosforilação de resíduos específicos da cauda CTD determina qual reação vai ocorrer com o RNAm a cada momento. Íntrons são removidos do pré-RNAm no splicing Para a produção de um RNA mensageiro em células eucarióticas, o segmento inteiro do gene, incluindo íntrons e éxons, é primeiramente transcrito em uma longa molécula de RNA, o transcrito primário ou pré-RNAm. Antes que o RNA deixe o núcleo, todas as sequências correspondentes aos íntrons são retiradas e os éxons são unidos entre si. O resultado é uma molécula mais curta de RNA, que agora contém uma sequência codificadora ininterrupta. Quando esse passo, denominado splicing do pré-RNAm, é completado, temos uma molécula de RNAm maduro, funcional, que pode deixar o núcleo e ser traduzida em proteínas. Como a célula determina quais as partes do transcrito primário devem ser removidas? Diferentemente da sequência de código de um éxon, a sequência exata de nucleotídeos da maioria dos íntrons parece não ser importante para a célula. Embora haja pouca semelhança entre as sequências de nucleotídeos de íntrons diferentes, cada íntron contém uma curta sequência de nucleotídeos que é importante para sua remoção (Fig. 15). A existência do splicing do pré-RNAm em eucariotos acarreta uma vantagem muito importante. Os transcritos primários de vários genes eucarióticos podem sofrer splicing de diferentes maneiras para produzir diferentes RNAm (transcritos variáveis), às vezes, dependendo do tipo de célula no qual o gene está sendo expresso ou do estágio de desenvolvimento do organismo. Como consequência, diferentes proteínas podem ser produzidas a partir do mesmo gene (Fig. 18), denominadas isoformas proteicas, caracterizando o processo chamado de splicing alternativo. A Síntese de Proteínas O RNA e a Síntese de Proteínas As proteínas constituem mais da metade da massa seca total de uma célula e sua síntese tem uma importância fundamental para a manutenção e o crescimento celulares.A síntese de proteínas ocorre nos ribossomos e envolve vários tipos de moléculas de RNA que atuam nas diversas etapas do processo. Inicialmente, uma molécula de RNA mensageiro (RNAm) deve ser sintetizada a partir de uma das cadeias do DNA que codifica para a proteína. No citoplasma, moléculas de cada um dos 20 aminoácidos que entram na composição das proteínas devem se unir a seus respectivos RNA transportadores (RNAt).As subunidades ribossômicas que promoverão a síntese devem se associar com proteínas auxiliadoras no processo. A síntese de proteínas tem início quando todos oscomponentes mencionados acima, ou seja, um RNAm, um dos RNAt e as subunidades de um ribossomo se reúnem para formar um ribossomo funcional. Cada ribossomo percorre, então, a molécula de RNAm traduzindo a sequência de códons em uma sequência de aminoácidos. Vejamos agora, em detalhe, cada uma dessas etapas. O papel do RNAt e das sintetases do aminoacil-RNAt As moléculas de RNAt atuam como adaptadoras no processo de síntese de proteínas, uma vez que elas definem a posição dos aminoácidos de acordo com a sequência de bases do RNAm. Essa característica dos RNAt se deve ao fato deles terem duas regiões de ligação em sua molécula, uma onde se liga covalentemente um aminoácido específico e outra, o anticódon, o qual se liga ao códon do RNAm, por meio de pontes de hidrogênio. A ligação de um RNAt com seu aminoácido específico é catalisada por uma enzima chamada sintetase do aminoacil-RNAt. A atuação dessa enzima se dá em duas etapas. Primeiramente, os aminoácidos reagem com ATP para formar um aminoacil-adenilato.A energia para essa reação é fornecida pela clivagem da ligação alta- mente energética do ATP, com liberação de pirofosfato. Essa etapa é conhecida como ativação do aminoácido. Em uma segunda etapa, o aminoácido ativado reage com o RNAt, liberando uma molécula de AMP. A ligação do aminoácido com o RNAt se dá entre o grupo carboxila do aminoácido e carbono 3’ da ribose do último ribonucleotídeo da extremidade 3’ do RNAt, o qual contém sempre a base adenina (Fig.1). Existem pelo menos vinte tipos diferentes de aminoacil-sintetases, uma para cada tipo de aminoácido. Cada uma reconhece um único aminoácido e catalisa sua união a um dos RNAts correspondente a esse aminoácido. Lembre-se