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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Gerência de Riscos Gestão de Riscos Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Májida Farid Barakat Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Termos e Conceitos; • Origem e Evolução da Gestão de Riscos; • Gerenciamento de Riscos. Fonte: Getty Im ages Objetivos • Conhecer e discutir os conceitos de perigo, probabilidade, severidade e riscos, assim como o gerenciamento destes; • Conhecer o histórico do gerenciamento de riscos; • Entender os benefícios do gerenciamento de riscos. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Gestão de Riscos UNIDADE Gestão de Riscos Contextualização O gerenciamento de riscos para o profissional engenheiro de segurança do trabalho se apresenta como uma ferramenta facilitadora e de melhoria continuada na condução da gestão de segurança com foco na prevenção – e não na reatividade. Ademais, o domínio do gerenciamento de riscos promove a cultura de antecipação dos problemas em relação à segurança, possibilitando a você, profissional, um com- portamento proativo. Significa gerenciar efetivamente o risco, sem que os indicadores reativos de segurança do trabalho sejam exclusivos orientadores das ações de prevenção e adoção de indicadores de risco como instrumentos de orientação estratégica da abor- dagem de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Nesta Unidade, você aprenderá os principais conceitos do gerenciamento de riscos e a sua aplicação na área da segurança do trabalho, com destaque aos termos perigo e risco. Ademais, existe uma diferença fundamental entre risco e perigo. A distinção entre as duas é importante para a implementação de ações de proteção e prevenção. Essa dis- tinção é essencial principalmente para que a análise de risco seja realizada devidamente. Quando bem estabelecidos os riscos e perigos, a análise tende a ser mais assertiva e, como consequência, protetora e preventiva. Nos casos em que não são bem estabelecidos, a prevenção é restringida a uma norma de segurança. Assim, as atitudes são voltadas aos acidentes e deixa-se de lado as cau- sas mais profundas que desencadeiam os demais perigos e os seus controles, evitando a reincidência. 6 7 Termos e Conceitos Caro(a) aluno(a), Durante toda esta Unidade, conheceremos a técnica de gerenciamento de riscos aplicada à segurança do trabalho; mas para isso você precisa ter clareza sobre os ter- mos e conceitos utilizados em tal prática. Você sabe explicar a diferença entre perigo e risco? Ou para você esses termos são sinônimos? A definição e o conceito de risco e perigo são controversos. A literatura não tem homogeneidade no uso dessas expressões – e mesmo sobre análise de risco. Por exemplo, se você fizer uma simples busca no Dicionário do Aurélio (2013) já será su- ficiente para observar que as definições de risco e perigo apresentam certa confusão de conceitos; por isso, veremos essas expressões aplicadas ao seu interesse de estudo, ou seja, no âmbito da Segurança do Trabalho. Perigo Conforme a Norma ISO 45001:2018, perigo se refere à fonte ou situação com potencial para causar danos e deteriorar a saúde, ou seja, o efeito adverso à condição física, mental e/ou cognitiva de uma pessoa. Já o Guia BS 8800:1996 define perigo como uma fonte ou situação com potencial de provocar danos em termos de ferimentos humanos ou problemas de saúde, à pro- priedade, ao ambiente, ou uma combinação disto. Nesta definição, problema de saúde é entendido como a saúde deteriorada, o que é julgado como causado, ou piorado, pela atividade ou ambiente de trabalho de uma pessoa. Em termos mais simples, perigo refere-se à fonte geradora do problema. O seu conceito fica mais próximo ao da iminência da ocorrência do evento denominado acidente ou doença. Um perigo deve ser reconhecido e entendido de forma a gerir o risco relacionado. Compreender um perigo inclui a sua natureza, magnitude e as consequências poten- ciais, assim como os mecanismos de sua manifestação e o dano residual (ANGLO AMERICAN, 2011). 7 UNIDADE Gestão de Riscos Veja alguns exemplos de perigo: A carga e descarga de materiais Vazamento de benzeno Nível de ruído acima dos padrões estabelecidos As longas escadas na rotina diária de um pintor Figura 1 – Exemplos de perigo Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images Adotaremos o conceito de perigo como sendo qualquer fonte, elemento ou situação poten- cialmente capaz de causar perdas, em termos de danos à saúde, ou provocar uma lesão qual- quer decorrente do trabalho e de seu ambiente, ou ainda uma combinação entre os quais. Probabilidade Quando se possui um histórico de acontecimentos de determinado evento indeseja- do, torna-se possível estabelecer uma frequência de ocorrências. Nesse contexto, a fre- quência seria bem definida por um número, ou seja, quantas vezes um evento indesejado ocorreu em determinado intervalo de tempo. Diferentemente da frequência, probabilidade é a possibilidade que existe entre várias, na qual um fato ou condição pode acontecer. Se você lançar um dado, qual é a probabilidade de a face com quatro pontos ficar voltada para cima? Se respondeu que a probabilidade é de um para seis, você acertou! 8 9 Nesse caso, fica fácil você entender a definição de probabilidade, pois se o dado tem seis faces diferentes – número de possibilidades – e você espera obter uma condição específica – a face com quatro pontos voltados para cima –, a razão entre esses valores resulta na probabilidade. Logo, com base em informações de probabilidade de ocorrência de perigos, você pode determinar riscos. É justamente por isso que a classificação resultante das análises de riscos estabelece uma relação entre o parâmetro probabilidade e o parâmetro severidade, ou seja, a chance de determinado evento indesejado ocorrer, com dada severidade. Severidade A Australian and New Zealand Standard AZ/NZS 4360 (STANDARDS AUSTRALIA, 1999) define a severidade como a magnitude de danos provocados pelo evento indesejado. Uma análise de riscos pressupõe que determinado evento indesejado tem o potencial de ocorrer, baseado na percepção das pessoas e nos registros históricos – o que você aprendeu como probabilidade. Somente se o evento indesejado vier a ocorrer é que serão sofridas as suas conse- quências. E os efeitos dessas consequências podem ser mais ou menos graves. É justa- mente essa medida de gravidade da consequência que podemos chamar de severidade. Nesse contexto, severidade não deixa de ser tanto a medida da eventual consequência, quanto a magnitude de eventuais danos. Riscos Que uma das origens do termo risco mais aceitas na literatura é a que se trata de um conceito náutico em espanhol e que significa correr o perigo, ou ir contra a rocha, que no século XVII encontrou o seu caminho para o inglês? (GIDDENS, 1991). A outra origem encontrada na literatura é que risco é proveniente da palavra risicu, ou riscu, que em latim significa ousar (ASSOCIAÇÃOBRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2018). Segundo a ISO 45001:2018, risco é a combinação da probabilidade de um evento ou uma exposição perigosa e a gravidade dos danos, ou a deterioração de saúde que pode fazer com que o evento ou a exposição ocorra. De acordo com a definição da Australian and New Zealand Standard AZ/NZS 4360 (STANDARDS AUSTRALIA, 1999), risco representa a chance de algo causar impacto nos objetivos mensurados em consequências e probabilidades. 9 UNIDADE Gestão de Riscos Muitas vezes o risco é expresso na combinação das consequências, severidade da lesão, ou ainda danos à saúde das pessoas, condição causada por um evento perigoso – incluindo mudanças nas circunstâncias – e a probabilidade associada ao que acontece. Ademais, o grupo de especialistas da Society for Risk Analysis (SRA, 2015) apre- sentam as seguintes definições gerais qualitativas de risco: • A possibilidade de uma infeliz ocorrência; • O potencial para a realização de consequências negativas/indesejadas de um evento; • Exposição a uma proposição – por exemplo, a ocorrência de uma perda –, sendo esta incerta; • As consequências da atividade e as incertezas associadas; • Incerteza sobre uma atividade e a severidade das consequências desta, mais as in- certezas associadas; e • O desvio de um valor de referência e as incertezas associadas. Risco corresponde à combinação da probabilidade e severidade da ocorrência de uma situa- ção específica de perigo. Em linhas gerais, podemos entender o risco como os efeitos da fonte geradora. Ademais, utilizando-se de alguns dos exemplos citados no item perigo, fica mais fácil compreender o que significa risco. Se o andaime é o perigo, a queda do colaborador desse espaço seria classificada como o risco. No caso do ruído, se o seu nível acima dos padrões estabelecidos é o perigo, o dano à audição do colaborador seria denominado risco. Portanto, o perigo é a fonte, situação ou ato; enquanto o risco é a probabilidade versus a severidade. Assista ao vídeo disponível em: https://youtu.be/yHnj7TLauzc para reforçar e esclarecer as diferenças entre perigo e risco. O risco avaliado a partir de qualquer atividade controlável deve ser menor do que o risco das causas, de modo a ser definido como aceitável. Na impossibilidade de eliminar o perigo ou reduzir a zero a chance de se expor ao qual, colocam-se barreiras – ou con- troles –, reduzindo a chance de se expor a alguma condição perigosa. Na mesma medida em que o risco pode diminuir na proporção do acréscimo de novos controles, o risco não será zero, mas pode ser pequeno dependendo justamente dos controles existentes. Ademais, o controle dos riscos é possível apenas a partir do conhecimento que se tem sobre os quais, ou seja, de um estudo de riscos. 