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PROCESSO EDUCATIVO NA EAD: PRÁTICAS INOVADORAS E PERSPECTIVAS DE GESTÃO Janes Fidélis Tomelin (Org.) Antonio José Müller (Org.) Rodovia BR 470, km 71, nº 1040, Bairro Benedito Caixa postal nº 191 - CEP 89.130-000. Indaial-SC Fone: (0xx47) 3281-9000/3281-9090 Home-page: www.uniasselvi.com.br Copyright Editora GRUPO UNIASSELVI Reitor da UNIASSELVI Prof. Ozinil Martins de Souza Editor Chefe Prof. Giancarlo Moser Conselho Editorial Pleno: Prof. Ozinil Martins de Souza - UNIASSELVI Prof. Giancarlo Moser - UNIASSELVI Jean Carlos Reinhold - UNIASSELVI Prof. Gonter Bartel - FAMEG Diagramação Júlia Carolina Moser Capa Cléo Schirmann Revisão Cristiane Lisandra Danna 371.2 M997p Müller, Antonio José Processo educativo na EAD : práticas inovadoras e perspectivas de gestão / Antonio José Müller; Janes Fidélis Tomelin. Indaial : Uniasselvi, 2012. 131 p. : il ISBN 978-85-7830- 587-1 1. Administração escolar. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. PREFÁCIO Caro leitor, você está preste a iniciar a leitura do livro sobre as prá- ticas de Educação a Distância (EAD) em uma das mais conceituadas ins- tituições de ensino do Brasil. O presente livro apresenta um conjunto de capítulos que refletem, discutem e aperfeiçoam o conhecimento da moda- lidade EAD em seus aspectos didáticos, práticos, tecnológicos e conceitu- ais. Seu principal objetivo é proporcionar ao leitor uma análise de possi- bilidades que acontecem na atuação do professor, na evolução acadêmica do aluno e na organização e gestão da educação na modalidade a distância. A modalidade de EAD, apesar de já estar constituída no cenário nacional e internacional, ainda é uma modalidade relativamente nova e, portanto, carece de estudos aprofundados sobre o tema. Os estudos aqui apresentados trazem a demonstração de novas técnicas, concepções e práticas sobre a EAD no Brasil. Assim, essa leitura contribui cientifica- mente com novos estudos e uma nova visão sobre a EAD no Brasil. As ideias discutidas neste livro precisam ser contextualizadas ao leitor. Elas trazem experiências dos autores no cotidiano da EAD em relação ao atendimento das necessidades dos alunos, à boa preparação dos professores-tutores responsáveis e também às soluções de questões e peculiaridades da coordenação de cursos. Esses assuntos são de extre- ma utilidade quando percebemos que os tópicos relacionados podem ser transportados para a realidade de professores e acadêmicos. Entre- tanto, as ideias aqui apresentadas não representam o esgotamento das temáticas estudadas, pois se compreende que essa área necessita cons- tantemente de mais pesquisas e o desenvolvimento de novas práticas. De forma clara e consistente, este livro traz uma possibilidade mo- tivadora ao leitor e profissional da área acadêmica, pois, pelos relatos de seus autores, o leitor poderá utilizar a descrição dos trabalhos para incre- mentar e inovar suas práticas na busca incansável por uma educação de qualidade elevada. Temos certeza de que as ideias dos autores que escre- veram este livro com extrema competência motivarão outros personagens envolvidos na educação a distância, propagando essa competência. Os capítulos estão organizados em torno das características pe- culiares da EAD e envolvem temáticas como: a autonomia do discen- te nessa modalidade de ensino, novas concepções para melhor uso do ambiente virtual de aprendizagem, a relação afetiva entre o tutor e o acadêmico, a acuidade do intérprete educacional e ainda discute o es- tágio, seus desafios e possibilidades. Do mesmo modo, proporciona no- vas ideias quando discute a importância da utilização das mídias sociais, estratégias para pesquisa na tutoria, a permanência do acadêmico e a gestão participativa realizada por grupos de trabalho. Proporciona no- vas possibilidades aos acadêmicos quando discute o desenvolvimento da iniciação científica na modalidade EAD e a grande repercussão dos benefícios dos cursos de nivelamento oferecidos. A construção deste livro segue um processo coletivo de autores engajados com o compromisso pela melhoria da educação a distância, pela valorização do profissional dessa área e pela construção de uma so- ciedade mais justa e preparada. É interessante percebermos que todas as aplicações epistemológicas desses estudos são confirmadas na prática, fazendo a interligação preciosa entre a teoria e a prática. Desse modo, as práticas são revistas e melhoradas em uma concepção evolutiva. Essa é a práxis educativa que Paulo Freire considerava vital para as caracterís- ticas de uma educação transformadora, ou seja, a teoria deve ser aplica- da em uma prática reflexiva, que gere outra ação para entendimento do mundo, a fim de transformá-lo. Boa leitura! UMA NOVA CONCEPÇÃO DAS TRILHAS DE APRENDIZAGEM NO AVA ................................................................................................................. 7 Elisabeth Penzlien Tafner Janes Fidélis Tomelin Rosimar Bizello Müller A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA DE NIVELAMENTO NOS CURSOS DE EAD DO NEAD/UNIASSELVI .................................... 23 Francielle Hartmann Janes Fidélis Tomelin Cristiane Lisandra Danna EDUCAÇÃO CIENTÍFICA: UMA PROPOSTA JOIA ..................... 35 Francieli Stano Torres Janes Fidélis Tomelin A UTILIZAÇÃO DA MÍDIA SOCIAL FACEBOOK NOS CURSOS DE EAD DO NEAD/UNIASSELVI ........................................................ 47 Scheila Krenkel Janes Fidélis Tomelin ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM CURSOS DE GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA: POSSIBILIDADES E DESAFIOS ...... 61 Eleide Mônica da Veiga Jacques Emília Melo Vieira EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E O INCENTIVO À AUTONOMIA DISCENTE: UMA REFLEXÃO ................................................................ 71 Louise Cristine Franzoi SUMÁRIO POSSIBILIDADE E DESAFIOS NO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM CURSOS DE GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA .................................................................................................... 85 Ana Luisa Fantini Schmitt PROCESSO PEDAGÓGICO INCLUSIVO NA EAD: O PAPEL DO INTÉRPRETE EDUCACIONAL ............................................................ 97 Kátia Solange Coelho Tatiana dos Santos da Silveira GESTÃO COOPERATIVA NA EAD: GRUPOS DE TRABALHO ..... 109 Janes Fidélis Tomelin Kátia Solange Coelho Tatiana dos Santos da Silveira ESTRATÉGIAS PARA A PERMANÊNCIA DOS ACADÊMICOS DA MODALIDADE EAD: UM ESTUDO DE CASO .............................. 119 Cláudia Sabrine Brandt Francielle Hartmann Janes Fidélis Tomelin 7 UMA NOVA CONCEPÇÃO DAS TRILHAS DE APRENDIZAGEM NO AVA Elisabeth Penzlien Tafner1 Janes Fidelis Tomelin2 Rosimar Bizello Müller3 Não existe nem a primeira nem a última palavra, e não existem fronteiras para um contexto dialógico. [...] Em qualquer momento do diálogo existem as massas enormes e ilimitadas de sentidos esquecidos que serão recordados e reviverão em um contexto e num aspecto novo . (MIKHAIL BAKHTIN). 1 INTRODUÇÃO Cada vez mais a Educação a Distância (EAD) tem utilizado as chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como instrumento para a construção do conhecimento. Esse, por sua vez, pode ser construído e midiatizado por meio dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), considerados “espaços das relações com o saber [...], ambientes de aprendizagem que favorecem a construção do conhecimento” (COSTA; OLIVEIRA, 2004, p. 118). 1 Elisabeth Penzlien Tafner é mestre em Linguística e graduada em Letras. Atualmente é coordenadora dos articuladores e dos professores-tutores externos do NEAD/UNIASSELVI – Indaial/SC. e-mail: coordead.tutoria@uniasselvi.com.br 2 Janes Fidélis Tomelin é mestre em Educação, especialista em História Social e graduado em Filosofia. Atualmente é Pró-Reitor de Ensino de Graduação a Distância do NEAD/ UNIASSELVI – Indaial/SC. e-mail:janes@grupouniasselvi.com.br 3 Rosimar Bizello Muller é mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Educação Ambiental pelo SENAC do Rio de Janeiro e Educação a Distância: Gestão e Tutoria pela UNIASSELVI. Atualmente é supervisora pedagógica do Ambiente Virtual de Aprendizagem do NEAD/UNIASSELVI – Indaial/SC. e-mail: avaead@uniasselvi.com.br 8 Atualmente, na EAD, são milhares de estudantes que utilizam as mais variadas ferramentas dos ambientes em seu processo de ensino e aprendizagem. No Brasil, segundo Vianney (2011), em 2010, o crescimento da modalidade EAD entre os estudantes de graduação foi de 10,9%. No mesmo ano, a modalidade presencial cresceu 6,45%. Com base nesses dados, pode-se verificar que o interesse em fazer um curso a distância foi substancial em 2011. Assim, compreende-se também que, na EAD, grande parte do processo de ensino e aprendizagem ocorre por meio dos AVAs, por isso, eles são cada vez mais aplicados como ferramenta para potencializar o processo de aprendizagem de seus usuários. Embora já existem no Brasil vários tipos de AVAs consagrados no mercado, é importante destacar que várias empresas e instituições de ensino têm ou estão desenvolvendo os seus próprios ambientes. O Núcleo de Educação a Distância (NEAD) do Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI) é um exemplo disso, pois desenvolve o seu próprio Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), com vários recursos que correspondem ao modelo pedagógico e à cultura institucional, visando à informação, comunicação, interação, interatividade, que favorecem a reflexão e a construção do conhecimento dos acadêmicos. Levando em consideração o acentuado avanço tecnológico, a utilização de ferramentas cada vez mais interativas e o novo contexto social, em que as pessoas compartilham experiências, criando ambientes de aprendizagem, percebidos na conjuntura atual como facilitadores do processo de ensino e aprendizagem na EAD, o NEAD da UNIASSELVI sugeriu uma releitura em seu AVA. Dessa forma, recentemente, a instituição lançou um ambiente singular, pautado em Trilhas de Aprendizagem, incorporando um novo conceito de aprendizagem no seu modelo de EAD, através de um AVA mais dialógico, dinâmico, interativo, intuitivo e autônomo para aprender na EAD. 9 A partir dessa primeira apresentação, o objetivo que guia as discussões realizadas neste espaço é apresentar a concepção de Trilhas de Aprendizagem no AVA da modalidade EAD da UNIASSELVI, bem como compreender a importância dessas no processo de ensino e aprendizagem e, consequentemente, na construção do conhecimento. Para tanto, inicialmente, destacamos algumas considerações sobre o que são os AVAs e seus objetivos no processo de ensino e aprendizagem. A seguir, o texto apresenta o novo conceito de AVA do NEAD da UNIASSELVI e descreve a aprendizagem significativa, cooperativa e colaborativa propiciadas no referido ambiente. Finalmente, o trabalho elenca alguns recursos potencializados nas trilhas de aprendizagem. 