que pode existir mais de um tipo de RNAt para um mesmo aminoácido. Um RNAt é denominado de acordo com o aminoácido ao qual ele se liga. Por exemplo, o RNAt que se liga ao aminoácido alanina é chamado RNAtAla. Um aminoacil-RNAt carregando um aminoácido específico é designado pela abreviatura do aminoácido colocada antes de sua sigla; por exemplo, o RNAtAla ligado a seu aminoácido é chamado Ala-RNAt. O emparelhamento códon-anticódon Antes de continuarmos nossa discussão é importante tomarmos conhecimento de uma regra nomenclatural que se não esclarecida devidamente pode dificultar a compreensão do texto. A regra é a seguinte: um RNA é sempre escrito no sentido 5’ - 3’. Assim, temos de ter em mente que os códons do RNAm e os anticódons dos RNAt estão escritos no mesmo sentido, contrário, portanto, a seu emparelhamento, o qual é anti-paralelo. Isso quer dizer que a primeira base na sequência do anticódon emparelha-se com a terceira base do códon. Por exemplo, CGU é o anticódon correspondente ao códon ACG, pois ambos estão escritos no mesmo sentido, de 5’ para 3’, mas eles se emparelham em sentidos opostos, como mostrado a seguir: anticódon 3’UGC 5’ códon 5’ACG 3’ Uma pergunta importante a se discutir sobre os RNAt é quantos tipos deles existem. Como vimos no texto sobre código genético, existem 61 códons de RNA mensageiro que especificam aminoácidos.Assim, teoricamen- te, esperaríamos encontrar na célula 61 tipos diferentes de RNA transportadores, cada um deles com um anticódon complementar a um dos 61 códons existentes. No entanto, existe um número bem menor de RNAt. O fato é que um mesmo RNAt pode reconhecer, com frequência, mais do que um códon, pois a base na primeira posição do anticódon pode se emparelhar com mais de um tipo de base na terceira posição do códon. Essa idéia foi proposta em 1966, e ficou conhecida como hipótese do emparelhamento incerto ou oscilação (usa-se o termo wobble, em inglês). Segundo esta hipótese, o emparelhamento da primeira base do anticódon não seria espacial- mente tão restrito como para as outras duas, de modo que a primeira base de um anticódon poderia fazer pontes de hidrogênio com mais de um tipo de base na terceira posição do códon. Esse emparelhamento, no entanto, não é irrestrito, ou seja, uma primeira base de um anticódon não pode se emparelhar com qualquer tipo de base na terceira posição do códon. Na realidade, observou-se que, por exemplo, uracila na primeira base do anticódon pode se emparelhar com adenina ou guanina, mas não com citosina ou com outra uracila. Em geral, purinas não se emparelham com purinas, e pirimidinas não se emparelham com pirimidinas, por questão de distância entre as bases. O papel do RNAm e dos ribossomos O processo da síntese de proteínas é comparável a uma linha de montagem, na qual o ribossomo vai deslizando sobre o RNA mensageiro e os aminoácidos, trazidos pelos RNAt, vão sendo encaixados em seus respectivos lugares, de acordo com a sequência de bases do RNAm. O ribossomo é um pacote complexo de moléculas de proteína e de RNA, as quais formam sítios catalíticos com funções especializadas. Vários fatores acessórios participam, juntamente com o ribossomo, da síntese de proteínas e a energia para a movimentação do ribossomo é fornecida pela hidrólise de GTP. Um ribossomo procariótico possui um sítio para a ligação do RNAm e três sítios para a ligação de RNAt. Os sítios onde se ligam os RNAt são denominados: sítio P, sítio A e sítio E (Fig. 3). O sítio P, ou sítio de ligação do peptidil-RNAt, é onde se associa a molécula de RNAt ligada à extremidade carboxílica do polipeptídeo em crescimento. O sítio A, ou sítio de entrada do aminoacil-RNAt, é onde se associa o RNAt recém-chegado ao ribossomo e que traz o aminoácido a ser incorporado na cadeia polipeptídica em crescimento. O sítio E (do inglês exit), ou sítio de saída, é ocupado transitoriamente pelo RNAt livre de aminoácido que acabou de sair do sítio P e que está, portanto, deixando o ribossomo. Enquanto o sítio E está ocupado, a afinidade do sítio A fica reduzida, impedindo assim que um novo aminoacil-RNAt entre no ribossomo antes que ele esteja pronto para recebê-lo. Assim, o caminho do RNAt no ribossomo se dá na seguinte sequência: ele entra