10 11 Já a avaliação de riscos representa o processo global para estimar a magnitude do risco e decidir se é tolerável ou aceitável. Tipos de Riscos em Segurança do Trabalho Os riscos no ambiente laboral podem ser classificados em cinco tipos: 1. Físicos: consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruído, calor, frio, pres- são, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes, vibração etc.; 2. Químicos: consideram-se agentes de risco químico as substâncias, os com- postos ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores; ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou serem absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão; 3. Biológicos: consideram-se como agentes de risco biológico as bactérias, os vírus, fungos, parasitos, entre outros; 4. Ergonômicos: qualquer fator que possa interferir nas características psicofi- siológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando a sua saúde. São exemplos de riscos ergonômicos o levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, a monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho etc.; 5. Acidentes: qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável, afetando a sua integridade e o seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos de riscos de acidente as máquinas e os equipamentos sem proteção, a proba- bilidade de incêndio e explosão, o arranjo físico inadequado, armazenamento impróprio etc. O seguinte Quadro resume e identifica os cinco tipos de riscos: Quadro 1 Grupo Riscos Cor de identificação Descrição 1 Físicos Verde Ruído, calor, frio, pressões, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes e vibrações. 2 Químicos Vermelho Poeiras, fumos, gases, vapores, névoas, neblinas e substâncias compostas ou produtos químicos em geral. 3 Biológicos Marrom Fungos, vírus, parasitas, bactérias, protozoários e bacilos. 4 Ergonômicos Amarelo Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas prolongadas de trabalho, monotonia e repetitividade e outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico. 5 Acidentes Azul Arranjo físico inadequado, iluminação imprópria, probabilidade de incêndio e explosão, eletricidade, máquinas e equipamentos sem proteção, armazenamento inadequado, quedas e animais peçonhentos. Fonte: Acervo do Conteudista 11 UNIDADE Gestão de Riscos Origem e Evolução da Gestão de Riscos As aplicações de riscos são antigas, provavelmente tendo surgido em torno de 3200 a.C., no vale dos rios Tigre e Eufrates, quando um grupo denominado Asipu serviu como consultor para traduzir os sinais dos deuses para as pesso- as que trabalhavam com riscos, incertezas e/ou dificuldades de decisões (OLIVEIRA, 2012). Mas as discussões relativas ao risco tinham cunho filosófico ou religioso como, por exemplo, a probabilidade sobre a exis- tência de Deus ou a vida após a morte. A gerência de riscos surgiu como técnica nos Estados Unidos, no ano de 1963, com a publicação do livro Risk management in the business enterprise, de Robert Mehr e Bob Hedges. Se- guramente, uma das fontes de consulta ou de inspiração dos autores foi um trabalho de Henry Fayol, divulgado na França, em 1916. Ademais, a origem da gerência de riscos é a mesma da administração de empresas, a qual conduziu aos processos de qualidade e produtividade. Para conhecer mais a história do risco, leia o livro Desafio aos deuses – a fascinante história do risco, de Peter L. Bernstein (2018). Há não mais de quarenta anos, reconheceu-se as primeiras revistas científicas, artigos e conferências que abordam ideias fundamentais e princípios sobre como avaliar ade- quadamente e gerenciar riscos (AVEN, 2016). Segundo Iacob (2013), a prerrogativa da gestão de riscos que se desenvolveu rapida- mente nos últimos anos, tanto em nível conceitual, quanto teórico e prático, corresponde ao estabelecimento da execução de medidas para identificar fontes de risco e procedimen- tos que permitam mantê-los sob controle, apesar de não poder eliminá-los totalmente. Por ser uma técnica relativamente nova, a sua divulgação e adaptação pelos países variaram de acordo com as necessidades de momento, das experiências dos técnicos que a difundiram, da fase de desenvolvimento pela qual estava passando o país e outros motivos mais. No Brasil, o seu ingresso se deu na segunda metade da década de 1970, com a aplicação voltada especificamente para a área de seguros, com vistas à prevenção de riscos em bens patrimoniais, segurados pelas empresas do setor. Dessa forma, os seus conceitos começaram a se propagar juntamente com os senti- dos prevencionistas do mercado segurador brasileiro, principalmente no que diz respeito ao risco de incêndio. Todavia, com o intercâmbio entre os países e a melhor compreen- são da técnica, vislumbrou-se melhor futuro para a qual. Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images 12 13 Com o surgimento das primeirasindústrias, os acidentes de trabalho e as doenças profissionais se alastraram, tomando grandes proporções, sendo, então, comumente provocados por substâncias e ambientes inadequados devido às condições em que as atividades fabris se desenvolviam (RUPPENTHAL, 2013). No Brasil, especificamente no Município de Cubatão, situado na baixada santista, Estado de São Paulo, com o Plano de Controle da Poluição de Cubatão, em 1983, desencadeou-se uma série de exigências para garantir a boa operação e manutenção de processos, tubulações e terminais de petróleo e produtos químicos das 111 unidades industriais locais, dando início ao uso institucional desse tipo de estudo (HSO, 2015). Assista à reportagem disponível em: https://goo.gl/zCmYSx e conheça mais sobre a história de recuperação do Município de Cubatão, SP. Certamente, não como um processo estruturado, mas a gestão de riscos, ao menos relativa aos riscos ocupacionais, já podia ser identificada na indústria brasileira desde o Decreto Legislativo (DL) n.º 3.724, de 15 de janeiro de 1919, que introduziu o con- ceito de risco profissional e determinou o pagamento de indenização ao segurado ou à família desse, proporcional à gravidade das sequelas do acidente. Após esse período, mantendo a concepção do risco profissional e ampliando a abrangência do sentido de doença profissional, foi promulgado o Decreto n.º 24.637, de 10 de julho de 1934, ao qual seguiram-se outras importantes leis consideradas conquistas dos trabalhadores por prever melhores condições de salário, segurança e/ou saúde. Com o passar dos anos, as leis concernentes à saúde e segurança do trabalhador têm se tornado cada vez mais rigorosas. Nesse sentido, implantar o gerenciamento de pe- rigos e riscos visando a proteção do colaborador tornou-se obrigação das organizações que queiram se manter corretamente diante da legislação e que também compartilhem, em seus estatutos, valores ligados à saúde e segurança de sua equipe. Que um dos requisitos mais relevantes da ISO 45001:2018 é o gerenciamento de perigos e riscos, criado para evitar acidentes – ou causas de acidentes – durante a rotina dos co- laboradores ou em ocasiões excepcionais? A realização desse item de maneira satisfatória contribui ao futuro seguro tanto da empresa, quanto da equipe de funcionários. Gerenciamento de Riscos O gerenciamento de riscos tem aplicação sistemática de políticas, procedimentos e práticas de gestão para as atividades de comunicação, consulta, estabelecimento do contexto; assim como na identificação, análise, avaliação, tratamento, monitoramento e análise crítica dos riscos. A gestão do risco é determinada pelas atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização – no que se refere ao risco. 