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LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DISCURSO DE ÓDIO

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6 
 
 
 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS 
ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA 
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE TRABALHO DE CURSO 
ARTIGO CIENTÍFICO 
 
 
 
 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DISCURSO DE ÓDIO 
 
A IMPORTÂNCIA DO PRINCÍPIO E SUAS LIMITAÇÕES E O DISCURSO 
DE ÓDIO 
 
 
ORIENTANDA: SARA ARRUDA DE OLIVEIRA 
ORIENTADORA: PROF. PROFA. MESTRE CARMEN DA SILVA 
MARTINS 
 
GOIÂNIA 
2020 
7 
 
SARA ARRUDA DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DISCURSO DE ÓDIO 
A IMPORTÂNCIA DO PRINCÍPIO, SUAS LIMITAÇÕES E O DISCURSO 
DE ÓDIO 
 
 
Artigo Científico apresentado à disciplina 
Trabalho de Curso II, da Escola de Direito e 
Relações Internacionais, Curso de Direito, 
da Pontifícia Universidade Católica de Goiás 
(PUCGOIÁS). 
Profa. Orientadora: Profa. Orientadora – 
Profa. Mês. Carmen Da Silva Martins 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA 
2020 
8 
 
SARA ARRUDA DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DISCURSO DE ÓDIO 
A IMPORTÂNCIA DO PRINCÍPIO, SUAS LIMITAÇÕES E O DISCURSO 
DE ÓDIO 
 
 
 
 
 
Data da Defesa: ____ de __________ de _______ 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
_________________________________________________________ 
 Orientador: Prof. Titulação e Nome Completo Nota 
 
 
 
 
 
_________________________________________________________ 
 Examinador Convidado: Prof. Titulação e Nome Completo Nota 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, por todo amor. 
 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dirijo meus principais agradecimentos em primeiro lugar 
a Deus, que até aqui me sustentou, guiou e guardou 
todos os meus passos. Em segundo lugar agradeço aos 
meus pais e minha irmã que derramaram de todo amor e 
compressão no decorrer dessa caminhada. Agradeço 
também as minhas professoras Paula Fernanda, 
Carmem Silva e Larissa Castro, que mesmo sem saber, 
me inspiraram em minha jornada acadêmica9. 
11 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
RESUMO ...................................................................................................6 
INTRODUÇÃO ...........................................................................................6 
1 LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO 
BRASIL........................................................................................................7 
1.1 O CONCEITO E A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO......7 
1.2 AS NORMAS REGULAMENTADORAS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO 
ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO.....................................................................9 
1.3 AS CAUSAS LEGAIS DE LIMITAÇÕES AO EXERCÍCIO DO PRINCÍPIO DA 
LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO.................................................................................................................11 
 
2 A SOCIEDADE E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
....................................................................................................................13 
2.1 A IMPORTÂNCIA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO ESTADO DEMOCRÁTICO 
........................................................................................................................................13 
2.2 OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO....................14 
 
3 O DISCURSO DE ÓDIO...........................................................................15 
3.1 CONCEITO...............................................................................................................15 
3.2 A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DISCURSO DE ÓDIO...................................17 
 
12 
 
 
 
 
CONCLUSÃO ............................................................................................18 
REFERÊNCIAS .........................................................................................19 
 
13 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DISCURSO DE ÓDIO 
A IMPORTÂNCIA DO PRINCÍPIO, SUAS LIMITAÇÕES E O DISCURSO 
DE ÓDIO 
 
Sara Arruda de Oliveira1 
 
RESUMO 
 
O presente artigo tem como fundamental objetivo demonstrar o que é e a importância do 
princípio da liberdade de expressão em um Estado democrático de direito. O artigo 
retratará como o ordenamento jurídico brasileiro abraça o referido princípio, trazendo 
suas possíveis limitações, sua evolução histórica, sua importância como direito 
fundamental a pessoa humana. Também abordará quais são os meios encontrados pela 
a sociedade de manifestarem seus pensamentos, utilizando das redes sociais em 
especial para expressarem suas opiniões. Frente a isso, o discurso de ódio se tornou 
presente na manifestação das opiniões de alguns indivíduos. O presente artigo 
discorrerá do que se trata o discurso de ódio e quais são suas consequências em uma 
sociedade. 
 
Palavras-chave: liberdade de expressão, democracia, discurso de ódio. 
 