no sítio A, passa para o sítio P e finalmente deixa o ribossomo pelo sítio E. Cada ribossomo apresenta um segmento da cadeia polipeptídica em processo de síntese, com comprimento proporcional ao segmento de RNAm já traduzido por ele. Essa cadeia polipeptídica em formação costuma ser chamada de proteína nascente. Em geral, sobre uma molécula de RNA mensageiro, são encontrados vários ribossomos, cada um deles com um segmento de proteína nascente. Se olhássemos da extremidade 5’ para a 3’ do RNA mensageiro, veríamos os ribossomos a ele associados apresentando proteínas nascentes progressivamente maiores, pois os ribossomos mais próximos da extremidade 3’ estariam mais próximos do fim da síntese do polipeptídeo. A esta estrutura formada por uma molécula de RNA mensageiro associada a vários ribossomos dá-se o nome de polissomo (Fig. 4). O processo de síntese de proteínas costuma ser dividido em três etapas: iniciação, alongamento e término. A iniciação consiste nas reações que precedem o início da formação do peptídeo, portanto, é a etapa que ocorre antes da união dos primeiros aminoácidos. Ela consiste na ligação do ribossomo ao RNAm formando um complexo de iniciação que contém o primeiro aminoacil-RNAt (o da N-formilmetionina em bactérias e o da metionina em eucariontes).A iniciação é uma etapa demorada e pode ser decisiva na determinação da frequência com que um mensageiro será traduzido. O alongamento compreende todas as reações que ocorrem desde a formação da primeira ligação peptídica até a incorporação do último aminoácido do peptídeo, sendo a etapa mais rápida da síntese de proteínas. Em bac- térias, aproximadamente 15 aminoácidos são adicionados por segundo à cadeia polipeptídica nascente, de modo que a síntese de um polipeptídeo com 300 aminoácidos leva cerca de 20 segundos. Em eucariontes, a velocidade é menor, são adicionados cerca de dois aminoácidos porsegundo. O término compreende os processos necessários à liberação do polipeptídeo pronto. Nesta etapa, o ribossomo se dissocia do RNAm. O alongamento da cadeia polipeptídica O processo de alongamento da cadeia polipeptídica é basicamente o mesmo em procariontes e eucariontes e ocorre em três etapas: (1) ligação de um aminoacil-RNAt ao sítio A do ribossomo; (2) ligação peptídica com o aminoácido recém-chegado causando a transferência da cadeia polipeptídica em crescimento do sítio P para o sítio A; e (3) translocação do ribossomo ao longo do RNAm, transferindo o novo peptidil-RNAt do sítio A para o sítio P, com posicionamento do próximo códon a ser traduzido no sítio A. Durante a terceira etapa, o RNAt descarregado é translocado para o sítio E. Esses três passos são repetidos de maneira cíclica e vários fatores são importantes nesses processos. Na primeira etapa, o aminoacil RNAt se liga ao sítio A e sua especificidade é determinada pelo códon do RNAm ali posicionado. Os três nucleotídeos do anticódon devem parear com os três nucleotídeos do códon. A região do ribossomo que garante o emparelhamento códon-anticódon é chamada de centro decodificador. A chegada do aminoacil-RNAt ao sítio A do ribossomo só ocorre se ele estiver associado ao fator de alongamento EF-Tu carregado com uma molécula de GTP (EF-TuGTP). O GTP é necessário para ligação do aminoacil-RNAt ao sítio A e é clivado na formação da ligação peptídica, atuando como fornecedor de energia. Após a clivagem do GTP em GDP e Pi, o complexo EF-TuGDP é liberado do ribossomo e, para tomar parte em novos ciclos de elongação, deve ser recarregado a EF-TuGTP. Outro fator de alongamento, o EF-T, é o responsável pela regeneração do EF-TuGTP. A formação da ligação peptídica entre o grupo amino do aminoacil RNAt e o carboxila do peptídeo em crescimento é catalisada numa região do ribossomo chamado de centro peptidil-transferase. A formação da ligação peptídica é uma atividade enzimática desempenhada pela subunidade maior do ribossomo. É interessante destacar que esta função é desempenhada pela molécula de RNAr 23S e não por proteínas do ribossomo.A ligação peptídica requer a hidrólise da molécula de GTP trazida pelo EF-Tu. Com a formação da ligação peptídica, o peptidil RNAt presente no sítio A do ribossomo é translocado ao sítio P, o RNAt descarregado é