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Prévia do material em texto

Aula 14 - Prof. Oto
Teixeira
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado)
- 3 correção por aluno - Pós-Edital
Autores:
Vinicius Silva, Cláudio Bandel
Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade,
Allan Mattos
Aula 14 - Prof. Oto Teixeira
20 de Fevereiro de 2021
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Olá meus amigos, tudo bem? 
Meu nome é Oto Andrade Teixeira, tenho 28 anos e atualmente exerço o cargo de Delegado de Polícia 
Federal. Sou formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pós-graduado em Direito 
Processual Penal pela LFG. 
Iniciei no mundo dos concursos aos 16 anos, quando prestei o concurso para 
o cargo de técnico bancário na Caixa Econômica Federal. Assumi no concurso 
da CEF com 18 anos e trabalhei lá durante todo o período que cursei a 
faculdade de Direito. Pouco antes de concluir a faculdade, comecei minha 
preparação para o concurso de Agente de Polícia Federal (2014), foi um 
período de dedicação intensa voltado para realização de um sonho que era 
ingressar nos quadros da PF. Fui aprovado e tomei posse como Agente da PF, 
diminuí a frequência, mas mantive-me estudando para concursos de 
delegado de polícia. Prestei dois concursos para o cargo de delegado: PJC-MT 
(2017) e PF (2018), tendo sido aprovado em ambos. Tomei posse no cargo de 
Delegado de Polícia Federal em 2019, onde trabalho até hoje. 
Boa parte da minha vida como concurseiro foi voltada para a área policial, 
tentarei utilizar minha experiência para auxiliá-lo(a) na preparação do 
concurso para o cargo de Delegado de Polícia Federal (2021). 
Sobre o nosso curso de questões discursivas para a disciplina de Direito Constitucional, é importante registrar 
que não existem muitas questões de provas anteriores da PF, o que dificulta traçarmos um panorama dos 
assuntos mais cobrados. Mas isso não é problema, faremos um material abordando os principais tópicos do 
edital. 
Estou à disposição para eventuais dúvidas. Qualquer coisa pode me contatar pela plataforma ou pelo 
Instagram (@profotoandrade). 
Grande abraço! 
-- 
QUESTÕES COMENTADAS 
Questão 1 – Considerando o entendimento doutrinário e jurisprudencial a respeito do Direito 
Constitucional, responda aos seguintes quesitos: 
a) O que é mutação constitucional? (50 %) 
b) O surgimento de uma nova Constituição torna as leis anteriores que lhe sejam contrárias 
inconstitucionais? (50 %) 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
Aula 14 - Prof. Oto Teixeira
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Comentários 
A questão foi extraída do seguinte tópico do edital de Delegado da PF (2021): 
(...) 
4 Controle de constitucionalidade. 4.1 Conceito e sistemas de controle de constitucionalidade. 
4.2 Inconstitucionalidade: por ação e por omissão. 4.3 Sistema brasileiro de controle de 
constitucionalidade. 
(...) 
Para responder as alternativas é necessário utilizar conhecimentos sobre mutação constitucional e não 
recepção (revogação) de normas. 
Gabarito: 
a) (50 %) Trata-se de uma interpretação constitucional evolutiva que implica num processo não formal 
de mudança das Constituições rígidas. Essas mudanças ocorrem por via da tradição, costumes, 
interpretação doutrinária e não há alteração no texto em si, mas sim no significado e sentido 
interpretativo do texto constitucional. 
Essa mudança constitucional, entretanto, não pode violar a letra e o espírito da Constituição, deve com ela 
ser compatível e lhe conferir o significado mais adequado a realidade atual. 
No Brasil, a mutação constitucional vem sendo adotada pelo STF para conferir sentido diferente a 
dispositivos constitucionais nas suas decisões jurisprudenciais. 
b) (50 %) Não se tornam inconstitucionais pois não há uma declaração de inconstitucionalidade sobre 
essas leis anteriores que não são compatíveis com a nova constituição. 
O que ocorre é a não recepção (princípio da recepção) ou revogação dos dispositivos infraconstitucionais 
que são anteriores e contrários ao texto da nova Constituição. 
Não há que se falar em inconstitucionalidade pois não há uma declaração de inconstitucionalidade contra 
esses atos quando são apreciados pelo Poder Judiciário. 
Questão 2 – CESPE Delegado PC-MA: 
Em uma ação de combate ao tráfico de drogas em determinada cidade, a polícia civil, por meio de 
departamento especializado em repressão ao narcotráfico, prendeu um homem que portava vinte quilos de 
entorpecentes, balança de precisão e certa quantia em dinheiro, em cédulas trocadas. Esse indivíduo foi 
encontrado em um bar de sua propriedade, oportunidade na qual foi algemado e conduzido à delegacia. A 
operação deflagrada foi possível após a prisão de outro traficante, que forneceu as informações em confissão 
extrajudicial realizada em sede inquisitorial após a utilização de meios de tortura 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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Considerando essa situação hipotética, disserte sobre o princípio da proibição à tortura, à luz da Constituição 
Federal de 1988, da doutrina e do entendimento do STF. Em seu texto, aborde, fundamentadamente, os 
seguintes aspectos: 
1. proibição à tortura como direito fundamental e efeitos jurídicos de eventual violação a esse direito; 
[valor: 5,00 pontos] 
2. extensão dos efeitos da violação ao princípio fundamental da proibição à tortura, no que se refere 
aos sujeitos; [valor: 5,00 pontos] 
3. limites para o uso de algemas em operações policiais. [valor: 4,25 pontos] 
Comentários: 
Além de ser da banca CESPE do ano de 2018, a questão possuí relação com os seguintes tópicos previstos no 
edital de Delegado da PF (2021): 
(...) 
5 Fundamentos constitucionais dos direitos e deveres fundamentais. 5.1 Direitos e deveres 
individuais e coletivos. 5.2 Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
(...) 
É comum cobranças relacionadas a prática de tortura e uso de algemas (Súmula Vinculante 11) em provas 
para o cargo de Delegado. 
Gabarito do CESPE: 
(...) 
Em resumo, nas quinze linhas disponíveis, deverá o candidato destacar que 
1. a Constituição Federal reconhece expressamente, no art. 5.º, III, a proibição à tortura, como direito 
absoluto e insuscetível a relativizações; e que o art. 5.º, inciso XLIII, determina que a lei considere 
como crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia a prática da tortura; 
2. o art. 5.º, inciso XLIII, estabelece que devem responder pelo crime de tortura os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-lo, se omitirem. Assim, erraram os agentes que utilizaram os 
meios de constrangimento ilegal, devendo ser responsabilizados na forma da lei. 
3. a Súmula Vinculante n.º 11 assinala que só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de 
fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de 
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e 
penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refira, sem 
prejuízo da responsabilidade civil do Estado. A jurisprudência dominante no STF é a de que a 
utilização de algemas não é arbitrária, desde que justificada, por escrito, para impedir fuga ou reação 
indevida do preso. Portanto, a excepcional utilização de algemas será possível desde que 
fundamentada expressamente pela autoridade responsável. 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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(...) 
Revisão: 
Súmula Vinculante 11: 
Só é lícito em casos de a) 
resistência, b) fundado receio 
de fuga ou c)perigo à 
integridade física própria ou 
alheia por parte do preso ou 
de terceiros. 
 
1. Resistência. 
O preso apresenta resistência ao cumprimento da diligência 
podendo, inclusive, incorrer em alguma infração penal. 
2. Fuga. 
Pelas circunstâncias fática, durante a diligência ou a condução do 
preso, foi constatado um receio de que o conduzido viesse a 
foragir. Em razão de um fundado receito de sua fuga, pode ser 
conduzido algemado. 
3. Perigo a integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou 
de terceiros. 
Trata-se de situação em que a integridade física de alguma pessoa 
se encontra em risco. 
Quando for utilizado algemas, 
deve ocorrer a sua 
justificativa por escrito. 
Quando da utilização de algemas, a autoridade responsável deve 
fundamentar, por escrito, as razões que justificaram o seu uso 
Consequências da 
inobservância dos itens 
anteriores. 
1. Responsabilidade da autoridade ou agente na seara penal, cível e 
administrativa. 
2. Responsabilidade Civil do Estado. 
3. Nulidade da prisão ou do ato processual. 
Informativo 964 do STF: 
Informações de policiais responsáveis pela escolta e de agentes penitenciários são motivações idôneas a 
justificar a permanência excepcional de algemas durante a audiência judicial. 
Inovações Legislativas sobre o uso de algemas: 
Decreto nº 8.858/2016 Inova em relação ao emprego de algemas nas mulheres grávidas. Sua 
utilização é vedada nas seguintes situações: 
I. Durante o trabalho de parto. 
II. No trajeto da parturiente entre a unidade prisional e a 
unidade hospitalar. 