INTRODUÇÃO 
O presente artigo tem como essência o princípio da liberdade de expressão, 
ressaltando a sua importância dentro de um Estado Democrático de Direito e quais são 
suas possíveis limitações frente a outros princípios fundamentais. 
O primeiro capitulo conterá em seu teor o conceito de liberdade de expressão e 
como o princípio evoluiu até os presentes dias. Abordará também quais são as normas 
regulamentadoras presentes na legislação brasileira frente ao princípio da liberdade de 
expressão. Por fim esclarecerá quais são as causas de limitações do princípio, vez que 
o mesmo poderá sofrer consequências devido ao teor de suas manifestações. 
O segundo capitulo retratará a liberdade de expressão dentro da sociedade atual. 
Abordará a relevância que a liberdade de expressão possui dentro de um estado 
 
1 Acadêmica do Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, e-mail: 
saraarrudadeoliveira@gmail.com 
14 
 
democrático e quais são os meios utilizados pela a sociedade para a manifestação dos 
seus pensamentos e ideias. 
No terceiro e último capítulo, abordará o discurso de ódio, conceituando-o, 
trazendo quais são seus objetivos e suas consequências dentro da sociedade. O capítulo 
final trará alguns exemplos de limitações ao princípio da liberdade de expressão frente 
ao discurso de ódio. 
 
1. LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO BRASIL 
1.1 O CONCEITO E A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO 
A liberdade de expressão pode ser conceituada como o direito de manifestações 
de suas ideias, opiniões e pensamentos de forma livre, com a garantia da não censura 
ou retaliação, especialmente por parte do Estado, pelo que foi manifestado. 
Como definido por Barbara Horach: 
 
Em relação ao âmbito de proteção, a garantia da liberdade de expressão 
abrange “toda opinião, convicção, comentário, avaliação ou julgamento sobre 
qualquer assunto ou sobre qualquer pessoa, envolvendo tema de interesse 
público, ou não, de importância e de valor, ou não”, desde que não esteja em 
conflito com outro direito ou valor constitucionalmente protegido (HORBACH, 
Barbara Bastich, 2012, p. 220) 
 
O doutrinador Dirley da Cunha Júnior (2012, p. 704) conceitua a liberdade de 
expressão como: “É o direito de exprimir o que se pensa. É a liberdade de expressar 
juízos, convicções e conclusões sobre alguma coisa.”. Nesse mesmo entendimento, o 
autor compreende que a liberdade de expressão seja: “A liberdade de opinião, portanto, 
constitui-se em direito fundamental do cidadão, envolvendo o pensamento, a exposição 
de fatos atuais ou históricos e a crítica. ” (CUNHA JR, 2012, p.704). 
Flávia Piva Almeida Leite conceitua: 
Assim, a liberdade de expressão (gênero), apesar das peculiaridades do direito 
constitucional positivo brasileiro, que engloba a liberdade de manifestação de 
pensamento (incluindo a liberdade de opinião), a liberdade de expressão 
artística, a liberdade de ensino e pesquisa, a de comunicação e de informação 
(liberdadede imprensa) e a liberdade religiosa. Neste sentido, em princípio todas 
as formas de manifestação, desde que não violentas, estão amparadas pela 
liberdade de expressão, incluindo, “gestos, sinais, mensagens orais e escritas, 
bem como as manifestações veiculadas pelos modernos meios de comunicação, 
como nas redes sociais. (LEITE, 2016, p. 155) 
 
15 
 
Kildare Gonçalves Carvalho, trouxe em seu livro o entendimento do doutrinador e 
atual Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes sobre a liberdade de 
expressão: 
A proteção constitucional, salienta Alexandre de Moraes, “engloba não somente 
o direito de expressar-se oralmente, ou por escrito, mas também o direito de 
ouvir, assistir e ler. Consequentemente, será inconstitucional a lei ou o ato 
normativo que proíba a aquisição ou o recebimento de jornais, livros, periódicos; 
a transmissão de notícias e informações seja pela a impressa falada, seja pela 
a impressa televisa. Proibir a manifestação de pensamento é pretender alcançar 
a proibição ao pensamento e, consequentemente, obter a unanimidade 
autoritária, arbitrária e irreal. Como proclamou Kant, citado por Jorge Miranda, 
‘há quem diga: “a liberdade de falar ou de escrever pode-nos ser tirada por uma 
ordem superior, mas não a liberdade de pensar. ” (CARVALHO, 2013, p.94) 
Nessa mesma seara, Barbara Horach (2012, p.221) conceitua quais são os meios 
que a manifestação do pensamento pode ser realizada: 
Quanto ao modo, as manifestações podem ser verbais, não verbais, por meio de 
música, livros, fotografia. É certo que a manifestação e a divulgação de uma 
opinião estão estritamente ligadas uma a outra, apresentam-se de formas 
sempre novas, especialmente graças ao avanço da tecnologia (HORBACH, 
2012, p.221) 
Os autores Walter Claudius Rothenburg e Tatiana Stroppa definem a liberdade de 
expressão como: 
A consagração da liberdade de expressão alcança a possibilidade de divulgar o 
que se pensa, com o mais variado conteúdo, visto que as mensagens não podem 
ser restritas em razão das motivações políticas, econômicas ou filosóficas que 
lhes sejam subjacentes, ou em função de sua suposta banalidade ou relevância. 
(ROTHENBURG, STROPPA, 2015, p. 13) 
 
