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GUIA PRÁTICO EM ABORDAGEM SINDRÔMICA Prática baseada em evidência SÍFILIS CANCRO DURO E CANCRO MOLE HPV CLAMÍDIA GONORRÉIA HERPES GENITAL HIV PRELIMINAR 1 Liney Maria Araújo Kamylla Cavalcante Taques dos Reis Gislaine Baldo Closeny Maria Soares Modesto Helder Cassio de Oliveira GUIA PRÁTICO EM ABORDAGEM SINDRÔMICA Prática baseada em evidência Sífilis CUIABÁ – MT 2017 PRELIMINAR 2 É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Tiragem: 1ª edição – 2017 – 60 exemplares. Copyright © 2011 – Hospital Universitário Julio Muller/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares Todos os direitos reservados. A reprodução do todo ou de parte deste documento não é permitida sem a autorização prévia e formal dos autores, constitui violação da Lei nº 9.610/98. As informações são de responsabilidade dos autores. A editora não se responsabiliza pelo mau uso das informações contidas neste livro. 1ª edição Impresso no Brasil Print in Brasil Autores: Liney Maria Araújo Kamylla Cavalcante Taques dos Reis Gislaine Baldo Closeny Maria Soares Modesto Helder Cassio de Oliveira Co-Autores: Antônio Benedito Vieira (Técnico de Enfermagem) Eva Clarice Abdo Grigoli (Médica) Emílio Carlos Alves Santos (Enfermeiro) Inês Stranieri (Biomédica) Kassila Conceição Ferreira Santos (Enfermeira) Marcia Mª T. da Rocha (Técnica de Enfermagem) Miriam Estela de Souza Freire (Enfermeira) Roberto Kazan (Médico) Wilian Benedito de Proença Júnior (Médico) Colaboradores: Ana Caroline Bezerra Oliveira (Enfermeira) Rosalina da Silva Alexandre (Enfermeira) Paulo José Siqueira Ribeiro (Técnico de Enfermagem) Marcia Aparecida Quatti (Enfermeira) Mariella Padilha (Fisioterapeuta) Heloisa Maria Pierro Cassiolato (Enfermeira) Formatação e revisão: Liney Maria Araújo (Enfermeira) Kamylla Cavalcante Taques dos Reis (Enfermeira) Gislaine Baldo (Enfermeira) Antônio Benedito Vieira (Técnico de Enfermagem) Closeny Maria Soares Modesto (Enfermeira) Lucas Luís Moreira França (Enfermeiro) Rayane Cristine Provin Negrão (Nutricionista) Apoio Institucional: Hospital Universitário Júlio Muller Universidade Federal de Mato Grosso Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá-MT Serviço de Atendimento Especializado em IST/HIV/AIDS e Hepatites Virais de Cuiabá-MT PRELIMINAR 3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Hospital Universitário Julio Muller Endereço: Rua Luiz Philipe Pereira leite, s/n – Alvorada. Telefone: +55 (65) 3615-7238 Página:http://www.ebserh.gov.br/web/hujm-ufmt A663g Araújo, Liney Maria de. Guia Prático em Abordagem Sindrômica: Prática Baseada em Evidências - Sífilis. / Liney Maria de Araújo et al. – Cuiabá: [S.N], 2017. 292 p.: il. Color.; 30 cm. Inclui Bibliografia ISBN - Em andamento - (HUJM/EBSERH) Dados Internacionais de catalogação na Publicação (CIP). 1. Abordagem Sindrômica. 2. Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). 3. Sífilis. 4. Guia Prático. Título. CDU – 616.972 PRELIMINAR 4 LISTA DE ABREVIATURAS AIDS- Síndrome da imunodeficiência adquirida (do inglês Acquired Immunodeficiency Syndrome) ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária AVC – Acidente Vascular Cerebral CID - Classificação Estatística Internacional de Doenças CMV - Citomegalovírus CRIE - Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais DDAHV - Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais DIP - Doença inflamatória pélvica DST - Doenças sexualmente transmissíveis ELISA - Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ensaio imunoenzimático indireto) FTA-Abs - Fluorescent Treponemal Antibody-Absorption (teste treponêmico para sífilis) HBV - Vírus da hepatite B (do inglês Hepatitis B Virus) HCV - Vírus da hepatite C (do inglês Hepatitis C Virus) HIV - Vírus da imunodeficiência humana (do inglês Human Immunodeficiency Virus) HPV - Vírus do papiloma humano (do inglês Human Papilloma Virus) HSH - Homens que fazem sexo com homens HSV - Vírus do herpes simples (do inglês Herpes Simplex Virus) HV - Hepatites virais HSIL - Hiperplasia escamosa intraepitelial IGHAHB - Imunoglobulina hiperimune para hepatite B IST - Infecção sexualmente transmissível DIU Dispositivo intrauterino ITR - Infecção do trato reprodutivo LCR - Líquido cefalorraquidiano LGV - Linfogranuloma venéreo LSIL - Lesão escamosa intraepitelial MS - Ministério da Saúde NIC - Neoplasia intraepitelial do colo uterino OMS - Organização Mundial da Saúde OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde OPM - Órteses, próteses e materiais especiais PCDT - Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas PRELIMINAR 5 PSF - Programa de Saúde da Família PVHA - Pessoa vivendo com HIV/aids RN - Recém-nascido RPR - Rapid Test Reagin (teste não treponêmico para sífilis) SAE - Serviço de Atenção Especializada SINAN - Sistema de Informações de Agravos de Notificação SUS - Sistema Único de Saúde OMS – Organização Mundial da Saúde SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde UNAIDS – Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS UBS - Unidade Básica de Saúde TARV – Terapia Antirretroviral TRUST - Toluidine Red Unheated Serum Test (teste não treponêmico para sífilis) VDRL - Venereal Disease Research Laboratories (teste não treponêmico para sífilis) VHS - Velocidade de hemossedimentação WHO - World Health Organization (Organização Mundial da Saúde) TPHA - T. pallidum Haemagglutination Test (teste treponêmico para sífilis) TR - Teste rápido PRELIMINAR 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Pirâmide da Aprendizagem. ...................................................................................... 15 Figura 2 - Nova terminologia para a DST proposta pela OMS. ............................................... 21 Figura 3 - Etapas do diagnóstico Sindrômico. .......................................................................... 27 Figura 4- Relação interpessoal profissional de saúde x usuário. .............................................. 31 Figura 5 - Estruturas definidoras das ações de etapas diagnósticas fundamentais no acolhimento da pessoa com IST. .............................................................................................. 32 Figura 6 - Etapas para um Diagnóstico Efetivo. ....................................................................... 33 Figura 7- Etapas diagnósticas com os cinco P. ......................................................................... 40 Figura 8 - O contexto da pessoa exposta a IST e do profissional de saúde no acolhimento e diagnostico sindrômico. ............................................................................................................ 43 Figura 9 - Estrutura da bactéria T. pallidum. ............................................................................51 Figura 10 – Fases da Sífilis....................................................................................................... 56 Figura 11 - Etapas de evolução da co-infecção sífilis + HIV. .................................................. 61 Figura 12 – Lesão pequena de Condiloma Lata – Região perianal .......................................... 64 Figura 13 – Lesão extensa de Condiloma Lata – Região perianal ........................................... 64 Figura 14 – Lesão extensa de Condiloma Lata – Região perianal ........................................... 64 Figura 15 - Descrição e características do Cancro Mole. ......................................................... 70 Figura 16 - Lesões de Cancro Mole (Glande do pênis). ........................................................... 71 Figura 17 - Lesões de Cancro Mole (Lábio inferior). .............................................................. 71 Figura 18 - Lesões de Cancro Mole (corpo do pênis). ............................................................. 71 Figura 19 - Descrição e características do Cancro Duro. ......................................................... 72 Figura 20 - Lesão de Cancro Duro – Lábio inferior. ................................................................ 73 Figura 21 - Lesão de Cancro Duro – balo prepucial. ............................................................... 73 Figura 22 - Lesão de Cancro Duro - corpo do pênis. ............................................................... 73 Figura 23 – Ulceração herpética com rifampicina.................................................................... 74 Figura 24 – Ulceração herpética sangrante............................................................................... 74 Figura 25 – Vesículas eritomatosas de herpes genital. ............................................................. 74 Figura 26 - Lesão extensa e sangrante de Herpes Genital. ....................................................... 75 Figura 27 - Lesão extensa e cruentas de H. Genital. ................................................................ 75 Figura 28 - Lesão extensa e cruentas de H. Genital ................................................................. 75 Figura 29 - Cancro Duro (Prepúcio). ........................................................................................ 