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Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado)
Sem Correção - 2020
Autores:
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 13
30 de Março de 2020
Sumário 
Questões Comentadas -Direito Administrativo .................................................................................................... 2 
Questões Propostas........................................................................................................................................... 19 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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DISCURSIVAS – DELEGADO DE POLÍCIA 
 
Questões Comentadas -Direito Administrativo 
01. (VINÍCIUS SILVA) Jorge prestou concurso público para o cargo de professor de história do 
Município onde mora, obtendo aprovação fora do número de vagas estabelecidos pelo Edital, 
que a princípio eram 08 vagas. Ressalte-se que o período de validade do concurso era de 1 ano 
e foi prorrogado por mais 1 ano. Faltando dois meses para expiração do prazo do concurso, O 
Município publica novo edital para o mesmo cargo com previsão de 06 novas vagas. 
Jorge, que tinha se classificado em 10º lugar, ao tomar conhecimento da notícia, se revolta e 
decide impetrar mandado de segurança em desfavor do Município, requerendo sua nomeação 
imediata. 
À luz da situação hipotética acima e desconsiderando toda a matéria relacionada a questão 
processual, responda, com base nas normas pertinentes, na constituição federal e no 
entendimento dos Tribunais superiores. 
Jorge terá direito a nomeação? 
RESPOSTA 
Como regra geral os aprovados fora do número de vagas estabelecidas no edital não terão 
direito subjetivo a nomeação. Entretanto, o STF estabeleceu 2 exceções a essa regra: 
1) Quando surgirem novas vagas e houver inequívoca necessidade de nomeação de aprovado 
durante o período de validade do certame; 
 
2) Demonstrar-se que está havendo preterição arbitrária e imotivada por parte da administração 
ao não nomear os aprovados. 
Vale ressaltar que apenas o surgimento de novas vagas não gera o direito subjetivo a nomeação 
para aqueles aprovados no cadastro reserva. Deve-se demonstrar uma das hipóteses listadas 
acima para tanto. 
Esse é o entendimento do STF. 
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo 
cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera 
automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas 
previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada 
por parte da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso 
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do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do 
aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de 
forma cabal pelo candidato. 
 
Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso 
público exsurge nas seguintes hipóteses: 
1 – Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; 
2 – Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de 
classificação; 
3 – Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a 
validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma 
arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.” 
 
STF. Plenário. RE 837311/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/12/2015 (repercussão 
geral). 
Portanto, não haverá direito subjetivo a nomeação de Jorge, a menos que ele demonstre que há 
inequívoca necessidade de nomeação de aprovado durante o período de validade do certame. 
Para que o candidato obtenha pontuação completa na questão deve mencionar os seguintes 
pontos: 
Citar que não haverá direito subjetivo a nomeação de Jorge, a 
menos que ele demonstre que há inequívoca necessidade de 
nomeação de aprovado durante o período de validade do 
certame 
25 
pontos 
 
02. (VINÍCIUS SILVA) A Constituição Federal de 1988 estabeleceu em seu art. 37 que a 
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá, dentre outros preceitos, ao princípio da 
publicidade. Entretanto, a mesma constituição estabelece em seu texto o direito à privacidade 
e a segurança de informações individuais. Determinado Estado da Federação divulgou em site 
na rede mundial de computadores lista contendo o nome dos servidores públicos com sua 
respectiva remuneração. A respeito da situação narrada, é possível afirmar que houve violação à 
Constituição Federal? 
 
RESPOSTA 
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Devemos ter em mente que a remuneração do servidor público se dá com recursos oriundos dos 
cofres públicos e, como tudo que diz respeito ao dinheiro público, esse tipo de informação deve 
sofrer a incidência do princípio da publicidade. 
O STF teve a oportunidade de se manifestar sobre o tema da seguinte maneira: 
“É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos 
nomes de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. 
STF. Plenário. ARE 652777/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/4/2015 (repercussão 
geral) (Info 782)” 
Entretanto, o princípio da publicidade não é absoluto. Em casos em que a divulgação da 
informação puder gerar riscos à segurança e do Estado deverá ser assegurado o sigilo da 
informação. 
Para que o candidato obtenha pontuação completa na questão deve mencionar os seguintes 
pontos: 
Citar que o princípio da publicidade não é absoluto. Em casos em 
que a divulgação da informação puder gerar riscos à segurança e 
do Estado deverá ser assegurado o sigilo da informação. 
25 
pontos 
 
03. (VINÍCIUS SILVA) Determinado servidor de um órgão público federal recebe determinada 
gratificação durante anos, de forma que a referida gratificação incorpora-se, como vantagem 
pessoal, ao vencimento do servidor. Ocorre que a Administração Pública forma entendimento 
no sentido que a gratificação seria ilegal e, com base no poder de autotutela, suprimi a verba da 
remuneração do servidor. 
Com base na situação narrada e com os entendimentos dos tribunais superiores, responda. 
É possível afirmar que a administração agiu corretamente? 
 
