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Aula 15 - Prof. Claudio
Tusco
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado)
- 3 correção por aluno - Pós-Edital
Autores:
Vinicius Silva, Cláudio Bandel
Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade,
Allan Mattos
Aula 15 - Prof. Claudio Tusco
22 de Fevereiro de 2021
 
 
 
 
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Sumário 
1. Apresentação ................................................................................................................. 2 
QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................. 3 
LISTA DE QUESTÕES ......................................................................................................... 39 
 
 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
Aula 15 - Prof. Claudio Tusco
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) - 3 correção por aluno - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
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1. APRESENTAÇÃO 
Caríssimos estrategistas corujas, tudo bem? Desejo que sim. 
Meu nome é Cláudio Bandel Tusco e exerço o cargo de Delegado de Polícia Federal desde 2007, 
tendo a experiência como escrivão de polícia por 6 anos anteriormente. 
Antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que já estive aí do seu lado. Já passei pelas mesmas 
frustações, dificuldades, momentos de ansiedade etc. No entanto, não se esqueça de uma coisa: 
não tenha pressa. Você também consegue! Com disciplina, foco e um bom material, você 
alcançará o seu sonho de ser Delegado de Polícia Federal e estaremos juntos ombro a ombro. 
Desde o ano de 1992, com algumas idas e vindas, eu me envolvo com concursos públicos. 
Reprovações? Algumas. Faz parte do jogo. Não se abale por isso! 
Entretanto, há também vitórias no caminho. Já fui aprovado no Exame de Ordem da OAB, 
Superior Tribunal de Justiça, Metrô/DF, Polícia Civil do DF, Defensoria Pública, dentre outros. 
No que tange à prova discursiva, o concurso da Polícia Federal para o cargo de Delegado possui 
algumas peculiaridades que o diferencia dos demais. Uma delas é o fato da prova objetiva e 
discursiva ocorrerem no mesmo dia, o que faz com o que o candidato já venha preparado para 
tais etapas, não existindo um prazo para “aprimoramento” para a segunda fase. 
Por isso, aproveitamos a oportunidade para tentar abranger o máximo possível do conteúdo 
programático previsto para a matéria de direito administrativo, deixando sempre uma sugestão 
de resposta. Como é humanamente impossível colocar todas questões possíveis, tentamos, com 
estudo das provas do CEBRASPE (antigo CESPE), acertar a possível questão de prova, 
possibilitando aos nossos alunos um bom resultado! 
Não há um quantitativo significativo de questões discursivas para o cargo de delegado de polícia 
federal, o que impede uma análise dos temas mais cobrados pela banca CEBRASPE nesse campo. 
Assim, utilizamos questões discursivas para os mais diversos concursos. 
Fazendo um histórico do concurso, temos que, em 2004, a prova exigiu uma redação, o que 
impede uma análise dos assuntos cobrados. Em 2012/2013, uma das provas mais difíceis para 
o cargo de Delegado de Polícia Federal, houve a cobrança sobre o ato administrativo numa 
situação concreta que abordaremos neste caderno. Já em 2018, houve cobrança sobre poderes 
administrativos, em especial o poder de polícia que também abordaremos. 
Nós, professores, acreditamos que o concurso de 2021 irá ser semelhante ao de 2018. As etapas 
estão próximas, há uma clara tentativa de formatura ainda este ano e a Administração tenta 
evitar questionamentos judiciais, razão pela qual dificilmente irá inovar ou cobrar algo “fora da 
curva”. E nesse ponto específico, no que tange à peça profissional, dificilmente virá algo com 
diversos requerimentos ante a necessidade de uma correção ágil para atendimento do 
cronograma previsto. 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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Por isso, mantenham o foco, aprendam os conceitos principais, especialmente relacionados à 
teoria do crime e fiquem atentos às recentes alterações, bem como às recentes decisões dos 
tribunais superiores sobre as matérias abrangidas pelo edital. E, o mais importante, fiquem 
tranquilos no dia da prova e não fiquem doentes, proteja sua saúde sempre. 
Lembrem-se, também, de dividir bem o tempo. Serão cinco horas de prova, sendo o ideal deixar 
duas horas para a peça e uma hora para cada uma das três questões, começando sempre pela 
mais fácil. Não se esqueça, também, que o rascunho não serve para “fazer duas provas”, mas sim 
para estruturar sua resposta. Trabalhe com o tempo disponível e o aproveite todo! 
Bom, é isso. Permaneço à disposição para eventuais dúvidas e, qualquer coisa, estou no 
instagram (@ctusco). 
Um grande abraço, meus futuros colegas! Foco, força e fé! 😉 
QUESTÕES COMENTADAS 
Questão 01. (CEBRASPE 2018 DPF) No âmbito do direito administrativo, a atuação do 
Estado está submetida ao chamado regime jurídico- administrativo, que se expressa por 
meio do binômio prerrogativas-sujeições. As prerrogativas são concedidas à 
administração pública no intuito de fornecer os instrumentos e os meios necessários ao 
regular exercício de suas atividades, com vistas à concretização do interesse público. As 
prerrogativas concedidas à administração pública incluem os poderes administrativos, 
em especial o poder de polícia. 
 
Considerando que o texto precedente tem caráter unicamente motivador, redija um texto 
dissertativo atendendo ao que se pede a seguir. 
 
1. Discorra sobre o conceito de poder de polícia e cite dois exemplos de atos 
administrativos que expressam esse poder. 
2. Discorra sobre os ciclos ou fases do poder de polícia. 
3. Apresente as distinções entre polícia administrativa e polícia judiciária 
explicitando, para cada uma dessas polícias: o objeto de incidência, as infrações 
tratadas e os órgãos competentes para seu exercício. 
 
Comentários 
 
1) Conceito e exemplos do poder de polícia - O poder de polícia foi previsto expressamente pelo 
art. 78 do Código Tributário Nacional (CTN): “considera-se poder de polícia a atividade da 
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a 
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à 
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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econômicas dependentes da concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública 
ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”. 
De acordo com Maria Sylvia Di Pietro (Direito Administrativo, 2017), o poder de polícia é “a 
atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do 
interesse público”. 
Em resumo, o poder de polícia é o poder de que dispõe a Administração Pública para, na forma 
da Lei, condicionar ou restringir o uso de bens, o exercício de direitos e a prática de atividades 
privadas, com vistas a proteger o interesse público (Celso Antônio Bandeira de Mello. Curso de 
Direito Administrativo, 2016). São exemplos do poder de polícia: licença para construir, 
autorização para porte de arma de fogo, imposição de multas administrativas, apreensão de 
mercadorias etc. 
2) Ciclos ou fases do poder de polícia - De acordo com Diogo de Figueiredo Neto (Curso de 
Direito Administrativo, 2015) e Marcos Juruena (Direito administrativo regulatório, 2009), o 
poder de polícia possui “fases” ou “ciclos”: 
a) ordem de polícia: corresponde à legislação que estabelece o s limites e os condicionamentos 
aos exercícios dasatividades privadas e ao uso de bens; 
b) consentimento de polícia: se revela na anuência prévia da administração, quando exigida, 
para a prática de determinadas atividades privadas (licenças ou autorizações); 
c) fiscalização de polícia: atividade de verificação do adequado cumprimento das ordens de 
polícia ou das regras previstas no consentimento de polícia pelo particular; 
d) sanção de polícia: atuação administrativa coercitiva, na situação de se constatar o 
descumprimento de uma ordem de polícia ou dos requisitos e condições previstas no 
consentimento de polícia. 
A delegabilidade ou não de cada ciclo ou fase não deve fazer parte de pontuação específica no 
quesito, compondo, entretanto, o raciocínio jurídico utilizado pelo candidato em sua 
fundamentação. 
3) Distinção entre polícia administrativa e polícia judiciária - No que toca à distinção entre 
polícia administrativa e polícia judiciária, alguns critérios devem ser explicitados, conforme a 
doutrina do direito administrativo (Celso Antônio Bandeira de Mello; Maria Sylvia Di Pietro; 
Diogo de Figueiredo): 
a) quanto ao objeto de incidência: a polícia administrativa incide sobre bens, serviços ou 
atividades privadas; a polícia judiciária incide sobre pessoas; 
b) quanto às infrações: a polícia administrativa trata de infrações administrativas; a polícia 
judiciária, de infrações criminais; 
c) quanto aos órgãos competentes: a polícia administrativa é exercida por órgãos 
administrativos de caráter fiscalizador, integrantes dos mais diversos setores da administração; 
a polícia judiciária é realizada por corporações específicas (Polícia Civil e Polícia Federal). 
Obs.: considerar, também, como critério válido, a abordagem que distingue a polícia 
administrativa da polícia judiciária, a natureza predominantemente preventiva da polícia 
administrativa e repressiva em relação à polícia judiciária, ou a natureza (ostensiva e 
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preventiva) da polícia administrativa, e a natureza investigativa da polícia judiciária, desde que 
bem diferenciado e fundamentado na doutrina. 
 