2 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM As TIC possibilitaram à educação outras ferramentas e/ou espaços pedagógicos para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, antes limitado fisicamente e temporalmente. Denominados de Ambientes Virtuais de Aprendizagem, estes espaços são: [...] sistemas computacionais disponíveis na Inter- net, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos. As atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participan- te se localiza, de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento prévio denominado design educacional, o qual constitui a espinha dorsal das atividades a realizar, sendo revisto e reelabo- rado continuamente no andamento da atividade (ALMEIDA, 2003, p. 331). 10 Muito utilizados nos cursos de Educação a Distância, os AVAs caracterizam-se como um espaço promissor de interações assíncronas ou síncronas entre pessoas e objetos técnicos, favorecendo a construção de conhecimento e promovendo, assim, a aprendizagem. Para Mason (1998 apud OKADA, 2003), os ambientes de aprendizagem on-line podem ser classificados em três tipos: instrucionista, interativo e cooperativo. Dentre esses, interessa-nos especialmente: a) [...] b) Ambiente interativo: ambiente centrado na interação online, onde a participação é essencial no curso. O objetivo é atender também às expectativas dos participantes. Nesse ambiente ocorre muita discussão e reflexão. c) Ambiente cooperativo: ambiente cujos objetivos são o trabalho colaborativo e a participação online. Existe muita interação entre os participantes por meio da comunicação online, construção de pesquisas, descobertas de novos desafios e soluções (MASON, 1998 apud OKADA, 2003, p. 275, grifos do autor). Cada instituição de ensino, de acordo com seu Projeto Didático- Pedagógico, dispõe de recursos diferenciados no seu AVA, ou seja, os recursos e/ou ferramentas disponíveis nesses ambientes dependem dos objetivos traçados para os seus usos. 2.1 OS OBJETIVOS DOS AVAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Apontar os objetivos dos AVAs quanto ao processo de ensino e aprendizagem é muito relativo, pois eles estão diretamente ligados aos critérios didático-pedagógicos adotados pelas instituições de ensino. De qualquer modo, em âmbito geral, os AVAs: 11 foram desenvolvidos por se acreditar que a edu- cação, na sociedade em rede e na perspectiva do conhecimento, pode ser entendida como uma transformação na convivência que acontece em um espaço no qual a interação entre sujeitos resul- ta em um processo de transformação nas relações (SCHLEMMER, 2005, p. 35). Quando se fala em educação na sociedade em rede, percebe-se a necessidade de desenvolver uma cultura de aprendizagem significativa (SCHLEMMER, 2005). Para que isso aconteça, é preciso haver novos paradigmas epistemológicos, que permitam a criação de espaços de ensino e aprendizagem consistentes, capazes de promover criticidade, interação, interatividade e intersubjetividade. Com base nisso, o NEAD da UNIASSELVI, como já destacado anteriormente, desenvolveu um novo AVA pautado em Trilhas de Aprendizagem, que favorecem as concepções de ensino e aprendizagem significativa, cooperativa e colaborativa, como veremos a seguir. 3 A NOVA CONCEPÇÃO APLICADA AO AVA DA UNIASSELVI A releitura do AVA já existente no NEAD da UNIASSELVI e o desenvolvimento da nova concepção foram pensados e discutidos a partir da criação de um Grupo de Trabalho (GT) interdisciplinar. Esse GT era composto por especialistas de várias áreas, que, durante o período de janeiro a novembro de 2011, pesquisaram, discutiram e desenvolveram, por meio do Núcleo Tecnológico da UNIASSELVI, a projeção de uma nova estrutura que permitisse a organização hipertextual dos recursos de aprendizagem virtual, o que configura a natureza exploratória desta pesquisa. A pesquisa exploratória permite maior familiaridade entre o pesquisador (GT do NEAD) e o tema pesquisado (o novo AVA, pautado em Trilhas de Aprendizagem) (GIL, 2002). 12 Para essa nova projeção, levou-se em consideração conceitos técnicos de usabilidade, acessibilidade e ergonomia, como também foram consideradas as necessidades pedagógicas que auxiliam na construção do conhecimento. Nesse pensar, constatou-se que a essência do projeto estava nas Trilhas de Aprendizagem. Assim, nasceu o novo AVA do NEAD da UNIASSELVI, pautado em Trilhas de Aprendizagem. Em uma tradução simples, essas trilhas correspondem a “caminhos” virtuais de aprendizagem capazes de promover e desenvolver competências no que concerne ao conhecimento, à habilidade, à atitude,à interação, à interatividade e à autonomia. Ademais, a concepção de Trilhas de Aprendizagem favorece a otimização do desempenho e da utilização do novo AVA. Conforme destaca Carbone (2011), as Trilhas de Aprendizagem são caminhos alternativos e flexíveis para o desenvolvimento profissional. Dessa compreensão, destacaríamos ainda o desenvolvimento intelectual e pessoal. Na visão de Le Boterf (1999), as Trilhas de Aprendizagem podem ser comparadas a uma rota de navegação, porque os navegadores têm em suas mãos as cartas geográficas, bússola e informações meteorológicas, que indicam o caminho a ser trilhado. Esse autor ainda destaca que os navegadores têm um mapa de oportunidades disponíveis para que se escolha qual caminho seguir e onde chegar. Para o NEAD da UNIASSELVI, o desenvolvimento dessa nova concepção de AVA, além de possibilitar o cumprimento do objetivo das Trilhas de Aprendizagem apresentado anteriormente, também contempla os seguintes objetivos: ◆ potencializar os recursos disponíveis no AVA em cada uma das Trilhas de Aprendizagem, de maneira que promova a interação com o conteúdo 13 das disciplinas e com o aprendiz, a exemplo do fórum, enquete, material de apoio, vídeo da disciplina, objetos de aprendizagem, cursos de nivelamento, dentre outros; ◆ proporcionar recursos capazes de promover o processo de ensino e aprendizagem de forma contínua, interativa, autônoma, reflexiva e qualitativa, com foco no aprendiz; ◆ promover no ambiente a comunicação e a interação síncronas e assíncronas; ◆ utilizar nas Trilhas de Aprendizagem as mídias sociais como instrumento de apoio pedagógico e complemento dos processos interativos, a exemplo do facebook; ◆ potencializar um ambiente de desenvolvimento acadêmico, científico e cultural; ◆ criar um ambiente amigável aos diversos navegadores da internet; ◆ promover interação e interatividade com os diversos atores do processo de ensino e aprendizagem. Ao reestruturar em Trilhas o AVA, a UNIASSELVI reafirma seus princípios nortedores, que apontam a identidade favorável da instituição ao propósito da Educação a Distância. A partir deles, é que ficam evidentes as seguintes relações: 14 Nesse novo AVA configurado a partir de Trilhas de Aprendizagem, os acadêmicos têm à disposição inúmeras ferramentas, que possibilitam o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, cooperativa e colaborativa, assunto a ser discutido no próximo item. 4 A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA, COOPERATIVA E COLABORATIVA NO NOVO AVA Na EAD, o processo de ensino e aprendizagem está relacionado diretamente às tecnologias. Entretanto, independentemente do grau de sofisticação da tecnologia, ela é apenas o meio, não o foco. Nesse contexto, o novo AVA do NEAD da UNIASSELVI foi desenvolvido para que nele o acadêmico possa se responsabilizar pela sua aprendizagem, ao descobrir e criar seus caminhos e suas estratégias, selecionando trilhas que o auxiliem a aprender a aprender de forma mais prazerosa. Dessa forma, as trilhas aumentam a possibilidade de o acadêmico Não basta saber, é preciso saber fazer Conhecimento/competência Cada pessoa tem que construir a sua história Autonomia Formar empreendedores Auto-organização Disciplina A negociação como metodologia do relacionamento humano Interatividade Cooperação Mediação QUADRO 1 – PRINCÍPIOS NORTEADORES DA UNIASSELVI FONTE: UNIASSELVI 15 se envolver com os conteúdos de maneira positiva, ou seja, potencializam a aprendizagem significativa. Segundo Fink (2003 apud SOUSA, 2009, p. 76), quando a aprendizagem é significativa para o acadêmico, espera-se que ele seja capaz de: desenvolver as habilidades comunicativas, entender e ser capaz de usar princípios aprendidos no curso, para além do seu tempo cronológico, permanecer uma pessoa positiva, a despeito dos obstáculos e desafios da vida e do trabalho, ser ‘mentor’ de outros, continuar a crescer como um pensador crítico e valorizar o aperfeiçoamento contínuo. Na perspectiva da aprendizagem significativa, o acadêmico “torna- se cada vez mais ‘seduzido’ por um tema ou área do conhecimento, se compromete com a própria aprendizagem e, assim, se mantém motivado ao longo do percurso” (SOUSA, 2009, p. 74). O novo AVA, pautado em Trilhas de Aprendizagem, conforme Santos (2010), configura-se como um ambiente hipertextual, que agrega intertextu- alidade ao apontar para outros sites ou documentos; intratextual, quando faz relações em um mesmo documento; multivocal, ao agrupar vários pontos de vista; com navegabilidade, pois é simples, de fácil acesso, intuitivo; misto, já que integra sons, textos, imagens dinâmicas e estáticas, gráficos, mapas; multimidiático, visto que é composto por vários suportes midiáticos. Essas características, além de estimularem a aprendizagem significativa, propiciam a aprendizagem cooperativa e a aprendizagem colaborativa, pois o acadêmico aprende não apenas com o material didático, mas também na dialogia com outros sujeitos envolvidos (Coordenadores de Curso, Professores-Tutores Externos, Professores-Tutores Internos, Supervisores de Disciplina e demais colegas da turma), ao realizar atividades de pesquisa, motivadas pela natureza da disciplina, pelas práticas ou pelas atividades inerentes aos estágios curriculares obrigatórios. 