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FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO Norma Sueli Mendes da Silva FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO IMES Instituto Mantenedor de Ensino Superior Metropolitano S/C Ltda. William Oliveira Presidente Reinaldo Borba Diretor de Novos Negócios Jussiara Gonzaga Gerente Técnica do NEaD MATERIAL DIDÁTICO Israel Dantas Coord. de Produção de Material Didático Produção Acadêmica Produção Técnica Norma Sueli Mendes da Silva | Autor(a) Aline Oliveira Moura Santos | Revisão de Texto Imagens Corbis/Image100/Imagemsource © 2016 by IMES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, tampouco poderá ser utilizado qualquer tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem a prévia autorização, por escrito, do Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda. 2016 Direitos exclusivos cedidos ao Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda. SUMÁRIO 1 FILOSOFIA ................................................................................................................................9 1.1 TEMA 1. FILOSOFIA: O QUE É? E PARA QUE SERVE? ........................................................................12 1.1.1 CONTEÚDO 1. Os períodos da filosofia grega e seus principais representantes – Sócrates, Platão e Aristóteles ......... ......................................................................................................................12 1.1.2 CONTEÚDO 2. A razão x dogmatização do saber ........................................................................18 1.1.3 CONTEÚDO 3. A filosofia e os paradigmas da sociedade moderna ............................................20 1.1.4 CONTEÚDO 4. Filosofia e os novos paradigmas educacionais do século XXI ..............................26 ESTUDOS DE CASO..................................................................................................................................33 EXERCÍCIOS PROPOSTOS ........................................................................................................................35 1.2 TEMA 2. FILOSOFIA E SEU CARÁTER INTERDISCIPLINAR ..................................................................40 1.2.1 CONTEÚDO 1. Fundamentos propedêuticos da lógica formal, moderna e dialética .................40 1.2.2 CONTEÚDO 2. Fundamentos da filosofia política ........................................................................44 1.2.3 CONTEÚDO 3. Temas filosóficos no cenário contemporâneo das CTS ........................................53 1.2.4 CONTEÚDO 4. Importância do estudo de filosofia para o desenvolvimento humano ...............59 ESTUDO DE CASO ...................................................................................................................................63 EXERCÍCIOS PROPOSTOS ........................................................................................................................64 2 ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO .................................................................................. 69 2.1 TEMA 3. UM ESTUDO SOBRE ÉTICA E MORAL .................................................................................72 2.1.1 CONTEÚDO 1. Pressupostos básicos da ética – percorrendo a linha do tempo das escolas éticas fundamentais: da antiguidade aos dias atuais...........................................................................72 2.1.2 CONTEÚDO 2. Éticas deontológicas. Éticas consequencialistas e códigos de éticas profissionais79 2.1.3 CONTEÚDO 3. Ética, trabalho, cidadania e direitos humanos .....................................................83 2.1.4 CONTEÚDO 4. Ética: uma ferramenta para o desenvolvimento humano ...................................92 ESTUDO DE CASO ...................................................................................................................................97 EXERCÍCIOS PROPOSTOS ........................................................................................................................99 2.2 TEMA 4. Um estudo sobre desenvolvimento humano .................................................................103 2.2.1 CONTEÚDO 1. O que é desenvolvimento humano? Reflexões sobre as teorias do desenvolvimento humano ..................................................................................................................103 2.2.2 CONTEÚDO 2. A importância da valorização humana na sociedade e no âmbito profissional108 2.2.3 CONTEÚDO 3. Índices de desenvolvimento humano no Brasil e no mundo ............................113 2.2.4 CONTEÚDO 4. Gestão do desenvolvimento humano e a responsabilidade socioambiental ...117 ESTUDO DE CASO .................................................................................................................................121 EXERCÍCIOS PROPOSTOS ......................................................................................................................123 GABARITO DAS QUESTÕES......................................................................................................... 128 GLOSSÁRIO ............................................................................................................................... 129 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 133 APRESENTAÇÃO Caro (a) Estudante, Este é o seu livro didático da disciplina de Filosofia, Ética e Desenvolvimento Humano. Ele participará de sua trajetória acadêmica e se constituirá como uma importante ferramenta para a sua formação, considerando que ela, a filosofia, conhecida como “ciência mãe”, é, em especial, a base do saber enquanto busca refletir sobre o ser, o ente, os fenômenos de um mo- do geral, bem como passeia de mãos dadas com outras esferas do saber humano, como: histó- ria, política, cultura, religião, ciência, etc. devido ao seu caráter interdisciplinar. Neste livro didático há uma preocupação em discorrer dialogicamente saberes que valo- rizem a construção dos conhecimentos, bem como a dimensão histórica da disciplina de ma- neira contextualizada, ou seja, numa linguagem que aproxime esses saberes da sua realidade. Para tanto, elegemos dois blocos temáticos com a intenção de promover discussões que possam contribuir com sua formação profissional e humana numa perspectiva multireferenci- al. Este livro não tem a pretensão de esgotar todos os conteúdos da Filosofia, da Ética e do Desenvolvimento Humano, mas discutir a realidade em diferentes perspectivas de análise; levar você a uma reflexão que lhe motive questionar para compreender e (res) significar o mundo da vida e do trabalho. Além disso, os conteúdos aqui presentes são algumas aborda- gens instigantes e interessantes dos conteúdos inesgotáveis dessas áreas do saber humano. Costumamos ouvir que o que muda o mundo não são as respostas e sim as perguntas; assim, desde já, devemos nos questionar: como pretendemos construir e desenvolver conhe- cimentos necessários para uma formação cidadã e profissional exitosa? Apreenda, reflita, transforme e compartilhe suas leituras! Boas reflexões e aprendizagens significativas nos seus estudos. Profª Mestra Norma Sueli Mendes da Silva 1 FILOSOFIA BLOCO TEMÁTICO FILOSOFIA Neste bloco temático intituladode Filosofia, estudaremos reflexivamente e indagativa- mente pressupostos básicos sobre os fundamentos filosóficos, bem como procuraremos levar você a refletir criticamente acerca do objeto e da finalidade da Filosofia enquanto área do sa- ber humano que tem como princípio básico ampliar a sua visão de mundo numa constante postura de lhe instigar a buscar saber o que? E para que? Dos seres, dos fenômenos, dos entes e de tudo que se refere aos seres humanos e suas esferas dos saberes, onde estaremos dando destaque para algumas das suas mais importantes discussões, para que você possa conhecer e/ou ampliar os seus conhecimentos sobre a origem e evolução do pensamento filosófico des- de os períodos clássicos aos períodos contemporâneos acerca dos fundamentos norteadores da construção do pensar humano. Temos, portanto, dois temas para amplas e deleitosas análises críticas e reflexivas: Tema 1 que problematiza sobre o que é e para que serve a filosofia? E o Tema 2, que discute sobre seu caráter interdisciplinar. É importante enfatizar que tal trajetória do pensamento humano sobre a Filosofia não estará sendo ilustrado desassociado das demais áreas do conhecimento, uma vez que o caráter interdisciplinar é próprio dessa disciplina. Realizaremos uma ampla abordagem sobre os fun- damentos filosóficos e suas relações com a educação, profissão, ética e desenvolvimento hu- mano de um modo geral, considerando, também, a cultura e a história. Cabe evidenciar que levamos em consideração os aspectos conceituais que contribuíram no processo educacional ao longo da nossa historicidade e que se encontram refletidos no cenário contemporâneo que requer posturas compatíveis com os desafios educacionais do século XXI apontados pela United Nation Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas) – UNESCO, Delors (2004), através seu relatório que explicita os indicadores da educação do novo século. Esperamos que você possa transitar neste bloco temático de forma interessada e que ele lhe possibilite alçar voos de aprendizagens significativas e análises importantes para transfor- mar e (res) significar conhecimentos que lhe remeta a uma práxis educativa e de formação 11 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO profissional expressiva para o exercício da cidadania e do percurso profissional de excelência, considerando que a Filosofia tem como adjetivação ser a ciência mãe, além de propiciar o de- senvolvimento intelectual e moral no exercício da formação profissional crítica e reflexiva, conforme o cenário social e profissional da atualidade. 