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Fenomenologia: Método e Aplicações

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UNVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA
DEPARTAMENTE DE DIREITO
FENOMENOLOGIA
ALLAN DYÓGENES DE SÁ SAMPAIO 
BRUNO GABRIEL BEZERRA COSTA
CREUSA THAYANNE S. R. JACÓ
GEDEÃO JANUÁRIO NETO
ISRAEL FELIPE BARBOSA NETO
ÍTALO PRUDENTE RIBEIRO
IVON LEAL DE CARVALHO JÚNIOR
JOÃO VICTOR ARAÚJO DE LIMA
JÚLIO CÉSAR FEIJÃO MATOS
MARIA CAROLINA OTONI AMORIM
VINÍCIUS DELLANYO AQUINO BARBOSA
CRATO – CE
2015
FENOMENOLOGIA
 (
Trabalho avaliativo da disciplina de Metodologia do Trabalho Científico apresentado ao Curso de Graduação em Direito, da
 
Universidade Regional do Cariri (URCA).
Professor Everaldo Soares
)
CRATO – CE
2015
Resumo
A proposta do presente artigo é de apresentar os principais elementos da fenomenologia destacando o método fenomenológico de Edmund Husserl. Com esse fim, deter-se-á sobre os princípios básicos de fenomenologia, sua história, seu método, pensadores que contribuíram para seus avanços, bem como sua aplicação ao campo do direito trazendo-os à luz da clarividência. Tratando principalmente dos princípios gerais da fenomenologia husserliana e suas contribuições à filosofia contemporânea.
Palavras Chave: Fenomenologia. Husserl. Método, Filosofia. 
Abstract
The purpose of this article is to present the main elements of phenomenology highlighting the phenomenological method of Edmund Husserl. To this end, will dwell on the basic principles of phenomenology, its history, its method, thinkers who contributed to its progress and its application to the field of law bringing them the light of clairvoyance. Dealing mainly with the general principles of Husserl's phenomenology and his contributions to contemporary philosophy.
Keywords: Phenomenology. Husserl. Method. Philosophy.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. A FENOMENOLOGIA
3. A HISTÓRIA DA FENOMENOLOGIA 
4. MÉTODO FENOMENOLÓGICO/ REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA 
5. A VARIAÇÃO EIDÉTICA
5.1 A INTUIÇÃO DO INVARIANTE
6. REDUÇÃO TRANSCEDENTAL 
7. OUTROS PENSADORES DA FENOMENOLOGIA
8. FENOMENOLOGIA APLICADA AO DIREITO
9. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
2. A FENOMENOLOGIA
O termo fenomenologia vem do grego “phainesthai”, que significa aquilo que se mostra; e “logos”, explicação, estudo. Criada pelo matemático, cientista, pesquisador e professor Edmund Husserl (1859-1938), essa corrente de pensamento Idealista tem por objeto o estudo da essência das coisas. Para Husserl não devemos considerar o resultado dos processos perceptivos como descrições objetivas do mundo é preciso deixar de lado ou colocar entre parênteses todas as nossas suposições, nossos “pré-conceitos” acerca das coisas e da experiência, o “senso comum”, seria como um “limpar a mente”, livrá-la de toda e qualquer interferência para assim enxergarmos as coisas na sua essência (aquilo que o objeto é em si mesmo). O objetivo de Husserl era o de "voltar às coisas mesmas", voltar ao mundo-da-vida, ao mundo da experiência. A fenomenologia veio para denunciar este crescente distanciamento entre o mundo da vida e o mundo da ciência. Era preciso resgatar a noção de que o mundo científico é secundário – ele é produzido a partir da própria compreensão subjetiva dos cientistas. O real não é o mundo visto pelos olhos das ciências, mas aquilo que eu experiencio, aquilo que eu vivo (Martini, 1999). A fenomenologia, com estes objetivos, não está criticando a atividade científica propriamente dita, mas denunciado a ideia de que o sentido do mundo é dado cientificamente. A ciência tem muito pouco a nos oferecer no que se refere às questões da humanidade, uma vez que ela deixa de fora as questões essenciais do homem, as questões que dizem respeito ao seu modo de ser, promovendo, assim, o distanciamento entre o mundo que eu experiencio e o mundo que me é dado cientificamente (Husserl, 1997).