16 A aprendizagem cooperativa e colaborativa também são potencializadas no novo AVA quando os saberes são “[...] construídos em um processo comunicativo de negociações, em que as tomadas de decisão sejam uma prática constante para a ressignificação processual das autorias e coautorias” (SANTOS, 2003, p. 225 apud SANTOS, 2010, p. 40). Nesse sentido, o novo AVA apresenta ferramentas que ora propiciam a aprendizagem cooperativa ora a aprendizagem colaborativa. Portanto, principalmente os Supervisores de Disciplina, os Professores-Tutores Internos e Externos convertem-se em mediadores do processo de ensino e aprendizagem e assumem, conforme a situação, ora a missão de dividir as tarefas entre os grupos e ora a missão de retornar ao status de aprendiz (APARICI; ACEDO, 2010). Sem dúvida, o novo conceito do AVA do NEAD, pautado em Trilhas de Aprendizagem, representa um novo olhar do aprender a aprender na EAD. 5 ALGUNS DOS RECURSOS DO AVA POTENCIALIZADOS NAS TRILHAS DE APRENDIZAGEM Além da nova concepção, o AVA do NEAD da UNIASSELVI carrega um novo layout, mais clean, arrojado e ergonômico, o que propicia um ambiente mais intuitivo, dinâmico e interativo. Com isso, o acadêmico consegue navegar e acessar facilmente o que está disponível, desenvolvendo competências no que concerne à autonomia na busca e construção da própria aprendizagem. Os recursos e/ou ferramentas pedagógicas disponíveis no AVA são potencializados nas Trilhas de Aprendizagem de cada uma das disciplinas e nos seus respectivos cursos, com o intuito de promover a interação com o conteúdo do Caderno de Estudos e com os Encontros Presenciais e, sobretudo, auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. 17 A Trilha de Aprendizagem da disciplina está subdividida em quatro eta pas: Apresentação; Unidade I; Unidade II; Unidade III. Cada etapa é regi- da pela hipertextualidade e envolve o conteúdo que será estudado na discipli- na. Além disso, pode conter dicas de estudo e lembretes das atividades a serem desenvolvi das. Na hipertextualidade são potencializados os recursos pedagó- gicos relacionados à especificidade de cada etapa, como: Plano de Ensino; Caderno de Estudos Virtual; Vídeo da Disciplina; Material de Apoio; Fórum; Enquete; Objeto de Aprendizagem; Curso de Nivelamento e o Facebook. Além das Trilhas das Disciplinas, o AVA contempla a Trilha de Aprendizagem do Curso também regida pela hipertextualidade no que tange às boas-vindas aos aca dêmicos, quando apresenta os objetivos, as atividades previstas e o período mínimo de integralização do curso. Além disso, possibilita aos acadêmicos conhecer o Projeto Pedagógico do Curso; os PrincípiosNorteadores da UNIASSELVI; o Vídeo de boas-vindas da Coorde nação; a Dinâmica dos Encontros Presenciais; os Critérios de Promoção das Avaliações e a Avaliação do Curso; informações sobre as Práticas Educativas; as Atividades Complementares; os Estágios Curriculares Supervisionados e o Trabalho de Graduação. Após seis meses de experiência com o novo AVA, já é possível constatar alguns dados que apontam para um elevado grau de satisfação. Essa percepção fica evidente nos novecentos e setenta e sete feedback realizados pelos acadêmicos dos editais passados, ou seja, que estavam habituados com o AVA anterior, com um índice de aprovação de mais de 82%. Esse resultado foi obtido por meio da ferramenta feedback, disponibilizada no novo AVA dos acadêmicos. Nessa mesma opção foram compilados, em 2 de abril de 2012, três dos relatos que evidenciam esse índice de satisfação. Vejamos: 01/04/2012 21h14min matrícula 231706 - O novo AVA está muito bom mesmo. Bem organiza- do, mais simples e de fácil acesso e fácil de enten- 18 der e utilizar para a administração da minha vida acadêmica sem contar que contem disponível (sic) os DVD`s das Disciplinas. Obrigado a UNIAS- SELVI por este novo ambiente. 27/03/2012 11h27min matrícula 286045 - Achei muito bom o novo AVA pela ênfase posta na disci- plina que estamos cursando. Além do design mais clean e bonito. 21/03/2012 11h29min matrícula 446101 - O novo ambiente virtual de aprendizagem, torna a rotina do aluno do EAD muito mais dinâmica com seu curso, a quantidade de material disponibiliza- do para a aprendizagem melhorou muito, assim como as enquetes,fóruns, sugestões de leituras de livros virtuais e artigos, também é um destaque. [...]. Entretanto, destaco que, foi um grande ganho para nós alunos as melhorias aplicadas, na minha opinião está aprovadíssimo. Esses são alguns indícios da facilidade em navegar pelo ambiente, que está muito mais atrativo e completo, bem como a ênfase que se dá ao processo de interação no estudo das disciplinas por meio das Trilhas de Aprendizagem. Isso demonstra também que o novo AVA, de fato, está atingindo os objetivos propostos, ou seja, de promover e desenvolver competências. Além disso, permite que sujeitos geograficamente separados possam construir seus conhecimentos, favorecendo a interação tanto com a equipe pedagógica do NEAD da UNIASSELVI quanto com colegas de curso. É no contato com diferentes materiais e diferentes sujeitos, que compartilham diferentes leituras e experiências, que o acadêmico encontra provocação e motivação necessárias para continuar e aprofundar seus estudos. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerado como ambiente de aprendizagem inovador, ao se estruturar em Trilhas de Aprendizagem, o novo AVA do NEAD da UNIASSELVI visa à promoção e ao desenvolvimento de competências. 19 Nesse espaço, o acadêmico também se responsabiliza pelo seu processo de estudo, por meio das Trilhas de Aprendizagem, que o auxiliam a aprender a aprender de forma mais prazerosa e autônoma, contribuindo de maneira primorosa para o processo de ensino e aprendizagem na modalidade EAD. As Trilhas de Aprendizagem, regidas pela hipertextualidade, potencializam a interação ao longo do estudo das disciplinas e dos encontros presenciais através dos recursos pedagógicos do AVA, a exemplo do fórum, da enquete, do material de apoio, do vídeo da disciplina, do caderno de estudos, dos objetos de aprendizagem, da indicação de curso de formação continuada e do Facebook. A utilização do AVA, nessa nova configuração, estimula um processo de ensino e aprendizagem significativo, o que resultará no sucesso da trajetória acadêmica, em que os sujeitos envolvidos se alternam no papel de aprendiz e na promoção de uma aprendizagem cooperativa e colaborativa. No entanto, é importante destacar que mesmo havendo um grande índice de aceitação por parte dos acadêmicos e de toda a comunidade acadêmica da UNIASSELVI, o novo AVA do NEAD da UNIASSELVI continua em processo de aprimoramento, com a inserção de novos recursos e ferramentas. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. Educação a distância na internet: abordagens e contribui- ções dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, FE/USP, v. 29, n. 2, jul.-dez. 2003. APARECI, R.; ACEDO, S. O. Aprendizagem colaborativa e ensino virtual: uma experiência no dia-a-dia de uma universidade a distância. In: SILVA, M.; 20 PESCE, L.; ZUIN, A. (Orgs.). Educação online: cenário, formação e ques- tões didático-metodológicas. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2010. p. 137-156. BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 3. ed. São Paulo: Martins Fon- tes, 1985. CARBONE, P. P. Gestão estratégica de Pessoas: o modelo de compe- tências. Disponível em: <http://EAD.csjt.gov.br/file.php/1/forumgp/ apresentacoes/gestao_estrategica_pessoas_pedro_carbone.pdf>. Acesso em: 1 jan. 2011. COSTA, J. W. da; OLIVEIRA, M. A. M. (Orgs.). Novas Linguagens e novas tecnologias: educação e sociabilidade. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2004. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas S/A, 2002. LE BOTERF, G. Competénce ET navigation professionelle. Paris: Édi- tions d’Organisation, 1999. OKADA, A. L. P. Desafios para EAD – Como fazer emergir a colabora- ção e a cooperação em ambientes virtuais de aprendizagem. In: SILVA, M. (Org.). Educação online: teorias, práticas, legislação, formação corpora- tiva. São Paulo: Loyola, 2003. p. 175-194. SANTOS, E. Educação online para além da EAD: um fenômeno da ciber- cultura. In: SILVA, M.; PESCE, L.; ZUIN, A. (Orgs.). Educação online: cenário, formação e questões didático-metodológicas. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2010. p. 29-48. 21 SCHLEMMER, E. Metodologias para a Educação a Distância no Contex- to da Formação de Comunidades Virtuais de Aprendizagem. In: BARBO- SA, R. M. (Org.). Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2005. SOUSA, M. de F. G. de. Nas trilhas da aprendizagem: diálogos com quem estuda a distância. Brasília: CEAD – UnB, 2009. VIANNEY, J. Educação superior a distância: o perfil dos alunos, os re- sultados do ENADE e a representação social da Educação a Distância. 