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APOSTILA DE METODOLOGIA PROFESSORA: MS. SANDRA CRISTIANA KLEINSCHMITT TOLEDO, Pr. 2012 Apostila de uso exclusivo para sala de aula. APRESENTAÇÃO Esta apostila não abrange todas as questões envolvidas na disciplina de “Metodologia da Pesquisa”. A intenção de construí-la foi, somente, como um recurso facilitador para consulta por parte dos acadêmicos dos cursos de graduação. Para aprofundamento teórico ou prático deve-se buscar as referências que estão no final desta apostila. Procurou-se, na medida do possível, seguir rigorosamente as regras definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para elaboração de trabalhos acadêmicos. Caso alguma regra não esteja sendo cumprida, a responsabilidade é da desatenção desta autora. Vale ressaltar que o uso desta apostila é exclusivo para sala de aula, não sendo permitida a reprodução da mesma para outras finalidades. Apostila de uso exclusivo para sala de aula. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 04 1.1 Problema....................................................................................................... 06 1.2 Hipótese ........................................................................................................ 07 1.3 Justificativa................................................................................................... 07 1.4 Objetivos ....................................................................................................... 08 1.4.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 09 1.4.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 09 2 EMBASAMENTO TEÓRICO............................................................................. 10 2.1 Teoria de Base.............................................................................................. 10 2.2 Revisão da Bibliografia................................................................................ 10 2.3 Definição dos Termos.................................................................................. 11 2. 4 A Pesquisa Bibliográfica ............................................................................ 11 2.5 Leitura do Material........................................................................................ 12 2.6 Classificação dos Tipos de Leitura............................................................. 12 2.7 Tomada de Apontamentos .......................................................................... 13 3 METODOLOGIA ............................................................................................... 18 3.1 Primeiro Passo: dos objetivos da pesquisa ............................................. 18 3.2 Segundo Passo: procedimentos técnicos ................................................ 19 3.3 Terceiro Passo: população e amostra........................................................ 25 3.3.1 Tipos de Amostragem ................................................................................. 25 3.3.2 Determinação do Tamanho da Amostra...................................................... 27 3.4 Instrumentos de Coleta de Dados............................................................... 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES, CONCLUSÃO E REFERÊNCIAS............... 37 4.1 A Análise e a Interpretação ......................................................................... 37 4.2 Conclusão..................................................................................................... 39 4.3 Referências ................................................................................................... 39 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 41 Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 4 1 INTRODUÇÃO A introdução é a parte do trabalho onde se faz uma breve apresentação do tema. É a explicação de como se chegou a um questionamento e do motivo pelo qual há uma inquietação a respeito do tema que se propõe pesquisar. Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 220) o tema “É o assunto que se deseja provar ou desenvolver […] Independente de sua origem, o tema é, nessa fase, necessariamente amplo, precisando bem o assunto geral sobre o qual se deseja realizar a pesquisa.” A introdução pode conter um breve histórico sobre o tema a ser abordado, assim como as motivações que levaram o aluno a propô-lo. Ao ler a introdução, o leitor deve ter uma idéia exata do que a pesquisa irá tratar, portanto é importante captar a atenção desse leitor para a proposta do trabalho. O texto deve fazer com que até os não-familiarizados com o assunto possam compreender os aspectos essenciais do tópico que está sendo investigado. É importante lembrar que o tema não dever ser muito amplo. Expressões como “O direito constitucional”, “A escravidão”, “A internet”, “A crime mundial” entre outras, sugerem temas de conteúdo demasiadamente extenso para ser estudado num único trabalho acadêmico. Uma boa forma de se limitar o tema é circunscrevê- lo espacial e/ou temporalmente. Além da limitação circunstancial (espaço e/ou tempo), outras formas de “afunilamento” do tema deverão ser pensadas de acordo com a especificidade da área escolhida para a pesquisa. Adjetivos restritivos, adjetivos explicativos e complementos nominais de especificação podem auxiliar nessa tarefa de delimitar ainda mais o tema. Por exemplo, em vez de se falar da “Organização do trabalho”, que seria um tema muito amplo, pode-se falar da “Organização social do trabalho de produção artesanal durante a Idade Média na Europa Ocidental”.1 Dotado necessariamente de um sujeito e de um objeto, o tema passa por um processo de especificação. O processo de delimitação do tema só é dado por concluído quando se faz a sua limitação geográfica e espacial, com vistas na realização da pesquisa. Muitas vezes as verbas disponíveis 1 As informações deste parágrafo e do anterior foram retiradas, na íntegra, de Goliath e Silva (2008, p. 07-08). (Obs. Por seu um manual cuja finalidade é facilitar o aprendizado da disciplina de metodologia de pesquisa, me permiti retirar partes na íntegra de vários textos, mas sempre referenciando as obras e seus autores. Porém, em trabalhos acadêmicos, com construção de pesquisa científica, isso não é permitido). Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 5 determinam uma limitação maior do que o desejado pelo coordenador, mas, se se pretende um trabalho científico, é preferível o aprofundamento à extensão. (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 220). Existem dois fatores principais que interferem na escolha de um tema para o trabalho de pesquisa. Abaixo estão relacionadas algumas questões que devem ser levadas em consideração nesta escolha:2 1) Fatores internos: - Afetividade em relação a um tema ou alto grau de interesse pessoal: para se trabalhar uma pesquisa é preciso ter um mínimo de prazer nesta atividade. A escolha do tema está vinculada, portanto, ao gosto pelo assunto a ser trabalhado. Trabalhar um assunto que não seja do seu agrado tornará a pesquisa num exercício de tortura e sofrimento. - Tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa: na escolha do tema temos que levar em consideração a quantidade de atividades que teremos que cumprir para executar o trabalho e medi-la com o tempo dos trabalhos que temos que cumprir no nosso cotidiano, não relacionado à pesquisa. - O limite das capacidades do pesquisador em relação ao tema pretendido: é preciso que o pesquisador tenha consciência de sua limitação de conhecimentos para não entrar num assunto fora de sua área. Se minha área é a de ciências sociais,devo procurar me ater aos temas relacionados a esta área. 2) Fatores externos: - A significação do tema escolhido, sua novidade, sua oportunidade e seus valores acadêmicos e sociais: na escolha do tema devemos tomar cuidado para não executarmos um trabalho que não interessará a ninguém. Se o trabalho merece ser feito que ele tenha uma importância qualquer para pessoas, grupos de pessoas ou para a sociedade em geral. - O limite de tempo disponível para a conclusão do trabalho: quando a instituição determina um prazo para a entrega do relatório final da pesquisa, não podemos nos enveredar por assuntos que não nos permitirão cumprir este prazo. O tema escolhido deve estar delimitado dentro do tempo possível para a conclusão do trabalho. 2 A partir deste parágrafo até o final deste item, as informações foram retiradas, na íntegra, de Bello (2005, p. 18-19). Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 6 - Material de consulta e dados necessários ao pesquisador: um outro problema na escolha do tema é a disponibilidade de material para consulta. Muitas vezes o tema escolhido é pouco trabalhado por outros autores e não existem fontes secundárias para consulta. A falta dessas fontes obriga ao pesquisador buscar fontes primárias que necessita de um tempo maior para a realização do trabalho. Este problema não impede a realização da pesquisa, mas deve ser levado em consideração para que o tempo institucional não seja ultrapassado. 