13 UNIDADE Gestão de Riscos Em seu processo, há incorpo- ração da avaliação de riscos, cujo item fundamental é a análise de riscos, então estabelecida em um processo de identificação dos pe- rigos e da classificação dos riscos, de forma integrada, conforme se vê na Figura 3: Para gerenciar os riscos é necessário conhecer as condições perigosas e promover uma classificação desses riscos para, em um segundo momento, gerenciá-los por meio de controles efetivos, em um fluxo de processos tal como este modelo: Figura 4 – Fluxo do gerenciamento de riscos Fonte: Desarrollo Sostenible y Salud Ambiental Processo de gerenciamento de riscos Processo de avaliação de riscos Análise de riscos Figura 3 – Análise no gerenciamento de riscos Fonte: Adaptado de Leinfelder, 2013 14 15 Segundo Aven (2016), essa prática consiste em equilibrar preocupações diferentes, tais como lucros, segurança, reputação, entre outras. Em geral, considera-se um con- junto de alternativas, avalia-se os seus prós e contras e toma-se uma decisão que melhor atenda aos valores e às prioridades dos decisores. Gerenciamento do sucesso de eventos incertos. Tomando essas ideias, Iacob (2013) apresenta como uma abordagem estruturada e formal, focada nas etapas e ações necessárias e planejadas para determinar e controlar os riscos, mantendo-os em um nível aceitável. O gerenciamento dos riscos inclui os processos de planejamento, identificação, aná- lise, programação de respostas e controle de riscos. A seguinte Figura fornece uma visão geral dos processos de gerenciamento dos riscos – ao longo desta Disciplina você estudará com detalhes cada um dos quais: Figura 5 – Visão geral de um típico processo de gestão de riscos Fonte: Adaptado de ICH Q9, 2005 O gerenciamento de risco fornece apoio à decisão na escolha entre alternativas, acei- tação de atividades e produtos, implementação de medidas de redução de risco, entre outros fatores (AVEN, 2016). Como um processo contínuo de planejamento, o gerenciamento de risco permite su- perar os eventos adversos e maximizar os positivos. Observe as etapas do planejamento de gerenciamento dos riscos: 15 UNIDADE Gestão de Riscos Figura 6 – Planejamento do gerenciamento dos riscos Fonte: Adaptado de Project Management Institute, 2013 Segundo o Practice Standard for Project Risk Management (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2009), há três fatores críticos de sucesso ao planeja- mento do gerenciamento dos riscos: Figura 7 – Fatores críticos de sucesso ao planejamento do gerenciamento dos riscos Fonte: Adaptado de Project Management Institute, 2009 O gerenciamento de riscos é um contínuo processo de busca de falhas, ou de falhas potenciais, com vistas à sua prevenção. Com as informações obtidas por intermédio da aplicação das várias técnicas adotadas no gerenciamento de riscos e o emprego de metodologias específicas, pode-se também qualificar e quantificar riscos, obtendo a real magnitude dos quais. A função do gerenciamento de riscos é reduzir perdas e minimizar os seus efeitos. Significa assumir a existência de perdas em todos os processos como um fato perfeita- mente natural. Entretanto, por meio de técnicas – basicamente de inspeções e análises –, procura-se evitar que tais perdas venham a ocorrer com certa frequência, ou reduzir os efeitos dessas mesmas perdas, limitando-as a valores aceitáveis. 16 17 Benefícios do Gerenciamento de Riscos Finalidades O gerenciamento de riscos, quando realizado da maneira correta, reduz significativa- mente as perdas. Planejar e prever possíveis dificuldades trazem mais segurança e capaci- dade para lidar com as adversidades dos eventos, as quais os colaboradores estão expostos. Saber dominar os riscos é fundamental para o controle das operações. Alinhamento de Estratégias e Objetivos Ao estabelecer metas, o gestor analisa os prós e contras de cada ação, desenvolvendo estratégias para se chegar ao resultado final no tempo previsto. Isso precisa estar direta- mente relacionado a possíveis contratempos. Redução de Prejuízos e Imprevistos Os custos devem ser levados em conta se tratamos do gerenciamento de riscos. Ao se considerar as incertezas de um processo, há mais controle dos imprevistos e con- sequente redução de prejuízos. Tomada de Decisões O gerenciamento de risco possibilita a tomada de decisões de modo coerente com um embasamento técnico robusto, não tendencioso, proporcionando maior segurança da ação adotada de modo preventivo. Rapidez nas Decisões Os riscos demandam soluções rápidas para que as suas consequências não prejudi- quem o ambiente de trabalho. Por isso, a indecisão não é uma boa alternativa, pois os direcionamentos devem ser tomados com sabedoria e agilidade. Aproveitamento de Oportunidades Um bom gerenciamento de riscos considera tudo o que acontece no dia a dia da organi- zação, sejam os fatos bons ou ruins. Cada um dos quais, mesmo um infortúnio, pode ofe- recer oportunidades de crescimento imperdíveis, além de aprendizado e análise de erros. Identificação de Riscos Plurais Cada departamento de uma organização traz um ou mais riscos diferentes e às vezes esses acontecem ao mesmo tempo. Com o gerenciamento de risco é possível identificá- -los e estabelecer umarelação para que sejam interpretados pelos responsáveis pela adequação dos processos e atividades. Dada a importância do gerenciamento de riscos, fica claro o quão necessário é o es- tudo de cada etapa desse processo desde o seu planejamento, a fim de que a execução atinja o sucesso esperado e atenda aos requisitos estabelecidos de qualidade e segurança. 17 UNIDADE Gestão de Riscos Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Um método proativo para gerenciamento da segurança em instalações nucleares GRECCO, C. H. et al. Um método proativo para gerenciamento da segurança em insta- lações nucleares. Braz. J. Rad. Sci., v. 03-1A, p. 1-16, 2015. Knowledge security risk management in contemporary companies – toward a proactive approach ILVONEN, I. et al. Knowledge security risk management in contemporary companies – toward a proactive approach. In: HAWAII INTERNATIONAL CONFERENCE ON SYSTEM SCIENCES (HICSS), 48., 5-8 jan. 2015, Hawaii, USA. Proceedings... Piscataway, NJ, USA: IEEE Communications Society, 2015. p. 3.941-3.950. Gerenciamento de riscos e segurança no trabalho em unidades de saúde da família MEDEIROS, A. L. et al. Gerenciamento de riscos e segurança no trabalho em unidades de saúde da família. R. Bras. Ci. Saúde, v. 17, n. 4, p. 341-348, 2013. Identificação dos riscos ocupacionais em uma unidade de produção de derivados de carne RODRIGUES, L. et al. Identificação dos riscos ocupacionais em uma unidade de produção de derivados de carne. Cient. Ciênc. Biol. Saúde, v. 14, n. 2, p. 115-119, 2012. Identificação dos riscos ocupacionais em uma unidade de produção de derivados de carne SILVA, R. P. et al. O gerenciamento de riscos ocupacionais e as interferências na saúde do trabalhador: revisão integrativa. J. Res. Fundam. Care, v. 8, n. 2, p. 4.168-4.185, abr./jun. 2016. Riscos no ambiente de trabalho no setor de panificação: um estudo de caso em duas indústrias de biscoitos VASCONCELOS, F. et al. Riscos no ambiente de trabalho no setor de panificação: um estudo de caso em duas indústrias de biscoitos. Gest. Prod., São Carlos, SP, v. 22, n. 3, p. 565-589, set. 2015. Workplace road safety risk management: an investigation into australian practices WARMERDAM, A. Workplace road safety risk management: an investigation into australian practices. Accident Analysis and Prevention, v. 98, p. 64-73, jan. 2017. 18 19 Referências ANGLO AMERICAN. Anglo American safety way. London, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 31000:2018: ges- tão de riscos – princípios e diretrizes. Rio de Janeiro, 2018a. ________. NBR ISO 45001:2018: sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacio- nal – requisitos com orientação para uso. Rio de Janeiro, 2018b. AVEN, T. Risk assessment and risk management: review of recent advances on their foundation. European Journal of Operational Research, v. 253, p. 1-13, 2016. BERNSTEIN, P. L. Desafio aos deuses: a fascinante história do risco. Rio de Janeiro: Alta Books, 2018. BIBLIOTECA VIRTUAL DE DESARROLLO SOSTENIBLE Y SALUD AMBIENTAL. Gerenciamento de risco em segurança. [20--]. Disponível em: <http://www.bvsde. paho.org/cursode/p/images/modulo2-2_image02.gif>. Acesso em: mar. 2013. BRASIL. Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978 e alterações posteriores. Normas regulamentadoras. 1978. Disponível em: <http://www.mtps.gov.br/images// Documentos/SST/NR/NR-22-atualizada-2016.pdf>. Acesso em: 2 dez. 2018. BRITISH STANDARDS INSTITUTION. Guide to occupational health and safety management systems – BS 8800. London, 1996. DICIONÁRIO do Aurélio. 2013. Disponível em: <http://www.dicionariodoaurelio. com>. Acesso em: 2 dez. 2018. GIDDENS, A. As consequências da modernidade. Trad. Raul Fiker. São Paulo: Unesp, 1991. HSO. [Textos diversos]. 2015. Disponível em: <http://hso.com.br/TextoTecnico/in- dex.htm>. Acesso em: 2 dez. 2018. IACOB, V. S. Project manager skills, risk management tools. Studies and Scientific Researches Economics Edition, n. 18, p. 242-247, 2013. LEINFELDER, R. R. Contribuições para a ferramenta de análise de riscos Wrac – Workplace Risk Assessment Control. 2013. Monografia (Especialização em Engenha- ria de Segurança do Trabalho)-Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. MEHR, R. I.; HEGDES, B. A. Risk management in business enterprise. Homewood, USA: R. D. Irwin, 1963. OLIVEIRA, P. R. A. Gerência de riscos: apostila do Curso de Especialização em En- genharia de Segurança do Trabalho. Brasília, 2012. Disponível em: <https://pt.scribd. com/doc/252298701/3-8-Gerencia-de-Risco#download>. Acesso em: 2 dez. 2018. 19 UNIDADE Gestão de Riscos PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBoK Guide). 5th ed. Newtown Square, USA, 2013. ________. Practice Standard for Project Risk Management. Pennsylvania, USA, 2009. Q9: quality risk management. ICH harmonised tripartite guideline. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON HARMONISATION, 2005. Disponível em: <http://www.ema.euro- pa.eu/docs/en_GB/document_library/Scientific_guideline/2009/09/WC500002873.pdf>. Acesso em: 8 nov. 2014. RUPPENTHAL, J. E. Gerenciamento de riscos. Santa Maria, RS: Rede e-Tec Brasil, 2013. SOCIETY FOR RISK ANALYSIS. Foundations of risk analysis, discussion document. 2015. STANDARDS AUSTRALIA. AS/NZS 4360: risk management. Strathfield, 1999. Disponível em: <http://rogaine.asn.au/aradocs/file_download/14/AS%20NZS%20 4360-1999%20Risk%20management.pdf>. Acesso em: 2 dez. 2018. 