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Ref: CANO, Ignacio. Nas trincheiras do método: o ensino da metodologia das ciências sociais no Brasil. Sociologias, Porto Alegre, ano 14, n. 31, p. 94-119, set./dez. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/soc/v14n31/05.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2015. [Partes para leitura: p. 94-119]. RESUMO NAS TRINCHEIRAS DO MÉTODO: O ENSINO DA METODOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NO BRASIL 1º) Ênfase excessiva nos clássicos: erudição X pesquisa empírica 2º) Ensino da metodologia das ciências sociais: falsa oposição entre as técnicas quantitativas x qualitativas. • Crítica aos modernos: O termo ‘positivista’ costuma ser usado mais como insulto metodológico do que como descrição de uma corrente epistemológica real. • Crítica aos pós modernos: A visão metodológica triunfante tende a ver a pesquisa mais como uma arte do que como um empreendimento sujeito a critérios de validação objetivos e rigorosos. 1 O nascimento das ciências sociais e a sua metodologia O que é o positivismo? O positivismo, do ponto de vista metodológico, pode ser resumido em três princípios: a) o monismo metodológico, isto é, a crença num único método para todas as ciências, seja qual for o objeto de cada uma delas; b) a aplicação do método das ciências naturais, baseado na matemática, às ciências sociais; e c) a busca de leis e de explicações causais como objetivos centrais de qualquer ciência. Contra esta visão positivista levantaram-se diversas vozes da filosofia e da historiografia alemã para reivindicar a especificidade das ciências sociais. Estas discussões epistemológicas cristalizaram-se nos dois grandes paradigmas da ciência social: • Compreensão (Verstehen, na sua formulação alemã) versus a Explicação (Erklären). o Explicação visava à identificação de leis do comportamento humano e à determinação das causas da conduta. Paralela às ciências da natureza e condizente com os postulados do positivismo. o Verstehen procurava encontrar o sentido da ação social. A noção de sentido poderia ser traduzida como o significado que os atores sociais atribuem à sua própria conduta, aproximando-se assim do conceito de ‘motivo’. ▪ A verdadeira ciência social deve partilhar o caminho da Explicação com as outras ciências, mas deve também se aventurar num percurso solitário em busca da Compreensão (Verstehen): o sentido da conduta só pode ser compreendido em função dos valores em que ela se inscreve. Sem compartilhar, em alguma medida, o mundo valorativo do ator, sem conhecer suas crenças, atitudes, conhecimentos, sua Weltanschauung (cosmovisão) em suma, o seu comportamento nos é ininteligível. Sujeito cognocente (pesquisador) x objeto cognitivo (estudo): o cientista se interroga, enquanto membro de um grupo, sobre o significado das ações dos indivíduos desse grupo, através da introspecção ou da empatia. O produto do conhecimento das ciências sociais pode transformar o seu objeto, pois os seres humanos podem usar esse saber para mudar o seu comportamento. 2 ABORDAGENS QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS Diferença entre análise quanti x quali. ESTRATÉGIA DE ANÁLISE DE DADOS Quantitativa: envolvem números e os dados são apresentados em tabelas e gráficos numéricos. Privilegiam a tentativa de obter uma mensuração precisa, que permita comparar a frequência dos fenômenos. MODELO ESTATÍSTICO – A estatística é um método que se utiliza de operações matemáticas para sintetizar, relacionar, cruzar, analisar os dados coletados de diferentes formas. Qualitativa: Análise de textos e depoimentos, visando sua interpretação. Os dados são apresentados na forma de citações, depoimentos e descrições. Pretendem obter uma compreensão mais profunda do contexto e da visão dos próprios atores para poder interpretar a realidade. ANÁLISE DE CONTEÚDO – Finalidade de descrever, sistematicamente, o conteúdo das comunicações. (livros, revistas, jornais ...). O que é “Empiricismo”? A mensuração extensiva de opiniões através de surveys, sem que houvesse necessariamente uma hipótese ou uma teoria que explicasse qual seria o objetivo de tal mensuração. O princípio de que o próprio saber social possa mudar o seu objeto, isto é, a conduta, introduz numerosas complicações. 