76 Figura 30 - Herpes Genital (Corpo do Pênis). ......................................................................... 76 Figura 31 – Monilíase/Cândida. .............................................................................................. 76 Figura 32 - Cancro mole (pênis). .............................................................................................. 76 Figura 33 - Reação de Jarisch-Herxheimer (membros inferiores). .......................................... 86 Figura 34 - Reação de Jarisch-Herxheimer (dorso). ................................................................. 86 Figura 35 – Fluxo de atendimento ao usuário em quadro de reação adversa à penicilina. ...... 91 Figura 36– Definição de processo inflamatório. ...................................................................... 93 Figura 37 - Técnica de aplicação da Penicilina Benzatina nas regiões preferenciais (dorso- glútea). ...................................................................................................................................... 97 Figura 38 - Usuário em posição decúbito ventral para receber a Penicilina Benzatina. .......... 98 Figura 39 - Vascularização dos membros inferiores. ............................................................... 98 Figura 40 - Anatomia Humana das regiões glúteas. ................................................................. 99 Figura 41 - Aplicação IM em região do glúteo médio. ............................................................ 99 Figura 42 - Anatomia Humana das regiões usada para administração de medicação IM. ..... 100 PRELIMINAR 7 Figura 43 – Nádega E e D - processo inflamatório. ............................................................... 101 Figura 44 – Nádega E – processo inflamatório. ..................................................................... 101 Figura 45 – Nádega – processo inflamatório. ......................................................................... 101 Figura 46 - Definição de Sífilis na Gestação e da Sífilis congênita. ...................................... 103 Figura 47 - Probabilidade de transmissão por via transplacentária. ....................................... 104 Figura 48 - Diagnóstico da sífilis congênita precoce e tardia. ............................................... 107 Figura 49 - Estadiamento da sífilis congênita. ....................................................................... 112 Figura 50 – Preservativos. ...................................................................................................... 121 Figura 51 - Testagem Rápida HIV/Sífilis/HBsAg/HCV. ....................................................... 122 Figura 52 - Profilaxia Pós-exposição (PEP) - Tratamento como prevenção. ......................... 123 Figura 53 - Profilaxia Pré-exposição (PrEP) - Tratamento como prevenção. ........................ 124 Figura 54 - Tratamento Imediato das PVHA, IST, HIV e HBV, disponível na Rede SUS. .. 125 Figura 55 - Vantagens do TR. ................................................................................................ 131 Figura 56 - Passos para a testagem com o usuário. ................................................................ 132 Figura 57 - Passos para a testagem do profissional. ............................................................... 133 Figura 58 - Diferença diagnóstica entre TR e ELISA. ........................................................... 137 Figura 59 - Propriedades do TR e ELISA. ............................................................................. 137 Figura 60 - Execução e interpretação de TR mais usado no Brasil. ....................................... 138 Figura 61 - Princípios básicos de leitura do TR. .................................................................... 141 Figura 62 - TR de fluxo lateral com resultado em linha. ........................................................ 143 Figura 63 - Possíveis resultados do TR de fluxo lateral. ........................................................ 144 Figura 64 - Áreas de execução e leitura do TR. ..................................................................... 145 Figura 65 - TR de Dupla Migração. ....................................................................................... 146 Figura 66 - Possíveis resultados do TR de dupla migração. ................................................... 147 Figura 67 - Passo a passo de TR com metodologia DPP........................................................ 150 Figura 68 - Sugestões de atitudes na testagem rápida. ........................................................... 152 Figura 69 - Possíveis resultados do FTA – abs. ..................................................................... 153 Figura 70 - Resumo do Fluxo de Interpretação de Exames Laboratoriais. ............................ 167 PRELIMINAR 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Vocabulário atual e antigo. ...................................................................................... 41 Tabela 2 - Tipo de Exposição Sexual e risco de transmissão após contato com pessoa soropositiva para o HIV, relacionado ao gênero. ..................................................................... 44 Tabela 3 - Prevalência do HIV emSegmentos Populacionais no Brasil. ................................. 45 Tabela 4 – Manifestações clínicas e estágios da sífilis. ............................................................ 54 Tabela 5 - Consequências da co-infecção sífilis + HIV. .......................................................... 60 Tabela 6 - Diferença entre facocitose e citocinas. .................................................................... 60 Tabela 7- Características das citocinas. .................................................................................... 61 Tabela 8- Reações adversas imediatas – Tipo I. ....................................................................... 83 Tabela 9 - Reações adversas tardias – Tipo II. ......................................................................... 84 Tabela 10 - Reações comuns. ................................................................................................... 87 Tabela 11 - Reações incomuns. ................................................................................................ 88 Tabela 12 – Reações raras. ....................................................................................................... 89 Tabela 13 – Características da penicilina benzatina. ................................................................ 95 Tabela 14 - Técnicas e cuidados relacionados à aplicação da Penicilina. ................................ 95 Tabela 15 - Recomendações para aplicação da Penicilina Benzatina. ..................................... 96 Tabela 16 - Valores de exame liquórico em RN com suspeita de neurossífilis. .................... 109 Tabela 17 - Controle de cura na transmissão vertical e sífilis adquirida. ............................... 113 Tabela 18 - Consequências das IST. ....................................................................................... 116 Tabela 19 - Situações e locais em que se recomenda a utilização apenas de testes rápidos e tratamento imediato. ............................................................................................................... 136 Tabela 20 – Diferenciação de componentes do sangue. ......................................................... 139 Tabela 21 - Resumo dos testes treponêmicos. ........................................................................ 155 Tabela 22 - Situações que podem apresentar resultado FALSO POSITIVO. ........................ 161 Tabela 23 - Hipóteses diagnósticas e condutas baseadas em testes treponêmicos x testes não treponêmicos. .......................................................................................................................... 168 Tabela 24 - Indicações de testes treponêmicos e não treponêmicos....................................... 169 Tabela 25 - Classificação dos agentes biológicos de acordo com o risco que apresentam. ... 173 PRELIMINAR 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 14 1.1. Fatores que dificultam a controle das IST ............................................................................. 18 1.1.1. Fatores biológicos relacionados ao indivíduo: .............................................................. 19 1.1.2. Fatores sócio comportamentais relacionados ao indivíduo: .......................................... 19 1.1.3. Fatores relacionados ao sistema de saúde – Rede SUS ................................................. 19 2. IST VERSUS DST ........................................................................................................................ 20 3. HISTÓRIA DA ABORDAGEM SINDRÔMICA NA IST ........................................................... 23 4. CONCEITOS E DEFINIÇÕES ..................................................................................................... 24 4.1. Abordagem sindrômica na IST ............................................................................................. 