 
Questão 02. (CEBRASPE 2013 DPF) A fim de proporcionar maior conforto a seus clientes, 
o dono de determinado restaurante realizou uma ampliação em seu estabelecimento, 
tendo a construção avançado sobre área pública, razão por que o órgão responsável pela 
fiscalização urbana da prefeitura autuou o comerciante, fixando prazo para que a 
situação fosse regularizada. Sob a alegação de que a área pública invadida estava 
abandonada e suja e de que ele havia realizado melhorias no espaço, o comerciante 
recusou-se a cumprir a determinação da prefeitura para que desfizesse a obra. Dada a 
recalcitrância do comerciante, os fiscais, com base no disposto no código municipal de 
edificações, demoliram a área irregular e multaram-no. O dono do restaurante, então, 
ajuizou ação judicial contra a prefeitura, sob a alegação de que o ato praticado pela 
prefeitura foi ilegal, dada a ausência de ação demolitória anterior, e causou-lhe danos 
materiais e morais. 
 
Com base na situação hipotética acima apresentada, discorra sobre a legalidade dos atos 
praticados pela prefeitura, abordando os poderes administrativos e o atributo do ato 
administrativo. 
 
Comentários 
 
Quando a questão envolve mais de uma pergunta, de maneira separada, você pode escolher 
responder em forma de texto ou por cada uma das respostas. 
Os fiscais da Prefeitura, ao procederem à demolição da obra irregular, agiram com fundamento 
no poder de polícia, consistente na prerrogativa do Estado de interferir na órbita de interesse 
particular, delimitando a forma do exercício do direito fundamental à liberdade e à propriedade, 
com o objetivo de salvaguardar o interesse público e, consequentemente, o bem-estar social. 
O ato administrativo praticado é dotado dos atributos presunção de legitimidade, sendo que o 
ônus da prova deve recair sobre a parte contrária; a imperatividade, ou seja, imposição coativa 
da medida adotada pela Administração Pública, autoexecutoriedade, subdividida em 
exigibilidade, isto é, poder de decisão sem a presença do Poder Judiciário, e executoriedade, que 
diz respeito à execução do ato independentemente de autorização judicial. Neste último caso, 
exige-se a tipicidade, em outras palavras, que haja autorização legal para a prática do ato 
administrativo. No caso em tela, existe permissivo no Código Municipal de Edificações, sendo, 
portanto, prescindível o ajuizamento de ação demolitória. 
A supremacia do interesse público sobre o particular e a indisponibilidade do interesse público 
em detrimento do particular são pedras de toque da Administração Pública. Desses 
supraprincípios decorrem os demais postulados norteadores do direito administrativo. 
O poder de polícia, instrumento utilizado no âmbito da Administração Pública com o escopo de 
garantir a proteção aos direitos da coletividade, encontra-se positivado pelo artigo 78 do Código 
Tributário Nacional. 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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Denota-se o correto uso de tal poder, diante dos fatos mencionados, posto que, diante da ordem 
primeiramente direcionada ao dono do restaurante, este se mostrou inerte, razão pela qual foi 
legalmente sancionado pela prefeitura. 
 
Questão 03. A lei é um ato normativo primário, através do qual a sociedade, por meio de 
seus representantes legais, autorregula-se, impondo normas de conduta que disciplinam 
o comportamento de seus membros visando o bem comum. Nesse sentido, o princípio da 
legalidade, portanto, muito embora tenha nascido com o intuito de limitar as ações dos 
governantes em proteção aos governados, expandiu-se de forma a ganhar foros de 
garantia de liberdade e de autodeterminação, tornando-se um dos elementos essenciais 
na caracterização do Estado de Direito, sendo expressado na legislação pátria pelo inciso 
II do artigo 5º da Constituição Federal: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
algo senão em virtude de lei”. 
 
Considerando tais afirmações, discorra sobre o princípio da legalidade aplicado ao 
Direito Administrativo brasileiro. 
 
Comentários 
 
Trata-se de questão aberta em que cabe o candidato trazer os pontos principais apresentados 
pela doutrina. 
Embora não essencial, poderá se trazer um escorço histórico sobre o constitucionalismo desde 
as limitações ao Rei John Lackland com a Carta Magna na Inglaterra de 1215 até a nossa 
Constituição Federal e suas respectivas emendas. 
Contudo, o esperado do candidato será abordar as especificidades do princípio da legalidade no 
ramo específico do Direito Administrativo conforme a doutrina pátria. 
Dando sequência ao texto, deve-se informar que se trata de um princípio expresso no artigo 37 
da Constituição Federal: 
Artigo 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...). 
Ainda, conceituar que o princípio da legalidade trata da valorização da lei sobre os interesses 
pessoais, que deve a Administração Pública agir estritamente consoante autorização legal, 
obrigando que a atuação estatal esteja de acordo com a vontade geral dos cidadãos. Importante 
também ressaltar que o referido princípio vai contra a um comportamento individualista e a 
favor do interesse coletivo. 
Também, de outra forma poderá discorrer que a Administração Pública somente poderá atuar 
quando expressamente autorizada ou determinada por lei, nos limites impostos por esta, 
refletindoassim um direito dos administrados. Que a vontade da Administração Pública é a 
mesma do povo manifesta pelos seus representantes no Poder Legislativo. 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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Por fim, apontar as exceções ao princípio da legalidade que estão descritas na Constituição 
Federal: medidas provisórias (artigo 62), estado de defesa (artigo 136) e estado de sítio (artigos 
137 a 139). 
É desejável também trazer outros pontos relacionados com o princípio da legalidade, desde que 
respaldados por doutrina ou jurisprudência. Contudo, os pontos acima elencados serão 
suficientes para uma nota máxima. 
 
Questão 04. Art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho – “No caso de paralisação 
temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de autoridade municipal, 
estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a 
continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do 
governo responsável”. 
 
Discorra sobre a aplicação do artigo 486 da CLT quanto a responsabilidade do Estado de 
indenizar em razão de paralisação temporária ou definitiva do trabalho decorrente de 
atos preventivos a contaminação ou a propagação da pandemia de Covid-19, doença 
causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). 
Comentários 
 
Trata-se de questão atual onde o candidato terá que fundamentar a posição que adotar de forma 
coerente com a doutrina já consolidada. 
Deverá introduzir os conceitos de Coronavírus que é uma família de vírus que causam infecções 
respiratórias. O novo agente do coronavírus (SARS-CoV-2) foi descoberto em 31 de dezembro 
de 2019, após casos registrados na China, e provoca a doença chamada de coronavírus (COVID-
19), em decorrência do perfil do vírus na microscopia, parecendo uma coroa. 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, no dia 11 de março de 2020, a pandemia de 
Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Segundo o órgão internacional, 
os governos devem manter o foco na contenção da circulação do vírus. 
Para o caso, a Lei nº 13.979/2020, que prevê várias medidas para evitar a contaminação ou a 
propagação da doença, destacando-se o isolamento, a quarentena e a realização compulsória de 
exames médicos, testes laboratoriais, vacinação e tratamentos médicos específicos, é a fonte 
normativa para a matéria. Os entes públicos que não as aplicam estão sujeitos à 
responsabilidade. 
De outro lado, tivemos o questionamento da aplicação do artigo 486 da CLT, editado no 
longínquo ano de 1951, no sentido de que, havendo paralisação temporária ou definitiva do 
trabalho, por ato de autoridade de qualquer esfera federada, prevalecerá o pagamento da 
indenização, que ficará a cargo do “governo responsável”. 
A interrupção de atividades econômicas por ato governamental, a fim de mitigar sérios 
prejuízos à vida e à saúde da população, trata-se não de fato do príncipe, mas, indiscutivelmente, 
de caso de força maior, a afastar a responsabilidade civil estatal, haja vista a ruptura do nexo de 
causalidade. 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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É desejável também trazer outros pontos relacionados com os princípios de Direito 
Administrativo, desde que respaldados por doutrina ou jurisprudência. Contudo, os pontos 
acima elencados serão suficientes para uma nota máxima. 
 
Questão 05. Qual a diferença entre Convênio e Contrato? 
Comentários 
 
Trata-se de questão atual onde o candidato terá que fundamentar a posição que adotar de forma 
coerente com a doutrina já consolidada. 
Muito embora a expressão contrato administrativo, no sentido amplo de acorde de vontades, 
abranja convênios, inescusável que estes instrumentos possuem configurações jurídicas 
particulares, portanto, em razão dessas peculiaridades, a doutrina entende que convênio e 
contrato não se confundem, embora tenham em comum a existência de vínculo jurídico fundado 
na manifestação de vontade dos participantes. 
Será importante apontar a principal diferença entre convênios e contratos que se funda no fato 
de que o convênio envolve interesses comuns, convergentes, enquanto no contrato as partes 
têm interesses divergentes. 
Outra diferença é que no convênio, como os interesses são comuns, há repasses de verbas para 
serem aplicados num fim objetivado por ambas as partes. Já no contrato há interesse econômico 
e obtenção de lucro, pois uma das partes é remunerada pela prestação de um serviço ou 
aquisição de um produto ou bem. 
Também se cite que nos contratos há dois polos, mesmo que haja em um destes mais de um 
pactuando, enquanto nos convênios a pluralidade é maior, podendo ser vários os polos. 
Importante dizer que nos convênios não há exigência de prévia licitação para sua celebração, 
aspecto que também o diferencia dos contratos. 
É desejável também trazer outros pontos relacionados com os normativos de Direito 
Administrativo, além dos respaldados por doutrina ou jurisprudência. Contudo, os pontos acima 
elencados serão suficientes para uma nota máxima. 
 
