Buscar

Direito Cibernético - Aula 01

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Cibernético
Aula 1: Entendendo o Direito Cibernético
Apresentação
A primeira aula tratará dos conceitos preliminares de Direito Cibernético e de sua relação com outras áreas do Direito,
como Direito Penal, Direito Civil e Direito Administrativo.
Além disso, abordará os princípios do Direito Cibernético, em especial a autorregulamentação.
Objetivo
Apontar os principais elementos do Direito Cibernético;
Relacionar Direito Cibernético e outras áreas de Direito;
Identi�car os princípios do Direito Digital.
A era das redes mundiais
Estamos no século XXI, e a internet, que parece tão presente nos dias atuais, na verdade tem pouco mais de 40 anos.
Nessas quatro décadas, o mundo adquiriu outra con�guração geográ�ca, países se dividiram e se tornaram outros países
(como aconteceu com a antiga União Soviética), o termo globalização foi criado, a pressa tornou-se amiga da negociação
e da economia, a informação precisou de agilidade e a palavra conectividade surgiu no vocabulário e nos aparelhos de
comunicação.
Imagine um mundo que se comunicava lentamente por meio de cartas, e cuja maior revolução era a comunicação
analógica via telefone, migrar para a comunicação em tempo real através da internet. Isso signi�cava propagandas
potencializadas de milhares a milhões, um mercado se abrindo a empresas ávidas por vender e um público fascinado pela
aquisição de produtos que antes demandavam uma complicada relação de importação.
A internet, nesse contexto, surgiu como mais que um simples meio de comunicação eletrônica, formada não apenas por
uma rede mundial de computadores, mas, principalmente, por uma rede mundial de indivíduos. Como bem diz Patrícia
Peck Pinheiro (2017), especialista em Direito Digital, a internet elimina de�nitivamente o conceito de corporação
unidimensional, impessoal e massi�cada. Isso signi�ca profunda mudança na forma como o Direito deve encarar as
relações entre esses indivíduos.
Para se ter uma ideia da dimensão da internet, existem mais de 1 milhão e 600 mil websites, são criadas mais de mil
homepages por dia e há mais de 4 bilhões de usuários no mundo, segundo o site Internet State Lives.
Mas o que o Direito tem a ver com toda essa tecnologia?
 Fonte: shutterstock
Do discman ao Internet Banking, DVD, MP3, HDTV, TV Interativa, TV Digital, Banda Larga, WAP, VoIP, o que todas essas
siglas signi�cam para o mundo jurídico atual? Ocorre que, nesse contexto, são os novos pro�ssionais do Direito os
responsáveis por garantir o direito à privacidade, a proteção do direito autoral, do direito de imagem, da propriedade
intelectual, dos royalties, da segurança da informação, dos acordos e das parcerias estratégicas, dos processos contra
hackers e muito mais. Para isso, o Direito Digital deve ser entendido e estudado de modo a criar instrumentos capazes de
atender a essas demandas.
Saiba mais
Já se fala, inclusive, no desaparecimento dos escritórios de advocacia tradicionais, bem como no surgimento de
atendimentos virtuais, com processos virtuais e audiências por videoconferência. Não se sabe se é para tanto, mas
processos virtuais e audiências por videoconferência já são uma realidade.
Nascimento do Direito Digital
É difícil falar em qualquer meio de comunicação sem pensar em uma legislação que lhe dê suporte. Quando falamos em
comunicação de massa, que abrange um grande volume de pessoas, é preciso que a sociedade imediatamente pense nos
re�exos que essa comunicação terá no mundo jurídico. Tem sido assim desde a invenção do rádio e a chegada da
televisão na década de 1920.
Tais transformações geram re�exos que envolvem direitos autorais, liberdade de informação e crimes contra a honra.
Você lembra, por exemplo, daquele caso da Escola Base de São Paulo? A rede Globo veiculou, em 1994, informações de
que crianças eram molestadas com a conivência dos donos da escola e do motorista de uma van escolar. Antes que a
história fosse desmentida, já haviam depredado a escola, que estava falida. Já imaginou se isso acontecesse nos dias
atuais, no auge da internet e dos aplicativos como WhatsApp? Os danos seriam imensuráveis.
É exatamente aí que residem o Direito e a necessidade de regular essas
relações, que se originam na tecnologia e se apoderam das relações
humanas em seus vários aspectos.