transferido para o sítio E e o ribossomo sofre mudanças de conformação movendo-se três nucleotídeos em direção à extremidade 3’ do RNA mensageiro. O passo de translocação requer energia oriunda da clivagem do GTP e a presença do fator de elongação EF-G, o qual se desliga do ribossomo após a hidrólise do GTP. Um fato interessante é que o EF-G jamais se liga ao ribossomo se EF-Tu estiver ligado e vice- versa. Isso garante que o alongamento prossiga em ciclos, em que se alternam a ligação de um novo aminoacil RNAt e o movimento de translocação do ribossomo O término da tradução Como já vimos, existem três códons do código genético que não codificam aminoácidos (UAG, UAA e UGA), sendo usados como sinais de término da síntese da cadeia polipeptídica. Em bactérias, o códon UAA é o códon de terminação mais utilizado, e UGA é mais usado que UAG. Nenhum dos códons de terminação tem um RNAt correspondente, eles são reconhecidos diretamente por fatores protéicos. Em E. coli, os fatores que catalisam a terminação são denominados RFs (do inglês release factors). RF-1 reconhece o códon UAA e UAG, e RF-2 reconhece os códons UGA e UAA. Esses fatores entram no sítio A do ribossomo, quando este sítio se posiciona sobre um códon de terminação. Eles também requerem a presença de um peptídil-RNAt no sítio P para agir. Nos eucariontes, existe apenas um fator de terminação, o chamado eRF. Para o eRF se ligar ao ribossomo é necessário GTP, que provavelmente é clivado após a conclusão da etapa de terminação. A reação de terminação consiste na liberação do polipeptídeo pronto do RNAt, expulsão do último RNAt do ribossomo e dissociação do ribossomo do RNAm. DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE PROTEÍNAS A entrada das proteínas no estômago estimula a mucosa gástrica a secretar o hormônio gastrina, o qual, por sua vez, estimula a secreção do ác. clorídrico pelas células parietais das glândulas gástricas e o pepsinogênio pelas células principais. A acidez do suco gástrico age como um agente desnaturante, desenrolando as proteínas globulares e tornando suas ligações peptídicas internas mais acessíveis à ação das enzimas hidrolíticas. O pepsinogênio, um precursor inativo ou zimogê nio, é convertido em pepsina ativa no suco gástrico. No estômago, a pepsina hidrolisa as proteínas ingeridas, rompendo as longas cadeias polipeptídicas em uma mistura de peptídeos menores. A digestão continua no intestino delgado, a entrada de aminoácidos na parte superior do intestino provoca a liberação no sangue do hormônio colecistoquinina, o qual estimula a secreção de várias enzimas pancreáticas. Tripsinogênio, quimiotripsinogênio e procarboxipeptidases A e B , os zimogênios da tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidases A e B, são sintetizados e secretados pelas células exócrinas do pâncreas. A tripsina e quimiotripsina hidrolisam em peptídeos ainda menores os peptídeos resultantes da ação da pepsina no estômago. As carboxipeptidases A e B (ambas contêm zinco no sítio ativo), removem resíduos carboxilaterminais sucessivas dos peptídeos e uma aminopeptidase que hidrolisa resíduos aminoterminais sucessivas de pequenos peptídeos. A mistura de aminoácidos livres resultante dessas ações enzimáticas é transportada através das vilosidades intestinais que recobrem internamente o intestino delgado, entram nos capilares sanguíneos dessas vilosidades e, pelo sangue, viajam até o fígado. METABOLISMO DOS AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS A fração metabólica de energia obtida a partir de aminoácidos, se eles são derivados de proteína dietética ou a partir de proteína tecidual, varia muito com o tipo de organismo e com condições metabólicas. Carnívoros podem obter (imediatamente após uma refeição) até 90% das suas necessidades energéticas a partir da oxidação de aminoácidos, enquanto que herbívoros podem preencher apenas uma pequena fração de suas necessidades energéticas por esta via. A maioria dos microrganismos pode expulsar aminoácidos a partir de seu ambiente e utilizá-los como combustível, quando exigido pelas condições metabólicas. Plantas, no entanto, raramente ou nunca oxidam aminoácidos para fornecer energia, os hidratos de carbono produzidos a partir de CO2 e H2O na fotossíntese são geralmente sua única fonte de energia. Nos animais, aminoácidos sofrem degradação oxidativa em três diferentes circunstâncias metabólicas: 1. Durante o procedimento normal de síntese e degradação de proteínas celulares alguns aminoácidos que são liberados a partir de proteína de degradação e não são necessários para a nova síntese protéica sofrem degradação oxidativa. 