O pensamento fenomenológico é oposto ao positivismo, pois enquanto este restringe seu campo de análise ao experimental, a fenomenologia abre-se a regiões veladas para esse método, buscando uma análise compreensiva e não explicativa dos fenômenos. Tudo que se apresenta à consciência ocorre como um objeto intencional. O objetivo do método fenomenológico é alcançar a intuição das essências. Busca interpretar o mundo através da consciência de um determinado sujeito, segundo as suas experiências. Representou uma reação à pretensão dos cientistas de eliminar a metafísica (palavra de origem grega que significa "o que está para além da física". É uma doutrina que busca o conhecimento da essência do mundo.). Nesse sentido, a fenomenologia aparece como a proposta de um método capaz de partir das evidências e alcançar o nível das essências, ou coisas mesmas. As essências são as verdades primeiras em si, únicas capazes de suster o edifício da ciência universal. Em todos os modos de redução, persiste a busca pelas essências, o fundamento. Uma vez certos de que o objetivo de tornar a filosofia uma ciência rigorosa pode ser alcançado, torna-se preciso o total despojamento de todo o conhecimento científico erigido até então, a fim de atingir as evidências em si, as evidências que tragam o sentido absoluto do objeto em questão, sem dar margens para questionamentos e desconfianças posteriores. Busca-se a essência de um determinado fenômeno através do processo de redução fenomenológica, todas as coisas são caracterizadas por serem inacabadas em constante processo de modificação. A Fenomenologia é um tratado científico a respeito da descrição e classificação dos fenômenos que traz consigo um novo método de investigação que irá exercer grande influência no meio acadêmico, o que fará da fenomenologia um marco imprescindível na filosofia contemporânea. 
3. História da Fenomenologia 
A fenomenologia nasceu na segunda metade do século XX, considerado como o manifesto da fenomenologia, e publicado pela primeira vez em 1910/1911 na revista Logos, fundada pelo filósofo, matemático, lógico e professor Edmund Husserl (1859-1938), o pensamento fenomenológico surge como uma forma de enfrentamento ao Psicologismo e ao Historicismo, duas correntes de maior aceitação no século XIX que buscavam o conhecimento através do raciocínio por dados empíricos para daí desenvolver seus postulados, o que o filósofo alemão não via “com bons olhos”, pois a instabilidade dos da empiria não fornecem o rigor necessário que concerne à investigação filosófica. Husserl influenciado por seu mestre Franz Brentano idealizou um recomeço para a filosofia como uma investigação subjetiva e rigorosa que se iniciaria com os estudos dos fenômenos como aparentam a mente para encontrar as verdades da razão. Suas investigações lógicas influenciaram até mesmo os filósofos e matemáticos da mais forte corrente oposta, o empirismo lógico. A Fenomenologia representou uma reação à eliminação da metafísica, pretensão de grande parte dos filósofos e cientistas do século XIX. 
Ao expor nas Investigações lógicas (1900/1901) seu primeiro esboço do seu projeto de reconstrução da filosofia Husserl, o pai da fenomenologia, estava levando em conta a necessidade de buscar fundamentos não somente para a filosofia, mas também para todos os saberes do domínio científico em geral, incluindo aí as então recentemente denominadas ciências da cultura, às quais pertence o Direito. O que pretende a fenomenologia é o encontro de fundamentos para o conhecimento revestido de necessidade lógica (irrefutabilidade) e validade universal que coloquem os saberes a salvo da corrosão do ceticismo e do relativismo.
4. Método Fenomenológico/ Redução Fenomenológica 
A redução fenomenológica é o processo pelo qual tudo que é informado pelos sentidos é mudado em uma experiência de consciência, constitui o método que permitirá o retorno às coisas mesmas. Por isso, seu objetivo primeiro é mostrar a necessidade de buscar um ponto de partida, um fundamento absoluto, radical, que permita o aparecimento da relação humana com o mundo, tal como ela acontece em um fenômeno que consiste em se estar consciente de algo. Coisas, imagens, fantasias,atos, relações, pensamentos, eventos, memórias, sentimentos, etc constituem nossas experiências de consciência. O método fenomenológico não é dedutivo nem empírico. Consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer esse dado. Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está presente a consciência: o objeto. Consequentemente, em uma tendência orientada totalmente para o objeto. Ou seja, o método fenomenológico limita-se aos aspectos essenciais e intrínsecos do fenômeno, sem lançar mão de deduções ou empirismos, buscando compreendê-lo por meio da intuição, visando apenas o dado, o fenômeno, não importando sua natureza real ou fictícia.