24 4.2. Etapas do diagnóstico sindrômico ......................................................................................... 26 5. ETAPAS DIAGNÓSTICAS DA ABORDAGEM SINDRÔMICA EM IST ................................ 29 6. ACOLHIMENTO À PESSOA COM IST ..................................................................................... 35 6.1. Acolhimento à diversidade sexual ......................................................................................... 38 6.1.3. Das parcerias sexuais ........................................................................................................ 40 7. CONTEXTO ATUAL DA SÍFILIS .............................................................................................. 48 8. SÍFILIS .......................................................................................................................................... 50 8.1. Treponema pallidum ............................................................................................................. 50 8.2. Transmissão ........................................................................................................................... 51 8.3. Manifestações clínicas ........................................................................................................... 52 9. SÍFILIS E A COINFECÇÃO COM O HIV .................................................................................. 58 9.1. Sífilis e HPV – Condylomata Lata ........................................................................................ 62 Tratamento para Condiloma Lata .................................................................................................. 62 10. CANCRO DURO ...................................................................................................................... 66 10.1. Fenômeno Prozona ............................................................................................................ 67 10.2. Cancro Duro VERSUS Cancro Mole ................................................................................ 69 11. FÁRMACO ELEITO PARA TRATAMENTO DO TP ............................................................ 79 11.1. Efeitos colaterais da penicilina benzatina ......................................................................... 80 11.2. O diagnóstico de alergia à penicilina ................................................................................ 81 11.3. Mecanismos imunológicos das reações adversas à penicilina. ......................................... 85 11.4. Reação de Jarisch-Herxheimer .......................................................................................... 85 11.5. Tratamento dos usuários alérgicos a penicilina. ................................................................ 90 11.6. Inflamação local na aplicação de penicilina. ..................................................................... 92 12. TÉCNICA DE APLICAÇÃO E CUIDADOS RELACIONADOS À PENICILINA ............... 95 PRELIMINAR 10 13. A MAGNITUDE DA SÍFILIS NA TRANSMISSÃO VERTICAL E NA SÍFILIS ADQUIRIDA ...................................................................................................................................... 103 13.1. Sífilis Congênita .............................................................................................................. 105 13.1.3. Sinais e sintomas ......................................................................................................... 106 13.2. Diagnóstico da sífilis em gestante e a sífilis congênita ................................................... 106 14. ACOMPANHAMENTO DOS ESTADIAMENTOS DA SÍFILISNOS SEGUIMENTOS POPULACIONAIS ............................................................................................................................. 111 15. IST UMA QUESTÃO DE PREVENÇÃO .............................................................................. 115 15.1. Principais consequências das IST.................................................................................... 116 15.2. Prevenção combinada tratamento imediato para PVHA ................................................. 119 16. TESTES TREPONÊMICOS (FTA –abs e Teste Rápido) ....................................................... 128 16.1. Competência profissional para realização e leitura do teste rápido: ................................... 128 16.2. Teste rápido: orientações gerais ...................................................................................... 130 16.3. Postura do profissional de saúde no momento da testagem rápida ................................. 134 16.4. Situações e locais em que se indica a utilização dos testes rápidos. ............................... 135 17. TESTE RÁPIDO X ELISA ..................................................................................................... 136 18. HISTÓRIA DO TR ................................................................................................................. 138 18.1. Amostra biológica para realização do TR para sífilis: sangue, soro e plasma ................ 139 18.2. Metodologias e funcionamento dos testes rápidos mais utilizados no Brasil .................. 140 18.3. Princípios básicos da imunocromatografia de fluxo lateral............................................. 141 18.4. Imunocromatografia de fluxo lateral ............................................................................... 142 18.5. Possíveis resultados em imunocromatografia de fluxo lateral ........................................ 143 18.6. Princípios básicos da dupla migração DPP (dual path plataform) .................................. 144 18.7. Dupla migração DPP (dual path plataform) .................................................................... 145 18.8. Possíveis resultados dupla migração DPP (dual path plataform) ................................... 147 19. PROCEDIMENTO DETALHADO PARA COLETA DA AMOSTRA E EXECUÇÃO DO TESTE RÁPIDO DPP® SÍFILIS........................................................................................................ 148 20. Teste FTA-abs (Fluorescent treponemal antibody – absorption). ........................................... 152 21. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS TESTES TREPONÊMICOS - TR e/ou FTA- abs. .... 153 21.1. Limitações dos testes treponêmicos ................................................................................ 154 22. TESTES NÃO TREPONÊMICOS (VDRL) ........................................................................... 157 22.1. VDRL (VDRL, do inglês venereal disease research laboratory) .................................... 157 23. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TESTE NÃO TREPONÊMICOS – VDRL ................. 158 23.1. Leitura dos resultados ...................................................................................................... 158 23.2. Para compreender os resultados dos testes, é importante considerar que: ...................... 162 23.3. Quanto a negativação dos testes não treponêmicos. ........................................................ 163 30. Exame testes treponêmicos (TR E FTA-abs), não treponêmicos (VDRL) na gravidez ................ 164 PRELIMINAR 11 30. BIOSSEGURANÇA NO CONTEXTO DA TESTAGEM RÁPIDA PARA SÍFILIS.................. 172 30.1. Riscos ocupacionais e avaliação de riscos ............................................................................. 172 31. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS .................................................................................................... 174 31.1. O que são EPI ......................................................................................................................... 174 31.2. Funções dos EPI ..................................................................................................................... 175 31.3. Higienização da bancada em que se realiza o teste rápido ..................................................... 177 31.4. Procedimentos em caso de acidentes com exposição a material biológico ............................ 178 31.4.1. Exposição percutânea ...................................................................................................... 178 31.4.2. Exposição de mucosas ..................................................................................................... 178 32. ENCAMINHAMENTO DO ACIDENTADO .............................................................................. 178 34. IMUNIZAÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE............................................................................. 179 35. RESÍDUOS PERFURO CORTANTES .................................................................................. 180 35.1. Resíduos do Grupo E não contaminados ......................................................................... 180 35.2. Resíduos do Grupo E com risco biológico associado ..................................................... 180 APÊNDICE 01 - PRESCRIÇÃO PADRONIZADA DA PENICILINA BENZATINA (frente) ....... 278 APÊNDICE 02 - PRESCRIÇÃO PADRONIZADA DA PENICILINA BENZATINA (verso) ....... 