Buscar

FunMetEnsBioAni-I-CRC

Prévia do material em texto

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO 
ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I
Meu nome é Solange Ap. Bispo dos Santos. Sou 
licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade 
de São Paulo (1999), bacharel em Ciências Biológicas 
pela Universidade de São Paulo (2004), mestra em 
Entomologia pela Universidade de São Paulo (2004), 
doutora em Entomologia pela Universidade de São Paulo 
(2008) e com pós-doutorado pela Shimane University 
(Japão, 2008). Também possuo especialização em 
Educação a Distância: Planejamento, Implantação e 
Gestão, pelo Centro Universitário Claretiano (2014). Tenho experiência nas áreas de Zoologia, 
Entomologia e Ecologia. Atualmente sou professora no ensino a distância.
 
Claretiano – Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
claretiano.edu.br/batatais
Solange Aparecida Bispo dos Santos
Batatais
Claretiano
2018
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO 
ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma 
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o 
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação 
Educacional Claretiana.
CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia 
Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori 
Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia 
Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo 
Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa 
Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami
Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 591.07 S238f 
 
 Santos, Solange Aparecida Bispo dos 
 Fundamentos e métodos do ensino de biologia animal I / Solange Aparecida Bispo dos 
 Santos – Batatais, SP : Claretiano, 2018. 
 222 p. 
 
 ISBN: 978-85-8377-550-8 
 1. Zoologia de invertebrados. 2. Parasitas. 3. Biologia. 4. Filo. 5. Filogenia. 
 I. Fundamentos e métodos do ensino de biologia animal I. 
 
 
 
 
 
 CDD 591.07 
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Fundamentos e Métodos do Ensino de Biologia Animal I 
Versão: fev./2018
Formato: 15x21 cm
Páginas: 222 páginas
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 14
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 20
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 20
5. E-REFERÊNCIA .................................................................................................. 20
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 23
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 23
2.1. PROTOZOA .................................................................................................. 23
2.2. FILO PORIFERA ........................................................................................ 52
2.3. FILO CNIDARIA ......................................................................................... 61
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 73
3.1. PROTISTA ................................................................................................. 73
3.2. PORIFERA ................................................................................................ 74
3.3. CNIDARIA ................................................................................................ 74
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 75
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 77
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 77
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 81
UNIDADE 2 – CTENOPHORA, PLATYHELMINTHES E NEMATODA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 85
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 85
2.1. FILO CTENOPHORA ................................................................................. 85
2.2. FILO PLATYHELMINTHES ......................................................................... 89
2.3. FILO NEMATODA ..................................................................................... 107
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 116
3.1. FILO CTENOPHORA ................................................................................. 117
3.2. FILO PLATYHELMINTHES ......................................................................... 118
3.3. FILO NEMATODA ..................................................................................... 119
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 120
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 124
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 124
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 127
UNIDADE 3 – NEMATOMORPHA, ANNELIDA E ARTHROPODA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 131
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 131
2.1. FILO NEMATOMORPHA ........................................................................... 131
2.2. FILO ANNELIDA ........................................................................................ 134
2.3. FILO ARTHROPODA ................................................................................. 145
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 170
3.1. NEMATOMORPHA .................................................................................. 170
3.2. ANNELIDA ............................................................................................... 171
3.3. ARTHROPODA ......................................................................................... 172
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 173
5. CONSIDERAÇÕES .............................................................................................175
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 175
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 179
UNIDADE 4 – MOLLUSCA, ECHINODERMATA E HEMICHORDATA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 183
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 184
2.1. FILO MOLLUSCA....................................................................................... 184
2.2. FILO ECHINODERMATA ........................................................................... 198
2.3. FILO HEMICHORDATA ............................................................................. 206
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 214
3.1. FILO MOLLUSCA....................................................................................... 214
3.2. FILO ECHINODERMATA ........................................................................... 215
3.3. FILO HEMICHORDATA ............................................................................. 216
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 217
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 218
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 219
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 222
7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Conteúdo 
Aspectos Morfofisiológicos, Evolutivos, Ecológicos e Sistemáticos dos Filos: 
Protozoa, Porifera, Cnidária, Ctenophora, Platyhelminthes, Nematoda, 
Nematomorpha, Mollusca, Annelida, Arthopoda, Echinodermata e 
Hemichordata. 
Bibliografia Básica
BARNES, R. S. K. et al. Os invertebrados: uma síntese. São Paulo: Atheneu, 2008.
BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2007.
RUPPERT, E. E.; FOX, R. S.; BARNES, R. D. Zoologia dos invertebrados: uma abordagem 
funcional-evolutiva. 7. ed. São Paulo: Roca, 2005.
Bibliografia Complementar
BRUSCA, R. C.; MOORE, W.; SHUSTER, S. M. Invertebrates. 3. ed. Sunderland: Sinauer, 
2016.
FRANSOZO, A.; NEGREIROS-FRANSOZO, M. L. (eds.). Zoologia dos invertebrados. São 
Paulo: Roca, 2016.
HICKMAN, C. P. et al. Princípios integrados de zoologia. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2004.
MARGULIS, L.; SCHWARTZ, K. V. Cinco reinos: um guia ilustrado dos filos da vida na 
Terra. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
PESSOA, S. B.; MARTINS, A. V. Parasitologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
1988.
8 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
É importante saber! –––––––––––––––––––––––––––––––––
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que 
deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes 
necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os 
principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os 
procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua 
origem?) referentes a um campo de saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente 
selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou 
disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos 
Digitais Integradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do 
Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência 
de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto), 
como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos 
temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito 
de avaliação. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
9© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO
Caro aluno, seja muito bem-vindo!
Este material será seu “guia” no ingresso dos estudos 
sobre os Fundamentos e Métodos do Ensino de Biologia Animal. 
Aqui, daremos início ao embasamento científico e teórico, sob 
diferentes abordagens, para que você possa exercer tanto as 
atividades curriculares quanto a sua futura profissão, com senso 
crítico, competência, solidez e responsabilidade.
O foco das quatro unidades deste material didático são 
os estudos sobre a zoologia dos invertebrados, seus aspectos 
morfofisiológicos, evolutivos, ecológicos e sistemáticos, com 
ênfase no ciclo dos parasitas que atingem os seres humanos. 
Antes, alguns conceitos precisam ser introduzidos. Vamos 
começar?
Esperamos que este aprendizado desperte ainda mais seu 
interesse nessa área de conhecimento!
Zoologia dos invertebrados
Os estudos sobre a vida dividem-se em dois grandes 
domínios: procariotos e eucariotos. Este último separa-se em 
quatro grandes reinos: fungos, plantas, protistas e animais. É 
dentro do reino animal que encontraremos os invertebrados em 
toda sua diversidade. Ao longo dos bilhões de anos de evolução 
da vida no nosso planeta, os invertebrados deixaram seus 
primeiros traços há cerca de 600 milhões de anos. Os cientistas, 
dessa forma, estimam sua origem no éon Proterozoico. Ao longo 
de drásticas mudanças atmosféricas e colossais cataclismos, 
os invertebrados adaptaram-se a diferentes temperaturas 
(algumas realmente extremas) e a todo tipo de hábitat (úmido, 
10 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
seco, em altitudes com ar rarefeito, em águas doces, em regiões 
abissais do oceano sob grande pressão, dentro de outros 
organismos etc.). Por conta disso, assumiram os mais variados 
papéis nos sistemas ecológicos e uma incontável multiplicidade 
de corpos, hábitos alimentares, meios de locomoção e 
mecanismos de trocas gasosas. Aliás, a competência dessas 
complexas e curiosas criaturas pode ser medida pela observação 
de como certas características de algumas espécies mantêm-se 
quase inalteradas ao longo de milhões de anos.
Talvez seja difícil dar-lhes a devida atenção quando 
nos vemos hoje cercados por máquinas, tecidos, vidro e 
concreto, isolados em nosso mundo de tecnologia virtual e 
arte. Contudo, a maior parte dos alimentos que consumimos 
desde sempre depende da polinização das plantas realizada 
por insetos, como abelhas, vespas, borboletas e moscas. A 
arquitetura das asas dos aviões, do rolamento dos tanques de 
guerra, das próteses hidráulicas e mesmo da nanotecnologia 
inspirou-se na estrutura de muitos invertebrados graças ao 
estudo de sua morfologia. 
Há também uma questão de saúde relacionada ao nosso 
convívio com esses pequenos seres. Mesmo em contextos 
urbanos, estamos sujeitos a infecções sérias transmitidas por 
caramujos de jardim, mosquitos domésticos, ovos de vermes 
encasulados em carnes etc. 
Nós, seres humanos, por mais devastadores que possamos 
ser ao meio ambiente, ainda somos muito jovens neste planeta e 
estamos em menor número que os invertebrados. Assim, acredito 
que temos muito a aprender sobre equilíbrio e sobrevivência 
com esses pequenos seres.
11© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Filogenia e Método Cladístico
Entende-se que 99% de todas as espécies de animais do 
planeta sejam invertebradas. Com cerca de 1 milhão de espécies 
viventes descobertas, esse número pode ser imensamente 
maior. Essas criaturas tão diversas em cores, formas, tamanhos, 
hábitos e hábitats encantam tanto seus observadores casuais 
quanto aqueles que se dedicam a estudá-las profundamente.
