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Da Concepção da Liberdade de expressão Teorias e jurisprudências Iuri Vidal Esteves Machado Universidade do Distrito Federal Nota : Ao Professor Rodrigo Capone, gostaria de frisar. Dentre minhas condições de existência está a vontade intelectual, a chama, a curiosidade. Que, por bem, deve ser alimentada a cada dia. Ela me dá força, esperança e otimismo. Será um prazer escrever análises constitucionais visto que estarei sob a égide de sua correção e critérios, que também foram cunhados ao alimentar a tal chama. E pra mim uma inspiração. Torço para que tudo volte ao normal e o senhor possa dissertar seu doutoramento e se descontrair em terras madrilenas novamente. 1 Introdução : Da Perspectiva Histórica da Liberdade de Expressão no Brasil. Em minha pesquisa irei tratar do tema que nos causa encanto. O artigo IX da nossa carta Magna, a liberdade de expressão (censura está na história brasileira, mas não faz mais parte das vigências atuais) a partir daqui, irei desenvolver o espectro social-histórico de tal instituição constitucional encontrada no artigo 5º inciso IX. Ao bel prazer de extensa pesquisa que fiz por quase uma semana, hoje finalmente, terei o prazer de expender sobre. Afirma-se deste artigo "É livre a expressão da atividade intelectual artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença " a partir do seu enunciado podemos concluir que no Brasil todos temos o direito de se expressar sem impedimentos por parte do Estado ou por outros cidadãos. Isso quer dizer que qualquer pessoa pode manifestar suas ideias e opiniões das mais variadas formas. Os meios para transmitir uma mensagem são inúmeros, mas o intuito do inciso nono é proteger a atividade intelectual, artística, científica e claro, por meio de veículos de comunicação. E para que essa transmissão de mensagens seja livre ela não pode sofrer nenhum tipo de censura e nem depender de quaisquer licença. Para contextualizar: censura é um controle prévio que se faz sobre matérias que serão publicadas, enquanto a licença é uma autorização dada pelo estado para a divulgação de um conteúdo. Desde a Constituição do Império havia a garantia da liberdade de expressão, o que foi preservado até a Constituição de 1937. Já no período conhecido como Estado Novo durante o governo do presidente Getúlio Vargas, o princípio constitucional da liberdade de pensamento desapareceu. Foi adotada a censura como meio de impedir a publicação ou a reprodução de determinadas informações. A censura nasceu reprimindo a liberdade de expressão. Com o período da redemocratização, a Constituição de 1946 foi responsável por colocar e assegurar, no novo ordenamento jurídico, a manifestação do pensamento. O texto constitucional dispunha a livre manifestação do pensamento, sem dependências da censura, salvo quanto a espetáculos e diversões públicas, respondendo cada um, por abusos cometidos, conforme disposição legal. Quando Getúlio Vargas ocupou o poder novamente, ele se preocupou em editar a lei da imprensa (Lei 2.083 de 1953) com a devida regulamentação dos crimes de imprensa. Em seu bojo, a lei trouxe vários defeitos, como a exacerbada repressão à liberdade de imprensa. Como frisado, a liberdade de expressão já fora prevista em constituições anteriores, esta que sofreu um duro golpe, novamente, durante a ditadura militar, principalmente após a promulgação do ato institucional 5 (Ai-5). A censura, a partir daí, foi institucionalizada, tornando-se uma das marcas mais fortes da ditadura militar no Brasil. A imprensa inteira estava submetida a ela. Assim como artistas, escritores, compositores e formadores de opinião. Naquele período, foram criados vários órgãos de controle das informações, como o serviço nacional de informações (SNI) e o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Também foi promulgada em 1967, uma lei de imprensa que previa severas punições aos meios de comunicação e a jornalistas que não respeitassem as regras estabelecidas pela censura. Quanto aos artistas, a partir de 1968 com a vigência do Ai-5, todos os materiais culturais passaram a ser controlados pelos órgãos de censura antes de serem publicados. Muitos livros, discos e filmes foram proibidos. A liberdade de imprensa e um importante aspecto da liberdade de expressão em uma sociedade democrática, pois meios de comunicação livre, incentiva a difusão de diferentes pontos de vista e estimulam o diálogo, além disso, a imprensa é um ferramenta importante para vigilância dos atos dos governantes do país, que consequentemente levará a população a cobrar seus direitos. Quando há censura, a liberdade de imprensa fica ameaçada pois os governantes controlam todas as informações que chegam a