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SP1 - ABRANGÊNCIA DAS AÇÕES DE SAÚDE (SUS, Vigilância Epidemiológica, Vigilâncias em Saúde)

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ABRANGÊNCIA DAS AÇÕES DE SAÚDE 
CASO 1 – MÓDULO 1 
 
OBJETIVO 1: Reconhecer a história da implantação do SUS, com 
seus princípios e diretrizes, abrangendo o universo dos cuidados 
à saúde da população no país. 
HISTÓRICO: 
O SUS foi definido a partir de princípios universalistas e 
igualitários, o que é algo de fazer inveja a outros países. 
A construção do SUS rompeu com o caráter 
meritocrático que caracterizava a assistência à saúde 
no Brasil até a Constituição de 1988, e determinou a 
incorporação da saúde, como direito, numa ideia de 
cidadania, que naquele momento se expandia, e que 
considera não apenas o ponto de vista de direitos 
formais, de direitos políticos, mas principalmente a 
ideia de uma democracia substancial, de direitos 
substantivos, que envolviam certa igualdade de bem-
estar. 
A reforma sanitária que foi feita visando à criação do 
SUS, gravada na Constituição, foi de fato uma ruptura 
com todos os princípios que ordenavam a política de 
saúde até então. E nesse sentido podemos falar de fato 
em reordenamento ideológico e institucional. 
Ideológico devido aos princípios fundantes da política 
de saúde, que são completamente alterados, e 
institucional em função da criação do sistema único. 
 
➢ Antes da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o 
Ministério da Saúde (MS), com o apoio dos estados e 
municípios, desenvolvia quase que exclusivamente 
ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, 
com destaque para as campanhas de vacinação e 
controle de endemias. Todas essas ações eram 
desenvolvidas com caráter universal, ou seja, sem 
nenhum tipo de discriminação com relação à 
população beneficiária. 
Na área de assistência à saúde, o MS atuava apenas por 
meio de alguns poucos hospitais especializados, nas 
áreas de psiquiatria e tuberculose, além da ação da 
Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública 
(FSESP) em algumas regiões específicas, com destaque 
para o interior do Norte e Nordeste. Essa ação, 
também chamada de assistência médico-hospitalar, 
era prestada à parcela da população definida como 
indigente, por alguns municípios e estados e, 
 
 
principalmente, por instituições de caráter 
filantrópico. Essa população não tinha nenhum direito 
e a assistência que recebia era na condição de um 
favor, uma caridade. 
 
Nessa época, os brasileiros, com relação à assistência à 
saúde, estavam divididos em três categorias: 
 
 • Os que podiam pagar pelos serviços 
 • Os que tinham direito a assistência prestada pelo 
INAMPS, e 
• Os que não tinham nenhum direito. 
 
➢ Instituto Nacional de Assistência Médica da 
Previdência Social, INAMPS, tinha a responsabilidade 
de prestar assistência à saúde de seus associados, o 
que justificava a construção de grandes unidades de 
atendimento ambulatorial e hospitalar, como também 
da contratação de serviços privados nos grandes 
centros urbanos, onde estava a maioria dos seus 
beneficiários. 
A assistência à saúde desenvolvida pelo INAMPS 
beneficiava apenas os trabalhadores da economia 
formal, com “carteira assinada”, e seus dependentes, 
ou seja, não tinha o caráter universal que passa a ser 
um dos princípios fundamentais do SUS. Desta forma, 
o INAMPS aplicava nos estados, através de suas 
Superintendências Regionais, recursos para a 
assistência à saúde de modo mais ou menos 
proporcional ao volume de recursos arrecadados e de 
beneficiários existente. 
 
➢ Com a crise de financiamento da Previdência, que 
começa a se manifestar a partir de meados da década 
de 70, o INAMPS adota várias providências para 
racionalizar suas despesas e começa, na década de 80, 
a “comprar” serviços do setor público (redes de 
unidades das Secretarias Estaduais e Municipais de 
Saúde), inicialmente por meio de convênios. A 
assistência à saúde prestada pela rede pública, apesar 
do financiamento do INAMPS apenas para os seus 
beneficiários, preservou o seu caráter de 
universalidade da clientela. Também, nessa época, o 
INAMPS passa a dar aos trabalhadores rurais, até então 
precariamente assistidos por hospitais conveniados 
com o FUNRURAL, um tratamento equivalente àquele 
prestado aos trabalhadores urbanos. Mesmo com a 
crise que já se abatia sobre o INAMPS, essa medida 
significou uma grande melhoria nas condições de 
acesso dessa população aos serviços de saúde, 
particularmente na área hospitalar. 
Assim, podemos verificar que começava a se construir 
no Brasil um sistema de saúde com tendência à 
cobertura universal. Isso foi motivado, por um lado, 
pela crescente crise de financiamento do modelo de 
assistência médica da Previdência Social e, por outro, à 
grande mobilização política dos trabalhadores da 
saúde, de centros universitários e de setores 
organizados da sociedade, que constituíam o então 
denominado “Movimento da Reforma Sanitária”, no 
contexto da democratização do país. 
 
➢ A configuração institucional do SUS - Uma primeira e 
grande conquista do Movimento da Reforma Sanitária 
foi, em 1988, a definição na Constituição Federal (CF) 
relativa ao setor saúde. 14 O Art. 196 da CF conceitua 
que “a saúde é direito de todos e dever do Estado(...)”. 
Aqui se define de maneira clara a universalidade da 
cobertura do Sistema Único de Saúde. Um passo 
significativo na direção do cumprimento da 
determinação constitucional de construção do Sistema 
Único de Saúde foi a publicação do decreto n.º 99.060, 
de 7 de março de 1990, que transferiu o INAMPS do 
Ministério da Previdência para o Ministério da Saúde. 
Em setembro de 1990 a Lei 8.080 (Lei Orgânica da 
Saúde) instituiu o Sistema Único de Saúde, com 
comando único em cada esfera de governo e definiu o 
Ministério da Saúde como gestor no âmbito da União. 
A Lei, no seu Capítulo II – Dos Princípios e Diretrizes, 
Art. 7º, estabelece entre os princípios do SUS a 
“universalidade de acesso aos serviços de saúde em 
todos os níveis de assistência”. 
 
➢ O processo de implantação do SUS - Antes de tudo, é 
importante destacar que, como descrito 
anteriormente, o Sistema Único de Saúde começou a 
ser implantado por meio de uma estratégia que buscou 
dar caráter universal à cobertura das ações de saúde, 
até então proporcionada pelo INAMPS apenas para os 
seus beneficiários. Dessa forma, o SUS inicia a sua 
atuação na área da assistência à saúde com caráter 
universal, utilizando-se de uma instituição que tinha 
sido criada e organizada para prestar assistência a uma 
parcela limitada da população. 
Considerando-se essa relação e a continuidade da 
participação do Ministério da Previdência no 
financiamento do INAMPS, este foi inicialmente 
preservado e se 15 constituiu no instrumento para 
assegurar a continuidade, agora em caráter universal, 
da assistência médico-hospitalar a ser prestada à 
população. O INAMPS somente foi extinto pela Lei n° 
8.689, de 27 de julho de 1993, portanto quase três anos 
após a promulgação da lei que instituiu o SUS. 
 
➢ A implantação do SUS tem início nos primeiros anos da 
década de 1990, após a promulgação da Lei Orgânica 
da Saúde (LOS) n. 8.080/90, de 19 de setembro de 
1990, complementada pela Lei Orgânica da Saúde n. 
8.142, de 28 de dezembro de 1990. Estas foram leis 
fundamentais que orientaram a operacionalização do 
sistema de saúde, visto que a primeira definiu os 
objetivos e atribuições do SUS, enquanto a segunda 
definiu as regras gerais para a participação popular e 
financiamento 
 
➢ O marco da reforma do sistema de saúde brasileiro foi 
a 8ª Conferência Nacional de Saúde, cujo lema era 
“Saúde, Direito de Todos, Dever do Estado”. As 
conferências de saúde foram instituídas pela Lei n. 378, 
de 13 de janeiro de 1937, e tinham como principal 
objetivo propiciar a articulação do governo federal com 
os governos estaduais, dotando-o de informações para 
a formulação de políticas, para a concessão de 
subvenções e auxílios financeiros. A 8ªConferência 
ocorreu em março de 1986, promovida pelo Ministério 
da Saúde (MS), e contou com a participação de 
diferentes setores organizados da sociedade. A grande 
novidade dessa conferência, segundo o que ressaltam 
Noronha, Lima e Machado (2008), foi a participação, 
pela primeira vez, das entidades da sociedade civil 
organizada de todo país como delegados eleitos, 
incluindo as representações sindicais, das associações 
de profissionais de saúde, de movimentos populares 
em saúde, do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde 
(Cebes), da Associação Brasileira de Pós-Graduação em 
Saúde Coletiva (Abrasco). Os principais temas 
debatidos na conferência foram: 
a) Saúde como direito de cidadania; 
b) Reformulação do Sistema Nacional de Saúde; 
c) Financiamento do setor. 
O relatório da 8ª Conferência de Saúde orientou os 
constituintes dedicados à elaboração da Carta Magna 
de 1988 e os militantes do movimento sanitário. Os 
eixos do relatório foram os seguintes: 
a) Instituição da saúde como direito de cidadania e 
dever do Estado; 
b) Compreensão da determinação social do processo 
saúde-doença; 
c) Reorganização do sistema de atenção, com a criação 
do SUS. 
 
➢ Outras ações importantes no âmbito da implantação 
do SUS 
 
1. Vigilância Sanitária: Na área da Vigilância Sanitária 
um fato importante foi o surgimento da ANVISA, criada 
pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. A ANVISA 
é uma autarquia sob regime especial, ou seja, uma 
agência reguladora caracterizada pela independência 
administrativa, estabilidade de seus dirigentes durante 
o período de mandato e autonomia financeira. 
 