 No ano de 1644, John Milton redigiu o ensaio “Areopagítica”, o qual foi 
direcionado ao parlamento inglês, pugnando por uma ampla liberdade de expressão e 
consciência. O discurso realizado pelo autor a favor da liberdade da consciência 
individual foi de suma importância para o reconhecimento dos direitos fundamentais no 
ordenamento jurídico e político inglês. Em seu artigo publicado, o autor Miguel Salgueiro 
Meira (2011, p.2) reconhece a importância do ensaio para a efetivação do princípio da 
liberdade de expressão como um direito fundamental, pois após meio século que o 
ensaio foi redigido, o referido princípio se encontraria no English Bill of Rights (1689). 
Após a revolução francesa (1789-1799), que possuía como lema a Liberdade, 
Igualdade e a Fraternidade, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão seria 
aprovada e a liberdade de expressão ganharia novamente reconhecimento como 
princípio fundamental, precisamente no artigo 11°. Citamos o artigo: 
Art. 11º. A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos 
direitos do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir 
livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos 
previstos na lei. 
 
16 
 
O artigo supracitado serve como preceito até os dias atuais, incluindo o atual 
ordenamento jurídico brasileiro, reconhecendo em primeiro lugar o direito fundamental 
de qualquer ser humano, por qualquer meio, expressar suas ideias e opiniões. O 
segundo reconhecimento que se é retirado desse artigo é imposição de limites, pois essa 
liberdade não pode se dá de forma abusiva, especialmente quando se trata de conflitos 
com outros direitos fundamentais. 
Em uma das fases mais sombrias da história do Brasil nos anos de 1964 a 1985, 
onde regia-se no país um governo militar autoritário. A liberdade de expressão, dentre 
outros tantos de direitos fundamentais, sofreu com os longos e duros anos que o regime 
ficou instalado no país. 
A censura foi, principalmente, um instrumento de proteção autoritária do próprio 
Estado. Ela procurou esconder o autoritarismo de forma autoritária, assim como 
as resistências a ele. Durante a ditadura de Garrastazu Médici, mais de 80% do 
conteúdo das mensagens foram classificadas na categoria de “defesa do Estado 
autoritário”: proibição da divulgação de notícias sobre a repressão, inclusive 
torturas, prisões, estouro de aparelhos, cassações, notícias sobre a própria 
censura, sobre a organização da comunidade de segurança, sobre as 
dissenções no interior do Estado, particularmente as militares, assim como sobre 
a oposição ao Estado autoritário, fosse ela violenta ou não. Algumas pessoas 
foram definidas como “inimigas do Estado” e nada, absolutamente nada a 
respeito delas deveria atingir o público. Entre os “inimigos do Estado”, o mais 
notório foi Dom Hélder Câmara, mas outras pessoas, como o seu colaborador, 
o padre Jentel, como Lysâneas Maciel e Francisco Pinto foram também 
censurados. No rádio e na televisão, a censura atingiu sistematicamente vários 
artistas cuja oposição à ditadura era conhecida, entre eles Chico Buarque e 
Geraldo Vandré. A preocupação dos Estados autoritários em ocultar o seu 
próprio autoritarismo e manter uma aparência democrática é comum. (SOARES, 
1989, p.31) 
A Constituição Brasileira, promulgada em 1988, é considerada como uma 
Constituição cidadã, respeitando todos os direitos fundamentais dentro dos limites legais, 
incluindo a liberdade de expressão conhecida dos dias atuais. 
 
1.2 AS NORMAS REGULAMENTADORAS DA LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
A liberdade de expressão é um direito reconhecido pelo ordenamento jurídico 
brasileiro, que se encontra previsto na Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu 
art. 5°, incisos IV, V, IX, XII, e XIV e artigos 220 a 224 dando a todos a sua livre 
manifestação de seus pensamentos, podendo ser através de qualquer meio, sendo 
vedado anonimato. 
 