1.1 Problema De acordo com Marconi e Lakatos (2007, p. 222) “A formulação do problema prende-se ao tema proposto: ela esclarece a dificuldade específica com a qual se defronta e que se pretende resolver por intermédio da pesquisa.” O Problema é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depois de definido o tema, levanta-se uma questão para ser respondida através de uma hipótese, que será confirmada ou negada através do trabalho de pesquisa. O Problema é criado pelo próprio autor e relacionado ao tema escolhido. O autor, no caso, criará um questionamento para definir a abrangência de sua pesquisa. Não há regras para se criar um Problema, mas alguns autores sugerem que ele seja expresso em forma de pergunta.3 Para ser cientificamente válido, um problema deve passar pelo crivo das seguintes questões: - pode o problema ser enunciado em forma de pergunta? - corresponde a interesses pessoais (capacidade), sociais e científicos, isto é, de conteúdo e metodológicos? Esses interesses estão harmonizados? - constitui-se o problema em questão científica, ou seja, relacionam-se entre si pelo menos duas variáveis? - pode ser objeto de investigação sistemática, controlada e crítica? - pode ser empiricamente verificado em suas consequências? Exemplo:4 Tema: A educação da mulher: a perpetuação da injustiça. Problema: A mulher é tratada com submissão pela sociedade? 3 Este parágrafo foi retirado, na íntegra, de Bello (2005, p. 20). 4 Este exemplo foi retirado de Bello (2005, p. 20). Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 7 1.2 Hipótese5 Hipótese é sinônimo de suposição. Neste sentido, Hipótese é uma afirmação categórica (uma suposição), que tenta responder ao Problema levantado pelo tema escolhido para pesquisa. É uma pré-solução para o Problema levantado. O trabalho de pesquisa, então, irá confirmar ou negar a Hipótese (ou suposição) levantada, ou seja, a hipótese é uma resposta provável, suposta e provisória. Exemplo: Tema: A educação da mulher: a perpetuação da injustiça. Problema: A mulher é tratada com submissão pela sociedade? Hipótese: A sociedade patriarcal, representada pela força masculina, exclui as mulheres dos processos decisórios. 1.3 Justificativa A Justificativa num trabalho de pesquisa, como o próprio nome indica, é o convencimento de que o trabalho de pesquisa é fundamental de ser efetivado. É aqui que o tema escolhido pelo pesquisador e a Hipótese levantada são de suma importância, para a sociedade ou para alguns indivíduos, de ser comprovada. Deve-se tomar o cuidado, na elaboração da Justificativa, de não se tentar justificar a Hipótese levantada, ou seja: tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho de pesquisa. A Justificativa exalta a importância do tema a ser estudado, ou justifica a necessidade imperiosa de se levar a efeito tal empreendimento.6 A justificativa é a exposição do motivo que levou – ou dos motivos que levaram – à execução da pesquisa, da relevância de se pesquisar o tema escolhido e da contribuição do trabalho à área de estudos em que o tema está inserido. Ou seja, a justificativa é a resposta às perguntas: “Por que se deseja pesquisar este tema?”; “Qual a importância deste tema?”; 5 Este item foi retirado, na íntegra, de Bello (2005, p. 20). 6 As informações deste parágrafo e do anterior foram retiradas, na íntegra, de Bello (2005, p. 20-21). Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 8 “Qual a relevância deste tema para a área de conhecimento à qual o trabalho está vinculado?” Respondidas essas perguntas, constrói-se um texto objetivo, onde são arrolados e explicitados argumentos que indicam que a pesquisa é significativa e relevante. 1.4 Objetivos A definição dos Objetivos determina onde o pesquisador quer chegar com a realização do trabalho de pesquisa. Objetivo é sinônimo de meta, fim. Alguns autores separam os Objetivos em Objetivos Gerais e Objetivos Específicos, mas não há regra a ser cumprida quanto a isto e outros autores consideram desnecessário dividir os Objetivos em categorias. 7 Para se formular um bom projeto de pesquisa, é necessário definir claramente os objetivos que se deseja alcançar. Eles devem manter coerência com o tema proposto no projeto e devem estar atrelados aos meios e métodos disponíveis para a execução da pesquisa. Os objetivos representam, de forma resumida, a finalidade do trabalho. Dependendo da amplitude da pesquisa, pode-se subdividir os objetivos em geral (ou gerais) e específicos. O objetivo geral define explicitamente o propósito do estudo. Os objetivos específicos são um detalhamento do objetivo geral e não são obrigatórios. Muitas vezes, basta a caracterização de apenas um único objetivo. Um macete para se definir os Objetivos é colocá-los começando com o verbo no infinitivo: esclarecer tal coisa; definir tal assunto; procurar aquilo; permitir aquilo outro, demonstrar alguma coisa etc...8 Alguns exemplos de como começar o capítulo: “O objetivo desta pesquisa é avaliar...” “Pretende-se, ao longo da pesquisa, verificar a relação existente entre...” “O objetivo deste trabalho será enfocar...” Os verbos usados na escrita dos objetivos geralmente aparecem no infinitivo, tais como: apontar, citar, conhecer, definir, relatar, diferenciar, desenvolver, organizar, traçar, comparar, diferenciar, construir, avaliar, etc. 7 Este item foi retirado, na íntegra, de Bello (2005, p. 21). 8 Este item foi retirado, na íntegra, de Bello (2005, p. 21). Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 9 1.4.1 Objetivo Geral Está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Relaciona-se com o conteúdo intrínseco (essencial), quer dos fenômenos, quer das idéias estudadas. Vincula-se diretamente à própria significação da tese proposta pelo projeto. 1.4.2 Objetivos Específicos Apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicar este a situações particulares. Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 10 2 EMBASAMENTO TEÓRICO9 A pesquisa bibliográfica consiste no exame da literatura científica, para levantamento e análise do que já se produziusobre determinado tema. Parte considerável do trabalho de pesquisa consiste na utilização de recursos fornecidos pelas bibliotecas. Isto é verdadeiro não apenas para as pesquisas caracterizadas como bibliográficas, mas também para os demais delineamentos. Qualquer que seja a pesquisa, a necessidade de consultar material publicado é imperativa. Primeiramente, há a necessidade de se consultar material adequado à definição do sistema conceitual da pesquisa e à sua fundamentação teórica. Também se torna necessária a consulta ao material já publicado tendo em vista identificar o estágio em que se encontram os conhecimentos acerca do tema que está sendo investigado, para saber se alguém já publicou as respostas às nossas questões, para decidir da pertinência de repetir uma investigação com objetivos idênticos. Além disso, para saber quais os métodos utilizados em investigações similares, para decidir sobre o melhor método a utilizar. 2.1 Teoria de Base A finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição de fatos levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um caráter interpretativo, no que se refere aos dados obtidos. Para tal, é imprescindível correlacionar a pesquisa com o universo teórico, optando-se por um modelo teórico que sirva de embasamento à interpretação do significado dos dados e fatos colhidos ou levantados. Todo projeto de pesquisa deve conter as premissas ou pressupostos teóricos sobre os quais o pesquisador fundamentará sua interpretação. 2.2 Revisão da Bibliografia Pesquisa alguma parte hoje da estaca zero. Mesmo que exploratória, isto é, de avaliação de uma situação concreta desconhecida, em dado local, alguém ou um 9 Informações disponíveis, na íntegra, de Gil (1999) e Marconi e Lakatos (2007). Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 11 grupo, em algum lugar, deve ter feito pesquisas iguais ou semelhantes, ou mesmo complementares de certos aspectos da pesquisa pretendida. Uma procura de tais fontes, documentais ou bibliográficas, torna-se imprescindível para a não-duplicação de esforços, a não “descoberta” de idéias já expressas, a não-inclusão de “lugares- comuns” no trabalho. A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar comportamentos e atitudes. Tanto a confirmação, em dada comunidade, de resultados obtidos em outra sociedade quanto a enumeração dos discrepâncias são de grande importância. 2.3 Definição dos Termos A ciência lida com conceitos, isto é, termos simbólicos que sintetizam as coisas e os fenômenos perceptíveis na natureza, no mundo psíquico do homem ou na sociedade, de forma direta ou indireta. Para que se possa esclarecer o fato ou fenômeno que se está investigando e ter possibilidade de comunicá-lo, de forma não ambígua, é necessário defini-lo com precisão. Exemplo: Temperatura elevada, acima de 30º ou de 100º? Em relação à ciência, por exemplo, o termo “cultura”: conhecimento literário, popular, espirituais, psicológicos (Sociologia e Antropologia) ou cultivo de bactérias (Biologia). 2.4 A Pesquisa Bibliográfica Para o desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica é preciso determinar seu objetivo: “Qual o motivo da pesquisa bibliográfica?”