2011. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/sf/comissoes/ce/ap/ AP20111109_Joao_Vianney.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2012. 22 23 A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA DE NIVELAMENTO NOS CURSOS DE EAD DO NEAD/UNIASSELVI Francielle Hartmann1 Janes Fidélis Tomelin2 Cristiane Lisandra Danna3 Todos os seres humanos são capazes de aprender, mas é necessário que adaptemos nossa forma de ensinar. Lev Vygotsky 1 INTRODUÇÃO A Educação a Distância é uma modalidade de estudo que cresce a cada dia devido a inúmeros fatores, dentre os quais se citam os frutos do processo de surgimento das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC). Nesse cenário atual e informatizado, a implantação de cursos de graduação na modalidade a distância vem crescendo e revolucionando o processo educacional. 1 Francielle Hartmann é especialista em Educação a Distância: Gestão e Tutoria e em Psicopedagogia pela Pós-Graduação UNIASSELVI. Graduada em Psicologia e bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda. Atualmente é supervisora de formação do NEAD/UNIASSELVI – Indaial/SC e psicóloga clínica na cidade de Timbó/ SC. e-mail: nuap.nead@uniasselvi.com.br 2 Janes Fidélis Tomelin é mestre em Educação, especialista em História Social e graduado em Filosofia. Atualmente é Pró-Reitor de Ensino de Graduação a Distância do NEAD/ UNIASSELVI – Indaial/SC. e-mail: janes@grupouniasselvi.com.br 3 Cristiane Lisandra Danna é mestre em Educação pela Universidade Regional de Blumenau e graduada em Letras (português/inglês) pela mesma instituição. Atualmente é encarregada de materiais bibliográficos do NEAD/UNIASSELVI – Indaial/SC. e-mail: cristiane.nead@ uniasselvi.com.br 24 A legislação brasileira, por meio do Decreto n. 5.622/2005, em seu art. 1º, define a educação a distância como: Modalidadeeducacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL, 2005, p. 1) Com a oportunidade de cursar uma graduação ou outros cursos de formação na modalidade a distância, estudos realizados nessa área e apresentados no Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (ABED, 2010) mostram que, no ano de 2007, cerca de 2,5 milhões de brasileiros foram inseridos nessa modalidade educacional. Nessa perspectiva, a Educação a Distância (EAD) tornou-se uma forma de produzir e disseminar conhecimento, permitindo o acesso à educação para diferentes segmentos da população. Segundo o Censo EAD de 2010 (ABED, 2010), no ensino superior, atualmente, há cerca de 5,5 milhões de alunos, desses, 3,5 milhões de jovens pertencem às famílias de classes C e D, o que corresponde a mais da metade dos estudantes. Além disso, a média de idade dos formandos em graduação superior é de 26,3 anos. Com esses dados, pode-se inferir que os alunos universitários oriundos da EAD possuem um nível socioeconômico menor e se formam com mais idade. Além disso, percebe-se que a EAD proporciona inclusão social, por possibilitar que pessoas de classes menos favorecidas e aquelas que não têm acesso fácil à educação superior possam realizar uma graduação (MAIA; MATTAR, 2007). Esse crescimento fez surgir muitos desafios para todos os envolvidos na EAD, já que as ferramentas pedagógicas precisam ser adequadas ao perfil do estudante que, muitas vezes, traz lacunas do ensino médio para o ensino superior, pois são acadêmicos que realizaram seus estudos básicos 25 há muito tempo. Portanto, compreende-se que esse é um elemento importante para ser investigado e trabalhado. Pensando nisso, o Núcleo de Educação a Distância (NEAD/ UNIASSELVI) implantou o Programa de Nivelamento para os seus acadêmicos. Esse programa visa auxiliar os acadêmicos na compreensão de assuntos abordados no ensino médio e que foram esquecidos, minimizando disparidades e déficits na aprendizagem (CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI, 2012). Assim, a proposta deste texto é avaliar os cursos de nivelamento on- line, bem como planejar novas perspectivas para o Programa de Nivelamento ofertado por essa instituição. Os resultados pretendem contribuir com pesquisas da área e também oportunizar um panorama para as instituições que desejam ofertar cursos de nivelamento na modalidade EAD. Nessa perspectiva, na próxima seção, apresenta-se o Programa de Nivelamento desenvolvido pelo NEAD/UNIASSELVI, para, em seguida, explicar a metodologia utilizada nesta pesquisa. Em uma nova seção, discutem-se os dados. Finaliza-se o texto com a apresentação das referências utilizadas para essa escrita. 2 OS CURSOS DE NIVELAMENTO DO NEAD/UNIASSELVI Os cursos de nivelamento do NEAD/UNIASSELVI foram desenvolvidos pelo Núcleo de Desenvolvimento Tecnológico (NUTEC), em parceria com o setor de Designer Educacional, e são promovidos pelo Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NUAP). Todos esses setores fazem parte dessa instituição. O NUAP é responsável pelos programas de atendimento ao corpo discente, à equipe pedagógica e ao corpo técnico- administrativo do NEAD da UNIASSELVI. 26 O Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NUAP) da modalidade a distância está vinculado à Pró- Reitoria de Ensino de Graduação a Distância da UNIASSELVI e tem como responsável uma Supervisora de Formação. Fazem parte do NUAP: um Coordenador de Curso, um Supervisor de Disciplinas, um Coordenador de Articulador e de Professor-Tutor Externo, um especialista em educação inclusiva e um Supervisor de Tutoria Interna (CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI, 2012, p. 3). São cursos básicos on-line, opcionais e gratuitos, que abordam disparidades acentuadas no âmbito acadêmico, além de prejuízos futuros ligados à reprovação em disciplinas e/ou evasão. Segundo Tomelin (2010), a finalidade dos cursos de nivelamento é auxiliar o acadêmico com dificuldade em áreas específicas, bem como a revisão de conteúdos. Nesse contexto, as explicações a seguir tem por base o documento que rege essa atividade ofertada pelo NEAD da UNIASSELVI aos seus aca- dêmicos (CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI, 2012). Os cursos de nivelamento do NEAD estão localizados no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). A UNIASSELVI possui o próprio modelo de Ambiente Virtual de Aprendizagem que, no hodierno, conta com várias ferramentas, oportunizando a troca de informação, comunicação, interação e reflexão dos acadêmicos. Esses cursos são dispostos em seis etapas de estudo. Cada uma des- sas etapas deve ser percorrida pelo acadêmico em um tempo mínimo de cinco dias para o autoestudo. Cada etapa tem uma trilha de aprendizagem (caminhos pedagógicos que organizam a atividade) na qual são disponibi- lizados: apostila, que apresenta o conteúdo a ser estudado, fóruns, enque- tes, objetos de aprendizagens e avaliações. Todos esses materiais são refe- 27 rentes ao conteúdo estudado na respectiva etapa. Os conteúdos dos cursos são desenvolvidos por Professores-Tutores Internos da instituição e/ou por Conteudistas. O acesso e o aprendizado dos acadêmicos são acompa- nhados, a distância, pelos Professores-Tutores Internos e pelo NUAP. Para a aprovação e a certificação do curso, são necessárias as participações nas avaliações de aprendizagem e na avaliação do curso. O certificado é disponibilizado de maneira on-line, no final do curso, caso a nota do acadêmico seja igual ou superior a 7,0 (sete). Vale ressaltar que a carga horária dos cursos é de 30h/aula, sendo possível convalidar para as atividades científico-culturais dos cursos de graduação superior do NEAD/UNIASSELVI. Após um ano do lançamento, em março de 2011, houve cerca de 130 mil inscrições para os cursos de nivelamento. Naquela data foram lançados 12 cursos: Língua Portuguesa, Reforma Ortográfica, Matemática, Química, Biologia, Metodologia do Ensino de Artes, Tópicos em Educação I, Tópicos em Educação II, Conhecimento Gerais e Atualidades, Comunicação e Oratória, Curso Profissionalizante Me formei, e agora? e Curso Profissionalizante Procurando Emprego. É desse cenário que surgiram os dados que compõem o corpus dessa pesquisa, que é explicado detalhadamente na próxima seção. 3 A METODOLOGIA DA PESQUISA Como já foi apresentado, um ano após o lançamento, 130 mil participantes se inscreveram nos cursos de nivelamento do NEAD/ UNIASSELVI. A coleta dos dados, no entanto, foi realizada com 50.042 acadêmicos, que responderam, obrigatoriamente, no final do curso de nivelamento on-line, à avaliação. Sabendo-se que cada acadêmico pôde 28 realizar mais de um curso e, consequentemente, cada curso possui a sua avaliação, o número de acadêmicos não é igual ao número de inscrições (130 mil), por isso se restringiu a pesquisa com a análise das respostas de uma avaliação para cada acadêmico. Os dados foram coletados por meio de um questionário, que é disponibilizado na trilha de aprendizagem dos cursos de nivelamento, sendo uma das etapas necessárias para a certificação. Para imprimir um caráter analítico, fez-se um recorte temporal para coleta dos dados entre os meses de março de 2011 e março de 2012. Os resultados foram registrados pelo NUTEC – responsável pelo desenvolvimento do curso no ambiente – e, posteriormente, tratados através de softwares estatísticos, que geraram gráficos, tabulando as respostas dos acadêmicos. Por isso, a perspectiva de análise dos dados adotada nesta pesquisa é de cunho quantitativo, pois essa “traduz em números as opiniões e informações para serem classificadas e analisadas” (RODRIGUES, 2007, p. 5). Com o questionário, os acadêmicos foram convidados a avaliar, de 1 a 5, sendo 1 para ruim, 2 para satisfatório, 3 para bom, 4 para muito bom e 5 para ótimo, as seguintesdimensões: Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), material didático, objetos de aprendizagem, suporte de dúvidas, metodologia e o tempo em cada etapa. Desenhado o percurso metodológico desta pesquisa, na próxima seção, discutem-se os resultados. 