RESPOSTA 
A questão versa sobre o princípio constitucional da autotutela que se traduz no poder da 
administração pública de anular seus atos quando ilegais e revoga-los por razões de mérito 
administrativo. O princípio da autotutela tem como fundamento, além das normas 
constitucionais, as seguintes súmulas: 
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus 
próprios atos. 
Súmula 473-STF: A administração pode anular os seus próprios atos, quando 
eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; 
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ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os 
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. 
 
Segundo o STF, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não 
dispensa a instauração de processo administrativo no qual sejam assegurados o contraditório e 
a ampla defesa. 
A Administração deveria ter dado oportunidade ao servidor para se manifestar antes de a 
gratificação ter sido suprimida. 
A autotutela administrativa não pode afastar o próprio direito de defesa. 
Em outras palavras, quando o exercício da autotutela pela administração pública implicar uma 
interferência na esfera privada do indivíduo, deve ser assegurado o contraditório e a ampla 
defesa. 
Nesse sentido é o seguinte julgado,noticiado no informativo 732 do STF: 
A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem 
ilegais. No entanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo 
de interesses individuais, faz-se necessária a instauração de procedimento 
administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa. 
Assim, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos 
não dispensa a observância do contraditório e ampla defesa prévios em âmbito 
administrativo. 
STF. 2ª Turma. RMS 31661/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/12/2013 
(Info 732). 
STF. Plenário. MS 25399/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/10/2014 
(Info 763). 
 
Para que o candidato obtenha pontuação completa na questão deve mencionar os seguintes 
pontos: 
Citar que quando o exercício da autotutela pela administração 
pública implicar uma interferência na esfera privada do indivíduo, 
deve ser assegurado o contraditório e a ampla defesa 
25 
pontos 
 
04. (VINÍCIUS SILVA) Astronildo, enfermeiro formado pela Universidade Federal de seu estado 
obtém êxito em concurso público e passa a trabalhar em Hospital Público em sua Região. Por ter 
uma família muito extensa, Astronildo decide encontrar um segundo emprego. Dessa forma, 
presta concurso público para o cargo de enfermeiro no Município vizinho. Astronildo é aprovado 
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e passa a cumular ambos os cargos, executando uma jornada semanal de 65 horas. Decorrido 
alguns meses, Astronildo é informado pelo secretário de saúde do Município que não poderá 
ocupar o segundo cargo devido a existência de lei Municipal que proíbe acumulação de cargos 
se a jornada semanal for superior a 60 horas. 
Tendo em vista a situação descrita acima e com base nas disposições constitucionais e o 
entendimento dos Tribunais superiores, comente a possibilidade de cumulação dos cargos por 
Astronildo. 
 
RESPOSTA 
A Constituição estabelece em seu Art.37, inciso XVI, a vedação de cumulação de cargos públicos. 
Entretanto, a própria constituição prevê exceções a essa regra. 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência 
e, também, ao seguinte 
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando 
houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no 
inciso XI 
a) a de dois cargos de professor; 
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico 
 c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com 
profissões regulamentadas; 
Como se pode notar, Astronildo poderá ocupar os dois cargos, tendo em vista que se encaixa 
em uma das exceções estabelecidas pela constituição. 
Deve-se ressalta que tanto o STF quanto o STJ já tiveram a oportunidade de se manifestar sobre 
casos em que normas infraconstitucionais estabeleciam limite de horas a possibilidade de 
cumulação de cargos públicos. 
Ambos os Tribunais entendem que a Lei não pode agravar a limitação imposta pela Constituição. 
Em outras palavras, atendidos os requisitos estabelecidos pela constituição pra cumulação de 
cargos, havendo compatibilidade de horário, não poderá norma infraconstitucional estabelecer 
limites de horas. Pois, a constituição não previu essa possibilidade. Apenas menciona a 
compatibilidade de horário. 
Nesse sentido, 
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A acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no 
art. 37, XVI, da CF/88, não se sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em 
norma infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na Constituição Federal. 
O único requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de 
horários no exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela 
administração pública. 
Noticiada no info do STJ 646 
Noticiada no info do STF 937 
Precedentes: 
STF. 1ª Turma. RE 1176440/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
9/4/2019 
 
STF. 2ª Turma. RMS 34257 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 
29/06/2018. 
 
STJ. 1ª Seção. REsp 1767955/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 
27/03/2019 
Para que o candidato obtenha pontuação completa na questão deve mencionar os seguintes 
pontos: 
 
A regra geral prevista na constituição é a proibição de cumulação 
de cargos públicos 
10 
pontos 
Mencionar a exceção prevista no Art. 37, XVI, alíneas a,b, e c. 
Enquadrar o caso da questão no Art. 37, XVI, alínea C 
5 
pontos 
Por fim, mencionar que não é possível que lei infraconstitucional 
estabeleça limite de horas para citada cumulação, desde que haja 
compatibilidade de horário. Conforme entendimento dos 
tribunais superiores. 
 