20 Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Gerência de Riscos Identificação de Riscos Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Májida Farid Barakat Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Identificação de Riscos; • Metodologia para Identificação de Riscos; • Identificação – Etapa Importante da Gestão de Riscos. Fonte: Getty Im ages Objetivos • Apresentar e discutir o processo de identificação de riscos como etapa preliminar para a adequada gerência de riscos; • Elucidar as ferramentas acessórias para identificação de riscos. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Identificação de Riscos UNIDADE Identifi cação de Riscos Contextualização Para iniciarmos esta unidade, convido você a analisar a imagem a seguir e identificar os perigos, estimando os riscos existentes no ambiente de trabalho representado. Não deixe de repetir esta atividade após concluir o aprendizado proposto nesta uni- dade. Compare a quantidade e qualidade dos riscos identificados. Riscos no ambiente de trabalho, disponíveis em: https://goo.gl/73Xq49 e https://goo.gl/ryVYbp 6 7 Identificação de Riscos Nesta Unidade, abordaremos a primeira etapa do gerenciamento de riscos, que é a identificação dos riscos. Identificação do Perigo. Estimação do Risco. A identificação de riscos é um uso sistemático de informações para identificar pe- rigos referentes à questão de risco ou descrição do problema. As informaçõespodem incluir dados históricos, análises teóricas, opiniões informadas e as preocupações das partes interessadas. A identificação de riscos aborda a questão “O que pode dar errado?”, incluindo a identificação das possíveis consequências. Isso fornece a base para outras etapas do processo de gerenciamento de riscos. A identificação de risco é o uso sistemático de informações para identificar possíveis fontes de danos (perigos) referentes à questão de risco ou descrição do problema. Fatores a considerar no levantamento de PERIGOS e RISCOS Instalações Requisitos legais e técnicos Mudanças de processos, métodos e atividades Fatores humanos (comportamento e capacitação) Atividades de terceiros e visitantes Materiais utilizados no ambiente de trabalho Desenho das áreas de trabalho Situações de emergência Fatores internos e externos à empresa Processos produtivos Máquinas e equipamentos Atividades rotineiras e não rotineiras Figura 1 – Considerações na identifi cação de perigos e riscos Percepção de riscos A identificação do perigo e risco a que está exposto o trabalhador é a primeira atitu- de a ser tomada dentro do processo de gerenciamento de risco. Em seguida, há que se quantificar, ou seja, medir a intensidade da exposição. 7 UNIDADE Identifi cação de Riscos A percepção de risco é justamente a capacidade da pessoa de reconhecer as situa- ções ou condições que a expõem a risco no ambiente de trabalho, bem como identificar a frequência na qual está exposta ao perigo determinado pelo risco e quantificar a in- tensidade dessa exposição. A importância de conhecer os riscos Os locais de trabalho, pela própria natureza da atividade desenvolvida e pelas carac- terísticas de organização, relações interpessoais, manipulação ou exposição a agentes físicos, químicos, biológicos, situações de deficiência ergonômica ou riscos de acidentes, podem comprometer a saúde do trabalhador em curto, médio e longo prazo, provocan- do lesões imediatas, doenças ou a morte, além de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa. Desta forma, em qualquer tipo de atividade laboral, torna-se imprescindível a necessi- dade de investigar o ambiente de trabalho para conhecer os riscos a que estão expostos os trabalhadores. Muitas vezes, o trabalhador se expõe ao risco por desconhecer os perigos aos quais está exposto. Sem esta informação (que em Análise do Comportamento recebe o nome de “estímulo discriminativo”), dificilmente ele reconhecerá os riscos da tarefa e, assim, a probabilidade de se expor ao perigo fica aumentada e, por consequência, seu compor- tamento inseguro. Quando o trabalhador não percebe o risco é justamente quando mais se expõe aos perigos (desvios/incidentes), aumentando o risco de sua atividade e, como consequência, ocorrem acidentes. Quem conhece os riscos e sabe como agir pode diminuir muito sua vulnerabilidade e ainda ajudar o outro a se proteger. Como fase de identificação de perigos, podemos entender as atividades nas quais procuram-se situações, combinações de situações e estados de um sistema que possam levar a um evento indesejável. Na realidade, na visão da segurança tradicional, o que se fazia era apenas a identificação de perigos, esbarrando-se, então, na não continuidade dos programas e não se chegando, efetivamente, até as fases de análise e avaliação dos riscos. Deste modo, a grande maioria das diversas técnicas para “identificar perigos” é de domínio da segurança tradicional, como, por exemplo: • experiência vivida; • reuniões de segurança; • reuniões da CIPA; • listas de verificações; • inspeções de campo de todo os tipos; • relato, análise e divulgação de acidentes e quase acidentes (pessoais e não pessoais); • exame de fluxogramas de todos os tipos, inclusive o de blocos; 8 9 • análise de tarefas; • experiências de bancada e de campo. Como contribuição à fase de identificação de perigos dentro de uma visão mais mo- derna, pode-se acrescentar às antigas técnicas tradicionais a Técnica What-If e a Técnica de Incidentes Críticos (TIC). Técnica What-If A metodologia What-If é uma ferramenta flexível utilizada em qualquer tipo de processo e instalação para a identificação de perigos em desvios no processo produtivo em unidade em operação, nas fases iniciais de projetos e em modificações na instalação. A avaliação dos riscos relacionados aos perigos identificados no estudo What-If é uma ferramenta essencial para priorização de investimentos e ações de melhoria e sua gestão à garantia de manuten- ção dos riscos a níveis aceitáveis. What-If é uma técnica qualitativa de cunho geral, de simples aplicação e muito útil como primeira abordagem, na identificação e detecção de riscos, em qualquer fase do projeto ou processo. A aplicação da ferramenta consiste em reuniões de uma equipe especializada, co- nhecedora do processo, que avalia o fluxo do processo, os subprocessos envolvidos, as entradas e saídas e, com base no conhecimento de cada integrante, são levantadas questões do tipo “What if?” ou, em português, “E se?”. Ao responder à questão levantada, a equipe não precisa, necessariamente, ir fundo na pesquisa e identificação das causas e consequências. Eventualmente, estas causas e consequências podem ser mais bem detalhadas, assim como as medidas de mitigação e prevenção, através de outras ferramentas. What if – exemplos de questões: • E se a válvula X estiver bloqueada? • E se o tanque transbordar? • E se a temperatura de reação subir acima do aceitável? • E se faltar energia? Observe que as respostas a estas questões podem ter diferentes graduações de deta- lhamento, ensejando a oportunidade de utilização das outras ferramentas, que permiti- rão análise qualitativa e quantitativa dos riscos. Figura 2 Fonte: Getty Images 9 UNIDADE Identifi cação de Riscos Para realizar uma adequada análise “What if”, é importante um time multifuncional com experiência na planta e no processo, com um coordenador com capacidade de liderança, e realizar reuniões adequadamente conduzidas, iniciando com a apresentação da metodologia. É necessário também ter disponíveis o lay-out da planta, os fluxogramas de processo e de engenharia, especificações de equipamentos, variáveis do processo, diagramas de instrumentação (P&ID’s) e outros documentos pertinentes. Percorre-se o fluxo de processo, buscando-se colocar questões “What if” ao longo do percurso. O método testa possíveis falhas e omissões de procedimentos, na prática das normas e dos projetos, além de analisar o comportamento dos profissionais envolvidos e verifi- car se estão de acordo com a segurança proposta. Técnica dos Incidentes Críticos É uma técnica qualitativa, para identificar falhas e condições inseguras que podem contribuir para a ocorrência de acidentes reais ou potenciais. É um método para identificar erros e condições inseguras que contribuem para a ocorrência de acidentes com lesões reais e potenciais, com grande potencial, princi- palmente naquelas situações em que se deseja identificar perigos sem a utilização de técnicas mais sofisticadas e, ainda, quando o tempo é restrito. A técnica tem como objetivo a detecção de incidentes críticos e o tratamento dos riscos que os mesmos representam. Para isso, utiliza-se de uma equipe de entrevistados representativa dentre os principais departamentos da empresa, procurando representar as diversas operações da mesma dentro das diferentes categorias de risco. O incidente crítico define-se enquanto uma situação ou evento que se destaca pelas suas características, que o tornam crítico, distinto e relevante para a compreensão de um dado fenômeno ou processo. A aplicação da Técnica dos Incidentes Críticos (TIC) implica um conjunto de passos, de forma que os dados sejam recolhidos num formato que permita dar resposta aos objetivos da investigação. Esses passos podem ser sistematizados nas seguintes fases: 1. preparação; 2. coleta dos dados; e 3. análise dos dados. Para maior compreensãodesta técnica, assita ao vídeo do link a seguir, disponível em: https://youtu.be/0nroL_ZSMro 10 11 Metodologia para Identificação de Riscos Um ponto importante a ser observado para a identificação efetiva