 
Questão 06. O ato administrativo discricionário deve observar o princípio da 
proporcionalidade e desenvolver-se pela ótica denominada pela doutrina como tríplice 
manifestação do mandamento da proporcionalidade. 
 
Identifique e explique os três elementos que constituem o referido mandamento. 
Comentários 
 
Segundo a doutrina e jurisprudência majoritária, o ato administrativo discricionário deve ser 
objeto de controle de legalidade em sentido amplo, aí incluídos os princípios constitucionais e 
infraconstitucionais, em especial a proporcionalidade. 
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A doutrina divide a proporcionalidade em três máximas parciais, que devem ser analisadas um 
a um para aferir se o ato está em descompasso ou não com tal princípio. São elas: necessidade, 
adequação e proporcionalidade em sentido estrito. 
Segundo a adequação, o meio utilizado deve ser apto a fomentar o fim pretendido. A 
necessidade, por seu turno, indica que dentre os meios existentes para a realização do resultado, 
deve-se escolher o menos oneroso o possível. E a proporcionalidade em sentido estrito afere a 
relação de custo e benefício entre os meios e os resultados pretendidos. 
O princípio da proporcionalidade, embora não previsto explicitamente na Constituição Federal, 
é amplamente utilizado pelo Supremo Tribunal Federal no controle de constitucionalidade de 
leis e no julgamento de recursos extraordinários. No âmbito do direito administrativo encontra 
aplicação no controle dos atos discricionários e está expresso no artigo 2° da Lei n° 9.784/99. 
Por meio deste princípio espera-se sempre uma atuação equilibrada do Poder Público, evitando-
se os excessos e arbitrariedades. Ademais, o objetivo ao qual se destina é o de conter os atos 
estatais que ultrapassem o limite da razoabilidade, para que se processem sem exageros. 
O subprincípio da adequação perfaz-se na utilização da via adequada, útil e idônea para atingir 
os objetivos pretendidos. Ou seja, se as medidas pretendidas não forem úteis para solucionar o 
problema em comento, não será adequada e, portanto, desproporcional, pois serão despendidos 
recursos materiais, humanos ou técnicos, sem que se obtenha o resultado pretendido. 
O subprincípio da necessidade tem o condão de avaliar se a medida restritiva é realmente 
necessária para atingir o fim proposto, devendo-se indagar se não haveria medida menosgravosa, menos restritiva ou mais branda. 
Por fim, o subprincípio da proporcionalidade em sentido estrito busca o equilíbrio de valores 
entre as vantagens a serem alcançadas. E a última fase de análise, fazendo-se um sopesamento, 
a depender do caso concreto, verificando se, de fato, a medida é necessária (balanceamento de 
custo-benefício). Em resumo, o ônus da norma a ser imposta deverá ser inferior ao benefício 
que ela trará. 
É possível também trazer outros pontos relacionados com o princípio da proporcionalidade dos 
atos administrativos, desde que respaldados por doutrina ou jurisprudência. Contudo, os 
pontos acima elencados serão suficientes para uma nota máxima. 
 
 
Questão 07. A Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92) cuidou de 
regulamentar o artigo 37, §4º, da Constituição Federal de 1988, conferindo uma tutela 
especial ao princípio da moralidade administrativa, dada a sua especialidade e as 
consequências desastrosas para toda a sociedade quando de sua violação. 
 
1. Qual o conceito de improbidade administrativa? 
2. Tais atos configuram ilícito de que natureza: penal, administrativa ou civil? 
3. Os agentes políticos estão sujeitos à referida Lei? 
4. Caso um prefeito pratique um ato de forma contrária à lei orgânica do Município, 
tal fato é, por si só, suficiente para configurar improbidade administrativa? 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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Comentários 
 
A improbidade administrativa não se confunde com a imoralidade comum. Enquanto aquela 
tem uma conotação especial relativa ao zelo com o dinheiro público, esta se situa no âmbito do 
direito privado, nas relações entre particulares. Justamente por conta dessa diferenciação, 
pode-se vislumbrar um ato de improbidade administrativa que não seja imoral, como por 
exemplo no caso de um fiscal de tributos que atua culposamente e causa dano ao erário, 
deixando prescrever créditos tributários. 
Quando se está no trato do interesse público, contudo, exige-se um comportamento que seja 
regido por ditames mais rigorosos. Daí que a doutrina define a improbidade administrativa 
como uma imoralidade qualificada, uma vez que tal imoralidade causará uma violação aos 
princípios da Administração Pública, um dano ao erário ou um enriquecimento ilícito do agente 
ímprobo, de forma cumulativa ou não. 
Essa improbidade administrativa, uma vez constatada, pode ensejar a responsabilização do 
agente nas esferas civil, penal e administrativa. Caso o ato de improbidade administrativa seja 
tipificado como crime, como por exemplo, no caso do peculato, o agente estará sujeito às sanções 
penais, da multa até a pena privativa de liberdade. Se o ato de improbidade administrativa for 
previsto no respectivo Estatuto dos Servidores do ente ao qual o agente público está ligado, 
deverá tal ato ser objeto de um processo administrativo disciplinar, em que se assegure o 
contraditório e a ampla defesa, o que pode culminar na aplicação de sanções administrativas 
como advertência, suspensão ou demissão, a depender da espécie de infração funcional a que 
corresponder o ato de improbidade. 
Logo, temos que o ato de improbidade administrativa tutelado pela Lei nº 8.429/92 não é um 
ilícito penal (já tutelado pelo Código Penal), ou um ilícito administrativo (tutelado pelo 
respectivo Estatuto dos Servidores Públicos), mas sim um ilícito civil, de acordo com o 
entendimento do Supremo Tribunal Federal. Nessa linha de raciocínio, pode-se dizer que a ação 
de improbidade administrativa é uma ação civil, que tramitará seguindo a regra da 
independência das instâncias penal, administrativa e civil, com ressalva da absolvição na esfera 
penal por negativa de autoria ou inexistência do fato. 
Apesar desse entendimento, o STF negou a possibilidade do juízo de primeira instância 
processar e julgar ação de improbidade administrativa contra agentes políticos que respondam 
por crimes de responsabilidade de acordo com a Lei nº 1.079/50, vez que haveria bis in idem 
caso o agente político pudesse ser responsabilizado cumulativamente pelo crime de 
responsabilidade e por ato de improbidade administrativa, pois haveria uma indevida 
concorrência entre os dois regimes de responsabilidade político-administrativa. Atente-se para 
a peculiaridade de que esse posicionamento não se aplica para todo e qualquer agente político, 
mas apenas aqueles abrangidos pela Lei nº 1.079/50 (Presidente da República, Ministros de 
Estado, Ministros do STF, Procurador-Geral da República, Governadores e Secretários de 
Estado). Daí se constata que parlamentares de quaisquer entes federativos e prefeitos não estão 
excluídos da incidência da Lei de Improbidade Administrativa. 
Isso significa que se um prefeito praticar um ato contrário à moralidade administrativa, estará 
sujeito às sanções da Lei nº 8.429/92. No entanto, para que o ato seja considerado uma violação 
a essa lei, não basta que se verifique a mera ilegalidade. Deve-se averiguar se a ofensa à lei 
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ocorre qualificada pelo desvio ético, pela desonestidade. Na hipótese de haver uma ilegalidade 
na formalização de um ato que se destina a assegurar um direito fundamental, que se destina a 
realizar interesse público, não há que se falar em improbidade administrativa. Foi assim que 
entendeu o Superior Tribunal de Justiça, no caso concreto de um prefeito que havia permitido o 
uso de imóvel público sem lei autorizativa (conforme dispunha a respectiva Lei Orgânica 
municipal), com a finalidade de abrigar crianças desamparadas. E não poderia ser diferente, sob 
pena de contrariar o espírito da razoabilidade e equidade. 
É possível também trazer outros pontos relacionados, desde que respaldados por doutrina ou 
jurisprudência. Contudo, os pontos acima elencados serão suficientes para uma nota máxima. 
 
 
Questão 08. Pode a Administração Pública exonerar ad nutum servidora gestante 
ocupante exclusivamente de cargo em comissão? 
 