1.1 TEMA 1. FILOSOFIA: O QUE É? E PARA QUE SERVE? 1.1.1 CONTEÚDO 1. OS PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA E SEUS PRINCIPAIS REPRESENTANTES – SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES. Considerando os estudos sobre os primórdios da Filosofia, seus pressupostos básicos, verificamos na história do pensamento que a filosofia surge na Grécia por volta dos séculos VII, VI, V a.C. conforme condições da transitoriedade de uma concepção mitológica à uma concepção racional, considerando os fatores presentes com o advento da polis grega, tais co- mo, surgimento da política, comércio, moeda, escrita, calendário, sobretudo, a efervescência artística e intelectual com a instauração do processo de construção da cidadania, onde tais fatores contribuíram com o amadurecimento que propiciou novas posturas na forma de pen- sar e agir social. Desta forma, temos uma periodização da história da Grécia na Antiguidade Clássica, onde a Filosofia originária se constituiu como uma cosmologia – considerada como primeiro período – cosmológico ou pré-socrático, cuja finalidade era investigar a arché, a origem e o devir sobre os seres; período que teve como representantes: os filósofos da natureza ou como conhecidos – filósofos da physis, como por exemplo, Tales de Mileto (623-546 a.C), a quem costuma-se considerar como primeiro filósofo grego – Pai da Filosofia; como outros tão im- portantes, como: Pitágoras de Samos – considerado o Pai da Matemática, Heráclito de Éfesos, Parmênides de Eleia, Hipócrates – O Pai da Medicina, dentre outros importantes representan- tes desse período em que o foco principal era o estudo da natureza através dos seus elementos principais como água, terra, fogo e ar, até o filósofo considerado como divisor de águas da Filosofia, Sócrates. Vale salientar que tais investigações se deram em Escolas filosóficas que desenvolviam pesquisas com base em conhecimentos da geometria, física, matemática, medicina, astrono- mia, astrologia, música, arte, etc., temos como destaque as escolas: Jônica, Itálica, Eleática, Atomística, Eclética. 12 NORMA SUELI MENDES DA SILVA O filósofo Sócrates, nascido na cidade de Atenas por volta de 470-469 a.C. é considerado um marco para a filosofia ocidental. Seu pai era um escultor, chamado de Sofrônico. Não gozava de uma posi- ção social aristocrática. Sua filosofia teve influência do filósofo Anaxágoras, importante pensador pré-socrático. Sócrates pregou sua filosofia nas ágoras atenienses para jovens pertencentes a aristocracia, como por exemplo Platão. Discorria so- bre o processo do autoconhecimento, inspirado na máxima que dizia: Homem conhece-te a ti mesmo, possuía intenso carisma e conseguia atrair para perto de si os jovens atenienses, inte- ressados em expandir a sabedoria. Estudioso da alma humana defendia a tese da imortalidade da alma, e, consequentemen- te, das subjetividades que contemplassem valores morais e éticos em prol da cidadania com responsabilidade. Também expunha a crença em um único Deus, motivos pelos quais foi mal visto pela classe dominante da época que o acusara de “corruptor da juventude” e “descrença nos deuses da cidade”, levando-o a condenação por tais posicionamentos que se constituíram em crimes para época, culminando na sua morte por envenenamento ao ingerir, obrigatoriamente, a bebida mortífera denominada de cicuta. Sócrates foi o primeiro dos três grandes filósofos gregos que estabeleceram as bases do pensamento ocidental (os outros dois foram Platão e Aristóteles). Como explanado anterior- mente, Sócrates nasceu em Atenas por volta do ano 470 a.C. e, de acordo com o romano Cíce- ro, "fez com que a filosofia descesse dos céus para a terra". O filósofo Sócrates foi responsável pela transição do período cosmológico onde as dis- cussões giravam em torno da origem do ser, para o período histórico da Grécia antiga, deno- minado de Período Antropológico. O período histórico da Filosofia, conhecido como Período Antropológico é também de- nominado de Período Socrático, devido ao trabalho desenvolvido por Sócrates que se consti- tuiu como um filósofo demarcador do que hoje conhecemos como Filosofia pré-socrática e/ou Filosofia Pós-socrática considerando que o pensador Sócrates foi e continua sendo um divisor de águas da Filosofia. Seu método filosófico era desenvolvido através diálogos críticos com seus interlocutores, compreendidos em duas etapas denominadas de ironia e maiêutica. A ironia socrática consistia em fazer perguntas, interrogava seus interlocutores sobre o que afirmavam, pensavam saber, como por exemplo: O que é o bem? A justiça? Ao longo do diálogo, Sócrates atacava de forma implacável as respostas dadas com o fim de exaurir alguns dos vícios de seus discípulos, tais como a arrogância e a presunção do saber, das afirmações, 13 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO porque para o Filósofo a primeira virtude de um sábio é reconhecer sua própria ignorância. Por isso dizia Sócrates “só sei que nada sei”. A ironia socrática auxiliava seus discípulos a res- significação das afirmações, evidenciarem as suas contradições e ignorâncias, levando-os a tomarem consciências dassuas respostas. No seu julgamento lhe foi permitido se exilar de Atenas, mas Sócrates não aceitou, pois acreditava que, se aceitasse, seria como reconhecer que de fato cometera tais crimes na cidade. Desta maneira, com parcimônia diante da morte, Sócrates dirige-se aos seus discípulos, com as seguintes palavras: Estás enganado, se pensas que um homem de bem deve ficar pensan- do, ao praticar seus atos, sobre as possibilidades de vida e morte. O homem de valor moral deve considerar apenas, em seus atos, se eles são justos e in- justos, corajosos ou covardes (PLATÃO, Apologia de Sócrates, p.80) Já o Filósofo Platão nasceu em Atenas por volta de 427/28 a.C, e morreu por volta de 347 a.C. Foi o principal discípulo de Sócrates e sua visão de mundo é considerada dicotômica ou dual. Para Platão existem dois mundos, os quais são denominados de mundo inteligível e mundo sensível. Donde o primeiro é tido como o mundo perfeito, da essência, onde se encon- tram os conceitos, os conhecimentos matemáticos, as ideias, enquanto que o segundo – o mundo das formas imperfeitas, das cópias, das sombras, dos objetos sensíveis, da ilusão. Para o Filósofo Platão, o processo do conhecimento se dá por via progressiva do mundo sensível das aparências para o mundo das ideias, das essências. Nesta perspectiva, sua concepção filo- sófica é denominada de Teoria das Ideias. O seu verdadeiro nome era Aristocles, pois o termo Platão, em grego, significa “de om- bros largos”. Pertencia a classe aristocrática e fundou sua escola filosófica em Atenas chamada de Academia, considerada como uma das primeiras instituições do ensino superior, também voltada para a formação política. A escola filosófica Academia teve este nome por ter sido construída nos jardins constru- ídos por Academus – herói ateniense da Guerra de Troia. O pensamento de Platão pode ser refletido através dos seus escritos filosóficos transmi- tidos pelos interlocutores dos diálogos contidos nas suas obras, tendo como principal interlo- cutor o seu mestre Sócrates. Com relação ao método dialético platônico, importa considerar que o conhecimento pa- ra ser autêntico, deve suplantar a doxa (opinião em grego) que, também, representa o conhe- cimento, mas não na dimensão metódica. Para Platão, para adentrarmos no mundo das ideias se faz necessário o uso do conheci- mento racional, científico ou filosófico. 