de riscos é que não se trata apenas de uma lista de riscos que precisa ser elaborada progressivamente. O mesmo vale para a descrição completa de cada risco, uma declaração de risco total- mente especificada deve descrever não apenas o que pode acontecer, mas também por que, quando e para que efeito. A figura 2 apresenta os quatro passos para uma efetiva identificação de riscos. Identi�cação Básica Identi�cação Detalhada Veri�cação Cruzada Finalização Figura 3 – Identifi cação de riscos O primeiro passo – identificação básica Identi�cação Básica Identi�cação Detalhada Veri�cação Cruzada Finalização Ferramentas utilizadas para Identi�cação Básica: ∙ Análise SWOT ∙ Analogia Figura 4 – Identifi cação básica O primeiro passo é fazer duas perguntas: • Por que (ou por que não) nós? • Onde vimos isso antes? A primeira pergunta corresponde a uma análise SWOT, enquanto a segunda pode ser respondida com o uso de “lições aprendidas” ou outras fontes de analogia conhecidas. Análise SWOT SWOT: é um acrônimo formado pelas palavras inglesas Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Figura 5 – Análise SWOT Fonte: Getty Images 11 UNIDADE Identifi cação de Riscos FATORES POSITIVOS+ FATORES NEGATIVOS− S - Strengths F - Forças W - Weaknesses F - Fraquezas O - Oportunities O - Oportunidades T - Thereats A - Ameaças SWOT FOFA Fa to re s In te rn os Fa to re s Ex te rn os Figura 6 Estas quatro dimensões de estudo resultam em uma lista de prós e contras que au- xiliam na tomada de decisão. Consistem na análise subjetiva das capacidades internas, para identificar as forças e as fraquezas da organização, e do ambiente externo no qual atua a organização, para apontar as oportunidades e ameaças presentes. AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO FORÇAS E FRAQUEZAS OPORTUNIDADES E AMEAÇAS DIAGNÓSTICO Figura 7 – Elementos integrantes do diagnóstico A análise SWOT foi desenvolvida pela escola do design, do grupo de administração geral da Harvard Business School (CHRISTENSEN; BOWER, 1965). O modelo pro- posto pela escola é a “formulação de estratégia que busque atingir uma adequação entre as capacidades internas e as possibilidades externas” (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000). Atribui-se, no entanto, a Sun Tzu, em seu livro A arte da guerra, a base do pensamento da SWOT. A análise SWOT deve ser aplicada anteriormente à formulação estratégica de ação. Analogia A abordagem é aprender com a experiência anterior. Neste caso, é muito importante selecionar um projeto ou conjunto de projetos que sejam realmente similares ao atual. Figura 8 Fonte: Getty Images 12 13 Segundo passo – identificação detalhada Os riscos identificados no primeiro passo servirão como desencadeador do pensa- mento em maior profundidade. Existem cinco técnicas principais para isso. Identi�cação Básica Identi�cação Detalhada Veri�cação Cruzada Finalização Há cinco ferramentas disponíveis para Identi�cação Detalhada: ∙ Entrevistas ∙ Análise de Premissas ∙ Cimentários de documentos ∙ Técnica de Delphi ∙ Brainstorming Figura 9 – Identifi cação detalhada Entrevista Para obter os melhores resultados de uma entrevista, ela deve ser executada com definição dos objetivos e o resultado desejado. Selecione as pessoas corretas e informe-as (entrevis- tadores e entrevistados). Devem ser alocados tempo e recursos. Figura 10 Fonte: Getty Images Análise de premissas Várias decisões são baseadas em suposições (conscientes ou inconscientes). Como cada suposição pode estar errada, cada uma é um risco potencial. Um desafio na análise de hipóteses é tentar tornar as suposições inconscientes visíveis. Figura 11 Fonte: Getty Images Desenvolva questões relevantes. 13 UNIDADE Identifi cação de Riscos Comentários de documentos Todos os documentos envolvidos no processo fornecem detalhes que podem indicar áreas de risco. Alguns riscos podem vir de um processo defeituoso, enquanto outros podem ser inerentes à abordagem ou restrições do processo. Figura 12 Fonte: Getty Images Técnica Delphi O método Delphi apresenta três características fundamentais, que são: o anonimato; a interação e a realimentação controlada; e a resposta do grupo em forma de estatísti- ca. O anonimato significa que durante um Delphi nenhum dos participantes conhece a identidade dos demais que compõem o grupo de debates, o que oferece três aspectos positivos: impede que um membro do grupo seja influenciado pela reputação de outro dos membros ou pelo peso que supõe opor-se à maioria; permite que um membro possa mudar suas opiniões sem que isto suponha uma perda de imagem; e um dos especialis- tas pode defender seus argumentos com a tranquilidade de saber que no caso de estes estarem errados, seu equívoco não vai ser reconhecido pelos demais especialistas. Figura 13 Fonte: Getty Images A interação e realimentação controlada sugerem que se consegue a interação ao apresentar mais de uma vez o mesmo questionário. Como vão sendo apresentados os resultados obtidos com os questionários anteriores, consegue-se que os especialistas conheçam os diferentes pontos de vista e possam ir modificando sua opinião caso os argumentos apresentados lhes parecerem mais apropriados que os seus. 14 15 A resposta do grupo em forma estatística é a informação apresentada aos partici- pantes, não só do ponto de vista da maioria, mas representando todas as opiniões e indicando o grau de acordo obtido (LINSTONE et al., 2002; KONOW et al., 1990). O Delphi possui uma terminologia específica, que define cada uma de suas ativida- des, de suas etapas, bem como os sujeitos envolvidos, assim: 1. rodada (ou circulação) é cada um dos sucessivos questionários apresentados ao grupo; 2. questionário é o documento (instrumento) que se envia aos especialistas. Não é só um documento que contém uma lista de perguntas, mas um documento com o qual se consegue que os participantes da pesquisa interatuem, já que nele se apresentam os resultados das circulações anteriores; 3. painel é o conjunto de especialistas que farão parte do Delphi; 4. moderador é a pessoa responsável por recolher as respostas do painel e prepa- rar os questionários. Antes de iniciar-se um Delphi, realiza-se uma série de tarefas prévias. A primeira refere-se à delimitação do contexto e do horizonte temporal em que se deseja realizar a previsão sobre o tema do estudo. A seguir, procede-se à seleção do painel de especialistas e à obtenção de seu com- promisso em colaborar. Por fim, é dada a explicação aos especialistas sobre o método, buscando-se a obten- ção de informações confiáveis, uma vez que eles vão conhecer, a cada momento, qual o objetivo de cada um dos processos que requer a metodologia. Para Helmer et al. (1972), o método Delphi é um programa cuidadosamente elaborado que segue uma sequência de interrogantes individuais através de questionários, levando à obtenção de informação que constituirá a retroalimentação do questionário seguinte. Basicamente, o método consiste em um questionário interativo que circula repetidas vezes por um grupo de peritos, preservando o anonimato das respostas individuais. A cada nova rodada, as perguntas do questionário inicial são repetidas, contendo informações e dados estatísticos coletados nas respostas do questionário anterior. Quando são solicitadas novas respostas com justificativas, os participantes devem reavaliar suas respostas à luz das respostas numéricas e das justificativas dadas pelos demais respondentes da rodada anterior. Este procedimento é repetido até que a divergência de opinião entre os especialistas reduza-se a um nível considerado satisfatório, sendo que a resposta da última rodada é encarada como o consenso do grupo. O anonimato das respostase o fato de não haver uma reunião física reduzem a influ- ência de fatores psicológicos, como os efeitos da capacidade de persuasão, a relutância em abandonar posições assumidas e a dominância de grupos majoritários em relação a opiniões minoritárias. 15 UNIDADE Identifi cação de Riscos O Delphi tradicional, geralmente aplicado a tendências e eventos futuros, teve, recen- temente, seu conceito ampliado para incorporar a busca de ideias e estratégias para a proposição de políticas organizacionais mais gerais, deixando de se caracterizar unica- mente como um instrumento de previsão e tornando-se uma técnica de apoio à decisão e à definição de políticas. Brainstorming Este método foi inventado por Alex F. Osbom em 1939, quando ele presidia, à época, uma importante agência de propaganda. Figura 14 Fonte: Getty Images É usado para que um grupo de pessoas crie o maior número de ideias acerca de um tema previamente selecionado. O seu nome deriva de Brain = mente e Storming = tempestade, que se pode traduzir como Tempestade Cerebral/ Tempestade de Ideias. É também usado para identificar problemas no questionamento de causas ou para se fazer a análise da relação causa-efeito. O Brainstorming pode ser de dois tipos: • Estruturado: todos os integrantes devem dar uma ideia quando chegar a sua vez na rodada, ou passar a vez até a próxima rodada. Isso evita a preponderância dos integrantes mais falantes, dá a todos uma oportunidade igual para contribuir com ideias e promove um envolvimento maior de todos os integrantes, mesmo os mais tímidos. O Brainstorming termina quando nenhum dos integrantes tem mais ideias e todos “passam a vez” numa mesma rodada. • Não-estruturado: qualquer integrante lança ideias à medida que vão surgindo na mente. Tende-se a criar uma atmosfera mais relaxada, mas também há o risco de os integrantes mais falantes dominarem o ambiente. Torna-se mais fácil para certos integrantes pegar carona nas ideias dos outros. Essa técnica termina quando ne- nhum integrante tem mais ideias e todos concordam em parar. 