Husserl propôs então que, no estudo das nossas vivências, dos nossos estados de consciência, dos objetos ideais, desse fenômeno que é estar consciente de algo, não devemos nos preocupar se ele corresponde ou não objeto do mundo externo a nossa mente. O interesse para a fenomenologia não é o mundo que existe, mas sim o modo como o conhecimento do mundo se dá, tem lugar, se realiza para cada pessoa. A redução fenomenológica requer a suspensão das atitudes, crenças, teorias, e colocar em suspenso o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de concentrar-se a pessoa exclusivamente na experiência em foco, porque esta é a realidade para ela.
Os passos metodológicos próprios da redução fenomenológica podem ser sintetizados em três momentos subsequentes: 
1°) Suspender o movimento ser no mundo. Ou seja, recusar a cumplicidade, a relação do ser (indivíduo, pessoa) com o mundo, renunciar, abster-se das certezas do senso comum e da atitude natural. Nesse primeiro passo, o objetivo a ser alcançado é reencontrar a experiência irrefletida do mundo; a colocação do mundo entre parênteses significa o desvelamento e surgimento do mundo enquanto tal.
2°) Entrar numa atitude de "admiração" do mundo. É relacionar-se com o mundo, possibilitando que os atos intencionais do indivíduo com o mundo apareçam. É exatamente a partir da relação do indivíduo com o mundo, do ser no mundo, que é possível conceber o mundo como transcendência própria e o próprio sujeito como transcendência em relação ao mundo. Para Husserl, esse é o motor da redução. 
3°) Recolocar nessa experiência a reflexão, como atitude de verificação e possibilidade pertencente ao próprio ser humano. Aqui, trata-se de uma reflexão radical e a construção do objeto por parte do sujeito, defendidos pelo intelectualismo. A verificação reflexiva resulta no reconhecimento da preexistência do mundo como afirmação radical do método fenomenológico.
Assim sendo, a epoché produz o retorno à consciência, através da qual os objetos aparecem na sua constituição como simples correlatos da consciência intencional. A consciência, agora em sua mais original abertura ao mundo, se mostra de tal forma que permite ser rigorosamente investigada na sua constituição, no modo como ela constitui os objetos e é constituída por eles, segundo uma relação dialética. Ela não é mais uma parte do mundo, mas o lugar de seu desdobramento no campo da intencionalidade. Isto pressupõe olhar para o mundo não como em si mesmo, mas como o que ele é para uma consciência, como simples fenômeno. O sujeito, agora como vivência em uma atitude fenomenológica, dirige o olhar ao resíduo fenomenológico da redução, ou seja, à consciência pura, suspendendo o interesse natural dedicado ao objeto. Enfim, a redução fenomenológica se constitui num esforço de voltar minha atenção ao interior, não para buscar alguma coisa, mas para apreender o que possa se manifestar, o que possa aparecer a mim, a fim de não deixar que esta manifestação, deixada de lado pela minha consciência na atitude natural, julgue e apreenda o mundo sem a participação efetiva de minha consciência.
5. A Variação Eidética 
A variação eidética é um método que busca chegar até as propriedades essenciais que são o limite invariável da variação a fim de obter a essência de algo.
Segundo Husserl, os objetos do mundo se nos apresentam sob diversas perspectivas (Abschattungen). Uma cadeira diante de um indivíduo pode ser apreendida sob diversas variações de perfil (Abschattung). Na epoché, o objeto deve ser submetido às diversas variações possíveis de perfil no intuito de se apreender a essência desse mesmo objeto, isto é, aquilo que permanece inalterado no mesmo. Nesse sentido, a redução fenomenológica (epoché) seria uma maneira de se depurar o fenômeno a fim de se alcançar o objeto com total evidência: o processo pelo qual se pode chegar a essa consciência consiste em imaginar, a propósito de um objeto tomado por modelo, todas as variações que ele é suscetível de sofrer. Este ‘invariante’ identificado através das diferenças define precisamente a essência dos objetos dessa espécie. Foi esse processo que Husserl chamou de variação eidética (DARTIGUES, 2005, p. 25). Como a epoché tem como escopo apreender a “essência” do fenômeno, ou seja, seu eidos, compreende-se assim que tal método fenomenológico seja denominado de “variação eidética”.
