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*Quando há fertilização, a 3ª e a 4ª semanas do ciclo menstrual correspondem, respectivamente, à 1ª e à 2ª semanas do desenvolvimento embrionário Terminologia *IDADE GESTACIONAL / IDADE MENSTRUAL: data da última menstruação acrescida de 14 dias *IDADE DE FERTILIZAÇÃO/IDADE EMBRIONÁRIA: idade verdadeira do embrião *CONCEPTO: o que resultou da fertilização (embrião + membranas extraembrionárias) *BLASTÔMERO: primeiras células que resultam da clivagem do zigoto *MÓRULA: estágio do desenvolvimento dos organismos em que as células assumem aparência de “pequena amora” *BLÁSTULA: resultado da clivagem → nos mamíferos é chamada de BLASTOCISTO *DECÍDUA: parte do endométrio que se envolve na gestação (inicia a implantação do blastocisto) Clivagem zigoto → embrião com 2 blastômeros → embrião com 4 blastômeros → embrião com 4 blastômeros → mórula → blástula (blastocisto nos mamíferos) *Independentemente da quantidade células, o tamanho do embrião continua o mesmo → citoplasma fica progressivamente menor → em vez de a célula mãe originar células filhas do mesmo tamanho, estas são progressivamente menores → fase S do ciclo celular não existe (é pulada para a divisão ser mais rápida) *Diferenciação da célula é inversamente proporcional à potencialidade para diferenciação A primeira semana Clivagem do zigoto *A zona pelúcida permanece mesmo havendo clivagem (zigoto começa a se dividir ainda dentro da zona pelúcida) → atua como filtro poroso, pelo qual certas substâncias secretadas pela tuba podem alcançar o embrião → como não possui antígenos de histocompatibilidade (leucócitos humanos), serve como barreira imunológica entre mãe e embrião antigenicamente diferente → impede que os blastômeros em clivagem inicial se desassociem → facilita a diferenciação das células trofoblásticas 1ª e 2ª semanas do Desenvolvimento Embrionário → impede a implantação prematura do embrião em clivagem na parede da tuba uterina → quando o zigoto chega ao útero, não há mais zona pelúcida → eclosão do blastocisto (fica livre no corpo do útero) Compactação *Fenômeno celular que ocorre no início do desenvolvimento embrionário dos mamíferos *Faz com que as células fiquem apertadas entre si, de modo que, a partir de certo momento, não é mais possível visualizar os limites *Ocorre porque os espaços entre uma célula e outra são preenchidos por uma terceira célula → junções aderentes: tipo de junção celular que faz com que as células fiquem em íntima associação (proteínas caderinas: proteínas transmembranas que “costuram” a membrana plasmática de uma célula à membrana plasmática da outra) *Esse fenômeno é um pré-requisito para a separação das células internas que formam o EMBRIOBLASTO (massa celular interna) do blastocisto *GESTAÇÃO TÓPICA: a implantação ocorreu no local que deveria (corpo do útero) Correlações clínicas GESTAÇÃO ECTÓPICA *Gestação em regiões diferentes da área tópica → tuba uterina (96%): fimbrial (fímbria), ampolária (ampola), istímica (istmo), intersticial (entrada do útero) → ovário (3%): ovariana → cavidade abdominal (1%): abdominal → cérvix (< 1%): cervical → dentro da cicatriz de uma cesárea prévia (< 1%) *Ocorre quando o transporte pela tuba uterina é demorado que o normal *Ampola uterina e saco de Douglas ou escavação retro uterina são sítios comuns para gestação ectópica *Pode estar relacionada a endometriose *Se não houver remoção cirúrgica, pode resultar em ruptura tubária e hemorragia *Sangramento anormal e dor pélvica lateral podem ser indicativos de GE Formação do blastocisto *Logo após a mórula ter alcançado o útero (cerca de 4 dias após a fecundação), surge no interior da mórula um espaço preenchido por líquido, a CAVIDADE BLASTOCÍSTICA (líquido passa da cavidade uterina através da zona pelúcida para formar esse espaço) *Conforme o líquido aumenta na cavidade blastocística, ele separa os blastômeros em duas partes: → TROFOBLASTO: delgada camada celular externa que formará a parte embrionária da PLACENTA → EMBRIOBLASTO: grupo de blastômeros localizados centralmente que formará