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Apostila Processo I

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APOSTILA 
 DE 
 DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
VOLUME I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dra. Maria da Penha Meirelles Almeida Costa 
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I - ASPECTOS ELEMENTARES DE DIREITO 
PROCESSUAL PENAL 
 
1. O surgimento do processo 
 
Nos primórdios de nossa civilização, o homem, à míngua de outro meio de 
comunicação, bradava para expressar seus sentimentos e desejos. Com o passar do 
tempo, diante da sua multiplicação, o ser humano buscou meios para melhor se 
comunicar. Encontrou, então a linguagem para satisfazer o seu desejo. 
A fala para o homem foi de suma importância, mas ele continuou se desenvolvendo e 
procurou também aperfeiçoar os meios para solucionar seus conflitos de interesse. Na 
verdade, ele criou o processo em decorrência de uma necessidade imperiosa de um 
instrumento que pudesse dar amparo ao sentimento de justiça natural possuído por todo 
ser humano. Evidentemente foi um processo demorado, em razão da inexistência de 
um costume preexistente. 
A partir de sua criação, ao longo dos séculos, muitas teorias contribuíram para o seu 
desenvolvimento, aperfeiçoando-o até chegar ao que é hoje. 
O homem é um ser social por excelência e, portanto, não vive senão em sociedade, até 
para proteger o seu próprio grupo. Assim, o seu instinto gregário deu origem à 
sociedade e, com ele, surgem os conflitos de interesse. É importante ressaltar que, 
quando o conflito de interesse pertence a uma única pessoa, é fácil de ser resolvido, 
posto que ela terá de sacrificar o menos importante em detrimento do mais importante 
para ela naquele momento. Entretanto, quando existe o conflito de interesses de pessoas 
diversas, estes devem ser resolvidos pela sociedade dos homens, a fim de manter a paz 
social. Só para relembrar, pensando em termos de sociedade e a sua conseqüente 
subsistência, seria impossível que cada qual fizesse justiça pelas próprias mãos, visando 
solucionar o conflito. Por estas razões, podemos afirmar que o Estado é soberano e 
cabe a ele dirimir tais controvérsias, agindo de forma neutra e imparcial, solucionando 
cada pretensão que um impõe ao outro. 
 
2. Jus puniendi e jus persequendi 
 
O Estado recebe das pessoas delegação para agir em nome da vítima, que assim se libera 
da vingança privada. Somente o Estado pode punir, exercendo a titularidade do jus 
puniendi, o direito de impor sanções. Obviamente, esse direito é praticado observando 
certos procedimentos, a fim de garantir total lisura na apuração da conduta do infrator. 
Também, é da titularidade do Estado o jus persequendi, ou seja, direito à persecução 
mediante instauração do devido processo legal. 
Na verdade, este poder do Estado nada mais é do que um poder/dever, uma vez que, 
encarregado de aplicar a Justiça, não detém discricionariedade que lhe permita optar 
entre promover a ação penal e deixar de fazê-lo. Assim, praticado o crime, o Estado 
tem a obrigação de propor a ação penal, salvo a hipótese de ação penal, onde a opção 
cabe ao particular. 
Já o jus persequendi é um direito subjetivo do Estado exercido pelo Ministério Público, 
encarregado de postular, perante o Estado-Juiz, a condenação do infrator. O Promotor 
de Justiça é o dominus litis, mas, no entanto, está subordinado a normatividade 
processual, não podendo agir de acordo com sua exclusiva vontade ou predileções. 
 
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3. Distinção entre direito penal e processo penal 
 
O direito penal é a substância. O direito processual penal é o instrumento que coloca a 
substância a atuar. 
Assim, para que o direito seja colocado em movimento, há necessidade de uma violação 
de uma norma prevista como típica, um poder encarregado de aplicar a lei penal e, por 
conseqüência, um método consistente no processo, que representa uma série de atos 
coordenados. 
O objetivo maior do processo penal é à busca da verdade real, diferente do processo 
civil que tem por objetivo a busca da verdade formal, ou seja, a verdade contida nos 
autos. 
 
4. Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege 
 
Muito embora cabe ao Estado o exercício do jus puniendi, existem princípios 
constitucionais que o limita, como a impossibilidade de prosperar uma acusação sobre 
um crime sem lei prévia que o defina, apresentando-se como atípico e, portanto, 
desprovido de qualquer sanção. 
Desta forma, nenhuma ação humana, ainda que pareça imoral ou contrária aos 
interesses coletivos, se não estiver prevista em lei escrita e anterior a sua execução, 
pode constituir-se delito em sentido lato. 
 
5. Nulla poena sine judicio 
 
O presente brocardo consagra o princípio da instrumentalidade do processo penal. É a 
imposição do devido processo legal para se chegar a uma condenação. No entanto, é 
importante ressaltar que tal conceito foi mitigado com a edição da Lei n. 9.099/95, haja 
vista a possibilidade de transação. 
Em outras palavras, o processo penal é uma ferramenta necessária à aplicação da lei 
penal. Como sucessão de atos disciplinados pelo direito, o processo se interpõe 
necessariamente entre o delito e a sanção, constituindo-se no único meio de descoberta 
da verdade real. 
 
6. Diferença entre processo e procedimento 
 
O processo é o instrumento através do qual se aplica o direito material; 
O procedimento é o modus operandi, é a maneira de proceder dentro do processo. 
É a exteriorização do processo mediante a série de atos que o constituem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
II - RELAÇÕES DO PROCESSO PENAL COM AS 
DEMAIS CIÊNCIAS 
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Dentre as ciências auxiliares de maior conexão com o direito processual penal, podem 
ser mencionadas a política criminal, a criminologia, a medicina legal, a psiquiatria 
forense e a polícia científica. 
 
1. Política Criminal 
 
É a política criminal que fornece o critério para apreciação do valor da norma vigente 
e propõe o modelo de norma a vigorar. O processo criminal não pode se afastar do 
modelo de política criminal adotado. Este se reflete no processo e é inegável a relação 
existente entre ambos, pois não basta apenas impor as sanções, mas saber como aplicar 
a pena eficazmente, a fim de se obter os seus efeitos preventivos e repressivos. 
 
2. Criminologia 
 
Criminologia é a ciência que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da 
vítima e do controle social do comportamento delitivo, procura fornecer uma 
informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime 
- contemplado este como problema individual e como problema social - fornecendo 
programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem 
delinqüente. 
 
3. Medicina legal 
 
Há uma ligação muito próxima entre o direito processual e a medicina legal. Esta 
fornecerá parâmetros para se aferir a imputabilidade do réu sobre o qual pairar dúvidas 
quanto à sanidade mental. Apurará os vestígios dos delitos e suas seqüelas nas vítimas. 
É importante ressaltar que o resultado final do processo está vinculado à qualidade de 
determinada perícia, daí sua inequívoca relevância para o processo. 
 
4. Psiquiatria forense 
 
A intervenção da psiquiatria na criminologia forense deriva de norma expressa do 
Código Penal, o art. 26 e seu parágrafo único. 
 
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente 
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em 
virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto 
ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
 