14 NORMA SUELI MENDES DA SILVA [...] a técnica da investigação conjunta, feita através da colaboração de duas ou mais pessoas, segundo o procedimento socrático de perguntar e res- ponder. O ponto mais alto a que pode chegar à investigação conjunta e com- põe-se de dois momentos: a) o primeiro consiste em remeter as coisas dis- persas para uma ideia única e em definir essa ideia de tal modo que possa ser comunicada a todos. B) o procedimento da divisão consiste “em poder divi- dir de novo a ideia em suas espécies, seguindo suas interações naturais e evi- tando fragmentar suas partes como faria um trinchador canhestro” (Fed. 265 c apud ABBAGNANO, 2003, p. 269) Com relação às principais obras escritas por Platão podemos citar: O Baquete, A Repú- blica, Fredo, Fédon, Apologia de Sócrates, Leis, Mênon, Górgias, Teeteto, Críton, Timeu, den- tre outras. IMAGEM 3- PLATÃO E SÓCRATES (Fonte: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?hl=ptBR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1024&bih=643&q=plat%C3%A3o+e+arist%C3%B3 te- les&oq=plat%C3%A3o+e+arist&gs_l=img.1.0.0i19j0i30i19.2968.6403.0.8342.14.10.0.4.4.0.186.1338.0j9.9.0....0...1ac.1.64.img..1.13.1351. aZ0cR-pJj78#imgrc=1lW8Uz2Ze9QtSM%3A>) O Filósofo Aristóteles da cidade de Estagira, na Macedônia, viveu por volta do período 384 a.C, – 322 a.C., integra o tripé clássico da Filosofia juntamente com Platão e Sócrates. Co- nhecido como discípulo dissidente das ideias filosóficas do seu mestre, o Filósofo Platão. Filho de médico, seu pai chamava-se Nicômaco e foi médico do rei da Macedônia. O pe- ríodo filosófico da sua atuação é conhecido como aristotélico e/ou sistemático porque muito contribuiu com a organização, com a sistematização do conhecimento grego da época antiga e que repercutiu ao longo de todos os tempos, inclusive em nossa atualidade. Aos dezoito anos, Aristóteles, saiu de sua cidade natal, Estagira, para ingressar nos estu- dos da escola filosófica de Platão, a Academia, localizada em Atenas, permanecendo por lá ao longo de toda sua mocidade. O Filosofo Aristóteles tinha total dedicação pelos estudos e com a morte de Platão pre- tendeu ocupar o cargo de direção da Academia, contudo por ser estrangeiro terminou sendo 15 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO impedido pelas normas vigentes em Atenas com relação aos metecos de ocupar tal cargo o que o desgostara e, decepcionado, resolveu retirar-se da cidade partindo para Assos, na Mís- sia, Ásia Menor onde permaneceu por mais de vinte anos e, pouco tempo depois convidado pelo rei da Macedônia – Felipe II, para ser o preceptor de seu filho Alexandre, o qual se tor- nou o rei da Macedônia, por volta do ano 340 a.C. Época em que Aristóteles retorna para Ate- nas. Em Atenas, o estagirita fundou a sua própria escola filosófica chamada de Liceu em homenagem ao deus Apolo Lício. Neste estabelecimento de ensino permaneceu por um bom período. Em seguida, deixou mais uma vez Atenas por conta do seu estreito vínculo com a corte macedônica, já que em Atenas o sentimento antimacedônico soava muito forte neste período em torno de 335 a.C. Como já comentado anteriormente, a primeira sistematização do saber fora realizada por Aristóteles que deixou um legado singular neste aspecto. Fundador da lógica formal ou aristotélica, a qual o mesmo denominou de o conhecimento formal, dividiu as ciências em ciências práticas e ciências teoréticas. Criou a lógica denominando-a assim como um instru- mento para o pensar de forma coerente. Aristóteles muito contribuiu com o pensamento filosófico e científico ao longo de todos os tempos e até hoje sua influência é muito significativa. Ao inventar a lógica, ele cria a pro- posição ou assertiva e elabora um legado de categorizações de palavras para auxiliar no meca- nismo lógico do raciocínio, tais como: finalidade, qualidade, quantidade, substância, essência, matéria, forma, ato, potência, acidente, dentre outras. Também é atribuída ao filósofo a pri- meira divisão dos seres vivos, devido a sua dedicação aos estudos e investigações na biologia. Para o Filósofo Aristóteles a finalidade do ser humano é a busca pela felicidade e para tal necessita estar vinculado a sua essência, a sua razão que significava a consciência reflexiva. Para tal precisa cultivar a virtude, a justa medida do equilíbrio entre a falta e o excesso. Assim, o Filósofo define o homem como ser racional e considera a atividade racional como sendo o ato de pensar. [...] a felicidade também deve ser partilhada por grande número de pessoas, pois quem quer que não esteja mutilado em sua capacidade para a virtude pode conquista-la por meio de um certo tipo de estudo e esforço. Mas se é preferível ser feliz dessa forma a sê-lo por acaso, é razoável supor que seja assim que se atinge a felicidade, já que tudo aquilo que ocorre por natureza é tão bom quanto poderia ser, e do mesmo modo acontece com o que depende da arte ou de qualquer causa racional, sobretudo se depende da melhor de todas as causas, Confiar ao acaso o que há de melhor de todas as causas. Confiar ao acaso o que há de melhor e de mais nobre seria um com- 16 NORMA SUELI MENDES DA SILVA pleto contrassenso. (COLEÇÃO A OBRA PRIMA DE CADA AUTOR - ARISTÓTELES, 2010, p. 9). Importante você compreender que o Filósofo Aristóteles muito contribuiu no âmbito das discussões e teorizações sobre a Política. Vale destacar que a sua obra Políticaé considera- do como o primeiro Tratado da área. Desta forma, destacamos em Aristóteles a sua tese de que, o homem é um animal políti- co por natureza, cuja máxima continua sendo refletida nos dias atuais considerando que a categoria política é uma derivação da palavra grega polis, cidades-estados (autônomas) e que toda atividade humana se constitui em atividade política. Sendo assim, caracterizam-se como ações políticas todas as atividades que estão inseri- das, vivenciadas, no âmbito das atuações na cidade, como por exemplo estudar, transitar, pa- gar uma conta, realizar compras, etc. Daí o processo de construção da cidadania perpassar o exercício do cumprimento dos deveres para assegurar-se da obtenção das garantias dos direi- tos sociais, políticos e civis. Por ora, tais conteúdos merecem uma profunda análise da sua parte, considerando que esses períodos históricos compreendem os fundamentos do pensamento clássico da filosofia grega, cujos períodos respectivos foram: Pré-socrático – representado pelos filósofos da natu- reza ou da physys; Período Antropológico ou Socrático que teve como representante o pró- prio Sócrates, apresentado principalmente pelo seu discípulo Platão e que teve, como foco principal, o autoconhecimento; Período Sistemático ou Aristotélico, cujo representante – Aristóteles – fundador da lógica formal, elaborou a primeira sistematização do conhecimento humano. Deste modo, mergulhar nesses conhecimentos se constitui um verdadeiro bálsamo para alma, bem como auxilia na ampliação dos seus conhecimentos sobre a disciplina, consideran- do seus fins para o processo da sua formação cidadã de maneira crítica e participativa. 17 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO 1.1.2 CONTEÚDO 2. A RAZÃO X DOGMATIZAÇÃO DO SABER IMAGEM 4 - FILOSOFIA MEDIEVAL (Fonte: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=escolas+pr%C3%A9socr%C3%A1ticas&biw=1024&bih=643&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2 &ved=0CAcQ_AUoAmoVChMIwMTaknHyAIVSZOQCh0Caw7U&dpr=1#tbm=isch&q=filosofia+medieval&imgrc=Ob1Ucv1P2URIxM%3A>) A Filosofia no período medieval compreende vai do século VIII ao século XIV e passou por um processo de submissão religiosa, considerando a superioridade dos dogmas engendra- dos pelos principais representantes da Igreja Católica. Em um contexto histórico e político a Idade Média foi considerada por muitos estudio- sos como também, “Idade das Trevas”. Isto se deu devido ao processo de supremacia de poder econômico, político e ideológico da Igreja e do apoucamento do conhecimento filosófico ge- nuíno. O conhecimento humano, ao longo de todos os períodos da nossa história esteve em mãos de classe sociais dominantes. Assim, chamamos a atenção para a célebre frase do Filóso- fo moderno, Francis Bacon (1561-1626) que diz, saber é poder que retrata bastante tal aspecto em sua obra, Novum Organum, BACON (1999). Desta forma, o período medieval foi movido pela dogmatização do saber cuja razão filo- sófica ficou submetida a esta dimensão ideológica-política catolicista que empreendeu poder de vida e de morte quando ocorria alguma contestação quanto ao status quo em vigor. Para tal, existia nas hierarquias clericais o Tribunal da Santa Inquisição para julgamentos e conde- nações quando porventura fosse pertinente. Foi neste período que o cientista Copérnico investigou sobre o heliocentrismo e Galileu Galilei divulgou tal concepção que para época foi considerado como uma heresia, já que ia de encontro a visão de mundo que vigorava neste período, que era o geocentrismo que tinha co- mo princípio a Terra como centro do universo e logicamente como representante legal de Deus no mundo a própria Igreja Católica. 18 NORMA SUELI MENDES DA SILVA Galileu Galilei, também cientista, foi levado para ser julgado junto ao Tribunal da Santa Inquisição, e embora sua vida fosse poupada, o mesmo teve que se retratar e desmentir a sua divulgação, mas sofreu torturas e ficou preso por um determinado período. Desta forma, cabe salientar que a dimensão filosófica do saber ficou à cargo dos padres da Igreja Católica, tendo sido desenvolvido muitos estudos dos filósofos clássicos, sobretudo Platão, através de Santo Agostinho e Aristóteles através de Tomás de Aquino, grandes estudi- osos medievais, que em muito contribuíram para o processo educacional da época que com- preendeu o período que vai do século VIII ao século XIV. Vejamos no quadro a seguir alguns importantes detalhamentos sobre as concepções do saber filosófico à luz dos referenciais cató- licos desta época. A Idade Média surge na história como resultado de três essenciais fatores determinantes acuando em convergência: o arruinamento do mundo clássico antigo, a barbarização do espa- ço europeu e o advento e difusão do Cristianismo. Essa convergência dá-se ao longo dos pri- meiros séculos da chamada era cristã, mas acentua-se e torna-se determinante no século V. Estes fatores permitem compreender o rosto característico da civilização e da cultura medie- vais, designadamente no que diz respeito ao pensamento aí produzido, dogmatizado, subme- tendo a razão ao poder clerical vigente. Faz-se importante enfatizar que neste período muito se produziu de conhecimento, con- tudo de forma oculta, já que se constituíam em heresia quaisquer contestações quanto aos dogmas existentes e mantidos como verdades reveladas. Deste modo, a razão é submetida a tais concepções sendo, portanto, necessária o seu uso tão somente para professar a fé. Sobre esta questão vejamos a reflexão a seguir. [...] toda investigação filosófica ou científica não poderia, de modo algum, contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica. Segundo essa orientação, os filósofos não precisavam se dedicar à busca da verdade, pois ela já havia sido revelada por Deus aos homens. Restava-lhes, apenas, demonstrar racio- nalmente as verdades da fé. [...]