10 
pontos 
05. (VINÍCIUS SILVA). A companhia de água e esgoto do Estado X anunciou em rádio de grande 
audiência no Estado que, por razões de ordem técnica, haveria uma suspensão no fornecimento 
de água às residências no Município de Vendaval. O citado anuncio informava ainda que a 
paralização do serviço duraria algumas horas, o tempo necessário para que reparos 
emergenciais fossem realizados. 
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Com base na situação hipotética e levando em consideração a disciplina normativa pertinente, 
responda. 
Houve violação ao Princípio da Continuidade do Serviço Público? 
RESPOSTA 
Regra geral, o serviço público deverá ser prestado de forma contínua, ou seja, sem interrupções. 
Excepcionalmente, será possível a interrupção do serviço público nas seguintes hipóteses 
previstas no art. 6º, § 3º da Lei n.º 8.987/95: 
a) Em caso de emergência 
b) Por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que o usuário seja 
previamente avisado; 
c) Por causa de inadimplemento do usuário, desde que ele seja notificado previamente. 
O STJ no julgamento do REsp 1270339/SC, noticiado no informativo 598, se pronunciou sobre 
o tema da seguinte forma: 
A divulgação da suspensão no fornecimento do serviço público por meio de emissoras de rádio, 
dias antes da interrupção, satisfaz a exigência de aviso prévio, prevista no art. 6º, § 3º, da Lei nº 
8.987/95. 
Portanto, no caso em questão, não houve violação ao princípio da continuidade do serviço 
público. 
Quesito avaliado Pontuação 
Pontuação 
obtida 
No caso em questão, não houve violação ao princípio da 
continuidade do serviço público. 
10 pontos 
06. (VINÍCIUS SILVA) Determinado Estado da Federação realizou licitação para 
contratação de empresa que ficaria responsável pela instalação de radares de 
velocidades afim de evitar que motoristas imprudentes ultrapassassem o limite de 
velocidade das vias públicas. A sociedade de economia Mista ABC sagrou-se vencedora 
após regular processo licitatório. Após finalizar a instalação dos radares nas vias, o Estado 
achou por bem incumbir a Sociedade ABC de multar os motoristas infratores e recolher os 
respectivos valores. 
Sobre a narrativa acima, responda: 
a) Quais as etapas do ciclo de polícia pode-se identificar na situação descrita. 
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b) desprezando qualquer ponto relacionado ao tema licitação, comente sobre a 
legalidade ou ilegalidade da situação descrita acima. 
COMENTÁRIO E SUGESTÃO DE RESPOSTA 
a) Segundo a doutrina e jurisprudência, o ciclo de polícia se desenvolve em quatro 
estágios: 1) ordem de polícia; 2) consentimento de polícia; c) fiscalização de polícia e d) 
sanção de polícia. 
Ordem de polícia sempre deve estarpresente no Poder de polícia e se refere as normas 
genéricas e abstratas estabelecidas pela Lei ou por outro ato normativo, mas sempre terá 
sua fonte, direta ou indiretamente na lei. 
Consentimento de polícia se traduz na anuência previa da administração para prática de 
determinados atos. Não está presente em todo ciclo de polícia, somente naqueles em 
que seja necessário a anuência do poder público como a licença e autorização. 
Fiscalização de polícia é a atividade mediante a qual a administração pública verifica se 
está havendo adequado cumprimento das ordens de polícia. 
Por fim, a sanção que é atuação coercitiva do Estado. 
Na situação hipotética acima, podemos perceber a presença da ordem de polícia que 
se refere ao respaldo legal em que o Estado se baseia para instalar os radares, lembre-se 
que essa fase do ciclo de polícia está presente em todo exercício do poder de polícia. 
Temos também, na situação narrada, a fiscalização de polícia que são os atos matériais 
os quais o poder público lança mão para atingir o interesse público, que na situação 
narrada corresponde a instalação dos radares. 
Por fim, a sanção de polícia que consiste na multa aplicada aos motoristas infratores. 
b) Segundo a doutrina e a jurisprudência somente os atos relativos ao consentimento e a 
fiscalização de polícia podem ser delegados aos particulares. A ordem de polícia não 
pode ser delegada, pois somente o Estado pode editar normas gerais e abstratas. Da 
mesma forma, a sanção de polícia que é um poder punitivo também é monopólio do 
Estado. Nesse sentido é o REsp 817.534/MG. 
Determinado Estado atribuiu a uma sociedade de economia mista a 
tarefa de instalar radares nas vias públicas e multar os condutores que estivessem 
acima da velocidade permitida. 
O STJ considerou que a atividade de multar (sanção de polícia) não poderia ter sido 
delegada para uma sociedade de economia mista porque se trata de pessoa 
jurídica de direito privado e a aplicação de sanções pecuniárias não pode ser 
delegada para particulares. 
Por outro lado, a atividade de instalar os radares é permitida porque se 
trata de fiscalização de polícia, etapa do poder de polícia passível de delegação. 
O poder de polícia no trânsito divide-se em quatro grupos bem definidos: o CTB 
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estabelece normas genéricas e abstratas para a obtenção da CNH (legislação); a 
emissão da carteira corporifica a vontade do Poder Público (consentimento); a 
Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar se há respeito à 
velocidade estabelecida em lei (fiscalização); e também a Administração sanciona 
aquele que não guarda observância ao CTB (sanção). 
Somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização são delegáveis, pois 
aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção 
do Poder Público. 
STJ. REsp 817.534/MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/11/2009. 
Quesito avaliado Pontuação Pontuação 
obtida 
Mencionar que estão presentes as fases da ordem, 
fiscalização e sanção de polícia, identificando no 
caso cocnreto a aparição de cada uma das fases 
5 
Mencionar os principais pontos acerca da 
legalidade, admitindo que o consentimento e a 
ordem podem ser delegados, enquanto que a 
sanção e a fiscalização não podem 
5 
 