 
Na verdade, observamos que a sociedade separou a criminalidade da loucura, depois de 
tê-las confundido por umlongo período. Dessa diferenciação nasceu a perícia 
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psiquiátrica. O perito psiquiatra desempenha papel de extremo significado na aplicação 
da justiça criminal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III - RELAÇÃO DO PROCESSO PENAL COM O 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
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A Constituição é fundamento de validade de toda a normatividade, pois, em relação às 
suas normas, as demais são inferiores. 
É no texto constitucional que se encontra o maior número de preceitos relevantes para 
o processo criminal, bastando mencionar vários incisos do art. 5º, voltados à tutela da 
liberdade, consagradores do processo como instrumento para a realização da Justiça. 
Senão vejamos, o artigo e os seus respectivos incisos: 
 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude 
de lei; 
III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização 
por dano material, moral ou à imagem; 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de 
culta e a suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas 
entidades civis e militares de internação coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal 
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal; 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional; 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer 
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, 
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à 
autoridade competente; 
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XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter 
paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de 
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito 
em julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade 
para representar seus filiados, judicial ou extrajudicialmente; 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV-a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou 
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em 
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver 
dano; 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada 
pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de 
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu 
desenvolvimento; 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização publicação ou 
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a. a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da 
imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
b. o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou 
de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações 
sindicais e associativas; 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para 
sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, 
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social 
e o desenvolvimento tecnológico do País; 
XXX - é garantido o direito à herança; 
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será resguardada pela lei 
brasileira, em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes 
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus; 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse 
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob 
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à 
segurança da sociedade e do Estado; 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxa: 
a. o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra 
ilegalidade ou abuso de poder; 
b. a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e 
esclarecimento de situações de interesse pessoal; 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito; 
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XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato perfeito e a coisa julgada; 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: 
a. a plenitude de defesa; 
b. o sigilo das votações; 
c. a soberania dos veredictos; 
d. a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal; 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais; 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à 
pena de reclusão, nos termos da lei; 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, osexecutores 
e os que, podendo evitá-los, se omitem; 
XVIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis 
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de 
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas 
aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio 
transferido; 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará entre outras, as seguintes: 
a. privação ou restrição da liberdade; 
b. perda de bens; 
c. multa; 
d. prestação social alternativa; 
e. suspensão ou interdição de direitos; 
XLVII - não haverá penas: 
a. de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b. de caráter perpétuo; 
c. de trabalhos forçados; 
d. de banimento; 
e. cruéis; 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a 
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com 
seus filhos durante o período de amamentação; 
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime 
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
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LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurado o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes; 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo 
nas hipóteses previstas em lei; 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for 
intentada no prazo legal; 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da 
intimidade ou o interesse social o exigirem; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem judicial escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão 
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer 
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu 
interrogatório policial; 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a 
liberdade provisória, com ou sem fiança; 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo 
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário 
infiel; 
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar 
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder; 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito liquido e certo, 
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no 
exercício de atribuições do Poder Público; 
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
a. partido político com representação no Congresso Nacional; 
b. organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em 
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou 
associados; 
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma 
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais 
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; 
LXXII - conceder-se-á habeas data: 
a. para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, 
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de 
caráter público; 
b. para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, 
judicial ou administrativo; 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a 
anular ao lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à 
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moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, 
ficando o autor salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência; 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que 
comprovarem insuficiência de recursos; 
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar 
preso além do tempo fixado na sentença; 
LXXVI - são gratuitos para os reconhecimentos pobres, na forma da lei: 
a. o registro civil de nascimento; 
b. a certidão de óbito; 
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, 
os atos necessários ao exercício da cidadania. 
Parágrafo 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm 
aplicação imediata. 
Parágrafo 2º. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem 
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 
Assim, só para exemplificar, observamos os seguintes incisos: 
 
III - protege a pessoa de tratamento desumano ou degradante; 
XXXVII - veda o juízo de exceção; 
XXXVIII - reconhece a instituição do júri; 
XXIX - princípio da reserva legal; 
XL - princípio da retroatividade da lei benigna; 
LIV – princípio do devido processo legal; 
LV – princípio do contraditório e ampla defesa; 
LVII – princípio da presunção de inocência; 
LX – princípio da publicidade. 
 
Ainda importam - e são fundamentais para o processo criminal - os incisos LII, LIII, 
LVI, LVIII, LIX, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV, LXVI, LXVII e LXVIII, os quais 
podem ser analisados, detalhadamente, no tópico relativo ao artigo 5º da CF. 
 
 
 
 
 
 
 
IV - EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO 
ESPAÇO 
 
A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas em território 
brasileiro, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional. 
Vigora o princípio da absoluta territorialidade, ou seja, aos processos e julgamentos 
realizados no território brasileiro, aplica-se à lei processual penal nacional. Justifica-se 
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por ser a função jurisdicional a manifestação de uma parcela da soberania nacional, 
podendo ser exercida apenas nos limites do respectivo território. 
A territorialidade vem consagrada no art. 1º do Código de Processo Penal: 
 
Art. 1º. O processo penal reger-se-á, em todo território brasileiro, por este Código, 
ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de 
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 
89, parágrafo 2º, e 100); 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição,art. 122, nº 17); 
V - os processos por crimes de imprensa; 
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos 
ns. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. 
 
 
As ressalvas mencionadas neste artigo não são, como podem parecer, exceções à 
territorialidade da lei processual penal brasileira, mas apenas à territorialidade do 
Código de Processo Penal. Impõem, tendo em vista as peculiaridades do direito, a 
aplicação de outras normas processuais positivas na Constituição Federal e em leis 
extravagantes, v.g., nos casos de crimes de militares, eleitorais, falimentares, de 
entorpecentes, nas contravenções do jogo do bicho, nas infrações de menor potencial 
ofensivo etc. O inciso I contempla verdadeiras hipóteses excludentes da jurisdição 
criminal brasileira, isto é, os crimes serão apreciados por tribunais estrangeiros segundo 
suas próprias regras processuais, v.g., casos de imunidade diplomáticas, de crimes 
cometidos por estrangeiros a bordo de embarcações públicas estrangeiras em águas 
territoriais e espaço aéreas brasileiro etc. 
Considera-se praticado em território brasileiro o crime cuja ação ou omissão, ou cujo 
resultado, no todo ou em parte, ocorreu em território nacional. Considera-se como 
extensão do território nacional, para efeitos penais, as embarcações e aeronaves 
públicas ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, e as 
embarcações e aeronaves particulares que se acharem em espaço aéreo ou marítimo 
brasileiro, ou em alto-mar ou espaço aéreo correspondente. 
A lei penal aplica-se aos crimes cometidos fora do território nacional que estejam 
sujeitos à lei penal nacional. É a chamada extraterritorialidade da Lei penal. Contudo, 
é preciso que se frise: a lei processual brasileira só vale dentro dos limites territoriais 
nacionais. Se o processo tiver tramitação no estrangeiro, aplicar-se-á a lei do país em 
que os atos processuais forem praticados. 
A legislação processual brasileira também se aplica aos atos referentes às relações 
jurisdicionais com autoridades estrangeiras que devem ser praticados em nosso país, 
tais como o cumprimento de rogatória etc. 
 
 
 
 
 
 
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V - EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO 
TEMPO 
 
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos 
atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
 
 
Percebe-se, desde logo, que o legislador pátrio adotou o princípio da aplicação imediata 
das normas processuais, sem efeito retroativo, uma vez que, se tivesse, a retroatividade 
anularia os atos anteriores, o que não ocorre. 
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Dessa forma, sem a sua retroatividade, os atos processuais realizados sob a égide da 
lei anterior são considerados válidos e as normas processuais têm aplicação 
imediata, regulando o desenrolar do processo. 
Todavia, embora a lei processual não seja retroativa, há que se atentar quanto às normas 
jurídicas que possuem natureza mista, ou seja, serem dotadas de natureza processual e 
material, concomitantemente, atribuindo-lhe, assim, efeito retroativo ao dispositivo que 
for mais favorável ao réu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VI - PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL 
 
1. Verdade real 
 
No processo penal, o juiz tem o dever de investigar como os fatos se passaram na 
realidade, não se conformando com a verdade formal constante dos autos, como 
acontece no processo civil. Desse modo, se o juiz não estiver ainda convencido da 
autoria, ou necessitar de outras provas, poderá requisitá-las para esclarecer eventuais 
dúvidas sobre pontos relevantes. No processo penal, o juiz não representa mero 
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espectador, mas deverá esgotar todos os meios para satisfazer o princípio maior do 
processo penal que é à busca da verdade real. 
 
2. Legalidade (art. 28, do CPP) 
 
Os órgãos incumbidos da persecução penal não podem possuir poderes discricionários 
para apreciar a conveniência ou oportunidade da instauração do processo ou do 
inquérito. 
 
Assim, a autoridade policial, nos crimes de ação pública, tem o dever de determinar a 
instauração do inquérito policial, e o órgão do Ministério Público é obrigado a 
apresentar a respectiva denúncia, desde que o fato seja delituoso. 
 
3. Oficiosidade 
 
Os órgãos incumbidos da persecução penal devem proceder ex officio, não devendo 
aguardar provocação, ressalvados os casos de ação penal privada e ação penal pública 
condicionada à representação do ofendido. (CPP, artigo 5º §§ 4º e 5º, e artigo 24) 
 
4. Autoritariedade 
 
Os órgãos investigantes e processantes devem ser autoridades públicas (delegado de 
polícia e promotor ou procurador de justiça). Exceção à esta regra é a ação penal 
privada. 
 
5. Indisponibilidade (CPP, arts. 17, 42 e 576) 
 
- A autoridade policial não pode determinar o arquivamento do inquérito policial 
(CPP, art. 17). 
 
- O Ministério Público não pode desistir da ação penal pública, nem do recurso 
interposto (CPP, arts. 42 e 576). 
 
6. Princípio do juiz natural (CF, art. 5º, incisos XXXVII e LIII). 
 
A Constituição Federal proíbe a criação de tribunais de exceção, e, ligado à proibição 
dos tribunais de exceção está o princípio do juiz natural ao expressar “Ninguém será 
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. 
 