Responda a questão à luz da Constituição Federal e coteje com a jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal. 
Comentários 
 
De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a Administração Pública não 
pode exonerar “ad nutum” servidora gestante ocupante exclusivamente de cargo em comissão. 
Em que pese o artigo 37, inciso II, da Constituição Federal dispor que os cargos em comissão são 
de livre exoneração, o STF decidiu, com fundamento na proteção à maternidade e na dignidade 
da pessoa humana do nascituro, que a estabilidade provisória prevista no artigo 10, inciso II, 
alínea b, do Ato da Disposições Constitucionais Transitórias também se aplica às gestantes 
detentoras de cargo em comissão. 
Esse entendimento do Supremo tem sido aplicado também no Tribunal Superior do Trabalho, e 
representa limitação à discricionariedade administrativa tradicionalmente percebida nas 
nomeações e exonerações de cargos em comissão. A jurisprudência tem conferido a 
maternidade uma preponderância maior em razão dos valores fundamentais a ela intrínseco. 
Entendem os tribunais que diante do caráter genérico dos dispositivos constitucionais que 
tratam da estabilidade da gestante, não pode o aplicador do direito retirar essa proteção à 
maternidade, nem mesmo daquelas investidas em caráter precário. 
Ainda, importante ressaltar que tal proteção se estende inclusive à servidora temporária. 
 
 
Questão 09. Uma unidade da Federação celebrou com a empresa Alfa, após procedimento 
licitatório, contrato para a exploração de serviços de transporte intermunicipal de 
passageiros em trecho específico. Durante a vigência desse contrato, o governodesse 
estado concedeu à empresa Alfa, sem a realização de novo certame, permissão para a 
exploração exclusiva de toda a malha rodoviária intermunicipal. 
 
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Considerando essa situação hipotética, redija um texto que responda, de forma 
fundamentada, aos seguintes questionamentos: 
1. Em que consiste o instituto da permissão de serviço público e quais são as suas 
características? 
2. A Administração Pública poderá invalidar a nova permissão concedida à 
empresa Alfa? 
Comentários 
 
A permissão de serviço público é um contrato administrativo pelo qual o Poder Público, após 
prévio procedimento licitatório, delega ao particular, pessoa física ou jurídica, a execução de 
serviço público. Tal contrato é de adesão, não cabendo ao particular discutir suas cláusulas, e se 
dá a título precário, característica trazida pela lei que é bastante criticada pela doutrina, por 
conta de sua natureza contratual. 
Percebe-se que a permissão de serviço público é uma forma de descentralização, pela qual o 
particular assume a prestação do serviço público (e não sua titularidade, que permanece nas 
mãos do Poder Público), por sua conta e risco, mantendo uma relação direta com os usuários do 
serviço. 
A permissão de uso de bem público, contudo, continua sendo ato administrativo unilateral, uma 
vez que a Lei 8.987/95 e o artigo 175 da Constituição Federal tratam como contrato apenas a 
permissão de serviço público. 
Como dito, a permissão de serviço público tem como pressuposto a realização prévia de um 
procedimento licitatório, de modo que o próprio artigo 175 da Constituição é taxativo em exigir 
sempre a licitação prévia para a prestação de serviços públicos de forma indireta. 
Nessa mesma direção tem caminhado a jurisprudência, inclusive do Supremo Tribunal Federal, 
que rechaça a exploração de serviço público pelo particular sem a observância de procedimento 
licitatório. 
Assim, conclui-se que a administração pública tem o poder-dever, decorrente da autotutela, de 
invalidar a nova permissão concedida à empresa Alfa, diante da contrariedade aos dispositivos 
constitucionais e legais que regulam a matéria, notadamente o artigo 175 da Constituição 
Federal e o artigo 2°, IV, da Lei 8.987/95. 
 
 
Questão 10. A posse pacífica de imóvel público em área urbana por período superior a 
cinco anos é capaz de gerar a aquisição de direito real ao ocupante do imóvel? Justifique 
a resposta. 
Comentários 
 
Não é possível a aquisição de direito real de propriedade pelo ocupante de imóvel público, ainda 
que presentes os requisitos do Código Civil para o usucapião. A Constituição prevê, de forma 
expressa e sem ressalvas, que os imóveis públicos não se sujeitam ao usucapião, sejam eles 
localizados em área urbana (artigo 183, §3º), ou em área rural (artigo 191, parágrafo único). 
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Essa vedação do usucapião dos bens públicos está em consonância com a sua característica da 
imprescritibilidade, sendo ainda prevista no artigo 102 do Código Civil. Como uma forma de 
mitigação dessa impossibilidade de usucapião dos bens públicos, o legislador previu a 
concessão de direito de uso de natureza especial por parte dos particulares. 
Essa hipótese, prevista na Medida Provisória nº 2.220/2001, é chamada pela doutrina de 
“quase-usucapião”, pois, apesar de não conferir ao particular o direito de propriedade sobre o 
imóvel público, permite o uso especial para fins de moradia. Os requisitos foram ampliados pela 
Lei nº 13.465/2017: posse do imóvel com até duzentos e cinquenta metros quadrados em área 
urbana por cinco anos, ininterrupta e sem oposição até 22 de dezembro de 2016, utilizado para 
sua moradia ou de sua família. 
Essa concessão de uso especial para fins de moradia guarda um paralelo com o usucapião 
especial, pois também se destina às pessoas que não são proprietárias de imóvel, sendo 
conferida de forma gratuita, não podendo ser reconhecida ao mesmo concessionário mais de 
uma vez. Possui, desse modo, uma vocação para beneficiar as classes mais populares. 
Ainda, importante ressaltar que a posse pacífica de imóvel público em área urbana por período 
superior a cinco anos é capaz de gerar a aquisição de direito real de uso de natureza especial ao 
ocupante do imóvel, nos termos da Medida Provisória nº 2.220/2001, mas não é capaz de gerar 
a aquisição do direito real de propriedade, diante da vedação legal e constitucional quanto ao 
usucapião de bens públicos. 
 
 
Questão 11. Conceitue Organização da Sociedade Civil, apontando o fundamento legal, e 
diferencie termo de colaboração de termo de fomento. 
Comentários 
 
As Organizações da Sociedade Civil – OSC são entidades integrantes do terceiro setor, previstas 
na Lei nº 13.019/2014 e, conforme seu artigo 2º, inciso I, compreendem entidades privadas sem 
fins lucrativos que não distribuam quaisquer espécies de excedentes entre os seus sócios ou 
associados, além de os aplicar integralmente na consecução do respectivo objeto social, ainda 
das sociedades cooperativas previstas na Lei nº 9.867/1999 e das organizações religiosas que 
se dediquem a atividades ou a projetos de interesse público e de cunho social distintas das 
destinadas a fins exclusivamente religiosos. 
O referido diploma legal regulamenta novas espécies de parcerias que podem ser firmadas entre 
o poder público e as entidades privadas sem fins lucrativos em questão, quais sejam, o termo de 
colaboração, o termo de fomento ou o acordo de cooperação, cada qual com regras específicas. 
De acordo com o artigo 2º, inciso VII, da Lei nº 13.019/2014, constitui termo de colaboração 
instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela Administração 
Pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse 
público e recíproco propostas pela Administração Pública que envolvam transferências de 
recursos financeiros. 
Já o artigo 2º, inciso VIII, da Lei nº 13.019/2014, dispõe que termo de fomento é instrumento 
por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela Administração Pública com 
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organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e 
recíproco propostas pelas organizações da sociedade civil que envolvam transferências de 
recursos financeiros. 
Logo, patente que a peculiaridade entre o termo de colaboração e o termo de fomento verifica-
se a partir da análise de qual das partes provoca a parceria. Enquanto no primeiro a 
Administração Pública propõe a formalização do acordo entre as partes, no segundo, a 
celebração da parceria é proposta pela própria organização da sociedade civil, sendo que em 
ambos está previsto o repasse de recursos financeiros pela Administração Pública. 
 
 
Questão 12. O Distrito Federal é considerado uma entidade administrativa? 
Comentários 
 
O Distrito Federal é um ente político e não um ente administrativo. 
Entes políticos são pessoas jurídicas de direito público que integram a estrutura constitucional 
do Estado. Possuem poderes políticos e administrativos, ou seja, fazem suas próprias leis e têm 
administração própria. Integram a administração direta. 
No Brasil, os entes políticos são a União, Estados, DF e Municípios 
 
 
Questão 13. No Governo Federal, a Casa Civil realizou pregão e, ao final, elaborou registrode preços para a contratação de serviço de manutenção dos computadores e 
impressoras, consolidando a ata de registro de preços (com validade de seis meses) em 
02.10.2010. A própria Casa Civil será o órgão gestor do sistema de registro de preços, 
sendo todos os ministérios órgãos participantes. 
Em 07.02.2011, o Ministério “X” pretendeu realizar contratação de serviço de 
manutenção dos seus computadores no âmbito deste registro de preços, prevendo 
duração contratual de 1 (um) ano. 
 