o EMBRIÃO *Nesse estágio (BLASTOGÊNESE), o concepto (embrião e suas membranas) é chamado de BLASTOCISTO *O embrioblasto se projeta para a cavidade blastocística e o trofoblasto forma a parede do blastocisto *A zona pelúcida acaba se degenerando e desaparece → degeneração da zona pelúcida permite o rápido crescimento do blastocisto *Enquanto está flutuando no útero, o blastocisto obtém nutrição das secreções das glândulas uterinas A segunda semana Implantação do blastocisto *A formação do blastocisto ocorre quando o fluido secretado dentro da mórula forma a cavidade blastocística *Para que a implantação ocorra, a zona pelúcida deve degenerar *Durante a fase secretória do ciclo menstrual, o blastocisto se implanta na camada funcional do endométrio (aquela que se desprende do endométrio no período de menstruação) Etapas ADESÃO AO ENDOMÉTRIO *No momento em que ocorre a eclosão do blastocisto (quando ele se libera da zona pelúcida), ele se torna adesivo → consegue se aderir ao epitélio endometrial, normalmente adjacente ao polo embrionário → útero também se torna adesivo → implantação é um “equilíbrio entre um blastocisto que é invasor e um útero/endométrio que é receptor” *PARTES DO BLASTOCISTO *Logo que há essa adesão, o trofoblasto se prolifera rapidamente e se diferencia em duas camadas → CITOTROFOBLASTO: camada interna, monocelular → SINCICIOTROFOBLASTO: camada externa que consiste em uma massa protoplasmática multinucleada na qual nenhum limite celular pode ser observado estrutura altamente erosiva, repleta de enzimas proteolíticas que começam a degradar as células do endométrio, que entram em apoptose (blastocisto tem que entrar no endométrio, saindo da cavidade do útero para se desenvolver) “SINCICIO”: divisões consecutivas de uma célula resulta em divisão do núcleo sem formação de novas membranas plasmáticas – enorme célula polinucleada *HIPOBLASTO: surge na superfície do embrioblasto voltada para a cavidade blastocística, revestindo toda a parte inferior (endoderme primitiva) *O sinciciotrofoblasto produz um hormônio glicoproteico, o hCG, que entra na circulação sanguínea materna através de cavidades isoladas (lacunas) no sinciciotrofoblasto → o hCG mantém a atividade hormonal do corpo lúteo no ovário, durante a gestação → o CORPO LÚTEO é uma estrutura glandular endócrina que secreta estrogênio e progesterona para manter a gestação → detecção do hCG como base dos testes de gravidez FORMAÇÃO DA MEMBRANA DE HEUSER / MEMBRANA EXOCELÔMICA *A partir do hipoblasto, forma-se uma membrana que começa a se expandir, revestindo todo o citotrofoblasto (toda a cavidade blastocística): MEMBRANA DE HEUSER ou MEMBRANA EXOCELÔMICA *A cavidade passa a ser chamada de CAVIDADE EXOCELÔMICA REAÇÃO DECIDUAL E FORMAÇÃO DA CAVIDADE AMNIÓTICA *Com a ocorrência de 50% da implantação do embrioblasto, o sinciciotrofoblasto aumenta (crescimento gradativo) *Dentro do embrioblasto surge um espaço, produzido pelas células amniogênicas (AMNIOBLASTOS) pelo processo morfogenético de CAVITAÇÃO → primórdio da cavidade amniótica *O endométrio gravídico é chamado de DECÍDUA → DECÍDUA CAPSULAR: endométrio que envolve o concepto durante toda a gestação → DECÍDUA BASAL: importante na formação da placenta → DECÍDUA PARIETAL: restante da decídua *REAÇÃO DECIDUAL: asglândulas começam a secretar abundantes conteúdos que vão alimentar o embrião → as células em torno do concepto começam a “engordar” (CÉLULAS DECIDUAIS) e acumulam glicogênio, lipídios (perdem seu formato normal e adquirem formato poliédrico) → degeneram-se nas proximidades do sinciciotrofoblasto invasor → o sinciciotrofoblasto engolfa essas células, que servem como uma rica fonte de nutrientes para o embrião → criação de um espaço imunologicamente privilegiado para o embrião *Os amnioblastos se separam do epiblasto e formam o ÂMNIO, que reveste a cavidade amniótica FORMAÇÃO DO DISCO EMBRIONÁRIO BILAMINAR *Ocorrem mudanças morfológicas no embrioblasto que resultam na formação de uma placa bilaminar, quase circular, de células achatadas: o DISCO EMBRIONÁRIO *Formado a partir da expansão da