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Prévia do material em texto

PRÁTICA JURÍDICA III: OFICINA E CLÍNICA PENAL
CASO I
Revoltada com o fato de que sua melhor amiga Clara estaria se relacionando com seu ex-companheiro João, Maria a procurou e iniciou uma discussão. Durante a discussão, Clara, policial militar, afirmou que, se Maria a xingasse novamente, ela a mataria gastando apenas uma munição da sua arma. Persistindo na discussão, Maria voltou a ofender Clara. Esta, então, abriu sua bolsa e pegou um bem de cor preta. Acreditando que Clara cumpriria sua ameaça, Maria desferiu um golpe na cabeça da rival, utilizando um pedaço de pau que estava no chão. A perícia constatou que o golpe foi a causa eficiente da morte de Clara. Posteriormente, também foi constatado que Clara, de fato, estava com sua arma de fogo na bolsa, mas que ela apenas pegara seu telefone celular para ligar para João. Após denúncia pela prática do crime de homicídio qualificado e encerrada a instrução da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, entendeu o magistrado por pronunciar Maria nos termos da inicial acusatória. Com base nas informações expostas, responda, na condição de advogado(a) de Maria, aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível da decisão proferida pelo magistrado? Caso tivesse ocorrido a impronúncia, o recurso pela parte interessada seria o mesmo? Justifique. 
Pela previsão do art. 581 do Código de Processo Penal, frente ao taxativo rol de hipóteses enumeradas nos seus incisos, o recurso cabível para buscar a reforma daquelas decisões é o recurso em sentido estrito. Em caso se sentença de impronúncia não é mais cabível recurso em sentido estrito (ficando revogada a segunda parte do inciso IV, do art. 581, do CPP). Nos termos do art. 416, CPP (nova redação), para vergastar a impronúncia será cabível apelação, destacando-se sua natureza de sentença terminativa.
B) Qual a tese de direito material a ser apresentada em sede de recurso para combater a decisão de submeter a ré ao julgamento pelo Tribunal do Júri? Justifique. 
A tese de direito material seria a seguinte: Maria agiu sob a égide da legítima defesa putativa, conforme prevê o art. 20, §1º do Código Penal que institui o erro de tipo permissivo, pois acreditava estar atuando em legítima defesa. Pelo fato de Clara ter ameaçado Maria de morte após um xingamento vindo de Maria. Ainda que diante de eventual injúria, se verídica, a conduta de Clara de efetuar disparo de arma de fogo configuraria uma injusta agressão, pois, no mínimo, haveria excesso em sua conduta. Caso, de fato, Clara tivesse pego, em sua bolsa, sua arma de fogo, configurada estaria a legítima defesa e, consequentemente, a conduta de Maria seria legítima. Todavia, na verdade Maria supôs situação que não existia, já que Clara apenas pegou seu celular para realizar uma ligação. Diante disso, a atuação em legítima defesa foi apenas putativa.
CASO II
Arthur, Adriano e Junior, insatisfeitos com a derrota do seu time de futebol, saíram à rua, após a partida, fazendo algazarra na companhia de Roberto, que não gostava de futebol. Durante o ato, depararam com Pedro, que vestia a camisa do time rival; simplesmente por isso, Arthur, Adriano e Junior passaram a agredi-lo, tendo ficado Roberto à distância por não concordar com o ato e não ter intenção de conferir cobertura aos colegas. Em razão dos atos de agressão, o celular de Pedro veio a cair no chão, momento em que Roberto, aproveitando-se da situação, subtraiu o bem e empreendeu fuga. Com a chegada de policiais, Arthur, Adriano e Junior empreenderam fuga, mas Roberto veio a ser localizado pouco tempo depois na posse do bem subtraído e de seu próprio celular. Diante das lesões causadas na vítima, Roberto foi denunciado pela prática do crime de roubo majorado pelo concurso de agentes e teve sua prisão em flagrante convertida em preventiva. Na instrução, as testemunhas confirmaram integralmente os fatos, assim como Roberto reiterou o acima narrado. A família de Roberto, então, procura você para, na condição de advogado(a), adotar as medidas cabíveis, antes da sentença, apresentando nota fiscal da compra do celular de Roberto. Considerando apenas as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) de Roberto, aos itens a seguir.
A) Existe requerimento a ser formulado pela defesa para reaver, de imediato, o celular de Roberto? Justifique. 
Poderia ser alegado em sede de defesa que o bem não tem qualquer relação com o fato, logo não interessa ao processo (Art. 118 do CPP), por isso devendo ser restituído. Fato este que poderá ser comprovado pela nota fiscal , pois a mesma demonstra a propriedade do bem. A restituição poderá ser formulado aos autos diretamente ao magistrado tão logo não há controvérsia sobre o propriedade do bem (Art. 120 do CPP). Da mesma forma, o celular de Roberto não é produto e nem instrumento do crime, não havendo qualquer vedação em sua restituição (Art. 119 do CPP).
B) Confessados por Roberto os fatos acima narrados, existe argumento de direito material a ser apresentado em busca da não condenação pelo crime imputado? Justifique.
Mesmo que confessados os fatos, existe argumento de direito material para buscar evitar a condenação do crime de roubo. Em que pese Pedro tenha sido vítima de violência e, também, tenha tido seu celular subtraído, não há que se falar em crime de roubo por parte de Roberto. Isso porque a violência empregada não foi com o objetivo de subtrair coisa alheia móvel, como exige o Art. 157 do Código Penal. Pelo contrário, Arthur, Adriano e Junior queriam praticar crime de lesão corporal. Por sua vez, Roberto subtraiu o celular que caiu do bolso de Pedro, não se utilizando, porém, de grave ameaça ou violência para subtrair a coisa. Tanto é assim que Roberto não tinha vínculo com os agentes quando da prática dos atos de violência, apenas se aproveitando da facilidade na subtração gerada pela situação. Logo, deve ser afastada a prática delitiva do crime de roubo majorado, ainda que reste a possibilidade de desclassificação e condenação pelo crime de furto.
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JECRIM DE NITEROI / RIO DE JANEIRO
ENRICO PRESTES BUTTERFLY, solteiro, engenheiro, residente e domiciliado na Rua TAL, nº. 0000, na cidade de Niterói/ RJ, CEP nº 00000000, inscrito no CPF sob o nº 00000000, vem, por intermédio de seu patrono ao final subscrito, instrumento procuratório acostado, o qual observa os ditames do art. 44, do CPP, causídico inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Secção do Estado TAL, sob o nº 0000, com endereço profissional consignado no timbre deste arrazoado, onde receberá intimações que se fizeram necessárias, comparece, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, para, com estribo no art. 30 do Caderno de Ritos Penal c/c arts. 139, 140 e 141, inc. III, todos do Estatuto Repressivo, para ajuizar a presente
QUEIXA-CRIME
em desfavor de HELENA HARRES MARTINS, solteira, enfermeira, possuidora do RG nº 000000 – SSP/UF, residente e domiciliada na Rua TAL, nº. 000, na Cidade de Niterói/RJ, em razão das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.
DOS FATOS
O Querelante é pessoa idônea, engenheiro conceituado, além de muito bem quisto em sua cidade. Esse, entretanto, em que pese essas qualidades, vem sofrendo constantes agressões à sua personalidade nas redes sociais, maiormente por meio do “Facebook”.
O Querelante possui um perfil em uma das redes sociais existentes na Internet e o utiliza diariamente para entrar em contato com seus amigos, parentes e colegas de trabalho. O utiliza constantemente as ferramentas da Internet para contatos profissionais e lazer, como o fazem milhares de pessoas no mundo contemporâneo.
No entanto a querelada, sua ex namorada, por intermédio de um convite que recebera erroneamente referente ao aniversário do querelante, resolveu provocar
ataques à sua honra,com diversos insultos e palavras injuriosas e difamatórias. Mais ainda, isso sendo feito pela mais rápida de disseminação: as redes sociais.
Veja que na data de 19/04/2019, em sua página pessoal do Facebook (doc. 00), a Querelada asseverou, agressivamente, que “não sei o motivo da comemoração, já que Enrico não passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha! “(doc. 00). Ainda: “ele trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!”.
E os ataques prosseguem, diariamente.
Todas essas assertivas podem ser constatadas no seguinte endereço eletrônico (URL): LINK DO FACEBOOK
O Querelante também fizera registro de ocorrência desses fatos na Delegacia da Cidade.
Igualmente todo esse quadro fático fora constatado pelo Tabelião do Cartório do 00º Registro de Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas da Cidade, por intermédio de ata notarial, a qual ora é colacionada. (doc. 00)
Com efeito, as injustas e dolosas agressões são inverídicas, ofensivas, injuriosas e ilegais, maiormente quando atenta para o sagrado direito da personalidade previsto na Constituição Federal.
Foram sérios os constrangimentos sofridos pelo Querelante em face dos aludidos acontecimentos, reclamando a condenação judicial pertinente.
DA DIFAMAÇÃO
Encontramos, dentre inúmeros ataques despropositado feitos pela Querelada, as seguintes expressões: “ele trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!”.
Nesse passo, a Querelada ofendeu a honra do Querelante quando aludiu fato inverídico e, além disso, imputando que o querelante vai trabalhar bêbado, “com o propósito de prejudicar Enrico perante seus colegas de trabalho e denegrir sua reputação.