. [...] Eram os religiosos que desprezavam a filosofia grega, sobretudo porque viam nessa forma pagã de pensamento uma porta aberta para o pecado, a dúvida, o descaminho e a heresia. (COTRIM, 1999, p. 127). Por outro lado, alguns dos religiosos, teólogos estudaram Filosofia e, como já evidenci- amos anteriormente, contribuíram sobremaneira com a dimensão do saber e da educação ao longo deste período que também foi considerado um período fértil de conhecimentos científi- cos significativos para este importante período histórico em que paradoxalmente foi um perí- odo de significativas investigações científicas, religiosas e filosóficas. 19 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO Tais dimensões da busca pelo saber são importantes para que você, estudante, possa ve- rificar todo processo histórico-filosófico do conhecimento e seus entraves nas dimensões das esferas do poder ao longo da Idade Média. Buscando compreender como tais questões conti- nuam influenciando os modos do sentir, pensar e agir da sociedade moderna e contemporâ- nea respectivamente, considerando os valores éticos, morais, políticos dentre outros que per- meiam nossa cultura de um modo geral. Assim, vale a pena pesquisar e analisar para melhor compreender o mundo, a sociedade e a si mesmo (a) como parte integrante na construção do saber. 1.1.3 CONTEÚDO 3. A FILOSOFIA E OS PARADIGMAS DA SOCIEDADE MODERNA IMAGEM 5 – FILOSOFIA MODERNA (Fonte: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?hl=ptBR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1024&bih=643&q=filosofia+moderna&oq=filosofi a+moderna&gs_l=img.120i30l10.2409.6628.0.9017.17.15.0.2.2.0.175.1683.0j12.12.0.0.1ac.1.64.img..3.14.1696.jaHdzai2TuA#imgrc=UU WwW_lp9fTsgM%3A>) Os séculos XV e XVI denotam o período de rupturas e/ou de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, onde muitas mudanças ocorreram para se resgatar os valores da razão e reflexãosurgidos no período clássico da antiguidade grega. Assim, após este período transitório, temos os séculos XVII e XVIII como períodos importantíssimos para o conheci- mento e desenvolvimento científico. Se no período medieval o conhecimento racional foi substituído pelo conhecimento dogmático, na modernidade a grande questão foi a busca de desvelar sobre como se dá a apre- ensão do conhecimento humano e, para tanto, grandes debates se deram no sentido de se veri- ficar se conhecimento era construído internamente ou se o homem era uma tábula rasa e, por- tanto, sem nenhum dado impresso ao seu nascimento. 20 NORMA SUELI MENDES DA SILVA Temos duas principais correntes filosóficas deste período: uma francesa e outra inglesa que têm como representantes os Filósofos René Descartes, que por sinal é considerado o pai da Filosofia Moderna onde o mesmo defendeu a Tese conhecida como Inatismo ou Raciona- lismo versus a Tese defendida por John Locke conhecida como Empirismo. Neste sentido o conhecimento é problematizado, pelos grandes estudiosos deste perío- do, bem como as questões gerais têm como centro de discussão a valorização do homem como foco principal, constituindo-se a Idade Moderna como um movimento filosófico, científico humanístico, já que ocorreu uma ruptura com a tradição cristã medieval dogmática teológica. Esta valorização do homem deu lugar ao fenômeno histórico por nós já muitas vezes es- tudado ao longo da nossa educação básica junto às disciplinas de História e Filosofia o qual denominamos de Humanismo Renascentista, que culminou em uma valorização junto às artes onde a dimensionalidade dá lugar à tridimensionalidade como altura, largura profundidade, bem como valorização dos movimentos, das possibilidades de transformações do homem, reflexões sobre a liberdade, criatividade, dentre outras mudanças. A Idade Moderna se configura como a era das grandes mudanças, como por exemplo, o renascimento cultural e científico. Também a descoberta das Américas, conhecidas como No- vo Mundo, através das Grandes Navegações empreendidas pelos europeus. A revolução científica constituiu o ponto de partida para os avanços das pesquisas cien- tíficas, bem como na cura de doenças. Lembremos sobre Nicolau Copérnico que nos idos do século XVI defendeu a concepção heliocêntrica em que a Terra girava em torno do Sol, rom- pendo com o sistema geocêntrico de Ptolomeu (sec.II) e inspirado em Aristóteles. Na dimensão religiosa temos a Revolução Protestante com Martin Lutero que contesta a autoridade da Igreja marcada pela corrupção e passa a valorizar a consciência individual de buscar a própria fé, sem ser pela imposição das verdades dogmáticas. Essa nova perspectiva de fé propõe e representa, assim, a defesa da liberdade individual e da consciência em lugar da certeza, valorizando a ideia de que o indivíduo é capaz de refletir e buscar a sua verdade religi- osa. Um dado relevante é que o conhecimento passa a ser um conhecimento laico, onde as pessoas começam a ter a oportunidade de estudar, discernir e se libertar dos dogmas que ain- da se encontravam, impregnados nas pessoas. Importa você refletir o que significa conhecer, para que conhecer, o porquê do conhe- cimento e como podemos conhecer, considerando essas referências estudadas junto a essa disciplina. Vejamos algumas epistemologias chaves dos filósofos que ora se configuraram como renascentistas humanistas. O ponto de partida da filosofia do idealismo moderno, conhecido como racionalismo, que teve René Descartes como seu grande expoente, é o sujeito pensante, suas ideias inatas e não o mundo exterior; já o empirismo dá ênfase ao objeto pensado, ou seja, ao que está exteri- or ao homem. Nesse sentido, para o empirismo o conhecimento ocorre através de duas con- 21 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO cepções básicas: a nossa percepção do mundo externo e o exame interno da nossa atividade mental, a reflexão. Para John Locke (1632-1704 apud COTRIM, 1999, p. 162), “quem não quiser se equivo- car deve construir sua hipótese, derivada da experiência sensível, sobre um fato, e não supor um fato devido a essa hipótese”. Para essa corrente nada existe em nossa mente que não tenha sido adquirido pelos sentidos; experiências sensoriais e das reflexões sobre elas. Outros importantes filósofos empiristas, conforme ilustra Cotrim (1999, p. 164, 165) Gheorge Berkeley (1685-1753), nos diz que “tudo se reduz à mente; Ser é perceber e ser perce- bido”. Conforme David Hume (1711-1776), O costume é, pois, o grande guia da vida humana. É o único princípio que torna útil nossa experiência e nos faz esperar, no futuro, uma série de eventos semelhantes àqueles que apareceram no passado. Para o filósofo alemão Kant (1724-1804) o problema do conhecimento humano é uma das principais questões de importância. Em sua obra, Crítica da Razão Pura, Coleção Os Pen- sadores (1983), ele caracteriza duas formas fundamentais do ato de conhecer: - o conhecimen- to empírico – a posteriori, aquele que se refere aos dados captados pelos sentidos; O conheci- mento puro, a piori, o conhecimento anterior à experiência, uma afirmação que seja universal, como o exemplo clássico das duas linhas paralelas que nunca se encontram que é uma afirma- ção válida que não depende de nenhuma condicionante para tal, portanto, uma afirmação necessária. Para tanto, Cotrim (1999, p. 168) exemplifica que o conhecimento puro acarreta a juízos universais que, por sua vez, são qualificados em dois tipos: “os analíticos – aqueles em que o predicado já está contido no sujeito. Exemplo, “o quadrado tem quatro lados”; os sintéticos – aquele em que o predicado não está contido no sujeito. Exemplo: Os corpos se movimentam”. Desta forma, ao longo de todos os tempos, o problema do conhecimento é debatido dentro da Filosofia tendo como área filosófica dessas reflexões a Teoria do Conhecimento ou Epistemologia – disciplina ou ramo da Filosofia que investiga sobre as origens, natureza e va- lidade do conhecimento enquanto problema de reflexão. IMAGEM 6 – SISTEMA SOLAR NOVO (FONTE: DISPONÍVEL EM: <HTTP://FILES.PROFESSORALEXEINOWATZKI.WEBNODE.COM.BR/200000025-2C3482D2E8/SISTEMA_SOLAR_NOVO.JPG>) 22 NORMA SUELI MENDES DA SILVA Sobre a produção do conhecimento, como já salientado anteriormente, a Idade Moder- na é um período marcado por grandes transformações, considerando que o problema filosófi- co deste período foi se buscar saber da validade do conhecimento a ser alcançado pelo ho- mem. A problemática de se saber se era possível ao ser humano conhecer os dados da realidade, do conhecimento verdadeiro: Como podemos conhecer? O que significa conhecer? O conhecimento ocorre no interior do homem ou com as experiências sensoriais? Tais questi- onamento conduziram a ciência moderna para um patamar de se evidenciar matematicamen- te os dados da realidade última, às grandes revoluções científicas, culturais, religiosas, políticas e econômicas. IMAGEM 