III. Após o parto, enquanto permanecer hospitalizada. 
Código de Processo Penal O Art. 292 do CPP também traz informações a respeito da utilização de 
algemas em mulheres grávidas. Sua utilização é vedada nas seguintes 
situações: 
I. Durante os atos médico-hospitalares preparatórios para a 
realização do parto. 
II. Durante o trabalho de parto. 
III. Durante o período de puerpério imediato. 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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Questão 3 – Com base nos conhecimentos a respeito dos direitos fundamentais, responda aos seguintes 
quesitos: 
a. O que é cláusula de não tipicidade dos direitos fundamentais? (50 %) 
b. O que é efeito cliquet dos direitos fundamentais? (50 %) 
Comentários: 
A questão possuí relação com o seguinte tópico do edital: 
(...) 
5 Fundamentos constitucionais dos direitos e deveres fundamentais. 5.1 Direitos e deveres 
individuais e coletivos. 5.2 Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
5.3 Direitos sociais, nacionalidade, cidadania e direitos políticos. 5.4 Partidos políticos. 5.5 
Garantias constitucionais individuais. 5.6 Garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos. 
(...) 
Questão que exige conhecimentos doutrinários. 
Para responder à questão são necessários conhecimentos a respeito da cláusula de abertura material dos 
direitos fundamentais e do princípio da vedação ao retrocesso. 
Gabarito: 
a. (50 %) A cláusula de não tipicidade dos direitos fundamentais, também conhecida como cláusula de 
inesgotabilidade ou de abertura material, prevê que os direitos fundamentais não estão previstos 
taxativamente no texto da Constituição Federal de 1988. 
De acordo com a cláusula de não tipicidade dos direitos fundamentais, admite-se como direitos 
fundamentais com status constitucional outros direitos que estejam previstos implicitamente na CF/88 ou 
em tratados internacionais que o Brasil é signatário. 
Essa cláusula de não tipicidade permite que a Constituição abranja também direitos fundamentais que não 
estão previstos expressamente no seu texto, mas que possuem conteúdo (são materialmente) 
constitucional. 
b. (50 %) O efeito cliquet também conhecido como vedação do retrocesso dos direitos fundamentais é 
a impossibilidade de regressão na linha evolutiva dos direitos fundamentais. Dessa forma, alcançada 
determinada estágio do direito fundamental, fica vedado o seu retrocesso, ainda que decorrente de 
alterações promovidas pelos representantes do povo. 
O nome efeito cliquet faz referência ao alpinismo. O termo é utilizado quando é fixado um ponto marcando 
determinado progresso na escalada. Dessa forma, esse ponto impede que o alpinista retroceda, só é possível 
avançar (permite-se somente o movimento de subida na escalada). 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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Questão 4 – Diferencie, explique e indique semelhanças do Estado de Sítio, Estado de Defesa e a 
Intervenção Federal. 
Comentários: 
Questão cobra conhecimentos que podem ser extraídos diretamente do texto da Constituição Federal. 
Gabarito: 
a. Estado de Defesa (art. 136 da CF/88). 
Trata-se de Estado de Exceção que pode vir a ser decretado pelo Presidente da República para preservar ou 
prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas 
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na 
natureza. 
O prazo de duração é de 30 dias (podendo ser prorrogado por igual período) e deverá ser submetido ao 
Congresso Nacional dentro de 24 horas, que decidirá por maioria absoluta. 
O Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional devem ser ouvidos, mas o parecer emitido por 
esses órgãos não será vinculante, ou seja, o Presidente pode discordar. 
b. Estado de Sítio (art. 137 da CF/88) 
Também é um Estado de Exceção, mas, diferentemente do Estado de Defesa, requer autorização para que 
seja decretado. 
Além disso, o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional devem ser ouvidos, mas o parecer 
emitido por esses órgãos não será vinculante, ou seja, o Presidente pode discordar. 
As hipóteses e restrições de direitos do Estado de Sítio são diversas do Estado de Defesa. 
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de 
Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos 
casos de: 
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia 
de medida tomada durante o estado de defesa; 
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. 
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de 
sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso 
Nacional decidir por maioria absoluta. 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução 
e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da 
República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas. 
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, 
nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo 
o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. 
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o 
Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso 
Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato. 
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas 
coercitivas. 
c. Intervenção Federal (arts. 34 a 36 da CF/88). 
Voltada a manter opacto federativo, em caso de violação a estrutura federativa adotada pela Constituição 
Federal de 1988. 
Consiste em intervenção (incursão) de ente federativo superior na autonomia de ente federativo inferior. 
Por exemplo, intervenção da União, nos Estados, visando resguardar o pacto federativo. É uma exceção ao 
princípio da não-intervenção de um ente federativo em outro. 
As hipóteses de intervenção federal estão previstas no art. 34 da CF/88: 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: 
I - manter a integridade nacional; 
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; 
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo 
de força maior; 
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos 
prazos estabelecidos em lei; 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
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a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a 
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. (Incluída pela 
Emenda Constitucional nº 14, de 1996) 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a 
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e 
serviços públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
Questão 5 – CESPE – Delegado PJC/MT: À noite, no retorno para a delegacia, depois de cumpridas outras 
diligências, policiais civis suspeitaram, com razões justificáveis, da ocorrência de tráfico de drogas em 
determinada residência. Imediatamente, entraram à força no local e realizaram busca e apreensão no 
domicílio. 
Considerando o entendimento do STF, responda, de forma fundamentada, aos seguintes questionamentos 
a respeito da legalidade da entrada na residência e da busca e apreensão realizada na situação hipotética 
acima descrita. 
1. Ao entrarem na residência, naquele momento, os policiais agiram de maneira legal? [valor: 1,60 
ponto] 
2. Ao realizarem busca e apreensão no domicílio, os policiais agiram legalmente? Em que momento 
ocorre o controle judicial desse tipo de ação? [valor: 4,00 pontos] 
3. Caso a ação dos policiais seja considerada ilícita, quais serão as consequências dessa ação? [valor: 
2,00 pontos] 
Comentários: 
A questão possui relação com o seguinte tópico do conteúdo programático para o cargo de Delegado da PF: 
(...) 
5 Fundamentos constitucionais dos direitos e deveres fundamentais. 5.1 Direitos e deveres 
individuais e coletivos. 5.2 Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
(...) 
Gabarito do CESPE: 
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1. É possível a entrada domiciliar, no período noturno, sem mandado judicial, nas hipóteses permitidas 
pela Constituição Federal: flagrante delito, desastre, para prestar socorro ou com o consentimento 
do morador. 
Art. 5.º, XI, CF/1988 – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. 
O STF, por meio do Tribunal Pleno, ao julgar o RE 603616/RO, em Repercussão Geral, asseverou que a 
Constituição dispensa o mandado judicial para ingresso forçado em residência em caso de flagrante delito, 
asseverando, ainda, que, no crime permanente, a situação de flagrância se protrai no tempo, como é o caso 
do tráfico de drogas. 
2. É possível a busca e apreensão no período noturno, sem mandado judicial, quando há situação de 
flagrante delito, conforme disposto no art. 5º, inciso XI, da CF. Destarte, em Repercussão Geral, o STF 
já asseverou, in casu, quanto à necessidade de controle judicial posterior à execução da medida, 
ocasião em que os agentes estatais demonstrarão a existência dos elementos mínimos a caracterizar 
as fundadas razões (justa causa) da referida medida. 
 
3. Se a ação for considerada ilícita, o agente ou autoridade poderá ser responsabilizado disciplinar, civil 
e penalmente. Ademais, ressalta-se, ainda, a possibilidade de nulidade de todos os atos praticados 
pelo agente e eventual responsabilização cível do Estado pelos danos causados por seus agentes. 
Inviolabilidade de domicílio – art. 5.º, XI, da CF. Busca e apreensão domiciliar sem mandado judicial em caso 
de crime permanente. (...) Fixada a interpretação de que a entrada forçada em domicílio sem mandado 
judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente 
justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados. (RE 
603.616, relator ministro Gilmar Mendes, j. 5/11/2015, P, DJe de 10/5/2016, com repercussão geral.) 
Questão 6 – Considere a seguinte situação hipotética: 
Uma lei de determinado Estado-membro prevê que o Departamento de Trânsito e o Instituto-Geral de 
Perícias são órgãos encarregados de exercer a segurança pública. A mesma lei, de iniciativa da Assembleia 
Legislativa Estadual, versa sobre da segurança pública gestão (como parte integrante da administração 
pública: organização e funcionamento da administração estadual) no Estado-membro. 