Em razão da complexidade de variáveis, o estudo dos 
invertebrados pode parecer incompreensível ou infrutífero. De 
fato, é um esforço hercúleo, dadaa diversidade desses seres, 
mas há alguns temas identificáveis sobre os quais depositam-se 
abordagens técnicas e teóricas que guiam os cientistas e alunos. 
A principal função desses temas é categorizar cada animal 
a um grupo taxonômico e descrever esses grupos, para que cada 
animal partilhe das características expressas daquele grupo. Para 
simplificar um pouco esses termos todos, que podem ser novos 
a você, tomemos como exemplo o polvo e a aranha: ambos são 
invertebrados e partilham características, mas muitas coisas 
neles diferem, de tal forma que é necessário alocá-los em grupos 
diferentes. E ainda mais: se estivermos falando de uma aranha-
marrom (Loxosceles similis), por exemplo, por mais que ela tenha 
muito em comum com outras espécies de aracnídeos, guardará 
características exclusivas das aranhas-marrons – retomaremos 
esse exemplo no próximo parágrafo.
E quais são esses temas de estudo? Um deles é conhecido 
como Bauplan, também chamado de plano básico, e consiste 
em identificar as características de cada grupo taxonômico. No 
caso da zoologia dos invertebrados, reconhecer os caracteres 
em comum que compõem todos os protozoários, platelmintos, 
artrópodes, anelídeos, moluscos etc. Voltando ao exemplo do 
12 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
parágrafo anterior, uma aranha-marrom partilha de alguns 
caracteres idênticos a todos as espécies de artrópodes, como 
corpo segmentado e apêndices articulados. Seja um inseto, um 
crustáceo ou um aracnídeo, todos os artrópodes podem ser 
identificados a partir desses traços. As unidades encontradas 
após essa introdução buscam se orientar dentro dessa temática, 
de forma a contemplar um aprendizado mais coeso e organizado. 
Outro tema de estudo são os princípios fundamentais, que 
dizem muito a respeito de como a física e a química integram-se 
sistematicamente à fisiologia de cada espécie. Tomemos agora 
como exemplo uma abelha. Trata-se de uma criatura capaz de 
voar e isso só é possível devido às suas asas. Contudo, as abelhas 
não são as únicas criaturas com asas e tampouco as únicas que 
voam. Seres diversos e não relacionados entre si, como cegonhas, 
morcegos e gafanhotos, possuem algo que se parece com uma 
asa, mesmo que com composições diferentes. Isso nos diz muito 
sobre os aspectos ecológicos (da relação entre seres vivos e meio 
ambiente) da zoologia dos invertebrados.
Por fim, talvez você esteja se perguntando como esses 
caracteres distintos foram sistematizados ou como os estudos 
entre o plano básico e os princípios fundamentais organizam-se. A 
resposta a essa pergunta está no Método Cladístico, um importante 
tema nas pesquisas em zoologia. Trata-se de uma reconstrução 
em forma de chaves hierárquicas (do indivíduo mais primitivo e 
generalizado aos mais adaptados e especializados) pelo estudo 
comparativo entre estruturas corporais e comportamentais 
que convergem ou tornam-se homólogas, correspondentes, de 
forma que se possa identificar o táxon (unidade taxonômica) a 
que pertence determinada espécie. Para ilustrar melhor, citamos 
novamente aqui o caso da aranha-marrom. Como já apresentado, 
apesar de pertencer ao mesmo grupo que as outras aranhas, 
13© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
essa espécie possui hábitos, tamanhos e cores que a distinguem 
de outras. Da mesma forma, há características semelhantes e 
distintas entre as aranhas-marrons. Pelo Método Cladístico, é 
possível construir essa hierarquia de características homólogas 
e, a partir de determinadas linhas, distintas. Essa distinção é de 
tal forma específica que hoje são identificadas e catalogadas 
mais de dez espécies diferentes de aranhas-marrons.
Esse trabalho é responsável em grande parte por um dos 
mais importantes tópicos da biologia animal: a filogenia. Também 
nomeada como "árvore da vida", a filogenia estabelece a relação 
entre os grupos dos animais, de forma simples e seguindo os 
princípios da Teoria da Evolução. É por essa árvore filogenética 
que se entende por que seres diversos como anêmonas, medusas 
e pólipos aparentam-se ao longo da história da vida na Terra. De 
certa forma, as unidades deste material didático foram estruturadas 
contemplando a divisão entre alguns filos de invertebrados.
Por onde começar os estudos?
Uma dica muito importante é não se deixar desanimar 
pelos termos técnicos. Com o tempo e a leitura atenta deste 
material, você se acostumará com eles e os entenderá. Os 
nomes a princípio podem assustar e causar estranhamento, 
especialmente se você nunca estudou esse assunto. Quando isso 
acontecer, lembre-se de que estamos tratando de animais com 
os quais convivemos diariamente e nos relacionamos das mais 
diversas formas.
Os pernilongos, que tanto nos incomodam durante os 
chuvosos verões, e os parasitas, que nos causam doenças ao 
habitar nossos corpos, são exemplos desses pequeninos membros 
do reino animal, que obrigatoriamente interagem conosco. E há 
14 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
interações mais agradáveis... Há deliciosas culinárias, como a 
espanhola e a chilena (só para citar duas), cuja base dos pratos 
são polvos, lulas e camarões. Há também personagens famosos 
de histórias infantis que são grilos, formigas, cigarras etc.
Mais ainda, algumas dessas criaturas nos fascinam... 
Quem nunca se espantou com a forma como uma colônia de 
abelhas organiza-se para cuidar da alimentação e da segurança 
de sua rainha, de seus filhotes e de sua casa? Ou como não se 
intrigar com a carapaça de cores metálicas e vibrantes de alguns 
besouros, com o voo das borboletas, com a inteligência dos 
polvos, com as teias de uma aranha? Esse fascínio guiará seus 
estudos daqui por diante. Permita-se o encantamento com o rico 
conhecimento que se abre para você. Busque materiais de apoio 
e saia a campo para explorar a diversidade da vida que o cerca. 
Isso fará de você um professor capaz de também encantar seus 
alunos e despertar-lhes a curiosidade, o fascínio e o prazer pelo 
aprendizado. Vamos começar?
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida 
e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom 
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de 
conhecimento dos temas tratados.
1) Autotrófico: ser vivo capaz de fabricar substâncias 
orgânicas que lhe servem de alimento a partir de 
substâncias inorgânicas, usando como fonte de 
energia luz ou reações inorgânicas exotérmicas. Seres 
autotróficos não dependem, no aspecto alimentar, de 
outros seres vivos. Os processos usados pelos seres 
15© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
autotróficos na fabricação de substâncias orgânicas são 
a fotossíntese e a quimiossíntese.
2) Aboral: oposto à boca (L. ad, longe + os, boca).
3) Acelomado: sem celoma (Gr. a, sem + koiloma, cavidade, 
de koilos, oco). 
4) Adaptação: aptidão de uma estrutura, função, ou 
organismo inteiro para um ambiente particular; o 
processo de tornar-se apto (L. ad, para + apto, apto).
5) Bexiga: saco ou cesta de paredes finas que contém 
fluidos ou gases.
6) Biodiversidade: diversidade de espécies de um 
ecossistema. Quanto maior a quantidade de nichos 
ecológicos, maior a diversidade de espécies do 
ambiente, ou seja, maior sua biodiversidade.
7) Bioma: comunidade clímax adaptada a uma determinada 
região. Biomas podem ser aquáticos ou terrestres.
8) Biosfera: sistema único formado pela atmosfera 
(troposfera), crosta terrestre (litosfera), água (hidrosfera) 
e todas as formas de vida.
9) Biota: conjunto de seres vivos que habitam um 
determinado ambiente ecológico, em estreita 
correspondência com as características físicas, químicas 
e biológicas desse ambiente. Ecossistemas do planeta.
10) Birreme: consistindo de ou portador de dois remos, 
como um apêndice de crustáceo (L. bis, duas vezes + 
ramus, ramo).
11) Blástula: estágio precocede um embrião, geralmente 
uma esfera oca de células (Gr. dim. de blastos, germe).
12) Broto: parte de um animal que cresce e evagina para 
produzir um novo indivíduo ou uma parte dele.
16 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
13) Bucal: relativo à boca (L. bucca, boca). 
14) Célula: unidade estrutural e fisiológica da vida. As 
células podem ser procarióticas (sem núcleo organizado) 
ou eucarióticas (com núcleo delimitado pela carioteca). 
Os vírus são os únicos seres que não apresentam células. 
15) Cílio: estrutura filiforme (em forma de fio) presente 
na superfície de certas células, em geral mais curta e 
em maior número que o flagelo. Sua função é promover 
movimentos (para a locomoção, limpeza de superfícies 
ou captura de alimento).
16) Cloroplasto: organela da célula vegetal que armazena 
clorofila.