Na variação eidética Husserl estabelece uma distinção entre o objeto percebido e o noema (distinto do próprio objeto, que é a coisa). A coisa que se apresenta à consciência do indivíduo não tem a sua existência negada. Reconhecido o objeto ideal, o noema, o passo seguinte é sua “redução eidética”, redução à ideia. Consiste na análise do noema para encontrar sua essência. Isto porque não podemos nos livrar da subjetividade e ver as coisas em si mesmas, pois em toda experiência de consciência estão envolvidos o que é informado pelos sentidos e o modo como a mente enfoca aquilo que é informado. Portanto, dando-se conta dos objetos ideais, uma realidade criada na consciência, não é suficiente - ao contrário: os vários atos da consciência precisam ser conhecidos nas suas essências, aquelas essências que a experiência de consciência de um indivíduo deverá ter em comum com experiências semelhantes nos outros. A redução eidética é necessária para que a filosofia preencha os requisitos de uma ciência genuinamente rigorosa de claridade apodítica, a certeza absolutamente transparente e sem ambiguidade - requisitos antes mencionados por Descartes. Os objetos da ciência rigorosa têm que ser essências atemporais, cuja atemporalidade é garantida por sua idealidade, fora do mundo cambiável e transiente da ciência empírica. Por exemplo, "um triângulo". Posso observar um triângulo maior, outro menor, outro de lados iguais, ou desiguais. Esses detalhes da observação - elementos empíricos - precisam ser deixados de lado a fim de encontrar a essência da ideia de triângulo - do objeto ideal que é o triângulo – que é tratar-se de uma figura de três lados no mesmo plano. Essa redução à essência, ao triângulo como um objeto ideal, é a redução eidética.
5.1 A Intuição do Invariante
Não importa para a Fenomenologia como os sentidos são afetados pelo mundo real. Husserl distingue entre percepção e intuição. Alguém pode perceber e estar consciente de algo, porém sem intuir o seu significado. A intuição eidética é essencial para a redução eidética. Ela é o dar-se conta da essência, do significado do que foi percebido. O modo de apreender a essência, Wesensschau, é a intuição das essências e das estruturas essenciais. 
De comum, o homem forma uma multiplicidade de variações do que é dado. Porém, enquanto mantém a multiplicidade, o homem pode focalizar sua atenção naquilo que permanece imutável na multiplicidade, a essência - esse algo idêntico que continuamente se mantém durante o processo de variação, e que Husserl chamou "o Invariante". No exemplo do triângulo, o "Invariante" do triângulo é aquilo que estará em todos os triângulos, e não vai variar de um triângulo para outro. A figura que tiver unicamente três lados em um mesmo plano, não será outra coisa, será um triângulo. Não podemos acreditar cegamente naquilo que o mundo nos oferece. No mundo, as essências estão acrescidas de acidentes enganosos. Por isso, é preciso fazer variar imaginariamente os pontos de vistasobre a essência para fazer aparecer o invariante. 
O que importa não é a coisa existir ou não ou como ela existe no mundo, mas a maneira pela qual o conhecimento do mundo acontece como intuição, o ato pelo qual a pessoa apreende imediatamente o conhecimento de alguma coisa com que se depara – que também é um ato primordialmente dado sobre o qual todo o resto é para ser fundado. Husserl definiu a Fenomenologia em termos de um retorno à intuição, Anschauung, e a percepção da essência. Além do mais, a ênfase de Husserl sobre a intuição precisa ser entendida como uma refutação de qualquer abordagem meramente especulativa da filosofia. Sua abordagem é “concreta”, trata do fenômeno dos vários modos de consciência. A Fenomenologia não restringe seus dados à faixa das experiências sensíveis, pois admite dados não sensíveis (categoriais) como as relações de valor, desde que se apresentem intuitivamente.
Husserl defende que a atual percepção que temos de um objeto só se sustenta ante a possibilidade dos diversos perfis  sob os quais esse objeto pode ser apreendido: a fenomenologia, ao invés de igualar o objeto físico a um suposto fundamento ou substrato, iguala o objeto físico a todas as suas aparências, as atuais e possíveis. As aparências que estão sendo apresentadas não indicam uma coisa-em-si fundamental, mas sim possíveis aparências que não estão sendo apresentadas atualmente, mas que poderiam vir a ser, Husserl chama essas possíveis aparências de "horizontes".