4 RESULTADOS DA AVALIAÇÃO Após a compilação dos dados em que 50.042 acadêmicos responderam ao questionário, obtiveram-se os resultados apresentados nos gráficos a seguir. A primeira dimensão apresentada é referente ao “Ambiente Virtual de Aprendizagem”: 29 GRÁFICO 1 – RESPOSTAS SOBRE A DIMENSÃO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM FONTE: Dados dos cursos de nivelamento do NEAD De acordo com o Gráfico 1, 59,38% dos acadêmicos que responderam ao questionário avaliaram como ótimo o ambiente em que se organizam as atividades dos cursos de nivelamento. Ressalta-se que o desenvolvimento do Ambiente foi realizado pelo NUTEC. Para esse desenvolvimento, sempre foram discutidos temas como: facilidade de acesso e promoção de interatividade. Com os dados apresentados nesse gráfico, pode-se afirmar que o objetivo foi alcançado. No gráfico a seguir, analisam-se as repostas referentes à dimensão “Material Didático”: GRÁFICO 2 – RESPOSTAS SOBRE A DIMENSÃO MATERIAL DIDÁTICO FONTE: Dados dos cursos de nivelamento do NEAD 30 O Gráfico 2 demonstra que 59,76% dos acadêmicos avaliaram como ótimo o material didático elaborado pelos conteudistas e pela equipe pe- dagógica do NEAD/UNIASSELVI. Com esse dado, pode-se afirmar que o material produzido atinge ao objetivo do curso e possibilita a construção do conhecimento e que a modalidade EAD favorece essa construção. No gráfico a seguir, pode-se analisar os resultados referente aos Objetos de Aprendizagem: GRÁFICO 3 – RESPOSTAS SOBRE A DIMENSÃO OBJETO DE APRENDIZAGEM FONTE: Dados dos cursos de nivelamento do NEAD O Objeto de Aprendizagem foi avaliado em 56,61% como ótimo. Esse material é organizado pelo responsável pelo conteúdo do curso (Professor-Tutor Interno e/ou Conteudista) e desenvolvido pelo setor de Design Instrucional do NEAD/UNIASSELVI. O Objeto de Aprendizagem auxilia o processo de construção do conhecimento em relação ao assunto abordado no curso de nivelamento. Pode-se inferir que, além dos demais materiais disponibilizados, o Objeto de Aprendizagem contribuiu para a formação de um cidadão crítico no ambiente da EAD. O gráfico a seguir mostra os resultados referentes à dimensão “Suporte de Dúvidas”: 31 GRÁFICO 4 – RESPOSTAS SOBRE A DIMENSÃO SUPORTE DE DÚVIDAS FONTE: Dados dos cursos de nivelamento do NEAD A pesquisa realizada mostra resultados muito satisfatórios, pois 57,77% avaliaram como ótimo o suporte de dúvidas. As dúvidas são respondidas de forma on-line pelos Professores-Tutores Internos e pelo NUAP. Apesar do suporte de dúvidas ter sido muito bem avaliado, o Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NUAP) identificou como crítico o número de dúvidas recebidas por e-mail, pois os acadêmicos não têm o hábito de ler o manual que traz orientações do funcionamento dos cursos de nivelamento. A seguir, discute-se sobre a dimensão “Metodologia”: GRÁFICO 5 – RESPOSTAS SOBRE A DIMENSÃO METODOLOGIA FONTE: Dados dos cursos de nivelamento do NEAD A metodologia do curso, ou seja, as seis etapas disponibilizadas em uma trilha de aprendizagem, foi avaliada por 47,13% dos acadêmicos como ótima. Com essa estatística, pode-se entender que a opção em apresentar 32 o curso em Trilhas de Aprendizagem (caminhos pedagógicos) é uma boa opção para organizar os cursos de nivelamento. A última dimensão a ser analisada é sobre o “Tempo de cada Etapa”: GRÁFICO 6 – RESPOSTAS SOBRE A DIMENSÃO TEMPO DE CADA ETAPA FONTE: Dados dos cursos de nivelamento do NEAD O tempo disponível para a realização das atividades, ou seja, um período de cinco dias para autoestudo, foi avaliado como ótimo por 49,37% dos acadêmicos. Com isso, pontua-se que a dinâmica adotada dá conta da proposta dos cursos de nivelamento. A partir dessa análise, na seção a seguir apresentam-se algumas pa- lavras reflexivas sobre esta pesquisa. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa quantitativa trouxe informações relevantes sobre as dimensões avaliadas nos cursos de nivelamento do NEAD/ UNIASSEVI. Dentre essas dimensões, as referentes ao Ambiente Virtual de Aprendizagem, ao Material Didático (apostila), ao Objeto de Aprendizagem e ao Suporte de Dúvidas foram avaliadas como bom e ótimo por mais de 80% dos acadêmicos. . Somente as dimensões Metodologia e Tempo em Cada Etapa foram avaliadas como ótimas por menos de 50% 33 dos acadêmicos. Contudo, os dados apresentados anteriormente nos gráficos sobre essas duas dimensões mostram que a porcentagem não foi muito defasada, isto é, ainda pode-se afirmar que essa dinâmica de cursos de nivelamento cumpre com seus objetivos. Com a análise dos dados, identifica-se a satisfação dos acadêmicos a respeito dos cursos de nivelamento, bem como entende-se que isso reforça e estimula a instituição a continuar ofertando cursos que promovam a construção do conhecimento e possibilitem o aprendizado, bem como o aperfeiçoamento. Os cursos de nivelamento on-line favorecem o acadêmico a se res- ponsabilizar pelo processo de aprendizagem, pois ele tem autonomia para organizar o seu autoestudo, além de promover o hábito de utilizar as TIC. Os resultados apresentados reforçam a ideia dos benefícios dos cursos de nivelamento para os acadêmicos no que se refere à aprendizagem, ao estímulo para a busca de aperfeiçoamento e construção de conhecimento, à autonomia e à disciplina para o autoestudo, já que se trata de cursos totalmente on-line. Além disso, esses cursos possibilitam a convalidação das horas para as atividades científico-culturais, bem como a utilização do certificado para o currículo. Portanto, é possível identificar que os cursos de nivelamento do NEAD/UNIASSELVI estão em expansão e, sendo assim, vale uma refle- xão sobre a possibilidade de ofertar mais cursos e em outros níveis: básicos (nivelamento), intermediários e avançados. Além disso, implantar o FAC – dúvidas frequentes para auxiliar o setor responsável, NUAP, que responde às dúvidas sobre a metodologia dos cursos para os acadêmicos. Também objetiva-se criar um site corporativo, para oferecer cursos para toda a co- munidade acadêmica e externa, na modalidade de formação continuada. Para próximas pesquisas, sugere-se, também, que seja entrevistada a Equi- 34 pe Pedagógica (Supervisores de Disciplinas e Professores-Tutores Inter- nos) para analisar como esses atores pedagógicos do NEAD avaliam esse programa e como eles compreendem o seu papel nesse cenário de EAD. REFERÊNCIAS ABED. Censo EaD.BR: Relatório Analítico a Distância no Brasil. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. BRASIL. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decre- to/D5622.htm>. Acesso em: 7 abr. 2012. CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI. Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NUAP). Núcleo de Educação a Distância (NEAD), Indaial – SC, 2012. MAIA, Carmem; MATTAR, João. ABC da EAD. São Paulo: Pearson Pren- tice Hall, 2007. RODRIGUES, William Costa. Metodologia Científica. Paracambi: Fae- tec/Ist, 2007. Disponível em: <http://professor.ucg.br/SiteDocente/ad- min/arquivosUpload/3922/material/Willian%20Costa%20Rodrigues_ metodologia_cientifica.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2012. SANCHEZ, Fábio (Coord.). Anuário Brasileiro Estatístico de Educa- ção Aberta e a Distância. 4. ed. São Paulo: Instituto Monitor, 2008. TOMELIN, Karina Nones. Projeto de Nivelamento. Uniasselvi/Fame- blu: Blumenau, 2010. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fon- tes, 1993. 35 EDUCAÇÃO CIENTÍFICA: UMA PROPOSTA JOIA Francieli Stano Torres1 Janes Fidélis Tomelin2 Os que se encantamcom a prática sem a ciência são como os timoneiros que entram no navio sem timão nem bússola, nunca tendo certeza do seu destino. Leonardo da Vinci 1 INTRODUÇÃO A ciência é, antes de qualquer coisa, o movimento de ideias e infor- mações em um processo para a construção do conhecimento (ZANCAN, 2000). Com base nisso, pode-se afirmar que a atividade científica emana da imaginação do pesquisador, que formula as hipóteses e trilha um cami- nho investigativo e crítico no desenvolver da experimentação. De natureza social, a ciência busca soluções para a qualidade de vida da população e sua divulgação passa a ser primordial para o avanço nas tomadas de decisões. A formação científica contribui para esse processo de tomada de decisões de forma a aproximar o cidadão do contexto das políticas públicas. Assim, o ensino das ciências e da tecnologia, considerando o processo de conhecimento científico, passa a 1 Francieli Stano Torres é mestre em Engenharia Ambiental e especialista em Educação a Distância: Gestão e Tutoria. Atualmente é coordenadora dos cursos de Tecnologia em Gestão Ambiental e Licenciatura em Ciências Biológicas do NEAD/UNIASSELVI – Indaial/SC, bióloga da Fundação Piava, com a gestão de projetos, recuperação de matas ciliares, educação ambiental e neutralização de carbono, e consultora ambiental. e-mail: coordead.cienciasbiologicas@uniasselvi.com.br 2 Janes Fidélis Tomelin é mestre em Educação, especialista em História Social e graduado em Filosofia. Atualmente é Pró-Reitor de Ensino de Graduação a Distância do NEAD/ UNIASSELVI – Indaial/SC. e-mail: janes@grupouniasselvi.com.br 36 ser um imperativo estratégico para o país poder atender às necessidades fundamentais da sua população. Considerando que, atualmente, há dificuldades em compreender o espaço em que vivemos sem o conhecimento dos princípios básicos da ciência e da tecnologia, é fundamental investir na educação científica voltada para o “apreender como apreender” (TOFFLER, 1970). Conforme a Declaração da UNESCO (1996), “a educação científica, em todos os níveis e sem discriminação, é requisito para a democracia”. É