17 
 
No entendimento de Jose Afonso da Silva (2000, p. 247): “A liberdade de 
comunicação consiste num conjunto de direitos, formas, processos e veículos, 
que possibilitam a coordenação desembaraçada da criação, expressão e difusão 
do pensamento e da informação. É o que se extrai dos incisos IV, V, IX, XII, e 
XIV do art. 5° combinados com os arts. 220 a 224 da Constituição. Compreende 
ela as formas de criação, expressão e manifestação do pensamento e de 
informação, e a organização dos meios de comunicação, está sujeita a regime 
jurídico especial. ” (TORRÊS, 2013, p. 62-63) 
 
Em literalidade os artigos e seus respectivos incisos supraditos: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura o´mi8u licença; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, 
de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem 
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação 
criminal ou instrução processual penal 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da 
fonte, quando necessário ao exercício profissional; 
 
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, 
sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerãoqualquer restrição, 
observado o disposto nesta Constituição. 
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional 
instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma 
da lei. 
 
Nas palavras de Fernanda Carolina Tôrres, (2013, p.64): “Sendo a liberdade de 
expressão um princípio, apesar de sua proteção ser imprescindível para a emancipação 
individual e social, sua garantia não se sobrepõe de forma absoluta aos demais direitos, 
que são também essenciais”. 
Sendo assim, por mais que seja considerado um direito inerente ao ser humano, 
a liberdade de expressão sofre com certas limitações, pois não possui natureza absoluta. 
A liberdade de expressão engloba não somente o exercício de expressar os seus 
pensamentos, mas engloba também a liberdade de como essa manifestação será 
realizada, não podendo sofrer com censuras prévias, somente sendo passíveis de 
responsabilidades ulteriores quando a mesma ofender algum outro princípio previsto no 
ordenamento jurídico. 
 
18 
 
1.3 AS CAUSAS LEGAIS DE LIMITAÇÕES AO EXERCÍCIO DO 
PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
 
Como citado nos tópicos ulteriores, a liberdade de expressão não possui caráter 
absolutório frente aos outros direitos fundamentais, sendo assim, a mesma sofre com 
limitações. A autora Fernanda Torrês em seu artigo publicado no ano de 2013, na revista 
do Senado Federal Brasileiro (p. 70), destaca que: 
Contudo, destaca-se: tais restrições – decorrentes da ponderação ou da 
regulação – são exceções à regra da garantia à liberdade de expressão. Se, por 
um lado, é importante superar o equívoco da interpretação da liberdade de 
imprensa e de expressão como espécies de “sobredireitos”, por outro, é 
imprescindível que o legislador e o magistrado acatem a premissa de que toda 
limitação de direito fundamental apresenta caráter excepcional. A plenitude da 
efetivação é a regra, a limitação é sempre excepcional. Uma liberdade 
fundamental só pode ser limitada na medida em que sua restrição signifique a 
efetivação de outros direitos ou princípios constitucionais. (TORRÊS, 2013,p.70) 
 
O autor Kildare Carvalho explica quais seriam as possibilidades para que se tenha 
a limitação, como pode ser visto a seguir: 
 
A constituição declara que “é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado 
o anonimato” (art. 5°, IV), notando-se que a vedação do anonimato é para que 
se tornar efetivo o direito de resposta, proporcional ao agravo, com indenização 
por dano material ou moral à imagem (art. 5°, V). (CARVALHO, 2013, p.94) 
 
No âmbito internacional, a Declaração Americana Sobre os Direitos Humanos, 
conhecida também como Pacto São Jose da Costa Rica, no qual o Brasil é signatário 
defende em seu artigo 13, defende a liberdade de expressão sem a censura prévia, 
responsabilizando o agente por atos posteriores. 
Kildare Carvalho leciona que: 
 
A liberdade de expressão, no regime democrático e no âmbito do pluralismo deve 
ser livre e aberta à discussão de todas as ideias, sendo o Estado o seu 
garantidor. Assim, todo indivíduo pode expressar qualquer opinião ou ideia, 
independentemente de seu conteúdo, o que tem por fundamento a tolerância e 
o repúdio à intolerância ou violação da dignidade humana. Um dos aspectos 
mais polêmicos que envolvem a liberdade de expressão na atualidade é o 
discurso de ódio, entendido como manifestação agressiva e provocadora do ódio 
em relação a determinados grupos sociais, em geral, as minorias, abrangendo a 
discriminação racial, sócia ou religiosa. Nesse contexto, o discurso de ódio entra 
em conflito com a preservação da dignidade da pessoa humana, da igualdade e 
do direito das minorias, e encontra soluções distintas em dois sistemas jurídicos: 
o americano, que propõe como solução o emprego de mais liberdade de 
expressão, e o europeu, que o proíbe. 
O direito de resposta, que tem por finalidade proteger a pessoa da imputação 
ofensivas à sua dignidade e à sua honra, e que pode envolver fatos que até 
mesmo não se configuram como crimes, possibilita ao ofendido restabelecer a 
verdade, a reputação e a honra. (CARAVALHO, 2013, P.96). 
19 
 