Não se devem confundir as justiças especiais com os chamados tribunais de exceção. 
As justiças especiais são as previstas na própria Constituição para o julgamento de 
determinadas causas, como a Justiça Eleitoral, a Justiça do Trabalho e a Justiça Militar. 
A proibição dos juizes de exceção refere-se à eventual criação de órgão específico para 
a decisão civil ou penal de determinados casos, fora da estrutura do Poder Judiciário. 
Os tribunais de exceção normalmente são instituídos em período revolucionário, para o 
julgamento de fatos políticos, e estão afastados pelo texto constitucional. 
 
 14 
7. Publicidade (CPP, art. 792 e CF, arts. 5º, LX, e 93, IX, parte final). 
 
Em regra, os atos processuais são públicos e as audiências são franqueadas ao público 
em geral (CPP, art. 792). Contudo, segundo o parágrafo 1º do art. supra, “se da 
publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo, 
inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou tribunal, câmara ou 
turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, 
determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas 
que possam estar presentes”. 
 
8. Contraditório e ampla defesa (CF, art. 5º, LV). 
 
O réu deve conhecer a acusação que se lhe imputa para poder contrariá-la, ou, ainda, 
dela se defender, posto que nenhum acusado será processado ou julgado sem defensor 
constituído ou nomeado, evitando possa ser condenado sem ser ouvido. 
Por isso, é essencial que o acusador, ao formular a denúncia ou queixa-crime, narre 
claramente os fatos que está a imputar ao futuro réu, a fim de que este tenha pleno 
conhecimento da acusação, podendo elaborar sua defesa e produzir provas, sob pena de 
inépcia da inicial. 
 
9. Iniciativa das partes (“ne procedat judex ex officio”) - (CF, art. 5º, 
LIX e art. 129, I, e CPP, arts. 29 e 30). 
 
O juiz depende da provocação da parte. Cabe ao Ministério Público promover 
privativamente a ação penal pública e ao ofendido, a ação penal privada. 
Se o juiz der início a uma ação penal ele perderá sua imparcialidade. 
 
10. Ne eat judex ultra petita partium (arts. 383 e 384 do CPP). 
 
O juiz deve pronunciar-se sobre aquilo que lhe foi pedido. O que efetivamente vincula 
o juiz criminal, definindo a extensão do provimento jurisdicional, são os fatos 
submetidos à sua apreciação. Se o promotor, na denúncia, imputa ao réu um crime defurto, e, ao final, apura-se que o crime cometido foi o de estupro, não pode o juiz proferir 
condenação, ainda que o outro crime esteja caracterizado. 
 
11. Devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). 
 
Consiste em assegurar à pessoa o direito de não ser privada de sua liberdade e de seus 
bens, sem a garantia de um processo desenvolvido na forma que estabelece a lei. (CF, 
art. 5º, LIV). 
 
 
12. Presunção de inocência (CF, art. 5º, LVII). 
 
Nossa Constituição Federal consagra o princípio de que ninguém será considerado 
culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Porém, convém 
lembrar a Súmula 9 do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual a prisão processual 
não viola o princípio do estado de inocência. 
 15 
Entretanto, o art. 594 do nosso diploma processual impõe que o réu não poderá apelar 
sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes, 
assim reconhecido na sentença penal condenatória, ou condenado por crime que se livre 
solto. 
Nesse sentido, há muita discussão doutrinária à respeito de flagrante 
inconstitucionalidade. 
 
13. Favor rei (CF, art. 5º, XL e CPP, art. 617). 
 
A dúvida sempre beneficia o acusado. Se houver duas interpretações, deve-se optar 
pela mais benéfica; na dúvida, absolve-se o réu, por insuficiência de provas; só a defesa 
possui certos recursos, como o protesto por novo júri e os embargos infringentes; só 
cabe ação rescisória penal em favor do réu (revisão criminal). 
 
14. Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos 
(CF, art. 5º, LVI). 
 
Todas as provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis no processo, visto 
constituírem espécie de provas chamadas vedadas (CF, art.5º, LVI). 
São consideradas provas vedadas àquelas produzidas em contrariedade a uma norma 
legal específica, podendo ser imposta por norma de direito processual ou material. 
Conforme a natureza, pode a prova vedada ser descrita como ilícita ou ilegítima, sendo, 
em qualquer hipótese, proibidas pela Constituição. 
São consideradas provas ilícitas, aquelas produzidas com violação às regras de direito 
material, onde são praticados ilícitos de ordem penal, civil ou administrativa. 
 
Exemplos: 
 
diligência de busca e apreensão sem prévia autorização judicial ou durante o período 
noturno; 
 
confissão obtida mediante prática de tortura; 
 
interceptação telefônica sem autorização judicial (violação de sigilo telefônico); 
 
interceptação de cartas particulares (violação de correspondência). 
 
Já as provas ilegítimas são aquelas produzidas com violação às regras de natureza 
meramente processual. 
 
Exemplos: 
 
exibição de documento em plenário do Júri com desobediência ao disposto no artigo 
475 do CPP; 
 
juntada de documentos na fase de alegações finais (art.406 do CPP); 
 
depoimento prestado com violação à regra proibitiva do art.207 CPP. 
 
 16 
 
Entretanto, alguns autores como Fernando Capez e Vicente Greco Fº, entendem que 
desprezar, sempre, toda e qualquer prova ilícita não é conduta juridicamente correta, 
tendo em vista que, em determinadas situações, a importância do bem jurídico 
envolvido no processo e a ser alcançado com a obtenção irregular da prova levará os 
tribunais a aceitá-las. Leve-se em consideração uma prova obtida por meio ilícito que, 
entretanto, levará à absolvição de um inocente. Entendem estes autores que o interesse 
que se quer defender é muito mais relevante do que a intimidade que se deseja preservar. 
Acreditam que o juiz poderá admitir uma prova ilícita ou sua derivação a fim de evitar 
um mal maior. 
Podemos resumir que o direito à liberdade e à segurança, à proteção da vida, do 
patrimônio, conseqüentemente, não podem ser levados como regra e ser restringidos 
pela prevalência do direito à intimidade e pelo princípio da proibição das demais provas 
ilícitas. 
Outros autores como Grinover, Scarance e Magalhães esclarecem ser praticamente 
unânime o entendimento que admite possa ser utilizada, no processo penal, a prova 
favorável ao acusado, ainda que colhida com infringência aos direitos fundamentais 
seus ou de terceiros. 
Embora pacífica a aplicação do princípio da proporcionalidade somente pro reo, o STJ, 
em julgado recente, admitiu a incidência pro societate, aceitando que, dentro de 
princípios lógicos, é perfeitamente viável a aceitação da prova obtida mediante 
interceptação telefônica. 
No entanto, oportuno ressaltar que, legalmente, em consonância com o que dispõe a Lei 
n. 9.296, de 24 de julho de 1996, a interceptação de comunicações telefônicas de 
qualquer natureza não será admitida, salvo por ordem judicial e sob segredo de Justiça, 
sob pena de constituir-se em crime capitulado no artigo 10 da referida Lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VII - INQUÉRITO POLICIAL 
 
1. Conceito 
 
É o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária para a apuração de uma 
infração penal e de sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em 
juízo. 
 
2. Polícia judiciária 
 
 17 
Tem a função de auxiliar a justiça; atua quando os atos que a polícia administrativa 
pretendia impedir não foram evitados. Possui a finalidade de apurar as infrações penais 
e suas respectivas autorias, a fim de fornecer ao titular da ação penal elementos para 
propô-la. 
 
3. Competência e atribuição 
 
A atribuição para presidir o inquérito policial é outorgada aos delegados de polícia de 
carreira, conforme as normas de organização policial dos Estados. Essa atribuição pode 
ser fixada, quer pelo lugar da consumação da infração (ratione loci), quer pela natureza 
da mesma (ratione materiae). 
A atribuição para a lavratura do auto de prisão em flagrante é da autoridade do lugar 
em que se efetivou a prisão, devendo os atos subseqüentes ser praticados pela 
autoridade do local em que o crime se consumou. 
 
4. Características 
 
4.1. Procedimento escrito 
 
Tendo em vista as finalidades do inquérito, não se concebe a existência de uma 
investigação verbal. Por isso, todas as peças do inquérito policial serão, num só 
processo, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade 
(CPP, art. 9º). 
 
4.2. Sigiloso 
 
A autoridade assegurará no inquérito policial o sigilo necessário à elucidação do fato 
ou exigido pelo interesse da sociedade. O sigilo não se estende ao representante do 
Ministério Público, nem à autoridade judiciária. Este sigilo deverá ser observado como 
forma de garantia da intimidade do investigado, resguardando-se seu estado de 
inocência. 
 