fundamental compreender a educação científica como parte da formação do estudante. Essa formação acontece em paralelo ao processo de construção de conhecimento, ou seja, “educar pela pesquisa [...]: educar pesquisando, pesquisar educando” (DEMO, 2010, p. 20). “Quando o aluno aprende a lidar com método, a planejar e a executar pesquisa, a argumentar e a contra-argumentar, a fundamentar, não está só “fazendo ciência”, está igualmente construindo a cidadania que sabe pensar” (DEMO, 2010, p. 20) e gerando competências. Nessa perspectiva, têm-se os avanços científicos e tecnológicos que viabilizam a mobilidade, democratizando o acesso à informação. Essas tecnologias estão hoje amplamente adotadas pela educação na modalidade a distância (EAD) com o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC). Assim, no campo da educação científica se percebe o uso das TIC na realização das práticas nos laboratórios de experimentação científica. A partir da utilização das TIC e da promoção de relações de cooperação entre os estudantes, a construção do conhecimento acontece de forma articulada e interativa, emergindo iniciativas de autoria coletiva, que favorecem novas formas de aprender. Portanto, “não é apenas um ato de troca, nem se limita à interação digital, mas a abertura para mais 37 comunicação, mais pesquisa, socialização das informações e participação” (TORRES; EBERT, 2010, p. 3). É nesse contexto que surge a proposta da Jornada de Integração Acadêmica ( JOIA) implementada pelo Núcleo de Educação a Distância do Centro Universitário Leonardo da Vinci (NEAD/UNIASSELVI). A JOIA é um programa que incentiva a pesquisa e integra acadêmicos, professores-tutores internos, professores-tutores externos, articuladores (atores pedagógicos do NEAD) e comunidade em geral, do entorno do NEAD. Essa jornada proporciona um espaço de educação científica por meio de debates virtuais, cursos de formação continuada e socialização de trabalhos científicos. Assim, neste texto se tem por objetivo apresentar o Programa JOIA e os resultados de sua primeira edição (que aconteceu em 2011), visando contribuir para a educação científica, a construção de conhe- cimentos e a geração de competências. Para tanto, no próximo item se apresenta mais detalhes sobre a JOIA. 2 JORNADA DE INTEGRAÇÃO ACADÊMICA - JOIA A Jornada de Integração Acadêmica, como já mencionado anterior- mente, é um programa de incentivo à pesquisa científica, com a construção colaborativa do conhecimento, e à integração dos acadêmicos através das diferentes áreas de pesquisa. Esse programa apresenta um espaço destina- do especialmente à educação científica, quando instiga a socialização dos trabalhos e a participação dos acadêmicos por meio de debates. Desenvolvida pelo NEAD/UNIASSELVI, a JOIA foi lançada em agosto de 2011 e está integrada ao Programa de Atendimento ao Discente 38 do Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NUAP) do NEAD/UNIASSELVI. Como já explicado, a comunidade acadêmica, formada por professores- tutores internos, professores-tutores externos, articuladores e acadêmicos, bem como a comunidade em geral, podem participar da JOIA. A participação da comunidade acadêmica se dá com a socialização de trabalhos ligados ao estágio, ao trabalho de graduação, ao paper da prática ou à pesquisas científicas. Além disso, eles podem contribuir com comentários nos debates sobre cada trabalho. O espaço de educação científica da JOIA ainda oferece, aos participantes, cursos de formação continuada com diferentes temáticas. Todos os trabalhos indicados para a JOIA passam por um processo seletivo, isto é, os trabalhos de acadêmicos propostos para socializar na JOIA são selecionados, inicialmente, pelos professores-tutores externos e, posteriormente, aprovados por uma Comissão Interna da JOIA. Já os trabalhos de pesquisa de professores e articuladores são selecionados e aprovados diretamente pela Comissão Interna da JOIA. A publicação dos trabalhos, além de enriquecer o currículo, pode ser considerada para fins de integralização da carga horária das atividades complementares, essas são um componente da matriz curricular de alguns cursos do NEAD/UNIASSELVI e previstas no Projeto Pedagógico. Para as diferentes modalidades de participação na JOIA se tem a concessão de certificado com carga horária diferenciada. É com esse certificado que os acadêmicos poderão integralizar as horas de atividades complementares. A JOIA, ofertada de forma gratuita a toda comunidade acadêmica, é realizada totalmente on-line por meio de um hotsite (http://www. nead.com.br/joia). A sua primeira edição teve como tema “Construindo Conhecimentos e Gerando Competências”, idealizado partindo do 39 contexto de que os saberes se constroem com a partilha de experiências e competências, ou seja, a soma de saberes e saber fazer possibilita o avanço na construção colaborativa do conhecimento. Com isso, o espaço de educação científica da JOIA surge com o intuito de desenvolver o pensamento crítico e criativo, de tal maneira que a interação entre todos os participantes contribua para o processo de ensino e aprendizagem e suscite uma noção de compartilhamento e de socialização. 3 UMA JORNADA DE PARTICIPAÇÕES A I Jornada de Integração Acadêmica contou com a participação de, aproximadamente, dezesseis mil pessoas, entre acadêmicos, professores- tutores externos, professores-tutores internos, articuladores e comunidade em geral, que participam dos cursos de formação continuada, na socialização de trabalhos científicos e nos debates virtuais, com a postagem de comentários sobre os trabalhos. Nessa primeira edição, a JOIA possibilitou a realização de cinco cursos de formação continuada: “Me formei! E agora?”; “Procurando Emprego”; “Curso de Química”; “Curso de Biologia” e “Curso de Comunicação e Oratória”. Essescursos foram bem aceitos pelos participantes, pois, aproximadamente, 95% desses realizaram pelo menos um dos cursos. Esse evento permitiu estimular a pesquisa e envolver a comu- nidade acadêmica, pois foram socializados 523 trabalhos científicos pertencentes a 25 cursos de graduação, conforme podemos observar na figura a seguir: 40 FIGURA 1 – NÚMERO DE TRABALHOS SOCIALIZADOS POR CURSO NA I JOIA3 FONTE: Dados da pesquisa Os trabalhos aprovados contaram com a participação de 2.540 comentários postados, ou seja, em média cada trabalho recebeu cinco comentários críticos-avaliativos: 3 Doze cursos tiveram postagem inferior a cinco trabalhos, representados na figura de forma agrupada. 41 FIGURA 2 – NÚMERO DE COMENTÁRIOS POSTADOS POR CURSO NA I JOIA4 FONTE: Dados da pesquisa Com base nesses dados, podemos compreender que os espaços de educação científica proporcionados pela primeira edição da JOIA levam a uma construção colaborativa do conhecimento. Tem-se essa compreensão, porque essa jornada permitiu aos participantes a socialização de suas experiências, bem como a troca de informações, tudo isso de forma multidisciplinar. O processo de socialização, por meio dos debates virtuais, contou, principalmente, com os fatores diversidade de temáticas e multidisciplinaridade, pois os participantes que tiveram seus trabalhos 4 Doze cursos tiveram postagem inferior a cinco trabalhos, representados na figura de forma agrupada. 42 publicados na primeira JOIA realizaram suas pesquisas condizentes ao seu curso de formação (licenciatura, bacharelado ou graduação tecnológica), o que enriqueceu o espaço de educação científica. A socialização de trabalhos dos mais variados cursos mobilizou também o conceito de transdisciplinaridade, que se deu pelo envolvimento de participantes dos cursos de Administração, Artes Visuais, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Comércio Exterior, Geografia, Gestão Ambiental, Gestão Comercial, Gestão da Tecnologia da Informação, Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Turismo, Gestão Financeira, Gestão Pública, História, Letras, Logística, Matemática, Negócios Imobiliários, Pedagogia, Processos Gerenciais, Redes de Computadores, Segurança no Trabalho, Serviço Social e Teologia. É a partir desse universo que o espaço de educação científica valorizou a pesquisa e conduziu a construção conjunta do conhecimento, da autoria e da autonomia. A riqueza de saberes construídos com e pela diversidade de pesquisas tem demonstrado uma aproximação do cidadão ao contexto científico, pedagógico, tecnológico e político, possibilitando a geração de competências e habilidades para sua atuação profissional. Esse processo da JOIA permitiu construir textos científicos por meio de uma metodologia adequada, discutir cientificamente, e “aprender a fundamentar e a argumentar” (DEMO, 2010, p. 22). Contudo, “é decisivo saber o que fazer com o conhecimento” (DEMO, 2010, p. 22) de forma a intervir profissionalmente na realidade local e regional e, na tomada de decisões “fazer-se sujeito de história própria, individual e coletiva” (DEMO, 2010, p. 22). Nesse sentido, pode-se dizer que “já não há barreiras físicas, nem culturais, mas interesses e necessidades intrínsecas dos seres humanos em socializar as produções e reflexões sobre diferentes pontos de vista e experiências pessoais, profissionais ou coletivas” (TORRES; EBERT, 2010, p. 9) como as evidenciadas por meio desse espaço criado pela JOIA. 43 Essa jornada permitiu, aos participantes, fazer-se sujeito da própria história, uma vez que o espaço de educação científica proporciona o engajamento de uma coletividade que participa e interage. Nesse contexto, acontece a interatividade, pois, “o espaço promove a colaboração quando cada postagem gera interlocução inventiva, crítica e comunicativa [...], o que potencializa a construção do conhecimento” (TORRES; EBERT, 2010, p. 7). As TIC, nesse contexto da JOIA, permitem o compartilhamento de informações, a inovação, a pesquisa, a criação e recriação com mais autonomia e proporciona