 
As limitações ao princípio da liberdade de expressão são reconhecidas pela a 
própria Constituição brasileira, mas devendo ser feita de forma ponderada, como toda a 
limitação aos princípios fundamentais. 
Um princípio não pode sobressair sobre o outro, por isso, quando uma 
manifestação ao pensamento é realizada e essa fere, por exemplo a dignidade de 
alguém, essa manifestação poderá ter o direito a resposta, com a finalidade da proteção 
das imputações alegadas em desfavor de alguém ou de um grupo. 
As limitações, por se tratarem de uma exceção, estas deverão estar bem definidas 
e formuladas quando forem ser aplicadas. Segundo Fernanda Torrês (2013, p.72) a 
regulamentação da liberdade expressão é de responsabilidade e atuação Estatal, 
direcionando a garantia da mediação entres os grupos sociais majoritários e minoritários. 
Nessa mesma senda de raciocínio, a autora esclarece e explica que: 
 
Esclarece-se que, quando se fala em regulação da liberdade de expressão, não 
se cogita somente de limites, mas inclui-se o conceito de condicionamentos de 
exercício. Os limites visam à resolução de conflitos de direitos 
constitucionalmente protegidos, ao passo que os condicionamentos viabilizam o 
exercício do direito, ou seja, são normas materiais, organizatórias e 
procedimentais que estruturam e disciplinam. Ambos são plenamente possíveis 
se condizentes com os princípios constitucionais.(TORRÊS, 2013, P.72) 
 
 Tais condicionamentos ao exercício da liberdade de expressão, assim como as 
limitações, deverão ser elaboradas frente a uma rigorosa analise de seus impactos, quais 
podem não ser visualizados expressamente e que podem atingir algum conteúdo 
inerente aos direitos fundamentais, tornando-se então como uma espécie de censura. 
Nas palavras de Fernanda Torrês: 
 
Em outras palavras, tais condicionamentos devem manter uma posição de 
neutralidade quanto ao conteúdo dos discursos comunicativos, visto que 
limitações ao conteúdo da liberdade de expressão podem acarretar aos 
destinatários a privação do conhecimento de ideias diversas e também impedi-
los de construir livremente sua própria opinião e as razões que a fundamentam. 
(TORRÊS, 2013, p.72) 
 
Ante a todo o exposto, é evidente que as limitações sofridas pela a liberdade de 
expressão são respaldas por lei, entretanto, estas não devem ser abusivas em nenhum 
momento. Caso ocorra alguma violação pelo o excesso no exercício do seu direito de se 
expressar, será garantido a parte ofendida o seu direito de resposta, com o intuito de 
garantia de sua dignidade. É cediço, portanto que quando se tem uma limitação anterior 
20 
 
a publicação ou a manifestação ao pensamento, pode-se considerar como uma censura 
a liberdade de expressão, o que é vedado pelo ordenamento jurídico brasileiro. 
 
2. A SOCIEDADE E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
2.1 A IMPORTÂNCIA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO ESTADO 
DEMOCRÁTICO 
Nas palavras de Carvalho a democracia é: 
A democracia é concedida sobretudo como um regime político, pois, sendo o 
governo do povo, pelo povo e para o povo, que o exerce direta ou indiretamente, 
expressa um estilo de vida político e se converte numa filosofia de vida que se 
institucionaliza politicamente no Estado, como forma de convivência social. [...] 
[...] A democracia não é outra coisa que o respeito absoluto à pessoa humana, 
com todos os seus atributos essenciais: destino próprio inalienável, liberdade 
para realizá-lo, dignidade, igualdade perante a justiça e a lei. (CARVALHO, 2014, 
p. 213/214) 
O Brasil, como previsto no artigo 1° da Constituição Federal, é constituído como 
um Estado Democrático de Direito. Binenbojm define que: 
 
[…] As “condições democráticas” são, assim, os direitos fundamentais, 
reconhecidos pela a comunidade política sob a forma de princípios, sem os quais 
não há cidadania em sentindo pleno, bem verdadeiro processo político 
deliberativo. Os direitos fundamentais são, portanto, uma exigência democrática 
antes que uma limitação à democracia. Em suma: o ideal democrático de 
autogoverno (governo pelo povo) é satisfeito quando o princípio da maioria é 
respeitado; nada obstante, o princípio majoritário não assegura o governo pelo 
povo senão quando todos os membros da comunidade são concebidos e 
igualmente respeitados como agentes morais independentes. (BINENBOJM, 
2008, p. 55) 
 
Desta feita, a liberdade de expressão é um direito fundamental para o exercício 
da democracia. Por todo o poder emanar do povo, a liberdade do pensamento da 
sociedade deverá ser assegurada, vez que através dessa liberdade reconhecida, a 
sociedade poderá e deverá fazer com que o Estado ouça o clamor da sociedade. 
Francisquini compreende que (2014, p. 56): 
 