7 – RENÉ DESCARTES (Fonte: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/s3wgxI3Q5dM/T6dADpFROI/AAAAAAAAAAg/yTOTu8fFet0/s1600/1807014506.jpg>) John Locke, médico inglês, dizia que o mente hu- mana é uma tábula rasa, um papel em branco sem ne- nhuma ideia previamente escrita e que todas as ideias são adquiridas ao longo da vida mediante o exercício da experiência sensorial e da reflexão. Defendeu que a experiência é a fonte das ideias. De- senvolveu uma corrente denominada Tabula Rasa, onde afirmou que as pessoas desconhecem tudo, mas que através de tentativas e erros aprendem e conquistam experiência. IMAGEM 8 – JOHN LOCKE (FONTE: DISPONÍVEL EM: <HTTP://WWW.GRUPOESCOLAR.COM/A/B/EECB5.JPG>) (FONTE: DISPONÍVEL EM: <HTTP://WWW.SOCIOLOGIA.SEED.PR.GOV.BR/ARQUIVOS/FILE/GRANDES_PENSADORES_EDUCACAO.PDF>) 23 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO IMAGEM 9 – LEONARDO DA VINCI (Fonte: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/dia-mundial-do-desenhista/imagens/dia-do-desenhista-002.jpg>) Leonardo da Vinci (1452-1519) Seus pais eram o notário – hoje conhecido como tabelião – Piero di Antonio da Vinci, e a camponesa Catarina. Assim que nasceu, eles se separaram e seu genitor contraiu ma- trimônio com outra mulher, Albiera di Giovanni Amadori, bem mais nova que ele. Ao completar cinco anos, Leonardo foi retirado da guarda materna e entregue ao pai. Sua infância transcorreu na esfera rural, o que explica seu apego à Natureza. Ele era um aficionado por cavalos, que no futuro se tornariam alvos de suas pesquisas. Aliás, Leo- nardo se transformaria no modelo da educação clássica, resgatada no Renascimento, pois dominava amplas áreas do conhecimento: a anatomia, a engenharia, a matemática, a músi- ca, a história natural, a arquitetura, a escultura, a pintura, e ainda se revelaria um talentoso inventor. Sua produção científica, genial, oculta em rascunhos e codificações, nunca se destaca- ria, como o fez sua obra artística. Este viés criador lhe garantiria fama e recompensas. Em 1469 o artista vai para Florença e aí dá início a sua trajetória na esfera das artes, cursando pintura no atelier do famoso pintor de Florença, Andrea del Verrocchio. [.......................................................................................................................] Em 1482 o artista segue para Milão, e nesta cidade trabalha para Ludovico Sforza, atu- ando como engenheiro, escultor e pintor. Neste período, que tem como limite o ano de 1486, ele empreende uma de suas realizações mais conhecidas, A Virgem dos Rochedos, pintura concebida para um altar. Até 1488 ele se dedica à arquitetura, permanecendo no atelier da Catedral de Milão. Leonardo, antes de voltar para Florença, realiza sua última obra para Sforza, a clássica A Última Ceia. Em 1500, já de regresso à cidade florentina, ingressa em seu estágio mais produtivo na esfera da pintura, compondo neste período sua criação mais célebre e miste- 24 NORMA SUELI MENDES DA SILVA riosa, o retrato da Lisa del Giocondo, cônjuge de Francesco del Giocondo – a famo- sa Mona Lisa. Praticamente na mesma época ele começa a produzir a pintura mural denominada Ba- talha de Anghiari. Em 1516, com a morte de seu mecenas e protetor Giuliano de Médici, Da Vinci passa a atuar junto ao soberano Francisco I da França. O artista morre em terri- tório francês, em 1519, na cidade de Cloux. Seu corpo foi enterrado na Igreja de S. Floren- tino, em Ambroise, posteriormente destruída durante as insurreições ocorridas na Revolução Francesa. (Fonte: Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/davinci/biografia.htm>) Galileu Galilei (1564-1642) – nasceu na Itália e é considerado o fundador da física moderna. Defendeu as explicações do universo a partir da teoria heliocêntrica e rejeitava a física de Aristóteles, adotadas como verdade absoluta pelo cristianismo. Por contrariar essa visão tradicional foi considerado herege. Questiona- va a Bíblia, sendo julgado pelo Tribunal da Inquisição e condenado a fogueira ou a renegar suas concepções científicas. Optou por se retratar, mas continuou fiel às ideias e publicou clandestinamente uma obra que contrariava os dogmas cristãos. IMAGEM 10 - GALILEU GALILEI (Fonte: Disponível em: <http://efisica.if.usp.br/mecanica/curioso/historia/galileu/>) Isaac Newton (1642- 1727) nasceu na Inglaterra, físico e matemático, continuou à re- volução científica que deu origem à física clássica. Fala de um universo ordenado, como uma grande máquina. Além de física, matemática, filosofia e astronomia, estudou também alquimia, astrologia, cabala, magia e teologia, e era um grande co- nhecedor da Bíblia. Considerava que todos esses campos do saber poderiam contribuir para o estudo dos fenômenos naturais. Suas investigações experimentais, acompanhadas de rigorosa descrição matemática, constituíram-se modelo de uma metodologia de inves- tigação para as ciências nos séculos seguintes. IMAGEM 11 – ISAAC NEWTON (Fonte: Disponível em: <http://s28.postimg.org/gfnxsk7fx/isaac_newton.jpg>) (Disponível em: <http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/RISK/sh4/Livro-Scientiarum História IV/Scientiarum>) 25 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO 1.1.4 CONTEÚDO 4. FILOSOFIA E OS NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS DO SÉCULO XXI IMAGEM 12 – NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS (Fonte: Disponível, em: https://www.google.com.br/search?hl=ptBR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1024&bih=643&q=novos+parad%C3%ADgmas+ed ucacio- nais&oq=novos+parad%C3%ADgmas+educacionais&gs_l=img.12...912.8987.0.11069.29.11.0.18.18.0.16>7.1147.0j88001ac.1.64.img..21. 8.1146.QQEh3YimwH8#imgrc=pBKkswncG08TMM%3A>) Passeando, ainda, pelo Bloco temático 1, denominado de Filosofia, cujo tema lhe remete às indagações filosóficas: Filosofia, o que é? Para que serve? Sinta-se convidado a pensar refle- xivamente junto aos mais recentes parâmetros do ensinar e do apreender sobre a Filosofia e os novos paradigmas educacionais. Tais indagações têm como premissa maior levar você a pesquisar, analisar para compre- ender, propor para solucionar, transformar no âmbito da práxis social e profissional os desafi- os educacionais, presentes no novo cenário do século XXI, que se inicia repleto de desafios a serem superados, desde as questões de ordem cognitivas, tecnológicas, econômicas e políticas à questões de ordem sócio ambiental, como a necessidade de se viver de maneira sustentável. Segundo as abordagens trazidas no Relatório da UNESCO para o século XXI – os quatro pilares da educação, DELORS (2004), uma das principais preocupações educacionais é forne- cer os alicerces das competências do futuro, promovendo o desenvolvimento humano. Con- forme esta diretriz, o acúmulo de aquisição do conhecimento por si só não basta, pois nos encontramos em um mundo em constantes transformações exigindo, cada vez mais dos seres humanos, uma maior adaptabilidade que lhe assegure condições favoráveis de vida, assim: [...] a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreen- são; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver jun- tos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; fi- nalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. (DELORS, 2004, p. 89-90). 26 NORMA SUELI MENDES DA SILVA IMAGEM 13 – PILARES EDUCACIONAIS DA UNESCO (Fonte: Disponível em: <https://i0.wp.com/www.joseeduardomattos.com.br/novas_imagens26/jose_eduardo_mattos%2064.jpg>) De certo que todo cidadão necessita, na sua condição de ser humano que age e interage no meio social, sobretudo na esfera das organizações utilizarem-se da liberdade legitimamen- te. A professora Passos (2004, p. 116) traz em suas análises sobre o ser humano nas organiza- ções, considerações relevantes quando enfatiza que “O ser humano precisa de laços com a cultura e com as pessoas, dentro dos princípios harmoniosos da fraternidade e da solidarieda- de, sem restrições de suas dimensões intelectuais, afetivas e de sua liberdade”. Considerando que o nosso foco é auxiliar com a sua formação integral, para construção do sujeito moral que se faz pertinente, concordamos com Severino (2001apud PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p 163) quanto as suas reflexões: ao consolidar a condição humana, contribuindo para a sua integração no universo do trabalho, da sociabilidadee dos símbolos, por uma intencio- nalidade teórica, sendo prática simultaneamente técnica, ética e política. Analisando tais questões enquanto contribuição para o desenvolvimento humano, tendo como uma das vertentes dessa discussão a reflexão sobre valores, atitudes e saberes enquanto eixos norteadores que possam auxiliar para uma ação educativa e ética que possibilite a for- mação integral dos educandos no ensino superior para que, também, atendam às necessidades da sociedade atual. Esse processo de conscientização de valores estreita a ligação entre a instituição educaci- onal e a vida, uma vez que educamos para que se formem pessoas capazes de atuar no mundo eticamente, a partir de critérios e princípios morais que possam estar subjacentes à ação edu- cativa exigindo que se tomem novas posturas. Sendo assim, é importante também não só apontarmos quais são esses valores, saberes e atitudes necessários para a transformação educacional que pretendemos refletir, mas, colocá- los no âmbito dessas