população, para assim, garantir sua perpetuação no poder. Nós devemos, contudo, lutar para que a liberdade de expressão seja efetivamente garantida, e para que não haja censura, conforme determina o inciso IX. Mas me responde uma coisa: em uma sociedade em que a liberdade de expressão é garantida, podemos falar tudo que queremos ? Não, a liberdade de expressão é um direito garantido, mas a própria constituição também prevê que a liberdade de um indivíduo não pode ferir a liberdade de outro indivíduo. O inciso X, por exemplo, determina que não se pode ferir a intimidade, a privacidade, à honra e a imagem de outrem, ou seja, não se pode usar o argumento da liberdade de expressão para ferir outro direito garantido, por qualquer lei ou pela constituição. Outro limite imposto à liberdade de expressão é o anonimato, proibido expressamente pelo https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_de_1937 https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Novo_(Brasil) https://pt.wikipedia.org/wiki/Censura https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_de_1946 https://pt.wikipedia.org/wiki/Get%C3%BAlio_Vargas https://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade_de_imprensa inciso IV do artigo 5 da nossa constituição. Isso significa que, ao manifestar seu pensamento, você deve revelar sua identidade até para permitir que pessoas que sejam eventualmente ofendidas com essa manifestação possam buscar reparação. A proteção da liberdade de expressão é essencial para o livre desenvolvimento da nossa personalidade e da nossa dignidade. Além disso, garantir a liberdade de expressão e garantir a própria democracia, pois somente quando somos livres para nos manifestarmos e que conseguimos participar efetivamente da política do nosso país, compartilhando ideias e interagindo com as pessoas sem receios. Conseguimos a partir daí entender melhor a liberdade de expressão brasileira. Deixando claro que os direitos e garantias fundamentais não foram-nos adquiridos de um dia para o outro, trata-se de construção histórica, de lutas , guerras e revoluções conquistadas de geração em geração, tais essas que deram nova roupagem ao mundo que assistimos hoje. Em 1824 teremos nossa primeira constituição brasileira (esta já se debruçava sob os fundamentos da liberdade de expressão), a partir dali, o estado brasileiro terá mais 7 constituições, relevo aqui a tríade realiana de que o direito e fato, norma e valores étnicos culturais e sociais, arcabouço teórico que pode por si só explicar que : conforme os tempos mudam, o princípios, dogmas e as teorias de Direito metamorfoseia-no. Portanto, tais parágrafos que dissertam plus histórico do direito constitucional estão entre as mais importantes desta pesquisa científica, pois o passado está à tona a todo tempo. E aqui refiro frase do grande jornalista brasileiro - Millôr Fernandes "O brasil tem um grande passado pela frente." 1.2 Das diferentes teorias à liberdade de expressão. A liberdade de expressão é um direito complexo. Ela traz em seu âmago as liberdades de manifestação do pensamento, imprensa, reunião e até mesmo a liberdade religiosa. A liberdade de expressão permeia e sustenta a sociedade democrática em todas as suas esferas. Como abordar um tema tão amplo e controverso? Para orientar essa discussão, apresento aqui teoriasque justificam a proteção da liberdade de expressão, com a exposição de seus principais fundamentos. São elas as teorias da verdade, da autonomia individual e, enfim, a democrática. 1.2.1 Teoria da verdade A liberdade de expressão é tão antiga quanto os direitos fundamentais, mas suas características e fundamentos são relativamente novos. Só no início do século XX essas questões foram amplamente debatidas e tomaram a feição atual. Antes disso, a regulação da liberdade de expressão era comum e a censura, largamente permitida, em especial quando se defendia os interesses governamentais. Prova disso foi a chamada Lei de espionagem, promulgada em 1917, logo após os Estados Unidos entrarem na Primeira Guerra Mundial. Essa Lei sofreu diversas modificações, sendo que uma das principais ocorreu em 1918, com a aprovação do Ato de Sedição. O propósito dessa legislação é conhecido: o objetivo da Lei de proibir críticas ao governo e sua participação na guerra. [...] Nessa linha, em 1919 (ao final desta mesma guerra), por ocasião do julgamento do caso Abrams v. United States, alguns aspectos paradigmáticos da liberdade de expressão foram delineados. Jacob Abrams, juntamente com outros quatro imigrantes russos, foram presos e condenados por violarem o Ato de Sedição de 1918. Seu crime foi distribuir pelas ruas de Nova Iorque panfletos que criticavam os EUA por enviarem tropas para a Rússia, além