 Fonte: shutterstock
No Direito Cibernético, também denominado de Direito Digital, ou, ainda, Direito Eletrônico, entre várias denominações,
prevalece a autorregulamentação, devido à própria volatilidade dessa tecnologia. A velocidade das transformações no
mundo digital é uma barreira à criação de uma lei sobre o assunto. A legislação, nesse sentido, teria que ser mais genérica
e abrangente para durar mais; abrangente devido aos inúmeros formatos disponíveis aos internautas e genérica para
alcançar os vários tipos de acesso e as diversas relações desenvolvidas através das redes de comunicação.
Não falamos, portanto, de um novo Direito, ou de um novo ramo do Direito, mas de uma releitura do Direito que permita,
por meio de ramos já conhecidos, incorporar novas possibilidades e vertentes. Assim é, por exemplo, quando falamos de
crimes digitais investigados e varas especializadas nesse tipo de julgamento.
Dessa forma, há duas possibilidades para o Direito Cibernético:
1
Criar leis amplas e genéricas que deem segurança
jurídica nas relações estabelecidas em ambiente virtual.
2
Partir de leis que já existem no que se refere a
acontecimentos em ambiente virtual, dando a devida
interpretação conforme as particularidades dessas
situações.
 Dos �ns militares ao e-commerce
 Clique no botão acima.
O�cialmente a internet nasceu em 1969, com a ARPA, através do Departamento de Defesa dos Estados Unidos,
recebendo inicialmente a denominação de ARPANET. Nessa ocasião, a intenção era apropriação e exploração
com �ns militares, uma proteção a eventuais ataques promovidos por terroristas. Doze anos depois, a ARPANET
deu lugar à INTERNET, ainda que de forma mais restrita, alcançando níveis mundiais na década seguinte (1990),
quando caiu no gosto popular e abriu possibilidades comerciais e de comunicação até então inimagináveis.
Ainda em 1990, foram criados o protocolo HTTP (Hyper Text Transfer Protocol) e a linguagem HTML (Hyper Text
Markup Language) pelo engenheiro inglês Tim Bernes-Lee. O HTTP permitia a transferência de informação entre
redes e o HTML era um método de codi�cação da internet para facilitar sua exibição. Esses parâmetros
possibilitavam o funcionamento da World Wide Web (WWW). Com a criação dessa linguagem, foram abertos aos
usuários portais, sítios ou sites (como queira chamar) e as redes sociais. Você lembra do Orkut?
Com essa explosão mundial de informações, acessos e relações, foi quase natural o nascimento do debate
acerca de regras de Direito que resolvessem, ou servissem de parâmetro para resolver, as questões nascidas com
a internet. Você mesmo já deve ter tido dúvidas a respeito de uma compra, um contrato, a responsabilidade por
um serviço contratado através da rede de computadores. Mas como conseguir uma legislação que regule
negócios e inserções espalhados pelo mundo afora? E as regras de Direito Internacional? Extraterritorialidade e
Direito do Consumidor no Brasil não funcionam como na China ou nos EUA, por exemplo. Por isso, existe a
necessidade de uma legislação geral e, principalmente, da tal autorregulamentação de que tanto temos falado.
É certo que a ciência jurídica não pode abster-se de um evento de tamanha monta e alcance, deixando que
internautas naveguem em mares muitas vezes nada amistosos. Como diz Gustavo Tersa Correia, em seu livro
Aspectos Jurídicos da Internet, o grande desa�o para o Direito é a compreensão e o acompanhamento dessas
inovações, garantindo assim a paci�cação social e o desenvolvimento sustentável das novas relações.
A Rede World Wide Web
Tecnicamente, a WWW é um sistema de hipermídia, hipertexto, que transforma a comunicação entre internautas e
empresas, via máquina, mais acessível, mais camarada. São programas, navegadores,numa relação multimídia capaz de
proporcionar ao usuário facilidade de acesso e utilização. Ocorre que ao acessar a rede e fazer, por exemplo, o download
de uma foto, alguns direitos serão quebrados (direitos de imagem, direitos autorais, direitos de uso).
 Fonte: shutterstock
Os Lobbies se formaram para derrubar aplicativos e serviços oferecidos pela rede mundial de computadores, como, por
exemplo, hotéis contra o serviço que intermedeia proprietários e viajantes do mundo, o Airbnb. Contudo, tanto os serviços
quanto os acessos só crescem.
Comitê Gestor da Internet no Brasil
A ideia ao criar o Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br era democratizar a participação da sociedade nas decisões
sobre a implantação, a gestão e o uso da rede mundial de computadores.