4.3. Oficialidade 
 
O inquérito policial é uma atividade investigatória feita por órgãos oficiais, não 
podendo ficar a cargo do particular, ainda que a titularidade da ação penal seja atribuída 
ao ofendido. 
 
4.4. Oficiosidade 
 
Significa que a atividade das autoridades policiais independe de qualquer espécie de 
provocação, sendo a instauração do inquérito obrigatória diante da notícia de uma 
infração penal (CPP, art. 5º, I), ressalvados os casos de ação penal pública condicionada 
e de ação penal privada (CPP, art. 5º, II). 
 
4.5. Autoridade 
 
Exigência constitucional (CF, art. 144, parágrafo 4º); o inquérito policial é presidido 
por uma autoridade pública, a autoridade policial (delegado de polícia). 
 18 
 
4.6. Indisponibilidade 
 
Após sua instauração não pode ser arquivado pela autoridade policial (CPP, art. 17). 
 
4.7. Inquisitivo 
 
Caracteriza-se como inquisitivo o procedimento em que as atividades persecutórias 
concentram-se nas mãos de uma única autoridade, no qual não se aplicam os princípios 
do contraditório e da ampla defesa. Neste momento não há ainda acusação, só se 
apuram os fatos. 
 
5. Valor probatório 
 
O inquérito policial, além de seu conteúdo informativo, tem valor probatório, embora 
relativo, haja vista que os elementos de informação não sãocolhidos sob a égide do 
contraditório e da ampla defesa, nem tampouco na presença do juiz de direito. 
 
6. Dispensabilidade 
 
O inquérito policial não é fase obrigatória da persecução penal, podendo ser dispensado 
caso o Ministério Público ou ofendido já disponha de suficientes elementos para a 
propositura da ação penal (CPP, arts. 12, 27, 39, parágrafo 5º, e 46, parágrafo 1º). 
 
7. Incomunicabilidade 
 
Destinada a impedir que a comunicação do preso com terceiros venha a prejudicar o 
desenvolvimento da investigação. Esta incomunicabilidade não excederá de 3(três) 
dias e será decretada por despacho fundamentado do juiz a requerimento da autoridade 
policial ou do órgão do Ministério Público, respeitadas as prerrogativas do advogado. 
 
8. Notitia criminis 
 
É o conhecimento espontâneo ou provocado, pela autoridade policial, de um fato 
aparentemente criminoso. É com base nesta informação que a autoridade dá início às 
investigações. 
 
9. Peças inaugurais do Inquérito Policial 
 
 
a) portaria: quando instaurado de ofício (ação penal pública incondicionada); 
(vide modelo nº 1); 
 
b) auto de prisão em flagrante: (qualquer espécie de infração penal); (vide modelo 
nº 2); 
 
c) requerimento do ofendido ou de seu representante: (ação penal privada e ação 
penal pública incondicionada); (vide modelos nº 3 e 4); 
 19 
 
d) requisição do Ministério Público, Ministro da Justiça ou da autoridade 
judiciária: (ação penal pública incondicionada e condicionada - quando 
acompanhada da representação); (vide modelos nº 5 e 6); 
 
e) representação do ofendido ou de seu representante legal: (ação penal pública 
condicionada). (vide modelos nº 7 e 8). 
 
 
10. Diligências que podem ser determinadas no curso da Investigação 
Policial 
 
Sempre que a autoridade policial tiver notícia a respeito de uma infração penal, cuja 
ação penal seja pública, pouco importando se crime ou contravenção deverá ela 
determinar a instauração do inquérito. 
Tratando-se de infração de menor potencial ofensivo, assim consideradas as 
contravenções, pouco importando a quantidade de pena cominada, e os crimes apenados 
no máximo com 02 (dois) anos, ressalvados aqueles subordinados a procedimento 
especial, cumpre a autoridade policial limitar-se a proceder a um Termo 
Circunstanciado, registrando o tipo de ocorrência, dia, local, súmula da versão do 
pretenso autor do fato, da pretensa vítima e de eventuais testemunhas, encaminhando-
o, à seguir, à sede do Juizado Especial Criminal, onde houver. Não havendo, deverá 
encaminhá-lo ao Fórum Criminal. 
Se o crime for de ação penal privada - e quando o é a própria lei penal o diz, 
esclarecendo que “somente se procede mediante queixa” - ou de crime de ação penal 
pública condicionada, isto é, subordinada à representação do ofendido, o inquérito 
somente poderá ser instaurado se a pessoa legitimada a ofertar queixa ou a fazer 
representação, der a devida autorização, seja requerendo, seja representando. 
De qualquer sorte, instaurado o inquérito, a autoridade policial deve determinar uma 
série de diligências visando ao esclarecimento do fato e à descoberta da autoria, 
observada a regra programática prevista no art. 6º do CPP. Muito embora o referido 
artigo determine que a autoridade policial deve “dirigir-se ao local, providenciando 
para que se não alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos 
criminais”, é evidente que o Delegado de Polícia não tomará tal providência em 
qualquer crime. Se houver um crime de calúnia, de sedução, de lesão corporal, por 
exemplo, não será realizada aquela diligência. E as razões são óbvias... 
 
De regra, a autoridade policial toma as seguintes providências: 
a) procura ouvir a vítima, as testemunhas que assistiram ao fato ou que dele têm 
ciência; 
b) determina a realização de exame de corpo de delito ou outro exame qualquer 
(ex. exame grafológico, exame dos instrumentos etc.); 
c) avaliação do produto do crime; 
d) procura ouvir o pretenso culpado; 
e) procede ao auto de reconhecimento de pessoas ou coisas; 
f) procede ao auto de acareação; 
g) procede à reconstituição do crime, se necessário, por meio da reprodução 
simulada, a fim de verificar a possibilidade de haver a infração sida praticada de 
determinado modo, caso haja contradições. A reprodução simulada pode ser 
feita tanto pelo indiciado, caso queira, como pela vítima; 
 20 
h) proceder à identificação dactiloscópica, quando houver fundada suspeita quanto 
a identidade do indiciado, ou quando não identificado civilmente; 
i) proceder à averiguação da vida pregressa do indiciado; 
j) dirigir-se, a autoridade policial, ao local do crime, providenciando para que se 
não alterem o estado e a conservação das coisas e pessoas, enquanto necessários, 
até que cheguem os peritos para a elaboração dos exames pertinentes; 
 
l) apreender os instrumentos e todos os objetos que tiverem relação com o fato, 
depois de liberados pelos peritos; 
m) colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; 
n) proceder à busca e a apreensão, cf. art. 6º, II, do CPP: 
 
 
 I) no local do crime; 
 
 II) em domicílio: CF, art. 5º, XI. 
 
 1) no período noturno: - com assentimento do morador 
 - em flagrante delito 
 - no caso de desastre 
 - para prestar socorro 
 
 
 
 2) durante o dia: - nos casos acima 
 - por ordem judicial 
 
 
III) na própria pessoa, que independerá de mandado, no caso de prisão ou 
havendo fundada suspeita. 
 
 
11. Indiciamento 
 
É a imputação a alguém, no inquérito policial, da prática do ilícito penal, sempre que 
houver razoáveis indícios de sua autoria. 
É a declaração do, até então, mero suspeito, como sendo o provável autor do fato 
infringente da norma penal. Com o indiciamento, todas as investigações passam a se 
concentrar sobre a pessoa do indiciado. 
O indiciado deve ser interrogado pela autoridade policial, que poderá, para tanto, 
conduzi-lo coercitivamente à sua presença, no caso de descumprimento injustificado de 
intimação. Tanto no interrogatório judicial como no interrogatório policial o indiciado 
não estará obrigado a responder às perguntas que lhe forem feitas, pois tem o direito de 
permanecer calado (art. 5º, LXIII), sem que dessa opção se possa extrair qualquer 
presunção que o desfavoreça. 
O termo de interrogatório deverá ser assinado pela autoridade policial, pelo escrivão, 
pelo interrogado e por suas testemunhas que hajam presenciado a leitura. 
A autoridade policial deve, ainda, proceder à identificação do indiciado pelo processo 
dactiloscópico, salvo se ele já tiver sido civilmente identificado. 
 21 
Recusando-se à identificação, o indiciado será conduzido coercitivamente à presença 
da autoridade, podendo, ainda, responder por crime de desobediência. 
Deverá, ainda, ser juntada aos autos a sua folha de antecedentes, averiguada a sua vida 
pregressa. 
 