Diante do caso descrito no enunciado, responda aos seguintes quesitos: 
a. O Departamento de Trânsito, em razão da previsão na Constituição Estadual, pode ser considerado 
um órgão de segurança pública? (15 %) 
b. O Instituto-Geral de Perícias, em razão da previsão na Constituição Estadual, pode ser considera um 
órgão de segurança pública? (15 %) 
c. Os Estados-membros e o Distrito Federal podem estender o rol de órgãos encarregados de exercer a 
segurança pública além dos já previstos na Constituição Federal? (40 %) 
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d. A lei estadual, no que tange a sua iniciativa para tratar de gestão de segurança pública, possui algum 
vício formal ou material? (30 %) 
Comentários: 
A questão foi extraída do seguinte tópico do edital: 
(...) 
10.1 Segurança pública. 10.2 Organização da segurança pública. 
(...) 
Para responder aos 4 itens da questão o aluno deve conhecer não só o art. 144 da CF/88 (que versa sobre a 
segurança pública), mas também a jurisprudência dos tribunais superiores que envolve o tema. 
Gabarito: 
a. (15 %) Não. O Departamento de Trânsito não é considerado órgão encarregado de exercer a 
segurança pública por ausência de previsão na Constituição Federal de 1988. 
Os Estados-membros, assim como o Distrito Federal, devem seguir o modelo federal. O art. 144 
da Constituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da segurança pública. Entre eles não 
está o Departamento de Trânsito.Resta pois vedada aos Estados-membros a possibilidade de 
estender o rol, que esta Corte já firmou ser numerus clausus, para alcançar o Departamento de 
Trânsito. 
[ADI 1.182, voto do rel. min. Eros Grau, j. 24-11-2005, P, DJ de 10-3-2006.] 
Vide ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-2010, P, DJE de 6-4-2011 
b. (15 %) Não. O Instituto-Geral de Perícias não é considerado órgão encarregado de exercer a 
segurança pública por ausência de previsão na Constituição Federal. de 1988. 
Impossibilidade da criação, pelos Estados-membros, de órgão de segurança pública diverso 
daqueles previstos no art. 144 da Constituição. (...) Ao Instituto-Geral de Perícias, instituído pela 
norma impugnada, são incumbidas funções atinentes à segurança pública. Violação do art. 144, 
c/c o art. 25 da Constituição da República. 
[ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-2010, P, DJE de 6-4-2011.] 
Vide ADI 1.182, voto do rel. min. Eros Grau, j. 24-11-2005, P, DJ de 10-3-2006 
Vide ADI 236, rel. min. Octavio Gallotti, j. 7-5-1992, P, DJ de 1º-6-2001 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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c. (40 %) O rol de órgãos encarregados de exercer a segurança pública é numerus clausus, portanto, 
nem os Estados-membros nem o Distrito Federal podem estender esse rol para abranger órgãos que 
não estejam contemplados na Constituição Federal de 1988. 
Incompatibilidade, com o disposto no art. 144 da CF, da norma do art. 180 da Carta Estadual do 
Rio de Janeiro, na parte em que inclui no conceito de segurança pública a vigilância dos 
estabelecimentos penais e, entre os órgãos encarregados dessa atividade, a ali denominada 
"polícia penitenciária”. 
[ADI 236, rel. min. Octavio Gallotti, j. 7-5-1992, P, DJ de 1º-6-2001.] 
= ADI 3.916, rel. min. Eros Grau, j. 3-2-2010, P, DJE de 14-5-2010 
Vide ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-2010, P, DJE de 6-4-2011 
d. (30 %) A lei estadual possui flagrante vício formal, uma vez que versa sobre GESTÃO da segurança 
pública (como parte integrante da administração pública: organização e funcionamento da 
administração estadual) sem iniciativa do Governador do Estado. A gestão da segurança pública, 
como parte integrante da administração pública, é de iniciativa legislativa reservada do Governador 
do Estado. 
O Pleno desta Corte pacificou jurisprudência no sentido de que os Estados-membros devem 
obediência às regras de iniciativa legislativa reservada, fixadas constitucionalmente. A gestão da 
segurança pública, como parte integrante da administração pública, é atribuição privativa do 
governador de Estado. 
[ADI 2.819, rel. min. Eros Grau, j. 6-4-2005, P, DJ de 2-12-2005.] 
Obs.: A prova de Delegado da PF do ano de 2013 cobrou na questão de Direito Constitucional um 
conhecimento semelhante: 
DELEGADO DE POLÍCIA – POLÍCIA FEDERAL – 2013 – CESPE A assembleia legislativa de determinado estado 
da Federação aprovou proposta de emenda à Constituição estadual que incluía no rol de órgãos 
encarregados pela segurança pública — de responsabilidade, até então, da polícia civil, da polícia militar e 
do corpo de bombeiros militar — o departamento de trânsito, a polícia penitenciária e o instituto geral de 
perícias. A proposta, de iniciativa conjunta de deputados de várias legendas, foi aprovada pela unanimidade 
dos membros do Poder Legislativo, que consideraram tais órgãos imprescindíveis à segurança pública, cujos 
objetivos são a vigilância intramuros nos estabelecimentos penais, a defesa da ordem pública e da 
incolumidade das pessoas e do patrimônio. Aponte, de forma fundamentada, os preceitos constitucionais 
ofendidos quando da aprovação da proposta acima referida que ensejariam sua inconstitucionalidade. 
Do mesmo modo, a prova para o cargo de Delegado da PC-RJ cobrou o seguinte: 
A segurança pública é dever do Estado e consiste na prestação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio. Para sua concretização, envolve o exercício do poder de polícia – como atividade 
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limitadora de direitos individuais em prol do interesse público -, mas em sua modalidade especial, isto é, 
segurança. Diante da complexidade do enfrentamento das ações do crime organizado ligado ao tráfico de 
drogas e de armas, determinado Estado-Membro cria, por meio de Emenda à Constituição Estadual, Órgão 
encarregado da Segurança Pública – diverso daqueles elencados pelo artigo 144 da Constituição da República 
– com o objetivo de facilitar e fomentar a integração da área de inteligência policial com o sistema 
penitenciário da referida Unidade da Federação. Diante dos preceitos constitucionais, bem como os 
entendimentos do STF, deve prosperar essa Emenda à Constituição Estadual? Responda, de forma 
fundamentada, especificando os dispositivos constitucionais pertinentes. 
Revisão: 
Segurança Pública 
Polícia administrativa preventiva – atua com o objetivo de evitar que o crime ocorra. 
Polícia judiciária – atua a pós a prática do delito, repressivamente, com o objetivo de identificar a autoria, 
materialidade e circunstâncias do crime. 
 A escolha do Superintendente da Polícia Civil (Diretor Geral da Polícia Civil) é realizada 
pelo Governador do Estado, dentre os delegados ou delegadas de polícia da carreira, 
independentemente do estágio de sua progressão funcional. Informativo 847 do STF. 
 O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos 
policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de 
segurança pública. Informativo 860 do STF. 
 O STF entendeu que a polícia de investigação só pode ser exercida pela polícia civil, e 
não pela PM (ADI 3.614, Rel. p/o acórdão Min. Cármen Lúcia, j. 20.09.2007, DJ de 
23.11.2007). 
A EC 104/2019 criou a polícia penal federal vinculada ao DEPEN, a quem compete a segurança dos 
estabelecimentos penais. 
 A Lei nº 12.830/13 trata da investigação criminal conduzida pelo Delegado de Polícia 
(Civil e Federal). 
A PM e o CBM são órgãos militares e constituem forças auxiliares e reserva do Exército. 
A EC 104/2019 inseriu a polícia penal estadual nesse dispositivo. 
O Art. 2º, II, da Lei nº 13.967/19 estabelece, dentre os princípios a serem observados pelo Código de Ética e 
Disciplina dos militares ESTADUAIS e do DF: a “vedação de medida privativa e restritiva de liberdade.” 
o Obs.: De acordo com o art. 3º da mesma lei, os Estados e o DF possuem o prazo 
de 12 meses para regulamentação. 
 Às guardas municipais não podem ser delegadas funções de Polícia Judiciária 
(exclusivas das Polícias Civis e Federal). 
 Podem exercer poder de polícia de trânsito (fiscalização de trânsito). Segundo o STF, 
poder de polícia não se confunde com segurança pública. O poder de polícia pode ser 
exercido pelas guardas municipais, inclusive, com fiscalização de trânsito e lavratura 
de auto de infração (RE 658.570, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o acórdão Min. 
Roberto Barroso, j. 06.08.2015, DJe de 30.09.2015). 
 Educação, engenharia e fiscalização de trânsito é conhecido como tripé da segurança 
viária. 
 Os Estados-membros e o Distrito Federal não podem ampliar o rol de órgãos encarregados de exercer a 
segurança pública. 