17) Comunidade clímax: é o último estágio alcançado 
por comunidades ecológicas, após uma sucessão de 
populações que partem da vegetação pioneira até o 
clímax do habitat.
18) Ectoderme: camada exterior de tecido de um embrião 
em desenvolvimento.
19) Endoderme: camada mais interna do tecido de um 
embrião em desenvolvimento.
20) Fagocitose: processo pelo qual certos tipos de célula 
englobam partículas relativamente grandes com o 
auxílio de pseudópodos (falsos pés). Amebas e outros 
protozoários capturam partículas alimentares por 
fagocitose. 
21) Família: categoria taxonômica que reúne gêneros 
semelhantes.
22) Fecundação (ou fertilização): processo de fusão 
entre dois gametas que origina o ovo ou zigoto. Pode 
ocorrer no interior do corpo da fêmea (fecundação 
17© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
interna) ou no ambiente (fecundação externa). Quando 
a fecundação dá-se entre gametas produzidos pelo 
mesmo organismo, fala-se em autofecundação.
23) Flagelado (filo Mastigophora): classe de protozoários 
cujos representantes locomovem-se por meio de 
flagelos.
24) Flagelo: estrutura filiforme (em forma de fio) presente 
na superfície da célula, em geral mais longa e em menor 
número que o cílio. Sua função é promover movimentos 
(para locomoção ou captura de alimento).
25) Fotossíntese: processo realizado por plantas, algas e 
cianobactérias, no qual gás carbônico e água combinam-
se originando substâncias orgânicas (geralmente glicose) 
e gás oxigênio. A fonte de energia para a fotossíntese é 
a luz. 
26) Fitoflagelado: flagelado que geralmente porta um ou 
dois flagelos e possui tipicamente cloroplastos.
27) Fase vegetativa: fase de vida em que o ser não se 
desenvolve ou se multiplica. Seu metabolismo é muito 
baixo e sua interação com o ambiente é praticamente 
nula.
28) Gameta: célula haploide (com um único conjunto de 
cromossomos) especializada na reprodução sexuada 
que, na fecundação, une-se a outro gameta originando 
o ovo ou zigoto (diploide). Quando os gametas que se 
fundem têm forma e tamanho semelhantes, fala-se em 
isogamia.
29) Gênero: categoria taxonômica que reúne espécies 
semelhantes.
30) Hábitat: local onde vive determinada espécie.
18 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
31) Heterotrófico: ser vivo que obtém alimento a partir da 
matéria orgânica fabricada por outros seres vivos, dos 
quais depende.
32) Homólogo: que é igual. Cromossomos homólogos são 
pares formados por cromossomos que apresentam o 
mesmo tamanho, a mesma forma e a mesma sequência 
gênica.
33) Invaginação: pregueamento para dentro. Na 
gastrulação, refere-se a um tipo de movimento 
morfogenético no qual as células do hemisfério 
vegetal dobram-se para dentro formando o arquêntero 
(cavidade da gástrula).
34) Larva: estágio de desenvolvimento móvel 
independente que tipicamente é bem pouco visível a 
olho nu, com aparência diferente da do adulto.
35) Leuconoide: refere-se a um tipo de organização 
corporal das esponjas construída ao redor de câmeras 
flageladas e de um extenso sistema de canais.
36) Luciferase: enzima que catalisa a reação de 
bioluminescência (emissão de luz visível por um ser 
vivo). 
37) Mesoderme: camada germinativa embrionária que 
forma os tecidos entre a ectoderme e a endoderme.
38) Mesogleia: camada de tecido conjuntivo entre 
a epiderme e a gastroderme dos cnidários e dos 
ctenóforos.
39) Nematocisto: cnidos com ferrão dos cnidários.
40) Nicho: refere-se ao modo de existência ou aos hábitos 
de vida de um animal.
19© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
41) Ocelo: pequeno grupo de fotorreceptores, ou seja, um 
olho simples.
42) Parasitismo: tipo de relacionamento simbiótico no qual 
uma espécie (parasita) beneficia-se do relacionamento 
e a outra (hospedeiro) é prejudicada.
43) Partenogênese: desenvolvimento embrionário de 
ovos não fertilizados, geralmente diploides.
44) Pelágico: que vive, flutua ou nada acima da coluna de 
água.
45) Reprodução: manutenção de uma espécie, de geração 
em geração.
46) Respiração: (1) processo pelo qual as células oxidam 
as moléculas alimentares e obtêm energia; (2) obtenção 
de oxigênio do meio e eliminação de dióxido de carbono. 
47) Substrato: (1) base de fixação de um organismo; (2) 
substância que sofre a ação de uma enzima.
48) Tentáculo: evaginação da parede corporal que circunda 
a boca e que auxilia na captura e ingestão do alimento.
49) Vacúolo alimentar: vesícula alimentar que contém 
alimento ingerido.
50) Vacúolo contrátil: grande vesícula esférica responsável 
pela osmorregulação nos protozoários e em algumas 
células de esponja.
51) Zooflagelado: flagelado que tem um ou mais flagelos, 
não tem cloroplastos e é heterotrófico.
52) Zooplâncton: animal microscópico livre-natante ou 
suspenso na água de oceanos e lagos.
20 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE
O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos 
conceitos mais importantes deste estudo. 
Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Fundamentos e Métodos do Ensino de Biologia 
Animal I.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARNES, R. S. K. et al. Os invertebrados: uma síntese. São Paulo: Atheneu, 2008.
BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2007.
RUPPERT, E. E.; FOX, R. S.; BARNES, R. D. Zoologia dos invertebrados: uma abordagem 
funcional-evolutiva. 7. ed. São Paulo: Roca, 2005.
VILLELA, M. M.; PERINE, V. R. Glossário de zoologia. São Paulo: Atheneu, 2014.
5. E-REFERÊNCIA
AMARAL, A. C. Z.; NALLIN, S. A. H. (Orgs.). Biodiversidade e ecossitemas bentônicos 
marinhos do Litoral Norte de São Paulo, Sudeste do Brasil. Campinas: UNICAMP/
IB, 2011. Disponível em: <http://www2.unifap.br/alexandresantiago/
files/2012/12/E-BOOKBiota_1.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2016.
21
UNIDADE 1
PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Objetivos
• Analisar a diversidade dos protozoários, poríferas e cnidários.
• Compreender algumas adaptações dos grupos estudados.
• Identificar a evolução desses organismos.
Conteúdo
• Bauplan, hábitat, locomoção, alimentação, trocas gasosas, reprodução e 
filogenia dos protistas, poríferas e cnidários.
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite a este conteúdo; busque outras informações em sites 
confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final de cada 
unidade. Lembre-se de que, na modalidade a distância, o engajamento 
pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.
2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; siga a linha 
gradativa da evolução e a diversidade dos organismos que são tema desta 
unidade. 
3) Não deixe de ler as indicações de leitura do Conteúdo Digital Integrador 
(item 3), pois foram especialmente selecionadas para completar e 
aprofundar os conteúdos aqui abordados! 
22 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA23© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
1. INTRODUÇÃO
Olá! Nesta primeira unidade da disciplina Fundamentos e 
Métodos do Ensino de Biologia Animal I estudaremos três grupos 
de invertebrados: os protistas, os poríferas e os cnidários.
Esses grupos foram escolhidos para iniciar o estudo porque 
queremos que você perceba a evolução dos metazoários, ou seja, 
dos animais pluricelulares: como surgiram os primeiros tecidos, 
os primeiros sistemas etc.
Vamos começar?
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de 
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua 
compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo 
estudo do Conteúdo Digital Integrador.
2.1. PROTOZOA
Os protozoários (Protozoa) são organismos eucariotos 
unicelulares (Figura 1). Eles têm em comum o fato de se 
locomoverem, mas não são um grupo monofilético. Eles 
pertencem ao reino Protista, que inclui, além dos protozoários 
propriamente ditos, alguns grupos autotróficos.
Como são polifiléticos, são altamente diversificados e uma 
grande parte vive em relação simbionte com outros organismos. 
Muitos são parasitas importantes, causando prejuízos econômicos 
enormes e milhões de mortes de pessoas anualmente. Porém, 
uma grande parte dos protozoários é responsável pelos ciclos 
24 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
dos nutrientes e parte fundamental na cadeia alimentar. Eles são 
encontrados em água doce e salgada, no corpo de organismos, 
em solos úmidos e em matéria em decomposição (BRUSCA; 
BRUSCA, 2007).
Figura 1 Alguns exemplos de protozoários. 
Características
O tamanho de um protozoário pode variar de 10µm a 
vários centímetros. São unicelulares na maioria das vezes, mas 
algumas espécies formam colônias.
Os protozoários podem locomover-se por meio de cílios, 
pseudópodos e flagelos (Figura 2). O tipo de locomoção é muito 
importante na classificação desses organismos. Mais adiante 
estudaremos as características de cada grupo.
25© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Figura 2 As diferenças entre pseudópodos, cílios e flagelos.
A nutrição varia muito. Podem ser autótrofos ou 
heterótrofos, existindo ainda aqueles que são tanto um quanto 
o outro ao mesmo tempo! Os protozoários fotossintéticos 
possuem cloroplastos e são capazes de fazer fotossíntese. Já 
os heterótrofos podem ser saprotróficos, alimentando-se de 
matéria orgânica dissolvida, ou holozoicos, quando absorvem 
alimentos sólidos (detritos ou presas inteiras).