. Em seguida elabora-se um plano de trabalho, também conhecido como sumário da pesquisa. Este plano, muitas vezes, é provisório e passa por reformulações sucessivas ao longo da pesquisa. O plano de trabalho apresenta uma esquematização em seções, capítulos ou tópicos correspondentes ao desenvolvimento que se pretende dar à pesquisa. Após a elaboração do plano de trabalho, o passo seguinte consiste na identificação das fontes capazes de fornecer as respostas adequadas à solução do Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 12 problema proposto. Procedimentos: a) Procurar catálogos de livros e outras publicações, que podem ser publicados pelas editoras ou por bibliotecas; b) Consultar publicações como Sociological Abstracts que fornecem resumos dos trabalhos publicados no âmbito dessas ciências em todo o mundo; c) Também é interessante consultar especialistas ou pessoas que realizaram pesquisas na área. Após a identificação das obras, procede-se à sua localização. Isto pode ser feito a partir dos sistemas de busca das bibliotecas, por autor, título da obra, assunto, palavras chaves… 2.5 Leitura do Material Primeiramente, há que se conhecer que a leitura de um livro ou qualquer outro material impresso se faz por razões diversas. Pode ocorrer que a leitura se dê por simples distração. Não é esse o caso da leitura que se faz neste tipo de trabalho, que deve seguir os seguintes objetivos: a) identificar as informações e os dados constantes dos materiais; b) estabelecer relações entre essas informações e dados e o problema proposto; e c) analisar a consistência das informações e dados apresentados pelos autores. 2.6 Classificação dos Tipos de Leitura Leitura Exploratória: leitura rápida do material bibliográfico, que tem por objetivo verificar em que medida a obra consultada interessa à pesquisa. Nesta etapa, o que convém é entrar em contato com a obra em sua totalidade, lendo o sumário, o prefácio, a introdução, as “orelhas”, algumas passagens esparsas do seu texto. Leitura Seletiva: procede-se à sua seleção, ou seja, à determinação do material que de fato interessa à pesquisa e uma leitura mais aprofundada das partes que realmente interessam. É pouco provável que interesse ler integralmente um livro, sobretudo se este for muito volumoso. Leitura Analítica: A finalidade da leitura analítica é a de entender, ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes. Nesta leitura procede-se à identificação das idéias-chaves do texto, à sua ordenação e finalmente à sua síntese. Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 13 Leitura Interpretativa: última etapa, que tem por objetivo relacionar o que o autor afirma com o problema para o qual se propõe uma solução. 2.7 Tomada de Apontamentos É sabido que apenas parte do que se lê fica retido na memória. Por essa razão convém que se tomem notas a partir do material lido. A tomada de notas deve ser sempre realizada levando em consideração o problema da pesquisa, para evitar o acumulo de informações inúteis. Procedimentos: só depois de ler integralmente a obra – geralmente na fase de leitura analítica – é que se está em condições de fazer os apontamentos pertinentes. Sublinhar os pontos principais ou anotá-los em uma folha, bem como realizar o fichamento, que tem os seguintes objetivos: a) identificação das obras consultadas; b) registro do conteúdo das obras; c) registro dos comentários acerca das obras; d) ordenação dos registros. O Fichamento é uma parte importante na organização para a efetivação da pesquisa de documentos. Ele permite um fácil acesso aos dados fundamentais para a conclusão do trabalho. Os registros e a organização das fichas dependerá da capacidade de organização de cada um. Os registros não são feitos necessariamente nas tradicionais folhas pequenas de cartolina pautada. Podem ser feitos em folhas de papel comum ou, mais modernamente, em qualquer programa de banco de dados de um computador. O importante é que elas estejam bem organizadas e de acesso fácil para que os dados não se percam. Existem três tipos básicos de fichamentos: o fichamento bibliográfico, o fichamento de resumo ou conteúdo e o fichamento de citações. A ficha bibliográfica objetiva registrar os seguintes dados da obra: campo de saber, problemas, conclusões, contribuições. A de citações objetiva a reprodução fiel de trechos da obra conforme normas para apresentação de referencias. A de resumo ou esboço consiste em uma síntese clarae concisa das idéias principais da obra, enquanto a de comentários registra a critica do conteúdo da obra, uma interpretação do leitor. Já a ficha de catalogação é utilizada para arquivamento de fontes bibliográficas (comumente encontrada como sistema de arquivo de obras em bibliotecas) e objetiva a descrição de dados da obra (identificação do autor, título, Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 14 editora, além da referencia e do numero de registro no sistema da biblioteca, quanto apresenta este fim), para consulta em ordem alfabética por meio de fichários (GIL, 2002; MARCONI; LAKATOS, 2005). De modo geral, conduz à organização e seleção constantes de material didático, após sua leitura. Permite, assim: identificar obras, conhecer seu conteúdo, fazer citações, analisar o material e elaborar críticas. Além disso, tem como funções organizar textos pesquisados e selecionar dados importantes, servindo também como uma referência (fonte bibliográfica) para a escrita de trabalhos acadêmicos futuros (MARCONI; LAKATOS, 2005). Como estrutura sugerida, sugere-se que a confecção de uma ficha deve contemplar, seqüencialmente: a) cabeçalho: título e subtítulo, área de conhecimento, número ou letra indicativos da seqüência de registro da ficha; b) referencia bibliográfica, conforme normas da ABNT; c) corpo ou texto: conteúdo (que dependerá do tipo de ficha elaborada); d) local de consulta da obra (elemento opcional) Ficha Bibliográfica: é a descrição, com comentários, dos tópicos abordados em uma obra inteira ou parte dela. Exemplo: Educação da Mulher: a Perpetuação da Injustiça (1) Histórico do Papel da Mulher na Sociedade (2) Na Idade moderna (3) 2.3 (4) TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo é História, 145) Insere-se no campo do estudo da História e da Antropologia Social. A autora se utiliza de fontes secundárias, colhidas através de livros, revistas e depoimentos. A abordagem é descritiva e analítica. Aborda os aspectos históricos da condição feminina no Brasil a partir do ano 1500 de nossa era. Além da evolução histórica da condição feminina, a autora desenvolve alguns tópicos específicos da luta das mulheres pela condição cidadã. Conclui fazendo uma análise de cada etapa da evolução histórica feminina, deixando expressa sua contradição ao movimento pós-feminista, principalmente às idéias de Camile Paglia. No final da obra faz algumas indicações de leituras sobre o tema Mulher. (5) Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 15 Observação: neste e nos outros exemplos de fichas os números entre parênteses representam o que está explicado abaixo: (1) - Título do trabalho. (2) - Seção primária do trabalho. (3) - Seção secundária e terciária do trabalho, se houver. (4) - Numeração do item a que se refere o fichamento. (5) - Comentários ou anotações do pesquisador sobre a obra registrada. Ficha de Resumo ou Conteúdo: é uma síntese das principais idéias contidas na obra. O pesquisador elabora esta síntese com suas próprias palavras, não sendo necessário seguir a estrutura da obra. Exemplo: Educação da Mulher: a Perpetuação da Injustiça Histórico do Papel da Mulher na Sociedade Na Idade moderna 2.3 TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo é História, 145) O trabalho da autora baseia-se em análise de textos e na sua própria vivência nos movimentos feministas, como um relato de uma prática. A autora divide seu texto em fases históricas compreendidas entre Brasil Colônia (1500-1822), Império (1822-1889), República (1889-1930), Segunda República (1930-1964), Terceira República e o Golpe (1964-1985), o ano de 1968, Ano Internacional da Mulher (1975), além de analisar a influência externa nos movimentos feministas no Brasil. Em cada um desses períodos é lembrado os nomes das mulheres que mais se sobressaíram e suas atuações nas lutas pela libertação da mulher. A autora trabalha ainda assuntos como as mulheres da periferia de São Paulo, a participação das mulheres na luta armada, a luta por creches, violência, participação das mulheres na vida sindical e greves, o trabalho rural, saúde, sexualidade e encontros feministas. Depois de suas conclusões onde, entre outros assuntos tratados, faz uma crítica ao pós-feminismo defendido por Camile Paglia, indica alguns livros para leitura. Observação: existem dois tipos de resumos: a) Informativo: são as informações específicas contidas no documento. Nesta ficha pode-se relatar sobre objetivos, métodos, resultados e conclusões. Sua precisão pode substituir a leitura do documento original. b) Indicativo: são descrições gerais do documento, sem entrar em detalhes da obra analisada (o exemplo acima refere-se a um resumo indicativo). Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 16 Ficha de Citações: é a reprodução fiel das frases que se pretende usar como citação na redação do trabalho. Consiste na reprodução fiel de frases ou sentenças consideradas relevantes ao estudo em pauta. Devem-se observar os seguintes cuidados: a) toda citação tem de vir entre aspas. É através desse sinal que se distingue uma ficha de citações das de outro tipo. Além disso, a colocação das aspas evita que, mais tarde, ao utilizar a ficha, se transcreva como do fichador os pensamentos nela contidos. b) após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída. Isso permitirá a posterior utilização no trabalho, com a correta indicação bibliográfica; c) a transcrição tem de ser textual. Isso inclui os erros de grafia, se houver. Após eles, coloca-se o termo sic, em minúsculas e entre colchetes. Exemplo: (hipotético): "Chegou-se à conclusão de que o garimpeiro é, antes de tudo, um homem do campo desocado (sic) para a cidade, mas conservador da cultura rural, embora venha assimilando, gradativamente, aspectos da cultura citadina" (p. 127); d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se, no local da omissão, três pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou final do texto e entre parênteses, no meio. Exemplo: "Essa liberdade é a marca predominante no comportamento do garimpeiro: (ou) esse desejo de liberdade leva-o a optar, sempre que possível, pela garimpagem, ao invés do trabalho nas lavouras; só em última instância o garimpeiro aceita a opção de serviço na roça. ..." (p. 130); e) a supressão de um ou mais parágrafos também deve ser assinalada, utilizando-se uma linha completa de pontos. Exemplo: "A religião está bastante associada a crendices semelhantes às existentes no ambiente rural brasileiro; todo o ciclo da vida, do nascimento à morte, é acompanhado por um conjunto de práticas supersticiosas, cercando-se o nascimento de uma série de crenças e benzimentos, mesmo que se respeite e pratique o batismo. ................................................................................................................ Nem sempre a necessidade é de saúde para a pessoa ou familiares, mas para a obtenção de sucesso no trabalho, arranjar um emprego" (p. 108-109); Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 17 f) a frase deve ser complementada, se necessário: quando se extrai uma parte ou parágrafo de um texto, este pode perder seu significado, necessitando de um esclarecimento, o qual deve ser intercalado, entre colchetes. Exemplo: "Esse rio [Sapucaí], que limita Patrocínio Paulista com Batatais e Altinópolis, é afluente do Rio Grande" (p. 16-17); g) quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser assinalado. Muitas vezes o autor fichado cita frases ou parágrafos escritos por outra pessoa. Nesse caso, é imprescindível indicar, entre parênteses, a referência bibliográfica da obra da qual foi extraída a citação. Exemplo:"... as guplarasse encontram ora numa, ora noutra margem do rio" (p. 36) (MACHADO FILHO, A. da M. O negro e o garimpo em Minas Gerais. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964, p. 17). Exemplo: Educação da Mulher: a Perpetuação da Injustiça Histórico do Papel da Mulher na Sociedade Na Idade moderna 2.3 TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo é História, 145) "Uma das primeiras feministas do Brasil, Nísia Floresta Brasileira Augusta, defendeu a abolição da escravatura, ao lado de propostas como a educação e a emancipação da mulher e a instauração da República." (p. 30) “Sou neta, sobrinha e irmã de general (...) Aqui nesta casa foi fundada a Camde. Meu irmão, Antônio Mendonça Molina, vinha trabalhando há muito tempo no Serviço Secreto do Exército contra os comunistas. Nesse dia, 12 de junho de 1962, eu tinha reunido aqui alguns vizinhos, 22 famílias ao todo. Era parte de um trabalho meu para a paróquia Nossa Senhora da Paz. Nesse dia o vigário disse assim: ‘Mas a coisa está preta. Isso tudo não adianta nada porque a coisa está muito ruim e eu acho que se as mulheres não se meterem, nós estaremos perdidos. A mulher deve ser obediente. Ela é intuitiva, enquanto o homem é objetivo’.” (p. 54) “Na Justiça brasileira, é comum os assassinos de mulheres serem absolvidos sob a alegação de defesa de honra.” (p. 132) Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 18 3 METODOLOGIA A Metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. Nesta parte, descrevem-se os procedimentos a serem seguidos na realização da pesquisa. É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado, do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa. Sua organização varia de acordo com as peculiaridades de cada pesquisa.10 Requer-se, no entanto, a apresentação de informações acerca de alguns aspectos, como os que serão apresentados a seguir: 3.1 Primeiro Passo: dos objetivos da pesquisa11 Em primeiro lugar o aluno deverá esclarecer se a pesquisa é de natureza exploratória, descritiva ou explicativa. Cada pesquisa social tem um objetivo específico. Contudo, é possível agrupar as mais diversas pesquisas em certo número de agrupamentos amplos. Selltiz et alii (1967) classificam as pesquisas em três grupos: pesquisas exploratórias, pesquisas descritivas e pesquisas que verificam hipóteses causais (pesquisas explicativas). a) Pesquisa Exploratória: Tem por objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses, ou seja, desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias para estudos posteriores. De todos os tipos de pesquisa, estas são as que apresentam menor rigidez no planejamento. Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso. Habitualmente não são utilizadas técnicas quantitativas. As pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar uma visão geral aproximativa, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é usado quando o tema é pouco explorado e torna-se difícil formular problemas precisos e hipóteses operacionalizáveis. Muitas vezes as pesquisas exploratórias constituem a primeira etapa de uma investigação mais ampla. 10 Este item foi retirado, na íntegra, de Bello (2005, p. 21). 11 Os itens 3.1; 3.2; 3.3 e 3.4 foram retirados, na íntegra, de GIL (1999, p. 41-57 e 110-138). Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 19 b) Pesquisa Descritiva: Tem por objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis. Uma das características mais significativas está na utilização de técnicas padronizada de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Dentre as pesquisas descritivas salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: a distribuição de idade, sexo, procedência, nível de renda. Outras pesquisas deste tipo são aquelas que se propõem estudar o nível de atendimento nos órgãos públicos, características de uma comunidade, condições de habitação, índice de criminalidade. São incluídas neste grupo as pesquisas que tem por objetivo o levantamento de opiniões, atitudes e crenças da população. Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação de relações entre variáveis, e pretendem determinar a natureza dessa relação - tendem a uma pesquisa explicativa. Há, porém, pesquisas que, embora definidas como descritivas com base em seus objetivos, acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema - tendem a uma pesquisa exploratória. c) Pesquisa Explicativa: Tem como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente. Pode-se dizer que o conhecimento científico está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos explicativos. Isso não significa, porém, que as pesquisas exploratórias e descritivas tenham menor valor, porque quase sempre constituem etapa prévia indispensável para que se possam obter explicações científicas. Uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de uma descritiva, posto que a identificação dos fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado. 3.2 Segundo Passo: procedimentos técnicos Convém, ainda, esclarecer acerca do tipo de delineamento a ser adotado (pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa exploratória, pesquisa ex- Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 20 post-facto, pesquisa de coorte, levantamento, estudo de campo, estudo de caso, pesquisa-ação e pesquisa participante). Segundo Gil (2002) elas podem ser definidas da seguinte forma: a) Pesquisa bibliográfica: a fonte da pesquisa é de papel e é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas. (Obs. Não é aconselhável que textos retirados da Internet constituam o arcabouço teórico do trabalho monográfico). A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. Por ex. renda per capita. A pesquisa bibliográfica também é indispensável nos estudos históricos. b) Pesquisa documental: é muito parecida com a bibliográfica. A diferença está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. O desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa bibliográfica. Apenas há que se considerar que o primeiro passo consiste na exploração das fontes documentais, que são em grande número.Existem, de um lado, os documentos de “primeira mão”, que não receberam qualquer tratamento analítico (documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, Boletins de Ocorrência etc.), existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras interpretações, como relatórios de empresas, tabelas estatísticas etc. c) Pesquisa