Nesta situação, indicando o fundamento legal, responda aos itens a seguir. 
A) É válida a elaboração de uma ata prevendo preço para a prestação de serviços e 
que permita futuras contratações sem novas licitações? 
B) Um deputado integrante da oposição, constatando que os preços constantes da ata 
são 20% superiores aos praticados pelas três maiores empresas do setor, poderá 
impugnar a ata? 
C) O Ministério “X” pode realizar a contratação pelo prazo desejado? 
Comentários 
 
A elaboração de ata de registro de preço é válida, conforme disposição do artigo 11, da Lei 
10520/00 e Decreto 7892/13, que trata do Sistema de Registro de Preços. Sua função é de 
permitir que se registrem preços, geralmente para unidades que realizam contratações 
frequentes de determinado bem ou serviço, visando a futuras contratações sem novas licitações. 
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Se os preços constantes da ata forem superiores aos praticados no mercado, qualquer cidadão 
poderá impugnar preço incompatível com o de mercado. Tal fundamento encontra amparo no 
artigo 15, § 6º, da Lei 8666/93. 
Quanto ao Ministério X, este poderá realizar a contratação do serviço de manutenção dos 
computadores e impressoras pelo prazo de um ano, com limite de até 48 meses, previsto no 
artigo 57, IV, da Lei 8666/93. No entanto, deverá manifestar que deseja aderir à ata de registro 
de preço dentro de seu prazo de validade, que é de seis meses no caso ora analisado, podendo 
chegar ao limite de um ano, já incluídas eventuais prorrogações, em conformidade com o artigo 
15, §3º, III, da Lei 8666/93. 
 
 
Questão 14. Discorra acerca das possibilidades de controle sobre as agências 
reguladoras. 
Comentários 
 
O governo federal, por meio do Plano Nacional de Desestatização (PND), permitiu que 
atividades anteriormente exclusivas da administração passassem à iniciativa privada. 
Nesse contexto, na busca por uma desburocratização e redução de despesas, fez-se necessário 
o surgimento das Agências Reguladoras (terminologia que se inspirava no regime norte-
americano) com função de regulação. 
As agências reguladoras são, portanto, autarquias de regime especial, instituídas em razão do 
fim do monopólio estatal e são responsáveis pela regulamentação, controle e fiscalização de 
serviços públicos, atividades e bem transferidos ao setor privado. Podemos citar como exemplo 
a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Agência Nacional do Petróleo (ANP), a 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), dentre outras. 
Importa notar que a previsão constitucional para o surgimento das agências reguladoras 
encontra-se nos artigos 21, XI e 177, §2º, III, todos da Constituição Federal de 1988, inseridos, 
respectivamente, pelas Emendas Constitucionais 8 e 9 de 1995, quando nasceram essas 
autarquias especiais. 
Como resta latente no próprio conceito atribuído, as agências reguladoras possuem regime 
especial dotado de prerrogativas que garantem maior autonomia, independência e atuação. Não 
significa, todavia, a inexistência de controle sobre os atos dessas agências, afinal, vivemos num 
Estado de Direito, sendo inimaginável a composição de um poder ilimitado a essas autarquias. 
Neste sentido, importa analisar as formas de delimitação externa das ações dessas entidades 
públicas, o que visa assegurar o cumprimento dos princípios gerais do nosso ordenamento 
jurídico. 
Tendo em vista que a criação dessas entidades se dá por meio de lei específica, não se pode 
olvidar que essas leis criadoras devem, formalmente, instituir a previsão do controle legislativo 
de suas ações. Busca-se, assim, assegurar a independência das agências, garantido que suas 
atribuições instituídas por lei estejam sendo cumpridas. Esse controle gera a segurança e a 
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confiabilidade da sociedade, além de evitar que a administração acabe por exceder suas 
prerrogativas e cometa desvio de finalidade. 
Além do controle legislativo, previsto constitucionalmente no art. 49, X, da CRFB, vislumbra-se 
também o controle exercido pelo Tribunal de Contas, conforme art. 70, da CRFB. 
Verifica-se, dessa forma, que as agências reguladoras federais, como autarquias que o são, não 
podem se eximir do controle externo exercido pelo Tribunal de Contas acerca da gestão 
administrativa em sentido próprio. Necessário notar, todavia, que não caberá ao Tribunal de 
Contas investigar o conteúdo das decisões regulatórias emitidas pela agência, mas, tão somente, 
os dispêndios, licitações e contratações produzidos, bem como os atos atinentes a pessoal e sua 
remuneração. 
Ainda a respeito do controle que as agências reguladoras sofrem, não se ignora o controle 
exercido pelo poder judiciário, que deve apreciar a legalidade de qualquer ato da Administração 
Pública, conforme determinação constitucional, como se nota na leitura do artigo 5°, inciso 
XXXV da Constituição Federal. 
Em relação fiscalização realizada pelo Ministério Público, as agências reguladoras também se 
submetem a prestação de esclarecimentos quando se fizer necessário, já que se trata de ônus 
imposto a toda a Administração Pública. 
Ademais, o Ministério Público é o titular da legitimação ativa para ação popular e ação civil 
pública, podendo questionar os atos de cunho regulatório que fogem às determinações da 
legislação própria. 
Por fim, as agências reguladoras são instrumentos de proteção e segurança da economia, sendo 
fundamental uma atuação pautada na transparência e publicidade. Desta forma, para serem 
socialmente legitimas, precisam estar abertas ao controle da população, criando meios que 
garantam a proximidade com a sociedade, seja com a realização de audiências públicas ou 
criação de ouvidorias, dentre outras formas. 
 
 
Questão 15. Acerca da ocupação temporária de propriedades pelo poder público, redija 
um texto dissertativo que aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: 
A) conceito de ocupação temporária de propriedades pelo poder público; 
B) fundamento ou justificativa para ocupação temporária de propriedades pelo 
poder público; 
C) possibilidade de transferência da propriedade ocupada a terceiros e limites de 
alteração dessa propriedade. 
Comentários 
 
A ocupação temporária é modalidade de intervenção restritiva ou branda, na qual o Estado 
impõe restrições e condições à propriedade, sem retirá-la de seu titular. Caracteriza-se pela 
ocupação por prazo determinado e em situação de normalidade de propriedade privada, para a 
execução de obras públicas ou prestação de serviços públicos. Difere-se da requisição 
administrativa pois, enquanto esta possui um caráter urgente, pressupondo um perigo público 
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iminente (estado de necessidade), a ocupação pode ser utilizada regularmente, em contexto de 
normalidade, como já dito. 
A fundamento legal de tal intervenção encontra esteio no art. 36 do Decreto-lei 3.365/41,dispondo que a ocupação temporária de terrenos não edificados e vizinhos às obras será 
indenizada por ação própria. Também mencionam a ocupação temporária o art. 13, parágrafo 
único, da Lei 3.924/61 (escavações arqueológicas), art. 58, V, da Lei 8.666/93 (ocupação de bens 
móveis e imóveis objeto de contrato administrativo em hipótese de faltas do contratado ou 
rescisão da avença) e art. 35, §3°, da Lei 8.987/95 (ocupação dos bens reversíveis para garantir 
a continuidade do serviço público). A Constituição da República de 1988 também cita a 
ocupação temporária no art. 136, §1°, II, entretanto, uma vez que um de seus requisitos é a 
ocorrência de calamidade pública, entende a doutrina que se trata de hipótese de requisição, e 
não ocupação temporária propriamente dita. 
Por sua vez, o fundamento fático baseia-se na necessidade de execução de uma obra pública ou 
prestação de um serviço público, ambos de caráter transitório e temporário. Caso seja verificada 
a necessidade de uma prestação indefinida do serviço, a ocupação temporária deverá preceder 
o procedimento de desapropriação, regido também pelo Decreto-lei 3.365/41. 
O objeto da ocupação temporária é, geralmente, um bem imóvel, entretanto, parte da doutrina 
admite a ocupação de bens imóveis e serviços de igual maneira (Marçal Justen Filho), como, 
aliás, cita expressamente o art. 58, V, da Lei 8.666/93. 
Quanto à forma de instituição e extinção, não há previsão legal específica, razão pela qual uma 
primeira corrente doutrinária entende que a ocupação temporária é autoexecutável, sem a 
necessidade de edição de um decreto. Uma segunda corrente diferencia as espécies de ocupação 
para tanto: se preceder um procedimento de desapropriação, é imprescindível o decreto; se for 
ocupação pura e simples, aquele não é necessário. Para a terceira corrente, é sempre necessária 
a expedição de um decreto, qualquer que seja a modalidade, em razão da aplicação do Decreto-
lei 3.365/41, tal como ocorre nas servidões (Rafael Oliveira). 
Em relação ao processo indenizatório, apesar da previsão expressa do já citado art. 36 do 
Decreto-lei 3.365/41, doutrina majoritária entende que esta só é cabível quando houver dano 
ou perda econômica por parte do particular, sob pena de enriquecimento sem causa, ou quando 
estiver vinculada a um processo de desapropriação. O prazo para a propositura de ação 
indenizatória é de 5 anos (art. 10, parágrafo único, do Decreto-lei 3.365/41). 
Por fim, a transferência da propriedade ocupada a terceiros deverá ser precedida de um 
processo de desapropriação, que, por sua vez, pode ser decorrente de um procedimento de 
ocupação temporária. Assim sendo, a transferência a terceiros depende de transferência 
dominial decorrente de procedimento de desapropriação, ainda que seguido à ocupação 
temporária. 
 