aos acadêmicos a possibilidade de “aprender a aprender, num processo contínuo, dinâmico, interativo, consigo mesmo e com os outros” (TORRES; EBERT, 2010, p. 7). Além do mais, oferece uma maneira de produzir conhecimento “ultrapassando o espaço físico de uma sala [...] e adentrando um mundo de socializações” (MORAN, 2007 apud TORRES; EBERT, 2010, p. 7). Além disso, o uso das TIC possibilitou a postagem de comentários sobre os trabalhos da JOIA, que convergiram cooperativamente para o processo de aprendizagem, levando à continuidade da pesquisa do acadêmico. Para Piaget (apud VALDÉS ARRIAGADA, 2002), a interação do sujeito com outros indivíduos no processo da aprendizagem suscita uma noção de compartilhamento e de socialização. Por isso, percebe-se uma inter-relação entre cooperação e autonomia desenvolvidas a partir da JOIA. Realiza-se essa interpretação com base no que nos ensina Freire (1998, p. 38): “para que a autonomia se desenvolva, é necessário que o sujeito seja capaz de estabelecer relações cooperativas”. Considerando, então, que a JOIA busca estabelecer relações coo- perativas na construção de conhecimento, percebe-se que a adesão dos participantes nas discussões dos trabalhos é fundamental. De um lado, é preciso instigar cada vez mais a comunidade acadêmica a argumentar, a 44 discutir, a contestar e a fundamentar a experimentação (DEMO, 2010). Por outro lado, é preciso estimular o ser participativo e cooperativo, para que haja a produção científica, pois fazer ciência não é apenas produzir resultados, mas despertar para a prática em sociedade, para que seja parte da construção da cidadania. É primordial propor alternativas de atividades para serem inseridas no cotidiano do acadêmico. Assim, com base em Zancan (2000), ao aperfeiçoar o processo de formação científica, podemos envolver os acadêmicos nas atividades de pesquisa e extensão, instigar os grupos de pesquisa que objetivem atender às demandas da sociedade, estimular os jovens empreendedores para a criação de empresas com inovação e tecnologia e flexibilizar os currículos, estimulando a ampliação do conhecimento. Nesse sentido, cabe ao professor-tutor orientar, estimular a pesquisa, ampliar os horizontes e não mais somente ser fornecedor de textos, controlador do debate e avaliador de conteúdos (TORRES; EBERT, 2010). E à universidade, que tem papel fundamental de liderança educacional, cabe a responsabilidade do processo de letramento científico, assim como, de criação de espaços de educação científica, de orientação para a construção do conhecimento e formação de cidadãos fortalecidos para exercer a cidadania (ZANCAN, 2000). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação científica está atrelada ao fazer ciência em um espaço desafiador do processo de ensino e aprendizagem, nesse caso, nos cursos de graduação. Essa afirmação instiga uma pergunta: Mas pesquisar para quê? É preciso pesquisar, pois é a partir do conhecimento científico que se compreende a realidade. É por meio da pesquisa que todos podem participar do processo de tomada de decisões. 45 O conhecimento científico habilita o jovem a enxergar os problemas em uma perspectiva mais ampla, analisando as possíveis repercussões a médio e longo prazo. Também instiga a apreender por si mesmo, a resolver problemas, confiar em suas potencialidades, ter integridade pessoal, iniciativa, criticidade e capacidade de inovar. Pensar em uma sociedade voltada para a educação científica é pensar em uma sociedade com um olhar atuante frente aos problemas sociocientíficos, ou seja, um olhar implicado, por exemplo, nas consequências do desenvolvimento econômico desenfreado frente ao meio ambiente ou os relacionados com o desenvolvimento das biotecnologias. De toda forma, tem-se um desafio para a universidade: instigar a construção do conhecimento e a geração de competência. Nesse sentido, a JOIA contribuiupara o processo de educação científica e fortaleceu a comunidade acadêmica na tomada de decisões, aproximando o cidadão do contexto das políticas públicas. As repercussões sociais geradas pela JOIA potencializaram os processos de trabalho coletivo, de cooperativismo, de autonomia, de socialização, de produção, de pesquisa, de circulação de informações, de construção da cidadania e de conhecimento. REFERÊNCIAS BELLONI, I.; MAGALHÃES, H.; SOUZA, L. C. de. Metodologia para avaliação de políticas públicas: uma experiência em educação profissio- nal. São Paulo: Cortez, 2001. DEMO, P. Educação Científica. B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof., Rio de Janeiro, n. 36, p. 15-25, 2010. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. 46 MORAN, J. M. A educação que desejamos, novos desafios e como che- gar lá. São Paulo: Editora Papirus, 2007. SILVA, M. A sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2000. TOFFLER, A. Future Shock. Toronto: Bantam Book, 1970. TORRES, F. S.; EBERT, L. A. Rede de intercâmbio entre estudantes: uma nova proposta de interatividade e comunicação para o ensino à distância. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂN- CIA – ABED, 2011. Disponível em: <www.abed.org.br/congresso2011/ cd/45.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2012. UNESCO. Primary and Secondary Education: age-specific enrolment ratios by gender 1960/61-1995/96. Disponível em: <www.unesco.org>. Acesso em: 22 abr. 2012. VALDÉS ARRIAGADA, M. Psicomotricidade vivenciada: uma propos- ta metodológica para trabalhar em aula. Blumenau: Edifurb, 2002. ZANCAN, G. T. Educação Científica: Uma Prioridade Nacional. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 14, 2000. 47 A UTILIZAÇÃO DA MÍDIA SOCIAL FACEBOOK NOS CURSOS DE EAD DO NEAD/UNIASSELVI Scheila Krenkel1 Janes Fidélis Tomelin2 Assim como o cérebro pode fazer coisas que nenhum neurônio consegue por si só, as redes sociais fazem o que uma pessoa não pode fazer sozinha. James Fowler 1 INTRODUÇÃO Na Educação a Distância (EAD), cada vez mais se faz necessário proporcionar maior interação entre os atores pedagógicos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), na EAD, nesse processo, tem um importante papel, o de atuar como tecnologia educativa na construção e socialização do conhecimento. Assim, as novas tecnologias se tornam, cada vez mais, aliadas da criatividade quando o assunto é inovação. A disseminação da internet e das mídias associadas, utilizadas como dispositivo de comunicação, permitiu compartilhar o conhecimento de forma rápida e interativa. A partir disso, podemos afirmar que os últimos anos foram marcados por grandes mudanças provocadas pelas tecnologias digitais. Entre as mudanças ocorridas, destaca-se a inserção das mídias 1 Scheila Krenkel é mestranda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Educação a Distância: Gestão e Tutoria pela UNIASSELVI. Atualmente é professora- tutora interna no NEAD/ UNIASSELVI – Indaial/SC. e-mail: scheilakrenkel@gmail.com 2 Janes Fidélis Tomelin é mestre em Educação, especialista em História Social e graduado em Filosofia. Atualmente é Pró-Reitor de Ensino de Graduação a Distância do NEAD/ UNIASSELVI – Indaial/SC. e-mail: janes@grupouniasselvi.com.br 48 sociais – blogs, microblogs, redes sociais – e a sua utilização no meio acadêmico. As mídias sociais são uma forma de interação entre as pessoas e um importante meio de comunicação dialógica. Tendo em vista a atual repercussão da utilização de mídias sociais no país, o Núcleo de Educação a Distância do Centro Universitário Leonardo da Vinci (NEAD/UNIASSELVI) implantou, em novembro de 2011, o projeto de mídia instrucional, que teve como primeira ação criar uma página por curso ofertado no NEAD/UNIASSELVI na mídia social Facebook. Essa ação tem como objetivo principal instruir o acadêmico sobre assuntos de cunho pedagógico e operacional, bem como aumentar o vínculo entre acadêmico e instituição. As páginas de cada curso são moderadas por um Supervisor de Mídias Instrucionais e um Professor-Tutor Interno responsável. Os conteúdos são selecionados e elaborados por esses colaboradores, bem como pelo Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NUAP) e editados pela equipe de Design Instrucional. Para tanto, este trabalho tem como objetivo descrever a utilização da mídia social Facebook como ferramenta de interação entre os atores pedagógicos institucionais na modalidade EAD do NEAD/UNIASSELVI, bem como as experiências adquiridas pelos moderadores das páginas de cada curso da referida instituição. Assim, a apresentação dos resultados desta pesquisa se pauta na forma como o Facebook é utilizado pelos moderadores, apontando outras possibilidades de interação e de uso. 2 MÍDIAS SOCIAIS E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA O processo de ensino e aprendizagem na EAD ocorre, principalmente, por meio das TIC. Apesar de não estarem juntos, de 49 maneira presencial, alunos e professores “podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a internet” (MORAM 1995 apud PEREIRA 2007, p. 35). Portanto, as TIC têm se apresentado como elemento fundamental quanto à comunicação educativa no processo de interação entre os atores pedagógicos institucionais na EAD. Assim, é preciso levar em consideração que a mídia escolhida para trabalhar na EAD pode influenciar na qualidade do diálogo estabelecido por professores e alunos. Conforme Maia e Mattar (2007), algumas mídias, como a internet, podem ser ferramentas que proporcionem trocas, comentários e tornem o aluno ativo no processo de aprendizagem. Neder (2005) afirma que a comunicação é um dos elementos centrais na EAD. Dessa forma, torna-se imprescindível compreendê- la com sustentação nos princípios de interação e interatividade. Esses princípios referem-se à passagem de uma teoria da comunicação na qual o aluno é considerado um ser passivo, sem liberdade para modificar a mensagem, para uma teoria da