2. Saúde das populações indígenas: Em agosto de 1999, 
o Ministério da Saúde, por intermédio da Fundação 
Nacional de Saúde (FUNASA), assumiu a 
responsabilidade de prover atendimento integral à 
saúde dos povos indígenas, articulado com o Sistema 
Único de Saúde. 
 
3. Regulação da assistência suplementar à saúde: 
Criada pela Lei n° 9.961 de 28 de Janeiro de 2000, a 
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é uma 
autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério 
da Saúde. Contribuindo para o desenvolvimento das 
ações de Saúde no País, a ANS tem a missão de 
promover a defesa do interesse público na assistência 
suplementar à saúde, regulando as operadoras 
setoriais, inclusive nas suas relações com prestadores 
e consumidores. 
 
➢ Como objetivos do SUS, a Lei n. 8.080 define: 
•identificação e a divulgação dos fatores 
condicionantes e determinantes da saúde; 
• a formulação de políticas de saúde; 
• a assistência às pessoas por intermédio de ações de 
promoção, proteção e recuperação da saúde, com 
realização integrada das ações assistenciais e das 
atividades preventivas. 
➢ Como atribuições do SUS, a Lei n. 8.080 define: 
•Atuar na promoção de saúde com ações de: 
- vigilância epidemiológica 
- vigilância sanitária 
- saúde do trabalhador 
- saúde ambiental 
- vigilância nutricional 
- fiscalização de produtos 
- atenção primária 
 
• Atuar na assistência médica propriamente dita e 
ainda: 
- com o uso de recursos tecnológicos mais apropriados 
- na política de saúde e hemoderivados 
- na política de medicamentos 
 
• A Lei Complementar à Lei Orgânica da Saúde (n. 
8.142/1990) define: 
- o estabelecimento das regras para a realização das 
conferências de saúde, bem como sua função. As 
conferências têm por função definir as diretrizes gerais 
para a política de saúde; 
- a regulamentação dos conselhos de saúde nacional, 
estaduais e municipais, definido o caráter permanente 
e deliberativo desses fóruns, a representação paritária 
e o papel de formulador e controlador da execução da 
política de saúde; 
- a definição das regras de repasse dos recursos 
financeiros da União para os estados e municípios, que 
deveriam ter fundo de saúde, conselho de saúde, plano 
de saúde, relatório de gestão e contrapartida de 
recursos do respectivo orçamento. 
 
➢ As competências das três instâncias do SUS foram 
definidas como: 
•Município: 
- prover os serviços; 
- executar serviços de vigilância epidemiológica e 
vigilância sanitária, de alimentação e nutrição, de 
saneamento básico e saúde ocupacional; 
- controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços 
privados de saúde. 
 
•Estado: 
- ser responsável pelas ações de saúde do estado; 
- planejar e controlar o SUS na sua esfera de atuação. 
 
 
•União: 
- normatizar o conjunto de ações de promoção, 
proteção e recuperação da saúde, identificando riscos 
e necessidades nas diferentes regiões. 
O exercício e a participação da iniciativa privada na 
saúde são previstos por lei, de forma complementar, 
regulamentados por disposições e princípios gerais da 
atenção à saúde. O SUS, portanto, não é composto 
somente por serviços públicos; é integrado também 
por uma ampla rede de serviços privados, 
principalmente hospitais e unidades de diagnose e 
terapia, que são remunerados por meio dos recursos 
públicos destinados à saúde. As ações e serviços de 
saúde são considerados de relevância pública, segundo 
Andrade (2001), cabendo ao poder público sua 
regulamentação, fiscalização e controle, nos termos da 
lei, a serem executados diretamente ou por terceiros, 
inclusive pessoa física ou jurídica de direito privado. 
 
PRINCIPIOS E DIRETRIZES: 
➢ A Constituição Federal, nos seus artigos 196 a 200, 
estabelece os princípios, diretrizes e competências do 
Sistema Único de Saúde, mas não aborda 
especificamente o papel de cada esfera de governo no 
SUS. Um maior detalhamento da competência e das 
atribuições da direção do SUS em cada esfera – 
nacional, estadual e municipal –, é feito pela Lei 
Orgânica da Saúde - LOS (Lei 8080, de 19 de setembro 
de 1990). 
 
Os princípios e diretrizes do SUS foram estabelecidos 
na Lei Orgânica da Saúde n. 8.080 de 1990: 
1.Universalização do direito à saúde – É a garantia de 
que todos os cidadãos, sem privilégios ou barreiras, 
devem ter acesso aos serviços de saúde públicos e 
privados conveniados, em todos os níveis do sistema, 
garantido por uma rede de serviços hierarquizada e 
com tecnologia apropriada para cada nível. Todo 
cidadão é igual perante o SUS e será atendido 
conforme suas necessidades, até o limite que o Sistema 
pode oferecer para todos. 
2.Descentralização com direção única para o sistema 
– É a redistribuição das responsabilidades quanto às 
ações e serviços de saúde entre os vários níveis de 
governo (União, estados, municípios e Distrito 
Federal), partindo do pressuposto de que quanto mais 
perto o gestor estiver dos problemas de uma 
comunidade, mais chance terá de acertar na resolução 
dos mesmos. 
A descentralização tem como diretrizes: 
• a regionalização e a hierarquização dos serviços – 
rumo à municipalização; 
• a organização de um sistema de referência e 
contrarreferência; 
• a maior resolutividade, atendendo melhor aos 
problemas de sua área; 
• a maior transparência na gestão do sistema; 
• a entrada da participação popular e o controle social. 
 
3.Integralidade da atenção à saúde – É o 
reconhecimento, na prática, de que: 
• o usuário do sistema é um ser integral, participativo 
no processo saúde-doença e capaz de promover saúde; 
• as ações de promoção, proteção e recuperação da 
saúde formam também um sistema único e integral e 
por isso devem atender em todos os níveis de 
complexidade, referenciando o paciente aos serviços 
na medida em que for necessário o atendimento; 
• cada comunidade deve ser reconhecida dentro da 
realidade de saúde que apresenta, entendida em sua 
integralidade; 
• promover saúde significa dar ênfase à atenção básica, 
mas não prescinde de atenção aos demais níveis de 
assistência. 
 
4.Participação popular visando ao controle social – É 
a garantia constitucional de que a população, por meio 
de suas entidadesrepresentativas, pode participar do 
processo de formulação das políticas e de controle de 
sua execução. Assim: 
• garante o controle social sobre o sistema e a melhor 
adequação da execução à realidade referida; 
• permite uma compreensão mais abrangente do 
próprio usuário na concepção de saúde-doença; 
• fortalece a democratização do poder local, com o 
aumento da influência da população na definição de 
políticas sociais. 
 
➢ Papel da sociedade em relação ao SUS: Neste 
momento proponho conversar sobre a importância da 
participação social na construção e manutenção das 
políticas públicas. Certamente já ouviu falar que o SUS 
tem suas raízes históricas nas lutas sociais dos anos 70 
e 80 do século XX e surge como uma conquista 
envolvendo movimentos populares, trabalhadores da 
saúde, usuários, intelectuais, sindicalistas, militantes 
dos mais diversos movimentos sociais fundamentados 
no paradigma da saúde pública. Acredite, esta 
participação dos movimentos sociais comprometidos 
com a Saúde Pública extrapolou a gênese do SUS e 
seguramente constituem uma rede de apoio e controle 
necessária para a manutenção do SUS como política de 
Estado. 
➢ Princípios do SUS: 
• Universalização: a saúde é um direito de cidadania de 
todas as pessoas e cabe ao Estado assegurar este 
direito, sendo que o acesso às ações e serviços deve ser 
garantido a todas as pessoas, independentemente de 
sexo, raça, ocupação, ou outras características sociais 
ou pessoais. → Historicamente, quem tinha direito à 
saúde no Brasil eram apenas os trabalhadores 
segurados do INPS e depois do INAMPS. Com o SUS, 
isto mudou: a saúde passa a ser um direito de cidadania 
de todas as pessoas e cabe ao Estado assegurar este 
direito. Neste sentido, o acesso às ações e serviços 
deve ser garantido a todas as pessoas, 
independentemente de sexo, raça, renda, ocupação ou 
outras características sociais ou pessoais. O SUS foi 
implantado com a responsabilidade de tornar 
realidade este princípio. 
 
• Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir 
desigualdades. Apesar de todas as pessoas possuírem 
direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por 
isso, têm necessidades distintas. Em outras palavras, 
equidade significa tratar desigualmente os desiguais, 
investindo mais onde a carência é maior. 
 
• Integralidade: este princípio considera as pessoas 
como um todo, atendendo a todas as suas 
necessidades. Para isso, é importante a integração de 
ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de 
doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o 
princípio de integralidade pressupõe a articulação da 
saúde com outras políticas públicas, para assegurar 
uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas 
que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida 
dos indivíduos. → O princípio da integralidade significa 
considerar a pessoa como um todo, atendendo a todas 
as suas necessidades. Para isso, é importante a 
integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a 
prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. 
Ao mesmo tempo, o princípio da integralidade 
pressupõe a articulação da saúde com outras políticas 
públicas, como forma de assegurar uma atuação 
intersetorial entre as diferentes áreas que tenham 
repercussão na saúde e qualidade de vida dos 
indivíduos. 
 
 
ORGANIZAÇÃO: 
 
A forma de organização do SUS é simples, porém 
complexa, pois deve ter a mesma doutrina em todo o 
país. Podemos entendê-lo da seguinte maneira: um 
núcleo comum, que concentra os princípios 
doutrinários, e uma forma e operacionalização, os 
princípios organizativos que são descrito logo abaixo 
 
• Regionalização e Hierarquização: os serviços devem 
ser organizados em níveis crescentes de complexidade, 
circunscritos a uma determinada área geográfica, 
planejados a partir de critérios epidemiológicos, e com 
definição e conhecimento da população a ser atendida. 
A regionalização é um processo de articulação entre os 
serviços que já existem, visando o comando unificado 
dos mesmos. Já a hierarquização deve proceder à 
divisão de níveis de atenção e garantir formas de 
acesso a serviços que façam parte da complexidade 
requerida pelo caso, nos limites dos recursos 
disponíveis numa dada região. 
 