discussões de forma que a ação educativa possa contribuir neste proces- so. No ocidente, desde a Antiguidade Grega, o processo educacional já se encontra imbuído de representações que são por nós conhecidas como o processo racional do conhecimento. Vejamos de que forma Tardif (2005, p. 151) aborda essa questão: 27 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO [...] chamamos tradicionalmente de “educação” um processo de formação do ser humano guiado por representações explícitas que exigem uma consciência e um co- nhecimento dos objetivos almejados pelos atores educativos, objetivos esses que são tematizados e explicitados num discurso, numa reflexão ou num saber qualquer. Ainda com relação a esse autor, encontramos em sua reflexão três concepções dominan- tes da prática educativa que continuam influenciando a nossa cultura: a primeira está associa- da à prática educativa da arte; a segunda, diz respeito a uma técnica guiada por valores e a terceira a uma interação. Ele enfatiza que cada uma dessas concepções está baseada em certas representações da relação entre saberes e ações na Educação. Segundo Tardif (2005, p. 151), “[...] essas três concepções [...] não são mutuamente excludentes e todas elas se referem a mo- delos de ação interiores”. Sendo assim, não é concebível pensar uma ação educativa que busque promover a for- mação em prol do desenvolvimento humano e responsabilidade social, sem tecer uma reflexão crítica que possibilite uma revisão das concepções magistrocêntricas da educação frente às necessidades que requerem uma ação alternativa que possa agregar valores humanos. No contexto dos debates atuais, no plano da reflexão internacional, no que tange essas questões, podemos verificar que a UNESC Delors (2004), vem contemplando tais perspecti- vas, segundo as abordagens trazidas em seu relatório para o século XXI onde, uma das princi- pais preocupações educacionais é fornecer as bases das competências do futuro, promovendo o desenvolvimento humano. De acordo com esta diretriz, o acúmulo de aquisição do conhecimento por si só não bas- ta, pois nos encontramos em um mundo em constantes transformações exigindo cada vez mais dos seres humanos uma maior adaptabilidade que possa lhes assegurar condições favo- ráveis de vida. Nesse sentido, observa o Relatório: [...] A educação não pode contentar-se em reunir as pessoas, fazendo-as aderir a va- lores comuns forjados no passado. Deve, também, responder à questão: viver juntos, com que finalidades, para fazer o quê? E dar a cada um, ao longo de toda vida, a ca- pacidade de participar, ativamente, num projeto de sociedade. (DELORS, 2004, p. 91) Uma educação pautada nessas competências é o primeiro passo para nortear o desper- tamento do senso crítico-reflexivo pautado em valores humanos. Trata-se de estarmos sempre em constante busca de aprimoramento e aprofundamento dos saberes que indiquem um pro- fícuo desenvolvimento humano/profissional que atenda as necessidades de usufruir livremen- te o pleno exercício da cidadania, uma vez que a liberdade pressupõe responsabilidade. O presente Relatório vem indicar a necessidade da convivência harmônica como o fim último da educação no século XXI, bem como da necessidade de se reformar a educação em prol de melhorias do sistema educativo atual. Nessa leitura nos é sinalizado que [...] Os rápi- 28 NORMA SUELI MENDES DA SILVA dos progressos da ciência e da tecnologia fizeram de nós membros de uma comunidade mun- dial, habitantes de uma única e mesma “aldeia global”. (DELORS, 2004, p. 253). A presente discussão pretende tecer algumas reflexões sobre as possibilidades pedagógi- cas que deem suporte a essa ação. Assim, na inscrição do Templo de Apolo em Delfos: “[...] homem, conhece-te a ti mesmo!”. É nessa perspectiva que Barreto nos evidencia que [...] essa visão integral pode e deve sustentar uma educação, em que se façam presen- tes, tanto a significação do subjetivo quanto do objetivo; tanto do individual quanto do coletivo [...] Essa visão contempla, pois, o objetivo e o subjetivo [...] e atende à abordagem integral do desenvolvimento humano, que o mundo de hoje demanda (BARRETO, 2005, p.73.). Tal fundamentação está pautada na necessidade de promover ações educacionais que possam dar garantias das condições de equidade educacional, na estimulação do desenvolvi- mento das potencialidades dos educandos possibilitando-os, através da mediação educativa, meios de ações socialmente responsáveis que fortaleçam a autoestima, e enfraqueçam as situa- ções de desigualdade, discriminação e outras vulnerabilidades sociais. Partindo da concepção de que essa ação deve estar imbuída de uma intencionalidade, cujo propósito está inserido numa concepção ético-humanística que possa subsidiar as trans- formações necessárias à sociedade contemporânea, vale ressaltar o que Pimenta (2002) nos evidencia sobre o desenvolvimento profissional dos docentes, considerando que não podemos negligenciar o fato de que devemos observar em nós mesmos a transformação que queremos suscitar em nossa ação de alteridade educativa. Importante você entender que a sociedade contemporânea, de um modo geral, e o mundo do trabalho e das organizações requerem posturas éticas que possam estar contribuin- do com o desenvolvimento humano. O exercício do pensar, nos motiva cada vez mais buscar identificar e compreender as contribuições do ensino de filosofia, para a formação ética e humana dos estudantes, aprofun- dada na ética e responsabilidade social nas organizações, local de atuação dos atuais e futuros profissionais em contínua formação. Para Passos (2004, p. 166) “A responsabilidade social pressupõe uma nova filosofia, uma nova orientação para as organizações produtivas” Nas palavras de Habermas (2003) as ações morais são aquelas que conseguem despren- der-se do mundo ético tradicional e buscam guiar-se por princípios descobertos a partir da reflexão e do questionamento. Ainda segundo Habermas apud Aragão: [...] há três interesses profundamente arraigados na espécie humana, a saber: um interesse técnico, um interesse prático e um interesse emancipató- rio. Esses interesses correspondem aos meios de organização social, respecti- vamente, sobre a forma do trabalho, da linguagem e da dominação. Assim, o 29 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO interesse técnico do predizer ou controlar os acontecimentos no ambiente natural está enraizado na necessidade de sobrevivência material, instrumen- talizada através do trabalho. (ARAGÃO, 2002, p. 82). Estes exemplos ilustram a preocupação dos teóricos e educadores citados, com a garan- tia do respeito dos direitos de todos os seres humanos que prima por uma educação profissio- nal que promova o desenvolvimento humano e a responsabilidade socialatravés da ética, este é o cerne das investigações, produto de uma ação educativa multidisciplinar. A educação deve, portanto, favorecer o processo educativo para a formação humana e profissional dos estudantes, sobretudo no ensino superior, embasados numa ação filosófico- educacional que esteja pautada no que indica a UNESCO (DELORS, 1999), quanto ao apren- der a conhecer, a fazer, a ser e a conviver juntos, somando-se a essas indicações as abordagens aqui evidenciadas, quer sejam nas concepções de formação humana, profissional quanto na dimensão ética. Desta forma, podemos dizer que a Filosofia busca verificar os pressupostos básicos edu- cacionais que se encontram presentes no fazer pedagógico e que, na maioria das vezes, não se encontram explicitados; porém, é inerente a ação educativa, como os pressupostos epistemo- lógicos - presentes nos questionamentos sobre o que é conhecer e/ou como conhecer; os pres- supostos antropológicos cuja indagação é sobre o que é o homem; os pressupostos axiológi- cos, os quais questionam sobre o que são os valores. Tais reflexões fazem parte da ação docente responsável, preocupada em formar humanisticamente e profissionalmente os estu- dantes no âmbito do ensino superior. Contudo, vale ressaltar que tais mudanças, no cenário histórico/econômico, têm refleti- do, também, no mundo do trabalho, aumentando a necessidade de novos investimentos para uma melhor qualificação humano/profissional frente às novas ferramentas tecnológicas. Cientes de que tais questões repercutem no processo de ensino de cada época, uma vez que as abordagens de ensino-aprendizagem terminam sendo influenciadas pelo contexto de mundo vivenciado, pois ao longo da história educacional sempre se buscou uma concepção antropológica de ensino que pudesse estar formando o sujeito que atendesse ao contexto eco- nômico, político e social vigente aos valores, crenças e conhecimentos inerentes ao perfeito funcionamento do sistema em vigor, torna-se imprescindível repensarmos tais questões. O papel da educação contemporânea, nesse contexto, especificamente na formação dos princípios éticos, morais e políticos em todos os níveis da formação como uma das importan- tes bases de sustentação da prática humana na vida em sociedade, reflete, segundo Pena-Vega, Almeida e Petraglia (2003) a gravidade dos efeitos da fragmentação do saber que, também, terminam influenciando o nosso sistema educacional e, consequentemente, as formas de 30 NORMA SUELI MENDES DA SILVA abordagens e apreensão do conhecimento, os quais terminam sendo, também, compartimen- tados. [...] nosso sistema educacional ensinou-nos