07. (Direito Administrativo) Indique e estabeleça distinção, quanto às hipóteses de 
cabimento e quanto ao modo de formalização, 03 (três) espécies de instrumentos que 
permitem a utilização regular privativa de bens públicos por particulares, no 
ordenamento jurídico vigente. 
Resposta e comentário 
Os três institutos jurídicos por meio dos quais a utilização regular privativa de bens 
públicos poderá se dar são: a concessão de uso, a concessão de direito real de uso e a 
concessão de uso especial para fins de moradia. 
A concessão de uso é uma forma de utilização de um bem público pelo particular de 
forma mais perene e duradoura. É realizada através de contrato administrativo, 
precedido, em tese, de licitação prévia, não tem é precária, pela natureza contratual 
gera direito à indenização pelos investimentos realizados no empreendimento. São 
exemplos os boxes em mercados públicos e os restaurantes particulares em 
universidade públicas. 
A concessão de direito real de uso, por sua vez, é contrato administrativo, portanto 
presentes todas as particularidades acima previstas pela sua natureza contratual, e se 
presta a situações em que o poder público visa à industrialização ou urbanização de 
determinada área de terra. A licitação aqui é sempre na modalidade concorrência e 
precede a formalização do contrato. 
Por fim, a concessão de uso especial para fins de moradia é regulamentada pela MP n°. 
2.220/01, através da qual o Poder Executivo estabelece regras para que homens e 
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mulheres possam utilizar-se de imóveis públicos para fins de moradia, sempre que 
cumpridos os requisitos da norma. 
 
 
 
 
Espelho de correção: 
Quesito avaliado Pontuação Pontuação 
obtida 
Citar os três tipos de concessão de uso de bem público a 
particulares. 
10 
 
08. (Direito Administrativo) João da Silva ajuizou ação indenizatória contra o Estado 
da federação onde reside, alegando que seu filho foi assassinado durante um roubo. 
Fundamenta o seu pedido na falha do serviço de segurança que deve ser prestado pelo 
Estado. Considerando que ficou comprovado no processo que o filho do autor foi 
assassinado durante um roubo, o candidato deverá esclarecer se o Estado responde 
patrimonialmente por danos resultantes dos crimes praticados por particulares. (5,0 
pontos). 
Resposta e espelho 
A responsabilidade civil do Estado é a chamada responsabilidade extracontratual, pois 
tem como alicerce o fato de a atividade administrativa ser uma atividade obrigatória, 
ou seja, as funções da Administração são impostas ao particular sem que seja tomada 
a sua concordância para a prestação de um serviço, por exemplo, de segurança pública. 
A responsabilidade do Estado, em regra, é do tipo objetiva e não requer a demonstração 
de dolo ou culpa do agente administrativo, bastando para que se configure ela a 
comprovação da conduta, do dano e do nexo de causalidade entre um e outro. Essa é 
a dicção do art. 37, §6° da CF/88. 
Entretanto, no caso sob análise, a chamada responsabilidade por omissão do Estado, 
no que diz respeito à prestação do serviço de segurança pública. Nesse caso, para que 
seja devida a indenização, o Sr. João da Silva deverá demonstrar que houve uma 
ausência do serviço de segurança e o Estado foi omisso, mesmo ciente de que a situação 
de insegurança no local era ensejadora de uma atenção maior que foi negligenciada 
pela Administração. 
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Ressalte-se que se o crime tivesse ocorrido nas proximidades de um posto policial ou 
delegacia de polícia, seria uma situação que não reclamaria a demonstração da falta de 
serviço, pois presume-se que nas proximidades desses locais seja prestado um serviço 
de segurança de qualidade. 
Espelho de correção: 
Quesito avaliado Pontuação Pontuação 
Obtida 
Conceituar a responsabilidade civil do estado 5 
Adequar o caso concreto à responsabilidade civil por omissão 
do Estado. 
5 
09. Sabe-se que a Administração Pública direta é composta pela União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios, entes dotados de capacidade política e de auto-organização. Já a Administração 
Pública indireta é composta pelas Autarquias, Fundações públicas, Empresas públicas e 
Sociedade de economia mista. Algumas dessas entidades da administração indireta atuam 
preponderantementesob o regime jurídico de direito público, já outras atuam 
preponderantemente sob o regime jurídico de direito privado. Debate-se na doutrina e 
jurisprudência sob o regime jurídico a que se submete as FUNDAÇÕES. Sobre esse tema, 
discorra sobre qual regime se submete as fundações (direito público ou privado) e quais fatores 
devem ser levados em consideração para se fazer essa distinção. 
 