279 APÊNDICE 03 - CAIXA ORGANIZADORA PARA AS UNIDADES DE SAÚDE ....................... 280 APÊNDICE 04 – FICHA DE CADASTRO DE IST .......................................................................... 281 APÊNDICE 05 - FICHA DE INVESTIGAÇÃO DE SÍFILIS CONGÊNITA ................................... 283 PRELIMINAR 12 APRESENTAÇÃO Este Guia Prático em Abordagem Sindrômica - Prática Baseada em Evidência – Sífilis, compõe a coletânea literária que aborda as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) – Gonorréia, Clamídia, HIV/AIDS, Papiloma Vírus Humano (HPV) e Herpes Genital. Todas apresentadas na forma realística como acontece in loco, no momento do acolhimento ao usuário. As obras estão dotadas de uma revisão científica calçada em evidências sindrômicas, para uma devolução imediata com a soma dos conhecimentos científico/empírico em ordem sincrônica dos fatos, com o intuito de implementar e potencializar o profissional e acadêmico da saúde no cuidado integral ao usuário com IST. Neste Guia com ênfase em sífilis, trazemos para a população alvo de cuidadores da saúde, uma forma cândida das ações de cuidados centrada nas pessoas com esse agravo. Aqui estão as evidências científicas que vem sendo validadas na prática diária de quase duas décadas de trabalho dos profissionais de um serviço especializado nessa temática. Tem-se como cerne nortear os profissionais e acadêmicos de saúde que acolhem a população adoecida com IST, com ações de prevenção, diagnóstico, tratamento, seguimento e alta desses agravos, principalmente às populações-chave como: diversidade sexual, gestantes e Homem que faz Sexo com Homem - (HSH). O cenário deste município no quesito sífilis está ajustado com cenário nacional. Onde se destaca a carência de um amparo literário voltado para a realidade local com ênfase nas fragilidades em destaque: a dificuldades de se diagnosticar, tratar e realizar o seguimento até a alta das pessoas com a sífilis. Neste “script”, presou-se pela a operacionalização objetiva do conteúdo, para nortear as condutas dos profissionais de saúde e categorias afins, no que compreende a essas etapas da temática sífilis, culminando no revés da epidemia hoje em questão. Este GuiaPrático está dotado de uma revisão literária calçada em evidências sindrômicas, para uma devolução imediata do conhecimento científico em ordem sincrônica dos fatos, com o intuito de implementar e potencializar o profissional de saúde no cuidado integral ao usuário com IST com ênfase em sífilis. PRELIMINAR 13 PRELIMINAR 14 1. INTRODUÇÃO O atual cenário das IST, aqui com destaque a sífilis no Brasil, exige da sociedade, da gestão pública, academias de saúde e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) a união para a elaboração de propostas lacônicas, de fácil entendimento e execução, para uma resposta efetiva na mesma proporcionalidade. Todas as ações propostas neste guia, estão de encontro com as demandas da Rede SUS, observada ao longo desses anos, em especial nesta última década, onde o número de casos novos de sífilis apresentou um crescimento muito acima dos dados epidemiológicas registrados nos anos anteriores. Esses fatores evidenciaram a necessidade da elaboração de propostas (que buscam) onde busca sistematizar a assistência prestada a população com IST, revendo os fluxos locais para a dedicada execução dessas ações em tempo real, direcionado e otimizando-as junto a população adoecida. APRESENTANDO AS CORES COMO UMA ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM As cores, desde os tempos remotos, estiveram nos estudos da psicologia, no entanto, foi a partir do século XIX que esses estudos agregaram adeptos como os filósofos e outros escritores. Os cientistas da atualidade seguem afirmando que, as cores têm a capacidade de liberar um leque de possibilidades criativas na imaginação da pessoa, agindo não só sobre quem a admirará, mas também sobre quem a produz (FREITAS, 2007). O Ministério da Saúde (MS), a partir de 2002, traz para compor a sua linha de cuidados na Rede SUS uma tendência mundial das últimas décadas, o uso das cores (Protocolo Manchester), como forma de direcionar a observação no acolhimento ao usuário, tornando as condutas mais eficientes e ágeis, de acordo com o que o momento requer. Na rotina diária do ser humano as cores estão naturalmente incorporadas e funcionam como uma mensagem poderosa, com tamanha expressividade que se torna um transmissor de ideias, ultrapassando fronteiras espaciais e temporais sem quaisquer barreiras, inclusive a sua mensagem pode ser compreendida por analfabetos. Na comunicação visual a cor exerce três ações: A de impressionar a retina; A de provocar uma reação e; A de construir uma linguagem própria comunicando uma ideia. PRELIMINAR 15 A Figura 1 representa a PIRÂMIDE DA APRENDIZAGEM do estudioso da educação, o norte americano Edgar Dale, que deixa explicito que na formação do conhecimento do indivíduo, a visão tem o papel mais decisivo, seguido da audição. DEPOIS DE DUAS SEMANAS NÓS LEMBRAMOS: Figura 1- Pirâmide da Aprendizagem. Fonte: Adaptado de Edgar Dale. Compreendendo que os seres humanos são aprendizes visuais, o MS e o Guia Prático em Abordagem Sindrômica - Prática Baseada em Evidência – Sífilis, ratifica os estudos supracitados, a partir do instante que valoriza o uso das cores em seus atuais protocolos técnico-científicos. Observa-se que tais ferramentas vêm sendo produzidos de forma proposital para otimizar o aprendizado na educação permanente e na educação continuada e ainda, corroborando com troca de saber entre usuário/profissional/acadêmico de saúde. Pensando em otimizar todos os processos, desde o acolhimento do usuário com IST na unidade de saúde, apresentamos esta parte da coletânea “Guia Prático em Abordagem PRELIMINAR 16 Sindrômica - Prática Baseada em Evidência – Sífilis” utilizando a lógica de aprendizagem por cores. Tecnicamente as IST são de manejo exequíveis, tratamento eficiente, fácil e de rápida resolução. No entanto, a sociedade não é estática e se apresenta cada vez mais dialética, evidenciando continua mudanças, aperfeiçoamentos e adaptações do ser humano a essa nova era. Tais mudanças sócio sexuais estão evidenciadas neste novo século, revelando um outro cenário no perfil epidemiológico dessas infecções, que estão chegando cada vez mais precoce à população jovem sexualmente ativa. A exemplo disso está: a gravidez (indesejada), o uso drogas ilícitas, as crises conjugais, a grande rotatividade nas parecerias sexuais de ambas as partes aumentando os relacionamentos íntimos impessoais, bem como outras variáveis. Historicamente as mudanças sociais ocorrem para solucionar antigos problemas, mas, por outro lado podem desencadear outros, agravando o já existente, exemplificado aqui, o aumento dos números de contaminados com o vírus da AIDS associados a uma ou mais dessas infecções. Foi exatamente o que aconteceu, nesse complexo contexto social, histórico e humano da esfera da saúde focada nas IST, evidenciou uma transformação sem o controle desses agravos, trazendo como um grande desafio para a gestão pública de saúde e sociedade em todo o mundo. Essa “nova” realidade influenciou diretamente estes profissionais de saúde com expertises nessa temática a ampliar a visão de seus pares da Rede SUS, com elaboração do Guia Prático em Abordagem Sindrômica - Prática Baseada em Evidência – Sífilis, que compões um segmento da coletânea de literária que aborda as IST – Gonorreia, Clamídia, HIV/AIDS, Papiloma Vírus Humano (HPV) e Herpes Genital, que será apresentado aos trabalhadores e acadêmicos de saúde brevemente. O ponto forte destes materiais didáticos, estão em dar suporte técnico a esse profissional de saúde no seu local de trabalho para impulsioná-lo no manejo diário dos usuários com IST. A revisão literária oferecida neste conteúdo é elencada como necessária e elementar, relativos à questão de gênero e diversidade sexual alicerçada na Política Nacional de Humanização (PNH) do SUS. De um jeito simplificado, os autores e colaboradores deste Guia apresenta-o como ferramenta na condução das ações práticas nos serviços de saúde, o cabedal de conhecimento destes profissionais está balizado na ciência e em experiência ao longo dos anos na condução de especialistas em IST e, em especial nos casos de sífilis no que tange: prevenção, diagnóstico, tratamento, seguimento e alta dessas infecções. O principal entendimento deste grupo é o de que, as pessoas com IST deverão ser conduzidas na sua área PRELIMINAR 17 de residência, pelas equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e ou pelas equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) evitando a não adesão ao tratamento, da população adscritas em seu território de abrangência. A afirmação de que as IST, e aqui falando especificamente de sífilis, são de fácil prevenção, é absolutamente verdadeira. No entanto, pelo crescente número de casos nas três esferas (Municipal, Estadual e Federal), tem sido árduo o exercício de prevenção na população adulto/jovem. A situação epidêmica da sífilis tornou-se de grande relevância, chamando a atenção dos gestores, academia de saúde e sociedade civil, levando-os a