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JOEL DE OLIVEIRA MARTINS TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO ; Tecnologia Social curso de graduação de Bacharelado em Administração Pública do CECIERJ -UFF – Universidade Federal Fluminense Orientadores: professores Gustavo Furtado e Alexandre Moura Ferreira Volta Redonda 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Bacharelado em Administração Pública – APU Tecnologia e Inovação Coordenador de Disciplina :Gustavo Furtado de Disciplina Mediador a Distância: Alexandre Moura Ferreira Polo: Volta Redonda Aluno: Joel de Oliveira Martins – Matr. 13213110317 AD – II Tecnologia Social RESUMO Palavras-chave: Fundo solidário; agroextrativismo Inovações tecnológicas são vistas pelo senso comum como algo físico e palpável, normalmente, associadas a equipamentos eletromecânicos, eletrônicos e, mais recentemente, o que seja pertinente à internet (sejam aparelhos, softwares, gadgets), na forma coloquial, o entendimento de inovação tecnológica não incorpora as incrementações organizacionalis e de processos que, também, provocam impacto na vida pessoal, social e de coletividades – o que será exposto a seguir é, exatamente isto, a inovação tecnológica como instrumento interventor em dada comunidade, objetivando a elevação da qualidade de vida individual e coletiva. O caso a ser apresentado não atingiu um grande número de pessoas, porém como foi em uma localidade que pertence a um estado de grande extensão territorial e, é muito fragmentado e a situação narrada é comum em várias de suas regiões. A transformação positiva acarretada no local ´tem viabilidade de ser instalada em mais lugares, enquadrando -se nos requisitos de replicabilidade, uma premissa que incorpora a definição de uma iniciativa como tecnologia social. Em realidade muito distante de inovações tecnológicas como robótica, inteligência artificial, robótica e internet das coisas, entre várias que surgem a todo momento, a implementação de duas inovações que, por si só, não são tangíveis e sim as suas consequências. Estas sim possuem concretude que, por sua vez remete a resultados imateriais, criando ciclo virtuoso. As inovações tecnológicas atuantes neste caso, também não trazem consigo elementos físicos, o a inovação de processos aprimorou os métodos operacionais de coleta e convivência com o ambiente e a inovação organizacional teve influência no comportamento individual e coletivo, transportando o que é empregado em organizações empresariais na vida e trabalho das pessoas. Para que a chance de ser bem sucedida a tecnologia social a ser implementada deve ser essencialmente simples e que facilite a sua utilização e execução pela a maioria das pessoas, os custos devem ser acessíveis, possa ser replicável, reproduzida com fluidez em conjuntura similar e assim atender condicionantes de se denominar como tecnologia social “Tecnologia Social é a ferramenta que agrega informação e conhecimento para mudar a realidade. Por isso dizemos que ela é a ponte entre as necessidades, os problemas e as soluções que a gente encontra”, Passoni, Irma (Instituto de Tecnologia Social – ITS). INTRODUÇÃO O estado do Pará é a segunda unidade federativa em extensão territorial, composto de 79% de floresta e 7% de cerrado e campos naturais, portanto não é de causar estranheza que, a segunda maior atividade econômica seja o extrativismo vegetal (castanhas, açaí, madeira, palmito), estas atividades não são conduzidas por organizações empresariais, embora lucrem financeiramente com elas. Os moradores de cidades e vilarejos próximos a floresta ou mesmo integrantes dela, é que tem a coleta de frutas como castanha e açaí como ocupação e meio de subsistência, estas frutas são naturais da região e ocorrem em plena floresta, não tendo um cultivo regular na maior parte da região norte. O adentramento e permanência constantes nas florestas sujeitam os moradores a endemias, (,,,) doenças que se perfilam pela frequência e reincidência em determinada região. (Gil e Maeda), 2013, p. 325-348) Um surto de raiva foi o propulsor de união da comunidade em busca da solução do problema, começando a ação que resultou em adoção de inovação na convivência e ofício das pessoas e comunidade que, mais uma vez atendeu uma das exigências para a postulação de inovação tecnológica: a participação dos integrantes da comunidade. APRESENTAÇÃO DO CASO No ano de 2004, a comunidade Santo Ezequiel Moreno, situada na cidade de Portel, na Ilha do Marajó, que fica a 278Km de Belém, capital do estado do Pará, foi arremetida por um surto de raiva, transmitidas por morcego. A infestação de morcegos hematófagos se deu em função da migração causada por degradação ambiental em área, relativamente próxima à comunidade, em decorrência de derrubada de açaizal por exploradores de palmito, segundo atestado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA). Oriundo da tragédia, veio o pensamento de uma ação para reversão da situação. Tomando por exemplo a experiência recém vivida, a comunidade concluiu que deixar o açaizal de pé seria mais vantajoso, financeiramente