Essa perspectiva toma o processo democrático como um processo cuja tarefa 
principal é fazer o Estado operar de acordo com o interesse da sociedade, que, 
por sua vez, é dado pela agregação das preferências dos cidadãos mediante a 
21 
 
expressão de vontades individuais. O Estado é entendido como um aparato 
administrativo especializado no emprego do poder político para garantir fins 
coletivos. 
Para que a democracia seja exercida de forma livre, é dado ao povo, através do 
princípio da liberdade de expressão o direito de expressar-se de forma livre, sobre todo 
e qualquer assunto no qual se interesse. Através da manifestação do pensamento e das 
opiniões, o indivíduo garante sua participação na sociedade e nas decisões do Estado, 
conforme discorre Flávia Piva Almeida Leite: 
 
[...] A liberdade de expressão, por possibilitar essa manifestação não só do 
pensamento, mas de opiniões, ideias e ideologias, é a maneira pela qual o 
indivíduo participa da vida em sociedade e das decisões do Estado. Assim 
sendo, o Estado deve assegurar ao indivíduo o direito de expor e manifestar o 
seu pensamento livremente, sem sofrer qualquer restrição. Nesse particular 
veda o Texto Constitucional expressamente a censura e a licença. (LEITE, 2016, 
p. 151) 
 
A liberdade de expressão possui caráter de direito fundamental a figura do ser 
humano e é essencial na regulamentação de um Estado Democrático de direito. Sendo 
assim, o Brasil por ser um Estado Democrático de Direito, respeita e garante que a 
liberdade de expressão seja exercida para que se tenha regulamentação da democracia. 
 
2.2 OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
Com os avanços tecnológicos, houve de forma significativa, a forma na qual a 
sociedade se comunica. Com a popularização da internet, permitindo que todos tenham 
acesso a rede de comunicação. Leite leciona que: 
 
Vivemos atualmente numa sociedade baseada essencialmente no 
desenvolvimento e disseminação das tecnologias de comunicação − daí a 
designação Sociedade da Informação − que nada mais é do que uma forma 
específica de organização social em que a gestão, o processamento e a 
transmissão de informações tornam-se as fontes fundamentais de produção e 
de poder, devido às novas condições tecnológicas surgidas nesse período 
histórico. (LEITE, 2016, p. 151) 
 
Desta feita, é notório que a sociedade nos dias atuais possui em suas mãos uma 
ferramenta, na qual se torna fundamental para a propagação das informações e, mais 
do que nunca, para expressar seus pensamentos e comportamentos. Nessa seara, Leite 
continua com seu pensamento: 
 
As redes sociais, sites, blogs, enfim, a internet revolucionou os comportamentos 
humanos, trazendo novas perspectivas para a vida em sociedade. Embora as 
vantagens que o uso da internet oferece, através dessas redes sociais, há 
22 
 
também situações de riscos e novos conflitos que se apresentam aos seus 
usuários; dentre essas transformações podemos mencionar o conteúdo e limite 
que a liberdade de expressão e comunicação está sofrendo em um mundo cada 
vez mais interligado pela internet através das redes sociais. (LEITE, 2016, p. 
151) 
 
A internet proporciona a população o direito de participar de assuntos nos quais 
achem relevantes, cabendo a escolha de qual meio irá emitir suas opiniões e 
pensamentos. Nesse entendimento, os autores Priscila Santana Vieira, Igor Toneti de 
Brito e Isabella Fernanda Semprebon Tolardo expõe: 
 
O progressivo aumento da utilização da Internet como meio de acesso a 
informação permitiu a possibilidade aos cidadãos de interagirem e 
compartilharem seus pensamentos e opiniões uns com os outros sem limitações 
de qualquer tipo, assim, os indivíduos têm a possibilidade para escolher qualquer 
meio, rede de comunicação possível e participar do assunto que ache de sua 
relevância. 
A internet sendo aberta ao coletivo, surge com um gigantesco potencial para o 
exercício da cidadania, permitindo através de ferramentas, páginas, canais ou 
até mesmo aplicativos o compartilhamento de informes e a ação coletiva sem 
nenhum tipo de restrição, porém, não é de toda valia uma característica 
benévola, uma vez que a internet pode ser utilizada de maneira positiva ou 
negativa. (VIEIRA, BRITO, TOLARDO, 2019, P. 178) 
 
As redes sociais possibilitaram e facilitaram com que a liberdade de pensamento 
seja difundida para os quatro cantos do globo terrestre, fazendo com que o indivíduo 
possa difundir e compartilhar de seus pensamentos e opiniões. A relevância que as redes 
sociais trazem para a manutenção do princípio da liberdade de expressão não pode ser 
negada. 
 