cavidade amniótica e pela expansão da cavidade exocelômica → formação de um disco achatado e arredondado *Primeiro indício de como o embrião está espacialmente orientado *Formado por duas camadas → EPIBLASTO: uma camada mais espessa, constituída de células cilíndricas altas, voltadas para a cavidade amniótica forma o assoalho da cavidade amniótica está perifericamente em continuidade com o âmnio futura região dorsal do embrião → HIPOBLASTO: composto de células cuboides, pequenas e adjacentes à cavidade exocelômica forma o teto da cavidade exocelômica contínuo à delgada membrana exocelômica futura região ventral do embrião IMPLANTAÇÃO COMPLETA, TAMPÃO E FORMAÇÃO DA MESODERME EXTRAEMBRIONÁRIA *Entre o 6º e o 9º dia, o embrião está completamente implantado *Quando o blastocisto entra completamente no tecido do endométrio, forma-se um pequeno tampão (coágulo fibrinoso observado até o 12º dia) → resulta parcialmente da sinalização de AMPc e progesterona *A membrana exocelômica, juntamente com o hipoblasto, reveste a VESÍCULA UMBILICAL PRIMITIVA (SACO VITELÍNICO PRIMITIVO) → o disco embrionário agora situa-se entre a cavidade amniótica e a vesícula *As células do endoderma da vesícula produzem uma camada de tecido conjuntivo, o MESODERMA EXTRAEMBRIONÁRIO → passa a envolver o âmnio e a vesícula umbilical → separação do sistema “âmnio + saco de vitelo” do citotrofoblasto → a vesícula umbilical e a cavidade amniótica possibilitam os movimentos morfogenéticos das células do disco embrionário ESTABELECIMENTO DA CIRCULAÇÃO UTEROPLACENTÁRIA PRIMITIVA (EMBRIOTROFO) *Assim que se formam o âmnio, o disco embrionário e a vesícula umbilical, aparecem LACUNAS (pequenos espaços) no sinciciotrofoblasto → preenchidas por uma mistura de sangue materno proveniente dos capilares endometriais rompidos e os restos celulares das glândulas uterinas erodidas (fluido é denominado EMBRIOTROFO) → fluido chefa ao disco embrionário por difusão e fornece material nutritivo para o embrião *A comunicação dos capilares endometriais rompidos com as lacunas no sinciciotrofoblasto estabelece a CIRCULAÇÃO UTEROPLACENTÁRIA PRIMITIVA → quando o sangue materno flui para a REDE LACUNAR, o oxigênio e as substâncias nutritivas passam para o embrião → o SANGUE OXIGENADO passa para as lacunas a partir das ARTÉRIAS ENDOMETRIAIS ESPIRALADAS → o SANGUE POUCO OXIGENADO é removido das lacunas pelas veias endometriais → as redes lacunares são os primórdios dos espaços intervilosos da placenta *Os capilares endometriais ao redor do embrião implantado se tornam congestos e dilatados, formando os SISUNOIDES MATERNOS (vasos terminais de paredes finas e mais largos do que os capilares normais) → erodidos pelo sinciciotrofoblasto; o sangue materno flui livremente para dentro da rede lacunar → trofoblasto absorve o fluido nutritivo proveniente da rede lacunar, que é transferido para o embrião *A formação dos vasos sanguíneos no ESTROMA INDOMETRIAL (estrutura de tecido conjuntivo) está sob a influência do estrogênio e da progesterona FORMAÇÃO DO CELOMA EXTRAEMBRIONÁRIO *Há formação de espaços no mesoderma extraembrionário → cheios de fluido, posteriormente se juntam, formando um espaço único *Enquanto se forma esse espaço entre o saco de vitelo primitivo e o sinciciotrofoblasto, há uma constrição/estrangulação na parte inferior do citotrofoblasto *Conforme ocorrem mudanças no trofoblasto e no endométrio, o mesoderma extraembrionário aumenta e aparecem ESPAÇOS CELÔMICOS EXTRAEMBRIONÁRIOS isolados dentro dele → espaços rapidamente se fundem e formam uma grande cavidade isolada, o CELOMA EXTRAEMBRIONÁRIO → essa cavidade cheia de fluido envolve o âmnio e a vesícula umbilical, exceto onde eles estão aderidos ao CÓRION (membrana fetal mais externa) pelo PEDÍCULO DE CONEXÃO FORMAÇÃO DO SACO VITELÍNICO SECUNDÁRIO *Com a formação do celoma extraembrionário, a vesícula umbilical primitiva diminui e se forma a VESÍCULA UMBILICAL SECUNDÁRIA (SACO VITELÍNICO SECUNDÁRIO) um pouco menor → formada por células endodérmicas extraembrionárias que migram do hipoblasto do interior da vesícula