16 17 Um Brainstorming é realizado em 6 etapas básicas: 1. Construir a equipe: a equipe deve ser definida. Geralmente participam os mem- bros do setor que busca envolver o problema. Eventualmente, pessoas criativas, de outros setores da empresa, podem ser convocadas. Os participantes devem estar reunidos em torno da uma mesa e devem indicar uma pessoa para secreta- riar (facilitador) a reunião, isto é: anotar as ideias que cada membro vai ditando. 2. Definir foco e enfoque: foco é o tema principal, o assunto. Geralmente está associado a um resultado indispensável (problema) ou a um desafio que se quer vencer. Definido o foco, é necessário estabelecer o enfoque, que mostrará como o foco vai ser abordado. 3. Geração de ideias: o que importa, nesta etapa, é a quantidade de ideias gera- das. Não importa a “qualidade”: O exercício deve centrar-se sobre o único foco já clara e previamente definido. As ideias emitidas, nesta etapa, devem ser anotadas pelo facilitador e devem ficar isentas de críticas. Pode-se dizer que quanto mais “potencialmente disparatada” for uma ideia, melhor, pois mais facilmente pode induzir a criatividade para a solução. O objetivo, nesta etapa, é emitir ideias que possam ser associadas a outras já emitidas. O participante deve emitir qualquer ideia, sem nenhum exercício de censura quan- to às próprias e quanto às ideias dos demais. A ideia deve ser formulada mesmo que num primeiro instante pareça ridícula. O facilitador deve anotar as ideias emitidas pelos participantes sem qualquer críti- ca. Quando emitir uma ideia deve expressá-la em voz alta e anotá-la. Periodicamente, o facilitador faz a leitura de todas as ideias até então anotadas. Ao término de um determinado período de tempo (de 10 a 20 minutos), as ideias começam a rarear e o facilitador pode propor o encerramento, passando-se para a etapa seguinte. 4. Crítica: nesta etapa, o que se objetiva é a qualidade. Isso é obtido através de uma primeira crítica às ideias geradas. O facilitador lê as ideias emitidas uma a uma e, em conjunto, é feita uma primeira análise. A ideia está voltada para o foco do problema? Se sim, ela continua; caso contrário, é riscada (eliminada). 5. Agrupamento: uma vez selecionadas as ideias em consonância com o foco, estas são agrupadas por “parentesco” ou semelhança de conteúdo, de forma a gerar subtítulos ou múltiplas respostas. 6. Conclusão: feita uma análise dos tópicos, subtítulos ou respostas, deve-se sele- cionar aquelas que, combinadas ou isoladamente, respondem à questão exposta no foco. Assista também ao vídeo “5 Passos para um Brainstorming perfeito“, que apresenta esta técnica poderosa. Disponível no link: https://youtu.be/-_M2YR76QqA 17 UNIDADE Identifi cação de Riscos O terceiro passo – verificação cruzada Até agora, você já tem um conjunto bastante extenso de riscos. No entanto, isso é quase inteiramente baseado no conhecimento e nas ideias de dentro da equipe. O próximo passo é avaliar se existe alguma informação relevante disponível além do processo envolvido. As ferramentas na fase de verificação cruzada podem ser: lista de verificação e categorias. Identi�cação Básica Identi�cação Detalhada Veri�cação Cruzada Finalização Para a Veri�cação Cruzada, há duas ferramentas disponíveis: ∙ Listas de Veri�cação ∙ Categorias Figura 15 – Verifi cação cruzada Lista de verificação Listas de verificação de risco são normalmente des- tinadas a um mercado específico ou área de tecnologia. Elas consistem em uma lista de riscos típicos com suas causas e impactos típicos. Estas listas também costumam propor respostas típicas. Estas listas só devem ser usadas uma vez que a lista inicial tenha sido desenvolvida porque tendem a sufocar a criatividade se usadas prematuramente. Categorias Os grupos desenvolvidos na etapa Agrupamento de Afinidade são exemplos de ca- tegorias. No entanto, de forma semelhante às listas de verificação, existem algumas listas estruturadas de categorias para processos típicos. Uma abordagem útil é obter ou desenvolver um desdobramento hierárquico em subcategorias para criar uma “estrutura de divisão de risco” para o processo. Após o terceiro passo – o que vem a seguir? Neste ponto, você terá uma lista de riscos, que, como mencionado no início, será uma mistura de causas, impactos, áreas e eventos. O que é finalmente necessário é preencher qualquer elemento ausente em cada de- claração de riscos totalmente especificada. Existem ferramentas específicas para determinar cada elemento ausente. Identi�cação Básica Identi�cação Detalhada Veri�cação Cruzada Finalização ∙ Para investigar uma área de risco, use o Fluxograma. ∙ Quando você conhece o impacto, use o Diagrama de Espinha de Peixe para determinar as causas potenciais. ∙ Quando você conhece as causas potenciais, para você conhecer o que elas afetam o seu processo, use o Diagrama de Inuências. Figura 17 – Finalização Figura 16 Fonte: Getty Images 18 19 Fluxograma Um fluxograma pode mostrar as atividades e decisões, bem como o fluxo de controle e dados por meio de uma área ou processo específico (DALE, 1999). A fim de determinar os riscos associados à área ou processo em questão, cada ação e ponto de decisão devem ser investigados do ponto de vista das ameaças e oportunidades que ele possa representar. O fluxograma é uma ferramenta utilizada para repre- sentar a sequência e interação das atividades do processo por meio de símbolos gráficos. Os símbolos proporcionam uma melhor visualização do funcionamento do processo, ajudando no seu entendimento e tornando a descrição do processo mais visual e intuitiva. A documentação do fluxo das atividades torna possível realizar melhorias e esclarece melhor o próprio fluxo de trabalho. Dentre as vantagens de utilizar o fluxograma, é possível ressaltar que ele: • melhora a compreensão do processo de trabalho; • mostra os passos necessários para a realizaçãodo trabalho; • cria normas-padrão para a execução dos processos; • demonstra a sequência e interação entre as atividades/projetos; • pode ser utilizado para encontrar falhas no processo; • pode ser utilizado como fonte de informação para análise crítica; • facilita a consulta em caso de dúvidas sobre o processo. Para facilitar o entendimento e análise do processo, o diagrama utiliza uma série de símbolos para representar as ações e momentos do processo. Não é obrigatório o uso de todos os símbolos, devendo-se utilizá-los de acordo com as necessidades das atividades mapeadas. No geral, pode-se dizer que os símbolos de início ou fim do processo e de tomada de decisões são os mais utilizados. Veja outros símbolos: Tabela 1 – Símbolos de um fl uxograma Símbolo Função Indica o início ou fim do processo Indica cada atividade que precisa ser executada Indica um ponto de tomada de decisão Indica a direção do fluxo Indica os documentos utilizados no processo Indica uma espera Indica que o fluxograma continua a partir desse ponto em outro círculo, com a mesma letra ou número, que aparece em seu anterior. Fonte: tabela elaborada pela professora conteudista Figura 18 – Verifi cação cruzada Fonte: Adaptado de Getty Images 19 UNIDADE Identifi cação de Riscos Quando um fluxograma de processo é elaborado, são identificados os fatores pro- blemáticos que não eram percebidos anteriormente, os quais poderão ser trabalhados e melhorados para alcançar melhores resultados. Diagrama de Espinha de Peixe O Diagrama de Ishikawa, conhecido como Espinha de Peixe, Diagrama 6M ou Dia- grama de Causa e Efeito, tem o objetivo de indicar a relação entre o efeito e as causas que contribuem para a sua ocorrência. Ele foi aplicado pelo professor Kaoru Ishikawa, da Universidade de Tóquio, em 1953, para detectar os problemas de qualidade de uma fábrica. Para a boa execução da metodologia, será preciso a participação de alguns colabo- radores que conhecem o processo de trabalho para dar sua opinião. Pois nada melhor do que quem está envolvido de fato no processo de trabalho para poder nos informar sobre esses fatores. Vale lembrar que o engenheiro em segurança do trabalho deve ter o conhecimento de todo fluxograma das atividades, ou seja, conhecer o processo produtivo para, então, reconhecer onde pode existir uma condição que possa colocar a vida ou a saúde dos trabalhadores em risco. Para estruturá-lo, existem seis tipos de categorias utilizadas para classificar o problema. Esse diagrama é parecido com a espinha de um peixe. Quando for começar elaborar o diagrama, o efeito, ou seja, a consequência do ocorrido, deverá ser registrado na cabeça do peixe. E as suas possíveis causas deverão ser registradas nas espinhas. Figura 19 – Esquema do Diagrama de Espinha de Peixe Fonte: Acervo do Conteudista Para estruturar o Diagrama de Causas e Efeitos, existem seis categorias, os 6 “M” (mão de obra, métodos, máquinas, meio ambiente, materiais e medidas). A tabela 2 apresenta alguns exemplos que devem ser considerados como causas, ao estruturar um diagrama de efeito e causa. 