 
12. Encerramento do Inquérito Policial 
 
Concluídas as investigações, a autoridade policial deve fazer minucioso relatório do 
que tiver sido apurado no inquérito policial (art. 10, parágrafo 1º), sem, contudo, 
expender opiniões, julgamentos ou qualquer juízo de valor, devendo, ainda, indicar as 
testemunhas que não foram ouvidas (CPP, art. 10, parágrafo 2º), bem como as 
diligências não realizadas. No caso de crime de tóxicos, a autoridade deverá indicar a 
classificação da conduta nos arts. 12 ou 16 nos ter do art. 37 da Lei n. 6368/76. 
Encerrado o inquérito, os autos serão remetidos ao juiz competente, acompanhados dos 
instrumentos do crime e dos objetos que interessarem à prova (CPP, art. 11), oficiando 
a autoridade, ao Instituto de Identificação e Estatística, mencionando o juízo a que 
tiverem sido distribuídos e os dados relativos à infração e ao indiciado (CPP, art. 23). 
Do juízo, os autos devem ser remetidosao órgão do Ministério Público, para que este 
adote as medidas cabíveis. 
 
13. Prazo 
 
1) Se o indiciado estiver preso: 10 dias, contados da data da efetivação da prisão. 
 
2) Se o indiciado estiver solto: 30 dias, contados a partir do recebimento da notitia 
criminis, prorrogável conforme solicitação da autoridade policial e liberalidade 
do Ministério Público. 
 
Tratando-se de inquérito instaurado a requerimento do ofendido para apuração de crime 
de ação privada (CPP, art. 5º, parágrafo 5º), uma vez concluídas as investigações, os 
autos serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão o impulso de quem de 
direito (CPP, art. 19). Assim, é conveniente que ele acompanhe o desenrolar das 
investigações, para não perder o prazo estabelecido no art. 38 do CPP. 
 
 
14. Arquivamento 
 
Tal providência só cabe ao juiz, a requerimento do Ministério Público (CPP, art. 28), 
que é o exclusivo titular da ação penal pública (CF, art. 129, I). 
 
A autoridade policial pode deixar de instaurar o inquérito, mas, uma vez feito, o 
arquivamento só se dá mediante decisão judicial, provocada pelo Ministério Público, e 
de forma fundamentada, em face do princípio da obrigatoriedade da ação penal (art. 
28). O juiz jamais poderá determinar o arquivamento do inquérito, sem prévia 
manifestação do Ministério Público (CF, art. 129, I); se o fizer, da decisão caberá 
correição parcial. 
Se o juiz discordar do pedido de arquivamento do representante ministerial, deverá 
remeter os autos ao procurador-geral de justiça, o qual poderá oferecer denúncia, 
designar outro órgão do Ministério Público para fazê-lo, ou insistir no arquivamento. 
 22 
O despacho que arquivar o inquérito é irrecorrível, salvo algumas exceções. 
Arquivado o inquérito por falta de provas, a autoridade policial poderá, enquanto não 
se extinguir a punibilidade pela prescrição, proceder a novas pesquisas, desde que 
surjam outras provas que alterem o “panorama probatório dentro do qual foi concebido 
e acolhido o pedido de arquivamento do inquérito”. 
Nos casos de ação penal privada, informada pelo princípio da oportunidade, não há 
necessidade do ofendido solicitar o arquivamento do inquérito; se, porventura, entender 
que não há elementos para dar início ao processo, basta deixar que o prazo decadencial 
do art. 38 do CPP flua sem o oferecimento da queixa-crime. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MODELOS EM INQUÉRITO POLICIAL 
 
 
Modelo nº 01 
(Portaria) 
 
 
107º Distrito Policial 
 
 
PORTARIA 
 
 
 23 
Tendo chegado ao meu conhecimento através do informativo nº 1500/98 (B.O.), que na 
data de 12.05.98, na Rua das Oliveiras, 38, JOSE FIRMINO DOS SANTOS veio por 
efetuar disparos de arma-de-fogo contra a pessoa de JOÃO CARLOS QUEIROZ, 
provocando-lhe lesões corporais e, em decorrência das mesmas veio o mesmo a dar 
óbito no interior do Hospital das Clínicas, após dois dias de internação, determino que, 
após A. e R. a presente, instaure-se o competente inquérito policial para apuração dos 
fatos, tomando-se preliminarmente as seguintes providências : 
 
 J.aos Autos : 
 
 - Cópia do informativo nº 1500/98 (B.O.) que 
primeiramente noticiou os fatos; 
 - Cópia do Auto de Exibição e Apreensão da 
arma utilizada no crime; 
 - Requisição de exame indireto expedido ao 
Instituto Médico Legal, referente as lesões 
corporais experimentadas pela vítima; 
 - Requisição de exame ao Instituto de 
Criminalística para elaboração de Laudo de 
recenticidade de disparo e eficácia para a 
arma apreendida; 
 - Cópia do informativo nº 1550/98 (B.O.) que 
noticiou o óbito da vítima; 
 - Requisição de exame necroscópico do 
cadáver da vítima; 
 - Intimem-se as testemunhas presenciais do 
fato para que compareçam neste Distrito 
Policial e prestem depoimento; 
 
A seguir, voltem-me os autos conclusos para posteriores determinações. 
 
CUMPRA-SE 
 
São Paulo, 15 de maio de 1998. 
 
Dr.Arnaldo Guimarães 
Delegado de Polícia 
 
 24 
MODELO Nº 02 
( Auto de Prisão em Flagrante Delito ) 
 
 
 
 
 
PRIMEIRA PEÇA DA LAVRATURA DO APF - AUTO DE PRISÃO EM 
FLAGRANTE DELITO 
 
SERVIÇO PÚBLICO ESTADUAL 
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA 
POLÍCIA CIVIL DA BAHIA 
DEPARTAMENTO DE POLÍCIA DO INTERIOR 
11ª COORDENADORIA DO INTERIOR 
DELEGACIA CIRCUNSCRICIONAL DE BARREIRAS 
 
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO 
BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº 
 
Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) do ano de 2007, nesta cidade de Barreiras, 
Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia, 
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, Delegado de Polícia, 
comigo, Escrivã(o) de Polícia de seu cargo, ao final assinado, ai compareceu o 
CONDUTOR, , , RG ou MAT. , conduzindo o preso , por infração, em tese, ao 
artigo , haja vista ter sido este surpreendido logo após ter , sito o endereço , 
nesta cidade, do que foram TESTEMUNHAS ( ) e ( ). Entrevistadas as partes e 
formado seu convencimento jurídico, deliberou a Autoridade Policial por ratificar a 
voz de prisão dada pelo condutor e, após, cientificado o preso quanto aos 
seus direitos individuais previstos no artigo 5º da Constituição Federal, 
em especial os de receber assistência de familiares ou de advogado que 
indicar, de não ser identificado criminalmente senão nas hipóteses 
legais, de ter respeitadas suas integridades física e moral, de manter-se 
em silêncio e/ou declinar informações que reputar úteis à sua 
autodefesa, de conhecer a identidade do autor de sua prisão e, se 
admitida, prestar fiança e livrar-se solto, determinou a lavratura deste AUTO 
DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO, providenciando-se, conforme 
documentação adiante acostada, que fica fazendo parte integrante deste: 1) 
oitiva do condutor com entrega de cópia do termo; 2) expedição de 
recibo de entrega do preso em favor do condutor; 3) oitiva das 
testemunhas e 4) interrogatório do conduzido. Resultando demonstradas, 
pelos elementos de convicção colhidos, a autoria e a materialidade da infração 
penal, julgou a Autoridade Policial subsistente este auto de prisão em flagrante 
delito, determinando ainda a expedição de nota de culpa ao preso. Nada mais 
havendo, determinou a Autoridade Policial o encerramento deste auto que assina 
com o Flagranteado e comigo, Escrivã(o) de Polícia, que o digitei e imprimi. 
 
 
 
Autoridade Policial 
 
 
FLAGRANTEADO: ______________________________ 
 
 
 25 
 
Escrivã(o) de Polícia: 
 
SEGUNDA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE 
 
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
TERMO DE DEPOIMENTO DO CONDUTOR 
 
BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº 
 
Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) de do ano 2007, nesta cidade de Barreiras, 
Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia, 
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, Delegado da Polícia Civil, 
comigo, Escrivã(o) de Polícia de seu cargo, ao final assinado, compareceu o(a) 
CONDUTOR , brasileiro(a), , , RG ou MAT. , lotado e servindo junto à , situado 
nesta cidade, onde recebe intimações, que efetuou a prisão em flagrante delito, 
do CONDUZIDO . AOS COSTUMES DISSE NADA. TESTEMUNHA 
COMPROMISSADA NA FORMA DA LEI PROMETEU DIZER A VERDADE DO 
QUE SOUBER E LHE FOR PERGUNTADO, E, ASSIM, DEPOIS DE ADVERTIDA 
DAS PENAS COMINADAS AO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO, INQUIRIDA 
PELA AUTORIDADE POLICIAL SOBRE OS FATOS QUE MOTIVARAM O 
PRESENTE FEITO DISSE: "QUE ;". Nada mais disse. Nada mais havendo, 
mandou a Autoridade Policial que se encerrasse o presente termo que, lido e 
achado conforme, vai devidamente assinado. Eu ________, Escrivã(o) de Polícia, 
que o digitei. 
 
