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Bioquímica Médica I Samara Tessari Pires-P03 Questionário de Bioenergética 1. O que se entende por bioenergética? Qual a importância em se estudar bioenergética? A bioenergética é o estudo das alterações da energia que acompanham as reações bioquímicas. O estudo desse tema favorece a compreensão acerca do funcionamento do metabolismo dos seres vivos, os quais necessitam de energia, principalmente da química, para a realizar cada processo no organismo. Isso inclui a nutrição do corpo, que fornece o combustível necessário para atividades metabólicas. Nesse âmbito, entende-se as disfunções energéticas como, por exemplo, a inanição, que caracteriza a falta de nutrientes, a obesidade, que caracteriza o excesso deles, e o mau funcionamento dos hormônios da tireoide, os quais controlam as taxas metabólicas (velocidade de energia liberada), que, quando desreguladas, podem provocar doenças. Além disso, a energia química dos combustíveis é utilizada para: • Sintetizar macromoléculas complexas a partir de precursores simples; • Ser convertida em gradientes de concentração, gradientes elétricos, em movimento e em calor; • Ser transformada em luz por alguns organismos, como os peixes do fundo do mar e os vagalumes. Portanto, os organismos vivos têm a capacidade de controlar a energia e direcioná-la para o trabalho biológico. 2. Qual a visão de Lavoisier sobre a respiração celular? Segundo Lavoisier, a respiração celular é a tocha da vida, uma vez que os seres vivos realizam a combustão lenta de carbono e de hidrogênio quando respiram, como ocorre em uma vela, por exemplo. Dessa forma, isso explica o metabolismo celular, que é capaz de converter energia química em outras formas capazes de realizar trabalho e em calor, que, embora não realize trabalho, é liberado para manter a temperatura corporal. 3. Quais os tipos de energia que podemos utilizar e seu uso no nosso organismo? Os seres vivos podem utilizar a energia química para seus diferentes processos metabólicos, como a fermentação lática, por exemplo, a energia luminosa (convertida em energia química na visão), a energia calorífica (não é utilizada para realizar trabalho, mas sim liberada para auxiliar na manutenção da temperatura corporal), a energia mecânica (movimentos) e a energia elétrica (proveniente da respiração celular, por exemplo, a qual é uma reação de oxirredução e libera elétrons). 4. Escrever o significado dos símbolos: G, H e S. Escrever a equação que relaciona estes símbolos. O símbolo G é a variação da energia livre. Ele expressa a quantidade de energia capaz de realizar trabalho durante uma reação a temperatura e pressão constantes. Quando o valor é positivo, a reação é endergônica, pois precisa absorver energia para prosseguir. Se, além de ser positivo, o valor for de grande magnitude, há pouca ou nenhuma probabilidade de ocorrer a reação. Quando o valor é negativo, a reação é exergônica; quando o valor é negativo e de grande magnitude, a reação prossegue quase até o fim e é irreversível e, quando o valor é nulo, o sistema está em equilíbrio e não acontece alteração global. O símbolo H expressa a variação de entalpia, isto é, a variação de calor que ocorre em uma reação, o que inclui o número e o tipo de ligações químicas nos reagentes e produtos. O valor positivo de H mostra que a reação é endotérmica e o negativo, que é exotérmica (convenção). S é utilizado para tentar quantificar o grau de desordem e de aleatoriedade em um sistema. Se os produtos de uma reação são mais desordenados que os reagentes, a reação acontece com ganho de entropia. Os três símbolos podem ser relacionados pela expressão: 5. O que se entende por Energia Livre de Gibbs (G) e Energia Livre Padrão (G’o)? A Energia Livre de Gibbs, representada pelo símbolo G, expressa a quantidade de energia capaz de realizar trabalho durante uma reação a temperatura e pressão constantes. A partir dessa definição, pode-se estabelecer o símbolo G, que evidencia a variação dessa energia livre. A unidade para essa constante é cal/mol. O símbolo G expressa a energia que as células podem e devem utilizar para realizar trabalho, além de permitir predizer o sentido das reações químicas, a posição de equilíbrio e a quantidade de trabalho que as células podem realizar sob temperatura e pressão constantes. Já a Energia Livre Padrão (G’o) é a mesma variação da Energia Livre de Gibbs, porém em condições consideradas padrão segundo a bioquímica, as quais diferem das condições da física: o pH é 7 e a concentração de moléculas de H2O é de 55, 5 M. Vale lembrar que o símbolo G’º é preferível ao invés do símbolo Gº’. 6. Escrever a equação que relaciona G’° à constante de equilíbrio de uma reação química qualquer em um sistema em equilíbrio e quando não está em equilíbrio. A equação mencionada na situação em que o sistema não está em equilíbrio é: A equação mencionada na situação em que o sistema está em equilíbrio está descrita a seguir. A diferença ocorre, porque G é nulo: 7. O que se entende por reações exergônica e endergônica? As reações exergônicas e endergônicas são aquelas acompanhadas pela perda e pelo ganho, respectivamente, de energia livre em qualquer forma, não necessariamente como calor. Geralmente, ambas as reações estão acopladas, por exemplo, por um mecanismo em que há um composto intermediário de alta energia que serve como transdutor da energia liberada pela reação exergônica para a reação endergônica, a qual precisa