Questão 7 – Considere a seguinte situação hipotética: 
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João, ao tomar conhecimento de ato lesivo à moralidade administrativa, ingressou diretamentecom ação 
popular. Na inicial, fundamentou que qualquer cidadão pode ingressar com a ação, razão pela qual deixou 
de constituir advogado nos autos. Além disso, juntou comprovante de residência e documento de identidade 
para comprovar sua condição de cidadão. Por fim, deixou de recolher custas processuais alegando que a 
ação era gratuita. 
Com base no enunciado, responda aos seguintes quesitos: 
a. É desnecessária a presença de advogado na ação popular? (40%) 
b. A qualidade de “cidadão” foi demonstrada nos autos? (30%) 
c. João deveria recolher previamente as custas processuais? (30%) 
Comentários: 
A questão foi retirada do tópico 5.7. do conteúdo programático de Direito Constitucional: 
(...) 
5.7 Remédios do direito constitucional. 
(...) 
Para responder aos questionamentos é necessário que o candidato conheça a sistemática da ação popular, 
prevista no Art. 5º, LXXIII, da CF/88 e também na Lei n. 4.717/65. 
Gabarito: 
a. (40%) Não. Qualquer cidadão possui legitimidade para ingressar com ação popular. Entretanto, não 
se dispensa a presença de advogado no feito. A legitimidade ativa não se confunde com a capacidade 
postulatória. A primeira está relacionada a capacidade de ser parte em processo, a segunda está 
relacionada a capacidade de postular (pedir) em juízo. Via de regra, a capacidade postulatória está 
ligada aos advogados e profissionais do direito. 
b. (30%) Não. João juntou apenas documento de identidade e comprovante de residência. A qualidade 
de cidadão é comprovada por meio de título de eleitor ou outro documento correspondente. Nesse 
caso, por não apresentar título de eleitor ou documento correspondente na ação, não foi preenchido 
o requisito de cidadão, necessário na ação popular (art. 1.º, § 3.º, da Lei n. 4.717/65). 
c. (30%) Não. Salvo comprovada má-fé, a ação popular não está sujeita ao recolhimento de custas 
processuais. Como não 
Art. 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato 
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo 
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; 
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João não deveria recolher as custas processuais, a ação é gratuita, salvo comprovada má-fé. A má-fé 
não pode ser comprovada antecipadamente. 
Questão 8. Considere a seguinte situação hipotética: 
João, cabo da Polícia Militar, respondeu a processo administrativo disciplinar por ter praticado infração 
disciplinar militar quando estava em serviço no ano de 2018. Após a conclusão do processo, foi aplicada a 
pena disciplinar militar de prisão. Inconformado, ingressou com habeas corpus na Justiça para discutir 
aspectos de legalidade do processo de punição. 
Com base na situação descrita no enunciado, responda aos seguintes quesitos: 
a. É cabível a impetração de habeas corpus para discutir punição disciplinar militar? 
b. No caso descrito no enunciado, o habeas corpus deve ser recebido? 
Comentários: 
A questão foi extraída do seguinte tópico do edital de Direito Constitucional: 
(...) 
10 Defesa do Estado e das instituições democráticas. 
(...) 
Para responder à questão deve-se utilizar conhecimentos a respeito da utilização do habeas corpus em 
punições disciplinares de militar. A questão exige que o candidato vá além do texto constitucional e 
apresente o entendimento dos tribunais superiores sobre o dispositivo do art. 142, § 2º, da CF/88. 
Gabarito: 
a. Em regra, não se admite a utilização de habeas corpus para questionar aplicação de punição 
disciplinar militar, de acordo com o texto do art. 142 da CF/88: 
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. 
Entretanto, de acordo com a jurisprudência do STF, admite-se a utilização do remédio heroico quando o 
objetivo é a discussão de aspectos de legalidade de punição disciplinar, não sendo possível a sua utilização 
quando o questionamento versar exclusivamente sobre o mérito da sanção administrativa. 
b. O enunciado descreve situação em que João ingressou com habeas corpus para questionar aspectos 
de legalidade da aplicação da sanção disciplinar. De acordo com a jurisprudência do STF, é possível a 
utilização do remédio heroico para discutir a legalidade do processo disciplinar e da aplicação da 
sanção. 
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O questionamento do policial militar João, conforme o próprio enunciado, não versa sobre o mérito 
administrativo da sanção, e sim sobre aspectos de legalidade. Portanto, é cabível o habeas corpus na 
hipótese. 
Questão 9 – Delegado PF (2018): Nos autos de procedimento executivo fiscal de cobrança do imposto de 
renda de pessoa jurídica, o juiz federal responsável pela vara de execuções fiscais de determinado estado 
da Federação expediu ordem de interceptação de comunicação telefônica do representante legal da 
empresa devedora executada, sob o fundamento de que havia indícios da prática de sonegação e fraude 
fiscal. Com a negativa da companhia telefônica em fornecer os dados e as gravações correspondentes, o 
cumprimento da ordem foi dirigido à delegacia da Polícia Federal para que, sob pena de incursão no crime 
de desobediência, prendesse o funcionário da companhia telefônica responsável pelo fornecimento das 
comunicações telefônicas e colhesse elementos de prova relacionados ao seu conteúdo. Autorizou-se, 
desde logo, o ingresso da autoridade policial na residência e no escritório do representante legal da 
empresa executada e de seus advogados, sem, contudo, especificar-se o conteúdo da busca e apreensão. 
Ato contínuo, a ordem judicial foi cumprida em sua integralidade, de modo que o juízo da execução fiscal 
teve acesso às gravações telefônicas que corroboravam a prática do crime de fraude fiscal e sonegação, a 
partir das quais a Polícia Federal também colheu provas do crime de remessa ilegal de divisas. 
Redija um texto dissertativo, abordando as normas constitucionais e os direitos fundamentais violados na 
situação hipotética apresentada. Fundamente seu texto na Constituição Federal de 1988, na jurisprudência 
do STF e na doutrina. 
Comentários: 
Outra questão discursiva do CESPE para o cargo de Delegado em que é cobrado conhecimento a respeito do 
art. 5º da CF/88. 
A questão possui relação com o seguinte tópico do conteúdo programático para o cargo de Delegado (2021): 
(...) 
5 Fundamentos constitucionais dos direitos e deveres fundamentais. 5.1 Direitos e deveres 
individuais e coletivos. 5.2 Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
(...) 
Gabarito CESPE: 
1. Inviolabilidade do sigilo das comunicações e o princípio do juiz natural. A ordem judicial tratada na 
hipótese descrita é inconstitucional por violar o direito fundamental à privacidade e à intimidade 
asseguradas pela proteção ao sigilo das comunicações telefônicas disposto no inciso XII do art. 5.º da 
Constituição Federal de 1988 (CF) — “XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por 
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal”. Nesse sentido tem decidido o STF: “A ausência de autuação da 
interceptação telefônica, em descompasso com o art. 8.º, cabeça, da Lei n.º 9.296/1996, caracteriza 
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irregularidade incapaz de torná-la ilícita” (HC 128.102, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 
9/12/2015, Primeira Turma, DJE de 23/6/2016). No caso, a ordem partiu de juiz flagrantemente 
incompetente em procedimento de execução fiscal, e não em sede de investigação criminal ou 
processo penal, como autoriza excepcionalmente a CF. Desse modo, verifica-se que a violação ao 
sigilo telefônico no caso foi acompanhada da ofensa ao princípio do juiz natural (STF. RHC 80197/GO, 
rel. min Néri da Silveira, Segunda Turma, DJ 29/9/2000; Inq 3732/DF, rel. min. Cármen Lúcia, Segunda 
Turma, DJe 22/3/2016), configurando ordem manifestamente ilegal cujo cumprimento poderia ser 
recusado pela autoridade em respeito à CF e à lei que regulamenta a interceptação das comunicações 
telefônicas. Inviável a prisão do funcionário da companhia telefônica que legitimamente recusou-se 
a fornecer as gravações. 
 
4 – Apresenta e justifica, com base na legislação e jurisprudência, a ocorrência da ofensa à 
inviolabilidade do sigilo das comunicações e o princípio do juiz natural. 
 
2. Ilicitude da prova, irradiação dos efeitos da ilicitude e invalidade dos atos posteriores. O comando 
judicial, além de incorrer em clara ilegalidade e violar o sigilo das comunicações telefônicas, 
autorizou, sem competência jurisdicional para tanto, a coleta de informações e provas derivadas das 
gravações telefônicas obtidas, o que configura a contaminação de todas as demais provas 
eventualmente colhidas. Nesse sentido é a jurisprudência do STF e a doutrina de Gilmar Mendes e 
Paulo Branco: “Com relação às gravações de conversas telefônicas, a jurisprudência do STF assentou-
se no sentido de que a prova obtida por interceptação não autorizada pelo Judiciário, nos termos da 
Lei n.º 9.269/1996, é imprestável e que as evidências que dela decorram padecem da mesma falta 
de serventia processual. Acolheu-se a doutrina do fruits of the poisonous tree. Antes da lei de 1995, 
nenhuma escuta era admissível” (Gilmar Mendes e Paulo Branco. Curso de Direito Constitucional. 