 
 
Questão 16. O Estado ABCD contratou a sociedade empresária X para os serviços de 
limpeza e manutenção predial do Centro Administrativo Integrado, sede do Governo e de 
todas as Secretarias do Estado. Pelo contrato, a empresa fornece não apenas a mão de 
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obra, mas também todo o material necessário, como, por exemplo, os produtos químicos 
de limpeza. 
 
O Estado deixou, nos últimos 4 (quatro) meses, de efetuar o pagamento, o que, inclusive, 
levou a empresa a inadimplir parte de suas obrigações comerciais. 
 
Com base no caso apresentado, responda aos itens a seguir: 
A) A empresa é obrigada a manter a prestação dos serviços enquanto a Administração 
restar inadimplente? 
B) Caso, em razão da situação acima descrita, a empresa tenha deixado de efetuar o 
pagamento aos seus fornecedores pelos produtos químicos adquiridos para a 
limpeza do Centro Administrativo, poderão esses fornecedores responsabilizar o 
Estado ABCD, subsidiariamente, pelas dívidas da empresa contratada? 
Comentários 
 
No que tange ao item a, a sociedade empresária X não está obrigada a manter a prestação dos 
serviços, haja vista o inadimplemento por parte da Administração Pública superior a 90 dias, o 
que autoriza a empresa X a suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja 
normatizada a situação. 
Essa prerrogativa conferida a contratada está prevista no art. 78, XV da Lei 8666/93. Aplica-se 
de maneira mitigada a teoria da exceção do contrato não cumprido, desde que respeitado o 
prazo de 90 dias de inadimplemento por parte da Administração. 
Por sua vez, no que se refere ao item b, caso a empresa X tenha deixado de efetuar o pagamento 
aos seus fornecedores pelos produtos químicos adquiridos para a limpeza do Centro 
Administrativo, estes NÃO poderão responsabilizar o Estado ABCD, subsidiariamente, pelas 
dívidas da empresa contratada, haja vista que o art. 70 da Lei 8666/93, é claro ao dizer que o 
contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a terceiros, 
decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato. Ademais, o art. 71, parágrafo 1º da 
referida lei, reforça a ideia, afirmando categoricamente que a inadimplência do contratado, com 
referência a encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere a Administração a 
responsabilidade por seu pagamento. 
Além do mais, não há vínculo contratual entre os fornecedores da empresa X com a 
Administração Pública, aplicando a regra geral dos contratos que se refere ao princípio da 
relatividade dos efeitos, aplicando os efeitos do contrato apenas as partes que o compõe, não 
participando dessa relação a Administração Pública. 
Importante apenas ressaltar decisão recente do STF que interpretou o art. 71. Parágrafo 1º da 
Lei 8666/93, concluindo que a inadimplência do contratado no que tange aos encargos 
trabalhistas, fiscais e comerciais, não transfere automaticamente a responsabilidade do 
pagamento para a Administração, devendo haver prova da negligência (culpa) da 
Administração para que esta responda de maneira subsidiaria. 
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A fim de complementar, importante mencionar que essa regra não é aplicável nos casos de 
encargos previdenciários, no qual o próprio parágrafo 2º do dispositivo legal afirma que a 
responsabilidade nesses casos é solidária por parte da Administração. 
 
 
Questão 17. Tendo em vista que, na atualidade, inúmeras ações judiciais têm sido 
impetradas contra autarquias federais, visando à liberação de bens apreendidos por 
estarem sendo utilizados em infrações ambientais, como, por exemplo, caminhões 
utilizados no transporte de madeira ilegalmente extraída; gaiolas e malas utilizadas no 
transporte de animais silvestres; e tratores utilizados para desmatamento ou 
parcelamento irregular, redija um texto dissertativo a respeito da apreensão de bens 
utilizados na prática de infrações administrativas ambientais. Ao elaborar seu texto, 
aborde, necessariamente, os seguintes pontos: 
A) apreensão como cautela ou como sanção administrativa; 
B) momentos de aplicação da apreensão; 
C) aplicabilidade ou não das modalidades de apreensão à esfera penal; 
D) possibilidade ou não da apreensão administrativa definitiva se houver absolvição 
do autuado na esfera penal. 
Comentários 
 
O Decreto 6.514/2008 dispõe acerca das infrações administrativas ambientais, o seu art. 3º 
reproduz o contido no art. 72 da Lei 9.605/98. Dentre as modalidades por sanção administrativa 
está a busca e apreensão (inciso IV). 
Em regra, as medidas devem ser aplicadas após oportunizar o contraditório e ampla defesa do 
autuado. Porém, é possível a sua utilização como medida sancionatória ou acautelatória (artigo 
101), a depender da análise do caso concreto,com o fito de evitar a continuidade infracional, o 
agravamento do dano ambiental ou para resguardar a utilidade do processo administrativo. 
Ressalta-se a aplicabilidade das modalidades de apreensão à esfera penal. Por sua vez, no que 
concerne à absolvição do autuado, eventual liberação da apreensão deve ser analisada 
concretamente, bem como a depender do seu motivo, pois a absolvição por falta de provas, por 
si só, não culmina na liberação. 
 
 
 
Questão 18. Na hipótese de absolvição de servidor público no juízo criminal, com 
sentença transitada em julgado, e por ilícito definido pela lei também como de natureza 
administrativa, é possível a obtenção da extinção de processo administrativo disciplinar 
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instaurado contra esse servidor pelo mesmo fato (ilícito), por intermédio do Mandado de 
Segurança? 
Comentários 
 
O artigo 935 do CC consagra o princípio da independência de instâncias, o que implica que a 
decisão do juiz criminal não interfere no cível e assim por diante. 
No entanto, o mesmo artigo também estabelece que na hipótese de comprovação da inexistência 
do fato ou negativa de autoria no crime, há coisa julgada definitiva no cível também a respeito. 
Hipóteses há, contudo, em que a absolvição criminal repercutirá sobre a esfera administrativa. 
Isso se verifica quando a decisão judicial reconhece a inexistência do fato (art. 386, inciso I, do 
CPP) ou a negativa de autoria (art. 386, inciso IV, do CPP). Nessas hipóteses, uma vez absolvido 
o acusado, não há óbice à impetração de mandado de segurança visando à extinção do processo 
administrativo-disciplinar, verificando-se, no caso, autêntico direito líquido e certo. 
Situação diversa se verifica nas demais hipóteses de absolvição criminal notadamente em razão 
da ausência de provas suficientes para a condenação, que não repercutem na esfera 
administrativa e, portanto, não autorizam o ajuizamento da ação mandamental. 
 
 
 
Questão 19. O Município de Bugalhadas foi escolhido para sediar a Feira Mundial do 
Agronegócio, a ser realizada em 2016. São esperados mais de 10.000 (dez mil) turistas e 
visitantes nos 5 (cinco) dias de evento. O Município, entretanto, não está preparado, e, 
por isso, anunciou um grande pacote de obras de urbanização, com recursos repassados 
pela União e pelo Estado. Estão previstas obras de ampliação de ruas, asfaltamento, 
ampliação da rede coletora de esgotos, construção de praças e ciclovias, além da reforma 
do centro de convenções, que somadas, alcançam o montante de R$ 90.000.000,00 
(noventa milhões de reais). 
 
Sobre a hipótese apresentada, responda aos itens a seguir: 
A) É possível ao Município licitar a realização de todas as obras em conjunto? 
B) Considerando a necessidade de conclusão das obras até a realização do evento, 
pode o Município estabelecer, como tipo de licitação, o menor prazo de execução 
da obra (considerando o orçamento estimado como limite de valor das propostas)? 
Comentários 
 
A) Não é possível, no caso, realizar a licitação de todas as obras em conjunto, já que não se 
encontram presentes as hipóteses previstas na Lei nº 12.462/2011 que autorizam a contratação 
integrada. Nesse sentido, a licitação deve observar os parâmetros estabelecidos na Lei nº 
8.666/93, que preconiza em seu art. 23, §1º, que as obras efetuadas pela administração devem 
ser divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem economicamente viáveis, 
procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no 
mercado e à ampliação da competitividade, sem perda da economia de escala. 
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B) O Município não pode estabelecer como tipo de licitação o "menor prazo de execução da 
obra", já que somente é possível adotar os tipos de licitação expressamente previstos em lei (art. 
45, §5º, da Lei nº 8.666/93). A Lei nº 8.666/93, especificamente, estabelece no art. 45, §1º, que 
são tipos de licitação a de "menor preço", a de "melhor técnica", a de "técnica e preço" e a de 
"maior lance ou oferta", devendo o Município adotar um desses tipos no caso. 
 