20 21 Tabela 2 – Exemplos de causas por categoria 6 M EXEMPLOS Mão de obra Treinamento, motivação, habilidades Métodos Procedimentos, manuais, instruções de trabalho Máquinas Manutenção, proteções, condições inseguras, finalidade Meio Ambiente Relações interpessoais, clima, sujeira, localização Materiais Especificações, fornecedores, toxicidade, características Medidas Verificação, instrumentos, métricas, controle Fonte: tabela elaborada pela professora conteudista • Método: Quanto a forma de trabalho influenciou o problema? • Máquina: Houve problemas com máquinas e equipamentos em geral? • Medida: Será que as métricas que usamos para medir o trabalho estão adequadas? • Meio ambiente: Houve alguma influência do meio ambiente na ocorrência do problema? • Material: Será que o material utilizado pode ter influenciado o trabalho? Tinha boa qualidade? Foi proveniente de um fornecedor homologado? • Mão-de-obra: Registra-se aqui se houve dificuldades por parte das pessoas (mão de obra), se falta treinamento, se a atitude está adequada, se houve falta de expe- riência etc. Para cada causa pode haver também uma subcausa e assim por diante, enquanto fizer sentido aprofundar a análise. Através do link: https://youtu.be/fSOScQTgo_Y, você terá mais informações sobre essa técnica. Diagrama de influência Um diagrama de influência é uma maneira de mostrar a relação entre ações - em sua ordem cronológica - e causas potenciais. Desta forma, o conjunto completo de cenários de risco pode ser mostrado. Tudo o que resta é ler os vários cenários do diagrama se- guindo as relações de influência. A figura 10 exemplifica um diagrama de influências para decisão de evacuação por conta de um furação. Previsão Decisão Caminho do Furação Consequência Possíveis Previsões “Vai acertar Miami” “Não vai acertar Miami” Resultados Acerta Miami Erra Miami Escolhas Evacuar Ficar Escolha Evacuar Ficar Resultado Acerta Miami Erra Miami Acertar Miami Erra Miami Consequência Segurança, alto custo Perigo, Baixo Custo Segurança, Baixo Custo Figura 20 – Diagrama de infl uências 21 UNIDADE Identifi cação de Riscos A tabela 3 apresenta os passos para identificação de riscos. Tabela 3 – Passos da identifi cação de risco FERRAMENTA SAÍDA VALOR AGREGADO Identificação Básica Análise SWOT Analogia Riscos óbvios Ponto de início para melhor identificação; Visão antecipada e nível dos riscos. Identificação Detalhada Entrevistas Análise de Premissas Comentários de documentos Técnica de Delphi Brainstorm “Lista enriquecida” Listas contendo menos riscos óbvos; Riscos maiores descobertos. Verificação Cruzada Listas de Verificação Categorias Mais completa Benefícios advinhos da experiência de outros. Finalização Fluxograma Diagrama de Espinha de Peixe Diagrama de influências Atividade de risco mapeada com causas e efeitos; Efeito indesejado com causas mapeadas; Causas “ameaçadores” e seus efeitos mapeados. Detalhes para o estabelecimento completo do risco. Identificação – Etapa Importante da Gestão de Riscos A identificação de perigos e avaliação de riscos é essencial para garantir a segurança das empresas e de todos os seus colaboradores, pois a avaliação dos riscos consiste na análise das situações indesejadas que são potencialmente danosas para a saúde e segu- rança dos trabalhadores no seu local de trabalho decorrentes das circunstâncias em que o perigo ocorre no trabalho. Assim, conforme metodologia aprendida, faz-se a decomposição analítica ou detalhada do objeto de estudo, podendo ser uma tarefa, um local, um equipamento de trabalho, a estrutura…, de forma a se conseguir uma caracterização dos riscos presentes, a sua relação com a fonte, possível desenvolvimento, probabilidade de ocorrência, extensão e operador(es) exposto(s). Para isso, inicia-se o processo com uma identificação de perigos com a aquisição de dados, não só através de manuais de máquinas, fichas de segurança, histórico de ocor- rências, inquéritos e questionários, mas também através da observação direta com o fim de identificar materiais, sistemas, processos e instalações que podem ter consequências indese- jáveis e/ou danosas para os trabalhadores ou terceiros que estejam expostos. No processo de identificação de riscos, devem também ser identificadas as pessoas que estão ou podem vir a estar expostas a tais perigo identificados, podendo estas serem os operadores, fornece- dores, clientes, visitantes, dependendo da atividade da empresa. Desta forma, a identificação de perigos e riscos consiste na verificação dos perigos presentes numa dada situação de trabalho e suas possíveis consequências, em termos dos danos sofridos pelos trabalhadores expostos. Após o processo de identificação de riscos, procede-se, então, à avaliação de riscos. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordadosnesta Unidade: Livros As sete ferramentas gerenciais da qualidade: implementando a melhoria contínua com maior eficácia MOURA, E. C. As sete ferramentas gerenciais da qualidade: implementando a me- lhoria contínua com maior eficácia. São Paulo: Makron Books, 1994. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais SELEME, R.; STADLER, H. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. 20ª ed. Curitiba: Ibpex, 2010. Design and implementation of an identification system in construction site safety for proactive accident prevention YANG, H. et al. Design and implementation of an identification system in construction site safety for proactive accident prevention. Accident Analysis & Prevention. v. 48, p.193-203, 2012. Leitura Safety risk identification system for metro construction on the basis of construction drawings DING, L. Y. et al. Safety risk identification system for metro construction on the basis of construction drawings. Automation in Construction, v. 27, p. 120-137, 2012. https://goo.gl/YPxRv3 Riscos no trabalho em olarias e seu entendimento por parte dos trabalhadores FAGUNDES, J. P. B. Riscos no trabalho em olarias e seu entendimento por parte dos trabalhadores. RELACult - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e So- ciedade, [S.l.], v. 4, fev. 2018. https://goo.gl/yq5pD9 Percepção de riscos no trabalho: estudo de caso com colaboradores de uma indústria metalúrgica SOUZA, D., GASQUES, A. F. Percepção de riscos no trabalho: estudo de caso com co- laboradores de uma indústria metalúrgica. Trabalhos de Conclusão de Curso do DEP, Maringá: Paraná, v. 13, n. 1, abr. 2018. https://goo.gl/LbaeHj 23 UNIDADE Identifi cação de Riscos Referências CHRISTENSEN, C. R., BOWER, J. L. Business policy: text and cases, R. D. Irwin, 7. ed. 1965. DALE, B. G. Managing quality. Malden Mass, USA: Blackwell Publishers. 1999. HELMER, O.; RESCHER, N. Sobre la epistemologia de las Ciencias Inexactas. Futuro Presente Lisboa, n. 8, p. 115-135, 1972. KONOW, I.; PÉREZ, G. Método Delphi. In.: KONOW, Irene; PÉREZ, Gonzalo. Métodos y técnicas de investigación prospectiva para la toma de decisiones. Chile: Funda- ción de Estudios Prospectivos, 1990. LINSTONE, H. 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Kelciane da Rocha Campos Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Análise de Riscos; • Ferramentas de Análise de Riscos. Fonte: Getty Im ages Objetivos • Apresentar e discutir as metodologias para análises qualitativa e/ou quantitativa dos riscos; • Elucidar as ferramentas de análise de riscos, tais como: FMEA, FTA, HAZOP, PHA, RRF. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Análise Qualitativa e Quantitativa dos Riscos UNIDADE Análise Qualitativa e Quantitativa dos Riscos Contextualização Nesta unidade, você aprenderá a etapa da gestão dos riscos que trata sobre a análise dos riscos. Esta etapa faz parte das medidas essenciais para a segurança do trabalho. É o proces- so realizado para identificar os riscos existentes no ambiente de trabalho com o objetivo de minimizar, controlar e evitar as ameaças presentes no dia a dia dos trabalhadores. Os principais objetivos da análise de risco na segurança do trabalho são a realização da avaliação dos possíveis riscos em cada etapa das tarefas profissionais, assim como es- tabelecer as correções necessárias, implantar e supervisionar os processos para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores. Promover a prática das medidas de segurança na empresa através do conhecimento, treinamento e capacitação. Além disso, é possível identificar os riscos presentes. Isto porque este procedimento registra as correções rea- lizadas nas atividades e locais de trabalho. A análise de risco auxilia diversos tipos de programas na segurança do trabalho, contribuindo para a elaboração e proteção mais eficaz dos trabalhadores, pois através dela é possível elaborar o PPRA, o Mapa de Risco, assim como o PCMSO, o PCA, PPR e, é claro, identificar os EPIs corretos e necessários para cada usuário, de acordo com a atividade de trabalho. Sabemos que para adquirir um EPI é preciso compreender quais são os riscos que temos que controlar, minimizar e eliminar. Assim, podemos escolher os EPIs e coletivos de maneira efetiva e correta para cada tipo de atividade. Por isso, a análise de risco é essencial e primordial para a eficiência da segurança do trabalho nas empresas. A segurança do trabalho oferece diversas ferramentas para os profissionais realiza- rem a gestão com eficiência para evitar os acidentes de trabalho e as doenças ocupacio- nais, como, por exemplo, FMEA, HAZOP, APR e FTA. Análise de Risco PPRA Mapa de Riscos Ordem de Serviço EPCs EPIs PCMAT PPR PCA PCMSO Figura 1 – Inter-relações entre as