experimental: o experimento representa o melhor exemplo de pesquisa científica. Essencialmente, o delineamento experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 21 variável produz no objeto. Por mais que existam alguns autores que classifiquem algumas pesquisas sociais como experimentais, este procedimento técnico é mais e melhor utilizado pelas Ciências Exatas. d) Pesquisa Ex-Post-Facto: investigação sistemática e empírica na qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independentes, porque já ocorreram suas manifestações ou porque são intrinsecamente não manipuláveis. Neste caso são feitas inferências sobre as relações entre variáveis em observação direta, a partir da variação concomitante entre as variáveis independentes e dependentes. e) Pesquisa de Coorte: o estudo de coorte refere-se a um grupo de pessoas que têm alguma característica comum, constituindo uma amostra a ser acompanhada por certo período de tempo, para se observar o que acontece com elas. É muito utilizado na pesquisa nas Ciências da Saúde. Os estudos de coorte podem ser prospectivos (contemporâneos) ou retrospectivos (históricos). O estudo de coorte prospectivo é elaborado no presente, com previsão de acompanhamento determinado, segundo o objeto de estudo. Sua principal vantagem é a de propiciar um planejamento rigoroso, o que lhe confere um rigor científico que o aproxima do delineamento experimental. O estudo de coorte retrospectivo é elaborado com base em registros do passado com seguimento até o presente. Só se torna viável quando se dispõe de arquivos com protocolos completos e organizados. A despeito do amplo reconhecimento pela comunidade científica, os estudos de coorte apresentam diversas limitações. Uma das mais importantes refere-se à não-utilização do critério de aleatoriedade na formação dos grupos de participantes. Outra limitação refere-se à exigência de uma amostra muito grande, o que faz com que a pesquisa se torne muito onerosa. Um exemplo de pesquisa de coorte é verificar a exposição passiva à fumaça de cigarro e a incidência de câncer no pulmão (seleção de um grupo exposto e outra de um grupo não exposto à fumaça). f) Levantamento: é a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 22 Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, tem-se um censo. Pelas dificuldades materiais que envolvem sua realização, os censos só podem ser desenvolvidos pelos governos ou por instituições de amplos recursos. São extremamente úteis, pois proporcionam informações gerais acerca das populações, que são indispensáveis em boa parte das investigações sociais. Na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da população estudada. Antes seleciona-se, mediante procedimentos estatísticos, uma amostra significativa de todo o universo, que é tomada como objeto de investigação. As conclusões obtidas a partir desta amostra são projetadas para a totalidade do universo, levando em consideração a margem de erro, que é obtida mediante cálculos estatísticos. Os levantamentos por amostragem gozam hoje de grande popularidade entre os pesquisadores sociais, a ponto de muitas pessoas chegarem mesmo a considerar pesquisa e levantamento social a mesma coisa. Na verdade, o levantamento social é um dos muitos tipos de pesquisa social que, como todos os outros, apresenta vantagens e limitações. Dentre as principais vantagens dos levantamentos estão: o conhecimento direto da realidade; economia e rapidez, e quantificação. Dentre as principais limitações dos levantamentos estão: a ênfase nos aspectos perspectivos; pouca profundidade da estrutura e dos processos sociais, e; limitada apreensão do processo de mudança. g) Estudo de campo: Os estudos de campo apresentam muitas semelhanças com os levantamentos. Distinguem-se destes, porém, em relação principalmente a dois aspectos. Primeiramente, os levantamentos procuram ser representativos de um universo definido e fornecer resultados caracterizados pela precisão estatística. Já os estudos de campo procuram muito mais o aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis. Como consequência, o planejamento do estudo de campo apresenta muito maior flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo do processo de pesquisa. Outra distinção é a de que no estudo de campo estuda-se um único grupo ou comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação de seus componentes. Assim, o estudo de campo tende a utilizar muito mais Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 23 técnicas de observação do que de interrogação. É basicamente realizada por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar as explicações e interpretações do ocorre naquela realidade. Para ilustrar essas diferenças, considere-se um levantamento a ser realizado em determinada comunidade. Procurar-se-á, neste caso, descrever com precisão as características de sua população em termos de sexo, idade, estado civil, escolaridade, renda, etc. Já num estudo de campo, a ênfase poderá estar, por exemplo, na análise da estrutura do poder local ou das formas de associação verificadas entre seus moradores. Para Ventura (2002, p. 79), a pesquisa de campo deve merecer grande atenção, pois devem ser indicados os critérios de escolha da amostragem: das pessoas que serão escolhidas como exemplares de certa situação; a forma pela qual serão coletados os dados, e; os critérios de análise dos dados obtidos. h) Estudo de caso: é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos considerados. O estudo de caso é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro de seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência. Os estudos de caso vem sendo utilizados com frequência cada vez maior pelos pesquisadores sociais, visto ser a pesquisa com diferentes propósitos, tais como: a) explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; b) descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; c) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos. É levada em consideração, principalmente, a compreensão, como um todo, do assunto investigado. Todos os aspectos do caso são investigados. Quando o Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 24 estudo é intensivo podem até aparecer relações que de outra forma não seriam descobertas (FACHIN, 2001, p. 42). O estudo de caso pode ser utilizado tanto em pesquisas exploratórias, quantodescritivas e explicativas. i) Pesquisa-Ação: A pesquisa-ação tem sido objeto de bastante controvérsia. Em virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos do problema, a pesquisa-ação tende a ser vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos científicos. Segundo Thiollent (1985, p. 14), é: “[…] um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida em estreita associação com a ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e pesquisadores representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo”. j) Pesquisa Participante: a pesquisa participante, assim como a pesquisa- ação, caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. Há autores que empregam as duas expressões como sinônimas. Todavia, a pesquisa-ação geralmente supõe uma forma de ação planejada, de caráter social, educacional, técnico ou outro. A pesquisa participante, por sua vez, envolve a distinção entre a ciência popular e ciência dominante. Esta última tende a ser vista como uma atividade que privilegia a manutenção do sistema vigente e a primeira como o próprio conhecimento derivado do senso comum, que permitiu ao homem criar, trabalhar e interpretar a realidade sobretudo a partir dos recursos que a natureza lhe oferece. A pesquisa participante envolve posições valorativas, derivadas sobretudo do humanismo cristão e de certas concepções marxistas. Tanto é que a pesquisa participante suscita muita simpatia entre os grupos religiosos voltados para a ação comunitária. Além disso, a pesquisa participante mostra-se bastante comprometida com a minimização da relação entre dirigentes e dirigidos e por essa razão tem-se voltado sobretudo para a investigação junto a grupos desfavorecidos, tais como os constituídos por operários, camponeses, índios etc. Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 25 3.3 Terceiro Passo: população e amostra Envolve informações acerca do universo a ser estudado, da extensão da amostra e da maneira como será selecionada. Universo ou população: é um conjunto definido de elementos que possuem determinadas características. Comumente fala-se de população como referência ao total de habitantes de determinado lugar. Amostra: subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população. Uma amostra pode ser constituída, por exemplo, por cem empregados de uma população de 4.000 que trabalham em uma fábrica. A amostragem se fundamenta em leis estatísticas que lhe conferem fundamentação científica. A lei dos grandes números afirma que quanto maior a repetição de um evento mais próximo o resultado da probabilidade efetiva. A lei da regularidade afirma que um subconjunto aleatório tende a ter as mesmas características do grupo maior. A lei da inércia assegura que, na maioria dos fenômenos uma ação em um sentido corresponde a reação equivalente em sentido oposto. A lei da permanência dos pequenos números afirma que duas amostras significativas de igual magnitude tendem aos mesmos resultados. 