12.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 294). Assim, o próprio juiz ou o tribunal a que ele está vinculado 
deve declarar a nulidade da prova ilícita colhida via interceptação e invalidar os atos subsequentes 
que decorram da violação ao direito fundamental ao sigilo telefônico. 
 
4 – Apresenta e justifica, com base na doutrina e jurisprudência, a ocorrência da ilicitude da prova 
com a irradiação dos efeitos da ilicitude e invalidade dos atos posteriores. 
 
3. Inconstitucionalidade da busca e apreensão genérica e inviolabilidade do domicílio profissional dos 
advogados. Por fim, há de se registrar que a ordem judicial incorreu em ofensa à garantia 
constitucional de inviolabilidade tanto da pessoa jurídica executada quanto de seu representante 
legal e dos advogados que a patrocinam no juízo federal das execuções fiscais. Sabe-se que, apesar 
de a inviolabilidade de domicílio não ser um direito absoluto, especialmente quando presente o 
mandado judicial, a ordem que autoriza a sua expedição não pode ser genérica, devendo especificar 
o que constitui a busca — não pode converter-se em devassa (STF. HC 95.009, rel. min. Eros Grau, j. 
6/11/2008, P, DJe de 19/12/2008), à luz do art. 243 do CPP, sem excluir outros dispositivos do 
Estatuto da OAB, ao tratar-se de advogado. Além disso, ainda que fosse válida a interceptação 
telefônica aqui tratada, não seria admissível o seu uso para finalidades distintas da hipótese de 
cometimento dos crimes a que fez referência o juiz que a autorizou para incluir outros objetos ou 
investigados, como é o caso dos advogados (STF. Inq 3.014 AgR, rel. min. Marco Aurélio, j. 
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13/12/2012, P, DJe de 23/9/2013), cujos endereços profissionais estão igualmente protegidos pela 
cláusula da inviolabilidade de domicílio, conforme reiteradamente tem decidido o STF, que autoriza 
a exceção da busca e apreensão apenas e tão-somente quando há fundada suspeita que os próprios 
advogados praticam o crime sob o pretexto do exercício da profissão (STF. Inq 2.424/RJ, rel. min. 
Cezar Peluso, DJe 25/3/2010). 
 
4 – Apresenta e justifica, com base na jurisprudência, a ocorrência da inconstitucionalidade da busca 
e apreensão genérica e inviolabilidade do domicílio profissional dos advogados. 
Questão 10 – Considere a seguinte situação hipotética: 
João, servidor público federal, respondeu a processo administrativo disciplinar e foi punido com pena de 
demissão. Inconformado, a defesa de João ingressou em juízo alegando que não houve defesa técnica por 
advogado no processo administrativo e que a pena de demissão não foi aplicada pela autoridade competente 
(Presidente da República) e sim pelo Ministro de Estado que recebeu tal atribuição por delegação. 
Com base na situação descrita no enunciado, responda aos seguintes quesitos: 
a. A alegação da defesa de que o processo de demissão é nulo pela ausência de defesa técnica merece 
prosperar? (50 %) 
b. A alegação da defesa de que a demissão de João só poderia ser aplicada pelo Presidente da República 
merece prosperar? (50 %) 
Comentários: 
A questão exige conhecimentos a respeito da Súmula Vinculante 5 e da possibilidade de delegação do poder 
para aplicação da pena de demissão ao servidor público. 
A questão tem relação com o seguinte tópico do edital para o cargo de Delegado da PF (2021: 
(...) 
5 Fundamentos constitucionais dos direitos e deveres fundamentais. 5.1 Direitos e deveres 
individuais e coletivos. 5.2 Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
(...) 
8.3 Atribuições e responsabilidades do presidente da República. 
(...) 
Gabarito: 
a. (50 %) Não. A falta de defesa técnica no processo administrativo disciplinar não torna nulo o processo. 
Esse é o entendimento sumulado pelo STF: 
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Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo 
disciplinar não ofende a Constituição. 
Em outras palavras, a pessoa tem o direito de ser assistida por advogado em um processo administrativo 
disciplinar, entretanto, caso o advogado não se faça presente no processo, não existirá nulidade. 
b. (50 %) Não. O ato de demissão pode ser delegado pelo Presidente da República a um Ministro de 
Estado. Algumas atribuições do Presidente da República são delegáveis, dentre essas possibilidades, 
está a de demitir servidores públicos federais. 
O enunciado informa que o Ministro de Estado demitiu o servidor público com poderes que lhe foram 
delegados pelo Presidente da República, a alegação da defesa de que o poder de demissão não poderia ser 
delegado não encontra amparo na jurisprudência do STF: 
Esta Corte firmou orientação no sentido da legitimidade de delegação a ministro de Estado da 
competência do chefe do Executivo Federal para, nos termos do art. 84, XXV, e parágrafo único, 
da CF, aplicar pena de demissão a servidores públicos federais. (...) Legitimidade da delegação a 
secretários estaduais da competência do governador do Estado de Goiás para (...) aplicar 
penalidade de demissão aos servidores do Executivo, tendo em vista o princípio da simetria. 
[RE 633.009 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 13-9-2011, 2ª T, DJE de 27-9-2011.] 
= RE 608.848 AgR, rel. min. Teori Zavascki, j. 17-12-2013, 2ª T, DJE de 11-2-2014 
Questão 11 – Com base nos seus conhecimentosde Direito Constitucional, responda aos seguintes 
questionamentos: 
a. Para o sentido (concepção) sociológico o que é Constituição? (40 %) 
b. Partindo do sentido sociológico de Constituição, diferencie e explique Constituição Jurídica de 
Constituição Real. (60 %) 
Comentários: 
A questão foi extraída do seguinte tópico previsto no edital: 
(...) 
1 Direito constitucional. 1.1 Natureza, conceito e objeto. 1.2 Perspectiva sociológica. 1.3 
Perspectiva política. 1.4 Perspectiva jurídica. 
(...) 
Para responde-la é necessário conhecer o sentido sociológico de Constituição, bem como a diferenciação 
entre Constituição Jurídica e Constituição Real. 
Já que falamos em natureza, conceito e objeto: 
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1. Natureza do Direito Constitucional: Na divisão clássica do Direito em Direito Público e Direito Privado 
o Direito Constitucional possui a natureza de ramo do Direito Público. 
2. Conceito: Existem vários conceitos de Direito Constitucional, cada doutrinador conceitua de uma 
forma diferente, mas alguns pontos sempre estão presentes. Vejamos: 
a. José Afonso da Silva1: “é o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os 
princípios e normas fundamentais do Estado”. 
b. Dirley da Cunha Júnior2: “é o ramo fundamental do Direito que investiga, estuda e sistematiza as 
normas e instituições que dispõem sobre as bases e elementos fundamentais do Estado, 
determinando sua estrutura, organização e seus fins, a composição e o funcionamento de seus 
órgãos superiores, disciplinando o modo de aquisição e ascensão ao poder e os limites de sua 
atuação, assim como os direitos e as garantias fundamentais do indivíduo e da coletividade. 
3. Objeto: O conhecimento científico e sistematizado da organização fundamental, das normas e 
instituições que definem a Constituição. 
Gabarito: 
a. (40 %) De acordo com o Ferdinand Lassalle, que adota o sentido sociológico de Constituição, a 
Constituição é a soma dos fatores reais de poder. Em outras palavras, o sentido sociológico imprime 
um peso maior sobre os fatores reais de poder para definir o que será a Constituição. De nada importa 
o texto da Constituição se não estiver em consonância com os fatores reais de poder de uma 
sociedade. O texto da constituição não passa, de acordo com o sentido sociológico, de uma folha de 
papel 
b. (60 %) A Constituição Jurídica é o texto escrito de uma Constituição, ao passo que a Constituição Real 
é a soma dos fatores reais de poder de uma sociedade. Nessa distinção, os doutrinadores que adotam 
o sentido sociológico diferenciam o texto da Constituição (aquilo que está escrito) do que realmente 
é a Constituição em uma sociedade. Nessa linha, uma Constituição Jurídica só será eficaz se estiver 
alinhada com a Constituição Real. 