O CGI.br tem a atribuição de estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no
Brasil e diretrizes para a execução do registro de nomes de domínio, alocação de endereços IP (Internet Protocol) e
administração pertinente ao Domínio de Primeiro Nível. Além disso:
1
Promove estudos e recomenda procedimentos para a
segurança da internet.
2
Propõe programas de pesquisa e desenvolvimento a �m
de manter a qualidade técnica e inovação no uso da
internet.
Interação do Direito Cibernético com outros direitos
Já tratamos de algumas das principais características do Direito Cibernético, mas vale relembrar a autorregulamentação e
a estreita relação dessa área do Direito com outros ramos, como o Direito Civil e o Direito Penal.
Do Direito Civil vêm, por exemplo, as questões de autoria, tema extremamente debatido com a possibilidade de usar obras
disponíveis para download gratuito de internautas. Não raro, os casos de plágio assustam bancas de TCC e é fácil, numa
busca rápida, encontrar sites especializados em disponibilizar trabalhos prontos, livros, papers, entre outros.
Como se vê, Direito Cibernético e outras áreas do Direito caminham juntos e sofrem uma constante reinterpretação de
normas para se adequar aos tempos das mídias digitais.
Patrícia Peck Pinheiro (2017), em seu livro Direito Digital, a�rma que onsiderando que há necessidade de estabelecer
regras de convivência social, há temas que precisam ser profundamente estudados, são eles:
Privacidade do Indivíduo x
Segurança Pública Coletiva
Liberdade de Expressão x
Responsabilidade
Identidade Obrigatória x
Anonimato
Proteção de Dados x Acesso à
Informação
Crimes Digitais (novos tipos
penais)
Esses são temas apresentados pela autora como essenciais para uma sociedade com modelo econômico-jurídico-político
que se apresenta de forma não presencial, sem fronteiras, sob a testemunha de máquinas e em tempo real.
Como se pode observar na lista apresentada, há íntima relação entre:
Direito Cibernético Direito Civil Direito Penal
Direito Administrativo Direito Empresarial Direito Do Consumidor
Direito Constitucional Direitos Humanos Direito Tributário
Percebeu como o alcance do Direito Cibernético é extenso?
Imagine que quando alguém adquire, por exemplo, um livro no site da Amazon, o ato da compra nos remete ao Direito Civil
– LINDB e do consumidor, mas o recolhimento de impostos de importação nos remete ao Direito Tributário.
Você vai lembrar disso na próxima vez que �zer uma compra online, não é mesmo?
E por falar em legislação...
Já conversamos a respeito da autorregulamentação, que é característica do Direito Cibernético.
"O Direito Digital tem como princípio normativo a
autorregulamentação, ou seja, o deslocamento do eixo
legislativo para os participantes e interessados diretos na
proteção de determinado direito e na solução de
determinada controvérsia. Sendo assim, o Direito Digital
possibilita uma via paralela que não a via legislativa para
criar regras de conduta para a sociedade digital ditadas e
determinadas."
(PINHEIRO, 2017)
Você já deve ter se deparado, por exemplo, com aqueles contratos e licenças que são exibidos quando tentamos acessar
um conteúdo protegido, ou com regras de acesso e uso de informações disponibilizadas online.
Na verdade, outros países estão à frente do Brasil.
 Fonte: shutterstock
Estados Unidos e União Europeia já debatem questões de Direito Cibernético que sequer foram comentadas em alguma
pauta por parte do poder público.
O Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) da União Europeia (UE) estabelece as regras relativas ao
tratamento, por uma pessoa, uma empresa ou uma organização, de dados pessoais relativos a pessoas na EU, por
exemplo.
No Brasil, o Decreto Federal 7.962/13 – A Lei do E-Commerce de 2013, alterando o Código de Defesa do Consumidor e
voltando-se para o comércio eletrônico, entrou em vigor em maio do mesmo ano. Essa lei trouxe três pontos importantes
de atenção:
Informações claras e visíveis Atendimento ágil e e�caz Direito de arrependimento
 Informações claras e visíveis
 Clique no botão acima.
Endereço físico da empresa:
O endereço onde a empresa está registrada c omercialmente deve �car visível no rodapé de todas as páginas.
Razão social:
Também no rodapé, a razão social (aquela registrada na Receita) deve estar visível.
CNPJ:
Assim como a razão social, o CNPJ deve ser posicionado no rodapé de todas as páginas.
Telefone:
O telefone da organização deve �car visível no topo ou rodapé do seu site. Independentemente da legislação,
expor o número de telefone é uma boa prática, pois deixa o usuário mais tranquilo na hora da compra.