3.3.1 Tipos de Amostragem Existem dois grandes grupos: a probabilística e a não-probabilística, sendo que os primeiros são rigorosamente científicos e se baseiam nas leis estatísticas. a) Amostragem Aleatória Simples: procedimento básico que consiste em elementos aleatoriamente, através de tábuas de números aleatórios. Nem sempre é fácil, pois exige a atribuição de cada elemento a um número, e despreza conhecimentos prévios que porventura o pesquisador possa ter. (Ex. numa lista telefônica que contém 10.000 nomes seleciona-se, ao acaso, uma determinada quantidade de nomes). b) Amostragem Sistemática: é uma variação da amostragem aleatória simples. Sua aplicação requer que a população seja ordenada de modo tal que cada um de seus elementos possa ser identificado pela posição. Apresentam condições para a satisfação desse requisito uma população identificada a partir de uma lista Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 26 que englobe todos os seus elementos, uma fila de pessoas ou o conjunto de candidatos a um concurso, identificados pela ficha de inscrição. Divide-se a escala de elementos em intervalos no número da amostra a ser retirada. Serão escolhidos os elementos de determinada posição aleatória em todos os intervalos. De aplicação simples, mas que depende da ordenação da população através, por exemplo, de um número de matrícula. c) Amostragem Estratificada: caracteriza-se pela seleção de uma amostra de cada subgrupo da população considerada. O fundamento para delimitar os subgrupos ou estratos pode ser encontrado em propriedade com sexo, idade ou classe social. As amostras de cada subgrupo podem ser proporcionais, mantendo as características do grupo maior, ou não proporcionais, para comparar os subgrupos. d) Amostragem por Conglomerados: é indicada em situações em que é bastante difícil a identificação de seus elementos. É o caso, por exemplo, de pesquisas cuja a população seja constituída por todos os habitantes de uma cidade. Em casos desse tipo é possível proceder à seleção da amostra a partir de ‘conglomerados’. Conglomerados típicos são quarteirões, famílias, organizações, edifícios, fazendas etc. e) Amostragem por Etapas: pode ser utilizado quando a população se compõe de unidades que podem ser distribuídas em diversos estágios. Torna-se muito útil quando se deseja pesquisar uma população cujos elementos se encontram dispersos numa grande área, como um estado ou país. Poe exemplo, numa pesquisa que tivesse como universo todos os domicílios do Brasil, num primeiro estágio poderiam ser selecionadas microrregiões. Num segundo estágio, poderiam ser selecionados municípios. Num terceiro estágio, bairros, depois quarteirões e, num último estágio, os domicílios. f) Amostragem por Acessibilidade ou por Conveniência: constitui o menos rigoroso de todos os tipos de amostragem. Por isso mesmo é destituída de qualquer rigor estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo, ou seja, escolhe o que está mais disponível. Aplica-se este tipo de amostragem em estudos exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido elevado nível de precisão. g) Amostragem por Tipicidade: também constitui um tipo de amostragem não probabilística e consiste em selecionar um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis, possa ser considerado representativo de toda a Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 27 população. A principal vantagem da amostragem por tipicidade está nos baixos custos de sua seleção. Entretanto, requer considerável conhecimento da população e do subgrupo selecionado. Quando esse conhecimento prévio não existe, torna-se necessária a formulação de hipóteses, o que pode comprometer a representatividade da amostra. Por exemplo, para escolher uma cidade típica, com vistas em um estudo sobre o país, o pesquisador deverá procurar uma cidade cuja distribuição de renda seja semelhante à do país como um todo, cujo nível de industrialização se aproxime do nível de renda do país etc. O fato de ser uma cidade típica em relação a alguns aspectos não assegura que o seja em relação a outros. Daí por que a generalização a partir de uma amostra desse tipo pode ser bastante arriscada. h) Amostragem por Cotas: de todos os procedimentos de amostragem definidos como não probabilísticos, este é o tipo que apresenta maior rigor. De modo geral, é desenvolvido em três fases: a) classificação da população em função de propriedades tidas como relevantes para o fenômeno a ser estudado; b) determinação da proporção da populaçãoa ser colocada em cada classe, com base na constituição conhecida ou presumida da população, e; c) fixação de cotas para cada observador ou entrevistador encarregado de selecionar elementos da população a ser pesquisada, de modo tal que a amostra total seja composta em observância à proporção das classes consideradas. Este procedimento é usualmente aplicado em levantamentos de mercado e em prévias eleitorais. Tem como principais vantagens o baixo custo e o fato de conferir alguma estratificação à amostra. Contudo, possibilita a introdução de vieses devido à classificação que o pesquisador faz dos elementos e à seleção não aleatória em cada classe. 3.3.2 Determinação do Tamanho da Amostra A amostra deve ser composta de um número suficiente de casos, que dependem dos seguintes fatores. a) Amplitude do Universo: a extensão da amostra tem a ver com a extensão do universo que são classificados como finitos (até 100.000) ou como Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 28 infinitos (acima de 100.000), onde o tamanho da amostragem já não precisa mais aumentar. b) Nível de Confiança Estabelecido: de acordo com a teoria geral das probabilidades, a distribuição das informações coletadas a partir de amostras ajusta- se geralmente à curva ‘normal’, que apresenta valores centrais elevados a valores externos reduzidos. O nível de confiança de uma amostra refere-se à área da curva normal definida a partir dos desvios-padrão em relação a sua média. Em geral, é estabelecido o nível de confiança de 95,5%. c) Erro Máximo Permitido na Pesquisa: os resultados obtidos numa pesquisa a partir de amostras não são rigorosamente exatos em relação ao universo de onde foram extraídas. Esses resultados apresentam sempre um erro de medição, que diminui na proporção em que aumenta o tamanho da amostra. O erro de medição é expresso em termos percentuais e nas pesquisas sociais trabalha-se usualmente com uma estimativa de erro entre 3 e 5%. d) Percentagem com que o Fenômeno se Verifica no Universo: a estimação prévia de percentagem com que se verifica um fenômeno é muito importante para a determinação do tamanho da amostra. Por exemplo, numa pesquisa cujo objetivo é verificar qual a porcentagem de protestantes que residem numa cidade, a estimativa prévia desse número é bastante útil. Se for possível afirmar que essa porcentagem não é superior a 10%, será necessário um número de casos bem maior do que numa situação em que a percentagem presumível estivesse próximo de 50%. Para realizar o cálculo do tamanho da amostra ver: (GIL, 1999, p. 106-109). 3.4 Quarto Passo: instrumentos de coleta de dados Envolve a descrição das técnicas a serem utilizadas para a coleta dos dados. Modelos de questionários, testes ou escalas deverão ser incluídos, quando for o caso. Quando a pesquisa envolver técnicas de entrevista ou de observação, deverão ser incluídos nesta parte também os roteiros a serem seguidos. a) Observação: é o uso dos sentidos com vistas a adquirir os conhecimentos necessários para o cotidiano. Pode, porém, ser utilizada como procedimento científico, á medida que: 1) serve a um objetivo formulado de Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 29 pesquisa; 2) é sistematicamente planejada; 3) é sistematicamente registrada e ligada a proposições mais gerais, e; 4) é submetida a verificação e controles de validade e precisão. Apresenta como principal vantagem a de que os fatos são percebidos diretamente, sem qualquer intermediação, reduzindo a subjetividade. Desse modo, a subjetividade, que permeia todo o processo de investigação social, tende a ser reduzida. O principal inconveniente está em que a presença do pesquisador pode provocar alterações de comportamento dos observados, destruindo a espontaneidade dos mesmos e produzindo resultados pouco confiáveis. As pessoas tendem a ocultar seu comportamento, pois temem ameaças à sua privacidade. Pode-se adotar a seguinte classificação: observação simples, observação participante e observação sistemática. Observação Simples: o pesquisador permanecendo alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa de maneira espontânea os fatos que aí ocorrem, sendo mais um expectador que um ator. Este procedimento é chamado de observação-reportagem, pela similaridade com as técnicas jornalísticas. Vantagens: 1) possibilita a obtenção de elementos para a delimitação de problemas de pesquisa; 2) favorece a construção de hipóteses acerca do problema pesquisado, facilita a obtenção de dados sem maiores reações subjetivas. Limitações: 1) é canalizada pelos gostos e afeições do pesquisador; 2) o registro das observações dependem da memória do investigador, e; 3) dá ampla margem à interpretação subjetiva ou parcial do fenômeno estudado. A observação simples é mais indicada para hábitos mais públicos, e estudos qualitativos, sobretudo os de caráter exploratório. Pela própria natureza da observação, o pesquisador precisa estar atento para acontecimentos não previstos. Regras fixas para a tarefa de observação não existem e as anotações podem ser feitas na hora ou depois, através de diferentes formas de memorização. Observação Participante: consiste na participação real do conhecimento na vida da comunidade. O observador assume, até certo ponto, o papel de membro do grupo, como no caso de antropólogos em sociedades primitivas. Pode-se definir observação participante como a técnica pela qual se chega ao conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo. Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 30 A observação participante pode ser natural, quando o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga ou artificial, quando o observador se integra ao grupo com o objetivo de realizar uma investigação. Na observação artificial é preciso decidir se a investigação será ou não disfarçada, e se for, se seu disfarce pode ser prejudicial a algum membro do grupo. Vantagens: 1) facilita o acesso a dados sobre situações habituais em que os membros das comunidades se encontram envolvidos; 2) possibilita o acesso a dados de domínio privado, e; 3) possibilita captar as palavras de esclarecimento que acompanham o comportamento dos observados. Limitações: referem-se às restrições pela assunção de papéis pelo pesquisador, que pode dificultar o acesso a outros níveis da sociedade ou promovê- lo com desconfiança. Observação Sistemática: é utilizada em pesquisas que têm como objetivo a descrição precisa dos fenômenos. Nestas pesquisas, o pesquisador sabe quais os aspectos da comunidade que são significativos para alcançar os objetivos pretendidos, elaborando previamente um plano de observação. A observação sistemática pode ocorrer em situações de campo ou de laboratório. Pela utilização de mecanismos como cronômetros e outros recursos técnicos, o observador não consegue esconder que está fazendo pesquisa, tornando-se necessário convencer os observados que o comportamento dos observadores não representa qualquer ameaça ao grupo. b) Entrevista: técnica em que o investigador se apresenta ao investigado e lhe formula perguntas para a obtenção de dados de interesse. Enquanto técnica de coleta de dados, a entrevista é bastante adequada para a obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito das coisas precedentes. Vantagens: 1) possibilita o acesso referentes aos mais diversos aspectos da vida social; 2) permite a obtenção de dados em profundidade acerca do comportamento humano, e; 3) os dados são suscetíveis de classificação e quantificação. Com relação ao questionário: 1) não exige que o entrevistado saiba ler ou escrever; 2) possibilita um maior número de respostas pois é mais difícil negar-se a serentrevistado; 3) oferece maior flexibilidade e adaptação pelo contato, Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 31 e; 4) possibilita captar a expressão corporal bem como a tonalidade de voz e a ênfase nas respostas. Limitações: 1) falta de motivação do entrevistado para responder as perguntas que lhe são feitas; 2) inadequada compreensão do significado das perguntas; 3) fornecimento de respostas falsas (por razões conscientes ou não); 4) inabilidade em responder adequadamente por insuficiência vocabular ou problemas psicológicos; 5) influência pelo aspecto pessoal do entrevistador; 6) influências das opiniões pessoais do entrevistador sobre as respostas do entrevistado, e; 7) custos no treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas. Classificação das Entrevistas: classifica-as de acordo com seu grau de estruturação: Entrevista Informal: é menos estruturada e só se distingue da simples conversação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. Busca-se a obtenção de uma visão geral do problema pesquisado, bem como a identificação de alguns aspectos da personalidade do entrevistado. A entrevista informal é indicada em estudos exploratórios em realidades pouco conhecidas pelo pesquisador. Se recorre a ela na investigação de certos problemas psicológicos, onde é importante a livre expressão de suas opiniões e atitudes em relação ao objeto da pesquisa. Entrevista Focalizada: tão livre como a anterior, mas abordando um tema específico, de modo que o entrevistador evita a fuga do tema pelo entrevistado. A entrevista focalizada é bastante empregada em estudos experimentais, com o objetivo de explorar a fundo alguma experiência vivida em condições precisas. O entrevistador confere ao entrevistado ampla liberdade para expressar-se sobre o assunto, mas isto requer grande habilidade do pesquisador, que deve respeitar o foco de interesse temático sem que isso implique conferir-lhe maior estruturação. Entrevista por Pautas: apresenta certo grau de estruturação, já que se guia por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso. As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação entre si. As perguntas diretas são poucas, deixando o entrevistado falar livremente à medida que refere às pautas assinaladas. Quando este se afasta delas, o entrevistador intervém, sutilmente, para preservar a espontaneidade do processo. Indicada para entrevistados avessos a uma maior rigidez. Entrevista Estruturada: desenvolve-se a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação permanece invariável para todos os entrevistados, Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 32 que geralmente são em grande número. Por possibilitar o tratamento quantitativo dos dados, este tipo de entrevista torna-se o mais adequado para o desenvolvimento de levantamentos sociais. Entre as principais vantagens estão a sua rapidez e o fato de não exigirem exaustiva preparação dos pesquisadores, o que implica custos relativamente baixos. Outra vantagem é possibilitar a análise estatística dos dados, já que as respostas obtidas são padronizadas. Em contrapartida, estas entrevistas não possibilitam a análise dos fatos com maior profundidade, posto que as informações são obtidas a partir de uma lista prefixada de perguntas. Esta lista de perguntas é frequentemente chamada de questionário ou de formulário. Este último título é preferível, visto que o questionário expressa melhor o procedimento auto-administrado, em que o pesquisador responde por escrito as perguntas que lhe são feitas. Condução da Entrevista: a entrevista pode assumir diferentes formas. Cada uma delas exige, naturalmente, do entrevistador habilidade e cuidados diversos em sua condução. Do responsável pela aplicação de entrevistas estruturadas exige-se apenas mediano nível de inteligência e de cultura, bem como treinamento operacional. Já daquele que vai proceder à condução de uma entrevista profunda, de caráter absolutamente não diretivo, exigem-se profundos conhecimentos da personalidade humana e, pelo menos, um ou dois anos de treinamento. É necessário, antes de mais nada, que o entrevistador seja bem recebido, indicando as razões da entrevista e que a mesma tem caráter estritamente confidencial. Deve-se criar uma atmosfera favorável. As perguntas devem ser padronizadas, ser iniciadas com algumas que não provoquem negativismo, devem ser seqüenciais (uma de cada vez), não devem deixar implícitas as respostas. Se a pergunta provoca uma resposta incompleta ou obscura, o entrevistador precisa buscar uma resposta mais completa sendo imparcial. Se a resposta for "não sei", o entrevistador deve incentivar o entrevistado a pensar mais. A entrevista deve, se possível, ser terminada quando o entrevistado ainda demonstrar interesse pela entrevista, mantendo a possibilidade de entrevistas futuras. c) Questionário: é uma técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 33 Os questionários, na maioria das vezes, são propostos por escrito aos respondentes. Costumam, nesse caso, ser designados como questionários auto- aplicados. Quando, porém, as questões são formuladas oralmente pelo pesquisador, podem ser designados como questionários aplicados com entrevista ou formulários. Vantagens: 1) possibilita atingir grande número de pessoas, já que pode ser mandado pelo correio e consequentemente atingir grande número de pessoas; 2) implica menores gastos com pessoal, pois não exige o treinamento dos pesquisadores; 3) garante o anonimato das respostas; 4) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente, e; 3) não expõe os pesquisado à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado. Limitações: 1) exclui os analfabetos, conduzindo a graves deformações nos resultados da investigação; 2) impede o auxílio ao pesquisado quando este não entende as instruções ou as perguntas; 3) impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido; 4) não garante que a maioria das pessoas desenvolvam-no devidamente preenchido, o que pode implicar a diminuição da representatividade da amostra; 5) envolve número relativamente pequeno de perguntas, pois questionários muito extensos geralmente não são respondidos, e; 6) os itens podem ter significado distinto para cada sujeito pesquisado, o que atrapalha a objetividade das respostas. A Construção do Questionário: consiste na tradução dos objetivos específicos da pesquisa em itens bem redigidos. As perguntas podem ser: Fechadas: apresenta-se ao respondente um conjunto de alternativas de respostas para que seja escolhida a que melhor representa sua situação ou ponto de vista. Por exemplo: “Qual a sua religião?”, poderão ser apresentadas as seguintes alternativas: ( ) Católico ( ) Protestante ( ) Espírita ( ) Outra religião ( ) Sem religião Não é conveniente oferecer um número muito grande de alternativas, pois isso poderá prejudicar a escolha. No caso da questão sobre religião, como sabe-se a priori, que católicos, protestantes e espíritas reunidos correspondem à grande maioria dos brasileiros, pode-se incluir todas as outras religiões numa outra categoria. A não ser que haja interesse específico em saber qual a participação de grupos religiosos minoritários na população brasileira. Nesse caso, poderão ser incluídas outras categorias, como: ortodoxo, budista, muçulmano, judeu etc. Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 34 Nas questões fechadas, é preciso garantir que, qualquer que seja a situação do respondente, haja uma alternativa em que este se enquadre. Por essa razão é que, em muitoscasos, oferece-se a alternativa “outras”. Também é necessário garantir que as alternativas sejam mutuamente exclusivas, ou seja, uma das alternativas poderá corresponder à situação do respondente. Ressalta-se, porém, que há situações em que mais de uma alternativa poderá ser escolhida. Por exemplo: “Que esportes você pratica?”. Nesses casos, porém, deverá ser esclarecida essa possibilidade. Abertas: apresenta-se a pergunta e deixa-se um espaço em branco para que a pessoa escreva sua resposta sem qualquer restrição. Por exemplo: “Qual é, no seu entender, o principal problema que o Governo precisa resolver?” ______________________________________________. A principal vantagem das questões abertas é a de não forçar o respondente a enquadrar sua percepção em alternativas preestabelecidas. No entanto, questionários com muitas questões abertas frequentemente retornam com muitas delas não respondidas, visto requererem maiores esforços para serem respondidas. Também convém levar em consideração que o processo de tabulação das respostas torna-se mais complexo. Recomenda-se, portanto, que o número de questões desse tipo seja reduzido. Questões Duplas: uma aberta e uma fechada em conjunto. Por exemplo: “Qual a sua religião?”: ( ) Católico ( ) Protestante ( ) Espírita ( ) Sem religião ( ) Outra religião. Qual? ________________________ Questões Dependentes: são questões que dependem das respostas das outras perguntas. Por exemplo, a resposta à pergunta: “Quantos cigarros você fuma por dia?”, num questionário também aplicado a não fumantes, depende da resposta a uma questão anterior: “Você fuma cigarros?” Há diversas formas de apresentação desse tipo de questão. Pode-se, após cada alternativa, escrever o procedimento a ser seguido. Por exemplo, para a questão “Você fuma cigarros?” Sim (responda à questão seguinte) Não (responda à questão nº 3). Conteúdo das Questões: podem ser sobre: Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 35 Fatos: geralmente respondidas com sinceridade, tais como sexo, idade etc. Crenças: referem-se às experiências subjetivas das pessoas, ou seja, do que as pessoas acreditam que sejam os fatos. Questões dessa natureza são as mais difíceis de ser respondidas. Sentimentos: sobre as reações emocionais das pessoas perante os fatos, tais como o medo, a desconfiança, o desprezo, o ódio etc. Padrões de Ação: padrões éticos relativos ao que deve ser feito, podendo envolver considerações práticas a respeito das ações que são praticadas. Dirigidas a Comportamento Presente ou Passado: o comportamento passado ou presente de uma pessoa é um tipo de fato que ela pode observar de uma posição privilegiada, sendo um indicador expressivo de seu comportamento em situações futuras. Referentes a Razões Conscientes de Crenças, Sentimentos, Orientações ou Comportamentos: essas perguntas são formuladas com o objetivo de descobrir os "porquês". As perguntas devem ser formuladas segunda algumas normas: 1) devem ser claras, concretas e precisas; 2) deve-se considerar o sistema de referência do interrogado e seu nível de instrução; 3) não deve ser ambígua; 4) deve ser neutra, não sugerindo as respostas, e; 5) devem referir-se a uma única idéia de cada vez. O número de perguntas depende do interesse do pesquisado, não devendo passar de trinta. Deve-se ter o cuidado de dispersar perguntas suscetíveis de contágio por outras, assim como evitar a mudança brusca de tema, nem que seja necessária uma parada para preparar para a fase seguinte. Prevenção de Deformações: os mecanismos de defesa social intervêm, de maneira inconsciente, na situação da resposta a um questionário. As deformações mais frequentes: Defesa de fachada: quando o respondente acredita estar correndo o risco de ser julgado, reage oferecendo respostas defensivas, estereotipadas ou socialmente desejáveis, encobrindo sua real percepção acerca do fato. Defesa contra Pergunta Personalizada: as perguntas personalizadas, diretas, que geralmente se iniciam por expressões do tipo “O que você pensa a respeito de…”, “Na sua opinião…” etc. tendem a provocar respostas de fuga. Nessas circunstâncias são freqüentes as recusas ou Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 36 hesitações do tipo “Não sei”, “Não estou seguro” e “Não tenho opinião”. Deve-se, assim, utilizar perguntas indiretas. Deformação Conservadora: é natural que as pessoas ofereçam certa resistência à mudança. Esta se manifesta pela tendência a responder “sim” de preferência a “não” e também a oferecer respostas indicadoras de conformismo. Deve-se estar atento com o "tom" das perguntas, mesmo em sua simples expressão escrita. Efeito de Palavras Estereotipadas: certas palavras, quando colocadas numa pergunta, predispõem as pessoas a respondê-las de forma preferencialmente a outra. Ninguém duvida de que palavras como comunista, nazista, vermelho, crente, burguês são possuidoras de carga emocional suficiente para provocar distorções. Por esta razão, na redação das perguntas, devem ser evitadas as palavras chocantes, efetiva ou socialmente carregadas e substituídas por equivalente menos carregados. Influência de Referência a Personalidades de Destaque: a simples referência a uma personalidade de destaque pode ser suficiente para influir nas respostas, tanto em sentido positivo quanto negativo. Assim, devem ser evitadas, nas questões, referências as pessoas que suscitem simpatia, antipatia, autoridades moral ou desprezo público. O questionário deve conter uma introdução e instruções acerca do correto preenchimento, porque as respostas serão dadas sem a presença do pesquisador. Antes de sua aplicação efetiva, deve-se aplicar um pré-teste em membros da população (de 10 a 20) para a detecção de possíveis falhas em sua construção, tais como: complexidade das questões, imprecisão na redação, desnecessidade das questões, constrangimentos ao informante, exaustão etc. Para tanto, os escolhidos devem ser típicos e dispor de maior tempo que os respondentes definitivos, pois serão entrevistados a posteriori para a observação das dificuldades encontradas. Este pré-teste deve assegurar que o questionário esteja bem elaborado, sobretudo no referente a: clareza e precisão dos termos, forma das questões, desmembramento das questões, ordem das questões, introdução do questionário. Apostila de uso exclusivo para sala de aula. 37 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES, CONCLUSÃO E REFERÊNCIAS12 4.1 A Análise e a Interpretação A análise tem por objetivo organizar e sumarizar os dados para fornecerem as respostas ao problema proposto para investigação. Esta é a parte central do relatório. De modo geral é a mais extensa e pode vir subdividida em vários capítulos, conforme a quantidade e a complexidade dos dados obtidos. Sempre que forem desenvolvidos estudos empíricos (estudo de caso, por exemplo) deverá existir um capitulo especifico para apresentar os resultados do estudo desenvolvido. Esta parte, que também é designada como corpo ou desenvolvimento, envolve, de modo geral, a descrição, a análise e a interpretação dos dados. A adequada apresentação dos resultados exige a prévia descrição dos dados, que geralmente é feita mediante tabelas, quadros e gráficos seguidos de textos esclarecedores. Quando os dados obtidos forem muito numerosos, convém relacionar nesta parte do relatório apenas aqueles que são imprescindíveis para o entendimento dos resultados da pesquisa; os demais poderão vir em apêndice. Após a descrição dos dados, vem a análise de seus relações, devendo ser indicados os resultados dos testes aplicados, quando for o caso. Após a descrição e a análise dos dados vem a interpretação, que pode ser considerada como a parte mais importante de todo o relatório. Aqui é que se faz a apresentação do significado mais amplo dos resultados obtidos,
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