 
Questão 20. A sociedade empresária “Mais Veloz”, concessionária do serviço público de 
transporte ferroviário de passageiros no Estado X, está encontrando uma série de 
dificuldades na operação de um dos ramais do sistema ferroviário. Os consultores da 
sociedade empresária recomendaram aos seus administradores a manutenção da 
concessão, que é lucrativa, e a subconcessão do ramal que está gerando problemas. Os 
consultores, inclusive, indicaram o interesse de duas empresas em assumir a operação 
do ramal e ambas atendem a todos os requisitos de qualificação que haviam sido 
inicialmente exigidos no edital de concessão do serviço. 
Com base no caso apresentado, responda: 
A) Caso seja silente o contrato de concessão celebrado, pode haver a subconcessão do 
ramal que está gerando problemas operacionais? 
B) Caso autorizada a subconcessão, a sociedade empresária “Mais Veloz” pode 
escolher livremente uma das duas empresas para celebrar o contrato de 
subconcessão? 
Comentários 
 
A) Caso o contrato de concessão celebrado seja silente, não pode haver subconcessão do ramal 
em apreço, já que somente se admite subconcessão quando há autorização expressa do poder 
concedente, nos termos previstos no contrato de concessão, de acordo com o artigo 26, caput, 
da Lei nº 8.987/95. 
B) Na hipótese de a subconcessão ser autorizada, não se admite que a empresária escolha 
livremente uma das empresas para celebrar o contrato, já que se exige que a subconcessão seja 
precedida de concorrência, conforme o artigo 26, §1º, da Lei nº 8.987/95. 
 
 
Questão 21. João, servidor público federal estável, teve instaurado contra si processo 
administrativo disciplinar, acusado de cobrar valores para deixar de praticar ato de sua 
competência, em violação de dever passível de demissão. A respectiva Comissão 
Processante elaborou relatório, no qual entendeu que a prova dos autos não era muito 
robusta, mas que o testemunho de Ana, por si só, revelava-se suficiente para a aplicação 
da pena de demissão, o que foi acatado pela autoridade julgadora competente, a qual se 
utilizou do próprio relatório como motivação para o ato demissional. 
Diante da gravidade da conduta imputada a João, foi igualmente instaurado processo 
criminal, que resultou na sua absolvição por ausência de provas, sendo certo que o 
Magistrado, diante dos desencontros do testemunho de Ana na ação penal, determinou a 
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extração de cópias e remessa para o Ministério Público, a fim de que tomasse as 
providências que entendesse cabíveis. 
O Parquet, por sua vez, denunciou Ana pelo crime de falso testemunho pelos exatos fatos 
que levaram à demissão de João no mencionado processo administrativo disciplinar, e, 
após o devido processo legal, ela foi condenada pelo delito, por meio de decisão 
transitada em julgado. 
Com base no texto acima, responda aos itens a seguir: 
A) Em sede de processo administrativo federal, poderia a autoridade competente 
para o julgamento ter se utilizado do relatório da comissão processante para 
motivar o ato demissório de João? 
B) A condenação penal de Ana poderia ensejar a revisão do processo administrativo 
disciplinar que levou à demissão de João? 
Comentários 
 
A) Sim, muito embora o relatório da comissão processantenão tenha caráter vinculante, visto 
que poderá ser adotado ou não como razão de decidir pela autoridade administrativa, nada 
impede que o parecer administrativo seja utilizado para motivar ato demissório de João. 
B) Sim, a condenação penal de Ana pode ensejar a revisão do processo administrativo 
disciplinar que levou à demissão de João. Como sabido, o processo disciplinar poderá ser 
revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou 
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido (artigo 174, da Lei nº 8.112/90). 
Evidentemente, a condenação penal de Ana por falso testemunho é circunstância juridicamente 
idônea a ponto de justificar a revisão da pena aplicada. até mesmo porque, afora a palavra desta 
única testemunha, não existiam elementos probatórios indicando a culpa de João. 
 
 
Questão 22. Discorra, com base no fundamento legal e na jurisprudência, sobre a 
possibilidade de que a municipalidade proceda à desafetação de áreas destinadas a 
sistemas de circulação e à implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como 
a espaços livres de uso público que tiveram o domínio transferido ao município durante 
o parcelamento do solo urbano. 
Comentários 
 
Como se sabe, a Constituição assegura aos municípios autonomia para dispor sobre seus bens e 
serviços, competência para suprir a legislação federal e estadual no que couber, ainda tem a 
obrigação de criar o plano diretor nos casos previstos no artigo 41 do Estatuto da Cidade, como 
o caso de cidades com mais de vinte mil habitantes. Por sua vez, o artigo 24, inciso I, da CF, 
preconiza ser de competência legislativa concorrente entre União e Estados, além do DF, dispor 
sobre direito urbanístico. Vale também enfatizar que a CF ressalta que a propriedade deverá 
cumprir sua função social e esta estará atendida se estiver de acordo com os requisitos de 
ordenação expressas no Plano Diretor (artigo 182, §2º, da CF). 
Diante do exposto, surgiu controvérsia sobre o comando previsto no artigo 17, da Lei de 
parcelamento do solo, que diz que os espaços livres de uso comum, as vias e praças, as áreas 
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destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos constantes do projeto e do 
memoria descritivo, não poderão ter sua destinação alterada pelo loteador, desde a aprovação 
do loteamento, bem como o artigo 22 da referida lei prevê que desde a data do registro do 
loteamento passam a integrar o domínio do Município vias e praças, os espaços livres e as áreas 
destinadas a edifícios público e outros equipamentos urbanos, constantes do projeto e do 
memorial descritivo, no que vem a ser chamado de áreas institucionais. O conflito se dá em 
relação a possibilidade de o Município poder desafetar tais áreas para posterior alienação, ou 
seja, se o comando do artigo 17 da lei de parcelamento do solo é voltado apena ao loteador, ou 
aplica-se também a municipalidade. 
A princípio, sabe-se que os Municípios podem alienar bens públicos quando estes estiverem 
desafetados, ou seja, integrados a categoria de bens dominicais. De outro lado, o operador do 
direito não deve conferir aos dispositivos em comento interpretação meramente literal, deve se 
buscar uma interpretação sistemática, buscando-se em todo ordenamento jurídico a melhor 
solução a ser aplicada ao caso. 
Portanto, conforme já decidido pelos Tribunais, não há óbice para os Municípios alienarem as 
áreas nesta condição que vierem a integrar o domínio público, desde que não haja disposição 
em sentido contrário nos âmbitos federal e estadual, assim como deverá ser analisado caso a 
caso, para se aferir eventual desproporcionalidade da medida de desafetação, ou seja, deve se 
aferir se tal medida é favorável ao interesse público, notadamente, se não prejudicará os 
interesses dos adquirentes dos lotes, assim também se já estão à disposição os equipamentos 
urbanos pelos quais a norma autoriza a transferência, sob pena de se transformar o instituto 
em verdadeira desapropriação indireta prevista em lei. 
 
 
Questão 23. O Estado do Amazonas construiu um hospital em área que entendia ser de 
sua propriedade. Passados seis anos, João Tício ajuíza ação em face do estado do 
Amazonas postulando a reintegração na posse do referido imóvel, ou, alternativamente, 
indenização. 
No curso da demanda ficou comprovado que o imóvel, onde se construiu o hospital 
público, era de propriedade de João Tício. Assim, após o regular processamento da 
demanda, com a devida contestação, veio parecer do MP, no sentido da ocorrência da 
prescrição quinquenal. 
Sendo você o Juiz da causa, apresente os fundamentos da decisão, indicando o instituto 
posto, e o eventual direito de João Tício. 
Comentários 
 
Trata-se de nítida desapropriação indireta realizada pelo Estado. Esta, nada mais é do que uma 
desapropriação sem as formalidades necessárias, equiparando-se a um esbulho. Segundo a 
jurisprudência do STJ, para a configuração do instituto, três elementos devem estar presentes: 
apossamento do bem pelo Estado sem prévia observância do devido processo legal; afetação do 
bem; e irreversibilidade da situação fática. 
Em relação a tese defendida pelo Ministério Público, há que se ressaltar, conforme 
entendimento do STJ, que não restou caracterizada a prescrição. Isso porque, aplica-se a Súmula 
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119 do STJ, com adaptação do prazo prescricional, que deve ser entendido como sendo de 10 
anos, por aplicação do artigo 1238, parágrafo único do Código Civil. 
Com relação ao pleito de reintegração do imóvel, este merece ser rejeitado, uma vez que no local 
restou construído hospital público, demonstrando a irreversibilidade da situação fática, diante 
da afetação do bem. 
Desta forma, buscando-se evitar o enriquecimento ilícito por parte do Estado, o qual, de forma 
irregular, tomou bem imóvel de propriedade do autor, causando dano a este, deve ser 
condenado a indenizá-lo. 
 