E-mail ou formulário de contato:
Da mesma maneira que o telefone é fundamental e obrigatório, expor o e-mail (ou um formulário de contato) vai
manter sua loja dentro dos requisitos da lei e deixará seu potencial cliente mais seguro da existência da loja.
Descrição detalhada dos produtos:
O cliente deve ser informado em detalhes sobre o produto que está comprando. Já que não tem acesso concreto
ao produto nem pode experimentá-lo, é importante que ele saiba as medidas, os materiais que o compõem, como
manuseá-lo, como efetuar a limpeza/lavagem/manutenção e outras informações que sejam relevantes para
efetuar a compra.
Formas de pagamento:
As formas de pagamentos também têm de ser claras. Você deve indicar quais cartões aceitará e, se houver
algum problema com a transação, é essencial que informe o cliente desse imprevisto.
Despesas e taxas adicionais na compra:
Os valores do frete, seguro do produto ou qualquer outra taxa adicional não devem �car “obscuros”. O cliente não
pode �car condicionado a pagar algo que não foi informado.
Prazo de entrega:
A política de entrega adotada pelo seu e-commerce precisa ser clara, e os prazos, bem explicados.
Linguagem universal e acessível:
Nada de termos técnicos, tudo tem de estar em linguagem acessível a qualquer tipo de público. Essa dica é válida
para estar dentro dos requisitos legais, mas também ajuda a vender mais: o cliente que não entende não compra!
Contrato de compra:
O contrato da compra deve ser apresentado integralmente ao cliente em alguma página do site.
Descrição e condições de uma oferta:
Caso exista uma oferta, ela deve ser detalhada com todas as condições e limitações que possa ter, como período
de validade, regiões atendidas e número máximo de unidades por cliente.
Resumo da compra no carrinho:
O objetivo é mostrar ao cliente exatamente o que ele está comprando, oferecendo-lhe a possibilidade de excluir
algum dos itens selecionados.
Con�rmação de compra:
Após o pagamento, é preciso informar ao cliente que a compra foi realizada com sucesso, pelo próprio site ou via
e-mail (recomendamos fazer ambos).
Condições de troca e devolução:
Devem estar visíveis e bem explícitas para o cliente não ser surpreendido.
 Fonte: shutterstock
Você deve ter acompanhado a discussão e a votação do Marco Civil da Internet, a Lei n.º 12.965/2014, que, conforme seu
artigo 1º, estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil e determina as diretrizes para
atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios emrelação à matéria.
Saiba mais
No que diz respeito aos crimes praticados via meios digitais, desde 1999 discutia-se no Brasil o Projeto de Lei de Crimes
Eletrônicos, mas foi preciso que uma �gura conhecida da mídia, nesse caso Carolina Dieckmann, trouxesse a discussão à
tona. Você deve lembrar do vazamento de fotos íntimas da atriz que vieram a ocupar não apenas as redes sociais, mas
sites de várias instituições e até de prefeituras.
O fato é que aquela invasão de privacidade teve a importância de incrementar o debate e de se fazer aprovar uma lei, a
12.737/2012, que tipi�cou delitos informáticos. No entanto, como bem diz Pinheiro (2017), é bem difícil legislar sobre a
matéria, pois é necessário conhecimento técnico. Além disso, o computador não consegue, como testemunha que é,
diferenciar uma conduta dolosa (com intenção) de uma culposa (sem intenção), o que faz com que haja possibilidade de
criminalizar condutas que em tese seriam de inocente (ex: mandar um vírus de computador para outra pessoa sem
querer).
Alguns elementos a considerar
Clique nos botões para ver as informações.
Neste quesito, convido você a pensar na Teoria Tridimensional do Direito, de Miguel Reale, que considera fato, valor e
norma, acrescida de um quarto elemento, o tempo, essencial na dinâmica das relações via web.
Pinheiro (2017) considera que toda norma tem um elemento tempo determinado, que chamamos de vigência, ou
seja, a duração dos efeitos de uma norma no ordenamento jurídico. No entanto, o elemento tempo no Direito Digital
extrapola o conceito de vigência e abrange a capacidade de resposta jurídica a determinado fato. Ou seja, o conjunto
fato, valor e norma necessita ter certa velocidade de resposta para que tenha validade dentro da sociedade digital.
Esse tempo pode ter uma relação ativa, passiva ou re�exiva com o fato que ensejou sua aplicação, ou seja, com o
caso concreto.