2. Quando uma dieta é rica em proteínas e aminoácidos e a ingestão ultrapassa as necessidades do organismo para a síntese protéica, o excedente é catabolizado; aminoácidos não podem ser armazenados. 3. Durante o jejum prolongado ou de diabetes mellitus não controlada, quando carboidratos ou estão indisponíveis ou não devidamente utilizados, as proteínas celulares são utilizados como combustível. De acordo com todas estas condições metabólicas, aminoácidos perdem os seus grupos amino para formar grupos α-ceto ácidos, os "esqueletos de carbono" de aminoácidos. Os α-ceto ácidos sofrem oxidação a CO2 e H2O, ou, muitas vezes mais importante ainda, fornecem três e quatro unidades de carbono que podem ser convertidos por neoglicogênese em glicose, o combustível para o cérebro, músculo esquelético,e de outros tecidos. Como no catabolismo de carboidratos e ácidos graxos, os processos de degradação de aminoácidos convergem em vias catabólicas centrais, com os esqueletos de carbono da maioria dos aminoácidos encontram o seu caminho para o ciclo de ácido cítrico. Uma importante característica distingue os aminoácidos de outros processos de degradação catabólica: cada aminoácido contém um grupo amino, e as vias de degradação de aminoácidos, portanto, incluem um passo-chave na qual o grupo α-amino grupo é separado do esqueleto de carbono e destinado para as vias metabólicas do grupo amino. Os aminoácidos são importantes fontes de energia para o metabolismo celular, porém só são utilizados quando há uma extrema carência energética ou durante a prática de exercícios físicos intensos. É importante frisar que os carboidratos e lipídios são melhores produtores de energia e a mobilização de aminoácidos pode estar relacionada a uma degradação de proteínas musculares ou plasmáticas levando o organismo a uma depleção dessas proteínas, o que pode trazer conseqüências desastrosas como a atrofia muscular e a hipoalbuminemia. A síntese da uréia é um dos processos metabólicos mais importantes, pois impede a formação de amônia tóxica ao organismo a partir do nitrogênio protéico, é exclusiva do fígado, o que o torna o centro da degradação de aminoácidos. Os músculos precisam ajustar o consumo de aminoácidos com a exportação da amônia para o fígado na forma dos aminoácidos glutamina ou alanina, em uma via metabólica extremamente importante e que permite o equilíbrio fisiológico, principalmente durante a realização de exercícios físicos, como será discutido adiante. A uréia é a principal forma de excreção do nitrogênio protéico nos vertebrados terrestres. Em aves e répteis, o ácido úrico é a principal forma de excreção do nitrogênio protéico; em peixes e larvas de anfíbios a amônia é excretada intacta, permanecendo em alta concentração plasmática em peixes de água salgada para manter o equilíbrio osmótico. Transaminação e Desaminação A maior parte do nitrogênio protéico não é utilizada em vias metabólicas nos seres humanos. Sendo assim, a retirada do grupamento amino (-NH3+) dos aminoácidos é o primeiro passo metabólico, com a formação de amônia (NH3), um composto altamente tóxico que é excretada, na forma de uréia pelos rins. O processo de síntese da uréia envolve enzimas tanto citoplasmáticas quanto mitocondriais. A retirada do grupamento amino é a reação preparatória para essa síntese e é comum em todos os tecidos podendo ocorre por dois processos diferentes: a transaminação e a desaminação. A transaminação ou aminotransferência é catalisada por enzimas chamadas transaminases ou aminotransferases, que possuem como co-fator o piridoxal-fosfato, a forma ativa da vitamina B6. Esse processo metabólico consiste na transferência do grupamento amino para o α- cetoglutarato (um cetoácido) formando um outro cetoácido e o aminoácido glutamato. Dependendo do aminoácido transaminado, haverá um tipo diferente de cetoácido