As formas saprotróficas absorvem o alimento por difusão, 
transporte ativo ou pinocitose, já as holozoicas utilizam 
a fagocitose. Tanto a absorção por pinocitose quanto por 
fagocitose exigem que o organismo utilize vacúolos digestivos. 
Os vacúolos localizam-se na superfície. Assim que o alimento 
entra neles, migram para o citoplasma, incham e começam a 
secretar enzimas e outras substâncias digestivas. Depois de 
digerir o alimento, o vacúolo lança-o no citoplasma por meio de 
microvesículas (BARNES et al., 2008).
Vários protozoários apresentam alto grau de sensibilidade 
ao calor, a substâncias químicas, à luz e ao toque. Acredita-se que 
as sensibilidades térmica e química estejam ligadas ao controle 
eletrofisiológico da célula. No caso da luz, esses organismos, 
26 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
principalmente os fotossintetizantes, possuem uma organela 
chamada de ocelo que é sensível à claridade, permitindo que 
afastem-se ou aproximem-se da fonte luminosa de acordo com 
suas necessidades. Além disso, há estruturas da superfície 
celular que são sensíveis ao contato físico: pseudópodos, cílios 
e flagelos. Os protozoários, de acordo com a espécie, utilizam 
essas estruturas para locomoção e para capturar presas. Os 
cílios e os flagelos, por exemplo, quando esbarram em alguma 
estrutura, podem parar de bater ou bater rapidamente para 
afastar-se do estímulo.
A maioria dos protozoários é aeróbica; porém, as espécies 
parasitas são anaeróbicas. Há ainda os anaeróbicos facultativos, 
que mudam o modo de respirar de acordo com o meio.
Os protozoários reproduzem-se assexuadamente e 
sexuadamente, sendo a maioria da reprodução assexuada.
Na reprodução assexuada, o protozoário divide-se em 
duas células, processo chamado “fissão”. Se essas duas células 
forem iguais denomina-se “fissão binária”. Caso uma célula seja 
bem menor do que a outra, o processo é chamado “brotamento”. 
Se na divisão formarem-se mais de duas células, dá-se o nome 
de “fissão múltipla”. Se, na fissão, o núcleo dividir-se antes 
da célula propriamente dita, a reprodução recebe o nome de 
“esquizogonia”.
A reprodução sexuada é comum e importante para a troca 
de genes. Contudo, em algumas espécies, nunca foi registrada. 
Muitos protozoários utilizam uma estratégia interessante 
de sobrevivência, o encistamento. Ele consiste em um 
espessamento ao redor do organismo, que por sua vez torna-
se inativo. Nesse estado, ele é capaz de sobreviver por muito 
27© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
tempo em condições desfavoráveis, como falta de alimento, 
temperaturas muito altas ou baixas etc. Quando o meio torna-
se benéfico novamente, ele rompe esse estágio, podendo 
assim reproduzir-se. O encistamento dificulta o tratamento de 
doenças causadas por parasitas, pois nesse estágio eles ficam 
muito mais resistentes a medicamentos (RUPPERT et al., 2005).
Agora, vamos estudar alguns grupos específicos de 
protozoários?
Diversidade
Filo Euglenida
Os euglenoides (Figura 3) são em sua maioria individuais, 
mas algumas espécies vivem em colônia. Podem ser alongados, 
esféricos, elípticos ou foliáceos. Possuem uma única mitocôndria 
grande, um aparelho de Golgi bem desenvolvido, flagelos (em 
número de um a quatro) e um bastão de sustentação. A divisão 
nuclear é do tipo “com nucléolo persistente”, ou seja, o nucléolo 
não desaparece durante a divisão celular para posteriormente 
ser recomposto, mas, sim, permanece íntegro durante todo o 
processo (GORI, 1981). A crista mitocondrial discoidal é chamada 
de cinetoplasto (SOUSA, 2016).
28 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Figura 3 Representante do Filo Euglenida.
Eles vivem, em sua maioria, em água doce, mas são 
encontrados também no mar. Muitas vezes são vistos em águas 
com grande quantidade de material em decomposição.
Quanto à alimentação, os euglenoides são muito 
diversificados. A maioria é heterotrófica, alimentando-se 
de matéria em decomposição ou mesmo predando outros 
organismos. Grande parte, porém, realiza fotossíntese. Contudo, 
esses euglenoides muitas vezes alteram sua dieta para a 
heterotrofia, caso haja necessidade. Um número pequeno de 
espécies é parasita de invertebrados e anfíbios. 
29© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
A locomoção é feita por batimento dos flagelos. Algumas 
espécies utilizam o movimento euglenoide, que é a ondulação 
do corpo.
Os euglenoides reproduzem-se assexuadamente por 
divisão longitudinal do corpo. A reprodução sexuada não foi 
confirmada.
Por alimentar-se de matéria orgânica, esses organismos 
são utilizados como indicadores da qualidade da água. Também 
podem extrair metais pesados do ambiente, sendo, por isso, 
de grande valor ecológico. Algumas espécies, porém, podem 
produzir substâncias tóxicas que contaminam peixes e crustáceos 
(RUPPERT et al., 2005).
Filo Kinetoplastida
Este filo é especialmente importante porque causa uma 
grande letalidade em humanos. Os organismos desse grupo 
possuem apenas uma mitocôndria que abriga, em seu interior, 
o cinetoplasto (uma concentração de DNA mitocondrial que se 
colore de escuro).O filo é dividido em dois subgrupos: bodonídeos e 
tripanossomatídeos.
Os bodonídeos são de vida livre, encontrados no mar, rios 
e lagos. Já os tripanossomatídeos são exclusivamente parasitas.
Existem dois gêneros de tripanossomatídeos especialmente 
importantes para os seres humanos: Leishmania e Trypanosoma.
As leishmanioses são doenças causadas pelo protozoário 
Leishmania e, de modo geral, são divididas em dois grupos: as 
leishmanioses tegumentares e a leishmaniose visceral (calazar).
30 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
O Leishmania permanece dentro das células do hospedeiro, 
numa forma arredondada e sem flagelo, chamada de amastigota. 
Reproduz-se dentro dos macrófagos (células grandes do tecido 
conjuntivo com função de defender o organismo). Quando o 
inseto vetor suga o sangue do hospedeiro, esses macrófagos 
infectados vão para seu tubo digestivo, onde os parasitas 
libertam-se da célula na forma promastigota (nesse estado 
formam os flagelos, podendo assim movimentar-se e reproduzir-
se fora das células). Quando o inseto alimenta-se novamente, 
ele regurgita parte do sangue recém-digerido, injetando no local 
da picada os promastigotas. Os parasitas então penetram na 
pele do hospedeiro, sendo fagocitados pelos macrófagos. Então, 
perdem o flagelo e adquirem a forma amastigota, fechando o 
ciclo (BRUSCA; BRUSCA, 2007).
Os insetos vetores são dípteros da subfamília Phlebotominae. 
No Brasil, são chamados popularmente de birigui ou mosquito-
palha. Roedores, marsupiais e canídeos são os reservatórios. O 
ser humano é considerado o hospedeiro final. Apesar de este 
poder infectar o vetor, a possibilidade é muito baixa comparada 
com a do cão, por exemplo (BRUSCA; BRUSCA, 2007).
31© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Figura 4 Ciclo da leishmaniose.
Já a doença de Chagas é causada pelo Trypanosoma cruzi. 
No Brasil existem cerca de 2 milhões de pessoas infectadas, 
sendo que milhares desenvolvem problemas do coração. Não 
existe cura, e muitos morrem anualmente.
O ciclo de vida do T. cruzi (Figura 5) começa quando o 
vetor – chamado de barbeiro (Triatoma infestans) – infectado 
suga o sangue de uma pessoa. Esse inseto defeca quando se 
alimenta e suas fezes contêm parasitas em sua forma alongada 
(tripomastigota metacíclico) que penetram na pele através da 
mucosa e de ferimentos. Uma vez no organismo, entram nas 
células de diversos órgãos e mais uma vez mudam de forma, dessa 
32 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
vez ficando arredondados (amastigotas). É nessa fase que ocorre 
a reprodução. Quando a célula está repleta, eles mais uma vez 
mudam a forma, adquirindo flagelos (tripomastigota sanguícola), 
arrebentando a célula e caindo na corrente sanguínea. Se o 
inseto sugar o sangue com o parasita, este irá para seu intestino 
e mais uma vez mudará de forma (epimastigota), multiplicando-
se novamente e sendo expelido nas fezes, completando o ciclo 
(PALMA, 2009).
Figura 5 Doença de Chagas: ciclo de vida do Trypanossoma cruzi.
Os membros do filo Kinetoplastida movimentam-se por 
flagelos, que se diferenciam dependendo do gênero.