atividades de segurança do trabalho com a análise de risco 6 7 Análise de Riscos Nesta Unidade, abordaremos a análise de riscos. Você sabia que o empregador tem a obrigação de elaborar uma análise de risco para asse- gurar a proteção dos trabalhadores? Por isso, é preciso conhecimento de um especialista na área de segurança do traba- lho para determinar os riscos presentes em cada atividade e local de trabalho. A CIPA também pode orientar e identificar algumas ameaças à saúde do trabalhador. Mas apenas o especialista, como o Engenheiro de Segurança ou Médico do Trabalho, poderá quantificar os riscos existentes no ambiente de trabalho. Frequentemente, a análise de risco está presente nas Normas Regulamentadoras emi- tidas pelo Ministério do Trabalho. Os riscos identificados precisam ser priorizados, o que significa primeiramente prever os impactos dos eventos sobre os objetivos do processo e sua probabilidade de ocorrên- cia. Para Ferreira Junior (2009), esta análise considera os níveis de tolerância a riscos e os períodos para os possíveis eventos de risco. Segundo Fao e Who (2005), a análise de risco é compreendida como um processo estruturado que visa identificar um problema potencial, avaliar a probabilidade da sua ocorrência, estimar o seu impacto e sugerir as medidas para solucioná-lo. A análise de risco, como todo tipo de previsão de eventos, possui incertezas que são inerentes e quedevem ser consideradas na estimativa do risco. De acordo com Luchese (2001), o nível de incerteza sugere a qualidade do conhecimento gerado, do resultado da avaliação. Avaliação de risco é um exame minucioso, efetuado no local de trabalho, para detec- tar os elementos que causam danos aos trabalhadores expostos. A análise de riscos deve considerar os critérios de tolerabilidade e a classificação do risco analisado. O principal objetivo da análise de risco ocupacional é melhorar o nível de segurança no local de trabalho, quer pela prevenção de acidentes e lesões, quer pela minimização das suas consequências (PINTO, RIBEIRO & NUNES, 2013). Por isso, é um processo contínuo, inserido na rotina, que deve ser revisto periodica- mente. São necessários um acompanhamento e revisão das medidas de controle quando se adquirem novos equipamentos, novos produtos e novos procedimentos. É também necessário garantir supervisão adicional quando há entrada de novos trabalhadores inexperientes ao local de trabalho, para que, deste modo, se possam prevenir acidentes de trabalhos futuros (UNIT, 2012). Desta forma, segundo Nunes (2013), torna-se necessário efetuar uma análise de ris- cos anualmente ou quando é efetuada alguma alteração no processo de trabalho para uma prevenção de riscos ocupacionais eficaz. 7 UNIDADE Análise Qualitativa e Quantitativa dos Riscos Nesse processo, a análise de risco deve ter como elementos principais: envolver a alta direção, implementar uma metodologia para analisar risco e selecionar ferramentas para este propósito. Além da definição de prioridades e de um plano de ação que trate as ocorrências identificadas nos estudos de risco. Os eventos de risco devem ser clas- sificados e gerenciados pela organização por meio de controles efetivos e a análise de riscos deve ser incorporada aos novos projetos, ampliações e modificações relevantes (FANTAZZINI, 2004). Análise qualitativa e quantitativa dos riscos A análise de riscos busca calcular (ou classificar) o risco, encontrando a solução da função: risco = f (probabilidade; severidade; percepção). Segundo a ABNT (2009), ela envolve a apreciação das causas e as fontes de risco, suas consequências e a probabili- dade de que essas consequências possam ocorrer. A análise do risco permite definir a magnitude do risco. Dependendo do objetivo final da empresa, levando em consideração o ambiente de trabalho e os riscos que a mesma deseja analisar, a análise de risco pode ser qualitativa e quantitativa. A qualitativa determina a qualidade, é um tipo de avaliação que irá definir onde estão os riscos do seu ambiente laboral, porém não consegue mensurar a intensidade desses riscos. Já na quantitativa é possível determinar a quantidade dos riscos presentes no trabalho, avaliando a quantidade dos agentes ambientais. As análises de risco qualitativas utilizam ferramentas que servem basicamente para identificação de condições perigosas e de eventos indesejados. De acordo com Carvalho (2007), a avaliação qualitativa baseia-se numa avaliação subjetiva, quando não existe qualquer registo numérico associado. A característica prin- cipal de um método qualitativo é o uso de uma escala subjetiva (por exemplo: baixo- -médio-alto). O método do Estudo dos Perigos e Operacionalidade (HAZOP – Hazard and Operability Analysis) é um método qualitativo, de fácil compreensão, que identifica as medidas de controle e as consequências das falhas no sistema em estudo, embora a sua implementação seja morosa e necessite de uma equipe especializada. A metodologia FMEA também é uma avaliação qualitativa. A avaliação quantitativa é efetuada através do cálculo entre a probabilidade de ocor- rência de um determinado dano e a gravidade da sua consequência (Clarke & Cooper, 2000). São métodos baseados em estatísticas, como, por exemplo, a Análise por Árvore de Falhas (FTA – Fault Tree Analysis). O método FTA é predominantemente utilizado na indústria aerospacial, química e nuclear (Groso, Ouedraogo, & Meyer, 2012) e tem como vantagem o fato de providenciar uma representação lógica da sequência dos acon- tecimentos, isto é, permite ao analista focar em apenas uma falha de cada vez, sem nun- ca perder a perspectiva geral do sistema. Como desvantagem, segundo Harms-Ringdahl (2013), a sua implementação é morosa, de elevados custos e as representações lógicas podem tornar-se demasiado complexas. 8 9 Na atualidade, a maior parte das modelagens de risco quantitativo é realizada com auxílio de software. Além de haver uma tendência de, mesmo nas análises qualitativas, serem utilizados softwares que transcrevem os passos das ferramentas conhecidas de análise de risco (CGE, 2012). Antes de realizar uma análise quantitativa, é desejável realizar a análise qualita- tiva (HAMMER, 1993). Até porque as análises quantitativas são mais dispendiosas. A DuPont (2014) recomenda analisar quantitativamente somente os riscos classificados como intolerável ou não-ALARP. ALARP (As Low As Reasonably Practicable): é uma expressão inglesa que pode ser tradu- zida por “tão baixo quanto possível” A alternativa às análises qualitativas e quantitativas são as ferramentas de análise de risco semiquantitativas, que incorporam uma fase de classificação dos riscos, levando em conta a severidade e a probabilidade do evento indesejado. Nas análises de risco se- miquantitativas, o risco não é um número, mas é o resultante da combinação de proba- bilidade e severidade, numa classificação em níveis de risco: pequeno, médio ou grande. Um exemplo de ferramenta de risco semiquantitativa é a Workplace Risk Assessment Control (WRAC), uma técnica que incorpora a quantificação baseada na classificação de graus de probabilidades de ocorrer determinado evento indesejado e a severidade das consequências caso os referidos eventos ocorram. Frequentemente, essa classificação baseia-se numa tabela chamada de “matriz de tolerabilidade”. Ferramentas de Análise de Riscos As ferramentas de análise de risco são de fundamental importância para o gerencia- mento de risco, no sentido de evitar acidentes ou a repetição deles, como também evitar perdas e danos. Elas são bem divulgadas, são simples e não representam inicialmente um investimento monetário além do tempo que os profissionais envolvidos têm que gas- tar em reuniões e coleta de dados. As ferramentas de análise de riscos estabelecem um processo baseado numa meto- dologia orientada para calcular ou classificar o risco de determinado evento. São muitas as referências para ferramentas e técnicas relacionadas às análises de risco de segurança, conforme apresentado no capítulo anterior, tanto para análises qua- litativas, quanto para análises quantitativas ou análises semiquantitativas. A agência britânica Health and Safety Executive – HSE (2011) propõe cinco passos para analisar os riscos no ambiente de trabalho, a saber: 1. identificação das condições perigosas; 2. quem e como está exposto às condições perigosas; 3. controles atuais adotados e classificação do risco; 9 UNIDADE Análise Qualitativa e Quantitativa dos Riscos 4. revisão da avaliação; e 5. atualização se necessária. A agência americana Federal Emergency Management Agency – FEMA (2013) desenvolveu uma planilha (Tabela 1) para facilitar o processo de análise de riscos. Tabela 1 – Modelo de planilha para avaliação de risco de segurança Atividade Condição Perigosa Local, tempo ou magnitude Oportunidades para prevenir ou mitigar Probabilidade Severidade Classificação do risco Fonte: tabela adaptada de FEMA (2013) A classificação do risco quanto aos fatores de probabilidade de ocorrência e das consequências pode ser realizada através de uma matriz, cujos valores são obtidos pelo produto dos valores resultantes da análise da probabilidade e da severidade. A probabilidade é definida pelos envolvidos no processo ou por especialistas que tam- bém estimam o impacto, isto é, a quantidade de danos ou ganhos de um evento de risco. A probabilidade
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