absorver tal energia para prosseguir. Portanto, na prática, um processo endergônico não pode existir de forma independente, mas deve ser um componente de um sistema exergônico-endergônico acoplado no qual a alteração líquida global é exergônica 8. Escrever a equação para o cálculo do G’° de uma reação de oxidorredução. Quando o sistema está em equilíbrio e quando não está em equilíbrio. O G’° pode ser relacionado a Eº em uma reação de oxidorredução: Nessa expressão, n representa o número de elétrons transferidos, F é a constante de Faraday, a qual expressa a quantidade de energia elétrica contida em um mol de elétrons, Eº é a diferença entre os potenciais de redução do aceptor de elétrons (agente oxidante) e do doador de elétrons (agente redutor) e G’º é a variação de energia livre padrão. Nesse mesmo tipo de reação, pode-se relacionar o potencial de redução padrão (Eº) ao potencial de redução real (E): Em que T é a temperatura e ln é o logaritmo neperiano. 9. Escrever a equação para o cálculo do G’° para o transporte de substâncias com e sem carga, através de uma membrana. Para substâncias sem carga através de uma membrana, sendo Gt a variação de energia livre do transporte, a equação é: Em que R é a constante universal dos gases, T é a temperatura e ln é o logaritmo neperiano do quociente da divisão entre as concentrações do soluto na região de destino (C2) e na região de origem (C1). Quando o transporte é eletrogênico, isto é, que, por ser de um íon, produz a separação endergônica de cargas positivas e negativas, a equação é a seguinte: Em que Z é a carga do íon, F é a constante de Faraday e ∆ψ é o potencial elétrico transmembrana em volts. 10. O que se ente por Força Eletromotriz - FEM? Qual sua aplicação no nosso organismo? A força eletromotriz é aquela que impulsiona o fluxo de elétrons devido à diferença de afinidade dessas partículas por dois elementos químicos, expressa pelo potencial de redução. No nosso organismo, por exemplo, a glicose é um composto relativamente reduzido, que, conforme é oxidado, os elétrons fluem espontaneamente para o gás oxigênio, que funciona como aceptor. Como o O2 tem mais afinidade de elétrons (muito eletronegativo) que os seus intermediários transportadores, o fluxo é exergônico. A força eletromotriz resultante é utilizada para outras enzimas eproteínas, como as ligadas à membrana interna da mitocôndria, as quais acoplam o fluxo de elétrons à produção de uma diferença de pH transmembrana e de um potencial elétrico. Por conseguinte, a diferença do gradiente de concentração de prótons provoca o movimento deles através da membrana, gerando, assim, a síntese de ATP a partir de ADP e de Pi. 11. Escreva os compostos considerados ricos em energia. E explicar a nível molecular porque estes compostos são denominados de alta energia. Os compostos considerados ricos em energia são os chamados “fosfatos de alta energia”, que apresentam o valor de G’º maior que o do ATP. Em geral, são anidridos, como o 1-fosfato do 1,3-bifosfoglicerato, enolfosfatos, como o fosfoenolpiruvato e fosfoguanidinas, como a creatina-fosfato e a arginina-fosfato (fosfogênios). Outros compostos são os tióis-éster que envolvem a coenzima A, as proteínas carreadoras de acilas, os ésteres de aminoácidos envolvidos na síntese proteica, a S-adenosilmetionina (metionina ativa), a UDPGlc (uridina-difosfato-glicose) e o PRPP (5-fosforribosil-1- pirofosfato). Eles são denominados assim, porque apresentam o grupo fosfato, o qual dá instabilidade à molécula, porém, quando essa parte sofre hidrólise em relação ao restante da cadeia molecular, ocorre liberação de energia. Dessa forma, eles representam compostos de armazenamento de fosfato de alta energia nos tecidos. A creatina-fosfato, por exemplo, é um fosfogênio presente nos espermatozoides, nos músculos esqueléticos e no coração. 12. Citar a substância que a célula utiliza para captar a energia liberada no metabolismo. A substância é o trifosfato de adenosina (ATP). O ATP, um nucleotídeo composto por um nucleosídeo de adenina ligada à ribose associado à três grupos fosfato, atua como a “moeda energética” da célula, transferindo a energia livre derivada das substâncias de maior potencial de energia àquelas de menor potencial de energia. A alta variação de energia livre na hidrólise do ATP se deve ao alívio da repulsão de carga dos átomos de oxigênio adjacentes, carregados negativamente, e à estabilização dos produtos de reação, principalmente o fosfato, como híbridos de ressonância, quando ocorre a hidrólise da molécula. PROBLEMAS 1. Para calcular, utiliza-se a seguinte equação: G= Gº= -7300 + 1,987. 298. lnKeq, tal que Keq= (0,25.10−3) (1,65.10−3) (2,25.10−3)(55,5) ≈ 3,3. 10-6 Assim, G= Gº= -7300 + 592,126. ln 3,3.10 -6 = -7300 – 7473,814372 ≈ -14773,81 cal/mol. 2. Como a reação está em equilíbrio, utilizamos a seguinte equação: Então, G’º = - 1,987.298. lnKeq, tal que Keq= (0,029) (0,001) = 29 G’º= - 592,126. ln29 = -592,126.3,3673 ≈ 1993,866 cal/mol 3. a) Para calcular, utiliza-se a seguinte equação: G’º = - 1. 23,063. E’º, em que E’º= -0,163 – (- 0,32) = 0,157 V G’º = - 23,063.0,157= - 3,620891 cal/mol. b) O resultado pode ser obtido com a mesma equação da questão anterior: G’º = - 1.23,063. E’º, em que E’º= 0,816- (-0,32) = 1,136 V G’º = - 1.23,063.1,136 ≈ 26,1996 cal/mol 4. Nesse caso, utiliza-se a equação das substâncias sem carga: Gt= 1,987. 298. ln 10−2 10−4 = 592,126. 4,605 ≈ 2726,74 cal/mol
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