Todos são heterótrofos. Os bodonídeos (não parasitas) 
alimentam-se principalmente de bactérias, capturando-as com 
33© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
o auxílio dos flagelos. Já os tripanossomatídeos (parasitas) 
alimentam-se absorvendo nutrientes dos fluidos corporais 
do hospedeiro através de sua membrana externa. Proteínas, 
carboidratos e gorduras são digeridos por enzimas contidas no 
seu protoplasma. O oxigênio dissolvido nos fluidos ou plasma 
sanguíneo é absorvido de maneira similar, gerando a energia 
necessária para seu processo vital (UILENBERG, 1998).
A reprodução pode ser sexuada ou assexuada, sendo esta 
última a mais comum. Em alguns gêneros também ocorre fissão 
binária.
Filo Ciliophora
Também conhecidos como ciliados, esses protozoários 
são tanto de vida livre como sésseis. Suas formas são as mais 
variadas, vivendo tanto solitariamente como em colônias. 
Habitam o mar, a água salobra, a água doce e os solos úmidos. 
Há também diversas espécies parasitas.
Locomovem-se pelo batimento dos cílios. Apesar 
de parecidos com os flagelos, os cílios possuem algumas 
características distintas, como o tamanho (são menores) e a 
quantidade (são numerosos) (BRUSCA; BRUSCA, 2007).
Um dos gêneros mais estudados é o Paramecium, que vive 
em água doce.
34 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Figura 6 Paramecium.
A alimentação dos ciliados também é muito variada. 
Alguns são filtradores, alguns predam outros protozoários e 
pequenos invertebrados, outros alimentam-se de bactérias e 
algas, e outros ainda são saprófitos. Sua célula possui uma área 
oral conhecida como citóstoma, por onde o alimento entra. 
No caso do Paramecium, o citóstoma apresenta um funil, um 
pequeno canal que liga o exterior da célula ao seu interior. O 
alimento passa por ele até sua base, onde formam-se vacúolos 
responsáveis pela digestão. A eliminação dos resíduos é feita 
pelo citopígio.
Os ciliados possuem dois núcleos: um maior, chamado 
macronúcleo, que controla o funcionamento da célula; e um 
menor, o micronúcleo, responsável pela reprodução.
A reprodução assexuada geralmente é por fissão binária, e 
a sexuada, por conjugação. 
35© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
A reprodução assexuada do Paramecium (Figura 7) é 
simples: a célula parte-se em duas células-filhas, que depois 
crescem atingindo o tamanho da célula-mãe. 
Figura 7 Reprodução assexuada do Paramecium.
Já na reprodução sexuada (Figura 8) duas células unem-
se pela área oral. O micronúcleo de cada indivíduo sofre duas 
divisões, tornando-se quatro. Três deles desintegram-se e o 
restante divide-se mais uma vez. Um desses micronúcleos 
transfere-se para o outro Paramecium, onde funde-se com seu 
micronúcleo. Os dois organismos então separam-se. Durante 
o processo, os macronúcleos desintegram-se. O micronúcleo 
que foi incorporado ao outro, sendo agora diploide, divide-se 
formando oito núcleos. Quatro deles crescem e transformam-se 
em macronúcleos. Três dos restantes desintegram-se. O último 
micronúcleo divide-se duas vezes novamente por mitose. Por 
fim, o organismo como um todo sofre duas fissões binárias, 
produzindo quatro células-filhas (BARNES et al., 2008). 
36 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Figura 8 Reprodução sexuada do Paramecium.
O Balantidium coli é um parasita do intestino de porcos. 
É eliminado nas fezes dos animais, podendo contaminar o ser 
humano com a doença conhecida como balantidiose, que causa 
diarreia. O ciclo biológico ocorre da seguinte forma: a pessoa 
ingere água ou alimentos com o cisto do protozoário. No intestino 
delgado há o desencistamento. Então, no intestino grosso, ele 
muda para a forma trofozoíta (estágio adulto e ativo), que sofre 
multiplicação binária. Por fim há o encistamento do parasita, que 
é eliminado nas fezes, fechando o ciclo.
Filo Apicomplexa
Esse grupo de protozoários é de extrema importância, pois 
a maioria de suas espécies é parasita de vertebrados, incluindo 
o ser humano. Os protozoários responsáveis pela malária e pela 
toxoplasmose pertencem a esse filo.
37© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Um aspecto que o distingue é a presença do complexo 
apical. Como o próprio nome diz, essa estrutura localiza-se 
no ápice da célula. Sua função é prender o parasita na célula 
hospedeira e causar uma invaginação em forma de vacúolo por 
onde o parasita pode penetrar no citoplasma.
Os apicomplexos não possuem cílios,flagelos ou 
pseudópodos. Entretanto, são capazes de mover-se dobrando e 
deslizando o corpo.
A nutrição do grupo ocorre por pinocitose ou fagocitose.
A reprodução pode ser assexuada ou sexuada. No caso da 
assexuada ocorre a fissão binária ou múltipla (esquizogonia) ou 
a endopoligenia. Já na sexuada ocorre a união de dois gametas 
haploides.
Seus ciclos de vida variam entre os diversos gêneros 
dos Apicomplexa, mas em geral dividem-se em três fases: 
gamontogonia (fase sexuada); esporogonia (estágio formador de 
esporos) e fase de crescimento.
Vamos conhecer agora o ciclo de vida do Toxoplasma 
gondii, causador da toxoplasmose.
No corpo humano, o T. gondii reproduz-se e infecta vários 
órgãos pelo sangue, o que provoca infecção generalizada. 
Assim, ocorrem deficiências neurológicas, inflamações nos 
olhos (podendo levar à cegueira), complicações musculares, 
hepatites e pancreatites. Quando a mãe transmite a doença ao 
feto, a criança pode apresentar hidrocefalia, convulsões, atrofia 
cerebral, anemia, problemas no fígado e alterações oculares 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
O T. gondii ocorre na maior parte do mundo. É capaz de 
infectar uma ampla margem de hospedeiros e muitos tipos de 
38 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
células (Figura 9). Seu ciclo de vida é heteroxereno facultativo, 
isto é, pode ou não apresentar, em seu ciclo biológico, dois 
hospedeiros (um definitivo e outro intermediário). Os hospedeiros 
intermediários são provavelmente todos os animais de sangue 
quente, incluindo os humanos. Os hospedeiros definitivos são 
membros da família Felidae, como os gatos domésticos.
Figura 9 Ciclo de vida do Toxoplasma gondii.
Nos hospedeiros intermediários ocorrem duas fases 
de desenvolvimento assexual: na primeira fase, taquizoítos 
(ou endozoítos) multiplicam-se rapidamente por repetidas 
endodiogenias nos vários tipos de células hospedeiras. Taquizoítos 
da última geração iniciam a segunda fase de desenvolvimento, 
formando um cisto tecidual. Dentro do cisto tecidual, 
39© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
bradizoítos (ou cistozoítos) multiplicam-se vagarosamente por 
endodiogenia. Cistos teciduais possuem uma alta afinidade 
por tecidos musculares e neurais, estando então localizados 
predominantemente no sistema nervoso central (SNC), nos 
olhos e nos músculos esqueléticos e cardíacos. Também podem 
ser encontrados em outros órgãos, como pulmões, rins e 
fígado. Cistos teciduais são o último estágio do ciclo de vida no 
hospedeiro intermediário e são infecciosos. 
O T. gondii pode persistir pela vida toda em algumas 
espécies de hospedeiros intermediários. Muitos pesquisadores 
acreditam que os cistos teciduais quebram-se periodicamente 
com bradizoítos transformando-se em traquizoítos, que 
reinvadem as células hospedeiras e novamente transformam-
se em bradizoítos dentro de novos cistos teciduais. Se ingeridos 
por um hospedeiro definitivo, os bradizoítos iniciam outra fase 
assexuada de proliferação, que consiste de multiplicação inicial 
por endodiogenia seguida de repetidas endopoligenias nas 
células epiteliais do intestino delgado. Os estágios terminais 
dessas multiplicações assexuadas iniciam a fase sexual do ciclo 
de vida. Gamogonia e formação de oocistos também ocorrem 
no epitélio do intestino delgado. Oocistos não esporulados são 
liberados no lúmen intestinal e vão para o ambiente pelas fezes. A 
esporogonia ocorre fora do hospedeiro e leva ao desenvolvimento 
de oocistos infeciosos que contêm dois esporocistos, cada um 
com quatro esporozoítos.
Há três fases infecciosas no ciclo de vida do T. gondii: 
taquizoítos, bradizoítos (contidos nos cistos teciduais) e 
esporozoítos (contidos nos oocistos esporulados). Todas são 
infecciosas tanto para os hospedeiros intermediários quanto para 
os definitivos, que podem infectar-se por T. gondii na maioria das 
vezes por uma das seguintes rotas (Figura 10): 
40 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
•	 Horizontalmente por ingestão oral de cistos teciduais 
no ambiente.
•	 Horizontalmente por ingestão oral de cistos teciduais 
contidos em carne ou vísceras cruas de hospedeiros 
intermediários.
•	 Verticalmente pela transmissão transplacentária de 
taquizoítos. Em vários hospedeiros, os taquizoítos 
podem ser transmitidos também pelo leite da mãe para 
o filho (TENTER; HECKEROTH; WEISS, 2000).
Figura 10 Rotas do Toxoplasma gondii.
41© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Vamos agora estudar o ciclo do Plasmodium, agente 
causador da malária (Figura 11).
A malária é transmitida pela picada do mosquito do gênero 
Anopheles, bem como na transfusão sanguínea, ao usar de 
agulhas contaminadas e ainda durante o parto. Seus sintomas 
são febre, dor de cabeça, anemia e esplenomegalia (aumento do 
baço). Existem várias espécies de Plasmodium que a causam nos 
humanos: P. vivax, P. falciparum (casos mais graves), P. malariae 
e P. ovale (apenas na África).
O ser humano é o hospedeiro natural dessas espécies.
Figura 11 Ciclo da malária.
42 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
O mosquito Anopheles é conhecido popularmente como 
mosquito-prego. Ao picar a pessoa para sugar seu sangue, inocula 
os esporozoítos de Plasmodium. Estes então movimentam-se 
pela derme até encontrar os vasos sanguíneos e linfáticos. Pelo 
sangue chegam ao fígado, onde penetram nos hepatócitos. Por 
reprodução assexuada, transformam-se em esquizontes hepáticos, 
com milhares de merozoítos que caem na circulação sanguínea 
atingindo suas células. Então, reproduzem-se assexuadamente, 
sendo nesse estágio que a pessoa sente os sintomas da malária. 
O Plasmodium aloja-se dentro de um vacúolo, alimentando-se 
de hemoglobina e transformando-se primeiramente em anel e, 
depois, em trofozoíto. Com nova divisão celular (esquizogonia) 
transformam-se em esquizontes. Posteriormente, os merozoítos 
voltam ao sangue e invadem novas células, fechando o ciclo. 
Alguns Plasmodium não se dividem dentro das hemácias, 
mas transformam-se em formas sexuadas chamadas de 
gametócitos masculinos e femininos. Quando o inseto ingere 
hemácias com esses gametócitos, elas são digeridas, liberando 
o Plasmodium no seu trato digestivo. Os gametócitos femininos, 
então, sofrem três mitoses, dando origem a oito células, que 
sofrem exflagelação e transformam-se em gametas masculinos. 
Esses fecundam os gametas femininos, formando um zigoto 
(diploide), que se diferencia em oocineto, capaz de instalar-se na 
parede interna do trato digestivo. O oocineto cria um envoltório, 
transforma-se em oocisto, sofre meiose e, em seguida, diversas 
mitoses, liberando esporozoítos haploides na hemolinfa do 
inseto. Estes migram e instalam-se na glândula salivar do 
inseto, sendo liberados no hospedeiro que for picado, fechando 
novamente o ciclo.
43© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Filo Dinoflagellata
O filo dos dinoflagelados é muito antigo. Evidências 
fósseis revelam que esses organismos eram abundantes há mais 
de 540 milhões de anos. Possuem dois flagelos, podendo ser 
unicelulares ou viver em colônias em forma de fio, com várias 
células. A maioria é fotossintetizante e vive como plâncton em 
mares. Como existem em grande quantidade, são extremamente 
importantes para o equilíbrio do gás oxigênio na nossa atmosfera. 
Certas espécies emitem luzes coloridas que causam um efeito 
mágico algumas noites na praia (Figura 12). Isso é possível graças 
a um sistema de bioluminescência chamado luciferina-luciferase 
(BRUSCA; BRUSCA, 2007).
Figura 12 Fenômeno da bioluminescência.
Muitas espécies desse filo vivem em endossimbiose com 
outros organismos, como os corais. Eles fornecem nutrientes aos 
corais,além de auxiliá-los a criar seu esqueleto de carbonato de 
cálcio. 
44 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
O fenômeno conhecido como maré vermelha é causado por 
dinoflagelados. Por motivos não muito bem entendidos até agora, 
há uma explosão no número de indivíduos em determinadas 
áreas do mar. Como eles liberam uma substância tóxica, 
podem causar a mortandade de peixes, moluscos, crustáceos e 
ocasionalmente de seres humanos que se alimentarem desses 
animais. Esse fenômeno tem crescido provavelmente devido a 
ação antrópica, isto é, à poluição causada pelo ser humano.
Os dois flagelos dos dinoflagelados permitem sua 
locomoção. Um é transversal, dando a volta na célula em um 
sulco chamado de cintura e fazendo o protozoário girar. O outro 
é longitudinal, permitindo a propulsão do organismo.
Quanto à alimentação, os dinoflagelados podem ser 
tanto autotróficos quando heterotróficos. Mais da metade é 
fotossintetizante, mas muitos podem mudar seu hábito alimentar 
na ausência de luz.
Os dinoflagelados heterotróficos alimentam-se de várias 
maneiras: saprotrofia, fagocitose, predação etc.
A reprodução dos dinoflagelados pode ser assexuada ou 
sexuada. No caso da assexuada, a célula divide-se por fissão 
oblíqua. Muitos dinoflagelados permanecem na forma haploide 
pela maior parte de suas vidas, nesse caso sendo chamados de 
células vegetativas. Essas por sua vez dividem-se por mitose em 
duas células-filhas que atuam então como gametas. Quando 
dois gametas se unem, forma-se o zigoto que, em seguida, 
entra em estado de encistamento, no qual pode permanecer 
indefinidamente.
45© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Filo Stramenopila
Esse filo é altamente diversificado. Muitas de suas espécies já 
foram classificadas anteriormente como plantas ou fungos. Muitas 
são unicelulares, enquanto outras formam colônias gigantescas. 
Os stramenopilos são encontrados no mar, em água doce, 
nos solos úmidos, no gelo glacial, no gelo marinho, na neve e até 
mesmo nas nuvens. 
Eles possuem dois flagelos, um voltado para a frente e 
outro para trás, por onde a célula se locomove. 
A nutrição é variada como o filo, podendo existir formas 
autotróficas e heterotróficas. Seus hábitos alimentares incluem 
a fotossíntese, a ingestão de partículas de alimentos e a excreção 
de enzimas que digerem itens fora da célula (modo saprófito).
A reprodução assexuada é por mitose, chamada de 
pleuromitose aberta sem centríolos. Na reprodução sexuada 
ocorre a formação de gametas haploides que se fundem, 
formando um zigoto (RUPPERT et al., 2005).
Filo Rhizopoda
Este é um filo de protistas muito importante, apesar de 
ser pequeno: existem cerca de duzentas espécies descritas. Os 
rizópodes são também chamados de amebas, caracterizando-se 
pela presença de pseudópodos (falsos pés). 
A grande maioria é de vida livre, habitando águas ou 
lugares úmidos. Muitas espécies são parasitas de invertebrados 
e vertebrados, incluindo o ser humano. A Entamoeba 
gingivalis, como o próprio nome indica, vive nas gengivas dos 
seres humanos e não causa malefícios. Estima-se que 50% da 
46 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
população possua esse organismo na boca. Existe uma espécie, 
porém, extremamente perigosa, a Naegleria fowleri. Ela causa a 
meningoencefalite amebiana primária (PAM), uma doença rápida 
e fatal. Geralmente ocorre em crianças que nadaram em águas 
contaminadas. O protozoário entra pelas vias nasais, migra para 
os nervos olfativos e depois para dentro do crânio, destruindo o 
cérebro. Veja esse ciclo de contaminação na Figura 13.
Figura 13 Síndrome da meningoencefalite amebiana primária.
Os rizópodes podem ser divididos em dois grupos, 
dependendo do revestimento: amebas nuas (circundadas apenas 
pela membrana plasmática) e tecamebas (revestidas por algum 
tipo de teca). 
47© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
As amebas movem-se por pseudópodos que se estendem 
e se contraem.
Quanto à nutrição, as amebas alimentam-se por pinocitose 
e fagocitose. A maioria dos rizópodes é carnívora. Muitos são 
predadores, utilizando os pseudópodos para capturar as presas. 
Algumas amebas produzem o glicocálice, uma camada de 
mucopolissacarídeo que ajuda na captura de presas.
A reprodução assexuada das amebas é em geral por 
fissão binária simples, podendo ocasionalmente ocorrer fissões 
múltiplas.
Filo Actinopoda
Este filo é dividido em quatro grupos: Polycystina 
(Radiolaria), Phaeodarea, Heliozoa e Acantharia. São importantes 
registros fósseis, pois possuem um esqueleto de sílica que é 
facilmente preservado.
O nome Actinopoda ("pés raiados") vem do fato de 
possuírem uma estrutura chamada axópode, um tipo de 
pseudópodo não flexível. 
Eles vivem em ambiente marinho. Quanto à locomoção, 
alguns possuem óleo dentro de seus vacúolos, o que auxilia 
na flutuação. Esse óleo pode ser eliminado do corpo, caso 
o organismo queira afundar. Assim, eles são levados pelas 
correntes marítimas. Utilizam-se também de seus axópodes para 
se locomover.
Os actinopodas são heterotróficos, alimentando-se 
por fagocitose. Podem predar bactérias, outros protistas e 
pequenos invertebrados. Para isso, utilizam seus axópodes, que 
podem secretar um muco que prende o alimento ou produzir 
48 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
uma estrutura semelhante a um espinho (cinetocistos), que é 
disparada contra a presa.