6. Redução Transcendental
Embora tenha trabalhado até o final de sua vida na definição do que chamou Redução Transcendental, Husserl não chegou a uma conclusão clara. Basicamente seria a redução fenomenológica aplicada ao próprio sujeito, que então se vê não como um ser real, empírico, mas como consciência pura, transcendental, geradora de todo significado. Para o fenomenólogo, a função das palavras não é nomear tudo que nós vemos ou ouvimos, mas salientar os padrões recorrentes em nossa experiência. Identificam nossos dados dos sentidos atuais como sendo do mesmo grupo que outros que já tenhamos registrado antes. Uma palavra não descreve uma única experiência, mas um grupo ou um tipo de experiências; a palavra "mesa" descreve todos os vários dados dos sentidos que nós consultamos normalmente quanto às aparências ou às sensações de "mesa". Assim, tudo que o homem pensa, quer, ama ou teme, é intencional, isto é, refere-se a um desses universais (que são significados e, como tal, são fenômenos da consciência). E por sua vez, o conjunto dos fenômenos, o conjunto das significações, tem um significado maior, que abrange todos os outros, é o que a palavra "Mundo" significa. Na "Crise", Husserl descreve metodicamente duas vias para a redução transcendental, sendo uma por meio da reconsideração do "mundo-da-vida" já dado, e outra pela "psicologia".
7. Outros pensadores da Fenomenologia
Além de Edmund Husserl, o pai da fenomenologia, outros tantos pensadores contribuíram para o desenvolvimento de tal corrente filosófica, já que nenhum movimento científico nasce e morre em uma só mente. Cabe a nós relatar outras formas de pensar sobre a fenomenologia e seus respectivos pensadores.
Martin Heidegger
Não poderíamos deixar de falar primeiramente de Heidegger, discípulo de Husserl, mas com ideias e argumentos quase tão opostos quando as discussões entre Einstein e Broglie, sobre a mecânica quântica. Discutir e absorver os trabalhos de importantes filósofos na história da Metafísica era, para Heidegger, uma tarefa indispensável, enquanto Husserl repetidamente enfatizou a importância de um começo radicalmente novo para a filosofia, queria colocar "entre parênteses" a história do pensamento filosófico - com poucas exceções como Descartes, Locke, Hume e Kant.
Heidegger tomou seu caminho próprio, preocupado que a fenomenologia se dedicasse ao que está escondido na experiência do dia a dia. Ele tentou descrever o que chamou de estrutura do cotidiano, ou "o estar no mundo", com tudo que isto implica quanto a projetos pessoais, relacionamento e papeis sociais, pois que tudo isto também são objetos ideais. Em sua crítica a Husserl, Heidegger salientou que ser lançado no mundo entre coisas e na contingência de realizar projetos é um tipo de intencionalidade muito mais fundamental que a intencionalidade de meramente contemplar ou pensar objetos.
Max scheler
O mais original e dinâmico dos primeiros associados de Husserl, no entanto, foi Max scheler (1874-1928), que havia integrado o grupo de Munique quem realizou seu principal trabalho fenomenológico com respeito a problemas do valor e da obrigação. Ampliou a ideia de intuição, colocando, ao lado de uma intuição intelectual, outra de caráter emocional, fundamento da apreensão do valor.
Merleau-Ponty
Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), outro importante representante do Existencialismo na França, foi ao mesmo tempo o mais importante fenomenólogo francês. Suas obras, “A Estrutura do Comportamento” (1942) e “Fenomenologia da Percepção” (1945), foram os mais originais desenvolvimentos e aplicações posteriores da Fenomenologia produzidos na França. Em sua tentativa de aplicar a Fenomenologia ao exame da existência humana, como fez Heidegger, Sartre e outros autores franceses desenvolveram uma linguagem sofisticada, recheada de termos que caíram no gosto dos acadêmicos, mas se tornaram um obstáculo ao entendimento da doutrina inclusive entre os próprios intelectuais.
Sartre
Jean-Paul Sartre (1905-1980) segue estritamente o pensamento de Husserl na análise da consciência em seus primeiros trabalhos, “A Imaginação” (1936) e “O Imaginário: Psicologia fenomenológica da imaginação” (1940), nos quais faz a distinção entre a consciência perceptual e a consciência imaginativa aplicando o conceito de intencionalidade de Husserl.
No seu “A Filosofia do Existencialismo”, de 1965, Sartre declara que "a subjetividade deve ser o ponto de partida" do pensamento existencialista, o que mostra que o existencialista é primeiramente um fenomenólogo. A negação de valores e o convite ao anarquismo implícitos na doutrina atraíram os pensadores de Esquerda e afastaram os conservadores de Direita.
8. Fenomenologia Aplicada ao Direito 
Para se estudar a fenomenologia na face do direito, deve-se compreender primeiramente que a fenomenologia é uma atitude e não um método propriamente dito. Como atitude, o pensar fenomenológico visa a descoberta dos sentidos e significados dos objetos, independente de todas as categorias explicativas.