RESPOSTA 
A doutrina costuma definir fundação como um patrimônio destinado à realização de um fim, com 
personalidade atribuída para isso e distinta do seu instituidor. 
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, ao estabelecer o conceito de Fundação, ensinam1: 
Fundações são “definidas como a personificação de um patrimônio ao qual é atribuída uma 
finalidade especifica não lucrativa, de cunho social. A instituição da fundação privada resulta da 
iniciativa de um particular” Já a fundação como ente da administração indireta seria “instituída 
pelo poder público mediante a personificação de um patrimônio que, dependendo da forma de 
criação, adquire personalidade jurídica de direito público ou personalidade jurídica de direito 
privado, à qual a lei atribui competências administrativas especificas observadas as áreas de 
atuação a serem definidas em lei complementar.” 
O fato é que muito se discutiu o que seria necessário para uma fundação ser considerada parte 
da administração indireta e agir sob regime de direito público. Alguns doutrinadores citavam a 
necessidade de se verificar a figura do instituidor, se o instituidor fosse pessoa jurídica de direito 
público a fundação seria ente da administração pública. 
 
1 Direito Administrativo Descomplicado. 21º ed. Editora Método. 2013, p.55-56 
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 Outros ressaltavam a necessidade de se verificar a atividade desempenhada pela instituição, se 
fosse uma atividade de interesse público teríamos uma fundação pública, ente da administração 
indireta. 
Recentemente, o STF parece ter sepultado a discussão. No julgamento do RE 716.378/SP, Rel. 
Min. Dias Toffoli, julgado em 07/08/2019, reconhecida sua repercussão geral e noticiado no 
informativo 946 do STF, o Supremo Tribunal Federal afirmou que a qualificação de uma fundação 
instituída pelo Estado como sujeita ao regime público ou privado depende dos seguintes fatores: 
1) do estatuto de sua criação ou autorização e; 
 
2) as atividades por ela prestadas. 
 
As atividades de conteúdo econômico e as passíveis de delegação, quando definidas como 
objetos de dada fundação, ainda que essa seja instituída ou mantida pelo poder público, 
podem se submeter ao regime jurídico de direito privado. 
Em resumo, para que uma fundação pública atue sob o manto do direito público, necessitará: 
❖ 1 ser instituída por um ente de direito público (o Estado em geral) 
 
❖ 2 Que o estatuto de sua criação ou autorização diga que ela atuará sob regime de direito 
público 
 
 
❖ 3 A atividade por ela desempenhada deve ter um conteúdo de interesse social, não ser de 
conteúdo meramente econômico e não ser passível e delegação. 
❖ Para obter pontuação total o candidato deveria: 
Demonstrar conhecimento do julgamento do RE 716.378/SP, 
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 07/08/2019, repercussão 
geral e noticiado no informativo 946 do STF. 
2,5 
pontos 
Mencionar que a fundação para ser de direito público 
precisa ser instituída por um ente de direito público (o Estado 
em geral). 
2,5 
pontos 
Mencionar que a fundação para ser de direito público 
precisa que seu estatuto de criação ou autorização diga que 
ela atuará sob regime de direito público 
 
2,5 
pontos 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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Mencionar que a fundação para ser de direito público 
precisa que a atividade por ela desempenhada deve ter um 
conteúdo de interesse social, não ser de conteúdo 
meramente econômico e não ser passível e delegação. 
 
 
2,5 
pontos 
 
10. A União possui um contrato com a empresa privada "Espanta ladrão Vigilância 24hrs Ltda." 
Por meio deste contrato, a empresa, com seus funcionários, obrigou-se a fazer a vigilância 
armada do prédio onde funciona um órgão público federal, recebendo, em contraprestação, R$ 
500 mil mensais. Ocorre que a empresa " Espanta ladrão Vigilância 24hrs Ltda.", por estar 
enfrentando dificuldades financeiras, passou a não mais pagar os salários e demais verbas 
trabalhistas de seus funcionários. À luz da situação hipotética narrada e tomando por base a 
Constituição federal, a legislação federal e o entendimento dos tribunais superiores, responda. 
 