O Querelante é homem de bem, honesto e respeitado na cidade onde ocorreu o episódio acima descrito. Não responde a nenhum crime e, mais, exerce cargo profissional de destaque na sua região.
Diante disso, é inescusável que o Querelado incorreu no crime de difamação. “ Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.”
Válidas as colocações de Cleber Rogério Masson, quando, no tocante ao crime de difamação, leciona que:
“Constitui-se a difamação em crime que ofende a honra objetiva e, da mesma forma que a calúnia, depende da imputação de algum fato a alguém. Esse fato, todavia, não precisa ser criminoso. Basta que tenha a capacidade de macular a reputação da vítima, isto é, o bom conceito que ela desfruta na coletividade, pouco importando se verdadeiro ou falso. “(Ob e aut, citados, pág. 175).”
DA INJÚRIA
Em outro momento, assim se manifestou a Querelada, ainda na citada rede social e com o intuito de ofender o ex-namorado: “não sei o motivo da comemoração, já que Enrico não passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha!”
Nesse diapasão, dessa feita se concretizou o crime de injúria. A Querelada, injustamente, cometera o delito quando, assacando sua fúria contra o
Querelante, chegou a chamá-lo de “idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha”.
Há, destarte, uma qualidade negativa asseverada contra o Querelante, a qual ofendeu, sem sombra de dúvidas, a dignidade e o decoro do mesmo. Há previsão legal
nesse prisma (crime de injúria): Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade e o decoro.
Sobre o crime de injúria, ensina Luiz Regis Prado que:
“A nota característica da injúria é a exteriorização do desprezo e desrespeito, ou seja, consiste em um juízo de valor negativo, apto a ofender o sentimento e dignidade da vítima. Pode fazer referências às condições pessoais do ofendido (v. g., corpo, bagagem cultural, moral) ou à sua qualificação social ou capacidade profissional. Distingue-se a injúria da calúnia e da difamação por não significar a imputação de fato determinado – criminoso ou desonroso –, mas sim a atribuição de vícios ou defeitos morais, intelectuais ou físicos. “(In Curso de Direito Penal Brasileiro: parte especial. 9ª Ed. São Paulo: RT, 2010, Vol. 02. Pág. 247)
DO CRIME CONTRA HONRA – CAUSA DE AUMENTO
Constata-se que as palavras ofensivas ao Querelante foram levadas a efeito perante a rede mundial de internet, mais precisamente por meio do Facebook.
Diante disso, as penas cominadas aos delitos perpetrados deverão ser aumentadas de um terço, pois que:
Art. 141 – As penas cometidas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou injúria;
DO CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO
A análise precedida demonstrou que estamos diante da ocorrências de dois crimes: difamação e injúria. Assim sendo, é necessário definir qual espécie de concurso de crimes aplica-se ao caso em tela.
Acerca da ocorrência de concurso formal de delitos, cumpre destacar que o enunciado da questão, de modo expresso, indicou que a querelada publicou, em sua rede social uma mensagem no perfil pessoal do querelado.
A questão narra a existência de desígnios autônomos (dolo de injúria e dolo de difamação), razão pela qual trata-se de concurso formal imperfeito. Apenas para ratificar a existência de uma única mensagem publicada pela querelada, o próprio enunciado, mais uma vez de modo expresso, indica que o querelante “recebeu a mensagem e visualizou a publicação” e mais a frente acrescenta: “Enrico procurou a delegacia de polícia (...) entregando o conteúdo impresso da mensagem ofensiva”.
Sendo assim, percebe-se que houve uma única conduta da querelada, qual seja, uma única publicação, sendo certo que em tal publicação, com desígnios autônomos, Helena praticou dois crimes, a saber: injúria e difamação.
DOS PEDIDOS
Não resta dúvida que a exposição fática colocada nos leva à disciplina rígida dos arts. 139 e 140 do Código Penal, vez que se
reduz em palavras inverídicas e ofensivas à dignidade e à reputação do Querelante, merecendo a reprimenda penal cabível.
Em face de todo o exposto, requer:
A) o recebimento da queixa-crime;
b) a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente a documental e a oitiva das testemunhas arroladas;
c) seja julgada procedentes a ação processual penal para condenar a querelada nas penas dos artigos 139, difamação, e 140, injúria, com a incidência da causa de aumento do art. 141, III, segunda parte, na forma do art. 70, caput, segunda parte, concurso formal imprório, todos do CP;
d) a fixação de valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, IV, do CPP
Termos em que,
Pede Deferimento
Niterói, 18 de Outubro de 2019.
Tim Maia ADVOGADO OAB/RJ 0000
Rol de testemunhas:
1- Carlos José Martins
2- Miguel Linz de Oliveira
3- Ramires Suarez de Pedroza
Excelentíssimo Senhor(A) Doutor(A) Juiz(A) de Direito do 1ª Vara Criminal de Lajeado do Estado do Rio Grande do Sul
Villa - Comércio de Ovos Ltda., (CNPJ), com sede a margem da BR 386, Lajeado/RS, CNOJ 8965811684.0001/254, representada por seu advogado que a esta subscreve, com o instrumento de procuração com poderes especiais nos termos do art. 44 do CPP, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com base no art. 29 do CPP, oferecer
QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA
Em face de Ladrôncio, brasileiro, casado, agente fiscal, RG 1125448963 CPF 843.987.2554-90, e-mail: ladronciobonzinho@bol.com, residente e domiciliado a Rua Alvenaria dos Sobrados, nº 30, Bairro Terra Subtraída em Lajeado RS, de acordo com os fatos e fundamentos que passa a expor:
DO CABIMENTO
Na hipótese de crime de concussão previsto no art. 316 CP e de crime de excesso de exação previsto no art. 316, § 2º do CP, procede-se mediante ação pública incondicionada de competência do Ministério Público. Todavia, na inércia do órgão em acordo com o art. 46 do CPP, o ofendido, poderá propor açãoPenal privada subsidiária da pública, como consta no art. 29 do CPP.
No caso em tela, o Ministério Público manteve-se inerte e não ofereceu denúncia no prazo legal de 15 dias contra o Sr. Ladroncio, ora quarelado, pelos crimes de concussão e excesso de exação.
Ademais a presente queixa-crime subsidiária é tempestiva visto que fora protocolizada dia 11/03/2020, em sintonia com o art. 38 do CPP.
DOS FATOS
No dia 28/03/2018, o agente fiscal, Sr. Ladrôncio, fiscal da Fazenda Estadual, exigiu da querelante para si, vantagem indevida consistente em cobrança de tributo que sabia ser indevido e desviou para si o resultado deste valor.
No dia 10/04/2011, o querelado fez uma nova visita, onde o Sr. Celso Edgar acabou por gravar a nova exigência indevida. Durante a conversa, o Sr. Ladrôncio, na qualidade de funcionário público, confirmou que havia recebido valores indevidos em razão da sua função na data de 28/03/2018.
Participou deste segundo encontro o diretor financeiro, que fez a separação do dinheiro, e o Delegado Silvio, que a tudo acompanhou em sala discreta.
Vale ressaltar que o querelado, em momento a parte com o delegado Sílvio, tentou oferecer vantagem ilícita caso fosse solto ou se não houvesse tanta burocracia.
DO DIREITO
I Concussão
Conforme previsão do Código Penal:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Ocorreu a concussão prevista no art. 316, Caput do CP, quando o querelado exigiu no dia 10/04/2018, por estar na qualidade de funcionário público, vantagem indevida do querelante, devendo ser por isso severamente punido.
II Excesso de exação
Ainda no art. 316 do CP:
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Incorreu no crime de excesso de exação, previsto no art. 316, § 2º do CP, quando o querelado exigiu, devido sua função pública, vantagem indevida de cobrança de tributo que sabia ser indevido e desvia para si no dia 28/03/2018.
III Corrupção ativa
Expressamente prevista no Código Penal:
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
	A corrupção ativa ocorreu no momento em que o querelado pediu para falar reservadamente com a autoridade policial, ocasião na qual disse:
 “Sr. Delegado, sabes que somos funcionários do Estado, vai ficar muito ruim para mim essa situação. Quem sabe, lá fora, eu até saio algemado daqui, mas eu te entrego esse valor que consegui nesta empresa e logo tu me solta, e ‘arquiva’ este expediente!” (Fatos comprovados nas gravações)
III.2 Concurso Material
O concurso material previsto no art. 69 do CP, ocorreu quando o querelado mediante pluralidade de conduta, praticou uma pluralidade de crimes: no dia 28/03/2011, praticou o crime e excesso de exação quando exigiu e se apropriou de tributo indevido. 
Em 10/04/2018, praticou o crime de concussão quando exigiu tributo indevido, incindindo na aplicação cumulativa de penas conforme prevê o art. 69 do CP: “Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.”
IIII PEDIDOS:
Em face de todo o exposto, requer:
 A) o recebimento da queixa-crime; 
b) a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente a documental e a oitiva das testemunhas arroladas; 
c) seja julgada procedentes a ação processual penal para condenar o querelado nas penas dos artigos 316, caput, concussão, 316, § 2º, excesso de exação, e 333, corrupção ativa, na forma do art. 69, concurso material, todos do CP; 
d) a fixação de valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, IV, do CPP.
 
Por fim, apresenta o rol de testemunhas:
 Carlos Alberto, 
Celso Edgar Villa 
Delegado Silvio.