• Descentralização e Comando Único: descentralizar é 
redistribuir poder e responsabilidade entre os três 
níveis de governo. Com relação à saúde, 
descentralização objetiva prestar serviços com maior 
qualidade e garantir o controle e a fiscalização por 
parte dos cidadãos. No SUS, a responsabilidade pela 
saúde deve ser descentralizada até o município, ou 
seja, devem ser fornecidas ao município condições 
gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para 
exercer esta função. Para que valha o princípio da 
descentralização, existe a concepção constitucional do 
mando único, onde cada esfera de governo é 
autônoma e soberana nas suas decisões e atividades, 
respeitando os princípios gerais e a participação da 
sociedade. 
 
• Participação Popular: a sociedade deve participar no 
dia-a-dia do sistema. Para isto, devem ser criados os 
Conselhos e as Conferências de Saúde, que visam 
formular estratégias, controlar e avaliar a execução da 
política de saúde. → Os Conselhos de Saúde, que 
devem existir nos três níveis de governo, são órgãos 
deliberativos, de caráter permanente, compostos com 
a representatividade de toda a sociedade. Sua 
composição deve ser paritária, com metade de seus 
membros representando os usuários, e a outra 
metade, o conjunto composto por governo, 
trabalhadores da saúde e prestadores privados. Os 
conselhos devem ser criados por lei do respectivo 
âmbito de governo, em que serão definidas a 
composição do colegiado e outras normas de seu 
funcionamento. As Conferências de Saúde são fóruns 
com representação de vários segmentos sociais que se 
reúnem para propor diretrizes, avaliar a situação da 
saúde e ajudar na definição da política de saúde. 
Devem ser realizadas em todos os níveis de governo. 
 
• Resolubilidade: é a exigência de que, quando um 
indivíduo busca o atendimento ou quando surge um 
problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço 
correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e 
resolvê-lo até o nível da sua competência. 
• Participação dos cidadãos: é a garantia constitucional 
de que a população, através de suas entidades 
representativas, participará do processo de 
formulação das políticas de saúde e do controle da sua 
execução, em todos os níveis, desde o federal até o 
local. → Essa participação deve se dar nos Conselhos 
de Saúde, com representação paritária de usuários, 
governo, profissionais de saúde e prestadores de 
serviço. Outra forma de participação são as 
conferências de saúde, periódicas, para definir 
prioridades e linhas de ação sobre a saúde. 
Deve ser também considerado como elemento do 
processo participativo o dever das instituições 
oferecerem as informações e conhecimentos 
necessários para que a população se posicione sobre as 
questões que dizem respeito à sua saúde. 
 
• Complementariedade do setor privado: a 
Constituição definiu que, quando por insuficiência do 
setor público, for necessário a contratação de serviços 
privados, isso deve se dar sob três condições: 
1a – a celebração de contrato, conforme as normas de 
direito público, ou seja, interesse público prevalecendo 
sobre o particular; 
2a – a instituição privada deverá estar de acordo com 
os princípios básicos e normas técnicas do SUS. 
Prevalecem, assim, os princípios da universalidade, 
equidade etc., como se o serviço privado fosse público, 
uma vez que, quando contratado, atua em nome deste; 
3a – a integração dos serviços privados deverá se dar 
na mesma lógica organizativa do SUS, em termos de 
posição definida na rede regionalizada e hierarquizada 
dos serviços. Dessa forma, em cada região, deveráestar claramente estabelecido, considerando-se os 
serviços públicos e privados contratados, quem vai 
fazer o que, em que nível e em que lugar. 
 
OBJETIVO 2: Identificar o processo saúde-doença em uma 
perspectiva não apenas individual, mas coletiva, em um 
determinado território. 
➢ Existem diversas abordagens possíveis para se 
entender o conceito de saúde-doença, entre elas a 
soma de três planos: subindividual, individual e 
coletivo: 
• O plano subindividual seria o correspondente 
ao nível biológico e orgânico, fisiológico ou 
fisiopatológico. Nesse plano, o processo saúde-
adoecimento seria definido pelo equilíbrio 
dinâmico entre a normalidade – 
anormalidade/funcionalidade – disfunções. 
Assim, quando a balança pender para o lado da 
anormalidade/disfunção, podem ocorrer 
basicamente duas situações: a enfermidade e 
a doença. A enfermidade seria a condição 
percebida pela pessoa ou paciente, 
caracterizando-a como queda de ânimo, algum 
sintoma físico, ou mesmo dor. A doença seria a 
condição detectada pelo profissional de saúde, 
com quadro clínico definido e enquadrada 
como uma entidade ou classificação 
nosológica. 
• O plano individual entende que as disfunções 
e anormalidades ocorrem em indivíduos que 
são seres biológicos e sociais ao mesmo 
tempo. Portanto, as alterações no processo 
saúde-adoecimento resultam não apenas de 
aspectos biológicos, mas também das 
condições gerais da existência dos indivíduos, 
grupos e classes sociais, ou seja, teriam 
dimensões individuais e coletivas. Segundo 
essa concepção, a condição de saúde poderia 
variar entre um extremo de mais perfeito bem-
estar até o extremo da morte, com uma série 
de processos e eventos intermediários entre os 
dois. 
• O plano coletivo expande ainda mais o 
entendimento sobre o processo saúde-
adoecimento, que é encarado não como a 
simples soma das condições orgânicas e sociais 
de cada indivíduo isoladamente, senão a 
expressão de um processo social mais amplo, 
que resulta de uma complexa trama de fatores 
e relações, representados por determinantes 
do fenômeno nos vários níveis de análise: 
família, domicílio, microárea, bairro, 
município, região, país, continente etc. Nessa 
linha, fica mais fácil compreender a definição 
de Minayo sobre saúde: “fenômeno clínico e 
sociológico vivido culturalmente. 
 
➢ Na Antiguidade, quando das religiões politeístas, 
acreditava-se que a saúde era dádiva, e a doença, 
castigo dos deuses. Com o decorrer dos séculos e com 
o advento das religiões monoteístas, a dádiva da saúde 
e o castigo da doença passaram a ser de 
responsabilidade de um único Deus. No entanto, 400 
anos a.C., Hipócrates desenvolveu o tratado “Os ares e 
os lugares”, no qual relaciona os locais da moradia, a 
água para beber, os ventos com a saúde e a doença. 
Séculos mais tarde, as populações passaram a viver em 
comunidade, e a teoria miasmática tomou lugar. 
Consiste na crença de que a doença é transmitida pela 
inspiração de “gases” de animais e dejetos em 
decomposição. Tal teoria permanece até o século XIX, 
no entanto ao final do século XVIII, predominavam na 
Europa como forma de explicação para o adoecimento 
humano os paradigmas socioambientais, vinculados à 
concepção dinâmica, tendo se esboçado as primeiras 
evidências da determinação social do processo saúde-
doença. 
 
➢ Para uma compreensão mais abrangente do processo 
saúde-doença, no final da década de 1970 começou a 
ganhar força a concepção deste como um processo 
sistêmico que parte do conceito de sistema. O sistema, 
neste caso, é entendido como “um conjunto de 
elementos, de tal forma relacionados, que uma 
mudança no estado de qualquer elemento provoca 
mudança no estado dos demais elementos”. Segundo 
essa concepção, a estrutura geral de um problema de 
saúde é entendida como uma função sistêmica, na qual 
um sistema epidemiológico se constitui num equilíbrio 
dinâmico. Ou seja, cada vez que um dos seus 
componentes sofre alguma alteração, esta repercute e 
atinge as demais partes, num processo em que o 
sistema busca novo equilíbrio. 
 
 
 
➢ A busca por explicações causais do processo saúde-
doença resultou na configuração da História Natural 
das Doenças (HND), conhecido como modelo 
processual dos fenômenos patológicos. O modelo da 
HND visa ao acompanhamento do processo saúde-
doença em sua regularidade, compreendendo as inter-
relações do agente causador da doença, do hospedeiro 
da doença e do meio ambiente e o processo de 
desenvolvimento de uma doença. Esta forma de 
sistematização ajuda a compreender os diferentes 
métodos de prevenção e controle das doenças. O 
sistema de história natural das doenças apresenta uma 
dimensão basicamente qualitativa de todo o ciclo, 
dividindo em dois momentos sequenciais o 
desenvolvimento do processo saúde-doença: o pré-
patogênico e o patogênico. A sistematização sugerida 
no modelo da HND orientou a organização do cuidado 
por diferentes níveis de complexidade, em termos de 
recursos e ações. Ao considerar a possibilidade de 
evitar a morte, são trazidas com este modelo 
diferentes possibilidades de prevenção e promoção da 
saúde, como interromper a transmissão, evitar o caso 
e promover vida com qualidade. 
 
 
 
➢ Determinação do processo saúde-doença: Pelo que 
pudemos ver até aqui, o processo saúde-doença se 
configura como um processo dinâmico, complexo e 
multidimensional por englobar dimensões biológicas, 
psicológicas, socioculturais, econômicas, ambientais, 
políticas, enfim, pode-se identificar uma complexa 
interrelação quando se trata de saúde e doença de uma 
pessoa, de um grupo social ou de sociedades. O 
processo saúde-doença é um conceito central da 
proposta de epidemiologia social, que procura 
caracterizar a saúde e a doença como componentes 
integrados de modo dinâmico nas condições concretas 
de vida das pessoas e dos diversos grupos sociais; cada 
situação de saúde específica, individual ou coletiva, é o 
resultado, em dado momento, de um conjunto de 
determinantes históricos, sociais, econômicos, 
culturais e biológicos. E, por conta da saúde, da doença 
e do cuidado serem determinados socialmente, 
variando conforme os tempos, os lugares e as culturas; 
a organização das ações e serviços de saúde e das redes 
de apoio social precisam ser planejadas e geridas de 
acordo com as necessidades da população de um dado 
território. 
 