formado (p.e.x.: a alanina forma o piruvato; o aspartato forma o oxalacetato) porém sempre o mesmo aminoácido glutamato é formado. Isso faz com que após essa reação, uma grande quantidade de glutamato seja produzida no fígado. As principais transaminases do hepatócito são a transaminase- glutâmicopirúvica (TGP) ou alanina aminotransferase (ALT) e a transaminase- glutâmicooxalacética (TGO) ou aspartato aminotransferase (AST). Essas enzimas transaminam a alanina e o aspartato, respectivamente, possuindo também ação sobre os demais aminoácidos, apesar de haver uma transaminase para cada tipo de aminoácido. Glutamato libera seu grupo amino como amônia no fígado. Nos hepatócitos, o glutamato é transportado do citosol para mitocôndrias, onde ele sofre desaminação oxidativa catalisada pela glutamato desidrogenase. Em mamíferos, esta enzima está presente na matriz mitocondrial. É a única enzima que pode usar tanto NAD_ ou NADP_ como o aceptor de equivalentes de redução. A ação combinada de uma aminotransferase e da glutamato desidrogenase é referida como transdesaminação. O α-cetoglutarato formado a partir da desaminação do glutamato podem ser usado no ciclo do ácido cítrico ou para a síntese de glicose. A vantagem da transaminação é justamente a formação de glutamato e a necessidade de uma única via metabólica posterior para a degradação dos aminoácidos. A toxidade da amônia formada impede que esta reação seja citoplasmática pois poderia levar a sua saída para o sangue, o que acarretaria danos sérios, principalmente ao sistema nervoso central. A desaminação oxidativa é uma reação intramitocondrial e está acoplada a um processo eficaz de degradação da amônia formada, a síntese da uréia. Essa desaminação mitocondrial, requer NAD+ ou NADP+ como receptor dos elétrons da reação. Com a retirada do grupamento amino do aminoácido, há a formação de um cetoácido. No caso do glutamato (principal aminoácido dessa via) o cetoácido formado é o α- cetoglutarato que sai da mitocôndria e retorna ao citoplasma para servir de substrato para outra reação de transaminação. O α-cetoglutarato é um intermediário do Ciclo de Krebs e a sua saída da mitocôndria só pode ocorrer quando o Ciclo de Krebs não está ativo, caso contrário ele será utilizado como substrato das enzimas. Em vertebrados, a atividade da glutamato desidrogenase é alostericamente regulada. Guanosina trifosfato e adenosina trifosfato são inibidores alostéricos, enquanto guanosina difosfato e adenosina difosfato são ativadores alostéricos. Assim, uma redução da energia, acelera a oxidação de aminoácidos. Um problema adicional enfrenta os músculos quando degradam aminoácidos para o metabolismo energético: a amônia formada necessita ser convertida em uréia mas o músculo não possui as enzimas para essa síntese, somente o fígado. Logo, há a necessidade da formação de um produto não tóxico para transportar a amônia dos tecidos extrahepáticos para serem metabolizadas até uréia no fígado. A glutamina e alanina realizam esta função. Glutamina Transporta Amônia no sangue O aminoácido glutamina é o principal transportador de amônia plasmática após ser sintetizado a partir da união de glutamato com amônia pela ação da enzima glutamina- sintetase. O glutamato não atravessa a membrana celular devido sua carga elétrica. É uma reação que gasta ATP e produz a glutamina que será degradada até glutamato e amônia no fígado Alanina Transporta Amônia dos Músculos Esqueléticos ao Fígado O aminoácido alanina também é um importante transportador de amônia dos tecidos extra-hepáticos. Entretanto, a sua síntese atende a algumas necessidades musculares específicas e só é observada quando há um intenso trabalho muscular. Nessa situação metabólica, o músculo tende a produzir muito lactato resultante da glicólise anaeróbica, a partir do piruvato. O lactato pode ser reciclado no fígado gerando nova molécula de glicose na neoglicogênese. Porém, o H+ liberado para o sangue tende a levar a uma acidose que é uma das causas da fadiga muscular. Da mesma forma, o músculo está degradando muitos aminoácidos e aumentando perigosamente a amônia celular. Assim sendo, a síntese da alanina resolve estes dois problemas de uma só vez, já que são necessários piruvato e amônia