Nesses termos,
Pede deferimento.
Lajeado, 10 de Setembro de 2020
Falcão
Advogado. OAB RS xxxxx
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 15ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PORTO ALEGRE-RS
ANTÔNIO, já qualificado nos autos da ação penal nº: *****que lhe move a JUSTIÇA PÚBLICA, por seu advogado que esta lhe subscreve (procuração anexa com poderes especiais - art. 44 do CPP), vem, a honrosa presença de Vossa Excelência apresentar 
DEFESA PRELIMINAR 
com fulcro no art. 396 e 396-A do Código de Processo Penal pelos motivos de fatos e de direitos a seguir expostos.
DOS FATOS 
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul recebe notícia crime identificada, imputando a Maria Campos a prática de crime, eis eu mandaria crianças brasileiras para o estrangeiro com documentos falsos. Diante da notícia crime, a autoridade policial instaura inquérito policial e, como primeira providência, representa pela decretação da interceptação das comunicações telefônicas de Maria Campos, “dada a gravidade dos fatos noticiados e a notória dificuldade de apurar crime de tráfico de menores para o exterior por outros meios, pois o modus operandi envolve sempre atos ocultos e exige estrutura organizacional sofisticada, o que indica a existência de uma organização criminosa integrada pela investigada Maria.
 O Ministério Público opina favoravelmente e o juiz defere a medida, limitando-se a adotar, como razão de decidir, “os fundamentos explicitados na representação policial.”
No curso do monitoramento, foram identificadas pessoas que contratavam os serviços de Maria Campos para providenciar (a) expedição de passaporte para viabilizar viagens de crianças para o exterior. 
Foi gravada conversa telefônica de Maria com um funcionário do setor de passaportes da Polícia Federal, Antônio Lopes, em que Maria consultava Antônio sobre os passaportes que ela havia solicitado, se já estavam prontos, e se poderiam ser enviados a ela. A pedido da autoridade policial, o juiz deferiu a interceptação das linhas telefônicas utilizadas por Antônio Lopes, mas nenhum diálogo relevante foi interceptado.
O juiz, também com prévia representação da autoridade policial e manifestação favorável do Ministério Público, deferiu a quebra de sigilo bancário e fiscal dos investigados, tendo sido identificado um depósito de dinheiro em espécie na conta de Antônio, efetuado naquele mesmo ano, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). 
O monitoramento telefônico foi mantido pelo período de quinze dias, após o que foi deferida medida de busca e apreensão nos endereços de Maria e Antônio. A decisão foi proferida nos seguintes termos: “diante da gravidade dos fatos e da real possibilidade de serem encontrados objetos relevantes para investigação, defiro o requerimento de busca e apreensão nos endereços de Maria (Rua dos Casais, 213) e de Antônio (Rua Castro, 170, apartamento 201)”. 
No endereço de Maria Campos, foi encontrada apenas uma relação de nomes que, na visão da autoridade policial, seriam clientes que teriam requerido a expedição de passaportes com os nomes de crianças que teriam viajado para o exterior. No endereço indicado no mandado de Antônio Lopes, nada foi encontrado. 
Entretanto, os policiais quecumpriram a ordem judicial perceberam que o apartamento 202 do mesmo prédio também pertencia ao investigado, motivo pelo qual nele ingressaram, encontrando e apreendendo a quantia de cinquenta mil dólares em espécie. Nenhuma outra diligência foi realizada.
Relatado o inquérito policial, os autos foram remetidos ao Ministério Público, que ofereceu a denúncia nos seguintes termos:
 “o Ministério Público vem oferecer denúncia contra Maria Campos e Antônio Lopes, pelos fatos a seguir descritos: Maria Campos, com o auxílio do agente da polícia federal Antônio Lopes, expediu diversos passaportes para crianças e adolescentes, sem observância das formalidades legais. Maria tinha a finalidade de viabilizar a saída dos menores do país. A partir da quantia de dinheiro apreendida na casa de Antônio Lopes, bem como o depósito identificado em sua conta bancária, evidente que ele recebia vantagem indevida para efetuar a liberação dos passaportes. Assim agindo, a denunciada Maria Campos está incursa nas penas do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e nas penas do artigo 333, parágrafo único c/c o artigo 69, ambos do Código Penal. Já o denunciado Antônio Lopes está incurso nas penas do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e nas penas do artigo 317, § 1º, c/c artigo 69, ambos do Código Penal.”
O juiz da 15ª Vara Criminal de Porto Alegre – RS, recebeu a denúncia, nos seguintes termos: “compulsando os autos, verifico que há prova indiciária suficiente da ocorrência dos fatos descritos na denúncia e do envolvimento dos denunciados. Há justa causa para a ação penal, pelo que recebo a denúncia. Citem-se os réus, na forma da lei.” 
Antônio foi citado pessoalmente em 27.10.2010 (quarta-feira) e o respectivo mandado foi acostado aos autos dia 01.11.2010 (segunda-feira). 
DOS DIREITOS 
O acusado foi condenado pelos crimes previstos no art. 239 da lei 8.069 de 1990 por enviar criança para fora do país não observando as formalidades legais e pelo 317, §1º c/c 69 do CP, corrupção passiva em concurso material.
Tratando-se de crime praticado por funcionário público federal a competência para julgar tal crime é da justiça federal e não da justiça estadual como feito, portanto, deve ser o juízo declarado incompetente de acordo com a súmula 254 do TRF.
Logo de início foi autorizado judicialmente uma interceptação telefônica para produção de provas, e nenhum dialogo relevante foi interceptado. A lei 9.296/96 em seu art. 2º, II somente autoriza a interceptação quando não puder ser feito produção de provas por outro meio, mas pelo fato de a investigação estar no início a produção de provas poderia ter sido feito de outra forma que não houvesse a necessidade de acontecer a interceptação.
Nesse mesmo sentido, o art. 5º da lei 9.296/96 e art. 93, IX da CF prevê que para a autorização de interceptação telefônica a decisão deve ser fundamentada adequadamente e não foi mencionada a mesma, portanto, não deveria ter sido permitida logo de início e deve ser declarada nula.
Foi deferido o pedido de busca e apreensão de dois acusados, ocorre que no momento que fizeram esta nada encontraram, mas descobriram que o réu possuía um outro imóvel no mesmo prédio e foram para este na busca de encontrar algo que servisse como prova. Encontraram neste outro imóvel a quantia de cinquenta mil dólares em espécie.
Esta prova não pode prosseguir na ação, pois, foi encontrada de modo inadequado, já que os policiais não tinham mandando para ingressar naquele imóvel, a prova portanto é ilícita nos termos do art. 157 do CPP e deve ser desentranhada dos autos.
Como é sabido, a petição inicial acusatória deve descrever o fato criminoso, para possibilitar a defesa do acusado. Todavia, ao narrar os fatos criminoso na inicial, o D. Promotor de Justiça sequer descreveu como se deu a participação do acusado no tráfico de crianças ao exterior.
Além do mais, no crime de corrupção passiva o Parquet não especificou no que consistiu o delito de corrupção passiva, se houve solicitação ou recebimento e que ato de ofício o acusado praticou infringindo dever funcional. Meras suposições como a apreensão do numerário na residência são insuficientes para tornar compatível a denúncia. Não existe nenhuma prova comprovando-se o nexo entre o dinheiro depositado na conta do réu e o tráfico de crianças praticado por Maria, nem mesmo dolo por parte do acusado para a prática do crime de corrupção passiva previsto no art. 317, §1º do CP, sendo a conduta atípica e o réu deve ser absolvido sumariamente nos termos do art. 397, III do CPP.
Assim, a denúncia é claramente inepta, e no caso não deveria ter sido recebida por falta de justa causa. Dessa forma, é hipótese de anulação de todos os atos praticados e por consequência decidir pelo não prosseguimento do feito.
DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto requer que seja recebida e provida a seguinte ação, remetendo esta à justiça federal, ou se mantida a competência, a anulação ab initio do processo para que se determine a notificação do réu nos termos do art. 514 do Código de Processo Penal, ou se não se acolher tal procedimento, a rejeição da denúncia em razão da falta de justa causa e também por ser a mesma inepta; e se mantido o recebimento da denúncia, a absolvição sumária pela atipicidade do fato, se indeferido o pedido de absolvição sumária, o desentranhamento das provas dos autos por serem adquiridas de forma ilícita nos termos do art. 5º, LVI da CF e em seguida feita oitiva de testemunhas.
Nesses termos,
Pede deferimento.
Porto Alegre-RS, 10 de Abril de 2020.
Jonathan William Lemes Lenhard
Advogado
OAB /RS 132.365
Rol de testemunhas:
1- Carlos, qualificação, residente na Rua 1, nº 10, Porto Alegre-RS. 
2- João, qualificação, residente na Rua 4, nº 310, Porto Alegre-RS.
3- Roberta, qualificação, residente na Rua 4, nº 310, Porto Alegre-RS.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA **. VARA CRIMINAL DA COMARCA DE NOVO HAMBURGO / RS
Inquérito policial: n.º ************* Vítima: CARLOS NAZÁRIO DE BORBA
Natureza: Representação para Prisão Preventiva
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, por seus representantes, vem manifestar na representação formulada pela Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios – DIH, pleiteando a decretação das prisões preventivas de ADALBERTO MÁRIO KRISH.