➢ Nessa trajetória, o conceito de saúde vem sofrendo 
mudanças, por ter sido definido como “estado de 
ausência de doenças”; foi redefinido em 1948, pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS), como “estado 
de completo bem-estar físico, mental e social”, 
passando de uma visão mecânica da saúde para uma 
visão abrangente e não estática do processo saúde-
doença. 
 
OBJETIVO 3: Reconhecer as funções da Vigilância Epidemiológica. 
➢ A Vigilância Epidemiológica é definida pela Lei n° 
8.080/90 como “um conjunto de ações que 
proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção 
de qualquer mudança nos fatores determinantes e 
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a 
finalidade de recomendar e adotar as medidas de 
prevenção e controle das doenças ou agravos”. 
O objetivo principal é fornecer orientação técnica 
permanente para os profissionais de saúde, que têm a 
responsabilidade de decidir sobre a execução de ações 
de controle de doenças e agravos, tornando 
disponíveis, para esse fim, informações atualizadas 
sobre a ocorrência dessas doenças e agravos, bem 
como dos fatores que a condicionam, numa área 
geográfica ou população definida. 
E ainda, constitui-se importante instrumento para o 
planejamento, a organização e a operacionalização dos 
serviços de saúde, como também para a normatização 
de atividades técnicas afins. 
➢ A Vigilância Epidemiológica tem por finalidade 
promover a detecção e prevenção de doenças e 
agravos transmissíveis à saúdee seus fatores de risco, 
bem como a elaboração de estudos e normas para as 
ações de vigilância epidemiológica, competindo-lhe: 
• Coordenar a resposta estadual às doenças e 
agravos transmissíveis de notificação 
compulsória, além dos riscos existentes ou 
potenciais, com ênfase no planejamento, 
monitoramento, avaliação, produção e 
divulgação de conhecimento/informação para 
a prevenção e controle das condições de saúde 
da população, no âmbito da saúde coletiva, 
baseados nos princípios e diretrizes do SUS; 
• Gerir e apoiar a operacionalização do 
Programa de Imunizações no Estado; 
contribuindo para o controle, eliminação e/ou 
erradicação de doenças imunopreveníveis, 
utilizando estratégias básicas de vacinação de 
rotina e de campanhas anuais, desenvolvidas 
de forma hierarquizada e descentralizada; 
• Planejar, acompanhar e normatizar técnicas 
das ações de imunização no Estado; 
• Instituir, desenvolver, implementar, capacitar, 
coordenar e avaliar ações de vigilância 
epidemiológica e assistenciais, relativas às 
infecções sexualmente transmissíveis (IST), 
HIV/Aids e Hepatites Virais no Estado; 
• Participar de ações de cooperação técnica intra 
e interinstitucional para a vigilância, prevenção 
e controle das doenças e agravos 
transmissíveis, infecções sexualmente 
transmissíveis, HIV/Aids e Hepatites Virais e 
ações de Imunização no Estado; 
• Elaborar e divulgar informes epidemiológicos e 
notas técnicas relacionadas às doenças 
transmissíveis, infecções sexualmente 
transmissíveis, HIV/Aids, Hepatites Virais e 
ações de Imunização no Estado. 
 
➢ A Vigilância Epidemiológica de Americana é o setor em 
que estão disponíveis todas as informações 
indispensáveis para conhecer o comportamento ou 
história natural das doenças bem como detectar ou 
prever alterações de seus fatores para recomendar as 
medidas indicadas e eficientes que levem a 
preservação e ao controle de determinadas doenças. 
É responsável por acompanhar o comportamento das 
doenças na sociedade, reunindo informações com 
objetivo de conhecer, detectar ou prever qualquer 
mudança que possa ocorrer bem como identificar a 
gravidade de novas doenças à saúde da população. De 
posse dessas informações propõem medidas de 
intervenção para reprimir ou amenizar os danos à 
população, elaborar ações e estratégias em saúde. 
Além disso, é um instrumento importante para o 
planejamento, a organização e a operacionalização dos 
serviços de saúde, como também para a normalização 
de atividades técnicas. Sua operacionalização 
compreende um conjunto de funções específicas e 
complementares que devem ser, necessariamente, 
desenvolvidas de modo contínuo, permitindo 
conhecer, a cada momento, o comportamento 
epidemiológico da doença ou agravo em questão. 
Deste modo, estarão sendo implementadas ações de 
intervenção pertinentes e eficazes. 
 
➢ PROPÓSITOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: 
Fornecer orientação técnica permanente para os que 
têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de 
ações de controle de doenças e agravos. Sua 
operacionalização compreende um ciclo completo de 
funções específicas e inter-complementares, que 
devem ser desenvolvidas de modo contínuo, 
permitindo conhecer, a cada momento, o 
comportamento epidemiológico da doença ou agravo 
escolhido como alvo das ações, para que as 
intervenções pertinentes possam ser desencadeadas 
com oportunidade e efetividade. 
Coleta e processamento de dados; análise e 
interpretação dos dados processados; investigação 
epidemiológica de casos e surtos; recomendação e 
promoção das medidas de controle apropriadas; 
avaliação da eficácia e efetividade das medidas 
adotadas; divulgação de informações sobre as 
investigações, medidas de controle adotadas, impacto 
obtido, formas de prevenção de doenças, dentre 
outras. É importante salientar que todos os 
profissionais de saúde (da rede pública, privada e 
conveniada), bem como os diversos níveis do sistema 
(municipal, estadual, federal), têm atribuições de 
Vigilância Epidemiológica. De pendendo da inserção 
profissional e da capacidade executiva, técnica e 
gerencial de cada área, essas funções vão da simples 
notificação de casos suspeitos ou confirmados das 
doenças que compõem o sistema de vigilância até a 
investigação epidemiológica (casos ou surtos), adoção 
de medidas de controle, coleta, análise e interpretação 
de dados, dentre outras. 
 
OBJETIVO 4: Explorar as necessidades coletivas de saúde em 
populações. 
➢ As necessidades em saúde não são apenas 
necessidades médicas, nem problemas de saúde como 
doenças, sofrimentos ou riscos, mas dizem respeito 
também a carências ou vulnerabilidades que 
expressam modos de vida e identidades. 
➢ A organização de um sistema de saúde baseado na 
dialética da satisfação das necessidades expressa o 
ponto de vista de proteção universal da saúde, sob o 
pressuposto do bem-estar social. 
 
 
Necessidade pode ser definida como um 
desejo consciente, aspiração, intenção 
dirigida a todo o momento para certo 
objeto e que motiva a ação como tal. O 
objeto em questão é um produto social, 
independentemente do fato de que se 
trate de mercadorias, de um modo de vida 
ou de outro homem. 
 
 
Podem ser distintos dois tipos de necessidades: as 
naturais, relativas à conservação e à perpetuação da 
vida, e as necessárias, radicais ou propriamente 
humanas; ambas socialmente determinadas. As 
primeiras incluem alimentação, abrigo, sexual, de 
contato social e cooperação, relativos à auto-
conservação e à preservação da espécie. No entanto, 
não podem ser consideradas naturais porque são 
produzidas em contextos sociais, assim como o seu 
volume e a maneira de satisfazê-las. As necessidades 
necessárias incluem a liberdade, a autonomia, a auto-
realização, a autodeterminação, a atividade moral, a 
reflexão, entre outras. Assim, nem toda necessidade é 
carecimento, pois, em se tratando das necessidades 
necessárias, seu contínuo aperfeiçoamento nos 
humaniza progressivamente. 
 
No que tange às necessidades em saúde, elas também 
são social e historicamente determinadas e se situam 
entre natureza e cultura, ou seja, não dizem respeito 
somente à conservação da vida, mas à realização de um 
projeto em que o indivíduo, ponte entre o particular e 
o genérico, progressivamente se humaniza. As 
necessidades em saúde não são apenas necessidades 
médicas, nem problemas de saúde como doenças, 
sofrimentos ou riscos, mas dizem respeito também a 
carências ou vulnerabilidades que expressam modos 
de vida e identidades, expressos no que é necessário 
para se ter saúde e que envolve condições necessárias 
para o gozo da vida. A complexidade desses objetos da 
prática em Saúde Coletiva exige a instrumentalização 
do profissional de saúde para que respondam 
adequadamente ao seu caráter coletivo. 
 
• As necessidades em saúde podem funcionar como 
analisadoras das práticas em saúde, considerando que 
seus reconhecimento e enfrentamento estão 
vinculados aos princípios do Sistema Único de Saúde 
(SUS), o que implica, por parte das equipes de saúde, 
em esforço de tradução e atendimento às 
necessidades trazidas pela população. Acredita-se que 
os serviços de saúde, quando se organizam com foco 
nas necessidades da população, podem ou tendem a 
serem mais eficientes, no sentido de apresentar maior 
capacidade de escutar e atender as necessidades em 
saúde. 
O artigo “Problemas, Necessidades e Situação de 
Saúde: uma revisão de abordagens para a reflexão e 
ação da equipe de saúde da família” de José Paulo 
Vicente da Silva, Carlos Batistella e Mauro de Lima 
Gomes; apresentam quatro Necessidades de Saúde 
para a Reflexão e Ação das Equipes de Saúde da 
Família, são elas: necessidade de boas condições de 
vida, necessidade de acesso a todas as tecnologias de 
atenção à saúde que melhorem e prolonguem a vida, 
necessidadede criação de vínculo com um profissional 
ou com uma equipe de saúde e necessidade de 
autonomia e autocuidado na construção do ‘modo de 
andar a vida’ 
 
• Necessidade de boas condições de vida: Aqui, boas 
condições de vida podem ser entendidas em dois 
sentidos: um mais funcionalista, que enfatiza os fatores 
do ‘ambiente’, ‘externos’, que determinam o processo 
saúde-doença, tal como na história natural da doença; 
o outro nas formulações de autores de extração 
marxista que enfatizam os diferentes lugares ocupados 
por homens e mulheres no processo produtivo nas 
sociedades capitalistas como as explicações mais 
importantes para adoecer e morrer. Subjacente a esta 
perspectiva está o entendimento de que desigualdades 
sociais entre as pessoas não são dadas ‘naturalmente’, 
mas sim criadas historicamente e pelo modo de 
produção e organização da sociedade. 
 