Questão 12 – Com base na doutrina de Direito Constitucional e na jurisprudência dos tribunais superiores, 
responda aos seguintes questionamentos: 
a. Discorra sobre crimes comuns e crimes de responsabilidade apresentando ao menos duas diferenças 
entre eles (100 %). 
Comentários: 
 
 
1 Curso de Direito Constitucional Positivo. 16ª ed, São Paulo: Malheiros, 1999, p. 36. 
2 Curso de Direito Constitucional. 10ª ed, Salvador: Juspodivm, 2016, p. 45. 
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A questão exige do candidato que conheça a diferença entre crimes comuns (infrações penais comuns) e 
crimes de responsabilidade (infrações político-administrativas). 
A questão foi extraída do seguinte tópico para o cargo de Delegado da PF (2021): 
(...) 
8.3 Atribuições e responsabilidades do presidente da República. 
(...) 
Gabarito: 
(50 %) O Presidente da República poderá ser julgado pela prática de crimes comuns ou de crimes de 
responsabilidade. A depender de qual norma tenha violado responderá de forma diversa, com processo e 
órgão julgador específico. As infrações penais comuns são os crimes e contravenções previstos na legislação 
brasileira, já os crimes de responsabilidade são, em verdade, infrações político-administrativas praticadas 
que podem ser praticadas pelo Presidente. 
(25 %) A denúncia (peça inicial acusatória) nos crimes comuns praticados pelo Presidente da República será 
oferecida pelo Procurador Geral da República (PGR). Já nos crimes de responsabilidade, qualquer cidadão 
poderá apresentar a acusação perante o Presidente da Câmara dos Deputados. 
(25 %) Outra diferença relevante quanto a ambas as práticas é a forma de processo e julgamento. Nos crimes 
comuns o Presidente da República é processado conforme a Lei 8.038/90, enquanto que nos crimes de 
responsabilidade o processo é conduzido conforme a Lei 1.079/50. 
Revisão: 
Crimes Comuns Crimes de Responsabilidade 
Admissão da acusação por 2/3 da Câmara dos Deputados 
Suspensão de suas funções por 180 dias 
Abrange crimes e contravenções São infrações político-administrativas 
Denúncia, nos crimes de ação penal pública, será 
oferecida pelo PGR 
A acusação pode ser formalizada por qualquer 
cidadão, competindo ao Presidente da Câmara dos 
Deputados o exame prévio. 
Lei 8.038/90 Lei 1.079/50 
 
Previsão Legal: Lei nº 1.079/50. O processo de Impeachment, além da previsão legal, também está regulamentado 
em jurisprudência do STF. Em relação a ADPF 378, inclusive, o STF entendeu que a aplicação subsidiária do 
Regimento Interno da Câmara dos Deputados e do Senado não viola a reserva de lei especial imposta pelo art. 
85, p. único, da CF/88. 
Procedimento: 
a. O procedimento de impeachment é bifásico, ou seja, composto de duas fases, sendo a primeira 
processada na Câmara dos Deputados (AUTORIZAR por 2/3 – quórum qualificado – de seus membros a 
instauração do processo de impeachment), e a segunda processada no Senado Federal (PROCESSAR e 
JULGAR). 
b. Após a INSTAURAÇÃO do processo pelo Senado Federal o Presidente da República ficará suspenso por 
180 dias de suas funções (Art. 86, § 1º, II). 
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c. O processo será instaurado pelo Senado Federal e PRESIDIDO pelo Presidente do STF (art. 52, p. único da 
CF/88). 
Havendo condenação pela prática de crime de responsabilidade, deve ser aplicada a pena de perda do cargo COM 
inabilitação para o exercício da função pública por 8 anos. 
 No Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, não houve aplicação da pena de inabilitação para o 
exercício da função pública por 8 anos. 
 Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas 
normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa da União. 
Em razão da competência privativa da União para legislar sobre processo e julgamento dos crimes de 
responsabilidade, não se admite o afastamento provisório de prefeito municipal, haja vista que a o Decreto-Lei 
201/1967 (que dispõe sobre as responsabilidades dos Prefeitos) não prevê afastamento provisório de 180 dias. 
Questão 13 – Considere a seguinte situação hipotética: 
Durante investigação que apurava o crime de tráfico de drogas cometido por organização criminosa, 
constatou-se grande experiência dos criminosos envolvidos. A investigação não avançava, pois, os criminosos 
tomavam todas as precauções possíveis para não vazar informações, não falavam por telefone, não 
realizavam transferências bancárias, além disso, utilizavam um escritório de advocacia para, em conjunto 
com o advogado,ajustar pagamentos e retirada dos entorpecentes. 
Diante dos fatos, o delegado de polícia presidente da investigação vislumbrou que a única possibilidade de 
se dar andamento a investigação seria por meio de uma implantação de aparelhos de interceptação 
ambiental dentro do escritório de advocacia. Tal técnica de investigação visava acessar o conteúdo das 
conversas relacionadas ao tráfico de drogas que estava ocorrendo dentro do escritório. 
Assim, a autoridade policial representou pela instalação de aparelhos de interceptação telefônica no 
escritório de advocacia. Também pediu ao juiz que fosse autorizado o ingresso no local durante o período 
noturno pois seria o único horário que não existiam pessoas e a diligência poderia ser cumprida com discrição 
e êxito. 
O mandado judicial foi deferido nos termos do pedido da autoridade policial. A diligência foi cumprida com 
êxito e os criminosos foram presos. 
Com base no enunciado acima, responda às seguintes questões: 
a. No caso em análise, é cabível a interceptação ambiental de sinais? 
b. As provas colhidas durante a interceptação ambiental no escritório de advocacia são lícitas? 
Fundamente sua resposta com base na jurisprudência dos tribunais superiores. 
c. Discorra sobre o conceito normativo de casa. 
Comentários: 
A questão exige do candidato conhecimentos a respeito dos direitos fundamentais previstos no art. 5º da 
CF/88. 
A questão possui relação com o seguinte tópico do edital: 
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(...) 
5 Fundamentos constitucionais dos direitos e deveres fundamentais. 5.1 Direitos e deveres 
individuais e coletivos. 5.2 Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
(...) 
Gabarito: 
a. Sim. Trata-se de crime envolvendo organização criminosa, logo aplica-se o dispositivo previstos na 
Lei de Organização Criminosa (Lei nº 12.850/13): 
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já 
previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: 
(...) 
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; 
(...) 
b. As provas obtidas são lícitas. O STF já entendeu ser cabível o ingresso em domicílio profissional de 
advogado durante o período noturno, quando esta for a única forma de a diligência para instalação 
de dispositivos de interceptação ambiental ser eficaz. 
Esse foi o entendimento no Inq 2424/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 19 e 20.11.2008. (Inq-2424). 
c. Em que pese o Art. 5º, XI, da CF/88 prever que: "a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou 
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial". Os tribunais superiores vêm 
ampliando a ideia de casa para além de uma residência habitável. Assim, o conceito normativo de 
casa é mais amplo e abrange qualquer compartimento habitado, qualquer aposentado ocupado de 
habitação coletiva; qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce 
alguma profissão ou atividade. 
Revisão: 
 A representação da autoridade policial por mandado de busca e apreensão domiciliar possui 
fundamento nos artigos 240º e ss do CPP e no Art. 5º, XI, da CF/1988. 
 Regra: A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar. 
 Exceções: 
a. Com o consentimento do morador, a qualquer hora. 
b. Em caso de flagrante delito, a qualquer hora. 
c. Em caso de desastre, a qualquer hora. 
d. Para prestar socorro, a qualquer hora. 
e. Durante o dia, por determinação judicial. 
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 O Código Penal (artigo 150) define “casa” como “qualquer compartimento habitado, aposento 
ocupado de habitação coletiva, compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce 
profissão ou atividade”. 
Logo, escritórios profissionais (escritório de contabilidade, de advocacia) estão protegidos pelo 
texto constitucional e os ingressos nesses locais por agentes fazendários ou policiais requer 
mandado judicial. 
 É o que se chama de conceito normativo de casa. 
 Em relação ao cumprimento de ordem judicial em domicílio alheio ser durante o dia. Vimos que já 
houve exceção a essa regra. Foi aceito o ingresso durante a noite em escritório de advocacia para 
implantação de interceptação ambiental. 
Questão 14 – A respeito do Poder Constituinte Originário e Derivado, responda aos seguintes quesitos: 
a. Quais as características do Poder Constituinte Originário? (50 %) 
b. Diferencie a classificação entre poder de fato e de direito traçada pelas correntes juspositivistas e 
jusnaturalistas quanto ao Poder Constituinte Originário. (50%) 
Comentários: 
A questão exige conhecimentos doutrinários do aluno a respeito do Poder Constituinte. 
A questão tem relação com o seguinte tópico do edital: 
(...) 