A reprodução assexuada pode ser por fissão binária, fissão 
múltipla ou brotamento. A reprodução sexuada é rara, e quando 
ocorre é geralmente por autogamia ou autofecundação (MOORE, 
2006).
Filo Granuloreticulosa (Foraminifera e seus parentes)
Esse filo é dividido em dois grupos: os Foraminifera e os 
Athalamida.
Os foraminíferos têm como característica uma teca ou 
esqueleto com uma ou duas camadas e um complexo ciclo de 
vida. Vivem na água do mar ou em água salobra, com hábito 
bentônico na maioria das espécies (algumas são pelágicas).
Os Athalamida, por sua vez, não possuem teca e são 
encontrados tanto em água doce quanto no mar.
As tecas dos foraminíferos deixam um importante registro 
fóssil, ajudando geólogos e paleontólogos em datações. Além 
disso, são utilizadas comercialmente como giz, rocha calcária e 
mármore.
Os Granuloreticulosa com hábito bentônico locomovem-
se estendendo e contraindo seus reticulópodes (pseudópodos 
filamentosos típicos do filo).
Todos os membros desse filo são heterotróficos e 
alimentam-se por fagocitose, sendo alguns herbívoros, outros 
carnívoros e outros ainda onívoros. Utilizam os reticulópodes 
para capturar o alimento.
49© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Na reprodução, alternam-se fases sexuadas e assexuadas. 
Na fase assexuada, a divisão nuclear ocorre por pleuromitose 
nuclear. Na fase sexuada, os indivíduos haploides dividem-se 
repetidamente liberando isogametas que se fundem formando 
indivíduos assexuados diploides (agamontes). Estes, por sua vez, 
dividem-se formando gamontes haploides.
Filo Diplomonadida
A espécie mais conhecida desse filo é, sem dúvida, a Giardia 
intestinalis (Figura 14), também chamada Giardia lamblia, que 
causa diarreia.
Figura 14 Giardia intestinalis.
A maioria das espécies do filo é simbionte, mas algumas 
são de vida livre, encontradas em águas poluídas.
50 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
As células possuem dois núcleos, o que facilita muito sua 
identificação.
A locomoção ocorre graças ao batimento de seus oito 
flagelos, que também servem para se fixar no hospedeiro. A 
Giardia consegue prender-se à parede intestinal graças a um 
disco adesivo que constrói em seu citoesqueleto.A maioria dos Diplomonadida alimenta-se de bactérias por 
endocitose. A Giardia, entretanto, alimenta-se por pinocitose 
das secreções intestinais do hospedeiro.
A reprodução é assexuada, por fissão longitudinal. Os 
indivíduos possuem a capacidade de encistar-se, ficando 
dormentes. Em sua fase móvel são chamados de trofozoítos.
Veja a seguir o ciclo da Giardia (Figura 15):
Figura 15 Ciclo da Giardia intestinalis.
51© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Conclusão
Como falamos no início de nossos estudos sobre os 
protistas, não é possível abordar profundamente todos os filos. 
Na verdade, não é possível nem mesmo conhecer todos, mas 
apenas os principais. O estudo de uma única espécie pode levar 
a vida toda de um pesquisador.
O Reino Protista é muito importante, pois ele dá indícios 
do surgimento da vida na Terra e da evolução dos metazoários. 
Como vimos, apesar de unicelulares, vários protozoários vivem 
em colônias. Essa pode ser a ponte para o surgimento de 
organismos mais complexos, como o próprio ser humano.
Relacionar os diversos filos dos protistas é uma tarefa 
sobre-humana, pois o registro fóssil é muito inconclusivo. Apenas 
os que possuem tecas deixaram registros fósseis. Não podemos 
nem imaginar quantas espécies surgiram e desapareceram 
sem que nunca tenhamos ideia de sua existência, o que é 
inevitavelmente frustrante quando se tenta fazer relações de 
filogenia entre os filos. Contudo, a proposta de nosso material 
didático é apenas dar uma base para o estudo de outros grupos. 
Sendo assim, vamos continuar? 
Com as leituras propostas no Tópico 3.1, você poderá 
aprofundar um pouco mais seus estudos sobre o Reino Protista. 
Antes de prosseguir para o próximo assunto, sugerimos que 
você realize as leituras indicadas, procurando assimilar o 
conteúdo estudado. 
52 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
2.2. FILO PORIFERA
Os membros do filo Porifera são chamados popularmente 
de esponjas (Figura 16). Apesar de serem animais multicelulares, 
eles não apresentam tecidos verdadeiros: suas células são 
capazes de modificar sua forma de acordo com a necessidade. 
Também não apresentam sistema nervoso. São quase na sua 
maioria marinhos, de vida séssil e muito semelhante aos protistas 
que estudamos anteriormente. As esponjas são filtradoras e 
conseguem fazer com que a água circule dentro de seus corpos 
através de uma célula chamada de coanócito, que possui flagelos 
(BARNES et al., 2008).
Figura 16 Representante do filo Porifera.
53© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
As esponjas são consideradas um grupo intermediário 
entre os protozoários coloniais e os metazoários propriamente 
ditos. 
As esponjas são provavelmente descendentes diretos dos 
protistas flagelados. Acredita-se que em algum momento ocorreu 
uma especialização em que as células passaram a desempenhar 
funções diferentes. Assim, os poríferos possuem um corpo com 
células especializadas, o que os diferencia dos protistas. Porém, 
não possuem tecidos como os Metazoa.
Atualmente as esponjas dividem-se em três classes: 
Hexactinellida, Demospongiae e Calcarea. Observe a filogenia a 
seguir (Figura 17). 
Figura 17 Filogenia do filo Porifera.
Vamos entender melhor isso: o que faz um animal pertencer 
ao filo Porifera? Ou, melhor, quais são suas sinapomorfias? A 
resposta é: todos os adultos são sésseis; a epiderme externa é 
chamada de pinacoderme, pois é formada pelos pinacócitos; e 
abaixo da pinacoderme há uma camada gelatinosa chamada de 
meso-hilo, cujas células ameboides conseguem diferenciar-se 
em qualquer um dos tipos celulares do indivíduo (além de terem 
outras funções descritas a seguir); têm sistema aquífero interno. 
54 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Além disso, possuem "tecido" com forma dinâmica, arqueócitos, 
esclerócitos, espículas silicosas secretadas intracelularmente ao 
redor do filamento axial orgânico e, por fim, larva estereoblástula.
Esses animais dividem-se em dois subfilos: Symplasma e 
Cellularia (MOORE, 2006).
O que caracteriza o subfilo Symplasma? Bom, nesse subfilo 
há apenas uma classe, a Hexactinellida (esponjas de vidro). Suas 
características são: rede sincicial trabecular; coanosincício; 
hexáctinas silicosas; silificação secundária. São esponjas 
exclusivamente marinhas.
O subfilo Cellularia, por sua vez, possui porócitos 
e calcificação extracelular. É dividido em duas classes: 
Demospongiae (que possui tetráxonas silicosas, espongiócitos 
e espongina) e Calcarea (com coanócitos grandes, espículas 
calcárias, perda das espículas silicosas, larva celoblástula). As 
Demospongiae são encontradas no mar, em água salobra e em 
água doce. Já as Calcarea são exclusivamente marinhas. 
As esponjas são animais fascinantes, pois adquiriram 
adaptações que lhes permitiram ser bem-sucedidas 
evolutivamente. Mesmo não tendo tecidos verdadeiros, 
conseguem atingir tamanhos grandes (algumas chegam a dois 
metros de altura), vivem em diversas profundidades e em 
diferentes tipos de água. Um dos motivos de tal sucesso é seu 
sistema aquífero, que permite que uma grande quantidade de 
água passe através de seu corpo, proporcionando oxigenação e 
alimentação adequadas.
Na Figura 18 entenderemos melhor como funciona o corpo 
e o sistema aquífero das esponjas.
55© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Figura 18 Estrutura e sistema aquífero das esponjas.
Como já mencionamos anteriormente, a superfície externa 
das esponjas, a pinacoderme, é formada por uma camada 
de células chamadas de pinacócitos. A superfície interna é a 
coanoderme, formada, por sua vez, por uma camada de células 
flageladas chamadas de coanócitos. Entre as duas camadas, 
temos o mesoílo, gelatinoso, onde encontram-se células 
ameboides e as espículas. Nele ocorre a digestão, a produção de 
gametas, a secreção do esqueleto e o transporte de nutrientes 
e de excretas. A pinacoderme possui inúmeras perfurações 
56 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
chamadas de poros dérmicos ou óstios. A água entra por esses 
poros e, com o batimento dos flagelos dos coanócitos, percorre 
o corpo todo da esponja (RUPPERT et al., 2005).
Tanto a pinacoderme quanto a coanoderme possuem 
uma célula de espessura. Elas podem ter inúmeras dobras, 
aumentando sua superfície. Quando a camada é contínua, sem 
dobras, a condição é chamada asconoide (Figura 19); quando 
dobrada é chamada siconoide (Figura 20); e, por fim, quando é 
muito subdividida em câmaras, recebe o nome de leuconoide 
(Figura 21).