• Necessidade de acesso a todas as tecnologias de 
atenção à saúde que melhorem e prolonguem a vida: 
A garantia de acesso e consumo de toda tecnologia 
capaz de melhorar e prolongar a vida está relacionada 
à visão de que, dependendo do momento em que vive 
o usuário, a tecnologia de saúde de que necessita pode 
estar em uma unidade básica de saúde ou em algum 
serviço produtor de procedimentos mais sofisticados, 
ou até mesmo poderá depender de uma cooperação 
com outros setores da política governamental 
(educação, saneamento etc.). Ou seja, em um dado 
momento de sua vida, um determinado usuário poderá 
estar precisando de uma consulta médica; em um 
outro momento, vai estar precisando de uma 
informação ou de uma orientação; em outro, vai estar 
precisando de uma internação ou de uma tomografia. 
No sentido de garantir o acesso a todas as tecnologias 
para melhorar e prolongar a vida, a equipe de saúde 
deverá recorrer tanto a ações de caráter mais coletivo 
– como as ações programáticas, que utilizam o saber 
epidemiológico para a realização de diagnósticos 
coletivos – quanto ao atendimento à demanda 
espontânea, que traz embutida a concepção de 
necessidades individuais. 
 
• Necessidade de criação de vínculo com um 
profissional ou com uma equipe de saúde: A produção 
de vínculo entre profissional/equipe de saúde e 
usuário está relacionada tanto à busca por um maior 
percentual de curas quanto à noção que valoriza a 
construção de espaços propícios à construção de 
sujeitos (profissionais e usuários) autônomos. Nesse 
sentido, o Ministério da Saúde vislumbra as estratégias 
de saúde da família e ACS como meios possíveis de 
reorganização da atenção básica em saúde, 
enfatizando a ideia de criação de vínculos e de 
responsabilização da equipe por grupos populacionais 
bem definidos. 
 
• Necessidade de autonomia e autocuidado na 
construção do ‘modo de andar a vida’: curar alguém é 
sempre lutar pela ampliação do ‘coeficiente de 
autonomia’ de uma certa pessoa e que objetivo de 
todo trabalho terapêutico é ampliar a capacidade de 
autonomia do paciente [para] melhorar o seu 
entendimento do próprio corpo, da sua doença, das 
suas relações com o meio social e, em consequência, 
da capacidade de cada um instituir normas que 
ampliem as possibilidades de sobrevivência e a 
qualidade de vida. A luta pela autonomia, que inclui a 
questão do autocuidado, constitui-se, então, como a 
forma mais contundente de combate à medicalização 
da sociedade. 
 
➢ As necessidades em saúde da população tem sido 
objeto de estudo, debate e políticas de saúde, por isso, 
diversos autores têm desenvolvido pesquisas para 
responder à questão do atendimento das 
necessidades. Agnes Heller, filósofa sobrevivente do 
holocausto, definiu necessidade como um “desejo 
consciente, aspiração, intenção dirigida a todo o 
momento para certo objeto e que motiva a ação como 
tal. O objeto em questão é um produto social, 
independentemente do fato de que se trate de 
mercadorias, de um modo de vida ou de outro 
homem”. Para a autora, as necessidades de saúde são 
distinguidas como naturais, necessárias e alienadas. As 
primeiras referem-se à conservação e perpetuação da 
vida, incluindo necessidades de alimentação, abrigo, 
de contato social, sexual e de cooperação. Já as 
necessidades necessárias envolvem a liberdade, a 
autorrealização, a autonomia, a autodeterminação, a 
atividade moral e a reflexão. As necessidades alienadas 
são próprias do capitalismo e estão relacionadas a 
dinheiro, poder e posse de objetos. 
 
OBJETIVO 5: Refletir sobre o papel, estrutura da organização das 
Vigilâncias em Saúde. 
➢ A Vigilância em Saúde é responsável por ações de 
vigilância, prevenção e controle de doenças 
transmissíveis, pela vigilância de fatores de risco para o 
desenvolvimento de doenças crônicas não 
transmissíveis, saúde ambiental e do trabalhador e 
também pela análise de situação de saúde da 
população brasileira. 
 
➢ A Vigilância em Saúde constitui-se de ações de 
promoção da saúde da população, vigilância, proteção, 
prevenção e controle das doenças e agravos à saúde, 
abrangendo: 
 I - vigilância epidemiológica: vigilância e controle das 
doenças transmissíveis, não transmissíveis e agravos, 
como um conjunto de ações que proporcionam o 
conhecimento, detecção ou prevenção de qualquer 
mudança nos fatores determinantes e condicionantes 
da saúde individual e coletiva, com a finalidade de 
recomendar e adotar as medidas de prevenção e 
controle das doenças e agravos; 
II - promoção da saúde: conjunto de intervenções 
individuais, coletivas e ambientais responsáveis pela 
atuação sobre os determinantes sociais da saúde; 
III - vigilância da situação de saúde: desenvolve ações 
de monitoramento contínuo do País, Estado, Região, 
Município ou áreas de abrangência de equipes de 
atenção à saúde, por estudos e análises que 
identifiquem e expliquem problemas de saúde e o 
comportamento dos principais indicadores de saúde, 
contribuindo para um planejamento de saúde mais 
abrangente; 
IV - vigilância em saúde ambiental: conjunto de ações 
que propiciam o conhecimento e a detecção de 
mudanças nos fatores determinantes e condicionantes 
do meio ambiente que interferem na saúde humana, 
com a finalidade de identificar as medidas de 
prevenção e controle dos fatores de risco ambientais 
relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde; 
V - vigilância da saúde do trabalhador: visa à promoção 
da saúde e à redução da morbimortalidade da 
população trabalhadora, por meio da integração de 
ações que intervenham nos agravos e seus 
determinantes decorrentes dos modelos de 
desenvolvimento e processos produtivos; 
VI - vigilância sanitária: conjunto de ações capazes de 
eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de 
intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio 
ambiente, da produção e circulação de bens e da 
prestação de serviços do interesse da saúde, 
abrangendo o controle de bens de consumo, que direta 
ou indiretamente se relacionem com a saúde, 
compreendidas todas as etapas e processos, da 
produção ao consumo, e o controle da prestação de 
serviços que se relacionam direta ou indiretamente 
com a saúde. 
➢ A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), 
representada por cinco departamentos, é responsável, 
em âmbito nacional, por todas as ações de vigilância, 
prevenção e controle de doenças transmissíveis, pela 
vigilância de fatores de risco para o desenvolvimento 
de doenças crônicas não transmissíveis, saúde 
ambiental e do trabalhador e também pela análise de 
situação de saúde da população brasileira. 
• Departamento de Imunização e Doenças 
Transmissíveis (DEIDT) → compete propor 
normas relativas a ações de prevenção e 
controle de doenças transmissíveis, 
notificação de doenças transmissíveis, 
investigação epidemiológica e vigilância 
epidemiológica nos portos, nos aeroportos, 
nas fronteiras e nos terminais alfandegários. 
Além de estabelecer medidas de prevenção econtrole dos fatores de riscos e das doenças ou 
dos agravos à saúde pertinentes à sua área de 
atuação, coordenar e executar as ações de 
epidemiologia e controle de doenças e agravos 
inusitados à saúde, de forma complementar ou 
suplementar em caráter excepcional; dentre 
outras 
• Departamento de Análise em Saúde e 
Vigilância de Doenças não Transmissíveis 
(DASNT) → compete fomentar programas e 
ações nas áreas de promoção da saúde, de 
prevenção de fatores de risco e de redução de 
danos decorrentes das doenças e dos agravos 
não transmissíveis; coordenar, gerenciar e 
normatizar o Sistema de Vigilância de Fatores 
de Risco e Proteção para Doenças e Agravos 
Não Transmissíveis; dentre outras 
• Departamento de Articulação Estratégica de 
Vigilância em Saúde (DAEVS) → coordenar a 
elaboração e o acompanhamento das ações de 
vigilância em saúde; planejar, coordenar e 
avaliar o processo de acompanhamento e a 
supervisão das ações de vigilância em saúde; 
dentre outras 
• Departamento de Doenças de Condições 
Crônicas e Infecções Sexualmente 
Transmissíveis (DCCI) → propor a formulação e 
a implementação de políticas, diretrizes e 
projetos estratégicos 
• Departamento de Saúde Ambiental, do 
Trabalhador e Vigilância das Emergências em 
Saúde Pública (DSASTE) → gerir o Subsistema 
Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental, 
incluído o ambiente de trabalho; coordenar a 
implementação da política e o 
acompanhamento das ações de vigilância em 
saúde ambiental e saúde do trabalhador; 
dentre outras 
OBJETIVO 6: Diferenciar surtos, epidemias, endemias, pandemias 
e sindemias. 
Surto: Acontece quando há o aumento repentino do 
número de casos de uma doença em uma região 
específica. Para ser considerado surto, o aumento de 
casos deve ser maior do que o esperado pelas 
autoridades. Em algumas cidades (como Itajaí-SC), a 
dengue é tratada como surto (e não como epidemia), 
pois acontece em regiões específicas (um bairro, por 
exemplo). 
 