a isolar os objetos, separar os problemas, analisar, mas não a juntar. [...] A hiperespecialização impede que se veja o global (que ela fragmenta em parcelas), assim como o essencial (que ela dissolve). [...] nenhum problema particular pode ser formulado e pensado corretamente fora do seu contexto, e seu próprio contexto deve ser inserido mais e mais no contexto planetário global. Vimos, particularmente no decorrer dos dez últimos anos, que todos os grandes problemas torna- ram-se planetários: para pensar localmente é preciso também pensar global- mente. (PENA-VEGA; ALMEIDA; PETRAGLIA, 2003, p. 149). IMAGEM 14 – MUNDO GLOBALIZADO (FONTE: DISPONÍVEL EM: <MUNDO GLOBALIZADO DISPONÍVEL EM: HTTP://4.BP.BLOGSPOT.COM/TGTOQYTYV8/UTQMCODIYXI/AAAAAAAAEJ8/P8TVZ9OHO_U/S1600/ID_25078_GLOBALIZACAO.JPG>) Estamos num mundo globalizado e os desafios são bastante crescentes em função das desigualdades sociais que o panorama econômico nos mostra. Estamos com diversos proble- mas que atingem a toda população mundial, exigindo que todos os povos se unam para a bus- ca de soluções emergenciais. Segundo Delors (2004, p. 70) “[...] o modelo de desenvolvimento baseado apenas no crescimento econômico revelou-se profundamente desigual e os ritmos de progressos são muito diferentes segundo os países e as regiões do mundo”. Assim, por exem- plo, temos as oito metas do milênio para buscarmos solucionar e/ou minimizar questões co- mo: AIDS, mortandade infantil, questões de gênero, fome extrema, dentre outros graves pro- blemas que assolam uma grande parcela da humanidade do planeta, exigindo dos países mais desenvolvidos uma tomada de posição para tais questões e dos docentes abordagens teóricas e metodológicas que possam dar conta dos inúmeros desafios e de uma formação acadêmico- profissional voltada para o desenvolvimento humano. A ética contemporânea exige cada vez mais uma ação educacional de formação profissi- onal que possa acompanhar essa crescente evolução tecnológica, necessitando desenvolver 31 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO habilidades e competências dos estudantes para tomada de decisão frente aos desafios e às novas expectativas das organizações que se relacionam com o enfrentamento do mercado glo- balizado e extremamente competitivo, exigindo, cada vez mais e sempre, um desempenho de excelência, posturas flexíveis para uso da criatividade para resolução de problemas. [...] A ética contemporânea surge, igualmente, numa época de contí- nuos progressos científicos e técnicos e de um imenso desenvolvimento das forças produtoras, que acabarão por questionar a própria existência da hu- manidade, dadas a ameaça que seus usos destruidores acarretam. [...] No plano filosófico, a ética contemporânea se apresenta em suas origens como uma reação contra o formalismo e o racionalismo abstrato kantiano, sobre- tudo contra a forma absoluta que este adquire em Hegel. (VÁZQUEZ, 2004, p. 284). Avaliamos a ética como uma das principais dimensões da filosofia, levando-se em conta que, também, se constitui como um dos temas transversais presentes nos Parâmetros Curricu- lares Nacionais - PCN (BRASIL, 2001) atendendo a dimensão requerida para uma educação de formação cidadã de qualidade, uma vez que permeia as ações, pensamentos e atos do viver cotidiano humano quer seja social, interpessoal e/ou profissional. [...] Do ponto de vista dos valores, a ética exprime a maneira como a cultura e a sociedade definem para si mesmas o que julgam ser a violência e o crime, o mal e o vício e, como contrapartida, o que consideram ser o bem e a virtude. Por realizar-se como relação intersubjetiva e social, a ética não é alheia ou indiferente às condições históricas e políticas, econômicas e cultu- rais da ação moral. Consequentemente, embora toda ética seja universal do ponto de vista da sociedade que a institui, está em relação com o tempo e a História, transformando-se para responder a exigências novas da sociedade e da cultura, pois somos seres históricos e culturais e nossa ação se desenrola no tempo. (CHAUÍ, 1995, p. 338) A reflexão ética diz respeito às possibilidades humanas de escolhas e decisões, no senti- do de gerar ações que possam estar embasadas por uma intencionalidade capaz de subsidiar a própria ação profissional de discernir. Desta forma, é na Filosofia que encontramos os funda- mentos éticos ao longo do processo histórico, considerando que a ética interroga sobre a legi- timidade de prática de valores herdados e consagrados pela tradição e costumes. Deste modo, concluímos o bloco temático 1 com as importantes análises educacionais de cunho filosófico, levando em conta que tal fator educacional não pode deixar de participar desse seu novo cenário que traz uma dimensão complexa de saberes, além das muitas trans- formações, aspectos da dimensão humana da ética como fator decisivo de atuação e legitimi- dade discente e docente do cenário educacional profissional do novo século, ante as inovações 32 NORMA SUELI MENDES DA SILVA tecnológicas e, ao mesmo tempo, a inversão dos valores humanos diante desse panorama por você estudado. Vejamos o Tema 2 e suas implicaçõesno que tange nossas expectativas de estudos e as novas reflexões filosóficas. Prossigamos, então! ESTUDOS DE CASO O mito da caverna de Platão, por Marilena Chauí Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro. Entre o mu- ro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixan- do a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nun- ca ter visto o mundo exterior nem a luz do Sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas sombras dos outros e de si mesmos porque estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fo- ra sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pes- soas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulhe- res e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam. Os prisioneiros se comuni- cam, dando nome às coisas que julgam ver (sem vê-las realmente, pois estão na obscurida- de) e imaginam que o que escutam, e que não sabem que são sons vindos de fora, são as vozes das próprias sombras e não dos homens cujas imagens estão projetadas na parede; também imaginam que os sons produzidos pelos artefatos que esses homens carregam nos ombros são vozes de seres reais. Qual é, pois. a situação dessas pessoas aprisionadas? To- mam sombras por realidade, tanto as sombras das coisas e dos homens exteriores como as sombras dos artefatos fabricados por eles. Essa confusão, porém, não tem como causa a natureza dos prisioneiros e sim as condições adversas em que se encontram. Que aconte- ceria se fossem libertados dessa condição de miséria? Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. [. ] Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De início, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstá- culos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica total- mente cego pela luminosidade do Sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. En- 33 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO che-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fo- go que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslum- bramento. Incredulidade porque será obrigado a decidir onde sé encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu. Deslumbramento (literalmente: ferido pela luz) porque seus olhos não conseguem ver com nitidez as coisas iluminadas. Seu pri- meiro impulso é o de retornar à caverna para livrar-se da dor e do espanto, atraído pela es- curidão, que lhe parece mais acolhedora. Além disso, precisa aprender a ver e esse apren- dizado é doloroso, fazendo-o desejar a caverna onde tudo lhe é familiar e conhecido. Sentindo-se sem disposição para regressar à caverna por causa da rudeza do caminho, o prisioneiro permanece no exterior. Aos poucos, habitua-se à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de finalmente ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as suas forças para jamais regressar a ela. No entanto, não pode evitar lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a di- fícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e con- vencê-los a se libertarem também. Que lhe acontece nesse retorno? Os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam faze-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-lo. Mas, quem sabe alguns po- dem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo à reali- dade. Questões-problemas: O que é a caverna? Que são as sombras projetadas no fundo? Que são os grilhões e as correntes? Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O que é a luz do Sol? O quê é o mundo iluminado pelo sol da verdade? Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? (Marilena Chaui - Convite a Filosofia) 34 NORMA SUELI MENDES DA SILVA EXERCÍCIOS PROPOSTOS QUESTÃO 01 A pergunta: o que é o conhecimento? Pode ser refletida, segundo Luckesi e Passos (2002), como: I. A luz do elucidar sobre a realidade, o que tem a ver com inteligibilidade. II. A compreensão / explicação sintética produzida pelo sujeito por meio de um es- forço metodológico. III. A elucidação da realidade que decorre de um esforço de investigação, de um es- forço de descobrir aquilo que está oculto. Das proposições acima está (ao) correta (s): a) I b) I e II c) II e III d) I, II e III e) III QUESTÃO 02 Sobre o conhecimento filosófico, é correto afirmar: a) Esclarece um fato desconhecido e explica de forma narrativa os fundamentos da origem do mundo e da espécie humana, preservando a história das comunidades e suas culturas. b) É subjetivo, permeado de opiniões, emoções e valores, sendo ditado pelas cir- cunstâncias e produzido de maneira casual. c) Pauta-se na capacidade cognitiva do homem, objetivando alcançar a verdade em uma permanente postura de indagação e reflexão. d) É rigoroso e objetivo, pois qualquer inferência acerca da verdade de um fato é au- torizada mediante a realização de experiências e a confirmação empírica das hi- póteses. e) Consiste em dogmatizar reflexivamente a verdade com o fim de evidenciar a rea- lidade dos fatos de maneira especulativa e estável. QUESTÃO 03 Retomando a indagação inicial dos nossos estudos: Para que serve a Filosofia? A filósofa Marilena Chauí reflete que: a) O trabalho das ciências não pressupõe, como condição, o trabalho da Filosofia, mesmo que o cientista seja um filósofo. No entanto, como apenas os cientistas e filósofos sabem disso, o senso comum continua afirmando que a Filosofia não serve para nada. 35 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO b) O senso comum enxerga algo que os cientistas não sabem muito bem. As ciências pretendem ser conhecimentos verdadeiros, obtidos graças a procedimentos rigo- rosos de pensamento; pretendem agir sobre a realidade, através de instrumentos e objetos técnicos, diferente da filosofia que fragmenta o saber e os sujeitos. c) Todo mundo também imagina ver a utilidade das artes, tanto por causa da com- pra e venda das obras de arte, quanto porque nossa cultura vê os artistas como gênios que merecem ser valorizados para o elogio da humanidade. Também, con- segue ver para que serviria a Filosofia, donde dizer-se: serve para evidenciar as coisas míticas. d) As perguntas da Filosofia se dirigem ao próprio pensamento mítico: o que é pen- sar, como é pensar, por que há o pensar? A Filosofia torna-se, então, um pensa- mento interrogando-se a si mesmo de forma dogmática. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a Filosofiase realiza como reflexão teológica ou clerical. e) Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são ques- tões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a Fi- losofia quem as formula e busca respostas para elas. QUESTÃO 04 Para Sócrates, filósofo que representa o marco divisor da Filosofia Clássica, o saber fun- damental consiste sobre: a) O saber que estabelece a existência de uma lei universal e fixa (o Lógos), regedora de todos os acontecimentos particulares e fundamento da harmonia universal, harmonia feita de tensões, "como a do arco e da lira". b) O saber a respeito do homem, daí a sua máxima: "conhece-te a ti mesmo", que se caracteriza como um conhecimento universalmente válido e prático - conhecer para agir retamente. c) O saber que elucida sobre todas as ciências, constituindo algumas desde os pri- meiros fundamentos, organizando outras em corpo coerente de doutrinas e sobre todas espalhando as luzes de sua admirável inteligência. d) O saber do mundo real dos indivíduos e do vir-a-ser que depende do princípio eterno da matéria obscura, que tende para Deus como o imperfeito para o perfei- to; assimilando em parte, a racionalidade de Deus, mas nunca podendo chegar até ele porque dele não deriva. e) O saber que estabelece as bases fundamentais do discurso retórico através das contendas públicas nas ágoras de Atenas, nos idos do século V a.C. conforme re- za os compêndios filosóficos. 36 NORMA SUELI MENDES DA SILVA QUESTÃO SUBJETIVA: Leia o texto apresentado abaixo e responda a questão 05. Para Aristóteles, o fim da atividade humana é a felicidade que é alcançada, não pelo simples prazer das sensações, da vida material ou dado pelas riquezas, mas o prazer proporci- onado pela vida teórica ou contemplação, como atividade humana guiada pelo que há de mais característico e elevado no homem: a razão. Nessa perspectiva sobre a virtude na concepção aristotélica é correto afirmação de que: “0 homem é um animal político por natureza?” 5,1 - ( ) Sim Justificativa ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 5.2 - ( ) Não Justificativa ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ CONSTRUINDO CONHECIMENTO Conhecimento em rede: ECO, Umberto. O Nome da Rosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. O Nome da Rosa [1986]. dialtfortrailers . Análise do Filme: O Nome da Rosa de Jean Jacques Annaud. Disponível em: <https://www.youtube.com/playlist?list=PL8436D399E1A7C0DB> Resenha do Filme “Tróia" Tróia Geovana Alves de Freitas [1] A Guerra de Tróia é um dos acontecimento mais importantes e complexos da mitolo- gia grega. Como todos os mitos gregos, a guerra de Tróia revela a luta do homem para existir ante a face dos deuses. Os deuses castigavam sem piedade os homens que ousassem desafiar seus poderes, ou se pensassem que seriam capazes de viver sem sua proteção. O principal motivo da Guerra de Tróia é o romance entre Helena rainha de Esparta, Filha de Zeus (deus grego) e da deusa Leda, com Páris filho do Rei Primo, que fogem de Esparta, deixando o rei Menelau, marido de Helena irritado, desejoso de vingançaiosoau fu Espar- tae fogem de Esparta, deixando o rei e Leda. 37 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO Por volta do ano 3.200 a.C. o rei Agamenon, com o intuito de expandir seu território e fortificar seu poder, quer guerrear contra o rei de Tróia. No dia do combate, os dois reis chegam a um acordo de que somente dois homens, dos mais fortes, fariam o duelo, evi- tando o sangue de muitos guerreiros. Agamenon pede a Aquiles que lute contra o podero- so guerreiro troiano; e com facilidade, em apenas um golpe, Aquiles põe ao chão o podero- so soldado. Foi feito um acordo de paz entre os dois reinos, de Tróia e Esparta. Depois de muito tempo, Páris, filho mais novo de Primo, rei de Tróia, foi em missão diplomática a Esparta. Enquanto estava lá, Páris se apaixonou por Helena, esposa do rei Menelau, irmão de Agamenon. Páris e Helena fugiram para Tróia. Melenau, desejoso de vingar o feitio do casal, pede a todos os antigos concorrentes, que o ajudem a trazer Helena de volta. A partir de então, colocaram-se a caminho, rumo ao reino de Tróia, e dá-se início a guerra. A guerra de Tróia durou dez anos, com lutas violentas e grandes massacres.faz-se ne- cessário citar o duelo ente Aquiles e Heitor, onde Aquiles vence a batalha e arrasta o corpo de Heitor em volta dos muros de Tróia como se fosse um troféu. Durante a noite o rei Primo, vai até Aquiles e pede que ele o devolva para que se possa fazer um funeral digno e é estabelecido 12 dias de luto. O rei Primo demonstra um profundo respeito pela pessoa humana, ele ensina a seus filhos ao valor da honra, do respeito e da dignidade. Esse pro- fundo respeito pelo outro é manifestado no resgate do corpo de seu filho. Quando o luto chegou ao fim, iniciaram a novamente a guerra. Apesar do grande es- forço dos gregos, eles não conseguiam passar pelos fortificados muros de Tróia. Foi aí que decidiram colocar em prática a idéia de Ulisses, construir um cavalo de madeira, onde pu- desse colocar no seu interios os melhores soldados. Assim aconteceu e entre os bravos guerreiros estava Aquiles, um semi-deus, filho de da deusa Tétis e do humano Peleu. Este cavalo foi abandonado na praia de Tróia, e ao perceber ausencia dos soldados, o rei de Tróia acreditou ser um presente dos deuses, e levou-o para interior dos muros. De madru- gada, enquanto os troianos dormiam, os soldados inimigos invadiram suas casa, extermi- nados quase toda a população, matando seu rei, e colocando fogo na cidade. Porém, nesta batalha, Aquiles recebe uma flexada no calcanhar, disparada por Páris, causando a sua morte. Podemos destacar no decorrer da história a pessoa do rei Primo, que demonstra ser uma pessoa integra e manifesta grandes valores como a honra e o respeito. Esse profundo respeito pelo outro percorre toda a história da filosofia, e é expresso no pensamento de muitos autores como o de Emmanuel Lévinas, pela alteridade, que significa a defesa do ou- tro na sua infinita transcendência, promovendo sua dignidade, e só pode ser o percebido por meio da sensibilidade e não por meio da razão, só assim serei capaz de entrar em sin- tonia com ele e sentir com ele; a esse fenômeno de “sentir com” chamamos compaixão. Colocar-se no lugar dele, é sofrer seu sofrimento, participar de sua alegria, das conquistas, 38 NORMA SUELI MENDES DA SILVA das lutas, dos fracassos. Essa compaixão levará a gestos de ternura, gestos livres e desinte- ressados, servir o outro sem esperar nada em troca. A gratuidade, não visa nada, doação que não espera recompensa, nem mesmo um agradecimento. [1] Graduanda no Curso de Licenciatura em Filosofia na PUCPR. Postado por Geovana Alves Freitas às sexta-feira, março 07, 2008 (FONTE: DISPONÍVEL EM: <HTTP://FREITASPHILOSOPHIA.BLOGSPOT.COM.BR/2008/03/RESENHA-DO-FILME-TRIA.HTML>). Site para pesquisas: <http://www.mundodosfilosofos.com.br/> <filosofiacienciaevida.uol.com.br/> <http://www.filosofia.com.br/> (In)Formação: Para complementar seus estudos: CHAUÍ. Marilena. Convite À Filosofia. 5. ed. São Paulo: Ática, 1995. CORDI, et al. Para Filosofar. São Paulo: Scipione, 2000. COTRIM, Gilberto. Filosofia política. In: Fundamentos
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