implementar as políticas de saúde mais flexíveis e exequíveis voltadas ao tratamento curativo desses agravos. Com muito zelo e atenção voltada para essa situação, a quase uma década sem publicar manuais direcionados para a temática das IST, em 2015 o MS juntamente com a Secretaria de Vigilância em Saúde e o Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais lança o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integralàs Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (PCDT/IST), e este município com o mesmo raciocínio constrói o Protocolo Municipal de Sífilis de Cuiabá (PMSC). Tal guia traz como sua fortaleza a ABORDAGEM SINDRÔMICA ÀS IST, sendo aqui destacada a sífilis. O Guia Prático em Abordagem Sindrômica - Prática Baseada em Evidência, potencializa as diretrizes do MS e apresenta todo o processo de fácil manejo da prevenção, diagnóstico, tratamento e seguimento para a cura dessas infecções, e mais, tem como propósito otimizar as ações dos profissionais de saúde da Rede SUS, principalmente na parte curativa, jamais em detrimento a prevenção. Este método agrupa as doenças dentro de síndromes pré-estabelecidas baseadas em sintomas e sinais, e de imediato oferece o diagnóstico e estabelece tratamento, sem aguardar resultados de exames confirmatórios, porém estes serão de grande valia no seguimento e alta. Como ferramentas indispensáveis na condução das suas ações dos profissionais de saúde, os mesmos usarão os fluxogramas e algoritmos para as ISTs, que contém todas as etapas para o acolhimento da pessoa com essas infecções. A trilogia PCDT/IST, PMSC e a ABORDAGEM SINDRÔMICA EM SÍFILIS compõe um compêndio que certamente será de grande valia principalmente para os profissionais com pouca vivencia e experiência no manejo das IST. O objetivo medular está em: 1. Quebrar a cadeia de transmissão desses agravos e favorecendo o revés da epidemia de sífilis/HIV PRELIMINAR 18 2. Diminuir co-infecção sífilis e HIV 3. Otimizar todo o processo, tanto para o usuário quanto para equipe de saúde 4. Auxiliar os profissionais de saúde quanto ao diagnóstico clínico em tempo real, eliminando a demora para iniciar o tratamento das IST 5. Não deixar o usuário sem tratamento pela morosidade nos resultados dos exames laboratoriais. A abordagem sindrômica é considerada um instrumento realista e de extrema objetividade, resultando em um momento único para o profissional e usuário, onde o diagnóstico e tratamento é em tempo, factual das queixas, motivo pelo qual essa técnica é universalmente divulgada e executada, principalmente na primeira porta de entrada dos indivíduos para tratamento de saúde na rede SUS, as Unidades Básicas de Saúde (UBS), restando as esferas governamentais subsidiar todas as ações dos executores para o pleno sucesso da metodologia. 1.1. Fatores que dificultam a controle das IST Com o surgimento da epidemia da AIDS as IST readquiriram importância como problema de saúde pública. Entretanto, têm sido percebidos no contexto da atenção a essas infecções alguns fatores que dificultam o seu controle. A irregularidade na disponibilização de medicamentos específicos, a não capacitação e alta rotatividade dos profissionais nas UBS, são as principais causas de afastamento dos indivíduos com IST dos serviços de saúde da Rede Primária de Saúde, gerando uma sequência negativa de ações, desde a auto segregação do usuário até a falta de notificação de forma sistemática, que prejudica todo o sistema de saúde. A consequência mais evidente da baixa resolutividade nos serviços é a busca do usuário por um atendimento em locais nos quais não seja necessário se expor, nem esperar em longas filas, ou seja: as farmácias comerciais. Entre os fatores que dificultam o controle das IST, estão as variáveis biológicas, sócios comportamentais e as relacionadas ao sistema de saúde, sendo discriminadas abaixo: As IST fragilizam o sistema imunológico da pessoa e, funcionam como porta de entrada para o vírus HIV. A sífilis por ser uma infecção sistêmica, favorece ainda mais essa contaminação pelo vírus da AIDS. PRELIMINAR 19 1.1.1. Fatores biológicos relacionados ao indivíduo: Grande número de pessoas com IST na forma assintomática, especialmente as mulheres (70% a 80%), funcionam como uma fonte de transmissão” inconsciente” nas parcerias sexuais; Usuários que não procuram os serviços das UBS para avaliação; Resistência dos patógenos a alguns antibióticos padronizados como primeira escolha no tratamento das IST; Falta de discernimento do usuário de que, as IST fragilizam o sistema imunológico humano, e funcionam como porta de entrada do vírus da AIDS; Algumas das IST, quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves e até o óbito. As IST podem ser transmitidas ao feto durante a gestação, provocando a interrupção espontânea da gravidez, a exemplo da sífilis. 1.1.2. Fatores sócio comportamentais relacionados ao indivíduo: Cultura da automedicação (70% das pessoas com IST buscam como primeira opção de tratamento a farmácia); Sentimento de culpa, vergonha e medo de ser maculado por estar com um desses agravos; A grande rotatividade nas parecerias sexuais, aumentada devido aos relacionamentos íntimos impessoais; Resistência em praticar sexo seguro, com uso de preservativos nas relações sexuais; Dificuldade de informar as parcerias sexuais a respeito da IST; Precocidade no início da vida sexual; As IST geralmente causam grande impacto psicológico nos indivíduos, levando a auto segregação (isolamento social); Procura por tratamentos com curiosos (rezadeiras, curadores, benzedores). 1.1.3. Fatores relacionados ao sistema de saúde – Rede SUS A falta de oferta de capacitação contínua no manejo das IST para os profissionais da Rede SUS; PRELIMINAR 20 Dificuldade dos profissionais de saúde em abordar a IST e sexualidade no primeiro acolhimento; A não eleição de exame das regiões ânus genitais no conjunto da anamnese; Estigmatização do usuário por parte da equipe de saúde não preparada para esse acolhimento; Falta de capacitação da equipe da Rede SUS na temática – DIVERSIDADE SEXUAL; Falta de medicamentos, insumos e material informativo atualizado sobre as IST; Falta de uma Câmara Técnica em IST, para apoio técnico-científico dos profissionais da Rede SUS; Fragilidade na abordagem à prevenção das IST; Falta de implantação de supervisão e avaliação sistemática das equipes de saúde no tocante as IST; A não parceria com a área acadêmica na implantação precoce da temática IST no currículo da graduação; As IST causam grande impacto social, que se traduz em custos indiretos para a economia do País, decorrentes dos custos diretos das internações relacionadas ao agravamento da condição de saúde do usuário; Subnotificação dos dados epidemiológicos relativos às IST, gerando ausência do repasse de recurso financeiro a nível ministerial. 2. IST VERSUS DST Para clarividência as terminologias DST e IST, tem se como base os próprios conceitos das mesmas. A palavra doença vem do termo em latim dolentia que significa “sentir ou causar dor, afligir-se, amargurar-se”. Doença é um conjunto de sinais e sintomas específicos que afetam um ser vivo, alterando o seu estado normal de saúde. Em geral, a doença é caracterizada como ausência de saúde, um estado que ao atingir um indivíduo provoca distúrbios das funções físicas e mentais. Pode ser causada por fatores exógenos (externos, do ambiente) ou endógenos (internos, do próprio organismo). A Organização Mundial da Saúde (OMS) corrobora com essa definição e disponibiliza para a sociedade a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, designada pela sigla CID. PRELIMINAR 21 Infecção é a invasão de tecidos corporais de um organismo hospedeiro por parte de organismos capazes de provocar doenças, a multiplicação destes organismos;e a reação dos tecidos do hospedeiro a estes organismos e às toxinas por eles produzidas. Figura 2 - Nova terminologia para a DST proposta pela OMS. Fonte: ARAÚJO, 2017. No mesmo CID, assim como se tem o acesso à classificação das doenças, tem se também a grande variedade de sinais, sintomas, aspectos normais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas da ideação da similaridade nas duas palavras Doença e Infecção. As suas definições trazem diferenciação de conceitos que são de extrema significação e valor etimológico, o que deve ser amplamente divulgado, como forma de criar uma nova consciência coletiva em torno da nomenclatura IST. Esse contemporâneo vocabulário deve ser inserido no contexto laboral de todos os profissionais da área da saúde, e estes favorecer a atualização da sociedade como um todo. O Ministério da saúde (MS) em 2015 oficializou no território nacional a nova terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) com a divulgação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), deixando no pretérito a denominação de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). No final de 2016 através do Decreto nº 8.901, anuncia que alterou o nome do departamento para: Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites (DVPC/IST/HIV/AIDS/HBV). Desde do final da década de 90 (1999) a “nova” terminologia IST vem sendo proposto pela Organização Mundial de