Tramita na referida delegacia de polícia o Inquérito Policial n.º *****, com a finalidade de apurar autoria, motivo, circunstâncias e materialidade do delito de latrocínio, em desfavor da vítima CARLOS NAZÁRIO DE BORBA, ocorrido em 07/09/2020.
Após a realização de inúmeras diligências, como coleta de depoimentos, provas técnicas e provas periciais, chegou-se à conclusão de que autor do disparo seria ADALBERTO MÁRIO KRISH, vizinho da vítima. Importante ressaltar que o autor anda ameaçando as testemunhas, determinando que parem de falar sobre o ocorrido, pois se seguirem prestando informações, na próxima vez irá atirar em todos e não apenas em dos vizinhos. 
Ao final do depoimento as testemunhas afirmam não irão prestar novas declarações a quem quer que seja e que se forem chamadas a depor em juízo irão “negar tudo, pois temem pela sua vida”.
Ainda, de acordo com o termo de Busca e Apreensão cumprido na residência de Adalberto, foram localizadas e apreendidas peças de vestuário semelhantes às descritas pela vítima como de uso do autor do disparo e um revolver marca Taurus, Calibre 32, nº 2979. O Laudo de exame de balística foi conclusivo no sentido de que o projétil retirado do rosto da vítima foi expelido pela arma apreendida.
			A Folha de antecedentes do suspeito informa que há quatro condenações anteriores por furto e duas por roubo, assim como informação de registro policial de Boletins de Ocorrência recentes e inquéritos instaurados por ameaça, agressão, roubo, furto, tráfico de drogas e uso de drogas.
			
			Por fim, há um depoimento de outro vizinho no sentido de que no dia 09 de Setembro,Adalberto teria pulado o muro de sua casa de arma em punho, exigido dinheiro e ameaçado disparar, o que somente não se concretizou em razão de o seu cachorro ter avançado, obrigando-o a fugir.
Os Representantes pela prisão cautelar anotam que pela forma como foram praticados os crimes, restaram evidentes a extrema gravidade dos fatos, exteriorizando a acentuada periculosidade do autor. Ademais, o diparo de amra de fogo que atingiu a face de CARLOS provocou intensa repercussão social e criou inquietação pública.
Importa aduzir que o autor do crime permanece solto, situação que, se persistir, certamente transparecerá um forte sentimento de impunidade e insegurança à população, comprometendo a credibilidade dos órgãos incumbidos da persecução criminal, da prestação jurisdicional e da manutenção da paz pública.
Ao final, pugna pela decretação da prisão cautelar de ADALBERTO MÁRIO KRISH, a fim de assegurar a ordem pública.
Em síntese, é o relatório.
 
A decretação da prisão preventiva do autor é perfeitamente admissível. Restam demonstrados a materialidade delitiva e os indícios de autoria. Presentes estão os requisitos previstos nos artigos 312 e 313, inciso I, do Código de Processo Penal, os quais dispõem:
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
Ora, como bem afirmado pela Polícia Civil em sua representação, a manutenção do autor em liberdade confere um sentimento de impunidade. Tal fato não só coloca em risco a credibilidade da justiça e, por conseguinte, a ordem pública, mas, também, a efetiva aplicação da lei penal.
Consigne-se que o próprio refúgio do autor ADALBERTO MÁRIO KRISH no Município de SAPIRANGA / RS , após publicação pela imprensa de que estaria envolvido no crime, nos leva a crer na grande possibilidade de fuga, em caso de eventual condenação.
Além disso, no presente caso, é impossível a substituição da prisão preventiva por outra(s) medida(s) cautelar(es). Nenhuma dessas medidas estão aptas a impedir que o autor, pessoa de grande periculosidade, venha a praticar novos crimes e/ou ameaçar testemunhas, se estiverem em liberdade, prejudicando sobremaneira a instrução criminal.
Nesse sentido, os seguintes julgados:
HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. QUALIFICADO.
PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. GRAVIDADE DEMONSTRADA PELO MODUS OPERANDI DO DELITO E PELA REITERAÇÃO CRIMINOSA.
 
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA QUE RECOMENDA A MEDIDA CONSTRITIVA. ORDEM DENEGADA.
1. A manutenção da custódia cautelar encontra-se suficientemente fundamentada, em face das circunstâncias do caso que, pelas características delineadas, retratam, in concreto, a periculosidade dos agentes, a indicar a necessidade de sua segregação para a garantia da ordem pública, considerando-se, sobretudo, o modus operandi do delito - cometido mediante grave ameaça com emprego de armas contra pessoas idosas que tiveram suas liberdades restringidas por tempo juridicamente relevante -, bem como a reiteração das práticas criminosas. Precedentes 2. Ordem denegada.
(STJ, HC 157.822/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA,
julgado em 22/11/2011, DJe 02/12/2011)
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO E RECEPTAÇÃO. PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. NOVO TÍTULO JUDICIAL.
Convertida a prisão em flagrante em preventiva, não há falar-se em constrangimento ilegal, porquanto a custódia passou a subsistir em razão de novo título. 2 - REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. DECISÃO	FUNDAMENTADA.	AUSÊNCIA DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. Inviável a revogação da prisão preventiva quando presentes a materialidade do fato e os indícios de autoria delitiva, sendo a medida cautelar encarceradora adequada e proporcional aos crimes, bem como necessária para garantir a ordem pública, a aplicação da lei penal e por conveniência da instrução criminal. Os predicados pessoais, por si só, não elidem a custódia cautelar. ORDEM DENEGADA.
(TJGO, HABEAS-CORPUS 429317-69.2011.8.09.0000, Rel. DES. LEANDRO CRISPIM, 2A CAMARA CRIMINAL, julgado em 17/11/2011, DJe 952 de 01/12/2011)
Destarte, tem-se presentes os requisitos a ensejar a necessidade da decretação da prisão cautelar do indiciado solto, face ao fumus boni juris (a materialidade provada e autoria indiciária robusta), e o periculum in mora, ou seja, solto voltará a delinquir, coagir testemunhas, como já o faz há tempo, bem como, frustará a aplicação da lei penal com reflexo efetivo na ordem pública.
Não podemos fomentar o sentimento de impunidade que se cria em manter o autor de tais crimes solto. O reflexo será por demais negativo para toda a sociedade, podendo aumentar o descrédito nas suas instituições estatais encarregadas de oferecer o mínimo de segurança pública e jurídica aos seus administrados.
 
Outrossim, converge neste sentido outras leis autorizadoras da constrição cautelar, corroborados com a literalidade do art. 312, do Código de Processo Penal, em especial para a garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e assegurar a aplicação da lei penal. Frisa-se, por fim, que todas as prisões cautelares possuem a cláusula rebus sic stantibus, a qual permite a todo momento processual seguinte averiguar a necessidade e utilidade na manutenção da custódia processual deferida ou indeferida.
Ante o exposto, fundado em tais razões de convencimento, o Ministério Público do Estado do Estado do Rio Grande do Sul manifesta-se favoravelmente à decretação da prisão preventiva do representado ADALBERTO MÁRIO KRISH, nos termos solicitados pela Polícia Civil do Estado Estado do Rio Grande do Sul.
Novo Hamburgo, 15 de dezembro de 2020.
Jonathan William Lemes Lenhard
34º Promotor de Justiça
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara da Justiça Especial Criminal da Comarca de Porto Alegre / RS
GISELE vem, na qualidade de acusada, devidamente qualificada na fl.258 dos autos do processo-crime através de meu defensor constituído, que abaixo assina e firma, conforme procuração em anexo, como amplos, totais, gerais e irrestritos poderes de fórum, oferecer, diante deste Elevado e Justo Juízo Criminal, memoriais das alegações finais da defesa, na forma do artigo 403, &3 do CPP, pelas razões de fato e direito que seguem.
Preliminarmente, o crime de lesões corporais de natureza leve do art. 129, deve ser representado pela vítima – art. 88 da Lei 9099/95 (JEC), no prazo decadencial de seis meses – art. 38 do CPP, a contar da data dos fatos.
Não houve a regular representação, faltando condição de prosseguibilidade da ação penal de natureza pública condicionada a representação, não podendo substituí-la a mera delatio criminis realizada em sede policial, devendo ser inequívoca sua intenção de representar para fins de que o Ministério Público venha promover a ação penal condicionada a representação, portando incidirá a nulidade absoluta prevista no art. 564, III, “a” do CPP.
Considerando a data do Fato 01/04/2016, e a data da delatio criminis – 31/10/2017, passaram-se seis meses e 31 dias, incidente portanto a decadência do direito da vítima de representar pelo oferecimento da denúncia pelo Ministério Públicos, que é de seis meses da data do fato, conforme art. 38 do CPP, devendo o juiz declarar extinta a punibilidade, em face do art. 107, IV do CP.
Como esta denunciação é descabida e alcançada pela nulidade do processo-crime, em face da decadência, incidirá na espécie a prescrição da pretensão punitiva.
Considerando a data do recebimento da denúncia, 31/10/2017, fato que interrompe o prazo prescricional – art. 117, I doCP, há prescrição punitiva em 31/11/2019. Como ocorrente a audiência em 20/03/2019, não incidiu qualquer prescrição punitiva em favor da acusada.
Quanto a reincidência específica do art. 76, &2, II da lei 9099/95, que estabelece um período probatório de cinco anos. A acusada já foi beneficiada a aplicação das medidas despenalizadoras da referida norma em 30/03/2009, não podendo surgir nova proposta das mesmas medidas, pois ocorrente o período probatório.