3 Poder constituinte: fundamentos do poder constituinte; poder constituinte originário e 
derivado; reforma e revisão constitucionais; limitação do poder de revisão; emendas à 
Constituição. 
(...) 
Gabarito: 
a. (50%) O Poder Constituinte Originário é exercido instaura uma nova ordem constitucional e possui as 
seguintes características: 
I. (10%) É Inicial, ou seja, inaugura uma nova ordem jurídica sendo um novo fundamento 
de validade das demais normas. 
II. (10%) É autônomo. Só ao exercente cabe fixar os termos da nova ordem constitucional. 
III. (10%) É ilimitado. É soberano pois preexiste ao direito posto, não possui, via de regra, 
limitações. 
 Alguns doutrinadores informam que existem limitações ao Poder Constituinte 
Originário a exemplo de respeitos e garantias fundamentais já consolidados, a 
exemplo da dignidade da pessoa humana. 
Também se fala em respeito a tratados e convenções nos quais o país seja 
signatário. 
IV. (10%) É incondicionado. não se sujeita a processo ou procedimento. 
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V. (10%) É permanente, continua presente em estado de hibernação (latência) podendo 
vir a se manifestar a qualquer momento. 
b. (50%) 
(25%) Poder de direito (corrente jusnaturalista): é um poder de direito porque é assentado no direito 
natural, que é anterior. A corrente jusnaturalista considera o Poder Constituinte Originário um poder 
de direito pois deriva de uma norma pré-existente: o direito natural. 
(25%) Poder de fato (corrente juspositivistas): o Poder Constituinte é um poder de fato porque funda 
uma nova ordem jurídica e não está respaldado em nenhum outro poder positivado anteriormente. 
A corrente juspositivista, diferentemente da corrente jusnaturalista, não adota a ideia de direito 
natural, portanto, o Poder Constituinte Originário não se ampara em direito pré-existente. 
Questão 15 – Com base na classificação das normas constitucionais na doutrina de José Afonso da Silva, 
responda ao seguinte questionamento: 
a. É correto afirmar que as normas constitucionais programáticas não são dotadas de efeitos jurídicos 
até que norma posterior venha a regulamentá-las? Justifique. 
Comentários: 
A questão exige do aluno que conheça a classificação de José Afonso da Silva sobre normas constitucionais 
programáticas. É uma das classificações mais cobradas em concursos para o cargo de Delegado. 
O conteúdo cobrado possui relação com o seguinte tópico do edital: 
(...) 
2.3 Normas constitucionais. 
(...) 
Gabarito: 
a. Toda normaconstitucional, mesmo as normas programáticas, possuem efeitos jurídicos. Apesar de 
as normas constitucionais dependerem de integração legislativa para possuírem efeitos integrais, 
desde a sua promulgação já irradiam alguns efeitos jurídicos. 
As normas constitucionais programáticas, mesmo que ausente a norma integradora, já emana efeitos como 
servir de parâmetro de controle de constitucionalidade para leis que lhe sejam contrárias. Também possuem 
a finalidade de obrigar o legislador infraconstitucional e orientar o intérprete da Constituição. 
Revisão: 
Classificação da Eficácia Jurídica da Norma Constitucional (José Afonso da Silva) 
Classifica as normas constitucionais em normas de eficácia: 
1. Plena: são completas e autoaplicáveis. 
Incidem direta e imediatamente, independentemente de integração legislativa. 
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 Traçando um paralelo com a doutrina norte-americana, as normas constitucionais de eficácia plena 
são autoaplicáveis. 
2. Contida: são semelhantes às plenas, porém permite reduzir sua eficácia em certos limites. O legislador 
constituinte deixou margem para atuação restritiva (regras de contenção). 
É comum aparecerem os termos “na forma da lei”, “nos limites que a lei estabelecer”, mas é importante 
que o candidato procure avaliar o conteúdo da norma primeiro. Algumas normas também utilizam 
conceitos jurídicos abertos como “ordem pública” ou “segurança nacional”. 
 Enquanto o legislador não expedir norma de contenção, a eficácia das normas de eficácia contida será 
plena. São normas de aplicabilidade direta e imediata. 
3. Limitada: são incompletas e não autoaplicáveis, dependem de intervenção (integração) legislativa para 
incidirem. Podem ser de dois grupos: 
 De princípio institutivo ou organizativo: estabelecem esquemas gerais de estrutura e atribuições de 
órgãos. 
 De princípio programático: visa traçar princípios a serem cumpridos pelos órgãos, assim como 
programas que objetivam concretizar os fins do Estado. 
 Apesar das normas constitucionais programática dependerem de integração legislativa, desde já, 
essas normas irradiam alguns efeitos, a exemplo: 
o Obrigam o legislador infraconstitucional. 
o Servem de parâmetro para inconstitucionalidade de futuras leis. 
o Servem para fixar os fins sociais do Estado. 
o Orientam o intérprete constitucional. 
Questão 16 – Considerando a cláusula de reserva de plenário e a jurisprudência dos tribunais superiores, 
responda aos seguintes quesitos: 
a. É necessário submeter a questão ao plenário quando a decisão judicial estiver fundada em 
jurisprudência do plenário do STF ou em súmula deste Tribunal? (40 %) 
b. A cláusula de reserva de plenário é aplicável aos textos normativos criados em data anterior a 
Constituição Federal de 1988? (60 %) 
Comentários: 
A questão cobra conhecimentos a respeito da jurisprudência do STF sobre a cláusula de reserva de plenário. 
O conteúdo da questão se relaciona com os seguintes tópicos do edital: 
(...) 
4 Controle de constitucionalidade. 4.1 Conceito e sistemas de controle de constitucionalidade. 
4.2 Inconstitucionalidade: por ação e por omissão. 4.3 Sistema brasileiro de controle de 
constitucionalidade. 
(...) 
Gabarito: 
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a. (40 %) Não. Trata-se de exceção a cláusula de reserva do plenário. Não há necessidade de remessa 
da demanda ao plenário quando a decisão judicial estiver fundada em jurisprudência do plenário do 
STF ou em súmula do STF. (ARE 914.045 RG). 
b. (60 %) Não. A cláusula de reserva de plenário é aplicável quando os tribunais forem declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. Quando se trata de textos normativos 
anteriores a Constituição Federal de 1988, não há que se falar em in (constitucionalidade) e sim 
recepção ou não recepção do dispositivo. Consequentemente a cláusula de reserva de plenário não 
é aplicada aos dispositivos anteriores a Constituição Federal de 1988. 
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo 
órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do 
Poder Público. 
(...) a discussão em torno da incidência, ou não, do postulado da recepção – precisamente por 
não envolver qualquer juízo de inconstitucionalidade (mas, sim, quando for o caso, o de simples 
revogação de diploma pré-constitucional) – dispensa, por tal motivo, a aplicação do princípio da 
reserva de plenário (CF, art. 97), legitimando, por isso mesmo, a possibilidade de 
reconhecimento, por órgão fracionário do Tribunal, de que determinado ato estatal não foi 
recebido pela nova ordem constitucional (RTJ 191/329-330), além de inviabilizar, porque 
incabível, a instauração do processo de fiscalização normativa abstrata (RTJ 95/980 – RTJ 95/993 
– RTJ 99/544 – RTJ 143/355 – RTJ 145/339, v.g.). 
[AI 582.280 AgR, voto do rel. min. Celso de Mello, j. 12-9-2006, 2ª T, DJ de 6-11-2006.] 
= Rcl 10.114 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 18-12-2013, P, DJE de 19-2-2014 
= AI 669.872 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 11-12-2012, 1ª T, DJE de 14-2-2013 
Questão 17 – Questão subjetiva: 
A respeito das concepções sobre a Constituição, responda aos seguintes quesitos: 
a. Em que consiste a concepção sociológica da Constituição. (25 %) 
b. Em que consiste a concepção política da Constituição. (25 %) 
c. Em que consiste a concepção jurídica da Constituição. (25 %) 
d. Em que consiste a concepção cultural da Constituição. (25 %) 
Comentários: 
O conteúdo da questão possui relação com os seguintes tópicos do edital: 
(...) 
1 Direito constitucional. 1.1 Natureza, conceito e objeto. 1.2 Perspectiva sociológica. 
1.3 Perspectiva política. 1.4 Perspectiva jurídica. 1.5 Fontes formais. 1.6 Concepção 
positiva. 2 Constituição. 2.1 Sentidos sociológico, político e jurídico; conceito, objetos e 
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elementos. 2.2 Classificações das constituições. 2.2.1 Constituição material e 
constituição formal. 
(...) 
Gabarito: 
a. (25 %) A Concepção (sentido) Sociológica (o) da Constituição, desenvolvido por Ferdinand Lassalle na 
obra “A Essência da Constituição” prega que a Constituição real é a soma dos fatores reais de poder. 