3. O DISCURSODE ÓDIO 
3.1 CONCEITO 
O discurso de ódio pode ser compreendido como a manifestação de ideias e 
pensamentos, que carregam em seu teor tipos de preconceitos para algum nicho social, 
que em grande parte é voltado para as classes minoritárias da sociedade. Nas palavras 
de Riva Sobrado de Freitas e Matheus Felipe de Castro: 
 
Na busca de um conceito operacional para o discurso do ódio (hate speech), 
observa-se que tal discurso apresenta como elemento central a expressão do 
pensamento que desqualifica, humilha e inferioriza indivíduos e grupos sociais. 
Esse discurso tem por objetivo propagar a discriminação desrespeitosa para com 
todo aquele que possa ser considerado “diferente”, quer em razão de sua etnia, 
23 
 
sua opção sexual, sua condição econômica ou seu gênero, para promover a sua 
exclusão social. (FREITAS, CASTRO 2013, p. 344) 
 
O discurso de ódio não fica restrito somente as palavras proferidas pelo o 
interlocutor, carregadas de ofensas e preconceitos. Ao emitir as ofensas direcionadas ao 
grupo minoritário, é expressado as crenças nas quais estes grupos, de algum modo, são 
inferiores ao resto da sociedade, causando em diversas vezes, a exclusão destes 
indivíduos tratados como inferiores do convívio social. 
 Em determinados casos, o interlocutor do discurso de ódio, encoraja e defende a 
agressão física e moral destes indivíduos excluídos, como por exemplo os ataques aos 
homossexuais. 
A intolerância presente nestes discursos, incitam outras pessoas a proferirem 
ataques a essas minorias, podendo ser eles verbais, virtuais e em casos extremos, até 
mesmo agressões físicas. O discurso de ódio encontra-se enraizado em diversas 
camadas sociais, vindo de todas as partes, não sendo rasa a sua pratica. Como 
pontuado por Fernanda Duarte de Araújo e Renata Silva Gomes: 
 
O discurso de ódio, pode ser veiculado por indivíduos que possuem pouca 
informação e que não influenciam tantas pessoas ou por figuras públicas que 
são formadores de opinião de um número elevado d e pessoas, seja por meio 
de redes sociais, ou por outras mídias. E esse é o maior perigo existente em um 
discurso de ódio empregado sem barreiras formais e legais, o número de 
pessoas a quem ele instiga a compactuar com o comportamento agressivo. 
(ARAÚJO, GOMES 2019, p. 511/512) 
 
Os danos causados pelo os discursos de ódio vão além da imagem, causando em 
alguns casos, transtornos psicológicos e em casos extremos, tornando-se o motivo de 
homicídios e suicídios ao redor do globo terrestre. Como pontuando pelas as autoras 
Fernanda Duarte de Araújo e Renata Silva Gomes (2019): 
 
Muitas das vezes os indivíduos se utilizam dos mecanismos de comunicação, 
como redes sociais, blogs, entre outros, e da facilidade que estes disponibilizam 
para o discurso anônimo para desferir discursos ofensivos trazendo danos à 
imagem e à vida de diversos indivíduos da sociedade. E possível analisar, ainda, 
que os danos psicológicos causados a esses indivíduos, que são vítimas do 
discurso de ódio, são deveras descomunais, uma vez que acarretam um grande 
número de suicídios e homicídios. Esse fato é visível quando se analisa dados 
como o número de homicídios contra LGBTs apresentado pela ONG Grupo Gay 
da Bahia; que informa o número de 277 homicídios até o mês de setembro de 
2017, contra 343 registrados em todo o ano de 2016 um aumento alarmante para 
apenas. Além, da taxa de feminicídios no país, que é de 4,8 para 100 mil 
mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial 
da Saúde (ATTUCH, 2017). (ARAÚJO, GOMES 2019, p. 512) 
 
24 
 
Como leciona Riva Sobrado de Freitas e Matheus Felipe de Castro: 
 
De outra parte, é possível observar que tal discriminação indica não apenas uma 
diferença, mas uma assimetria entre duas posições: uma supostamente 
superior, daquele que expressa o ódio, e outra inferior, daquele contra o qual a 
rejeição é dirigida. O objetivo pretendido é humilhar para amedrontar pessoas ou 
grupos sociais evidenciando que, por suas características específicas, eles não 
são dignos da mesma participação política (WALDRON, 010). Calar, excluir e 
alijar são propósitos da manifestação do ódio. (FREITAS, CASTRO 2013, p. 
345). 
 