umbilical primitiva → durante a sua formação, uma grande parte da vesícula umbilical primitiva se desprende, deixando uma vesícula remanescente → a vesícula umbilical dos humanos não contém vitelo; entretanto, possui funções importantes (ex: local de origem das células germinativas primordiais, função na transferência seletiva de nutrientes para o disco embrionário bilaminar) FORMAÇÃO DO SACO CORIÔNICO E DIFERENCIAÇÃO DO MESODERMA *O final da segunda semana é marcado pelo aparecimento das VILOSIDADES CORIÔNICAS PRIMÁRIAS → são uma região medular central de citotrofoblasto envolta por sinciciotrofoblasto → as vilosidades (processos vasculares do córion) formam colunas com revestimentos sinciciais, cujas extensões celulares crescem para dentro do sinciciotrofoblasto → por meio delas, o embriotrofo da circulação ultraplacentária primitiva passa por difusão para o embrião → primeiro estágio de desenvolvimento das vilosidades coriônicas da PLACENTA (órgão fetomaternal de troca metabólica entre o embrião e a mãe) *O celoma extraembrionário divide o mesoderma extraembrionário em duas camadas → MESODERMA SOMÁTICO EXTRAEMBRIONÁRIO: reveste o trofoblasto e cobre o âmnio → MESODERMA ESPLÂNCNICO EXTRAEMBRIONÁRIO: envolve a vesícula umbilical *O mesoderma somático extraembrionário e as duas camadas do trofoblasto formam o CÓRION / SACO CORIÔNICO (estrutura formada por mesoderme somático extraembrionário, citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto) → 0 embrião, o saco amniótico e a vesícula umbilical estão suspensos dentro desse saco pelo PEDÍCULO DE CONEXÃO (função na formação do cordão umbilical) *O celoma extraembrionário é o primórdio da CAVIDADE CORIÔNICA SURGIMENTO DA PLACA PRÉ-CORDAL *Numa região do hipoblasto, as células passam de poliédricas a retangulares, formando a PLACA PRÉ- CORDAL (região circular espessada) → região organizadora da cabeça: indica o loca da boca *A região medular de citotrofoblasto das vilosidades coriônicas primárias é penetrada pela mesoderma somática extraembrionária, formando as VILOSIDADES CORIÔNICAS SECUNDÁRIAS *A invasão de vasos sanguíneos nessas vilosidades coriônicas secundárias ocasiona a formação das VILOSIDADES CORIÔNICAS TERCIÁRIAS IMPLANTAÇÃO DO BLASTOCISTO *Completa-se durante a segunda semana de gestação Correlações Clínicas DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL / MOLA HIDATIFORME / GRAVIDEZ MOLAR MOLA HIDATIFORME *COMPLETA → o feto está ausente e o concepto é formado apenas por membranas placentárias→ como a vasculatura fetal que normalmente drena o líquido a partir da circulação materna está ausente, as vilosidades placentárias de uma mola completa são dilatadas e vesiculadas, lembrando cachos de uva → resultam em sangramento vaginal, especialmente entre a 6ª e a 16ª semana de gestação → às vezes causam náuseas excessivas e vômito (devido à elevação da gonadotrofina coriônica humana, hCG) → mais comum em mulheres nos extremos da idade reprodutiva: mulheres no início da adolescência ou na perimenopausa correm um risco maior → embora as células de uma mola completa tenham um cariótipo diploide normal, todos os cromossomas são derivados do pai → FERTILIZAÇÃO DISPÉRMICA → FERTILIZAÇÃO MONOESPÉRMICA *PARCIAL → alguma evidência de desenvolvimento embrionário é geralmente encontrada → as vilosidades edemaciadas que são características da mola completa estão presentes em apenas algumas regiões → em geral, abortos espontâneos não ocorrem até o segundo trimestre (4 a 6 meses) → os conceptos deste tipo são, em geral, triploides, com dois conjuntos de cromossomas provenientes do pai *O tecido trofoblástico residual remanescente no útero após o aborto espontâneo ou a remoção cirúrgica de uma mola hidatiforme pode dar origem a DOENÇA TROFOBLÁSTICA PERSISTENTE → a mola remanescente cresce e forma um tumor (tumores que surgem de molas parciais são usualmente benignos) → quando tumores originados de molas completas tornam‑se malignos, eles podem crescer como uma mola invasiva ou como um coriocarcinoma metastático
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