Consignamos que a reincidência específica não pode figurar como agravante penal do art. 61, “a”, ou circunstância pessoal do agente em seu desfavor na dosimetria da pena do art. 59 do CP, pois divorciada dos fatos imputados ao acusado.
A natureza jurídica é distinta. A específica é uma condição pessoal que se insere tão somente para fiz de acordo o transação penal ofertada pelo Ministério Público e homologada pelo juiz, de forma que o beneficiários tem restringido as medidas despenalizadoras da Lei 9099/95. A reincidência penal, é sanção penal, que visa inibir a conduta criminosa do agente, aplicável na dosimetria da pena. Para sua aplicação requer a culpabilidade do agente, reconhecida em sentença.
Entretanto, faz jus a acusada de se beneficiar da suspensão condicional do processo do art. 89 da lei 9099/95, pois a norma não faz referência ao período probatório específico ou reincidência específica. A lei veda tão somente o benefício ao reincidente comum, ou quando o acusado não atende as condições e requisitos da suspensão condicional da pena.
Trata-se de direito subjetivo público do acusado o oferecimento da proposta de SURSIS penal, antes do oferecimento da denuncia, consistindo em especial condição da ação penal penal, sendo-lhe pressuposto inafastável, sob pena de incidir a nulidade prevista no art. 564, III, “a” do CPP.
No mérito, Gisele é acusada pelo crime de lesões corporais de natureza leve, art. 129 caput, do CP . Sua conduta trata-se de aberratio sobre a pessoa do art. 19, &3 do CP, devendo responde sobre o que esta na esfera de voluntariedade e consciência do agente, que poderia constatar no ato ou prevê.
A condição gravídica de de Carolina deve restar provada por exame de corpo de delito direto, bem como sua notoriedade condição gestacional, de forma a se tornar induvidosa a condição objetiva do tipo penal agravador. A natureza leve da lesão deve ser devidamente provada por força de exame de corpo de delito, bem como a condição leve da lesão imputada.
Como os exames supramencionados não foram realizados, houve ofensa ao que prescreve, o art. 158 do CPP e art. 77, &1 da lei 9099/95, haja vista que o crime imputado a Carolina deixam vestígios, e em face do desaparecimento destes, não há corpo probatório robusto se quer para receber a denúncia, quiça para eventual condenação, por força do artigo 386, II do CPP.
Uma vez os fatos imputados não serem provados, nem a agressão, nem a lesão, condutas que deixam vestígios, não há como imputar qualquer pena a acusada, devendo o processo ser arquivado , por força do art. 386, II do CP.
O exercício do direito ao silêncio do acusado não pode ser tomado sob seu desfavor – art. 186, & único, se divorciado do contexto probatório, que no caso, falece de dignidade. Trata-se de manifestação legitima do direito de não auto-incriminar-se constitucionalmente garantido – art. 5 LXIII, e previsto no art. 198 do CPP.
A audiência foi adiada por duas vezes por ausência do Promotor de Justiça, obedecido o princípio da indisponibilidade da ação penal, disposto no art. 42 e 576 do CPP, e sua ausência deve ser sanada pela marcação de nova data, sem prejuízo da comunicação a Procuradoria Geral de Justiça para apuração de eventual sanção administrativa.
Os feriados e ponto facultativos justificam mudança de data da audiência.
O ponto facultativo pelo governador do Estado para o dia aprazado na audiência, por si só, não faz incidir o disposto no art. 1, “b” da lei 1408/1951, sob pena de ser ofensiva ao princípio constitucional da separação de poderes. Para a audiência ser adiada, como prescreve a lei apresentada, o expediente administrativo facultado, deve ser determinado pelo Chefe do Poder Judiciário, o Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça. Assim apresentado, o adiamento da audiência não pode ser levado a efeito para quais quer fins em prejuízo da defesa, pois irregular, não foi a defesa que deu causa.
A preterição das audiências nos dias designados não pode ofender, prejudicar ou reduzir as garantias penais e processuais que militam em favor ao direito de defesa. A preclusão temporal, decadência, ou prescrição que militam em favor da defesa, não serão maculadas pelos óbices surgentes no decurso normal
do processo, uma vez que não foram imputados a defesa. Os ônus de eventuais óbices processuais devem ser suportados por quem os praticou. Faz-se valer a aplicação da nulidade do art. 565 do CPP, devendo a acusação suportar todo ônus de sua desídia.
Gisele possui bons antecedentes, uma vez que não foi produzida prova alguma de maus antecedentes e reincidência. A reincidência alegada pelo ilustre Promotor de Justiça, deveria encontrar-se fulcrada na necessária juntada de antecedentes criminais pelo delegado de polícia, prevista no art. 6, VIII do CPP, e averiguação da vida pregressa do acusado pelo delegado de polícia, prevista no art. 6, IX do CPP. Não houve juntada destes documentos apresentados, nem produzida prova em audiência com base nestes documentos. Falece a alegação justa causa para sustentar a reincidência da acusada, devendo imperar o princípio constitucional da inocência, concluindo-se que nos processo todas as circunstâncias pessoais são favoráveis ao acusado, para fins de dosimetria de eventual pena.
Em face das condições pessoais do agente favoráveis, bem como não restou provada qualquer condição ou circunstância legal em desfavor do agente, deve incidir o benefício previsto no art. 33, &2, “c”, devendo cumpri-la em regime aberto, bem como deve incidir o previsto no art. 44, &2 do CP, com aplicação da pena de multa.
Do Pedido:
Venho diante deste emérito juízo criminal pedir em favor do acusado o seguinte:
a) que o processo seja arquivado sem que haja qualquer punição direita ou indireta do acusado, devendo ser o processo ser arquivado, pois o processo é nulo de pleno direito, pois inobservou a necessidade de representação da vítima, bem como expirou o prazo decadencial de seis meses para oferecimento da denuncia crime, e pela prescrição da pretensão punitiva extinguida a punibilidade do mesmo;
b) que seja oferecido o SURSIS processual a acusada e o processo venha ser suspenso, na forma do art. 89, &1 da lei 9099/95; que não seja reconhecida qualquer conduta criminosa a acusada, pois os fatos não foram devidamente provados;
c) caso subsista alguma condenação, que o exercício do direito ao silêncio da acusada não seja levado em seu desfavor;
d) que seja oficiada a Procuradoria Geral da Justiça, aos ausências dos iminente representantes do ministério público das audiências designadas; 
e) e caso subsista alguma condenação, que a acusada possa gozar do regime inicialmente aberto, e que a pena seja convertida em multa.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PORTO ALEGRE / RS
Processo n.******
LUIZ, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, muito respeitosamente, diante de Vossa Excelência, através de seu advogado infrafirmado, procuração em anexo, oferecer ALEGAÇÕES FINAIS, na forma do art. 403, §3º do Código de Processo Penal, nos seguintes termos: 
1. SÍNTESE FÁTICA
Conforme narrado na denúncia, Luiz, no dia 01.01.2020, então com 72 anos de idade, estava em sua residência, em Porto Alegre, na companhia de seus três filhos e do irmãmeo Igor, então com 55 anos, que também morava há dois anos no mesmo imóvel. 
Em determinado momento, um dos filhos de Luiz acionou fogos de artifício, no quintal do imóvel, para comemorar a chegada do novo ano. Ocorre que asfaíscas atingiram o telhado da casa, que começou a pegar fogo. Todos correram para sair pela única e pequena porta da casa, mas Luiz, em razão de sua idade e pela dificuldade de locomoção, acabou ficando por último na fila para saída da residência. Percebendo que o fogo estava dele se aproximando e que iria atingi-lo em segundos, Luiz desferiu um forte soco na cabeça do irmão, que estava em sua frente, conseguindo deixar o imóvel. Igor ficou caído por alguns momentos, mas conseguiu sair da casa da família, sangrando em razão do golpe recebido. 
Policiais chegaram ao local do ocorrido, sendo instaurado procedimento para investigar a autoria do crime de incêndio e outro procedimento para apurar o crime de lesão corporal. Luiz, verificando as consequências de seus atos, imediatamente levou o irmão para unidade de saúde e pagou pelo tratamento médico necessário. Igor compareceu em sede policial após ser intimado, narrando o ocorrido, apesar de destacar não ter interesse em ver o autor do fato responsabilizado criminalmente.
Com base nesses fatos e Luiz foi denunciado pela prática do crime do Art. 129, § 9º, do CP, sendo realizada instrução probatória, de modo que não haveria que se falar em resposta à acusação. Ademais, não houve sentença, logo não caberia apresentação de apelação. O Ministério Público apresentou manifestação, após a instrução probatória ser encerrada, pugnando pela condenação nos termos da denúncia, razão pela qual a única medida cabível seria apresentação de alegações finais.
Inicialmente, cumpre ressaltar que todo o procedimento é nulo, considerando que não houve a indispensável representação por parte da vítima.
 O Art. 88 da Lei nº 9.099/95 estabelece que quando a lesão for de natureza leve a ação será pública condicionada à representação. Apesar de Igor ter comparecido à Delegacia após intimação, a todo momento deixou claro não ter interesse em ver o autor do fato responsabilizado criminalmente. Passados mais de 06 meses sem que houvesse representação da vítima, houve decadência e, consequentemente, deveria ter ocorrido a extinção da punibilidade do acusado, conforme o Art. 107, inciso IV, do CP.