A Constituição jurídica (escrita), nada mais é do que uma folha de papel que, sozinha, não possui 
nenhuma eficácia. 
Desse modo, para a Constituição jurídica ser duradoura e ter eficácia, é necessário estar alinhada com a 
Constituição real. 
Para essa Concepção, a Constituição é uma forma de “ser” e não de “dever-ser”. 
b. (25 %) A concepção política de Constituição foi desenvolvida tem como expoente Carl Schmitt e está 
conceituada como uma decisão política fundamental. Para esse autor, há uma vontade política de 
elaborar uma Constituição por parte de determinada comunidade que resolver adotar essa decisão 
política fundamental. 
A classificação doutrinária entre Constituição Material e Constituição formal advém dessa concepção. A 
primeira corresponde ao que Schmitt chama de Constituição (aspectos fundamentais do Estado) ao passo 
que a segunda corresponde ao que Schmitt chama de lei constitucional (tudo aqui que está presente na 
Constituição mas não trata de conteúdo constitucional). 
c. (25 %) A concepção jurídica de Constituição possui como grande expoente Hans Kelsen. No livroTeoria Pura do Direito, esse filósofo e jurista buscava adequar a ciência do direito as demais ciências 
da época (positivismo jurídico), portanto, buscou adotar um posicionamento de neutralidade 
científica do direito. Dessa forma, a Ciência do Direito integra o campo do “dever-ser” e não do “ser”. 
Logo, não se confunde com as demais Ciências Sociais: sociologia, antropologia, criminologia etc. 
Hans Kelsen dividia a Constituição em dois sentidos: um sentido lógico-jurídico (Constituição pressuposta) e 
um sentido jurídico-positivo (Constituição posta, positivada). 
d. (25 %) A concepção cultural da Constituição não se resume a apenas um autor. Vários autores se 
filiaram a essa concepção (a exemplo de Konrad Hesse e Meirelles Teixeira). 
Para essa concepção a Constituição, assim como a cultura, condiciona e é condicionada pela realidade. 
Foi desenvolvida a ideia de Constituição Total, no qual o conceito de Constituição é oriundo do somatório 
das demais concepções (sociológica, política, jurídica). 
Revisando: 
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1. Concepção (sentido) Sociológica (o) 
 Ferdinand Lassalle – “A Essência da Constituição”. 
 A Constituição é o resultado da “soma dos fatores reais de poder”. 
 É forma de “ser” e não de “dever-ser”. 
 Constituição Jurídica (escrita, não passa de uma folha de papel) x Constituição Real. 
 A Constituição jurídica só será eficaz e duradoura se estiver alinhada com a Constituição real. 
 Os problemas constitucionais não são problemas jurídicos, mas sim problemas de poder. 
 
2. Concepção (sentido) Política (o) 
 Carl Schmitt – “Teoria da Constituição”. 
o Sentido absoluto – É um todo unitário. 
o Sentido relativo – De cunho formal e externo, tudo que está na Constituição é 
constitucional (identifica-se com as Constituições Rígidas). 
o Sentido positivo – A Constituição é concebido como o modo e forma de ser de uma 
unidade política: Decisão Política Fundamental. Vontade política da comunidade 
(voluntarista). 
 Unidade política -> vontade política de existir -> decisão concreta de conjunto 
sobre o modo e a forma de existir. 
 Constituição (Constituição Material) X Leis Constitucionais (Constituição Formal). 
Essa classificação é muito difundida na doutrina. A Constituição Material 
corresponde ao que Schmitt chama de Constituição ao passo que a Constituição 
formal corresponde ao que Schmitt chama de lei constitucional. 
A Constituição (material) é tudo aqui que está ligado aos aspectos fundamentais 
do Estado, que o autor denomina de decisão política fundamental. Todo o resto, 
que não tratar de conteúdo essencialmente constitucional é chamado de leis 
constitucionais (Constituição formal). 
o Sentido ideal – corresponde aos postulados políticos do momento. 
 
3. Concepção (sentido) Jurídica (o) 
 Hans Kelsen – “Teoria Pura do Direito” 
 2 (dois) Sentidos da Constituição: 
a) Lógico-jurídico – norma hipotética fundamental (Constituição pressuposta), pressuposto 
lógico de fundamento da própria Constituição jurídico-positiva. 
Essa norma pressupõe ao direito posto (positivado), daí a razão de ser chamada de 
Constituição pressuposta. A norma é hipotética porque não foi imposta por nenhuma 
autoridade humana. 
b) Jurídico-positivo – norma positiva suprema, fundamento jurídico de validade para todas as 
normas positivas (Constituição posta). 
Essa norma é imposta por uma autoridade humana. 
 Método científico para o conhecimento jurídico. Princípio da pureza – visa evitar o sincretismo 
metodológico (confundir direito com política sociologia, ética etc.). 
 Direito deve ser encarado como norma (neutralidade científica do direito). 
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 Pirâmide de Kelsen – Sistema hierarquicamente escalonado (ordem normativa, onde várias 
normas são dispostas hierarquicamente e as normas inferiores encontram seu fundamento de 
validade nas normas superiores). 
 A norma fundamental é o fundamento último de validade de todas as outras normas. 
 A norma fundamental (Constituição no sentido lógico-jurídico – norma pressuposta) impõe 
obediência a Constituição de um país (Constituição no sentido jurídico-positivo, norma posta). 
 
4. Concepção (sentido) cultural – conexão das concepções anteriores 
 Direito como produto da atividade humana, assim como a cultura. 
 O Direito é fato social que interage e se condiciona reciprocamente. 
 Konrad Hesse – “A Força Normativa da Constituição” 
 A Constituição, para manter sua força normativa, deve interagir e se condicionar com a realidade 
político-social. 
 Meirelles Teixeira – Constituição Total – condiciona e é condicionada pela cultura de um povo, é 
a combinação de todas as concepções anteriores (sociológica, política e jurídica). 
Questão 18 – Considere a seguinte situação hipotética: 
João, brasileiro nato migrou para os Estados Unidos e se casou com uma americana, tendo adquirido o green 
card (um tipo de visto permanente de imigração). Mesmo de posse do green card, João optou por adquirir a 
nacionalidade estadunidense. Anos depois, João praticou homicídio contra um cidadão americano e fugiu 
para o Brasil. 
Com base na situação descrita no enunciado, responda aos seguintes quesitos: 
a. De acordo com o posicionamento do STF, João ainda possuí a nacionalidade brasileira? (70%) 
b. João poderá ser extraditado? (30%) 
Comentários: 
A questão aborda o tema de nacionalidade acompanhado da jurisprudência do STF sobre um caso 
emblemático no qual foi declarada a perda da nacionalidade brasileira de uma mulher que adquiriu a 
nacionalidade estadunidense. 
O edital para o cargo de Delegado da PF traz o seguinte tópico: 
(...) 
5.3 Direitos sociais, nacionalidade, cidadania e direitos políticos. 
(...) 
Gabarito: 
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a. (70%) De acordo com o enunciado da questão, João, mesmo portador do green card optou pela 
aquisição da nacionalidade estadunidense. Essa aquisição voluntária, de acordo com o texto da 
Constituição Federal de 1988 e com a jurisprudência do STF, gera a perda da nacionalidade originária 
(brasileira) de João. 
O art. 12, § 4º, II da CF/88 (aquisição voluntária de outra nacionalidade fora dos casos previstos na CF/88) 
também é aplicado aos brasileiros natos. Na hipótese, a aquisição da nacionalidade estadunidense não foi 
originária e também não houve imposição de naturalização uma vez que João já era portador do green card. 
b. (30%) Sim. De acordo com o texto da CF/88 e com a jurisprudência do STF João poderá ser extraditado 
pois deixou de ser brasileiro nato quando adquiriu a nacionalidade americana. É importante registrar 
que não se trata de caso de extradição de brasileiro nato (vedado pela Constituição Federal de 1988) 
uma vez que João já havia sua perdido sua nacionalidade brasileira quando optou por se naturalizar 
estadunidense. 
No MS 33.864 do STF declarou a perda de nacionalidade de brasileira nata que, de posse do green 
card (que já conferiu o exercício de direitos civis nos Estados Unidos Da America), optou pela 
aquisição de nacionalidade americana. 
CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. BRASILEIRA NATURALIZADA AMERICANA. 
ACUSAÇÃO DE HOMICÍDIO NO EXTERIOR. FUGA PARA O BRASIL. PERDA DE NACIONALIDADE 
ORIGINÁRIA EM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO REGULAR. HIPÓTESE 
CONSTITUCIONALMENTE PREVISTA. NÃO OCORRÊNCIA DE ILEGALIDADE

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