Saúde, como exemplificado na Figura 2. PRELIMINAR 22 ABORDAGEM SINDRÔMICA EM IST PRELIMINAR 23 3. HISTÓRIA DA ABORDAGEM SINDRÔMICA NA IST Sabe-se que nos anos de 1970, na África subsaariana os pesquisadores e médicos de saúde pública trabalhavam em uma região de extrema pobreza, o que dificultava todo o processo de diagnostico ao tratamento de qualquer moléstia. Havia muitas pessoas, com Doença Sexualmente Transmissível-DST (termo usado na época) e observava que, essas doenças contribuíam de sobremaneira para contaminação do HIV. Nesse encadeamento de ideias surge a abordagem das DST, construída em torno da observação de sinais e sintomas das infecções, constituindo assim de síndromes pré- diagnosticadas. De imediato aplicava-se o tratamento, antes mesmo dos resultados de exames laboratoriais confirmatórios. O método demostrou extrema eficácia e fácil execução. Assim, nesses moldes as condutas desses profissionais de saúde necessitavam ser uniformizadas e simplificadas para maior aplicabilidade. Foram então, elaborados vários fluxogramas com as intervenções medicamentosas para as síndromes diagnosticadas, afim de guiar todas essas ações desses profissionais. Com o aumento da transmissão das IST e a dificuldade e ou ausência de exames laboratoriais para identificação/confirmação dos sinais e sintomas ligados a doenças faz com que, a Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1984 - Genebra, reconhece a Abordagem Sindrômica em IST como um método eficiente, fácil e de baixo custo para o tratamento dessas morbidades e a institui para o atendimento aos portadores de IST. Em 1991, a OMS – tem como meta implementar a abordagem sindrômica das IST nos países em desenvolvimento, sendo assim, desenvolveu a proposta na forma de algoritmos direcionando todas as ações pertinentes a temática. O conceito de ABORDAGEM SINDRÔMICA para atendimento a pessoa com IST foi introduzida nos países em desenvolvimento no início da década de 90 (1991) pela OMS. No Brasil, desde 1993 essa metodologia está sendo implantada pelo Programa Nacional de Controle DST/AIDS, com apoio dos estados, municípios e organizações da Sociedade Civil (OSC), como ação prioritária para controle das IST. PRELIMINAR 24 4. CONCEITOS E DEFINIÇÕES Abordagem Buscando alguns de seus sinônimos literário seria por exemplo: aproximação, chegada, interpelação, questionamento, tratamento e comportamento. Aqui analisando o conjunto das ações, a abordagem sugere ao profissional realizar um acolhimento, com estratégias que favoreçam obter um melhor atendimento ao usuário do serviço de saúde, com propósito de estabelecer vínculos de credibilidade e confiança, entre ambos para o sucesso das ações propostas. Sindrômica Síndrome por definição é o “conjunto de sintomas que caracterizam uma doença ou o conjunto de fenômenos característicos de uma determinada situação” e, podendo ser produzida por diversas causas. Trazendo a etimologia da palavra para IST seria, a forma de realizar diagnostico de doença através de método pré-estabelecidas, baseadas em sinais, sintomas história epidemiológica e suas condições de vulnerabilidades. Diante disso institui- se de imediato o tratamento sem aguardar resultados de exames laboratoriais confirmatórios, com embasamento na abordagem sindrômica em IST. 4.1. Abordagem sindrômica na IST Neste contexto, podemos afirmar que: Abordagem sindrômica é o acolhimento humanizado da pessoa com IST, visando o (os) diagnóstico do (os) agravo (os) através dos sinais e sintomas apresentados naquele momento, o ofertar de tratamento imediato, bem como seu seguimento até a alta. O conceito de abordagem sindrômica para atendimento a pessoa com IST foi introduzida nos países em desenvolvimento no início da década de 90 (1991) pela OMS. O tratamento rápido e adequado a partir da abordagem sindrômica das IST diminui o risco de complicações ao exemplo do câncer, e o risco de adquirir outras IST (EVANGELISTA, 2011). PRELIMINAR 25 O uso dessa técnica está cada vez mais difundida e, vem se apresentando de extrema eficácia pelo seu fácil manejo, trazendo grande benefício a redução dos índices epidemiológicos dessas doenças, onde a técnica está sendo aplicável. Nas regiões ou em países com carência de apoio diagnostico laboratorial esse método vem se mostrando operativo, com um resultado expressivo de índice de cura. O que implica diretamente na redução da incidência de novos casos de IST, bem como a perpetuação do HIV, uma vez que, as IST em geral, mais ainda as que causam ulceração protagonizam a transmissão do HIV. Esse resultado positivo requer alguns esforços, que são necessários para a manutenção das condutas dos profissionais no campo da saúde baseadas em evidencias, a exemplo: a atualização e supervisão contínua dos profissionais que a executam, a socialização das vivencias exitosas entre as categorias, a divulgação da real eficácia desse tipo de abordagem e por fim, tecer uma relação de confiança entre o profissional de saúde e a pessoa com IST. É imperioso o profissional valorizar o diálogo, tecendo uma escuta centrada na real necessidade do indivíduo, zelar por ambiente de privacidade, que é de suma importância nesse momento para esse usuário, bem como assegurar o sigilo com a garantia da confidencialidade das informações. A todo instante dever-se-á inserir nesse processo informação/educativas: prevenção, a importância do diagnóstico precoce desses agravos, e a necessidade de adesão ao tratamento que é de suma relevância do seguimento até a alta. Os serviços que acolhem as IST têm como compromisso a obrigatoriedade da notificação compulsória, com acompanhamento sistemático da vigilância epidemiológica, para que esta consolideos dados com a intencionalidade de conhecer a magnitude desses agravos e medir a sua tendência para o planejamento das ações futuras de curto, médio e longo prazo. A simplicidade ofertada pelo método sindrômico, para os diagnósticos etiológicos sem a exigência de exames mais sofisticados para cada patologia, não exime o sistema público de saúde de estar organizado para os encaminhamentos dos casos de maior complexidade, uma vez que se trata de doenças infectocontagiosas de fácil transmissibilidade sexual, e dependendo do tempo de exposição, pode ter instalada uma situação de saúde irreversível. Cabe ao profissional de saúde a responsabilidade na divulgação e implantação dos fluxogramas para melhor manejo clínico das IST, com facilidade no diagnóstico e tratamento, contribuindo desta forma para a melhoria da qualidade de vida da população acometida e permitindo o bloqueio da cadeia de transmissão, diminuindo sua propagação (EVANGELISTA, 2011). PRELIMINAR 26 A anamnese, com foco na identificação das diferentes vulnerabilidades, e o exame físico, constituem importantes elementos diagnósticos das IST, motivo pelo qual os profissionais de saúde necessitam conhecer a anatomia e a fisiologia do trato genital masculino e feminino, bem como outras regiões do corpo que possam ser infectadas com o agente patológico da IST suspeita. Da mesma forma que, durante o exame físico procede-se, quando indicado, à coleta de material biológico e citológico para exame laboratorial, com intuito de detectar precocemente doenças advindas desse tardiamento diagnóstico. Como partes desses processos diagnósticos estão à oferta de testagem rápida para sífilis, HIV e hepatites B e C, devidamente protocolizado pelo MS com uma abordagem profissional adequada, constituindo também essa etapa, a notificação compulsória dessas infecções deve fazer parte da integral atenção às pessoas com IST (BRASIL, 2015). 4.2. Etapas do diagnóstico sindrômico Desde os anos 70, quando surgiu a técnica da abordagem sindrômica aplicada as IST, já se tinha o entendimento de que as ações deveriam cumprir etapas para se concluir o diagnóstico, para assim proceder à aplicação da propedêutica de tratamento ideal. As bagagens apreendidas por cada comunicador influenciam na forma como irão se comunicar um com o outro no momento presente, pois os predispõe a um conjunto maior de sinais e mensagens, que serão interpretados e compartilhados por ambos. Os aspectos relacionais entre os interlocutores, bem como o entendimento sobre o que é dito, são historicamente determinados por interações prévias entre ambos e por padrões culturais definidos (CERON, 2013). É necessário estabelecer uma relação de confiança entre o profissional de saúde e a pessoa com IST, para garantir a qualidade do atendimento e a adesão ao tratamento. Para tanto, é necessário promover informação/educação em saúde e assegurar um ambiente de privacidade, tempo e disponibilidade do profissional para o diálogo, garantindo a confidencialidade das informações (BRASIL, 2016, p. 33). PRELIMINAR 27 A Figura 3 apresenta tais etapas, que são de cunho obrigatórias para a construção e evolução das condutas sindrômicas. Isso refletirá na excelência do processo e, corroborará para a harmonia do raciocínio profissional, uniformizando e simplificando-as para melhor aplicabilidade da técnica. Segue detalhado com brevidade: Figura 3 - Etapas do diagnóstico Sindrômico. Fonte: ARAÚJO, 2017. HISTÓRIA CLÍNICA ou Anamnese: o profissional de saúde norteará sua entrevista