Ademais, não foi oferecida proposta de suspensão condicional do processo ao réu. Argumentou o Ministério Público que não seria cabível a proposta, porque o Art. 129, § 9º, do CP, foi introduzido pela Lei nº 11.340/06, que, em seu Art. 41, veda a aplicação dos institutos despenalizadores previstos na Lei nº 9.099/95. Apesar de, efetivamente, a forma qualificada da lesão prevista no Art. 129, § 9º, do CP, ter sido introduzida pela Lei nº 11.340/06, o crime imputado não necessariamente envolve situação de violência doméstica e familiar contra a mulher. Quando o crime do Art. 129, § 9º, do CP, for praticado no contexto da Lei nº 11.340/06, desnecessária será a representação e impossível será a aplicação do Art. 89 da Lei nº 9.099/95, nos termos do Art. 41 da Lei Maria da Penha. 
Todavia, apesar de o dispositivo ter sido introduzido por tal lei, na situação em análise, os fatos teriam sido praticados contra vítima do sexo masculino, não sendo aplicáveis os dispositivos, vedações e procedimento trazidos pela Lei nº 11.340/06. Dessa forma, seria necessária a representação da vítima diante da natureza leve da lesão e cabível proposta de suspensão condicional do processo, sendo certo que a condenação anterior por contravenção não impede o benefício.
2. DO MÉRITO 
No mérito, tem-se que os fatos foram praticados em situação de estado de necessidade, causa excludente da ilicitude, na forma do Art. 23, inciso I, e do Art. 24, ambos do CP. De acordo com os fatos, o imóvel onde estaria Luiz e Igor estava pegando fogo em razão da conduta descuidada de terceiro.
Havia perigo atual, já que o fogo estava se aproximando de Luiz, que não conseguia deixar a residência em razão de ter diversas pessoas na sua frente e de sua dificuldade de locomoção. O perigo não foi provocado por vontade própria de Luiz, mas sim por descuido de seu filho. O réu violou a integridade física de seu irmão para resguardar a sua própria integridade de perigo atual, não sendo exigível o sacrifício na ocasião. Ademais, não poderia o acusado de outra forma deixar o imóvel e se proteger, já que o fogo estava se aproximando.
Preenchidos os requisitos do Art. 24 do CP, afastada estará a ilicitude da conduta. 
De maneira subsidiária, caso não houvesse absolvição, deveria o examinando tratar sobre eventual pena a ser imposta. Não havendo circunstâncias judiciais do Art. 59 do CP a ser consideradas na primeira fase do processo dosimétrico, deveria a pena base ser aplicada no mínimo legal.
Por conseguinte, requer o afastamento da agravante do Art. 61, inciso I, do CP, solicitada pelo Ministério Público, tendo em vista que o Art. 63 do CP afirma que somente será reincidente aquele que praticar fato após condenação com trânsito em julgado pela prática de CRIME anterior. Consta da Folha de Antecedentes Criminais de Luiz apenas condenação pela prática de contravenção, sendo tecnicamente primário.
Em seguida, pugna-se pelo reconhecimento da atenuante prevista no Art. 65, inciso I, do CP, considerando que o réu é maior de 70 anos. 
Também aplicável a atenuante prevista no Art. 65, iciso III, alínea b, do CP, pois Luiz procurou, logo após o crime, evitar ou minorar as consequências de seus atos, levando Igor para o hospital e pagando por seu tratamento.
 Não foram narradas causas de aumento ou diminuição de pena. 
O regime inicial a ser fixado, diante da primariedade técnica, deve ser o aberto, destacando-se que o delito imputado é punido apenas com pena de detenção.
 Considerando que o crime imputado envolveria violência à pessoa, não seria cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Todavia, na forma do Art. 77 do CP, não sendo cabível a substituição da PPL por PRD e considerando a primariedade técnica e a pena a ser aplicada, possível a suspensão condicional da pena.
Diante do exposto, requer: 
a) preliminarmente, reconhecimento da decadência ou extinção da punibilidade; 
b) reconhecimento da nulidade em razão do não oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo;
 c) no mérito, absolvição, com fulcro no Art. 386, inciso VI, do CPP; 
d) na eventualidade de condenação, aplicação da pena no mínimo legal, com fixação de regime aberto e suspensão condicional da pena. 
Nestes termos, 
Pede deferimento
Porto Alegre / RS, 25 de Janeiro de 2021.
Jonathan William Lemes Lenhard
Advogado
OAB/RS nº 589.364
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 17ª VARA FEDERAL CRIMINAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE PORTO ALEGRE – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Querelante: Joana Trindade.
Querelado: Pedro da Silva.
JOANA TRINDADE, brasileira, casada, funcionária pública, portadora da cédula de identidade nº789.258.784-25, inscrita no CPF sob nº245.847.236-98, residente e domiciliada na rua Taquara, nº 54, Bairro Partenon, na cidade de Porto Alegre/ RS, vem perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que ao final assina, procuração com poderes especiais em anexo (art.44 do CPP), com escritório profissional na rua das Flores, nº 1234, Bairro Centro, na cidade de Porto Alegre/RS, onde recebe intimações para foro em geral, oferecer, com fulcro no art. 30, do Código de Processo Penal e art. 100, §2º, do Código Penal, ação penal na forma de
QUEIXA-CRIME
em desfavor de PEDRO DA SILVA, brasileiro, casado, empresário, cédula de identidade nº54879632514, inscrito no CPF sob o nº123.456.789-89, residente e domiciliado na Rua das Camélias , nº 5, Bairro das Flores, em Porto Alegre / RS pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas:
I – SINTESE FÁTICA:
No dia 14 de Maio de 2021, em audiência realizada na 17 ª Vara Federal Criminal da Subseção de Porto Alegre, o querelado tentou justificar sua ausência em audiência prévia realizada na data de 17 de dezembro de 2020, na qual este era testemunha compromissada, imputando falsamente à querelante o crime de injúria.Segundo argumentou Pedro Silva, em razão de ter chegado um pouco atrasado no dia e no local da audiência, os quais constavam no mandado de intimação, foi impedido pela querelante de ser ouvido pelo Juiz. O querelado afirmou ainda que Joana Trindade chamou-lhe de irresponsável e ignorante, e que a mesma lhe disse que o Magistrado não poderia mais ouvi-lo em razão do pregão já ter sido realizado 5 (cinco) minutos antes.
Ao ter sido indagado pelo Juiz sobre quem era a funcionária que realizou tal conduta, o querelado indicou, durante audiência, a querelante, a qual estava sentada ao lado do magistrado e exercia a função de chefe da secretaria. Após ter sido imputado falsamente o crime de injúria à querelante, esta desmentiu o ocorrido e o Juiz determinou a instauração de inquérito policial diante da contradição.
Posteriormente a realização da investigação policial (inquérito policial nº 23/2021) comprovou-se que o querelado não compareceu à audiência de 17 de dezembro de 2020, pois estava em viagem de férias para o Nordeste do país, situação corroborada pelos depoimentos de testemunhas como Abílio Novaes, Maria da Silva, Alberto Silveira, dentre outras testemunhas.
Dessa forma, depois de finalizado o inquérito policial, este foi remetido ao juízo e dado vista ao Ministério Público, o qual ofereceu denúncia na data de 07 de Abril de 2021 contra Pedro Silva como incurso no art. 342 do Código Penal. A denúncia foi recebida e processada em 10.04.2021.
II – PRELIMINARES DE MÉRITO:
II.I) DA COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA FEDERAL
A Justiça Federal Criminal possui competência para julgar o presente feito,tendo em vista que o crime foi praticado contra funcionário público federal no exercício da função. Vejamos o que dispõe a súmula 147 do Superior Tribunal de Justiça:
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
A corroborar com o exposto, faz-se necessário citar o artigo 109, IV da Constituição Federal de 1988:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Dessa forma, pode-se perceber claramente que compete materialmente à Justiça Federal Criminal julgar esta ação, sendo a Justiça Comum absolutamente incompetente para tanto.
II.II) DA COMPETÊNCIA MATERIAL EM SENTIDO ESTRITO
No presente caso o querelado praticou o crime de calúnia contra a querelante, Joana Trindade, a qual é funcionária pública federal. Conforme dispõe o Código Penal, a pena máxima cominada para tal delito é de 2 (dois) anos, contudo aplica-se a causa de aumento de 1/3 (artigo 141 Código Penal) sobre a pena máxima cominada ao crime, em razão da querelante estar no exercício da função no momento da consumação do delito.