Diante da inadimplência da empresa contratada perante seus funcionários, a responsabilidade 
pelo pagamento dos salários e demais verbas trabalhistas pode ser transferida automaticamente 
para a União? 
RESPOSTA 
A Lei nº 8.666/1993 que estabelece normas gerais de licitação tratou do assunto nos seguintes 
termos: 
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, 
fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. 
§ 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, 
fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por 
seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a 
regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de 
Imóveis. 
Com base nessa disposição da Lei nº 8.666/1993, o TST - Tribunal superior do Trabalho – editou 
uma súmula com o seguinte enunciado: 
Súmula 331-TST: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE 
IV — O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, 
implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto 
àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste 
também do título executivo judicial. 
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V — Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta 
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso 
evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 
8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das 
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A 
aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações 
trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. 
VI — A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as 
verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. 
Embora a súmula 331 do TST implicasse na responsabilização da administração pública em caso 
de inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte das empresas contratadas somente 
em caso de conduta culposa na fiscalização do cumprimento da obrigações, na prática, a justiça 
do trabalho quase sempre responsabilizava o ente público (administração pública). Isso ocorria 
porque a justiça do trabalho entendia que a culpa da administração pública em não fiscalizar o 
cumprimento das obrigações trabalhista era presumida. 
A discussão chegou até o STF e o Supremo acabou se manifestando da seguinte forma, tendo 
sido reconhecida a repercussão geral do julgado: 
O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do 
contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a 
responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou 
subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. 
STF. Plenário. RE 760931/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Luiz 
Fux, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862). 
Dessa forma, não é possível a responsabilização automática do poder público emcaso de 
não cumprimento dos encargos trabalhistas pela empresa contratada. O poder público só 
poderá ser responsabilizado excepcionalmente caso os empregados da empresa 
contratada comprovem com elementos concretos que houve efetiva falha na fiscalização 
do contrato. 
A administração pública, no curso do contrato, deve comunicar a empresa contratada que ela 
está descumprindo os encargos trabalhistas. Caso esta não se enquadre quanto ao cumprimento 
de tais obrigações, deve a administração pública tomar providências para sanar a irregularidade. 
Assim, se restar comprovado que a administração pública não agiu dessa forma, ai sim será 
possível suas responsabilização. Reitera-se: não é possível a responsabilização subsidiaria 
automática. 
Para obter pontuação total o candidato deveria: 
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Demonstrar conhecimento das disposições legais, citando o 
Art. 71, §1º da Lei nº 8.666/1993 
3 
pontos 
Demonstrar conhecimento da súmula 331 do TST e que 
apesar disso a justiça do trabalho entendia que a culpa da 
administração pública em não fiscalizar o cumprimento das 
obrigações trabalhista era presumida. 
4 
pontos 
Mencionar o recente entendimento do STF, com repercussão 
geral reconhecida, no sentido da impossibilidade de transferir 
automaticamente as obrigações trabalhistas a 
administração pública, a menos que haja prova inequívoca 
nos autos da negligencia da administração em fiscalizar o 
cumprimento de tais obrigações pelo contratado. 
 
3 
pontos 
 
11. Felisberto, guarda Municipal do Município X, fazia sua ronda normal de um dia de trabalho. 
De repente, percebe Reginaldo estacionando seu carro em local inapropriado, em avenida de 
grande movimentação no centro da cidade. Felisberto aborda Reginaldo, se identifica como 
guarda municipal e aplica multa de trânsito em Reginaldo. Este, inconformado com a sanção 
recebida, pois Felisberto não integra o departamento Municipal de trânsito, questiona seu filho, 
bacharel em direito graduado, se tal situação era legalmente possível. 
Com base nos conhecimentos da Constituição Federal, da legislação em vigor e do 
entendimento dos tribunais superiores, imagine-se filho de Reginaldo e responda a seguinte 
inquirição: 
Tal situação (aplicação de sanção de transito por guarda municipal) é legalmente possível? 
RESPOSTA 
O art. 144, § 8º da CF/88 define as atribuições do guarda Municipal da seguinte forma: 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de 
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção 
de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. 
 
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Ocorre que embora não se fale de atribuições de poder de polícia de transito no citado 
dispositivo, tais “competências” ali listadas não são exaustivas, podendo a lei complementar que 
regulamente a situação permitir que guardas Municipais apliquem multa de trânsito. 
Nesse sentido, o STF de manifestou no julgamento do RE 658.570/MG, noticiado no informativo 
do STF 793. 
As guardas municipais podem realizar a fiscalização de trânsito? 
SIM. As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm 
competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor 
multas. 
O STF definiu a tese de que é constitucional a atribuição às guardas 
municipais do exercício do poder de polícia de trânsito, inclusive para a 
imposição de sanções administrativas legalmente previstas (ex: multas de 
trânsito). 
STF. Plenário. RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 6/8/2015 (repercussão geral) (Info 793). 
 
Portanto, o filho de Reginaldo deverá responde-lo que a aplicação de multa de transito por 
guarda municipal (exercício do poder de polícia) é possível desde que autorizado por lei 
municipal. 
Para obter pontuação total o candidato deveria: 
Mencionar que a atividade de guarda Municipal está 
fundamentada na Constituição (Art. 144, §8º) 
5 
pontos 
Demonstrar conhecimento da jurisprudência do STF no 
sentido de que em regra o PODER DE POLICIA de trânsito só 
pode ser delegado a guardas Municipais se houver Lei 
Municipal autorizando tal pratica. 
5 
pontos 
 