Em seus próprios objetivos, é notório que o discurso de ódio, acarreta diversos 
problemas dentro de uma sociedade. Devido a esses comportamentos, é necessário a 
limitação da liberdade de expressão. 
 
3.2 A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DISCURSO DE ÓDIO 
Como citado anteriormente, não existe sistema de hierarquia entre os princípios 
fundamentais, não podendo a liberdade de expressão sobrepor qualquer outro princípio 
tutelado no ordenamento jurídico. Como pontuado por Walter Claudius Rothenburg e 
Tatiana Stroppa (2015): 
 
O âmbito de proteção da liberdade de expressão não abarca o denominado 
discurso do ódio que consiste na divulgação de mensagens que difundem e 
estimulam o ódio racial, a xenofobia, a homofobia e outras formas de ataques 
baseados na intolerância e que confrontam os limites éticos de convivência com 
o objetivo de justificar a privação de direitos, a exclusão social e até a eliminação 
física daqueles que são discriminados. (ROTHENBURG, STROPPA, 2015, p. 
464) 
 
Desta feita, o discurso de ódio não é amparado pelo o ordenamento jurídico. 
Continuando com o pensamento, os autores prosseguem: 
O âmbito de proteção da liberdade de expressão não abarca manifestações 
voltadas a atingir a dignidade da pessoa humana e à construção de um ambiente 
de tolerância conforme os objetivos da República Brasileira positivados no Art. 
3º da CF/88. 
Nenhum espaço, seja o das manifestações artísticas, seja o da ironia, seja o da 
religião (ou convicção filosófica ou ideológica), seja o da política, é 
absolutamente protegido de limites e precisa reconhecer restrições necessárias 
para respeitar outros direitos. (ROTHENBURG, STROPPA, 2015, p. 464) 
 
 
O discurso de ódio é um dos casos nos quais a liberdade de expressão poderá 
sofrer com as limitações mencionadas anteriormente. Devendo ser levado em conta 
diversos fatores, quais são, nas palavras de Walter Claudius Rothenburg e Tatiana 
Stroppa: 
25 
 
[...] A começar, obviamente, pela severidade da ofensa e pelo grau de 
generalidade das imputações, mas a levar em conta também o autor (por 
exemplo, se ele fala a partir de uma posição de destaque social, como um agente 
político, servidor público ou artista), o contexto (por exemplo, uma entrevista, 
uma palestra ou uma música), a situação da vítima (por exemplo, sua 
vulnerabilidade social ou se ela é afetada individualmente ou enquanto membro 
de determinado grupo), a forma de divulgação (por exemplo, uma charge, uma 
opinião ou uma notícia inseridas em um blog ou rede social) e a probabilidade 
de que o discurso possa, de fato, ensejar o ódio e suscitar algum nível de risco 
de que algum dano resulte de tal incitação. (ROTHENBURG, STROPPA, 2015, 
p. 13) 
 
Ante a isso, é perceptível que o discurso de ódio não possui proteção dentro do 
princípio da liberdade de expressão, vez que o seu teor fere outros princípios tão 
importantes quanto a liberdade de expressão. 
 
CONCLUSÃO 
A liberdade de expressão sempre teve grande relevância na essência da 
sociedade, sendo defendida nos mais diversos tempos. E não é diferente nos atuais dias. 
É perceptível que para a regulamentação de uma democracia, especialmente a 
representativa, como é o caso do Brasil, dar ao cidadão o poder de se expressar da 
forma na qual ache melhor, é permitir o exercício do seu poder de escolha. 
O princípio é um direito garantido e constituído na Carta Magna, sendo inerente a 
dignidade da pessoa humana, devendo ser respeitado como os demais princípios 
previstos no ordenamento jurídico brasileiro e internacional. Entretanto, o referido 
princípio não deverá sobressair aos demais, podendo sofrer limitações posteriores a 
manifestação do pensamento, que deverão ser analisadas minuciosamente. Não 
podendosofrer com censuras previas, devendo responder apenas depois de expressado 
a sua opinião e caso ofenda algum outro princípio tutelado. 
Como a facilidade da propagação de suas ideias, o discurso de ódio também 
ganhou força nas redes sociais, causando um grande impacto nas minorias que são 
atacadas diariamente pelos os interlocutores. Como foi exposto no decorrer do artigo, o 
discurso de ódio não possui validação no ordenamento jurídico, podendo sofrer com 
sanções cíveis e penais para a reparação do que foi causado. 
Após sofrer com as repressões durante a ditatura militar brasileira, proteger e 
garantir que a liberdade de expressão seja um princípio utilizado e para todos, se torna 
um papel primordial do Estado, vez que a sua manutenção também depende das 
manifestações de pensamento da sociedade que representa. 
 
26 
 
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