Endemia: É qualquer doença localizada em um espaço 
limitado denominado “faixa endêmica”. Significa que 
endemia é uma doença que se manifesta apenas numa 
determinada região, de causa local, não atingindo nem 
se espalhando para outras comunidades. Enquanto a 
epidemia se espalha por outras localidades, a endemia 
tem duração continua, porém, restrito a uma 
determinada área. No Brasil, existem áreas endêmicas. 
A título de exemplo, pode ser citada a febre amarela 
comum Amazônia. No período de infestação da 
doença, as pessoas que viajam para tal região precisam 
ser vacinadas. A dengue é outro exemplo de endemia, 
pois são registrados focos da doença em um espaço 
limitado, ou seja, ela não se espalha por toda uma 
região, ocorre apenas onde há incidência do mosquito 
transmissor da doença. 
 
Epidemia: É uma doença infecciosa e transmissível que 
ocorre numa comunidade ou região e pode se espalhar 
rapidamente entre as pessoas de outras regiões, 
originando um surto epidêmico. Isso poderá ocorrer 
por causa de um grande desequilíbrio (mutação) do 
agente transmissor da doença ou pelo surgimento de 
um novo agente (desconhecido). A gripe aviária, por 
exemplo, é uma doença “nova” que se iniciou como 
surto epidêmico. Assim, a ocorrência de um único caso 
de uma doença transmissível (ex.: poliomielite) ou o 
primeiro caso de uma doença até então desconhecida 
na área (ex.: gripe do frango) requerem medidas de 
avaliação e uma investigação completa, pois, 
representam um perigo de originarem uma epidemia. 
Com o tempo e um ambiente estável a ocorrência de 
doença passa de epidêmica para endêmica e depois 
para esporádica. 
 
Pandemia: A pandemia é uma epidemia que atinge 
grandes proporções, podendo se espalhar por um ou 
mais continentes ou por todo o mundo, causando 
inúmeras mortes ou destruindo cidades e regiões 
inteiras. Para entender melhor: quando uma doença 
existe apenas em uma determinada região é 
considerada uma endemia (ou proporções pequenas 
da doença que não sobrevive em outras localidades). 
Quando a doença é transmitida para outras 
populações, infesta mais de uma cidade ou região, 
denominamos epidemia. Porém, quando uma 
epidemia se alastra de forma desequilibrada se 
espalhando pelos continentes, ou pelo mundo, ela é 
considerada pandemia. De acordo com a Organização 
Mundial da Saúde, a pandemia pode se iniciar com o 
aparecimento de uma nova doença à população, 
quando o agente infecta os humanos, causando 
doença séria ou quando o agente esparrama 
facilmente e sustentavelmente entre humanos. Os 
critérios de definição de uma pandemia são os 
seguintes: a doença ou condição além de se espalhar 
ou matar um grande número de pessoas, deve ser 
infecciosa. Para saber mais: o câncer (responsável por 
inúmeras mortes) não é considerado uma pandemia 
porque não uma é doença contagiosa, ou seja, não é 
transmissível. Exemplos de Pandemias: AIDS, 
tuberculose, peste, gripe asiática, gripe espanhola, tifo 
etc. 
 
Sindemia: é caracterizada pela interação mutuamente 
agravantes entre problemas de saúde em populações 
em seu contexto social e econômico. 
 
OBJETIVO 7: Reconhecer o fluxo e os sistemas de notificação de 
doenças. 
➢ A ocorrência de casos novos de uma doença 
(transmissível ou não) ou agravo (inusitado ou não), 
passível de prevenção e controle pelos serviços de 
saúde, indica que a população está sob risco e pode 
representar ameaças à saúde e precisam ser 
detectadas e controladas ainda em seus estágios 
iniciais. 
A notificação compulsória consiste na comunicação da 
ocorrência de casos individuais, agregados de casos ou 
surtos, suspeitos ou confirmados, da lista de agravos 
relacionados na Portaria, que deve ser feita às 
autoridades sanitárias por profissionais de saúde ou 
qualquer cidadão, visando à adoção das medidas de 
controle pertinentes. Além disso, alguns eventos 
ambientais e doenças ou morte de determinados 
animais também se tornaram de notificação 
obrigatória. É obrigatória a notificação de doenças, 
agravos e eventos de saúde pública constantes nas 
Portaria nº 204 e Portaria 205, de fevereiro de 2016, do 
Ministério da Saúde. 
As doenças, agravos e eventos constantes do Anexo II 
a esta Portaria, devem ser notificados a Secretaria 
Municipais de Saúde em no máximo, 24(vinte e quatro) 
horas. 
As notificações podem ser feitas a Vigilância 
Epidemiológica dos Distritos Sanitários em horário 
comercial durante a semana e nos finais de semana e 
feriados e a partir de 18 horas ao Plantão da 
Epidemiologia. 
➢ Notificação compulsória é um registro que obriga e 
universaliza as notificações, visando o rápido controle 
de eventos que requerem pronta intervenção. Para a 
construir o Sistema de Doenças de Notificação 
Compulsória (SDNC), cria-se uma Lista de Doenças de 
Notificação Compulsória (LDNC), cujas doenças são 
selecionadas através de determinados critérios como: 
magnitude, potencial de disseminação, 
transcendência, vulnerabilidade, disponibilidade de 
medidas de controle, compromisso internacional com 
programas de erradicação etc. Devido as alterações no 
perfil epidemiológico, a implementação de outras 
técnicas para o monitoramento de doenças, o 
conhecimento de novas doenças ou a reemergência de 
outras, tem a necessidade de constantes revisões 
periódicas na LDNC no sentido de mantê-la atualizada. 
A notificação compulsória é obrigatória para os 
médicos, outros profissionais de saúde ou responsáveis 
pelos serviços públicos e privados de saúde, que 
prestam assistência ao paciente. 
 
➢ O Sistema de Informação de Agravos de Notificação - 
Sinan é alimentado, principalmente, pela notificação e 
investigação de casos de doenças e agravos que 
constam da lista nacional de doenças de notificação 
compulsória (Portaria de Consolidação nº 4, de 28 de 
Setembro de 2017, anexo V - Capítulo I), mas é 
facultado a estados e municípios incluiroutros 
problemas de saúde importantes em sua região.. 
Sua utilização efetiva permite a realização do 
diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na 
população; podendo fornecer subsídios para 
explicações causais dos agravos de notificação 
compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as 
pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a 
identificação da realidade epidemiológica de 
determinada área geográfica. 
O seu uso sistemático, de forma descentralizada, 
contribui para a democratização da informação, 
permitindo que todos os profissionais de saúde 
tenham acesso à informação e as tornem disponíveis 
para a comunidade. É, portanto, um instrumento 
relevante para auxiliar o planejamento da saúde, 
definir prioridades de intervenção, além de permitir 
que seja avaliado o impacto das intervenções. 
A utilização da base de dados do Sinan e o cálculo de 
indicadores pelas equipes estaduais, regionais e 
municipais, é atividade imprescindível para que os 
dados possam efetivamente subsidiar análises 
epidemiológicas e a tomada de decisão. 
Esta avaliação poderá ser feita pelo acompanhamento 
da oportunidade do encerramento das investigações, 
da completitude do preenchimento das fichas de 
investigação, dos indicadores epidemiológicos 
definidos pelas áreas técnicas do Ministério da Saúde, 
da regularidade do envio de lotes do Sinan das 
Secretarias Estaduais de Saúde para o Ministério da 
Saúde e da disponibilização da base do Sinan por meio 
do TABNET. 
➢ Funcionamento - O Sinan pode ser operacionalizado no 
nível administrativo mais periférico, ou seja, nas 
unidades de saúde, seguindo a orientação de 
descentralização do SUS. Caso o município não 
disponha de computadores em suas unidades, o Sinan 
pode ser acessado nas secretarias municipais, regionais 
de Saúde e/ou Secretaria Estadual de Saúde. 
 
➢ A Ficha Individual de Notificação (FIN) é preenchida 
pelas unidades assistenciais para cada paciente 
quando da suspeita da ocorrência de problema de 
saúde de notificação compulsória ou de interesse 
nacional, estadual ou municipal. Este instrumento deve 
ser encaminhado aos serviços responsáveis pela 
informação e/ou vigilância epidemiológica das 
Secretarias Municipais, que devem repassar 
semanalmente os arquivos em meio magnético para as 
Secretarias Estaduais de Saúde (SES). A comunicação 
das SES com a SVS deverá ocorrer quinzenalmente, de 
acordo com o cronograma definido pela SVS no início 
de cada ano. 
Caso não ocorra nenhuma suspeita de doença, as 
unidades precisam preencher o formulário de 
notificação negativa, que tem os mesmos prazos de 
entrega. Esta é uma estratégia criada para demonstrar 
que os profissionais e o sistema de vigilância da área 
estão alerta para a ocorrência de tais eventos e evitar 
a subnotificação. Caso os municípios não alimentem o 
banco de dados do Sinan, por dois meses consecutivos, 
são suspensos os recursos do Piso de Assistência Básica 
- PAB, conforme Portaria N.º 1882/GM de 16/12/1997. 
➢ Além da Ficha Individual de Notificação (FIN), e da 
Notificação Negativa, o Sistema ainda disponibiliza a 
Ficha Individual de Investigação (FII), que é um roteiro 
de investigação, que possibilita a identificação da fonte 
de infecção e os mecanismos de transmissão da 
doença. Ainda constam a Planilha e o Boletim de 
acompanhamento de surtos e os Boletins de 
acompanhamento de Hanseníase e Tuberculose. 
 