Quando se trata de Direito Digital, a velocidade incrementa o conceito de vigência, conforme nos explica a
pesquisadora, considerando que o Direito Cibernético adiciona à teoria tridimensional – fato, valor e norma – o
elemento tempo.
Tempo 
Se a�rmássemos que, no que diz respeito ao Direito Cibernético, a territorialidade extrapola os conceitos tradicionais
e tem dimensão global, você concordaria? Imagine, por exemplo, uma compra feita no Brasil, em um site de produtos
americanos, mas que você desconhece, em função do anonimato e da possibilidade de hospedagem em diferentes
localidades onde a oferta está sendo feita. Qual seria o Direito aplicável?
Para Patrícia Peck Pinheiro (2017), no que se refere à territorialidade, considerando a natureza e a volatilidade das
relações estabelecidas através da rede, atualmente se aplicam diversos princípios para determinar qual a lei aplicável
ao caso. Há o princípio do endereço eletrônico, o do local em que a conduta se realizou ou exerceu seus efeitos, o do
domicílio do consumidor, o da localidade do réu, o da e�cácia na execução judicial.
A autora acrescenta que dependendo do caso, pode ser aplicado mais de um ordenamento. No Brasil,
especi�camente no tocante ao crime eletrônico, que atualmente não tem barreiras físicas, ocorre de todo lugar,
em todo lugar, causando vítimas, o Código Penal Brasileiro alcança a grande maioria das situações, por meio da
aplicação de seus Arts. 5º e 6º.
Territorialidade 
Limites de uso e manipulação de informação
Nós temos um capítulo dedicado a fake news e direitos autorais, mas podemos conversar brevemente sobre o assunto.
Há dezenas de milhares, quiçá centenas de milhares, de sites que ofertam aos internautas um tanto de informações.
É verdade que nem todas são con�áveis, sendo muitas vezes coletadas
de outros sites, num replique in�nito de informações com origem
indetectável.
 Fonte: shutterstock
No meio dessa enxurrada, há, da mesma maneira, pessoas que produziram suas próprias histórias, seus textos, seus
estudos e seus artigos, que são disponibilizados e algumas vezes copiados sem licença prévia. Você talvez já tenha visto
alguém, por exemplo, postar uma frase e atribui-la a algum escritor conhecido, sendo que aquela frase jamais foi escrita
pelo tal autor.
É certo que as pessoas têm o direito à informação, seja informando, seja recebendo, seja não querendo a informação,
mas, no que diz respeito ao Direito Cibernético, as proporções ganham novos contornos com a garantia de direitos que
podem ser explorados comercialmente e a responsabilidade civil acarretada a partir daí com o uso indevido da
informação.
Comentário
Assim sendo, nessa teia de informações disparadas em todas as direções, a chave para que a web não se torne um caos de
desinformação e desencontro está centrada no próprio indivíduo, na sua capacidade de manipular e usar recursos de
conectividade com respeito e isonomia.
Atividades
1. Podemos dizer que o Direito Cibernético nasce como uma nova interpretação do Direito e que tem como fundamento a
autorregulamentação. Assim:
a) A autorregulamentação aplica-se apenas no caso de contratos digitais
b) A autorregulamentação atende à amplitude do Direito Cibernético, com normais gerais.
c) Não há autorregulamentação, pois o Direito se faz de normas cogentes.
d) A autorregulamentação se sujeita às sanções penais.
2. Acerca da relação do Direito Cibernético com outras áreas do Direito, é correto dizer que:
a) Existe relação complementar entre o Direito Cibernético e outras áreas, como Direito Civil, do consumidor etc.
b) O Direito Cibernético se apropria de conceitos de outras áreas do Direito, mas mantém sua essência.
c) O Direito Cibernético não tem qualquer relação com outras áreas do Direito.
d) O Direito Cibernético não existe enquanto área autônoma, mas apenas como coletânea de outras áreas.
3. Sobre a territorialidade, podemos a�rmar que se aplicam normas especí�cas do local onde os negócios realizados por
meio eletrônico estão sendo �rmados, pois:
a) Há normas cogentes que regulam a validade do negócio entre territórios diferentes
b) Aplicam-se vários princípios para saber qual a competência para dirimir eventuais conflitos
c) A territorialidade não é um problema para o Direito Cibernético pois há regras específicas sobre isso na legislação de Direito
Eletrônico.
d) A territorialidade não se aplica completamente ao Direito Cibernético.