comunicação em que o aluno é ativo no processo (NEDER, 2005). De acordo com Belloni (2003, p. 58, grifos nossos), “a interação é a ação recíproca entre sujeitos e pode ser midiatizada por diferentes meios”, ou seja, é uma forma de comunicação que há entre pessoas. “Num processo de interlocução, interagir é trocar com outros os saberes, os afetos e desafetos” (POSSARI, 2005, p. 96). Já a interatividade vem sendo utilizada com dois sentidos: “de um lado a potencialidade técnica oferecida por determinado meio e, de outro, a atividade humana, do usuário, de agir sobre a máquina, e de receber em troca uma ‘retroação’ da máquina sobre ele” (BELLONI, 2003, p. 58, grifos nossos). Nesse contexto, temos, também, os ambientes virtuais de aprendizagem, que permitem a interação entre os sujeitos que estão 50 geograficamente distantes. “Suas ferramentas agregam interfaces que permitem a produção de conteúdos e canais variados de comunicação” (SANTOS, 2003, p. 6). Como já se vem discutindo, atualmente, as mídias sociais proporcionam diferentes formas de comunicação e interação. De acordo com Galvão (2011), as mídias sociais estão associadas aos “conteúdos (textos, imagens e vídeos, entre outros) gerados e compartilhados pelas pessoas nas redes sociais”. A mesma autora afirma que as mídias sociais são utilizadas “quando há produção de muitos para muitos, produzindo uma interação interpessoal no meio eletrônico. [...] fazem parte da [...] Mídia Social os blogs, microblogs, redes sociais” (GALVÃO, 2011), como o Facebook, twitter e outros. É importante ressaltar que a utilização das TIC no espaço educacional auxiliam a interação entre professores e alunos e mesmo entre os próprios alunos. Assim, a EAD pode possibilitar, também, uma educação para as mídias, “cujos objetivos dizem respeito à formação do usuário ativo, crítico e criativo de todas as tecnologias de informação e comunicação” (NEDER, 2005, p. 181). 3 MATERIAISE MÉTODO Fizeram parte da pesquisa 20 Professores-Tutores Internos, moderadores da página do Facebook de 29 cursos ofertados pelo NEAD/ UNIASSELVI. A coleta de dados, realizada no mês de fevereiro de 2012, ocorreu por meio de uma entrevista estruturada, composta por sete perguntas abertas. Foram levantados dados sobre: a) a utilização do Facebook como recurso de interação pedagógica; b) as principais estratégias desenvolvidas 51 e c) as experiências obtidas pelos moderadores das páginas. Para análise dos dados, utilizou-se o programa QualiQuantiSoft- SPI®, um software que apoia pesquisas qualitativas e quantitativas, com base na teoria do discurso do sujeito. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Com base nos dados levantados, podemos compreender que o Facebook contribui para instruir os acadêmicos sobre assuntos de cunho pedagógico, pois 25% dos entrevistados afirmaram que o Facebook é um meio para complementação dos estudos, 22% disseram que se pode instruir os acadêmicos a partir das informações ou materiais que são postados e 18% disseram que a ferramenta é uma grande fonte de dados, contribuindo para a atualização dos usuários. Esses dados podem ser melhor visualizados na tabela a seguir: Formas % Complementação dos estudos 25 Informações/materiais postados 22 Fonte de dados 18 Informações atualizadas 15 Conteúdos não formais, mas de cunho pedagógico 10 Aproxima o acadêmico do AVA* 5 Atinge o acadêmico como profissional e pessoa 5 TABELA 1 – COMO O FACEBOOK DOS CURSOS OFERTADOS PELO NEAD/UNIASSELVI INSTRUI OS ACADÊMICOS * AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem. FONTE: Dados da pesquisa 52 Como o Facebook é uma fonte de dados e os materiais e as informações são de importância fundamental para que ocorra a instrução e a interação entre os usuários, é importante que se chame a atenção para o cuidado que se precisa ter no momento de escolha dos materiais. A seleção de materiais deve sempre levar em consideração os objetivos pedagógicos e didáticos do curso (PEREIRA, 2007). Entre os materiais/informações postados nas páginas, destacam- se: vídeos (15%), eventos relacionados ao curso (10%), artigos e notícias (9%), fotos das turmas e frases motivacionais (8%), conforme apresentado na tabela a seguir. Além disso, são postadas informações como: indicações de filmes e livros e fotos de experiência de campo (5%). Informações e/ou materiais % Vídeos 15 Eventos relacionados ao curso 10 Artigos 9 Notícias 9 Frases motivacionais 8 Fotos das turmas 8 Interação Facebook - Fique ligado 6 Boas-vindas 6 Indicações de filmes 5 Fotos de experiências de campo 5 Indicações de livros 5 Outros 14 TABELA 2 – INFORMAÇÕES E/OU MATERIAIS POSTADOS NO FACEBOOK DOS CURSOS OFERTADOS PELO NEAD/UNIASSELVI FONTE: Dados da pesquisa 53 Ressaltamos que o conteúdo das postagens é sempre relacionado à área de concentração e os devidos cuidados são tomados quanto a sua qua- lidade e fonte de dados. Afinal, “quaisquer que sejam os textos produzidos ou selecionados para um determinado curso em EAD, é imprescindível que eles sejam compreendidos como elementos mediadores do processo de interação entre os sujeitos da ação educativa, e portanto, imprescindí- veis para o processo de comunicação” (NEDER, 2005, p. 201). As formas de interação e participação dos acadêmicos nas páginas do Facebook dos cursos de EAD é apresentada a partir das ferramentas proporcionadas pela própria mídia (curtir, comentar ou compartilhar a informação). Assim, frente a uma publicação, em média, 51% dos acadêmicos que utilizam o Facebook curtem, 31% comentam e 18% compartilham os materiais em seu perfil. A escolha pela mídia Facebook como instrumento de interação entre os atores pedagógicos foi apontada como positiva por todos os participantes da pesquisa. Assim, estão indicados na tabela a seguir os motivos pelos quais o Facebook tem sido uma escolha assertiva. Facebook como instrumento positivo % Dinâmico 26 Atualizações rápidas 26 Une várias ferramentas 20 Facilidade de interação 11 Destaque na mídia 11 Caráter pedagógico 3 Informativo 3 TABELA 3 – FACEBOOK COMO INSTRUMENTO DE INTERAÇÃO FONTE: Dados da pesquisa 54 Com a leitura dos dados, podemos perceber que 26% dos entrevistados mencionaram que o uso do Facebook é positivo por ter atualizações rápidas e ser dinâmico; 20% disseram que ele é útil por unir várias ferramentas; 11% apontaram a facilidade de interação e de estarem atualmente em destaque na mídia e 3% disseram ter caráter pedagógico e ser uma ferramenta informativa. Para 39% dos participantes da pesquisa, a interação entre os atores pedagógicos, por meio das páginas do Facebook dos cursos, ainda ocorre de forma amena. Esse dado pode ser justificado devido ao fato de que faz somente quatro meses (no momento em que se realizou a pesquisa) que se começou a utilizar o Facebook como ferramenta pedagógica nos cursos de EAD dessa instituição. Além disso, esse dado nos faz refletir sobre a necessidade de ampliar as ações em relação às páginas. Os exemplos de interação que têm sido proporcionados pela utilização do Facebook são, principalmente, a divulgação das atividades práticas realizadas nos Polos de Apoio Presencial e os comentários dos acadêmicos nas postagens de materiais (22%), além de trocas de experiências (17%), respostas às enquetes e assuntos de interesse comum (8%), conforme apresentado na tabela a seguir: 55 Tipos de Interação % Comentários dos acadêmicos 22 Divulgação das práticas 22 Trocas de experiências 17 Divulgação de vagas de emprego 13 Assuntos de interesse comum 9 Enquetes 9 Recados 4 Aproximação do acadêmico com a instituição 4 TABELA 4 – TIPOS DE INTERAÇÃO NO FACEBOOK DOS CURSOS OFERTADOS PELO NEAD/UNIASSELVI FONTE: Dados da pesquisa Podemos dizer que “o que mudou com as novas mídias é que os alunos e professores têm mais uma possibilidade de interação e não apenas de recepção de conteúdos” (MAIA; MATTAR, 2007, p. 8). E é justamente a troca e o compartilhamento de informações e conhecimentos entre os atores pedagógicos que se espera alcançar com o uso do Facebook. Para tanto, é importante pensar e repensar suas formas e possibilidades de uso. Entre as principais oportunidades trazidas pelo uso do Facebook, pode-se destacar a interação entre os atores pedagógicos (29%), a divulgação do curso (21%), a divulgação da instituição (19%) e a oportunidade de apresentar sempre informações atualizadas aos acadêmicos (17%): 56 Oportunidades % Interação entre os atores pedagógicos 29 Divulgação do curso 21 Divulgação da instituição 19 Informações atualizadas 17 Facilidade de comunicação 6 Trabalha de forma lúdica e interdisciplinar 4 Comunicação com os acadêmicos 4 TABELA 5 – OPORTUNIDADES TRAZIDAS PELO FACEBOOK DOS CURSOS DE EAD DO NEAD/UNIASSELVI FONTE: Dados da pesquisa A criação e o desenvolvimento de um projeto em mídias revela a necessidade de desenvolver estratégias que permitam atingir os objetivos propostos. Assim, entre as estratégias que podem ser ou já estão sendo utilizadas para aumentar a participação dos acadêmicos nas páginas dos cursos, estão: o envolvimento dos Professores-Tutores Externos e dos Polos de Apoio Presencial na divulgação e incentivo ao uso do Facebook (28%), o envio de materiais pelos Professores-Tutores Internos e Supervisores de Disciplinas (15%), aumentar a divulgação da mídia por diferentes meios (13%), ter uma equipe focada em mídias (11%) e envolver os acadêmicos no envio de materiais para postagem (10%). 57 Estratégias % Professores-Tutores Externos e Polos de Apoio Presencial divulgarem e incentivarem 28 Envios de materiais pelos Professores-Tutores Internos e Supervisores de Disciplinas 15 Aumentar a divulgação da mídia 13 Moderadores darem feedback 12 Equipe especializada em mídias 11 Envio de materiais pelos acadêmicos 10 Acesso à página em todos os Polos 5 Troca de materiais entre os cursos 2 Divulgação
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