Portanto, uma teoria fenomenológica do direito não envolve a superação de qualquer teoria jurídica, mas a releitura dos sentidos que elas imprimem as instituições ordenadoras das relações intersubjetivas. Essa releitura, sim, implica a suspensão do nosso juízo sobre o seu caráter de validade e a percepção do objeto tal qual se manifesta a consciência como puro fenômeno -no caso, o fenômeno jurídico- desvestido de todas as categorias explicativas expostas sobre ele. Recomeçar tudo de novo, voltando a “coisa mesma” – fenômeno jurídico- tal qual se manifesta.
No Direito a fenomenologia encontra seu porto na própria análise das normas em razão da subsunção dos fatos perante o sistema normativo, mas antes disso, já se envolve com a própria construção do Direito, a partir do momento, em que o movimento de percepção dos fenômenos pelo exegeta ou mesmo o Legislador é verdadeiro epoché, ou seja, uma redução fenomenológica analisando primeiramente a via fática, ou seja, os fatos (fenômenos percebidos), com o levantamento de questões mesmas, mas como o propósito de adequação. 
Após essa redução fenomenológica, então, há a adequação valorativa do fenômeno em face do próprio senso social vigente de forma a estipular qual o lugar de colocação que este fenômeno encontra no mundo do Direito.
Os fenômenos, ao se apresentarem, sempre são suscetíveis dos mesmos questionamentos, posto que, circundam os campos da reflexão filosófica, o que propicia um constante aperfeiçoamento da sua forma de percepção em face do mundo exterior.
Não existe umaanálise fenomenológica do Direito, por assim dizer, se não houver uma consciência dos fenômenos percebidos, ou seja, uma sedimentação clara daquilo que se apresenta, por via da redução fenomenológica, ou epoché. 
No direito, o exercício da fenomenologia enquanto ferramenta de compreensão na subsunção normativa, como na construção normativa se mostra enquanto uma constante, considerando a mutabilidade ativa dos próprios fenômenos jurídicos e sociais.
Finalmente, a questão fenomenológica no Direito ainda é pouco disseminada, principalmente por que o pensamento vigente é positivista, o que implica dizer, bastante engessado em relação à construção normativa. Mas, os tempos e o bom senso indicam que cada vez mais, as reflexões intuitivas e voltadas para a percepção consciente dos fenômenos têm servido de norte e de ferramenta para vários estudiosos e operadores do Direito brasileiro. Com isso, a teoria fenomenológica possibilita perceber-se a “mudança de lugar” do direito, que se desloca do plano puramente normativo e passa a sublinhar o “fato” e o “valor”.
REFERÊNCIAS
DEPRAZ, N. Compreender Husserl. Petrópolis: Vozes, 2007.
FRAGATA, J. A fenomenologia de Husserl como fundamento da filosofia. Braga: Livraria Cruz, 1959.
DARTIGUES, A. O que é a fenomenologia? São Paulo: Centauro, 2005.
GALEFFI, Dante Augusto O QUE É ISTO — A FENOMENOLOGIA DE HUSSERL? Feira de Santana, Ideação, 2000.
COBRA, Rubem Q.- Fenomenologia. Temas de Filosofia, Brasília, 2005. Disponível em: http://www.cobra.pages.nom.br/ftm-fenomeno-II.html
HUSSERL, Edmund. Ideias Diretrizes para uma Fenomenologia. Tradução: P. Ricoeur, 1950.
MARTINI, Renato da S. A Fenomenologia e a Epoché. 1999. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31731999000100006&lng=en&nrm=iso.
HUSSERL, Edmund. Investigações Lógicas. 1976.
Barreira, C. R. A. Da história da fenomenologia à ética na psicologia: tributo ao centenário de Filosofia como Ciência Rigorosa (1911) de Edmund Husserl. 2011.
CAPALBO, Creusa. A subjetividade e a experiência do outro: Maurice Merleau-Ponty e Edmund Husserl. Rev. abordagem gestáltica. v.13 n.1 Goiânia jun. 2007. Disponível em: pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672007000100003.
CASTRO, Tiago Gomes de. Lógica e técnica na redução fenomenológica: da filosofia à empiria em psicologia. 2009. Disponível em: www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/17228/000711515.pdf?sequence=1.
STRUCHINER, Dutra Cinthia. (2007). Fenomenologia: de volta ao mundo-da-vida. [versão eletrônica]. Revista de Abordagem Gestáltica, 13. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1809-68672007000200009&script=sci_arttext&tlng=pt

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