Autoridade Policial 
 
CONDUTOR: _______________________________ 
 
Escrivã(o) de Polícia 
 
 
 
TERCEIRA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE 
 
 
RECIBO DE ENTREGA DE PRESO 
 
Recebi de ______ o preso __________, em perfeito estado de saúde físicae 
mental, o qual, segundo o condutor, teria sido flagranteado, com fulcro no artigo 
_________ . 
 
E por ser verdade, firmo o presente. 
 
Passo Fundo, de de 2007. 
 
 
Bel. 
Delegado Titular 
 
QUARTA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE (EM EXISTINDO) 
 
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
TERMO DE DECLARAÇÕES DA VÍTIMA 
 
BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº 
 26 
 
Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) de do ano 2007, nesta cidade de Barreiras, 
Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia, 
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, comigo, Escrivã(o) de 
Polícia de seu cargo, ao final assinado, compareceu o(a) , brasileiro(a), , , RG , 
natural de , nascido aos , filho de , residente e domiciliado . INQUIRIDA A VÍTIMA 
DISSE QUE: Nada mais disse. Nada mais havendo, mandou a Autoridade Policial 
que se encerrasse o presente termo que, lido e achado conforme, vai 
devidamente assinado. Eu ________, Escrivã(o) de Polícia, que o digitei. 
 
Autoridade Policial 
 
DECLARAÇÕES: ____________________________ 
 
Escrivã(o) de Polícia 
 
 
 
 
QUINTA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE 
 
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
TERMO DE DEPOIMENTO DA 1ª TESTEMUNHA 
 
BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº 
 
Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) de do ano 2007, nesta cidade de Barreiras, 
Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia, 
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, comigo, Escrivã(o) de 
Polícia de seu cargo, ao final assinado, compareceu o(a) , brasileiro(a), , , RG ou 
Mat. , lotado e servindo no(a) , situado(a) , nesta cidade, onde recebe 
intimações, PRIMEIRA TESTEMUNHA, da prisão do(a) flagranteado(a) . AOS 
COSTUMES DISSE NADA. TESTEMUNHA COMPROMISSADA NA FORMA DA LEI 
PROMETEU DIZER A VERDADE DO QUE SOUBER E LHE FOR PERGUNTADO, E, 
ASSIM, DEPOIS DE ADVERTIDA DAS PENAS COMINADAS AO CRIME DE FALSO 
TESTEMUNHO, INQUIRIDA PELA AUTORIDADE POLICIAL SOBRE OS FATOS QUE 
MOTIVARAM O PRESENTE FEITO DISSE QUE: Nada mais disse. Nada mais 
havendo, mandou a Autoridade Policial que se encerrasse o presente termo que, 
lido e achado conforme, vai devidamente assinado. Eu ________, Escrivã(o) de 
Polícia, que o digitei. 
 
Autoridade Policial 
 
DEPOENTE: ____________________________ 
 
Escrivã(o) de Polícia 
 
 
SEXTA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE 
 
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
TERMO DE DEPOIMENTO DA 2ª TESTEMUNHA 
 
 27 
BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº 
 
Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) de do ano 2007, nesta cidade de Barreiras, 
Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia, 
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, comigo, Escrivã(o) de 
Polícia de seu cargo, ao final assinado, compareceu o(a) , brasileiro(a), , , RG ou 
MAT. , lotado e servindo no(a) , situado no(a) , nesta cidade, onde recebe 
intimações, SEGUNDA TESTEMUNHA, da prisão do flagranteado(a) . AOS 
COSTUMES DISSE NADA. TESTEMUNHA COMPROMISSADA NA FORMA DA LEI 
PROMETEU DIZER A VERDADE DO QUE SOUBER E LHE FOR PERGUNTADO, E, 
ASSIM, DEPOIS DE ADVERTIDA DAS PENAS COMINADAS AO CRIME DE FALSO 
TESTEMUNHO, INQUIRIDA PELA AUTORIDADE POLICIAL SOBRE OS FATOS QUE 
MOTIVARAM O PRESENTE FEITO DISSE QUE: Nada mais disse. Nada mais 
havendo, mandou a Autoridade Policial que se encerrasse o presente termo que, 
lido e achado conforme, vai devidamente assinado. Eu ________, Escrivã(o) de 
Polícia, que o digitei. 
Autoridade Policial 
DEPOENTE: ____________________________ 
 
Escrivã(o) de Polícia 
 
 
 
 
 
SÉTIMA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE 
 
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
TERMO DE INTERROGATÓRIO DO CONDUZIDO 
 
BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº 
 
Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) de do ano 2007, nesta cidade de Barreiras, 
Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia, 
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, comigo, Escrivã(o) de 
Polícia de seu cargo, ao final assinado, antes de iniciada a qualificação do 
conduzido, pela Autoridade Policial foram a ele esclarecidos seus direitos, 
previstos no art. 5º, LXII, LXIII, e LXIV, notadamente o seu direito de 
silêncio, conforme art. 5º, LXIII, da Constituição Federal, e art. 186 do 
Código de Processo Penal. Em seguida, passou a autoridade à QUALIFICAÇÃO 
DO CONDUZIDO: , brasileiro(a), , , RG. , natural de , nascido aos , filho de , 
residente e domiciliado . Cientificado das imputações que lhe são feitas e 
interrogado, nos termos do art. 187 do Código de Processo Penal, RESPONDEU: . 
Nada mais disse. Nada mais havendo, mandou a Autoridade Policial que se 
encerrasse o presente termo que, lido e achado conforme, vai devidamente 
assinado. Eu ________, Escrivã(o) de Polícia, que o digitei. 
 
Autoridade Policial 
 
CONDUZIDO: __________________________ 
 
Escrivã(o) de Polícia 
 
 
 
 
 
 28 
 
 
 
OITAVA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE 
NOTA DE CULPA 
Barreiras(BA), __ de _____ de 2007. 
A autoridade acima comunica a: _______, vulgo “A___”, RG. _______ SSP/BA, 
brasileiro, solteiro, comerciante, natural de ___/BA, nascido em _______, filho 
_____________ E _______, residente na Rua _____________, bairro _____, 
nesta cidade. 
 
Que se acha preso em flagrante na forma da Lei, POR INFRAÇÃO AO ARTIGO 121, 
§ 2º INCISO II, C/C O ART. 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL, fato 
ocorrido, no dia de ontem, por volta das 15:40 horas. 
 
LOCAL: Rua _____________, nº ____, bairro ___ Vista, nesta cidade. 
 
CONDUTOR: _______________, já qualificado nos autos. 
 
TESTEMUNHA: __________________, já qualificado nos autos. 
 
TESTEMUNHA: ________________, já qualificado nos autos. 
 
DELEGADO: 
 
ESCRIVÃ(O): 
 
CONDUZIDO: _____________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
 
 
MODELO Nº 03 
(Modelo de Requerimento para instauração de inquérito policial em crime de ação privada e de Procuração) 
 
 
 
 
 
 
ILMO SR DR DELEGADO DE POLÍCIA TITULAR DO 107º DISTRITO POLICIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARIO SANTOS PEREIRA, brasileiro, casado, Comerciante, portador da Cédula de Identidade RG 
12.564.987.SSP.SP, residente e domiciliado na Rua 1º de Agosto, 19, no bairro de Pereira Barreto, nesta 
Capital, vem, respeitosamente à presença de V.Sa., através de seu Procurador infrafirmado, com fulcro 
no artigo 5º, § 5º do C.P.P., 
 
 
REQUERER INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL 
 
 
contra GERALDO BAPTISTA PEDREIRA, Brasileiro, solteiro, residente e domiciliado na Rua 
Antonio João, 583, no bairro da Casa Verde, nesta Capital de São Paulo, requerendo a instauração do 
competente Inquérito Policial por enquadrar a conduta da requerida no artigo 217 do Código Penal 
Brasileiro, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor : 
 
O requerido, desde o mês de junho de 1996 vinha mantendo namoro com a menor MARIANA SANTOS 
PEREIRA, filha do requerente e de sua esposa MARIA SANTOS PEREIRA, nascida nesta capital aos 
12.12.80, tendo freqüentado a residência dos mesmos e, demonstrando sempre bons propósitos, chegou 
a acenar à possibilidade de contrair casamento, tendo a mesma, inclusive, começado a preparar enxoval. 
 