para sintetizar uma molécula de alanina (Figura10-29). A alanina é captada pelo fígado e degradada gerando novamente o piruvato, que é reciclado na neoglicogênese fornecendo novas moléculas de glicose, garantindo um "segundo fôlego" para o praticante de exercício físico intenso com uma nova carga de glicose plasmática para o metabolismo energético. Esta via metabólica denominada de Ciclo da glicose- alanina é um importante meio de economia energética do organismo. Síntese da uréia No fígado, irá haver a produção de grande quantidade de um composto nitrogenado atóxicoformado por duas moléculas de amônia, conjugadas com CO2 - a uréia. Esta reação se processa parte no citoplasma e parte na mitocôndria do hepatócito. Na seqüência de reações envolvendo a síntese da uréia (Figura 10-27), há a síntese do aminoácido arginina e a participação dos aminoácidos não codificados ornitina e citrulina. A arginina é consumida em grande quantidade na produção de uréia o que faz com que seja necessária na alimentação de animais jovens, em fase de crescimento. Portanto, esse aminoácido apesar de ser sintetizado torna-se essencial na alimentação. As reações do ciclo da uréia podem ser agrupadas a seguir: a) Formação da carbamoil-fosfato: na mitocôndria, há a hidratação de um CO2 e uma NH3 (proveniente da desaminação do glutamato), com o gasto de 2 ATP's; Cabamoil- fosfato Sintetase I. 1) Formação da citrulina: o carbomoilfosfato doa seu grupamento carbomoil para a ornitina, que penetrou na mitocôndria através de um transportador específico, formando a citrulina. A citrulina sai da mitocôndria pelo mesmo transportador de ornitina; Ornitina trancarbamilase. 2) Formação do arginino-succinato: através da incorporação de aspartato na molécula de citrulina, com gasto de 1 ATP, no citoplasma. Esse aspartato é mobilizado da mitocôndria através do mesmo transportador que promove a entrada de glutamato na mitocôndria; Arginino-succinato sintase. 3) Síntese da Arginina: o arginino-succinato sofre quebra, liberando uma molécula de fumarato e uma molécula de arginina. Esse fumarato é requerido para o Ciclo de Krebs, ativando-o, o que faz com que a síntese de uréia e o Ciclo de Krebs "rodem" juntos, via metabólica denominada por muitos de "Bicicleta de Krebs"; Arginino-succinato liase. 4) Síntese da Uréia: a arginina formada sofre ação da enzima arginase, que catalisa a síntese da uréia e a liberação de uma molécula de ornitina que retorna a mitocôndria, dando início um novo ciclo. O Ciclo da Uréia pode ser resumido como um processo metabólico hepático que degrada amônia com a participação da ornitina e cirtulina como transportadores dessa amônia mitocondrial, favorecendo a liberação da uréia formada no citoplasma. A "Bicicleta de Krebs" é uma expressão que lembra a integração existente entre o ciclo da uréia e o metabolismo energético, pois não se pode esquecer que a cada amônia liberada significa que um aminoácido foi desaminado e o cetoácido formado está apto para o metabolismo celular. Por essas razões, pode-se perceber a importância dos aminoácidos para o metabolismo energético hepático, além de que a síntese de glicogênio e de ácidos graxos impedem uma maior utilização de carboidratos e lipídios exclusivamente para produzir energia para o hepatócito. Catabolismo da cadeia carbonada dos aminoácidos Diariamente, há um renovação de cerca de 400g de proteínas o que significa que, durante o dia, cerca de 400g de proteínas são degradadas porém a mesma quantidade está sendo produzida o que garante uma certa estabilidade na quantidade total de proteínas no organismo. Esta taxa de renovação, denominada de taxa de turnover, implica na necessidade da obtenção de aminoácidos essenciais na dieta além da síntese dos não-essenciais. Apenas 11 aminoácidos são sintetizados no organismo, porém a arginina é sintetizada, mas totalmente consumida no ciclo da uréia o que a torna indispensável na dieta e a cisteína e a tirosina são sintetizadas a partir da metionina e fenilalanina (aminoácidos essenciais) o que faz com somente nove aminoácidos sejam verdadeiramente independentes da alimentação. Entretanto, uma alimentação completa apresenta uma grande quantidade de aminoácidos, sejam essenciais ou não ou que