12. A Administração pública recebe denúncia anônima, por telefone, noticiando que César, 
auditor fiscal do Estado x, recebia valores e bens de particulares para deixar de constituir credito 
tributário em face de grandes empresas, ou constituir em montante menor do que o devido. Os 
superiores hierárquicos de César promovem investigação para checar a veracidade de tal 
denúncia. Posteriormente, é instaurado processo administrativo disciplinar, sendo assegurado 
ampla defesa e respeitado o devido processo, culminando com a demissão de César. 
Inconformado, o ex - servidor público questiona no judiciário a legalidade de tal sanção que lhe 
foi imposta, alega para tanto que o Processo administrativo que lhe acarretou a demissão teve 
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início a partir de uma denúncia anônima, o que vai contra os princípios da administração pública 
e a ordem constitucional, que inclusive veda o anonimato. 
Com base na situação hipotética narrada, desconsiderando as normas penais pertinentes e 
considerando o entendimento dos tribunais superiores, é possível afirmar que a administração 
pública agiu de forma irregular e as alegações de César merecem prosperar? 
RESPOSTA 
Embora a Constituição proíba o anonimato, para que ninguém dele possa se utilizar para causar 
danos a terceiros, deve-se ressaltar que a administração pública deve atender ao princípio da 
autotutela. 
O princípio da autotutela se traduz na capacidade que a administração pública tem de revogar 
atos por razões de conveniência e oportunidade, bem como de anular atos eivados de vícios que 
os tornem ilegais. Mais que isso, o princípio da autotutela prescreve que a atuação da 
administração pública deve ser vigilante, a fim de evitar atos contrários ao interesse público. 
Dessa forma, apenas uma denúncia anônima não poderia motivar a demissão de um servidor. 
Entretanto, a denúncia anônima deve ser checada pela administração, com base no princípio da 
autotutela, e se comprovado que há indícios da pratica de alguma ilegalidade, nada impede que 
seja instaurado um processo administrativo, assegurado o contraditório e a ampla defesa para 
apurar tais fatos. 
O STJ já se manifestou várias vezes sobre o mesmo assunto, tendo inclusive editado a súmula 
611 que prescreve: 
Súmula 611-STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em 
investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo 
disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de 
autotutela imposto à Administração. 
Portanto, deveria o candidato responder com base no enunciado da súmula 611 do STJ, 
afirmando que a administração agiu dentro da legalidade e que as alegações de César não 
merecem prosperar, sendo válida sua demissão. 
Para obter pontuação total o candidato deveria: 
Demonstrar conhecimento da súmula 611 do STJ 5 
pontos 
Afirmar que com base no poder de autotutela é permitida a 
instauração de PAD com base em denúncia anônima 
5 
pontos 
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QUESTÕES PROPOSTAS 
 
01. (VINÍCIUS SILVA) Jorge prestou concurso público para o cargo de professor de história do 
Município onde mora, obtendo aprovação forado número de vagas estabelecidos pelo Edital, 
que a princípio eram 08 vagas. Ressalte-se que o período de validade do concurso era de 1 ano 
e foi prorrogado por mais 1 ano. Faltando dois meses para expiração do prazo do concurso, O 
Município publica novo edital para o mesmo cargo com previsão de 06 novas vagas. 
Jorge, que tinha se classificado em 10º lugar, ao tomar conhecimento da notícia, se revolta e 
decide impetrar mandado de segurança em desfavor do Município, requerendo sua nomeação 
imediata. 
À luz da situação hipotética acima e desconsiderando toda a matéria relacionada a questão 
processual, responda, com base nas normas pertinentes, na constituição federal e no 
entendimento dos Tribunais superiores. 
Jorge terá direito a nomeação? 
02. (VINÍCIUS SILVA) A Constituição Federal de 1988 estabeleceu em seu art. 37 que a 
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá, dentre outros preceitos, ao princípio da 
publicidade. Entretanto, a mesma constituição estabelece em seu texto o direito à privacidade 
e a segurança de informações individuais. Determinado Estado da Federação divulgou em site 
na rede mundial de computadores lista contendo o nome dos servidores públicos com sua 
respectiva remuneração. A respeito da situação narrada, é possível afirmar que houve violação à 
Constituição Federal? 
03. (VINÍCIUS SILVA) Determinado servidor de um órgão público federal recebe determinada 
gratificação durante anos, de forma que a referida gratificação incorpora-se, como vantagem 
pessoal, ao vencimento do servidor. Ocorre que a Administração Pública forma entendimento 
no sentido que a gratificação seria ilegal e, com base no poder de autotutela, suprimi a verba da 
remuneração do servidor. 
Com base na situação narrada e com os entendimentos dos tribunais superiores, responda. 
É possível afirmar que a administração agiu corretamente? 
 