de incentivarem os trabalhadores da indústria de munições a fazer uma greve em protesto contra a campanha norte-americana na primeira guerra. Os réus apelaram, baseando sua defesa na primeira emenda, sob o argumento de que seu direito fundamental à liberdade de expressão havia sido desrespeitado. O nome dele era Oliver Wendell Holmes, um grande dissidente do Direito, filósofo e professor de Harvard, considerado um dos maiores pensadores da história do Direito que se tornaria professor e juiz da suprema corte americana. Nascido em Boston no ano de 1843 e na perspectiva jurídica de hj, considerado o pai do realismo jurídico, para resolver tal conflito, propôs uma teoria para justificar a defesa da liberdade de expressão: a teoria da verdade. A ideia que Holmes propõe está baseada em um experimento social. Um livre mercado de ideias, tal qual imaginado e defendido por John Stuart Mill e John Milton (outros dos dois principais pensadores de sua época) . Nessa situação de troca livre de ideias e visões de mundo, o valor de verdade de um enunciado deve ser aferido pelo resultado do confronto da ideia nele contida com as ideias que lhe são contrárias. Esta livre troca define, assim, o valor da verdade. Para que uma ideia tenha valor e impacto real, ela deve ser o resultado de reflexão coletiva, pois uma verdade autodeclarada nada mais será do que uma falsa verdade. A teoria da verdade apresenta, portanto, importantes limitações, mas indica um fundamento claro e direto da liberdade de expressão: " ideias são reguladas e combatidas por meio de outras ideias, não com poder ou força ". Foi pra mim, emocionante ter contato com esta frase, ela é forte, sábia e namora com o chamamento da mesma teoria ao qual foi empregada, a verdade. Essa é a origem da liberdade de expressão. A ciência política, a teoria de estado aqui se difundem com o tema "constituições" de maneira brilhante. O estudo do poder são vossa essência. 1.2.2 Teoria da autonomia [ … ] Enuncio a partir daqui a segunda das teorias do direito de expressão. Diferente da teoria da verdade que entende a liberdade de expressão como um instrumento para maximizar o acesso à verdade, a teoria da autonomia entende que a liberdade de expressão é necessária e valiosa por si só. Também chamada de teoria constitutiva, essa visão foi arduamente defendida pelo ilustre Professor de Yale, Ronald Dworkin. Filósofo do direito americano. Nascido em Massachusetts e ganhador do prêmio Holberg, este autor está em segundo lugar dos autores mais citados no século XX, na área legal, autor do livro " O império da Lei ". Não para tanto , Dworkin em diversas passagens desta obra irá tratar da denominada teoria da autonomia. Para este autor não é possível existir o respeito da igualdade e da democracia se não há uma participação de todos na formação do juízo moral da sociedade. A liberdade de expressão é, por isso, a única forma de garantir igualdade civil em uma sociedade democrática. Para esse autor não é possível existir o respeito da igualdade e da democracia se não há uma participação de todos na formação do juízo moral da sociedade. A liberdade de expressão é, por isso, a única forma de garantir igualdade civil em uma sociedade democrática. Ou seja, para que haja autonomia e independência moral as pessoas precisam ser estimuladas a pensar por si mesmas. E o governo não deve interferir nesse processo. Dworkin destaca que, para possibilitar que os cidadãos sejam agentes morais, o governo deve tratar a todos como agentes independentes. O governo não deve censurar o discurso, principalmente no que se trata de questões controversas. É uma escolha individual exercitar esse direito, com independência. Retirada de seus manuscritos em livro, a seguir disponho frase que firma o eixo das indagações teóricas que , agora, fiz. Uma comunidade política genuína deve, portanto, ser uma comunidade de agentes morais independentes. Não deve ditar o que seus cidadãos pensam sobre questões de julgamento político, moral ou ético, mas deve, pelo contrário, fornecer circunstâncias que os encorajem a chegar a crenças sobre esses assuntos por meio de sua própria convicção reflexiva e finalmente individual. ( p. 26, Dworkin) 1.2.3 Teoría Democrática [...] O que é democracia ? -Agora, para facilitar nossa análise que debruça sobre a teoria democrática da liberdade da expressão, iremos frisar alguns pontos e conceitos sobre democracia, a título de melhor ilustração teórica e cognitiva. A partir de quem, para mim, tem culhão para tratar do assunto - o melhor do mundo - Bobbio (1909-2004) que em seu ensaio sobre a teoria das formas de governo, propõe simples e objetivamente a frase de profunda reflexão " Democracia e o governo de muitos/todos". Para ele (de entendimento Juspositivista) democracia é o governo das leis, isto é, um ordenamento jurídico que define quem deve tomar as decisões. Portanto, como as representações são estabelecidas pelo povo, e a partir disso como as decisões são tomadas, democracia para ele tem a ver com a ideia de legalidade e ordenamento jurídico. Neste conceito geral, há também a amplitude dos direitos políticos dos cidadãos, pois aí se garante maior efetividade democrática, com um maior número possível de oportunidades de escolha, alternativas, e isso quer dizer: legalidade, amplitude de direitos políticos e oportunidade de escolhas. Dada tranquilidade de frisarmos tais conceitos para maior facilidade de compreensão, sempre em frente, seguimos com nossa pesquisa, pois não temos tempo a perder. A necessidade de que todos os pontos de vista tenham a mesma proteção decorre da igualdade, que é um elemento necessário de uma sociedade em que os homens e mulheres se auto governam (democracia). Só os cidadãos livres e autônomos podem julgar o que é injusto, quem é ignorante ou perigoso. Isso significa que todos os pontos de vista devem ser ouvidos. Essa conclusão é reforçada pelo fato de que decidir a priori quem deve falar e quem deve se calar, é fazer uma escolha deficiente e preconceituosa, que carece de informação e reflexão, pois as informações só podem ser avaliadas após o confronto de ideias. Essa forma de limitação das ideias é proibida, pois é essa mutilação do processo de pensamento da comunidade contra a qual o artigo 5º foi dirigido em seus princípios fundamentais e os direitos e garantias fundamentais. Essa premissa é uma consequência direta do acordo (contratualismo entre estado e povo). Realizado pelos fundadores do Estado, pelo poder constituinte, acordo que busca atribuir ao povo o autogoverno. Que criou um regime no qual as questões públicas devem ser decididaspor todos. Uma democracia. Isso quer dizer que, em um contexto de garantia da liberdade de expressão, todos os pontos de vista, especialmente os mais radicais, os mais perseguidos, os menos aceitos, devem ser garantidos pela ordem constitucional. São justamente essas ideias que necessitam da proteção constitucional - é muito fácil estar de acordo com aquilo que todos aceitam. Mesmo erradas ou inverídicas, mesmo perigosas ou não aceitas, até mesmo aquelas que chocam ou causam repugnância, todas as ideias devem ser protegidas pelo direito constitucional. O sentido da liberdade de expressão está justamente em garantir que essas vozes dissidentes sejam ouvidas. Ou seja: ter medo de ideias, qualquer ideia, é ser desqualificado para o autogoverno. Destarte a isso, presto a lógica; logo, não temos democracia. A teoria da liberdade de expressão democrática, se atenta então, ao protegimento. Deve-se esta teoria, aos esforços do advogado, filósofo do direito e constitucionalista, Alexander Meiklejohn (1872-1964) professor da Brown e que um dia esteve na capa da Times, por suas contribuições e prestígiosidade. 1.3 Síntese de caso O ano era 2007, e uma lide judicial entre biógrafo e biografado começa a surgir nos jornais brasileiros da época. A repercussão nacional deve-se ao fato de se tratar da biografia do cantor Roberto Carlos, escrita pelo jornalista e historiador Paulo Cesar de Araujo, autodenominado grande fã de Roberto Carlos, o livro chegará nas livrarias de todo o país em 2007, lançado pela editora Planeta e intitulado " Roberto Carlos em detalhes ". A grande polêmica causou reviravoltas na justiça acerca das biografias não autorizadas, tema este que interfere diretamente ao assunto que tratamos aqui, pois é conhecida a liberdade de expressão e seu valor de amplitude constitucional, e irei abordar, que entremos neste grande exemplo de afronta ao artigo IX. Ressalto também o conceito de biografia, pois será importante para nosso entendimento, chama-se biografia, segundo o Dicionário Aurélio - Biografia é o gênero textual responsável por contar a história de uma pessoa, geralmente personalidades da ciência, política, cultura e esporte. Biografia é um gênero textual utilizado para contar a história de uma pessoa. Frizado tal conceituação, podemos aqui continuar nosso estudo e análise de caso. Caso a rigor, o direito à personalidade, que protege a privacidade de pessoas físicas e o direito à liberdade de expressão entrarem em choque, mas como achar um consenso, qual seria a solução para este caso ? E, podemos deixar de lado a importância da privacidade ? Este tema seria tratado pelo Supremo Tribunal Federal como ação direta de inconstitucionalidade (ADI) 4.815/Distrito Federal trata da dispensa de autorização prévia do biografado, ou da família, para publicação de obras. Questão que vislumbrou grande repercussão