3 MÉTODOS E TÉCNICAS Métodos: estratégias de produção de conhecimento científico, incluindo a geração e a validação de teorias. O método é muito mais abrangente e se aproxima da epistemologia, contemplando estratégias gerais, ou seja, é a forma de produzir conhecimento. MÉTODO DE ABORDAGEM OU RECORTE DO OBJETO ESTUDO DE CASO ESTUDO COMPARATIVO ESTUDO LONGITUDINAL ESTUDO HISTÓRICO SURVEY OU LEVANTAMENTO (MENOR RIGOR ESTATÍSTICO) EXPERIMENTO OU QUASE EXPERIMENTO (NAS CIÊNCIAS HUMANAS) ETNOGRAFIA (PODE SER MÉTODO OU TÉCNICA) Técnicas: formas padronizadas de coleta e análise de dados, com a mesma finalidade, a de produzir conhecimento válido. TÉCNICAS PARA EXTRAÇÃO DE DADOS (UM MESMO RECORTE PODE ENVOLVER MAIS DE UMA TÉCNICA DE PESQUISA) OBSERVAÇÃO – olhar e discriminar o que está vendo (busca por sentidos). QUESTIONÁRIO – contém perguntas, formuladas ou não pelo pesquisador, para captar a opinião e comportamentos de uma população (fazer pré testes). ENTREVISTA – diálogo entre duas pessoas. A conversa é interessada para fins da pesquisa. Pode ser com questionário estruturado, semi estruturado ou envolver conversação livre. HISTÓRIA DE VIDA – estudo de relatos biográficos e autobiográficos respeito a vida pessoal (por entrevistas, diários, memórias e/ou correspondências). HISTÓRIA ORAL – depoimento oral de uma testemunha de um evento importante. A finalidade é preencher as lacunas dos documentos escritos. Mais utilizado pela história. GRUPO FOCAL – é uma forma de entrevistas com grupos, baseada na comunicação e na interação. Seu principal objetivo é reunir informações detalhadas sobre um tópico específico, a partir de um grupo de participantes selecionados. COLETA E ANÁLISE DE DOCUMENTOS – estudos a partir de coleta de informações em jornais, revistas, processos judiciais, folhetos, folders. BANCO DE DADOS SECUNDÁRIOS – estudos a partir de dados já coletados e armazenados em bancos de dados (pesquisas do IBGE, PNAD, PNUD, IPEA, IPARDES, dados não governamentais, entre outros). MATERIAL AUDIOVISUAL (FILMES, MÚSICAS, FOTOS) – representa o fragmento da realidade social. O pesquisador precisa situar esta visão no contexto em que ela foi produzida. A escolha das técnicas a serem empregadas deve depender, em princípio, do tema da pesquisa e do contexto em que ela acontecerá, e não da biografia ou das inclinações do pesquisador. Nem todas as técnicas são adequadas para todos os projetos de pesquisa. É preciso conhecer as fortalezas e fraquezas de cada uma. O pesquisador, idealmente, deve conhecer o máximo de técnicas possível, o que lhe permitirá escolher a que mais se ajuste ao seu propósito ou, melhor ainda, incorporar várias delas no mesmo projeto de pesquisa, uma estratégia conhecida como triangulação. 4 ENSINO DA METODOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NO BRASIL Teoria (e conceitos) – Método (+ técnicas e instrumentos) – Objeto DISCUTIR EM SALA: 1. Pontuem o que mais chamou a atenção nos textos: 2. Qual é o ofício d@ sociólog@? Fazer ANÁLISES dos problemas propostos. 3. Como vocês percebem a relação sujeito x objeto hoje? 4. Até que ponto a intervenção do sujeito na produção do conhecimento pode ser considerado ciência séria? Ou corre o risco de acabar no relativismo absoluto e decretar a morte da ciência? O sujeito é o produtor do conhecimento, mas para não cair no relativismo, é preciso ter rigor na aplicação das técnicas de pesquisa e o uso adequado das teorias. O objeto em si é uma construção teórica, porque parte de um problema construído teoricamente. 5. Como lidar com o emprego dos valores nas Ciências Sociais? Para a ciência moderna: Na maneira de pesquisar e na validade dasconclusões os valores do pesquisador, devem ser contidos, sob risco de perder a aspiração à universalidade, que caracteriza todo o trabalho científico. A forma em que o estudo será conduzido deve responder a critérios objetivos de validação e não pode ficar apenas a mercê de valores culturais. 6. A ciência produz verdades? 7. Quais foram as dúvidas que persistem sobre a disciplina?
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