04. (VINÍCIUS SILVA) Astronildo, enfermeiro formado pela Universidade Federal de seu estado 
obtém êxito em concurso público e passa a trabalhar em Hospital Público em sua Região. Por ter 
uma família muito extensa, Astronildo decide encontrar um segundo emprego. Dessa forma, 
presta concurso público para o cargo de enfermeiro no Município vizinho. Astronildo é aprovado 
e passa a cumular ambos os cargos, executando uma jornada semanal de 65 horas. Decorrido 
alguns meses, Astronildo é informado pelo secretário de saúde do Município que não poderá 
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ocupar o segundo cargo devido a existência de lei Municipal que proíbe acumulação de cargos 
se a jornada semanal for superior a 60 horas. 
Tendo em vista a situação descrita acima e com base nas disposições constitucionais e o 
entendimento dos Tribunais superiores, comente a possibilidade de cumulação dos cargos por 
Astronildo. 
05. (VINÍCIUS SILVA). A companhia de água e esgoto do Estado X anunciou em rádio de grande 
audiência no Estado que, por razões de ordem técnica, haveria uma suspensão no fornecimento 
de água às residências no Município de Vendaval. O citado anuncio informava ainda que a 
paralização do serviço duraria algumas horas, o tempo necessário para que reparos 
emergenciais fossem realizados. 
Com base na situação hipotética e levando em consideração a disciplina normativa pertinente, 
responda. 
Houve violação ao Princípio da Continuidade do Serviço Público? 
06. (VINÍCIUS SILVA) Determinado Estado da Federação realizou licitação para 
contratação de empresa que ficaria responsável pela instalação de radares de 
velocidades afim de evitar que motoristas imprudentes ultrapassassem o limite de 
velocidade das vias públicas. A sociedade de economia Mista ABC sagrou-se vencedora 
após regular processo licitatório. Após finalizar a instalação dos radares nas vias, o Estado 
achou por bem incumbir a Sociedade ABC de multar os motoristas infratores e recolher os 
respectivos valores. 
Sobre a narrativa acima, responda: 
a) Quais as etapas do ciclo de polícia pode-se identificar na situação descrita. 
b) desprezando qualquer ponto relacionado ao tema licitação, comente sobre a 
legalidade ou ilegalidade da situação descrita acima. 
07. (Direito Administrativo) Indique e estabeleça distinção, quanto às hipóteses de 
cabimento e quanto ao modo de formalização, 03 (três) espécies de instrumentos que 
permitem a utilização regular privativa de bens públicos por particulares, no 
ordenamento jurídico vigente. 
08. (Direito Administrativo) João da Silva ajuizou ação indenizatória contra o Estado 
da federação onde reside, alegando que seu filho foi assassinado durante um roubo. 
Fundamenta o seu pedido na falha do serviço de segurança que deve ser prestado pelo 
Estado. Considerando que ficou comprovado no processo que o filho do autor foi 
assassinado durante um roubo, o candidato deverá esclarecer se o Estado responde 
patrimonialmente por danos resultantes dos crimes praticados por particulares. (5,0 
pontos). 
09. Sabe-se que a Administração Pública direta é composta pela União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios, entes dotados de capacidade política e de auto-organização. Já a Administração 
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Pública indireta é composta pelas Autarquias, Fundações públicas, Empresas públicas e 
Sociedade de economia mista. Algumas dessas entidades da administração indireta atuam 
preponderantemente sob o regime jurídico de direito público, já outras atuam 
preponderantemente sob o regime jurídico de direito privado. Debate-se na doutrina e 
jurisprudência sob o regime jurídico a que se submete as FUNDAÇÕES. Sobre esse tema, 
discorra sobre qual regime se submete as fundações (direito público ou privado) e quais fatores 
devem ser levados em consideração para se fazer essa distinção. 
 
10. A União possui um contrato com a empresa privada "Espanta ladrão Vigilância 24hrs Ltda." 
Por meio deste contrato, a empresa, com seus funcionários, obrigou-se a fazer a vigilância 
armada do prédio onde funciona um órgão público federal, recebendo, em contraprestação, R$ 
500 mil mensais. Ocorre que a empresa " Espanta ladrão Vigilância 24hrs Ltda.", por estar 
enfrentando dificuldades financeiras, passou a não mais pagar os salários e demais verbas 
trabalhistas de seus funcionários. À luz da situação hipotética narrada e tomando por base a 
Constituição federal, a legislação federal e o entendimento dos tribunais superiores, responda. 
 
Diante da inadimplência da empresa contratada perante seus funcionários, a responsabilidade 
pelo pagamento dos salários e demais verbas trabalhistas pode ser transferida automaticamente 
para a União? 
 
11. Felisberto, guarda Municipal do Município X, fazia sua ronda normal de um dia de trabalho. 
De repente, percebe Reginaldo estacionando seu carro em local inapropriado, em avenida de 
grande movimentação no centro da cidade. Felisberto aborda Reginaldo, se identifica como 
guarda municipal e aplica multa de trânsito em Reginaldo. Este, inconformado com a sanção 
recebida, pois Felisberto não integra o departamento Municipal de trânsito, questiona seu filho, 
bacharel em direito graduado, se tal situação era legalmente possível. 
Com base nos conhecimentos da Constituição Federal, da legislação em vigor e do 
entendimento dos tribunais superiores, imagine-se filho de Reginaldo e responda a seguinte 
inquirição: 
Tal situação (aplicação de sanção de transito por guarda municipal) é legalmente possível? 
 
12. A Administração pública recebe denúncia anônima, por telefone, noticiando que César, 
auditor fiscal do Estado x, recebia valores e bens de particulares para deixar de constituir credito 
tributário em face de grandes empresas, ou constituir em montante menor do que o devido.Os 
superiores hierárquicos de César promovem investigação para checar a veracidade de tal 
denúncia. Posteriormente, é instaurado processo administrativo disciplinar, sendo assegurado 
ampla defesa e respeitado o devido processo, culminando com a demissão de César. 
Inconformado, o ex - servidor público questiona no judiciário a legalidade de tal sanção que lhe 
foi imposta, alega para tanto que o Processo administrativo que lhe acarretou a demissão teve 
início a partir de uma denúncia anônima, o que vai contra os princípios da administração pública 
e a ordem constitucional, que inclusive veda o anonimato. 
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Com base na situação hipotética narrada, desconsiderando as normas penais pertinentes e 
considerando o entendimento dos tribunais superiores, é possível afirmar que a administração 
pública agiu de forma irregular e as alegações de César merecem prosperar? 
 
 
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