junto ao usuário com direcionamento cientifico, buscando fatos naquilo que ele apresenta de sinais e sintomas para uma conclusão diagnóstica. Esta etapa diz respeito somente ao usuário. EXAME FÍSICO: é o processo de examinar o corpo de um paciente no sentido céfalo-podal para determinar a presença ou a ausência de problemas físicos, compreendendo: inspeção (observar), palpação (sentir), ausculta (escutar) e percussão (produzir sons). Nesse momento agrega-se percepção da condição psicológica (escuta clínica) do indivíduo, sendo de grande importância para sequenciar todas as ações futuras. Aqui só envolve o usuário. PRELIMINAR 28 HISTÓRIA EPIDEMIOLÓGICA: é estudo das epidemias, que envolve as determinantes da frequência das doenças em seres humanos. Este momento envolve o usuário e suas variáveis (parcerias e frequências sexuais, hábitos, culturas, etc). ESCUTA CLÍNICA: aqui o profissional de saúde identifica no primeiro momento, o sofrimento psíquico do usuário. Essa escuta tem papel fundamental nas intervenções aplicadas, no sentido de ouvir as suas queixas, e mediar a soluções para os problemas em torno das IST. Além disso, direcionará outros encaminhamentos que o usuário passa a demandar (medo, pânico, depressão, etc), que certamente melhorará a adesão do mesmo ao tratamento medicamentoso. Aqui pode-se envolver terceiros. DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO: As etapas supracitadas, lhe permitirá concluir seu diagnóstico centrado na ABORDAGEM SINDROMICA e instituir o tratamento adequado. Obviamente que as etapas de exames complementares como laboratoriais e ou testagem rápida, corroborará com o diagnóstico. No entanto o método baseado em sinais e sintomas há décadas está sendo usado como uma experiência exitosa. D. EXAMES LABORATÓRIAIS: de extrema importância para cada síndrome, pois auxiliará o profissional de saúde em decisões futuras e acompanhamentos até a alta desse usuário. São etapas dependentes, onde o profissional tomará decisões com base em sinais e sintomas e, jamais desprezará tais exames. Esse encadeamento de ideias construída em torno da observação sindrômico das infecções está fidelizada ao MS, onde foram elaborados algoritmos e fluxogramas para essas síndromes de IST. São ferramentas para direcionar as ações de diagnóstico, tratamento e seguimento desses agravos e, vem demostrando extrema eficácia sendo de fácil execução. De imediato aplica-se o tratamento, antes mesmo dos resultados de exames laboratoriais confirmatórios. O método desde sua criação vem demostrando extrema eficácia e fácil execução. As amostras para os exames laboratoriais indicados devem ser colhidas no momento da primeira consulta; caso os resultados não estejam disponíveis imediatamente, a conduta terapêutica não A natureza da relação depende de sequências de comunicação previamente estabelecidas pelos comunicantes. As diversas formas de comunicação são apreendidas ao longo das histórias de vida de cada sujeito, influenciando em como cada um age em relação aos demais (CERON, 2013). PRELIMINAR 29 deve ser postergada até a entrega destes. A consulta clínica se completa com a prescrição e orientação para tratamento, além do estabelecimento de estratégia para seguimento e atenção às parcerias sexuais e o acesso aos insumos de prevenção, como parte da rotina de atendimento (BRASIL, 2015). Esse encadeamento de ideias construída em torno da observação sindrômico das infecções está fidelizada ao MS, onde foram elaborados algoritmos e fluxogramas para essas síndromes de IST. São ferramentas para direcionar as ações de diagnóstico, tratamento e seguimento desses agravos e, vem demostrando extrema eficácia sendo de fácil execução. De imediato aplica-se o tratamento, antes mesmo dos resultados de exames laboratoriais confirmatórios. O método desde sua criação vem demostrando extrema eficácia e fácil execução. As amostras para os exames laboratoriais indicadosdevem ser colhidas no momento da primeira consulta; caso os resultados não estejam disponíveis imediatamente, a conduta terapêutica não deve ser postergada até a entrega destes. A consulta clínica se completa com a prescrição e orientação para tratamento, além do estabelecimento de estratégia para seguimento e atenção às parcerias sexuais e o acesso aos insumos de prevenção, como parte da rotina de atendimento (BRASIL, 2015). 5. ETAPAS DIAGNÓSTICAS DA ABORDAGEM SINDRÔMICA EM IST Nas etapas diagnósticas das IST, possuem momentos interligados, onde os elos são a sustentação do processo de identificação dos pontos “fracos” do usuário e de fortaleza do A natureza da relação depende de sequências de comunicação previamente estabelecidas pelos comunicantes. As diversas formas de comunicação são apreendidas ao longo das histórias de vida de cada sujeito, influenciando em como cada um age em relação aos demais (CERON, 2013). Os exames complementares são de extrema importância, participando posteriormente das definições do processo, no entanto o usuário da rede SUS com IST não pode perecer com essa infecção até a chegada dos mesmos, tais exames. Otimizar essas etapas de tratamento da IST é um dos princípios da técnica da prática baseada em evidências. PRELIMINAR 30 profissional, compreender isso como definidor do processo. Para os envolvidos nesse processo de troca simultânea, onde um (o usuário) busca confiança e segurança e o outro (o profissional) zelo e aplicabilidade de conhecimento técnico e cientifico os elos de ações interativas (Figura 4). Tais elos, nunca poderão estar vazios, pois o usuário busca nesse instante informações fidedignas e necessárias para sanar suas angústias frente à infecção, já o profissional conta com as suas expertises científica e empírica para o sucesso dessa relação interpessoal para conclusão diagnóstica. Nesse mesmo instante, com estruturas definidoras das ações do diagnóstico em construção (Figura 4) uma escuta clínica seletiva, imparcial e qualificada é um diferencial na fidelidade diagnostica. Tem-se ainda para completar esse arsenal as Etapas diagnósticas focada na Integralidade do cuidado (Figura 4), que doravante fará com que o profissional de saúde crie expertises no acolhimento com diagnostico sindrômico a pessoa com IST. Quando o profissional de saúde e o usuário permite uma relação interpessoal de cumplicidade nas demandas, haverá crédito nas devolutivas, isso suscitará uma relação interpessoal chamada de “porosa”, na qual ambos devem ser permissíveis para o fortalecimento de vínculos, importantíssimos para uma adesão satisfatória do usuário. Figura 4- Relação interpessoal profissional de saúde x usuário. Fonte: ARAÚJO e REIS, 2017. PRELIMINAR 32 O Diagnóstico Sindrômico possui estruturas definidoras das ações, centradas no tripé: história epidemiológica + escuta clínica + anamnese/exame físico, ações fundamentais que se iniciam no primeiro acolhimento da pessoa com IST na Rede SUS, observe a figura abaixo: Figura 5 - Estruturas definidoras das ações de etapas diagnósticas fundamentais no acolhimento da pessoa com IST. Fonte: ARAÚJO e REIS, 2017. PRELIMINAR 33 A Figura 6 deste Guia de abordagem sindrômica em sífilis, novamente aborda de forma ostensiva as etapas desse diagnóstico, entendendo assim que, o profissional que elaborar seu plano de ações pautado nessas etapas terá êxito nas mesmas. Figura 6 - Etapas para um Diagnóstico Efetivo. Fonte: ARAÚJO e REIS 2017. PRELIMINAR 34 ACOLHIMENTO E AS IST PRELIMINAR 35 6. ACOLHIMENTO À PESSOA COM IST Dos conceitos que norteiam o trabalho da PNH-SUS (2003) estão: Acolhimento, Clínica compartilhada, Valorização do Trabalhador, Defesa dos Direitos dos Usuários, etc. Desde o início da epidemia da AIDS (1980) o MS no PN/DST/HIV/AIDS (nome dado na época) continha essa formulação, deixando-a evidenciada e explícita nas práticas assistenciais dos serviços especializados para esses agravos criados nos anos 90. O Acolher para essa população tinha seu sentido literário de ser: “Dar acolhida a; receber. Atender, Receber. Dar crédito a, Dar ouvidos a. Admitir, aceitar, receber. Tomar em consideração” (HOUAISS, 2010). A execução desses verbos nas práticas assistenciais dos serviços foi um dos responsáveis para o sucesso da PNH, sendo inclusive um modelo reconhecido para o mundo. Para a PNH do SUS, acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e sustentar a relação entre equipes/serviços/usuários/populações. Sendo construído de forma coletiva, a partir da análise dos processos de trabalho, objetivando a construção de relações de confiança, compromisso e vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário com sua rede sócio afetiva (BRASIL 2003). Este Guia apresenta dois dos Três Tipos de Aconselhamento centrado na pessoa (com IST/HIV) na ótica da psicologia. 1. Aconselhamento Diretivo: o usuário almeja que, o profissional Acolhedor “conselheiro”, busque uma direção para sua vida, pois não sabem que direção devem tomar e por isto desejam que o profissional tome a decisão por eles. O usuário demora para perceber que as suas dificuldades são vivenciadas apenas por ele, dentro da sua singularidade, cabendo-lhe conhecer a melhor solução para resolve-las. Pelo fato de a sociedade ser leiga nessa temática, no momento do aconselhamento com foco nas IST, deseja receber este tipo de aconselhamento. 