e, ambientalmente, mais ponderado. A mudança de comportamento foi gradual e consistente, lideranças da comunidade em eventos de capacitação edificou conhecimentos e a clareza da necessidade de organização e comunhão da comunidade. Assim, debatendo e deliberando surgiu a Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Rio Acuti Pereira (ATAA) , em 2004.A associação arquitetou o Plano de Uso dos Recursos Naturais do Rio Acuti Pereira do qual o açaí nucleava os objetivos, nascendo a concepção do fundo solidário açaí para gerir a forma de trabalho conjunto, obter maior adesão da comunidade e otimizar vendas e delas ter a contribuição de RS 1,00 por lata comercializada, para reverter em melhorias na comunidade que atingissem a todos. A associação se dirigiu na busca por parcerias que pudessem ampliar e diversificar a base produtiva, para abrigar mais participante e crescer a parte econômica do projeto, chegando à parceria com Instituto Brasileiro de Estudos (IBE) que sistematizou a experiência da comunidade, tornando mais trans parente a prestação de contas, aprimoramento da comunicação entre os envolvidos e o aperfeiçoamento contínuo do aprendizado apreendido. Nesta época o açaí aparecia, promissoramente, como negócio, inclusive, com possibilidade de exportação. Iniciava-se o trabalho de convencimento e agregação em torno do potencial da floresta e, dos próprios membros do vilarejo. Após à persuasão e impulsionamento, as famílias aderiram à causa. Porém a baixa produtividade do açaizeiro nativo e a inércia do poder público e as crescentes demandas da população, pois necessitavam de infraestrutura básica que não eram atendidas pelos governos municipal e estadual. A concepção de aproveitamento da coleta sem o arraso do ambiente já estava consolidada, precisava-se de aproveitar o engajamento das famílias e não permitir a dissipação do movimento que aglutinava comunidade então, para alavancar metas mais abrangentes e com consequências positivas maiores, concebeu-se a criação de um fundo solidário conduzido pela Associação dos trabalhadores Agroextrativistas do Rio Acuti entre 2009 e 2010. Para a formação do fundo cada membro contribuiu com RS 1,00 (um real) por lata vendida, nesta ocasião o coletivo comercializou 20.000 (vinte mil) latas do fruto do açaizeiro. Assim a comunidadeangariou recursos para enfrentar as demandas da comunidade. Um dos atendimentos a estas demandas encerrou um dos sacrifícios que as pessoas tinham para se deslocar pela localidade, para ir até outro lugar ou somente para estudar ou trabalhar, anterior ao benefício proporcionado pelo fundo solidário, o transporte era feito por canoas e as pessoas tinham que caminhar sobre rolos de madeira soltos pelo rio para acessarem seu destino. A primeira melhoria trazida pelo fundo solidário foi a construção de uma ponte de 800 metros de comprimento, planejada e construída pelos próprios comunitários. Mais benfeitorias nasceram amparadas pelo fundo solidário, um centro comunitário, onde acontecem reuniões, festas e cursos e, também ações da Pastoral da Criança, outro feito conquistado é um poço artesiano que abastece de água potável uma área de mais de oitocentos metros quadrados, o avanço mais recente é a cozinha industrial comunitária, no local , vinte mulheres fazem produção de alimentos que são vendidos para escolas da região, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) auferindo rendimentos para o coletivo, do qual 5%é destinado ao fundo solidário, mais uma fonte de recursos para que o fundo se torne cada vez mais sustentável. As perspectivas da comunidade mudaram, consideravelmente, após o surgimento da Associação do Fundo Açaí Solidário. Há os benefícios tangíveis, já descritos e, ainda existem os que só podem ser percebidos, individualmente. Como a melhoria na saúde, produtividade pessoal, qualidade de vida e ascendência no rendimento escolar próprio ou dos filhos. Constam nos objetivos dos fundos a preparação e formação das crianças e jovens para a administração do fundo solidário no futuro, ampliação da produção do açaí e a exportação para o exterior. Combate à pobreza e desenvolvimento sustentável O Fundo Solidário Açaí se realça como tecnologia social relacionada ao Objetivo Desenvolvimento Sustentável (ODS), programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para o banimento da pobreza em todas suas formas, promover a prosperidade, bem-estar e proteger a natureza. “(...) a Economia Solidária é uma estratégia surgida no âmago de resistências e lutas sociais contra o desemprego e a pobreza, composta por atividades socioeconômicas cuja primado é do trabalho sobre o capital, de caráter associativo e autogestionário que tem garantido a reprodução da vida dos trabalhadores e trabalhadoras, e que pode promover a inclusão social e o desenvolvimento econômico, social e cultural com maior sustentabilidade, equidade e democratização. (NISHIMURA, 2009, p. 94)”. O apoio institucional, público ou privado é essencial para o sucesso e desenvolvimento de projetos como estes, o suporte pode ser financeiro, material ou a cessão de expertise em determinada