As esponjas asconoides são pequenas, com no máximo 
10 cm. Possuem formato de vaso, sendo a cavidade central, 
recoberta por coanócitos, chamada de átrio e a abertura 
chamada de ósculo. Os coanócitos batem seus flagelos e assim a 
água circula. Observe a Figura 19.
Figura 19 Esponja na condição asconoide.
57© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Já as siconoides, devido ao dobramento da pinacoderme 
e da coanoderme, conseguem ter uma grande área superficial. 
Apesar de suas camadas terem apenas uma célula de espessura, 
o dobramento permite maior troca gasosa, alimentação e fluxo 
de água. Veja a Figura 20.
Figura 20 Esponja na condição siconoide.
A condição leuconoide, por fim, é a mais complexa. A 
superfície das células flageladas subdivide-se em câmaras 
coanocitárias. O átrio não forma uma estrutura única, mas sim 
diversos canais exalantes, o que permite um fluxo de água muito 
maior do que o das esponjas asconoides (BARNES et al., 2008). 
Observe a Figura 21.
58 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Figura 21 Esponja nacondição leuconoide.
Quanto às esponjas hexactinelidas, elas diferem das 
calcárias e das demosponjas, pois não possuem pinacorderme 
(camada externa), mas, sim, uma membrana dérmica. O material 
celular é esparso, formando uma rede trabecular. Essa e outras 
diferenças fazem com que alguns pesquisadores classifiquem 
essa classe como um filo à parte.
Quanto à nutrição, a maioria das esponjas utiliza a 
pinocitose e a fagocitose. Apesar de consideradas metazoários, 
elas não possuem um sistema digestivo complexo. A digestão 
é intracelular. Os alimentos – bactérias, protistas, algas 
unicelulares etc. – chegam às células responsáveis pela digestão 
por meio do sistema aquífero. Os coanócitos possuem um colar 
em que o alimento se prende, sendo conduzido ao interior da 
célula, onde é digerido. Os arqueócitos, células ameboides 
descritas anteriormente, também são essenciais no processo, 
59© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
pois movem-se pelo canal inalante capturando as partículas e 
ingerindo-as por fagocitose.
A maioria das esponjas é filtradora, mas alguns 
representantes da classe Demospongiae são predadores. Eles 
são capazes de estirar uma espícula que captura a presa e a traz 
para perto de células móveis que a digerem e absorvem.
As trocas gasosas são feitas por difusão simples.
A reprodução dos poríferos é tanto assexuada, quanto 
sexuada.
Esses animais conseguem regenerar-se e criar um novo 
indivíduo a partir de fragmentos que são soltos do corpo 
principal. Inclusive, algumas espécies liberam propositadamente 
fragmentos para reproduzir-se (BRUSCA; BRUSCA, 2007).
Como estratégia de sobrevivência a condições extremas 
do clima (frio, calor, alterações de umidade), algumas espécies 
produzem gêmulas: estruturas esféricas e extremamente 
resistentes devido a uma capa de colágeno. Quando o ambiente 
volta a se tornar favorável, um novo indivíduo forma-se por 
totipotência (uma característica dos poríferas). 
Outra estratégia reprodutiva assexuada é o brotamento 
(Figura 22). Em determinado momento aparecem expansões no 
corpo da esponja, que são liberadas e levadas pelas correntes 
marítimas até encontrarem um novo substrato.
Figura 22 Reprodução de esponja por brotamento.
60 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Quanto à reprodução sexuada, a maioria das espécies é 
hermafrodita. Contudo, pode acontecer de os indivíduos serem 
machos e fêmeas em épocas diferentes. Alguns podem ainda 
ser machos ou fêmeas durante toda a vida. O processo é tão 
diversificado, que essas características muitas vezes ocorrem ao 
mesmo tempo em indivíduos diferentes da mesma população. 
O espermatozoide forma-se a partir de coanócitos em 
cistos espermáticos. O óvulo é formado a partir de arqueócito 
ou coanócito diferenciado.
Tanto os espermatozoides, quanto os oócitos maduros 
são liberados no ambiente pelo sistema aquífero (Figura 23). A 
fertilização pode ocorrer na água, ou o espermatozoide introduz-
se no corpo de outro indivíduo, fertilizando o óvulo. Em ambos os 
casos forma-se uma larva planctônica. Essa larva posteriormente 
fixa-se a um substrato e desenvolve-se como um novo adulto 
(MOORE, 2006).
Figura 23 Reprodução sexuada das esponjas pelo sistema aquífero.
61© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Há ainda muitas perguntas não respondidas a respeito do 
Filo Porifera. O que estudamos aqui é uma pequena parte de um 
riquíssimo assunto que intriga os mais renomados pesquisadores 
da área.
Com as leituras propostas no Tópico 3.2, você poderá 
aprofundar um pouco mais seus estudos sobre o Filo Porifera. 
Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras 
indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.
2.3. FILO CNIDARIA
Os cnidários são animais com aparência tão diferentes 
uns dos outros, que à primeira vista parecem pertencer a filos 
diferentes. Como exemplos temos as águas-vivas (Figura 24), as 
anêmonas-do-mar (Figura 25), os corais (Figura 26) e as hidras 
(Figura 27). Entretanto, possuem várias características em 
comum, que estudaremos a seguir (MOORE, 2006). 
62 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Figura 24 Água-viva.
Figura 25 Anêmona-do-mar.
63© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Figura 26 Coral.
Figura 27 Hidra.
64 © FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
Os cnidários pertencem ao reino Metazoa. Eles são 
diploblásticos, isto é, seus embriões são formados a partir de 
apenas dois folhetos embrionários: ectoderme e endoderme. 
A mesogleia, que é uma camada que separa os dois tecidos, 
origina-se da ectoderme. A simetria é radial que posteriormente 
pode modificar-se para birradial, quadrirradial etc. O eixo do 
corpo é oral-aboral. Possuem estruturas urticantes ou adesivas 
características chamadas de cnidas, produzidas nos cnidócitos. 
Nesses animais, encontramos células musculares e células 
nervosas. Possuem também alternância de gerações: uma 
assexuada (polipoide) e uma sexuada (medusoide). Têm apenas 
uma cavidade (celêntero) com uma abertura, usada tanto como 
boca, como ânus. Apesar da presença de tecidos, os cnidários 
não possuem sistemas. A maioria é marinha.
Os tecidos nos cnidários são homólogos (com mesma 
origem embrionária e com desenvolvimento semelhante em 
diferentes espécies), como podemos observar na Figura 28, 
que mostra uma forma polipoide e uma forma medusoide. 
Nela, vemos a camada externa (ectoderme), a camada interna 
(endoderme) e a do meio (mesogleia/mesênquima) (RUPPERT 
et al., 2005).
Os tecidos nos cnidários são homólogos (com mesma 
origem embrionária e com desenvolvimento semelhante em 
diferentes espécies), como podemos observar na Figura 28, 
que mostra uma forma polipoide e uma forma medusoide. 
Nela, vemos a camada externa (ectoderme), a camada interna 
(endoderme) e a do meio (mesogleia/mesênquima) (RUPPERT 
et al., 2005).
Figura 28 Camadas dos tecidos homólogos nos cnidários.
O filo Cnidaria possui quatro classes: Hydrozoa, Anthozoa, 
Cubozoa e Scyphozoa.
A classe Hydrozoa tem como representantes as hidras, 
as caravelas (forma colonial) e medusas menores. Apesar de a 
65© FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL I 
UNIDADE 1 – PROTOZOA, PORIFERA E CNIDARIA
maioria ser marinha, é a única classe do filo Cnidaria com animais 
vivendo em água doce. A alternância de gerações ocorre na 
maioria dos representantes, entre pólipos (assexuados) e formas 
medusoides (sexuadas). Os pólipos fixam-se no substrato, e as 
formas medusoides fazem parte do plâncton. Em alguns casos, 
a forma medusoide fica presa no pólipo. Os pólipos usualmente 
são coloniais e seus celênteros são interconectados; já os 
individuais geralmente são polimórficos, com funções distintas. 
O exoesqueleto é formado por quitina ou carbonato de cálcio. 
O celêntero não possui faringe ou mesentério. A mesogleia não 
possui células. Os tentáculos podem ser ocos ou não. As cnidas 
estão presentes apenas na epiderme, sendo nela que surgem os 
gametas. A maioria das medusas é pequena e transparente, com 
a boca no manúbrio e sem ropálio.
A classe Anthozoa é formada pelas anêmonas, corais e 
gorgônias. Seus membros são todos marinhos. Não possuem 
fase medusoide. Suas cnidas são tanto epidérmicas quanto 
gastrodérmicas. Seu celêntero é dividido por mesentérios 
longitudinais. Possuem tentáculos em número de oito ou múltiplos 
de seis. Os pólipos reproduzem-se tanto assexuadamente, quanto 
sexuadamente. Os gametas são formados na gastroderme.
A pequena classe Cubozoa é formada por medusas de 15 a 
25 centímetros, sem coloração. Cada pólipo produz apenas uma 
medusa, chamada comumente de vespa-do-mar. É importante 
aos humanos porque seu veneno pode

Continue navegando