Dessa forma, não compete aos Juizados Especiais Criminais processar e julgar o feito, tendo em vista que este Juízo somente é competente para julgar crimes de menor potencial ofensivo, cuja pena máxima não ultrapasse o limite de 2 (dois) anos. Vejamos o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal:
CRIMINAL COMUM. JUIZADO ESPECIAL. SUPOSTO CRIME DE CALÚNIA. CAUSA DE AUMENTO. CRIME COMETIDO CONTRA FUNCIONÁRIO PÚBLICO. AUMENTO DA PENA MÁXIMA COMINADA. CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. NÃO CONFIGURADO. COMPETÊNCIA DA VARA CRIMINAL COMUM. RECURSO PROVIDO. I - O pedido de explicações cuida de procedimento prévio ao oferecimento de queixa-crime em delitos contra a honra, que tem por escopo o esclarecimento de fatos ofensivos em razão de afirmações dúbias ou equívocas e possui natureza cautelar, cuja finalidade é preparar futura ação penal, razão pela qual a competência para o processamento do pedido de explicações é o Juízo competente para o processamento e julgamento da ação penal. II - Considerando que, no presente caso, busca o recorrente esclarecer eventual delito de calúnia, cuja pena máxima cominada é de 2 (dois) anos, tendo sido cometido em tese, quando o recorrente exercia o cargo de funcionário público e em razão dele, aplica-se a causa de aumento de 1/3, previsto no art. 141, do Código Penal, sobre a pena máxima cominada ao crime. III - Compete aos Juizados Especiais Criminais processar e julgar os crimes de menor potencial ofensivo, cuja pena máxima cominada não superior a 2 (dois) anos, sendo certo que constatada a incidência da causa de aumento do art. 141, inciso II, do Código Penal, a pena máxima cominada ao crime de calúnia ultrapassa 2 (dois) anos, razão pela qual a competência para o processamento do feito é da Vara Criminal Comum. IV - Recurso conhecido e provido. Decisão cassada. (TJDF – Rec 2012.01.1.058666-2; Ac. 624.298; Terceira Turma Criminal; Relatora Desembargadora Nilsoni de Freitas; DJDFTE 09/10/2012).
Portanto, torna-se evidente que o Juízo competente para processar e julgar a presente ação criminal é a Vara Criminal Federal, tendo em vista que o crime de calúnia praticado contra servidor público no exercício de suas funções não representa um crime de menor potencial ofensivo, ultrapassando a competência do Juizado Criminal.
II.III) DA LEGITIMIDADE CONCORRENTE
No tangente a legitimidade ativa para propor esta ação penal, faz-se necessário ressaltar que o ordenamento jurídico vigente admite a legitimidade concorrente tanto do ofendido para promover ação penal privada, como do Ministério Público, o qual mediante denúncia oferece a ação penal pública condicionada à representação.
A corroborar com o exposto, vejamos o posicionamento do Supremo Tribunal Federal:
STF Súmula nº 714 - É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
Assim, é pacífico o entendimento de que a querelante possui legitimidade concorrente para propor a presente ação penal mediante queixa, pois Joana foi vítima do crime de calúnia em razão do exercício das funções inerentes ao seu cargo.
III) DO MÉRITO
III.I) DA CONDUTA PUNÍVEL:
Ao afirmar que a querelante teria ofendido sua dignidade na data de 14 de Maio de 2021, chamando-lhe de irresponsável e ignorante por supostamente ter se atrasado para uma audiência, o querelado cometeu o delito de calúnia, pois imputou falsamente o crime de injúria à querelante.
Após concluído o inquérito policial no 23/2021 ficou comprovado que Pedro da Silva não compareceu a audiência em que era testemunha compromissada porque estava viajando para o nordeste do Brasil na data em questão, contudo o querelado, agindo de má-fé, tentou justificar sua ausência imputando o crime de injúria à querelante, a qual exercia o cargo de chefe da secretaria.
Tal conduta praticada pelo querelado corresponde ao tipo penal disposto no artigo do Código Penal vigente, in verbis: Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
A corroborar com esta linha de pensamento, necessário se faz citar o posicionamento do doutrinador Cezar Roberto Bitencourt:
Para que o fato imputado possa constituir calúnia, precisam estar presentes, simultaneamente, todos os requisitos do crime: a) imputação de fato determinado qualificado como crime. b) falsidade da imputação; c) elemento subjetivo animus caluniandi. A ausência de qualquer desses elementos impede que se possa falar em fato definido como crime de calúnia.
Outrossim, pode-se evidenciar no presente caso que o querelado cometeu o delito de calúnia, tendo em vista que estão presentes simultaneamente todos os elementos necessários para que se possa configurar tal delito. Primeiramente, o querelado imputou à querelante o crime de injúria, fato determinado, classificado como crime conforme a legislação penalvigente.
Em relação à falsidade da imputação, esta foi comprovada mediante inquérito policial, em razão de o querelado estar viajando na data em que imputou falsamente o delito à vítima. 
Por fim, quanto ao elemento subjetivo “animus caluniandi”, este fica evidente, pois o querelado tem o propósito de caluniar a vítima para que possa justificar sua ausência em audiência em que era testemunha compromissada e não responder penalmente pelo ato cometido.
Ademais, em razão da vítima ser funcionária pública e estar no exercício da função no momento em que foi consumado o delito, há a incidência da causa de aumento de pena disposta no artigo 142, II, do Código Penal. Vejamos:
 Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; (...)
Dessa forma, ao ter imputado falsamente a prática do crime de injúria pela vítima, o querelado cometeu o crime de calúnia, ferindo a honra objetiva da vítima, a qual é considerada como um direito fundamental da pessoa humana e é tutelada pela Lei Maior.
Diante do exposto, requer que:
a) seja a presente queixa-crime recebida e autuada;
b) seja colhido parecer do Ministério Público, o qual deverá ser chamado a se manifestar em todas as fasesdo processo (CPP, art. 45);
c) seja o querelado citado para se defender;
d) seja permitida a produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a documental e testemunhal, cujo rol segue abaixo;
e) seja o querelado condenado ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios;
f) seja, ao final, julgada procedente a presente acusação, a fim de condenar o querelado nas penas dos artigos 138 c/c 141, II do Código Penal e fixado o quantum indenizatório mínimo, afim de reparação dos danos causados pelo delito.
Rol de testemunhas:
Abílio Novaes, Residente e domiciliado na Rua Timbó, nº 7, na cidade de Porto Alegre / RS)
Maria da Silva, Residente e domiciliada na Rua Camomila, nº 27, na cidade de Porto Alegre.
Alberto Silveira, Residente e domiciliado na Rua Lírio, nº 76 na cidade de Porto Alegre.
Nestes Termos
Pede Deferimento
Porto Alegre, 13 de Novembro de 2021.
Jonathan William Lemes Lenhard
Advogado
OAB/RS nº 458.254
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JURI DA COMARCA DE PORTO ALEGRE / RS
Processo n. 123123123132-132
HELENA, já qualificada nos autos em epígrafe, através de seu advogado infra-assinado, com procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por não se conformar com a decisão de fl. ..., interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, nos termos do art. 581, IV, do Código de Processo Penal. 
Neste ensejo, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, nos termos do art. 589, do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão, requer seja o recurso encaminhado ao Tribunal de Justiça, com as razões já inclusas, para o seu devido processamento. 
 Nestes termos,
 Pede deferimento,
 Porto Alegre 17 de Agosto de 2010.
Jonathan William Lemes Lenhard
Advogado OAB/RS nº 123.123
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
Recorrente: Helena
Recorrido: Justiça Pública
Processo n. 123123123132-132
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Egrégio Tribunal de Justiça
Colenda Câmara
I- DOS FATOS
No dia 17 de junho de 2010, uma criança recém-nascida é vista boiando em um córrego e, ao ser resgatada, não possuía mais vida. 
A autoridade policial representou pela decretação de interceptação telefônica da linha de telefone móvel de Helena. 
O Ministério Público denunciou a recorrente pela prática do crime previsto no art. 123 do Código Penal. 
Durante a ação penal foi juntado aos autos o laudo de necropsia realizado no corpo da criança. A prova técnica concluiu que a criança já nascera morta. 
Durante a instrução, a testemunha Lia trouxe nova informação, que não mencionara quando ouvida na fase inquisitorial. Disse, em outras palavras que tivera com a mãe da criança, Helena contou que tomou substância abortiva. 
Interrogada, a recorrente negou os fatos. 
Encerrada a instrução, o magistrado prolatou sentença de pronúncia, pronunciando a recorrente pela prática do crime previsto no art. 124 do Código Penal. 
II- DO DIREITO
A) DAS PRELIMINARES 
A.1) Da nulidade da sentença de pronúncia
O Ministério Público ofereceu denúncia contra a recorrente pela prática do delito previsto no art. 123 do Código Penal. O Magistrado proferiu decisão pronunciando a recorrente pela prática do art. 124 do Código Penal. Todavia, a decisão de pronúncia deve ser anulada. 
Conforme se observa nos autos, a testemunha Lia trouxe nova informação, que não consta na denúncia, no sentido de que a recorrente teria contado que ingeriu substância abortiva, razão pela qual o Magistrado proferiu decisão de pronúncia pela prática do crime previsto no art. 124 do Código Penal. 
Todavia, o Magistrado violou o disposto no art. 411, §3º, do Código de Processo Penal, c/c o art. 384 do Código de Processo Penal, já que, tendo em vista o surgimento de fato novo durante a instrução criminal, deveria ter concedido vista para o Ministério Público aditar a denúncia, nos termos do art. 384 do Código de Processo Penal.
Logo, deve ser declarada a nulidade da decisão de pronúncia. 
A.2) Da prova ilícita
A autoridade policial representou pela interceptação telefônica, o que foi deferido pelo Magistrado. Todavia, trata-s de prova ilícita. 
O crime de infanticídio, previsto no art. 123 do Código Penal, é apenado com detenção. Todavia, nos termos do art. 2º, III, da Lei n. 9.296/96, somente é admitida a interceptação telefônica se o fato investigado constituir infração penal apenada com reclusão. Além disso, o crime de aborto, previsto no art. 124 do Código Penal, também é apenado com detenção. Logo, trata-se de prova ilícita. 