favorece a uma absorção de aminoácidos sempre acima das necessidades diárias. Desta forma, o catabolismo dos aminoácidos é intenso após uma refeição protéica, permitindo a formação de grande quantidade de uréia, resultado da degradação do grupamento amino, como visto anteriormente. O cetoácido resultado das reações de transaminação e desaminação., entretanto, possuem diversos destinos metabólicos que podem ser reunidos em dois grandes grupos: 1) os cetogênicos; e 2) os glicogênicos. O primeiro grupo (os cetogênicos) corresponde aos que são degradados em acetil-CoA (de forma direta ou indireta, na forma de acetoacetil-CoA) e fornecem energia de forma imediata no ciclo de Krebs. São fenilalanina, tirosina, triptofano, lisina, isoleucina, treonina e leucina. A acetil-CoA produzida pelos aminoácidos cetogênicos não pode ser convertida em glicose, o que vai induzir à entrada obrigatória no Ciclo de Krebs para a produção de energia. Desta forma, um excesso de catabolismo destes aminoácidos levará ao desvio para a produção de ácidos graxos, colesterol e corpos cetônicos de maneira idêntica a um excesso de acetil-CoA oriundo do catabolismo de carboidratos e lipídios. Os demais fornecem intermediários do ciclo de Krebs (oxalacetato, fumarato, succcinil-CoA e α- cetoglutarato) bem como o piruvato. Esses produtos podem ser convertidos em glicose através da neoglicogênese e, assim, produzirem energia para as reações metabólicas celulares, sendo os aminoácidos que os produzem chamados de glicogênicos por este motivo. Alguns aminoácidos cetogênicos (fenilalanina, tirosina, triptofano, isoleucina e teronina) podem ser utilizados como substratos para a neoglicogênese além de produzir acetil- CoA, sendo chamados, portanto, de glicocetogênicos. A Figura 10-30 demonstra a entrada esquemática dos aminoácidos no metabolismo energético. Figura 12: Resumo do catabolismo dos aminoácidos. Aminoácidos são agrupados de acordo com os seus principais degradativos produtos finais. Alguns aminoácidos são listados mais de uma vez, porque as diferentes partes dos seus esqueletos de carbono são degradados a diferentes produtos finais. A figura mostra as mais importantes vias catabólicas em vertebrados, mas há pequenas variações entre as espécies de vertebrados. Treonina, por exemplo, é degradada pelo menos através de duas diferentes vias, bem como a importância de um determinado caminho pode variar com o organismo e as suas condições metabólicas. Os aminoácidos glicogênicos e cetogênicos também são delineados na figura, pelo sombreamento colorido. Repare que cinco dos aminoácidos são ambos glicogênicos e cetogênicos. Os aminoácidos que são degradados a piruvato também são potencialmente cetogênicos. Apenas dois aminoácidos, leucina e lisina, são exclusivamente cetogênicos. SÍNTESE DE COMPOSTOS NÃO PROTEICOS A PARTIR DO AMINOÁCIDO As porfirinas são uma classe de moléculas orgânicas com uma estrutura geral de macrociclo tetrapirrólico (formado por quatro anéis pirrólicos), ligados por ligações metínicas (-CH-), que possui no seu centro um espaço apropriado para acomodar um íon metálico.[1] Este liga-se a quatro átomos de azoto (nitrogênio) presentes no centro. Os representantes mais comuns desta classe de compostos são o grupo hemo, que contém ferro As porfirinas são compostos tetrapirrólicos cíclicos que atuam como intermediários na biossíntese do grupo heme. As mais importantes na natureza são uroporfirina, coproporfirina e protoporfirina, esta última forma o grupo heme. As porfirinas formam compostos metabólicos importantes para o organismo, sendo a maioria delas, associadas a íons metálicos, chamadas metaloporfirinas. Esses compostos possuem quatro anéis heterocíclicos (I, II, III, IV) que estão ligados entre si por grupos meteno (-CH=) Heme é um grupo prostético que consiste de um átomo de ferro contido no centro de um largo anel orgânico heterocíclico chamado protoporfirina IX. A protoporfirina consiste de um sistema de anéis heterocíclicos (quatro anéis pirrólicos), unidos com um átomo de Fe(II), no estado ferroso, ocupando a posição central do anel. O átomo de Fe(II) faz seis ligações coordenadas, quatro em um plano de ligação com a molécula
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