em decorrência das obras biográficas não autorizadas em livros ou veiculadas em filmes, novelas, minisséries, de pessoas notórias para a sociedade, ser fatos que despertam relevante interesse público. O estudo propõe-se a discussão e a interpretação dos artigos 20 e 21 do Código Civil, artigos que envolvem os direitos da personalidade, direitos fundamentais da pessoa humana, como os direitos à privacidade, honra, imagem, intimidade, englobando a questão dos direitos a liberdade de informação, expressão e pensamento, também positivados no artigo 5º, incisos IV, IX, X e XIV, bem como no artigo 220, ambos da Constituição Federal, artigos estes que devem ser interpretados conforme os princípios constitucionais. Os direitos fundamentais são direitos considerados essenciais para o ser humano e para uma sociedade democrática, estando relacionados diretamente ao princípio da dignidade humana, consagrando a pessoa ao valor supremo no ordenamento. Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4815 e declarou inexigível a autorização prévia para a publicação de biografias. Seguindo o voto da relatora, ministra Cármen Lúcia, a decisão dá interpretação conforme a Constituição da República aos artigos 20 e 21 do Código Civil, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada, relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas). Na ADI 4815, a Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) sustentava que os artigos 20 e 21 do Código Civil conteriam regras incompatíveis com a liberdade de expressão e de informação. O tema foi objeto de audiência pública convocada pela relatora em novembro de 2013, com a participação de 17 expositores. Mas em minha visão, quando sento para ler as notícias do mesmo STF e outras demais decisões sobre o direito de expressão, percebo que jurisprudência brasileira revela que o papel da liberdade de expressão na sociedade brasileira ainda é um tema em aberto. O STF vacila e até hoje ainda não estabeleceu qual é a real função da liberdade de expressão no sistema constitucional brasileiro. Ora o Tribunal privilegia a expressão, ora a mutila, tudo isso com base em critérios imprecisos e na conveniência política. Essa incerteza da jurisprudência constitucional revela que não há um comprometimento da coerência da proteção dos direitos fundamentais. Nesse clima de insegurança quem perde é a liberdade de expressão, pois o cidadão amedrontado tende a permanecer calado. Ainda há tempo para se mudar de rumo. E, nesse caminho, revitalizar a liberdade de expressão seria o primeiro e mais urgente passo. " A liberdade é uma coisa tão preciosa que devia ser racionada " Vladmir Lenin Bibliografias : http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI4815relatora.pdf https://frases.tube/809335_a-liberdade-e-uma-coisa-tao-preciosa-que-devia-ser-racionada -DWORKIN, Ronald. Lei da liberdade: a leitura moral da Constituição americana. Nova York: Oxford University Press, 2005 -MILL, John Stuart. On Liberty. [s.l.]: Cosimo Classic, 2005. -CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1986, p. 643 -https://pt.wikipedia.org/wiki/Ronald_Dworkin -https://pt.wikipedia.org/wiki/Oliver_Wendell_Holmes,_Jr. -https://en.wikipedia.org/wiki/Alexander_Meiklejohn -http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm -http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=443755 -GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. -GUERRA, Sidney Cesar Silva. A Liberdade de Imprensa e o Direito à Imagem. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. -LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 15 ed. rev; atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2011. -BITTAR, Eduardo Carlos Bianca; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do Direito. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002 -https://www.ayresbritto.com.br/2015/06/11/stf-afasta-exigencia-previa-de-autorizacao-p ara-biografias/ -https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/06/150609_biografias_polemicas_lgb https://pt.wikipedia.org/wiki/Ronald_Dworkin https://pt.wikipedia.org/wiki/Oliver_Wendell_Holmes,_Jr https://en.wikipedia.org/wiki/Alexander_Meiklejohn http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=443755 https://jus.com.br/tudo/direito-constitucional https://jus.com.br/tudo/filosofia-do-direito https://jus.com.br/tudo/filosofia-do-direito https://www.ayresbritto.com.br/2015/06/11/stf-afasta-exigencia-previa-de-autorizacao-para-biografias/ https://www.ayresbritto.com.br/2015/06/11/stf-afasta-exigencia-previa-de-autorizacao-para-biografias/ https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/06/150609_biografias_polemicas_lgb
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