➢ CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS 
Art. 1o Esta Portaria define a Lista Nacional de 
Notificação Compulsória de doenças, agravos e 
eventos de saúde pública nos serviços de saúde 
públicos e privados em todo o território nacional, nos 
termos do anexo. 
Art. 2o Para fins de notificação compulsória de 
importância nacional, serão considerados os seguintes 
conceitos: 
I - agravo: qualquer dano à integridade física ou mental 
do indivíduo, provocado por circunstâncias nocivas, 
tais como acidentes, intoxicações por substâncias 
químicas, abuso de drogas ou lesões decorrentes de 
violências interpessoais, como agressões e maus 
tratos, e lesão autoprovocada; 
II - autoridades de saúde: o Ministério da Saúde e as 
Secretarias de Saúde dos Estados, Distrito Federal e 
Municípios, responsáveis pela 
vigilância em saúde em cada esfera de gestão do 
Sistema Único de Saúde (SUS); 
III - doença: enfermidade ou estado clínico, 
independente de origem ou fonte, que represente ou 
possa representar um dano significativo para 
os seres humanos; 
IV - epizootia: doença ou morte de animal ou de grupo 
de animais que possa apresentar riscos à saúde 
pública; 
V - evento de saúde pública (ESP): situação que pode 
constituir potencial ameaça à saúde pública, como a 
ocorrência de surto ou epidemia, 
doença ou agravo de causa desconhecida, alteração no 
padrão clínicoepidemiológico das doenças conhecidas, 
considerando o potencial de 
disseminação, a magnitude, a gravidade, a severidade, 
a transcendência e a vulnerabilidade, bem como 
epizootias ou agravos decorrentes de 
desastres ou acidentes; 
VI - notificação compulsória: comunicação obrigatória 
à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, 
profissionais de saúde ou responsáveis 
pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou 
privados, sobre a ocorrência de suspeita ou 
confirmação de doença, agravo ou evento de saúde 
pública, descritos no anexo, podendo ser imediata ou 
semanal; 
VII - notificação compulsória imediata (NCI): 
notificação compulsória realizada em até 24 (vinte e 
quatro) horas, a partir do conhecimento da 
ocorrência de doença, agravo ou evento de saúde 
pública, pelo meio de comunicação mais rápido 
disponível; 
VIII - notificação compulsória semanal (NCS): 
notificação compulsória realizada em até 7 (sete) dias, 
a partir do conhecimento da ocorrência de 
doença ou agravo; 
IX - notificação compulsória negativa: comunicação 
semanal realizada pelo responsável pelo 
estabelecimento de saúde à autoridade de saúde, 
informando que na semana epidemiológica não foi 
identificado nenhuma doença, agravo ou evento de 
saúde pública constante da Lista de 
Notificação Compulsória; e 
X - vigilância sentinela: modelo de vigilância realizada a 
partir de estabelecimento de saúde estratégico para a 
vigilância de morbidade, 
mortalidade ou agentes etiológicos de interesse para a 
saúde pública, com participação facultativa, segundo 
norma técnica específica 
estabelecida pela Secretaria de Vigilância em Saúde 
(SVS/MS). 
 
➢ CAPÍTULO II - DA NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA 
Art. 3o A notificação compulsória é obrigatória para os 
médicos, outros profissionais de saúde ou responsáveis 
pelos serviços públicos e 
privados de saúde, que prestam assistência ao 
paciente, em conformidade com o art. 8o da Lei no 
6.259, de 30 de outubro de 1975. 
§ 1o A notificação compulsória será realizada diante da 
suspeita ou confirmação de doença ou agravo, de 
acordo com o estabelecido no anexo, 
observando-se, também, as normas técnicas 
estabelecidas pela SVS/MS. 
§ 2o A comunicação de doença, agravo ou evento de 
saúde pública de notificação compulsória à autoridade 
de saúde competente também 
será realizada pelos responsáveis por 
estabelecimentos públicos ou privados educacionais, 
de cuidado coletivo, além de serviços de 
hemoterapia, unidades laboratoriais e instituições de 
pesquisa. 
§ 3o A comunicação de doença, agravo ou evento de 
saúde pública de notificação compulsória pode ser 
realizada à autoridade de saúde por 
qualquer cidadão que deles tenha conhecimento. 
Art. 4o A notificação compulsória imediata deve ser 
realizada pelo profissional de saúde ou responsável 
pelo serviço assistencial que prestar o 
primeiro atendimento ao paciente, em até 24 (vinte e 
quatro) horas desse atendimento, pelo meio mais 
rápido disponível. 
Parágrafo único. A autoridade de saúde que receber a 
notificação compulsória imediata deverá informá-la,em até 24 (vinte e quatro) horas 
desse recebimento, às demais esferas de gestão do 
SUS, o conhecimento de qualquer uma das doenças ou 
agravos constantes no anexo. 
Art. 5o A notificação compulsória semanal será feita à 
Secretaria de Saúde do Município do local de 
atendimento do paciente com suspeita ou 
confirmação de doença ou agravo de notificação 
compulsória. 
Parágrafo único. No Distrito Federal, a notificação será 
feita à Secretaria de Saúde do Distrito Federal. 
Art. 6o A notificação compulsória, independente da 
forma como realizada, também será registrada em 
sistema de informação em saúde e 
seguirá o fluxo de compartilhamento entre as esferas 
de gestão do SUS estabelecido pela SVS/MS. 
 
 
 
 
A Figura 1 traz o fluxo de informação definido pelo 
Ministério da Saúde. Após o preenchimento dos 
referidos formulários, as fontes notificadoras deverão 
encaminhá-los para o primeiro nível informatizado. A 
partir daí, os dados serão enviados para os níveis 
hierárquicos superiores por meio magnético (arquivos 
de transferência gerados pelo Sistema). 
 
 
OBJETIVO 8: Discutir sobre métodos de investigação 
epidemiológica. 
➢ Investigação epidemiológica é um trabalho de campo, 
realizado a partir de casos notificados (clinicamente 
declarados ou suspeitos) e seus contatos, que tem por 
principais objetivos: identificar a fonte de infecção e o 
modo de transmissão; os grupos expostos a maior risco 
e os fatores de risco; bem como confirmar o 
diagnóstico e determinar as principais características 
epidemiológicas. O seu propósito final é orientar 
medidas de controle para impedir a ocorrência de 
novos casos. 
 
➢ A Investigação Epidemiológica tem como objetivo 
identificar a fonte de infecção e o modo de 
transmissão; os grupos expostos a maior risco e os 
fatores de risco; bem como confirmar o diagnóstico e 
determinar as principais características 
epidemiológicas. O seu propósito final é orientar 
medidas de controle para impedir a ocorrência de 
novos casos. 
Como ocorre? Primeiramente, é preciso identificar os 
novos casos de uma doença e identificar a população 
em risco e os fatores que desenvolvem a doença. 
Posteriormente, depois de detectado os fatores de 
risco é preciso identificar um padrão para controlar 
esses fatores - caso seja feito um controle inadequado, 
consequentemente, ocorre falhas na assistência à 
saúde e/ou medidas de proteção. 
A gravidade do evento representa um fator que 
condiciona a urgência no curso da investigação 
epidemiológica e na implementação de medidas de 
controle. Em determinadas situações, especialmente 
quando a fonte e o modo de transmissão já são 
evidentes, as ações de controle devem ser instituídas 
durante ou ate mesmo antes da investigação. 
Pode-se dizer, de modo sintético, que uma 
investigação epidemiológica de campo consiste na 
repetição das etapas até que os objetivos sejam 
alcançados: 
• consolidação e análise de informações já 
disponíveis; 
• conclusões preliminares a partir dessas 
informações; 
• apresentação das conclusões preliminares e 
formulação de hipóteses; 
• definição e coleta das informações necessárias 
para testar as hipóteses; 
• reformulação das hipóteses preliminares, caso 
não sejam confirmadas, e comprovação da nova 
conjectura, caso necessária; 
• definição e adoção de medidas de prevenção e 
controle, durante todo o processo. 
 
De modo geral, quando da suspeita de doença 
transmissível de notificação compulsória, o profissional 
da vigilância epidemiológica deve buscar responder 
várias questões essenciais para o controle da doença. 
Dentre elas, destacam-se: 
 
 
➢ INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA: É um método de 
trabalho frequentemente utilizado em casos e 
epidemias de doenças transmissíveis, mas também 
aplicável a outros grupos de agravos. Consiste em um 
estudo de campo realizado a partir de casos 
(clinicamente declarados ou suspeitos) e de 
portadores, objetivando avaliar a ocorrência do ponto 
de vista de suas implicações para a saúde coletiva. 
Sempre que possível, deve conduzir à confirmação do 
diagnóstico, à determinação das características 
epidemiológicas da doença, à identificação das causas 
do fenômeno e à orientação sobre as medidas de 
controle adequadas. 
I- Roteiro de Investigação: As seguintes indagações 
devem ser levantadas: de quem foi contraída a 
infecção? (fonte de contágio) Qual a via de 
disseminação da infecção, da fonte ao doente? Que 
outras pessoas podem ter sido infectadas pela 
mesma fonte de contágio? Para quais pessoas o 
caso pode ter transmitido a doença? A quem o caso 
ainda pode transmitir a doença? Como evitá-lo? 
II- Finalidade da Investigação: Adoção de medidas de 
controle em tempo hábil. Para que isso aconteça, 
deve ser iniciada imediatamente após a ocorrência 
do evento. 
III- Ficha de Investigação Epidemiológica: São os 
formulários, existentes nos serviços de saúde, 
específicos para cada tipo de doença, que facilitam 
a coleta e consolidação de dados. Devem ser 
preenchidos cuidadosamente, registrando-se todas 
as informações indicadas, para permitir a análise e 
a comparação de dados. No caso de agravo 
inusitado, deve-se elaborar uma ficha própria, de 
acordo com as manifestações clínicas e 
epidemiológicas do evento. Os formulários contêm 
dados de identificação do paciente, anamnese, 
exame físico, suspeita diagnóstica, informações 
sobre o meio ambiente (de acordo com o agravo) e 
exames complementares de acordo com o(s) 
agravo(s) suspeitado(s). 
IV- Busca de Pistas: Visa buscar a origem da 
transmissão, cabendo ao investigador estabelecer 
quais as mais importantes e o caminho a seguir. Em 
geral, é importante definir: período de incubação; 
presença de outros casos na localidade; existência 
ou não de vetores ligados à transmissibilidade da 
doença; grupo etário mais atingido; fonte de 
contágio comum (água, alimentos); modos de 
transmissão (respiratória, contato direto, etc.); 
época de ocorrência (estação). Por ser uma 
atividade que exige tempo e custos adicionais, nem 
todas as doenças são investigadas. Os critérios de 
definição para a investigação são: doença 
considerada prioritária pelo sistema de vigilância; 
excesso da frequência usual; suspeita de que os 
casos tenham origem numa fonte comum de 
infecção; gravidade clínica maior que a habitual; 
doença desconhecida na área (agravo inusitado). 
V- Busca Ativa de Casos: Procedimento realizado com 
vistas ao conhecimento da magnitude de ocorrência 
do evento, quando se suspeita que casos possam 
estar ocorrendo sem registro nos serviços de saúde. 
É mais restrita (domicílio, rua ou bairro) ou 
ampliada (cidade, municípios, acompanhando 
correntes migratórias etc.), seguindo-se a área 
geográfica de abrangência da fonte de contágio 
 