Além disso, a autoridade policial representou pela interceptação telefônica porque "estava desconfiado" de que a recorrente estaria envolvida na morte da criança. Logo, não poderia ser admitida a interceptação telefônica, porque não havia indícios razoáveis da autoria ou participação da recorrente na morte a criança, nos termos do art. 2º, I, da lei n. 9.296/96. 
Por fim, a autoridade policial não esgotou todos os meios de investigação antes de representar pela interceptação telefônica, violando o disposto no art. 2º, II, da Lei n. 9.296/96. 
Logo, a interceptação telefônica se trata de prova ilícita, devendo ser desentranhada dos autos, nos termos do art. 157 do Código de Processo Penal.
A.3) Da prova ilícita por derivação
A autoridade policial tomou conhecimento da testemunha Lia a partir da interceptação telefônica ilícita. Logo, o testemunho de Lia se trata de prova ilícita por derivação, devendo ser desentranhada dos autos, nos termos do art. 157, §1º, do Código de Processo Penal. 
B) DO MÉRITO
B.1) Da materialidade
Durante a ação penal, foi juntado aos autos laudo de necropsia realizado no corpo da criança. A prova técnica concluiu que a criança já nascera morta. Todavia, não há prova da materialidade do crime de aborto, uma vez que a perícia não apontou que a criança faleceu em decorrência de eventual ingestão de substância abortiva. 
Logo, a recorrente deverá ser absolvida sumariamente, nos termos do art. 415, I, do Código de Processo Penal, ou sucessivamente, ser impronunciada, nos termos do art. 414 do Código de Processo Penal. 
B.2) Da autoria
A recorrente sempre negou todos os fatos. O magistrado se baseou na interceptação telefônica e no testemunho de Lia para proferir a sentença de pronúncia. 
Todavia, conforme referido acima, a interceptação telefônica e a testemunha são provas ilícitas, devendo ser desentranhadas dos autos, nos termos do art. 157 do Código de Processo Penal. 
Assim, não havendo mais nenhum elemento de prova acerca da autoria, deveria o Magistrado proferir sentença de impronúnciaou de absolvição sumária. 
Logo, a recorrente requer seja reformada a decisão para o fim de que seja proferida decisão de absolvição sumária ou, sucessivamente, de impronúncia. 
III- DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, com a REFORMA DA DECISÃO DE 1º GRAU, para o fim de que:
a) seja declarada a nulidade da decisão de pronúncia; 
b) seja declarada a ilicitude e nulidade da interceptação telefônica, devendo ser desentranhada dos autos, nos termos do art. 157 do Código de Processo Penal. 
c) seja declarada a ilicitude e nulidade do testemunho de Lia, porque se trata de prova ilícita por derivação, devendo ser desentranhada dos autos, nos termos do art. 157, §1º, do Código de Processo Penal.
d) seja a recorrente absolvida sumariamente, com base no art. 415, II, do Código de Processo Penal.
e) seja a recorrente impronunciada, nos termos do art. 414 do Código de Processo Penal.
 Nestes termos,
 Pede deferimento,
 Porto Alegre/ RS, 17 de Agosto de 2010.
Jonathan William Lemes Lenhard
Advogado OAB/RS nº 123.123
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO GONÇALO/RJ
Processo nº
Carlos, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, através de seu advogado e procurador, vem, mui respeitosamente à Douta Presença de Vossa Excelência, dentro do quinquídio legal, interpor RECURSO DE APELAÇÃO. com fulcro no Art. 593, inciso I do Código de Processo Penal, data vênia, por não se conformar com a r. sentença condenatória. Em anexo, seguem as razões recursais.
Nestes termos,
Pede deferimento.
São Gonçalo, 23 de setembro de 2019.
Jonathan William Lemes Lenhard
OAB/RS 123.456
 RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO
Apelante: Carlos
Apelado: Ministério Público
Autos nº:xxxxxxxxxxxxxxx
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
Colenda Câmara;
Em que pese o zelo do magistrado "a quo", este não deu ao caso a solução adequada, senão vejamos:
DOS FATOS
O apelante, primário e de bons antecedentes, fora denunciado como incurso nas sanções penais dos artigos 302 da Lei nº 9.503/97, por duas vezes, e art. 303, do mesmo diploma legal, ambos em concurso material, isto posto, como dispõe a denúncia, na data de 08 de julho de 2017 teria o apelante, na direção de veículo automotor, com imprudência em razão do excesso de velocidade, colidiu com um veículo em que estavam Júlio e Mario, este na época com 8 anos, causando lesões que resultaram com a morte de ambos. Pode se ler ainda da inicial de que, em decorrência da mesma colisão ficou lesionado Pedro, que passava pelo local com sua bicicleta e foi atingido pelo veículo em alta velocidade, este, que após atendimento médico em hospital público, se retirou do local, sem ser notado, razão pela qual foi elaborado laudo indireto de corpo de delito com base no boletim de atendimento médico. Pedro nunca compareceu em sede policial para narrar o ocorrido e nem ao Instituto Médico Legal. 
No curso da instrução, foram ouvidas testemunhas presenciais, não sendo Pedro localizado. Durante o interrogatório o apelante negou estar em excesso de velocidade, esclarecendo que perdeu o controle do carro em razão de um buraco existente na pista. Foi acostado exame pericial realizado nos automóveis e no local, concluindo que, realmente, não houve excesso de velocidade por parte do apelante, e que havia o buraco mencionado na pista. 
O exame pericial, todavia, apontou que possivelmente haveria imperícia do apelante na condução do automóvel, o que poderia ter contribuído para o resultado. O juiz a quo julgou totalmente procedente a pretensão punitiva do Estado e, apesar de afastar o excesso de velocidade, afirmou ser necessária a condenação do apelante em razão da imperícia. No momento da dosimetria, fixou a pena base de cada um dos crimes no mínimo legal, e, com relação à vítima Mário, na segunda fase, reconheceu a agravante prevista no art. 61, II, alínea h do CP pelo fato de ser criança, aumentando a pena base em 3 meses. Ficando a pena acomodada em 04 anos e 08 meses de detenção. 
Não houve substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos em razão do quantum final, nos termos do art. 44. I, do CP. sendo fixado o regime inicial fechado de cumprimento de pena, com fundamento na gravidade em concreto da conduta.
DO DIREITO
No caso em tela, é cediço ao apelante o que diz respeito à extinção da punibilidade no que tange ao crime de lesão corporal praticada na direção de veículo automotor, que teria como vítima Pedro, tendo em vista que não houve representação por parte da vítima, condição essa indispensável para o oferecimento da denúncia por parte do Ministério Público.
 Como se não bastasse tal situação, tomando-se por base o paradigma, ter-se-ia um crime de lesão corporal na direção de veículo automotor, em que, em regra, a ação é pública condicionada à representação, transformada, por expressa disposição de lei, art. 281. §1 da Lei 8.503/87. (CTB), em ação penal pública incondicionada.
O art. 88 da Lei 8.089.85 determina que nos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas a ação penal dependerá de representação da vítima, o que, foi excepcionado pelo legislador no que tange aos delitos de trânsito. Conta do enunciado que Pedro nunca compareceu na delegacia e nem em juízo, não havendo qualquer circunstância a indicar que ele tinha interesse em ver o autor do fato responsabilizado criminalmente. 
Dessa forma, passados mais de 06 (seis) meses da identificação da autoria, houve decadência, nos termos do art. 38 do CPP: "Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier, a saber, quem é o autor do crime [...]", o que funciona como causa de extinção da punibilidade, conforme art. 107, IV do CP: "Extingue-se a punibilidade: [...] IV-pela prescrição, decadência ou perempção".
No que diz respeito ao crime de homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor, cabe ressaltar o direito de absolvição do apelante, tendo em vista que a própria sentença reconhece que não houve imprudência por parte do réu em razão do excesso de velocidade, assim como a perícia acostada ao procedimento. Não havendo prova da conduta imputada na denúncia, restaria a absolvição, nos termos do art. 386. VII do CPP.
Cabe mencionar que não poderia o magistrado ter condenado com fundamento de que houve imperícia na direção do veículo, tendo em vista que tal conduta não foi narrada na denúncia, violando o princípio da correlação, o qual representa uma das mais relevantes garantias do direito de defesa, visto que assegura a não condenação do acusado por fatos não descritos na peça acusatória, sendo certo que o Ministério Público não aditou a inicial acusatória em momento adequado. Desta senda, não sendo comprovado o fato imputado na denúncia, a absolvição é medida que se impõe.
 No que tange ao processo de dosimetria da pena. Primeiro cabe explanar sobre o afastamento do agravante conforme art. 81, inciso II, alínea h CP. Tendo em vista que tal agravante somente pode ser aplicado aos crimes dolosos. Quis a lei punir mais severamente aquele que dolosamente aquele que pratica crime contra criança. Na hipótese de crime culposo não há que se falar em agravante, sob pena de adotarmos a responsabilidade penal objetiva.
Em relação ao concurso material de crimes, conforme a denúncia, teria ocorrido o concurso, já que com uma única conduta o agente teria causado mais de um resultado. Assim, aplica-se a regra do art. 70 do CP, ou seja, as penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, em detrimento do artigo 69 do CP: "Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idénticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se

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