 
Questão 24. Ação de responsabilidade (pretensão de indenização) em face da Fazenda 
Pública prescreve em 3 anos (artigo 206, § 3°, V do Código Civil) ou em 5 anos (artigo 1° 
do Decreto n° 20.910/32)? 
Comentários 
 
Há grande controvérsia doutrinária e jurisprudencial acerca do prazo prescricional aplicável à 
ação de responsabilidade em face da Fazenda Pública. 
Entretanto, ao menos no âmbito jurisprudencial, o STJ, em sede de recurso repetitivo, pacificou 
seu entendimento no sentido de que o prazo prescricional aplicável é o de 05 (cinco) anos, 
contido no artigo 1º do Decreto 20910/32. 
Como fundamento, o Tribunal aponta o caráter especial do Decreto 20910/32, diploma 
normativo que regula a prescrição das pretensões formuladas contra a Fazenda Pública, ao 
passo que a norma contida no Código Civil é geral e, portanto, não pode determinar a revogação 
daquela. 
Salienta o Tribunal, ainda, que a previsão do artigo 10 do Decreto mencionado não autoriza a 
conclusão de que o prazo prescricional fora reduzido pelo Código Civilista. De fato, o dispositivo 
destaca que o decreto não alteraria eventuais prazos prescricionais menores, o que demonstra 
que o artigo remete à legislação vigente à época. 
 
 
Questão 25. Discorra acerca da prescrição nas ações de ressarcimento do dano ao erário 
decorrentes de atos de improbidade administrativa. 
Comentários 
 
O artigo 37, § 5º, da Constituição Federal, prevê que lei estabelecerá os prazos de prescrição 
para os ilícitos praticados que causarem prejuízo ao patrimônio público, com exceção das 
respectivas ações de ressarcimento. Assim, depreende-seque seria imprescritível a ação para 
ressarcimento ao erário decorrente de condutas ilícitas. 
Neste sentido, parcela da doutrina passou a entender que a imprescritibilidade se daria apenas 
no interregno entre a entrada em vigor da CF e a edição da Lei nº 8.429/92 e que, com o advento 
desta, passaria a ser prescritível as respectivas ações, tendo em vista que a intenção foi de que 
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não prescrevessem as pretensões indenizatórias até a edição da lei mencionada. 
Fundamentavam-se no fato de que quando o constituinte quis que determinado tema fosse 
imprescritível, o fez de modo expresso, como é exemplo o racismo e a ação de grupos armados, 
o que não seria o caso dos atos de improbidade administrativa. 
O STF ao se debruçar sobre o tema entendeu que as sanções de perda de bens, perda da função 
pública, suspensão dos direitos políticos e de eventual multa civil, prescrevem no prazo de 05 
anos, nos moldes do artigo 23, da Lei de Improbidade Administrativa. Porém, ao fixar tese em 
sede de repercussão geral, ressaltou que, com relação ao ressarcimento ao erário, seria 
imprescritível apenas para os atos dolosos de improbidade, como é o caso dos atos que 
importem enriquecimento ilícito (art. 9º), que causem prejuízo ao erário (art. 10º) e os atos que 
atentem contra os princípios da Administração Pública (art. 11). Deste modo, para os atos que 
causam dano ao patrimônio público praticados culposamente (lembrando que é o único punido 
a título de culpa) é possível a prescrição da pretensão, em decorrendo o prazo legal. 
Portanto, para finalizar, o entendimento atual é de que são imprescritíveis as ações de 
ressarcimento decorrentes de atos dolosos de improbidade administrativa. De outro lado, são 
prescritíveis no prazo de 05 anos as ações de ressarcimento com relação aos atos culposos de 
improbidade. Ainda, cabe ressaltar serem prescritíveis as ações de reparação aos danos ao 
patrimônio público, no que concerne aos ilícitos civis, que não caracterizem atos ímprobos, cujo 
prazo ainda é divergente na jurisprudência, sendo que para o STJ é de 05 anos, nos termos do 
artigo 1º, do Decreto 20.910/1932, e de outra parte da jurisprudência é de 03 anos, com base 
no artigo 206, § 3º, inciso V, do Código Civil. 
 
 
Questão 26. O cidadão “X” foi eleito para o cargo de Prefeito do Município de Pasárgada 
no ano de 2000, tendo desempenhado regularmente seu mandato. Em outubro de 2004, 
foi reeleito, tendo ocupado o cargo de Chefe do Executivo Municipal até 31.12.2008, após 
o que retornou ao exercício de seu cargo efetivo de Auditor Fiscal do Município. 
 
Em 2004, o Município de Pasárgada celebrou convênio com o FNDE - Fundo Nacional de 
Desenvolvimento da Educação, Autarquia Federal, em decorrência do qual foram 
repassados à Municipalidade recursos (R$ 5.000.000,00) destinados à melhoria da 
infraestrutura física de escolas, como meta de programa federal em curso naquela época. 
 
Em setembro de 2006, auditoria realizada pelo órgão de controle interno do FNDE 
apontou irregularidade na aplicação dos recursos, tendo em vista a aquisição, em 
05.05.2004, por determinação do então Prefeito Municipal, de materiais de construção, 
com indevida dispensa de licitação e por preço superfaturado. A despeito disso, o 
Tribunal de Contas e a Câmara Municipal aprovaram integralmente as contas da 
Prefeitura, referentes ao exercício de 2004, considerando, em relação àquela compra, a 
existência apenas de irregularidades de índole formal. 
 
Cientificado do episódio, o Ministério Público Federal, com base no relatório de auditoria 
do FNDE que lhe foi encaminhado no final do ano de 2009, ajuizou ação de improbidade 
contra o cidadão “X”, em 07.07.2011, imputando-lhe a prática de ato de improbidade 
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administrativa, em razão dos fatos acima apontados. A ação foi protocolizada perante o 
Juízo Federal da Seção Judiciária correspondente, tendo sido requerida a condenação em 
suspensão de direitos políticos, perda da função pública de Auditor Fiscal Municipal, 
pagamento de multa civil e ressarcimento ao Erário. 
 
Em sua defesa, o cidadão e ex-Prefeito “X” alegou, sucessivamente, o seguinte: 
a) descabimento de ação de improbidade, porquanto a imputação se refere a atos 
decorrentes do exercício do mandato de Prefeito Municipal, o qual já havia 
cessado, por ocasião do ajuizamento da ação; 
b) ausência de dolo na conduta, elemento essencial à caracterização do ato de 
improbidade administrativa imputado; 
c) prescrição da ação de improbidade, fulminando toda a pretensão deduzida na 
ação; 
d) não caracterização de improbidade administrativa, tendo em vista que o Tribunal 
de Contas e a Câmara Municipal consideraram regulares as contas referentes ao 
citado convênio; 
e) descabimento da sanção de perda de função pública, na espécie; impossibilidade 
de cumulação de sanções na responsabilização por improbidade administrativa, 
em especial, impossibilidade de cumulação das cominações de suspensão de 
direitos políticos e perda de função pública, bem como de multa civil e 
ressarcimento de dano, por serem cominações de mesma natureza. 
 
A partir dos elementos apresentados, analise os itens acima, apontando acertos ou 
desacertos jurídicos nas teses apresentadas pelo réu na ação de improbidade, bem como 
indicando a solução adequada para cada uma das questões suscitadas pela defesa. 
Comentários 
 
A Constituição de 1988 demonstra uma preocupação com a repressão à prática de condutas 
ímprobas e, em seu art. 37, §4º, enumera as sanções que poderão ser aplicadas em razão da 
prática de improbidade administrativa. No entanto, nem a Constituição nem a lei nº 8.429/1992 
definem improbidade administrativa. 
A improbidade administrativa é uma conduta que revela uma imoralidade qualificada, trata-se 
de uma conduta que revela uma deslealdade ímpar. Não é qualquer ilegalidade ou imoralidade 
que representa improbidade administrativa. A lei de improbidade existe para combater práticas 
corruptas, desonestas, desleais, ou seja, imoralidades qualificadas. 
A lei de improbidade estabelece os prazos prescricionais em seu art. 23. Destaca-se que em 
1992, quando a lei improbidade surgiu, não havia o instituto da reeleição em nosso 
ordenamento jurídico. Assim, como atualmente há possibilidade de haver a reeleição, o STJ 
entende que o prazo começa a contar do final do segundo mandato mesmo que haja interrupção 
entre os dois mandatos. 
Desta feita, o prazo prescricional na hipótese aventada é de 05 (cinco) anos (art. 23, I, da lei nº 
8.429/1992) contado do termino do 2º mandato. Assim, como o 2º mandato terminou em 
31/12/08, o prazo prescricional iniciou em 01/01/09. 
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As condutas de improbidade são exemplificadas nos artigos 9º, 10 e 11 da lei de regência, sendo 
que a doutrina e a jurisprudência estabelecem que dos três artigos o único que permite a 
punição da modalidade culposa, além da dolosa, é o art. 10. Assim, há possibilidade de que o ato 
de improbidade seja caracterizado apenas com a presença do elemento culpa, desde que 
referida conduta tenha causado dano ao erário. 
Cumpre destacar que não se faz necessário para caracterizar o ato de improbidade 
administrativa que as contas públicas sejam consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas 
e/ou pela Casa Legislativa, vez que prevalece

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