➢ Roteiro de Investigação de Casos 
Neste item, são descritas de forma sucinta as várias 
etapas de uma investigação epidemiológica. Embora 
apresentadas em seqüência, algumas delas são 
desenvolvidas paralela e simultaneamente, visto 
tratar-se de um processo dinâmico. 
Etapa 1. Coleta de Dados sobre os Casos: Em geral, as 
unidades de saúde dispõem de formulários 
padronizados do Sinan (Ficha de Investigação 
Epidemiológica) para a maioria das doenças incluídas 
no sistema de vigilância epidemiológica. O 
preenchimento desta ficha deve ser muito cuidadoso, 
registrando-se com o máximo de exatidão possível as 
informações de todos os seus campos. O investigador 
poderá acrescentar novos itens que considere 
relevantes. O espaço reservado para “observações” 
deve ser utilizado para anotar informações adicionais 
que possam ajudar no esclarecimento do evento. 
 
Quando se tratar de evento inusitado, 
uma ficha de investigação especial deverá 
ser elaborada, considerando-se as 
características clínicas e epidemiológicas 
da doença/agravo suspeito.Dados obtidos mediante entrevista com o paciente, 
familiares, médicos e outros informantes: 
• Identificação do paciente - nome, idade, sexo, 
estado civil, profissão, local de trabalho e de 
residência, com ponto de referência; 
• Anamnese e exame físico - data de início dos 
primeiros sintomas, história da moléstia atual, 
antecedentes mórbidos, antecedentes 
vacinais, mudanças de hábitos nos dias 
antecedentes aos sintomas e dados do exame 
físico; 
• Suspeita diagnóstica - na pendência de dados 
complementares para firmar o diagnóstico, 
devem ser formuladas as principais suspeitas 
visando possibilitar a definição de medidas de 
controle preliminares e a solicitação de exames 
laboratoriais; 
• Meio ambiente - depende do tipo de doença 
investigada. Por exemplo, se a suspeita for 
uma doença de veiculação hídrica são 
essenciais as informações sobre o sistema de 
abastecimento e o tratamento de água, bem 
como o destino de resíduos líquidos, sólidos e 
lixo, alagamentos, chuvas; em outros casos, 
podem estar envolvidos insetos vetores, 
inseticidas e pesticidas, etc.; 
• Exames laboratoriais - devem ser solicitados 
com vistas ao esclarecimento do diagnóstico 
do paciente, fontes de contaminação, veículo 
de transmissão e pesquisa de vetores, 
conforme cada situação. 
 Etapa 2. Busca de Pistas: Esta é uma etapa essencial 
da investigação epidemiológica, pois visa buscar 
subsídios que permitirão responder a várias das 
questões formuladas. Cabe ao investigador, 
considerando os dados já coletados nas etapas 
anteriores, estabelecer que outras informações são 
importantes para o esclarecimento do evento, sendo 
relevante para este raciocínio identificar: 
• fontes de infecção (a exemplo de água, 
alimentos, ambiente insalubre, etc.); 
• período de incubação do agente; 
• modos de transmissão (respiratória, sexual, 
vetorial, etc.); 
• faixa etária, sexo, raça e grupos sociais mais 
acometidos (características biológicas e sociais); 
• presença de outros casos na localidade 
(abrangência da transmissão); 
• possibilidade da existência de vetores 
ligados à transmissão da doença; 
• fatores de risco: época em que ocorreu 
(estação do ano); ocupação do indivíduo; 
situação de saneamento na área de ocorrência 
dos casos (fonte de suprimento de água, destino 
dos dejetos e do lixo, etc.); outros aspectos 
relevantes das condições de vida nas áreas de 
procedência dos casos (hábitos alimentares, 
aspectos socioeconômicos, etc.); potenciais 
riscos ambientais (físicos, químicos, biológicos, 
etc.). 
As equipes de outras áreas devem ser acionadas para 
troca de informações e complementação de dados a 
serem utilizados nas análises (parciais e final), no 
sentido de permitir uma caracterização mais 
abrangente do evento e orientar os passos seguintes 
da investigação. Ou seja, a avaliação dessas e de outras 
variáveis, em seu conjunto, fornecerão as pistas que 
contribuirão para a identificação do problema e a 
tomada de medidas mais específicas orientadas para o 
seu controle. 
Etapa 3. Busca Ativa de Casos: O propósito desta etapa 
é identificar casos adicionais (secundários ou não) 
ainda não notificados ou aqueles oligossintomáticos 
que não buscaram atenção médica, e tem como 
finalidade: 
• tratar adequadamente esses casos; 
• determinar a magnitude e extensão do 
evento; 
• ampliar o espectro das medidas de controle. 
 
Para isso, deve-se identificar e proceder a investigação 
de casos similares no espaço geográfico onde houver 
suspeita da existência de contatos e/ou fonte de 
contágio ativa. Esta busca de casos pode ser restrita a 
um domicílio, rua ou bairro e/ou ser realizada em todas 
as unidades de saúde (centros, postos de saúde, 
consultórios, clínicas privadas, hospitais, laboratórios, 
etc.), ou ainda ultrapassar as barreiras geográficas de 
municípios ou estados, conforme as correntes 
migratórias ou características dos veículos de 
transmissão. 
 
Etapa 4. Processamento e Análises Parciais dos Dados: 
Na medida em que se dispor de novos 
dados/informações, deve-se sempre proceder análises 
parciais visando definir o passo seguinte, até que a 
conclusão da investigação e as medidas de controle 
tenham se mostrado efetivas. A consolidação, análise 
e interpretação dos dados disponíveis devem 
considerar as características de pessoa, tempo, lugar e 
os aspectos clínicos e epidemiológicos, para a 
formulação de hipóteses quanto ao diagnóstico clínico, 
fonte de transmissão, potenciais riscos ambientais e 
efetividade das medidas de controle adotadas até o 
momento. 
Quando a investigação não se referir a casos isolados, 
os dados colhidos deverão ser consolidados em 
tabelas, gráficos, mapas da área em estudo, fluxos de 
pacientes e outros. Essa disposição fornecerá uma 
visão global do evento, permitindo a avaliação de 
acordo com as variáveis de tempo, espaço e pessoas 
(quando? onde? quem?), possível relação causal (por 
quê?), e deverá ser comparada com a informação 
referente a períodos semelhantes de anos anteriores. 
Uma vez processados, os dados deverão ser analisados 
criteriosamente. Quanto mais oportuna e adequada 
for a análise, maior será a efetividade desta atividade, 
pois orientará com mais precisão o processo de 
decisão-ação. 
 
Etapa 5. Encerramento de Casos: Nesta etapa da 
investigação epidemiológica, as fichas epidemiológicas 
de cada caso devem ser analisadas visando definir qual 
critério (clínico-epidemiológico-laboratorial; clínico-
laboratorial; clínico-epidemiológico) foi ou será 
empregado para o diagnóstico final, considerando as 
definições de caso específicas para cada doença, de 
acordo com as instruções constantes neste Guia. 
 
Etapa 6. Relatório Final: Os dados da investigação 
deverão ser sumarizados em um relatório que inclua a 
descrição do evento (todas as etapas da investigação), 
destacando-se: 
• causa da ocorrência, indicando, inclusive, se 
houve falhas da vigilância epidemiológica e/ou 
dos serviços de saúde e quais providências foram 
adotadas para sua correção; 
• se as medidas de prevenção implementadas 
em curto prazo estão sendo executadas; 
• descrição das orientações e 
recomendações, a médio e longo prazos, a 
serem instituídas tanto pela área de saúde 
quanto de outros setores; 
• alerta às autoridades de saúde dos níveis 
hierárquicos superiores, nas situações que 
coloquem sob risco outros espaços geopolíticos. 
Este documento deverá ser enviado aos profissionais 
que prestaram assistência médica aos casos, bem 
como aos participantes da investigação clínica e 
epidemiológica, representantes da comunidade, 
autoridades locais, administração central dos órgãos 
responsáveis pela investigação e controle do evento. 
 
Em situações de eventos inusitados, 
após a coleta dos dados dos primeiros 
casos, deve-se padronizar o conjunto 
de manifestações clínicas e 
evidências epidemiológicas, 
definindo-se o que será considerado 
como “caso”. 
 
➢ Roteiro de Investigação de Epidemia ou Surto 
Etapa 1. Confirmação do Diagnóstico da Doença: 
Quando da ocorrência de uma epidemia, torna-se 
necessário verificar se a suspeita diagnóstica inicial 
enquadra-se na definição de caso suspeito ou 
confirmado da doença em questão, à luz dos critérios 
definidos pelo sistema de vigilância epidemiológica 
(vide capítulos específicos deste Guia). Para isso, deve-
se proceder, imediatamente, as etapas 1 e 2 
apresentadas no roteiro de investigação de casos, pois 
os dados coletados nestas etapas servirão tanto para 
confirmar a suspeita diagnóstica como para 
fundamentar os demais passos da investigação da 
epidemia. 
 
Deve-se estar atento para que, na 
definição de caso, não seja incluída 
uma exposição ou fator de risco que 
se deseja testar. 
 
Em geral, no início da investigação, emprega-se uma

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