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CONTESTAÇÃO À AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA

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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ 
SECRETÁRIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR 
UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA 
CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA DE DIREITO ELEITORAL 
PROFESSOR PEDRO IVAN COUTO DUARTE 
 
CRATO – CE 
2019 
 
 
 
 
 
 
CONTESTAÇÃO À AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE REGISTRO DE 
CANDIDATURA 
 
CREUSA THAYANNE S R. JACÓ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO 
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DO CEARÁ 
Proc. Nº ... 
 
 
CONTESTAÇÃO À AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE REGISTRO DE 
CANDIDATURA 
 
ANDREZZA BARTOLOMEU DA COSTA, impugnada, já devidamente 
qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem, mui respeitosamente, 
por intermédio de seu advogado que abaixo subescreve (procuração em 
anexo), nos autos da ação que lhe é movida pelo PARQUET eleitoral, 
semelhantemente qualificado nos autos em epígrafe, à presença de Vossa 
Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO, pelas razões fáticas e jurídicas a 
seguir expostas. 
 
I - DA TEMPESTIVIDADE 
 
 Insta ressaltar, de logo, a tempestividade da presente defesa, que, de 
acordo com o artigo 4º, da Lei Complementar 64/90, dispõe prazo de 7 dias a 
começar a fluir após a devida notificação, ocorrida em 03.12.2019, conforme 
fls. 17. 
 
II – FATOS 
 
 Trata-se de Ação de Impugnação ao Pedido de registro de candidatura, 
buscando o indeferimento do registro da promovida. 
 Em breve síntese, a parte autora alega que, enquanto vereadora do 
município de Japaratinga – AL, teve suas contas referentes ao ano de 2012, 
desaprovadas, sendo, portanto, condenada a pagar uma multa no importe de 
R$ 5.543,00 em razão da não quitação das obrigações sociais, como 
determina a lei. 
 Ademais, argui que a parte promovida, no período de 2017 e 2018, 
período em que foi prefeita do município de Juazeiro do Norte – CE, também 
não cumpriu de acordo com a legislação pátria vigente, tendo suas contas, 
referentes ao ano de 2017, desaprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado 
do Ceará. E, de acordo com parecer prévio enviado por este, enviado para a 
Câmara Municipal, restou mantida a desaprovação, por maioria (9 dos 16) 
dos vereadores em sessão plenária única ordinária. 
 Em apertada síntese, é a exordial. 
 Contudo, V. Excel., em que pese as alegações lançadas na peça 
vestibular brevemente analisadas, tais pretensões não poderão ser atendidas 
de forma alguma, conforme restará demonstrado. 
 
III - Do Direito 
 
A) Da inelegibilidade 
 O d. MP acostou relação fornecida pelo TCE-CE, somente, quando elas 
se constituem em meras peças informativas, não sendo suficiente para fazer 
prova da alegação, eis que, para a inelegibilidade art. 1º, 1, g, da LC 64/90, é 
preciso decisão irrecorrível do órgão competente e demonstração de ser a 
irregularidade insanável. 
 Portanto, é ônus da parte impugnante a prova da rejeição das contas 
pelo TCU, por irregularidade insanável, para fins de declaração de 
inelegibilidade. [REsp não conhecido. (acórdão 15.348, 20.08.199 – Resp 
Eleitoral 15.348 – Classe 22ª BB (Salvador). Rel. Min. Maurício Corrêa)]. 
 O art. 3º da LC 64/90, segue à risca o disposto no art. 320 do CPC, que 
diz que a inicial será instruída com os documentos indispensáveis à 
propositura da ação. 
 A LC 135/10, que alterou a LC 64/90, estabelece que, de acordo com o 
§ 9º do art. 14 da CF, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e 
determina outras providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que 
visam a proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do 
mandato. 
 
Art. 1º [...] 
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou 
funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que 
configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão 
irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa 
ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem 
nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, 
aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição 
Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de 
mandatários que houverem agido nessa condição; 
 
 Para a inelegibilidade da letra “g”, não basta a rejeição das contas, pois 
para a existência dela, depende de decisão irrecorrível e da demonstração de 
irregularidade insanável, o que não é o caso. No sentido: “não basta a mera 
rejeição de contas para produzir a inelegibilidade, sendo imprescindível que 
seja reconhecido o caráter insanável das irregularidades (c. 17.22, em TSE 
200, p. 154) 
 A impugnada traz aos autos, não somente a cópia do convênio, do 
processo licitatório, da Nota Fiscal e processo de pagamento, CRV do veículo 
em nome do Município, como ainda, foto atual do ônibus a servir ao 
Município do transporte escolar. 
Joel J. Cândido, Dir. Eleit. Brasileiro, 2007, p. 133, diz:“[...] Essa 
irregularidade insanável deve se erigir em improbidade administrativa e não 
se circunscrever só a erro de aspecto formal [...].” 
 O próprio TCU na proposta de deliberação, cópia anexa, 
expressamente, reconheceu a irregularidade formal, ao dizer: “a ausência de 
documentos essenciais na prestação de contas – certificado de registro do 
veículo e apólice de seguro do mesmo – impede de se conclua pela 
regularidade, ou mesmo efetiva realização, a aquisição objeto do convênio.” 
 Na fundamentação do ac. Do TCU, sem a certificação do trânsito em 
julgado, ônus que cabra a parte, a Corte de Contas indicou apenas erros 
formais, como a falta da relação de pagamentos. 
 Não se deve esquecer, que no processo de impugnação de pedido de 
registro, são aplicáveis os incisos LIV e LV do art. 5º da CF, que garante o 
“devido processo legal e a ampla defesa”. Que como explicitado foi retirado 
da requerente, pela Câmara Municipal o acesso ao contraditório. 
 Os documentos de fls. Xx e xx, dizem que a impugnada tece contras 
rejeitas, o que o impede de exercer o amplo direito de defesa, por não conter 
cópia dos autos dos procedimentos administrativos ou da decisão transitada 
e julgado, uma vez que na lista de cada Corte de Contas, não se especifica a 
irregularidade, enunciado apenas, rejeição de contas. 
 Em se tratando de contas anuais, a competência para o julgamento 
delas é da Câmara Municipal, atuando o TCE/CE como auxiliar, não sendo 
suficiente para a inelegibilidade, parecer prévio contrário. 
 