área. A pastoral da criança foi um dos primeiros recebidos, as aquisições das prefeituras próximas de alimentação, também foi outro avanço e fortalecimento, de maneira mais contundente e expressiva e, que deu mais incentivo ao projeto e a outros pelo estado, se deu pelo decreto estadual 2.012/2018, que assegura o direito territoriais para as comunidades agroextrativistas. REFERENCIAL TEÓRICO “Roger (1992), em primeiro lugar os potenciais adotantes a vantagem relativa da inovação, ou seja, procuram saber se essa inovação oferece significativa vantagem, em termos de qualidade ou custos, por exemplo em relação aquilo que ela substitui. Observando a complexidade da inovação, buscando inovações que podem ser entendidas e adotadas sem grandes dificuldades. apud Pinto, Míriam de Magdala (p. 43 e 44, 2012),” ” ALMEIDA, Aelson Silva, ¨O termo surge inicialmente entre as organizações do terceiro setor e é utilizado para descrever experiências cujo objetivo volta-se para o desenvolvimento da sociedade. Essa, por si só, não é exatamente uma novidade. Os estudos sobre o tema sinalizam certo dissenso sobre seu conceito, o que se reflete na polissemia de seu uso, com diferentes apropriações e significados. Neste sentido, a tecnologia pode ser classificada como social quando se propõe a atuar sobre um problema social; quando seus valores estão informados pelo desenvolvimento da sociedade, não do mercado, ou seja, quando a ideia de social se apresenta como alternativa ao capital; quando considera os saberes dos atores diretamente afetados com o problema; quando apresenta baixo custo, é sustentável, reaplicável ou ajuda na promoção da autonomia dos interlocutores envolvidos, sobretudo nos casos onde o acesso aos direitos está em jogo, dentre outras possibilidades.¨¨ apud (Divisão de Inovação e Tecnologias Sociais da Agência de Inovação da UFF (AGIR Ao observar a realidade concreta da região do Marajó das águas e das florestas, como apresentado no caso da comunidade Santo Ezequiel Moreno, constata-se que existem iniciativas solidárias autogestionárias promissoras, entretanto, apresentam-se apartadas pelas grandes distâncias fluviais presentes em todo o território, fato que dificulta sobremaneira as atuais e eventuais conexões solidárias que se constituem no Marajó. Contudo, deve-se considerar que todas as relações sociais se encontram interconectadas como nunca antes, e diante dessa realidade, investir na sinergia entre as diversas iniciativas solidárias de produção e consumo a partir de redes colaborativas de apoio mútuo, certamente, configura-se como a chave para o desenlace do efetivo desenvolvimento territorial do Marajó. (revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, Florianópolis, v. 17, p. 01-21, 2020 PLANO DE AÇÃO CONHECIMENTO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA A tecnologia social tem como ponto de partida a identificação dos problemas sociais, se organiza e sistematiza para o ingressar ou gerar inovação na comunidade; PARTICIPAÇÃO, CDANIA E DEMOCRACIA. Dar ênfase a cidadania, a participação democrática, acatar a metodologia participativa nos processos de Trabalho impulsionando sua disseminação e reaplicação; EDUCAÇÃO Realização de um processo pedagógico na íntegra, desenvolver diálogos entre saberes populares e científicos, dando autonomia para as comunidades, pois ela se apropria da tecnologia empregada; RELEVÂNCIA SOCIAL Ser eficaz na solução dos problemas sociais, proporcionar sustentabilidade ambiental, provocar transformação social, recuperando a estima e o senso de pertencimento a coletividade. DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL Abundância de recursos naturais que permitem a retirada de recursos naturais para subsistência, tanto para a alimentação, quanto para extração de elementos da flora para a comercialização; Exploração predatória da floresta por extra comunitários; Coleta predatória de recursos naturais; Coleta extrativista comercial sem orientação técnica; Esforços individuais sem inteiração entre indivíduos que compartilham os mesmos trabalhos, território, carências e demandas sociais; Baixa produtividade laboral e retorno de rendimentos desproporcional aos esforços; Precariedade em estruturas básicas para a existência, deslocamentos, trabalho, estudo e saúde. Ausência do poder público ou outra ação institucional. REFERÊNCIAS www.imazonorg,br https://www.fbb.org.br/pt-br/lgpd/conteudo/ods-1 http://tecnologiasocial.sites.uff.br/o-que-sao-tecnologias-sociais/ https://www.fbb.org.br/pt-br/lgpd/conteudo/ods-1 https://www.iberdrola.com/compromisso-social/tecnologias-sociais https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75902011000100011 GIL, C.R.M.; MAEDA, S.T. Modelos de Atenção à Saúde no Brasil. In: SOARES, S.B.; CAMPOS, C.M.S (orgs). Fundamentos de Saúde Coletiva e o Cuidado de Enfermagem. Barueri: Manole, 2013, p. 325-348. tsbrasil.org.br/conheca/tecnologia-social/ https://www.iberdrola.com/compromisso-social/tecnologias-sociais https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75902011000100011
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