2. Aconselhamento Não-Diretivo: Este tipo de acolhimento é corroborado pela PNH do SUS, pois o profissional Acolhedor esclarece para o usuário que a responsabilidade diante das IST recai sobre ele, trabalhando na lógica de corresponsabilização do PRELIMINAR 36 usuário, e ainda deixa claro que a responsabilidade de comunicar as suas parcerias sexuais sobre o agravo em questão é do usuário. Tais ações serão apresentadas por um profissional capacitado, para que o usuário tome as decisões corretas e esperadas para a ocasião. Aqui, tanto o usuário como a sua parceria sexual são sujeitos ativos em todas as etapas que envolvem as IST. Diante da narração acima, o profissional de saúde deve optar por um Aconselhamento Não-Diretivo na abordagem sindrômica em sífilis e, tão logo terá adesão e êxito nas suas ações. As pontuações feitas abaixo serão essenciais para que os envolvidos nesse momento desenvolvam ou aprimorem habilidades essenciais no acolhimento, como: HUMANIZAÇÃO – um processo de troca mutua e respeito que deve acontecer e ser sequenciado do primeiro acolhimento até a alta. OBSERVAÇÃO – necessária para que o profissional parta do pontual para o amplo e que seja feita de forma analítica, envolvendo os aspectos psicossocial, cultural e religioso. SER VERDADEIRO – nas colocações, com repasse de conhecimentos calçados na ciência, não alimentando tabus, preconceitos e até fantasias, sendo esta uma oportunidade de apresentar novos conceitos em torno desses agravos. FUNDAMENTAÇÃO - do empirismo busque trazer o saber experimental do usuário para a verdadeira lógica a luz do conhecimento cientifico, valorizando toda a sua vivência sensível, responsável pela construção das ideias, que produz hábitos,costumes e culturas. Muitas vezes uma nova construção de conceitos é necessária para o processo de adesão. A empatia é a capacidade do ser humano de se colocar no lugar do outro e entrar em sintonia com as formas pelas quais este passa pelas circunstâncias da vida. É um sentimento geralmente vivido em mão dupla. Não se trata de estar sempre sorrindo, com simpatia, mas, sobretudo, de estra junto com o outro, compartilhando o momento vivido (CERON, 2013, p. 32). PRELIMINAR 37 RAZÃO: controladora do conhecimento e ligada à lógica, devem estar dissociadas das emoções e de qualquer julgo por parte do profissional e equipe multiprofissional, primordial na elaboração e conclusão de todas as etapas do tratamento. LIMITAÇÕES EMOCIONAIS – entende-las nas suas várias formas, muitas vezes expressas de modo implícito ou explicito dos envolvidos (profissional e usuário) faz parte dessa “nova parceria” elevando o crescimento de ambos, pois é um instante único que será traduzido em respeito mútuo, não deixando margens para quaisquer sentimentos negativos interpessoais. A ÉTICA e o SIGILO, são inerentes e indissociáveis a todo profissional acolhedor. E por fim, o plano de conduta do profissional de saúde deve estar desembaraçado, limpo de culpa, para que ele tenha equilíbrio e priorize suas ações nas necessidades mais eminente do usuário. Essa priorização baseada nos problemas reais (presente) e nos problemas potenciais (futuro), fortalecerá o vínculo profissional/usuário e sustentará uma relação de confiança mutua. Dicas para o sucesso no acolhimento: 1. Ouvir com respeito e empatia; 2. Saber identificar os pontos de maior vulnerabilidade e usar para sua fortaleza; 3. Buscar o entendimento do usuário quanto ao seu risco eminente, bem como as suas medidas de proteção eficazes; 4. Favorecer o entendimento da importância de realização de exames nos seus contatos sexuais; 5. Orientar de forma compreensível os resultados dos exames realizados. É necessário estabelecer uma relação de confiança entre o profissional de saúde e a pessoa com IST para garantir a qualidade do atendimento e a adesão ao tratamento. Para tanto, é necessário promover informação/educação em saúde e assegurar um ambiente de privacidade, tempo e disponibilidade do profissional para o diálogo, garantindo a confidencialidade das informações (MS, 2015) PRELIMINAR 38 6.1. Acolhimento à diversidade sexual No final do século passado já se observava a mudança no perfil das pessoas com IST, instigando a saúde pública a um repensar, principalmente na linha de prevenção, transformando seu controle em desafio para o mundo. Conhecia-se o efeito das drogas ilícitas como agravante dos casos, como também o grande número de adolescentes e adultos jovens que vivenciavam sua sexualidade com maior liberdade, com “rodízios” nas parcerias sexuais e preterindo o uso dos preservativos. Essa pauta deve estar presente nos acolhimentos as IST. Pois, negar essa temática ou até mesmo não saber como lidar com essas situações, trará resultado negativo para esse profissional acolhedor, como também prejuízo iminente a pessoa com infecção, bem como a outrem. Para os profissionais de saúde torna-se imperioso que, toda equipe conheça princípios básicos da sexualidade humana, que é formada por uma múltipla combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, discriminados abaixo: 1. Sexo biológico: são definições de SEXO BIOLÓGICO. Exemplo: Macho e Fêmea. 2. Orientação sexual: É a atração afetiva e/ou sexual que uma pessoa manifesta em relação à outra, para quem se direciona, involuntariamente, o seu desejo. Exemplo: Homossexuais, Bissexuais, Heterossexual, Pansexual e Assexual. 3. Identidade de gênero: O conceito de gênero foi criado (1970) para distinguir a dimensão biológica da dimensão social. É a percepção que a pessoa tem de si como sendo do gênero masculino, feminino ou de alguma combinação dos dois, independente do sexo biológico (macho/fêmea). Pode ou não corresponder ao sexo atribuído ao nascimento e inclui o senso pessoal do corpo e outros aspectos, como vestimentas, modo de falar e de se comportar socialmente. Exemplo: Feminino (Travesti e Transexual) e Masculino. É importante ressaltar que as travestis, independentemente de como se reconhecem, preferem ser tratadas no feminino, Atualmente, essas infinitas formas de vivência e expressão da sexualidade, foi traduzida em DIVERSIDADE SEXUAL, sendo o seguimento populacional onde há registro do maior número de contaminados com de IST/HIV/AIDS, com predominância de sífilis. PRELIMINAR 39 considerando insultos serem adjetivadas no masculino. Nunca fale “O TRAVESTI” e sim “A TRAVESTI”. Fazer uma ponte de equilíbrio entre preconceitos e pré-conceitos, mostra ser uma missão laboriosa para o a profissional de saúde acolhedor, já que irá mexer e remexer com seus valores pessoais, individuais tão particulares que muitas vezes são divergentes aos do usuário. Pois, todo indivíduo pode sim, estar engessado ao longo dos anos, muitas vezes os conceitos e pré-conceitos vem da tenra idade e tidos como “verdades absolutas”. Cada ida do usuário ao serviço é um momento ímpar, um recomeço, onde o acolhimento deve buscar manter a homeostase desse ser, uma vez que, os profissionais nunca devem esquecer que entre a razão e a emoção existe uma pessoa que, apesar das adversidades emocionais frente aos agravos, é dotado de uma capacidade intelectual suficiente para rever suas verdades e inverdades sobre a doença, bem como de suas variáveis, assim os envolvidos estarão sempre reconstruindo novas e flexíveis verdades, nunca absoluta. É fundamental que nos percebamos como seres humanos, que, como outros, vivemos tecendo ativamente estereótipos sobre os demais. O autoconhecimento é o ponto de partida de qualquer transformação. (...) no ambiente de trabalho, é frequente a equipe concordar com ideias que racionalmente não são tão adequadas, sem questioná-las. Por questões hierárquicas, medo e/ou competitividade, as pessoas estabelecem falsos consensos (CERON, 2013). No entanto, um bom observador, percebe que há sinais de objeção não verbais à ideia colocada – seja na forma exagerada e teatral com que as pessoas exibem concordância, seja pela reação de apatia, cabeça baixa, desvio de olhar, de atenção, etc (CERON, 2013). A ideia é refletir sobre nossas próprias tendências pessoais a estereotipar os demais, buscando analisar quais as origens dessa tendência. É preciso ter reflexão, autocrítica e percepção do outro para manter o estereótipo em suspenso e permitir a emergência do outro tal como ele é (CERON, 2013, p. 31). PRELIMINAR 40 Para exemplificar, tem se o NOME SOCIAL, conhecido como identidade social, corresponde ao prenome adotado pela pessoa, pela qual se reconhece e identifica-se, sendo reconhecida e denominada por sua comunidade, enquanto o seu registro civil não é adequado à sua identidade e expressão de gênero. O Decreto Nº 8.727 de 28.04.2016, sancionado pela presidente Dilma Rousseff, autoriza a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) a utilizar o chamado “nome social” nos órgãos do serviço público federal, como ministérios, universidades federais e empresas estatais. 6.1.3. Das parcerias sexuais No acolhimento a pessoa com IST, o profissional de saúde deve estar atualizado quanto as terminologias que irá usar,
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