B) ÔNUS DA PROVA DOCUMENTAL 
 
 A Lista de cada Corte não é meio hábil para provar a inelegibilidade da 
legra “g” do inciso I do art. 1º da LC. Nesse sentido: 
 
“É ônus do impugnante declinar e comprovar os motivos da rejeição 
das contas do candidato impugnado, base empírica necessária à 
verificação do caráter de insanabilidade e da conotação de 
improbidade das irregularidades apuradas que são pressupostos da 
inelegibilidade arguida” (JTSE 4-4/253,8-2/274) 
 
“A falta do inteiro teor da decisão que rejeitou as contas impede que 
se verifique se as irregularidades são insanáveis, não podendo ser 
aplicada a alínea “g” do inciso I do art. 1º da LC 64/90.” (Ac. 659, de 
19.02.2002, JTSE 14-4/83 
 
 Não é de se conhecer a presente impugnação, por fala de exibição de 
documentos indispensáveis para sua propositora, o que motiva sua inépcia, 
uma vez que o Impugnante carreou os autos, sequer, cópia das decisões, com 
extinção do processo sem julgamento de mérito. 
 O disciplinamento sempre necessário do saudoso Prof. Hely Lopes 
Meirelles, que nos ensina: 
Ao Poder Judiciário é permitido perquirir todos os aspectos da 
legalidade e legitimidade para descobrir e pronunciar a nulidade de 
ato administrativo onde elas e encontre, e seja, qual for o artifício 
que o encubra. 
 
 Também é posicionamento jurisprudencial: 
Para que o judiciário bem possa verificar se houve exata aplicação da 
lei, forçoso é que examine o mérito da sindicância ou processoadministrativo que encerra o fundamento legal do ato. 
 
 E como acima asseveramos, se a questão da irregularidade está sendo 
discutida e apreciada pelo Poder Judiciário, e se a desconstituição da suposta 
irregularidade foi proposta antes da ação de impugnação, nos termos da 
Súmula nº 1 do TSE, está suspensa possível inelegibilidade, e para 
comprovação do alegado. 
 Assim reza a referida súmula: 
 
O TSE, usando de suas atribuições que lhe conferem o art. 23, XV do 
Código Eleitoral, resolve editar a seguinte súmula: Proposta a ação 
para desconstituir a decisão que rejeitou as contas anteriormente a 
impugnação, fica suspensa a inelegibilidade. 
 
 Nestes termos é de bom alvitre valermo-nos do art. 5º, XXXV da CF: 
 
A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça 
a direito. 
 
Em esfera jurisprudencial dos órgãos superiores, cita-se 
favoravelmente: 
Relatora: Ministra Rosa Weber Recorrente: Denilson Andrade de 
Assis. Advogados: Maria Cláudia Baucchianeri Pinheiro – OAB 
25341/DF e outros. Recorrido: MPEleitoral. Recorrida: Coligação 
Joanésia no Caminho Certo. Advogado: Raimundo Cândido Neto – 
OAB: 987371-MG, no que se aduz: acordam os ministros do TSE, por 
unanimidade, em dar provimento ao recurso especial eleitoral para, 
reformando o acórdão regional, deferir o registro de candidatura de 
Denilson Andrade de Assis, restabelecendo a sentença de origem, e 
julgar prejudicada a medida cautelar autuada no PJE sob nº 0602916-
60, nos termos do voto da relatora. REsp Eleitoral nº 91-
22.2016.6.13.0176 – CLASSE 32 – JOANÉSIA-MG 
 
 
IV - DOS PEDIDOS 
 
 Diante do exposto, requer: 
 
i. Que seja anulado o procedimento político-administrativo, em razão da 
deliberação da Câmara Municipal sobre suas contas sem a observância 
dos princípios do contraditório e da ampla defesa. 
ii. Que lhe seja aplicada os efeitos permissivos da súmula nº 57 do TSE, 
que no uso das atribuições que lhe confere o art. 23, inciso XV, do 
Código Eleitoral, aprovou a proposta de edição de verbete de súmula, 
através da alteração do art. 11, § 7º da Lei 9.504/1997 pela Lei nº 
12.034.2009, que dispõe ser suficiente a prestação de contas para a 
obtenção da quitação eleitoral. 
iii. Que seja declarada por este juízo a suspensão de possível 
inelegibilidade do contestante. 
iv. Que seja a impugnada declarada em condições de elegibilidade, e 
assim, seja-lhe permitido o registro de sua candidatura, conforme 
pedido feito à Douta Justiça Eleitoral. 
 
 Protesta provar o alegado por todos os meios e provas em direito 
admitidos, especialmente por perícia contábil-fiscal, prova testemunhal, 
vistoria, depoimento pessoal, produção de documentos e outros se for 
necessário. 
 Termos estes em que, 
 Pede deferimento. 
 
Juazeiro do Norte-CE, 09 de dezembro de 2019. 
Creusa Thayanne S. R. Jacó 
OAB-Nº XXXX

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