Entretanto, inusitadamente, o requerido deixou, sem qualquer satisfação, de freqüentar a residência de 
MARIANA, inclusive, deixando de ver a namorada, fato que deixou o requerente intrigado e que o fez 
interpelar à filha, tendo a mesma alegado desavença entre namorados. 
 
Passados três meses do fato, o requerente notou sintomas de gravidez na filha MARIANA, tendo 
submetido a mesma a exame médico e sido constatado o estado. Instada a esclarecer o fato, MARIANA 
informou que em determinada data, quando encontrava-se a sós com o namorado na residência do 
requerente, este alegou que somente se casaria consigo se fosse virgem, tendo abalado a moça 
emocionalmente, fazendo-lhe crer que poderia perder o ente amado. Diante da exigência,permitiu que 
o mesmo a desnudasse e, em decorrência do fato, passaram a trocar carícias e a manter ato sexual, 
tendo, após o ato, GERALDO afirmado que se casaria com MARIANA, alegando que nada teria a temer. 
 
 
 
Estarrecido com a declaração da filha, o requerente procurou GERALDO e este alegou que realmente 
teria a intenção de casar-se com MARIANA, não tendo realizado o ato em virtude de problemas 
financeiros e que, tão logo fossem sanados, o mesmo casar-se-ia com a filha do requerente. 
 30 
 
Não obstante a promessa de casamento, passam-se já três meses da promessa, encontrando-se 
MARIANA arcando com as conseqüências do engodo perpetrado pelo requerente para manter relação 
sexual consigo, não vislumbando-se intenção naquele em reparar o ato, bem como de assumir a criança, 
produto da relação sexual. 
 
Diante do exposto, requer-se a instauração do competente Inquérito Policial para apuração dos fatos, 
requerendo, desde já, oitiva de testemunhas, arroladas abaixo, depoimento pessoal do requerente e de 
sua filha, perícias e depoimento pessoal do requerido, para elucidar-se, dessa maneira, a veracidade 
das informações contidas na presente. 
 
 Nestes termos, 
 p.deferimento. 
 
 
 São Paulo, 06 de dezembro de 1996. 
 
 
 pp.Dr.HANS MARCOS OSTLUND 
 OAb 111.111/SP 
 
 
 
PROCURAÇÃO 
 
Pelo presente instrumento particular de mandato que fez datilografar e assina, MARIO SANTOS 
PEREIRA, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado nesta Cidade na Rua 1º de Agosto, 
19, constitui e nomeia seu bastante procurador ou onde com este instrumento se apresentar, o Dr.HANS 
MARCOS OSTLUND, brasileiro, casado, portador do CIC. 11.889.977, inscrito na Ordem dos 
Advogados do Brasil, Secção de São Paulo, sob o nº 111.111, com residência e escritório nesta cidade, 
na rua Gomes Cardim, 342, a quem confere necessários poderes, inclusive os da cláusula " ad judicia 
", especialmente para requerer a instauração de inquérito policial e, posteriormente, queixa-crime 
contra GERALDO BAPTISTA PEDREIRA, brasileiro, solteiro, residente e domiciliado na Rua Antonio 
João, 583, no bairro de casa verde, nesta Capital, pelo fato de haver este, em fins de junho de 1996, 
nesta cidade, abusando da inexperiência e justificável confiança de sua filha MARIANA SANTOS 
PEREIRA, então com dezesseis anos de idade, com ela mantido relações sexuais, desvirginando-a e 
engravidando-a. Poderá o referido Procurador atuar em qualquer instância, produzir provas, fazer 
alegações, interpor e arrazoar quaisquer recursos e contra-razoar os eventualmente interpostos, receber 
intimações e notificações e, enfim, praticar todos e quaisquer atos necessários ao fiel desempenho do 
presente mandato, inclusive substabelecer a quem convier, com ou sem reservas de iguais poderes, o 
que tudo dará por muito bom, firme e valioso. 
 
São Paulo, 6 de dezembro de 1996 
 
 
MARIO SANTOS PEREIRA 
 
 
Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997. 
 
 31 
MODELO Nº 04 
(Modelo de Requerimento da vítima) 
 
 
 
ILMO.SR.DR.DELEGADO DE POLÍCIA DESTE MUNICÍPIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRUNO M.FRANCO, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua 
Paissandu n.99, respeitosamente, vem, perante V.Sa., nos termos do artigo 5º, II do CPP, requerer a 
instauração de inquérito policial contra INOCÊNCIO PUREZA, brasileiro, maior, do comércio, 
solteiro, atualmente residindo em Ibitinga, onde trabalha na fábrica Monte-Belo, pelo seguinte fato : 
 
1º) O Suplicante é proprietário de uma loja de calçados, situada nesta cidade, na Praça da Matriz 
n.18, e, no dia 18 de maio próximo passado, determinou ao Suplicado, então seu empregado, se dirigisse 
ao escritório de Pedro da Silva, situado nesta cidade, na Rua XV de novembro, n.19, a fim de receber a 
quantia de R$ 180,00 (cento e oitenta reais) que lhe era devida e proveniente de vendas de calçados que 
fizera, no mês anterior, a sua família. 
 
2º) De volta, o Suplicado dissera ao Suplicante que estivera no escritório do devedor e este 
informara que somente em julho é que poderia liquidar o débito. 
 
3º) Todavia, anteontem, como o Suplicante precisasse daquele numerário para pagar uma 
promissória, dirigiu-se pessoalmente ao escritório de Pedro da Silva, e qual não foi seu espanto ao 
tomar conhecimento de que o Suplicado, no mesmo dia 18 de maio próximo passado, recebera a 
importância devida, tendo firmado um recibo, cuja fotocópia acompanha o presente. 
 
4º) Assim, tendo o Suplicado infringido o disposto no artigo 168, § 1º, III, 2ª figura do CP - 
apropriação indébita na sua forma qualificada -, a instauração de inquérito é medida que se impõe. 
 
5º) Além de Pedro da Silva, poderão testemunhar o fato Maria das Dores e Miguel Sanches, 
brasileiros, maiores, empregados do estabelecimento comercial do suplicante e, Ricardo da Conceição, 
contador, residente nesta cidade, na Rua Balpendi, 99. 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
 
 
Cosmópolis, 15 de julho de 1990 
 
 
Bruno M.Franco 
 
 
Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997. 
 32 
MODELO Nº 05 
(Modelo de Requisição do Promotor de Justiça) 
 
 
 
 
Dr.Delegado 
 
 
 
Tendo tido ciência, por intermédio de Antonio de Freitas, brasileiro, casado, natural deste Estaco, 
residente na Rua das Andorinhas, n.10, nesta cidade, que em dias da semana passada, na fazenda " 
Corumbataí ", de sua propriedade, situada neste município e comarca, seu administrador, Antonio 
Felisberto, por questão de nonada, agrediu e feriu, com um rebenque, seu filho Gilberto Felisberto, 
requisito instauração de inquérito a respeito, caso V.Sa. já não o tenha feito. 
 
Para maior governo de V.Sa., esclareço terem sido testemunhas do fato Manoel Arcabouças e Ricardo 
dos Santos, trabalhadores rurais, alí residentes. 
 
Aproveito o ensejo que se me apresenta para externar-lhe protestos de consideração e estima. 
 
 
Éder Godoy 
Promotor de Justiça 
 
 
 
À Sua Senhoria o Senhor 
Doutor Ruy Antunes da Silva Mello. 
DD.Delegado de Polícia deste Município 
Nesta. 
 
Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
MODELO Nº 06 
(Modelo de Requisição do Juíz) 
 
 
 
 
Dr.Delegado 
 
 
 
Tendo chegado ao meu conhecimento que Felisbina Santa Pureza, brasileira, presumivelmente casada, 
residente na Rua Sete de Setembro n.19, nesta cidade, de uns tempos a esta data, vem infligindo maus-
tratos ao seu filho Clodoaldo, de 10 anos de idade, expondo a perigo sua saúde, em virtude dos trabalhos 
excessivos a que o sujeita, requisito a instauração de inquérito a respeito. 
 
Além de outras testemunhas que poderão ser ouvidas no curso da investigação, deverão prestar 
esclarecimentos a professora Clotilde dos Santos, residente nesta Cidade, na Rua Tiradentes, n.16, que 
trouxe o fato ao meu conhecimento, e Zenóbio Pantaleão, alfaiate, residente na Rua Sete de Setembro 
n.27, nesta Cidade. 
 
Aproveito a oportunidade para reiterar-lhe meus protestos de estima e consideração. 
 
 
 
 
Dra.Sofia Stéfanie Tourinho Ostlund 
Juíza de Direito 
 
 
 
 
À Sua Senhoria o Senhor 
Doutor Ruy Antunes da Silva Mello, 
DD.Delegado de Polícia deste Município 
Nesta. 
 
Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997. 
 