4. A Lei do E-commerce trata de pontos importantes no que se refere à relação com o consumidor, são eles:
a) Informações claras e visíveis nos produtos vendidos, atendimento ágil e eficaz e possibilidade de devolução.
b) Informações claras e visíveis nos produtos vendidos, atendimento ágil e eficaz e retorno a uma nova proposta.
c) Possibilidade de arrependimento, colocação de informações claras e visíveis.
d) Atendimento e permissão de arrependimento.
5. O Direito Cibernético, ou Direito Digital, tem ampla abrangência nas relações estabelecidas através da internet. A
autorregulamentação é princípio comum a ele. Assim, podemos dizer que, no Brasil, a legislação é totalmente por acordo
entre as partes. Essa a�rmação está:
a) Correta, pois a autorregulamentação prevê que as partes estabelecem suas regras.
b) Errada, pois prevalece a autorregulamentação, mas existem normas gerais aplicáveis a cada caso.
c) Correta, pois a autorregulamentação é o único disposto capaz de cobrir todas as relações estabelecidas via internet.
d) Errada, pois a autorregulamentação só prevalece diante de leis específicas.
Notas
Referências
______. O Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.Br. Disponível em: https://www.cgi.br/sobre/ <https://www.cgi.br/sobre/> .
Acesso em: 18. jul. 2019.
______. Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados - RGPD. Disponível em: https://ec.europa.eu/info/law/law-topic/data-
protection/reform/what-does-general-data-protection-regulation-gdpr-govern_pt <https://ec.europa.eu/info/law/law-topic/data-
protection/reform/what-does-general-data-protection-regulation-gdpr-govern_pt> . Acesso em: 18. jul. 2019.
BRASIL. Casa Civil. Decreto Nº 7.962, de 15 de março de 2013. Regulamentaa Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, para
dispor sobre a contratação no comércio eletrônico. Disponível em: https://ec.europa.eu/info/law/law-topic/data-
protection/reform/what-does-general-data-protection-regulation-gdpr-govern_pt <https://ec.europa.eu/info/law/law-topic/data-
protection/reform/what-does-general-data-protection-regulation-gdpr-govern_pt> . Acesso em: 18 jul. 2019.
BRASIL. Casa Civil. Lei 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da
Internet no Brasil. Disponível em: https://ec.europa.eu/info/law/law-topic/data-protection/reform/what-does-general-data-
protection-regulation-gdpr-govern_pt <https://ec.europa.eu/info/law/law-topic/data-protection/reform/what-does-general-data-
protection-regulation-gdpr-govern_pt> . Acesso em: 18 jul. 2019.
CRUZ, A. Lei do E-commerce: legislação para abrir uma loja virtual. Disponível em:
https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/lei-e-commerce-legislacao-para-abrir-uma-loja-virtual/
<https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/lei-e-commerce-legislacao-para-abrir-uma-loja-virtual/> . Acesso em: 18. jul.
2019.
CORRÊA, G. T. Aspectos Jurídicos da Internet. São Paulo: Saraiva, 2010.
PINHEIRO, P. Direito Digital. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
Próxima aula
Domínio ou endereço eletrônico;
https://www.cgi.br/sobre/
https://ec.europa.eu/info/law/law-topic/data-protection/reform/what-does-general-data-protection-regulation-gdpr-govern_pt
https://ec.europa.eu/info/law/law-topic/data-protection/reform/what-does-general-data-protection-regulation-gdpr-govern_pt
https://ec.europa.eu/info/law/law-topic/data-protection/reform/what-does-general-data-protection-regulation-gdpr-govern_pt
https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/lei-e-commerce-legislacao-para-abrir-uma-loja-virtual/
Privacidade e liberdade de informação;
Privacidade e liberdade de informação;
Perícia digital;
Segurança da informação e as ISO 27002, 18044 e 27001;
Documentos eletrônicos;
Aspectos legais do monitoramento e da biometria;
Assinatura e certi�cação digitais;
Ferramentas tecnológicas de trabalho — correio eletrônico e outros.
Explore mais
Quantos sites existem?
https://olhardigital.com.br/noticia/quantos-sites-existem-na-internet/51803 <https://olhardigital.com.br/noticia/quantos-sites-
existem-na-internet/51803>
• Caso Escola Base
• Caso Escola Base <• Caso Escola Base>
https://olhardigital.com.br/noticia/quantos-sites-existem-na-internet/51803
http://www.wydendigital.com.br/cursos_graduacao/go0246/%E2%80%A2Caso%20Escola%20Base

Outros materiais