 34 
MODELO Nº 07 
(Modelo de Representação reduzida a termo) 
 
 
 
Delegacia de Polícia de Cosmópolis 
(crime de ação pública condicionada) 
 
 
 
 
 
 
 
Aos vinte e um dais do mês de julho do ano de mil, novecentos e noventa, nesta cidade de Cosmópolis, 
deste Estado, na sede da Delegacia de Polícia, onde se achava o Sr.Dr.Ruy Antunes da Silva Mello, 
Delegadorespectivamente comigo, Escrivão de seu cargo, ao final assinado, compareceu Sigismundo 
Pereira Filho, filho de Ambrosino Pereira e Maria das Dores Pereira, brasileiro, casado, lavrador, 
natural de itambé, Estado da Bahia, residente nesta cidade, na Rua Itapicuru, n;11, e declarou que, na 
qualidade de pai da menor Purificação Santina Pereira, atualmente com 17 anos de idade, e na 
conformidade da lei processual penal, vem representar contra Vivaldino das Proezas, com 23 anos de 
idade, presumivelmente solteiro, mecânico, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua da Paz n.44, 
pelo fato de, em novembro do ano próximo passado, no quintal de sua residência, haver mantido relações 
sexuais com sua referida filha, desvirginando-a. Solicita, assim, seja instaurado inquérito policial a 
respeito, a fim de que possa, oportunamente, o DD.representante do Ministério Público promover a ação 
penal. Disse mais que, não podendo prover às despesas do processo, requer a esta autoridade lhe seja 
fornecido, para ser juntado aos autos, atestado de pobreza, para os fins do art.225, § 1º, I, combinado 
com o § 2º do mesmo artigo do CP. Nada mais. Lido e achado conforme, vai devidamente assinado. 
Eu, Amadeu Leão, escrivão que o datilografei e assino. 
 
 
 
Dr.Ruy Antunes da Silva Mello 
 
Sigismundo Pereira 
 
Amadeu Leão 
 
 
Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997. 
 
 35 
MODELO Nº 08 
(Modelo de Representação feita por Procuração e Modelo de Procuração) 
 
 
 
 
 
Ilmo.Sr.Dr.Delegado de Polícia deste Município 
 
 
Euzébio Costa, brasileiro, casado, funcionário público estadual, residente e domiciliado nesta cidade, 
na rua Correa Telles n.10, por seu procurador infrafirmado (documento anexo), vem, respeitosamente, 
expor e requerer a V.Sa. o seguinte : 
 
1º) Em dias de fevereiro do ano em curso, nesta cidade, Manuel Ricardino da Silva, brasileiro, 
casado, comerciante, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua São José n.89, irresignado com o 
auto de infração, por sonegação fiscal, que o Suplicante, na qualidade de fiscal de rendas do Estado, 
contra ele lavrou, aos 31 de janeiro próximo passado, procurou denegrir a honra do suplicante. 
 
2º) Com efeito, passou o Suplicado a dizer a diversas pessoas desta cidade que aquele auto de 
infração somente fora lavrado porque se recusara a dar ao suplicante a importância de R$ 50.000,00 
(Cinqüenta mil reais) que lhe fora solicitada para poder " fechar os olhos ". 
 
3º) Com trinta anos de serviço público e residindo nesta cidade, em que nasceu, sempre gozou de 
prestígio e consideração não só entre seus colegas como também em toda a sociedade, pela sua retidão 
de caráter e acendrado amor ao trabalho, razão pela qual lhe causou espécie e leviana e criminosa 
exprovação violenta que lhe fizera o suplicado. 
 
4º) As verrinas que lhe foram lançadas são, como não podiam deixar de ser, supinamente falsas, 
pois, e isto apenas para argumentar, como poderia o Suplicante exigir ou solicitar do Suplicado aquela 
soma para deixar de lavrar um auto de infração que obrigará o Suplicado a recolher aos cofres públicos, 
entre impostos e multa, tão-somente a cifra de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ? 
 
5º) Assim, tendo ele infringido o disposto no artigo 138, "caput", do CP, vem, nos termos do 
parágrafo único do art.145, combinado com o artigo 141, II, do mesmo estatuto e art.5º, § 4º, do CPP, 
representar contra o Suplicado, autorizando e solicitando a instauração de inquérito policial a respeito, 
a fim de que possa o DD.Representante do Ministério Público, posteriormente, contra ele interpor ação 
penal. 
 
Como testemunhas, poderão ser ouvidas, além de outras a juízo de V.Sa., Bernardino Campos, 
Comerciante, residente nesta cidade, na Rua Campos Salles, n.10, Francisco Rocha, do Comércio, 
residente na Rua Tamandaré, n.19, e Gilberto Tanajura, bancário, residente nesta cidade, na Rua 
Aymorés, n.23. 
 
 
Nestes termos, 
P.deferimento. 
 
 
Esplanada, 04 de maio de 1990 
 
pp.Hans Marcos Tourinho Ostlund 
 Advogado 
 
 
Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997. 
 
 36 
 
PROCURAÇÃO 
 
 
Por este instrumento particular de mandato, datilografado e por mim assinado, eu, Euzébio Costa, 
brasileiro, casado, funcionário público estadual, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua Correia 
Telles n.10, constituo e nomeio meu bastante Procurador, nesta cidade ou onde com este instrumento se 
apresentar, o Dr.Hans Marcos Tourinho Ostlund, brasileiro, CIC n.11.233.344, advogado na OAB, 
secção da Bahia, sob o n.445.566, residente nesta cidade e com escritório na Praça Tiradentes n.10, 
para o fim especial de, perante a autoridade competente, fazer representação, nos termos do § 4º do 
art.5º do CPP, contra Manuel Ricardino da Silva, brasileiro, casado, comerciante, residente e 
domiciliado nesta cidade, na rua São José, n.89, visando à instauração de inquérito policial, a fim de 
que, oportunamente, possa o DD.Promotor de Justiça contra ele promover a ação penal, como infrator 
do art.138 do CP, pelo fato de haver ele, em fevereiro do ano em curso, nesta cidade, dito a diversas 
pessoas que, na qualidade de fiscal de rendas do Estado, o outorgante lhe solicitara a quantia de R$ 
50.000.00 (Cinqüenta mil reais), para não lavrar contra ele auto de infração por sonegação fiscal. 
Poderá o outorgado, ora constituído, praticar os atos necessários a fim de que o inquérito seja 
instaurado, arrolar testemunhas, requerer diligências e tudo quanto for necessário para o fiel 
desempenho do presente mandato, inclusive substabelecer a quem convier, com ou sem reservas de 
iguais poderes, o que tudo dará por firme e valioso. 
 
 
Esplanada, 02 de maio de 1990 
 
Euzébio Costa 
(firma reconhecida) 
 
 
Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997. 
 37 
VIII - AÇÃO PENAL 
 
1. Conceito 
 
O direito de ação é o direito subjetivo público de pleitear ao Poder Judiciário uma 
decisão sobre uma pretensão. 
Desde o momento em que o Estado instituiu a proibição da justiça privada, foi 
outorgado aos cidadãos o direito de recorrer a órgão estatais para a solução de seus 
conflitos de interesses. 
 
2. Espécies de ação penal no direito brasileiro 
 
No processo penal é corrente a divisão subjetiva das ações, isto é, em função da 
qualidade do sujeito que detém a sua titularidade. 
Diante disto, levando-se em conta o sujeito que a promove, a ação penal pode ser 
pública ou privada. 
 
Ação penal pública: quando promovida pelo Ministério Público, e constitui regra do 
nosso Direito. 
 
Ação penal privada: quando promovida pelo particular. É privada, porque entendeu o 
Estado que certas infrações penais afetam muito mais o interesse particular que o social 
e, sem abrir mão do direito de punir, que irrefragavelmente lhe pertence como uma das 
expressões mais características da sua soberania, transferiu ao particular o direito de 
ação penal. 
 
Por outro lado, a ação penal pública pode ser condicionada ou incondicionada. 
 
Ação penal pública incondicionada: quando o seu exercício não depende de 
manifestação da vontade de quem quer que seja. Exemplo: homicídio. 
 
Ação penal pública condicionada: quando a propositura da ação penal depende de uma 
manifestação de vontade. Essa manifestação de vontade se cristaliza num ato que se 
chama representação ou requisição. 
 
Seja condicionada, seja incondicionada, a ação penal inicia-se por um ato processual 
- a denúncia, que é apresentada pelo representante do Ministério Público. Tratando-se 
de ação penal privada, a sua peça inicial é denominada queixa-crime. 
 
A ação penal privada apresenta-se sob três modalidades: 
 
a) ação penal privada, ou propriamente dita: que somente pode ser exercida pela 
vítima ou por

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