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FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DAS CIÊNCIAS DA TERRA - GEOLOGIA CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra – Prof.ª Ms. Silvia Renata de Oliveira Santos e Prof. Ms. Carlos Adriano Martins Olá! Meu nome é Carlos Adriano Martins. Sou mestre em Educação, especialista em Gestão Ambiental e Docência no Ensino Superior, graduado em Pedagogia e Ciências Biológicas e, atualmente, curso doutorado em Ensino de Ciências e Matemática. Leciono nos cursos de licenciatura e especialização do Claretiano, ambos na modalida- de a distância. Também coordeno o curso presencial de Pedagogia das Faculdades Claretianas de São Paulo. Bons estudos! E-mail: ead.adriano@gmail.com Meu nome é Silvia Renata de Oliveira Santos. Sou bióloga formada pela Universidade Federal em São Carlos e mestre em Engenharia Civil com ênfase em Engenharia Ambiental pela Escola de Enge- nharia de São Carlos – Universidade de São Paulo. Sou professora do curso de Biologia, modalidade presencial, do Claretiano, minis- trando as disciplinas de Geologia Geral, Zoologia de Vertebrados e Paleontologia. Na educação a distância, sou autora e tutora da disciplina Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade no curso de pós-graduação em Gestão Ambiental. Apesar da aparente diver- sidade em minha atuação e formação, acredito que todas as áreas das ciências naturais devem "andar de mãos dadas" e, portanto, todo conhecimento é complementar e não excludente. E-mail: siltheo@hotmail.com Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DAS CIÊNCIAS DA TERRA - GEOLOGIA Silvia Renata de Oliveira Santos Carlos Adriano Martins Batatais Claretiano 2014 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP) Versão: dez./2014 551.07 K31f Santos, Silvia Renata de Oliveira Fundamentos e métodos do ensino das ciências da Terra (Geologia) / Silvia Renata de Oliveira Santos, Carlos Adriano Martins– Batatais, SP : Claretiano, 2014. 132 p. ISBN: 978-85-8377-317-7 1.Estrelas. 2. Galáxias. 3. Sistema Solar. 4. Tempo geológico. 5. Hidrologia. 6. Política Energética. I. Martins, Carlos Adriano. II. Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra (Geologia). Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Eduardo Henrique Marinheiro Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Juliana Biggi Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO ............................................................................. 8 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 17 4 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 18 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TERRA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 19 2 CONTEÚDO ........................................................................................................ 20 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 20 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 21 5 INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA .......................................................................... 21 6 ORIGEM DO UNIVERSO ..................................................................................... 24 7 SISTEMA SOLAR .................................................................................................. 32 8 OS MOVIMENTOS DA TERRA ............................................................................. 37 9 ESTRUTURA DA TERRA ..................................................................................... 42 10 ATMOSFERA ..................................................................................................... 48 11 HIDROSFERA ...................................................................................................... 52 12 TECTÔNICA DE PLACAS .................................................................................... 54 13 DERIVA CONTINENTAL ....................................................................................... 59 14 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 64 15 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 67 16 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 68 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 71 UNIDADE 2 – ESTUDO DA TERRA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 73 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 74 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 74 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 75 5 MINERAIS ........................................................................................................... 75 6 ROCHAS .............................................................................................................. 78 7 INTEMPERISMO ................................................................................................. 82 8 SOLO................................................................................................................... 86 9 A TERRA CONTA SUA HISTÓRIA .......................................................................... 95 10 O TEMPO GEOLÓGICO ....................................................................................... 110 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 118 12 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 123 13 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 123 14 REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 125 UNIDADE 3 – APLICAÇÕES DAS CIÊNCIAS DA TERRA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 127 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 128 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 128 4 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 131 5 CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................... 132 6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 132 EA D CRC Caderno de Referência de Conteúdo Conteúdo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Origem do Universo. Estrelas e galáxias. Sistema Solar. Movimentos da Terra. Estrutura interna e externa da Terra. Processos dinâmicos da Terra. Minerais e rochas. Rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. Intemperismo. Solos. Fósseis e fossilização. Tempo Geológico. Hidrologia. Características dos ventos e dos desertos. Energia e recursos materiais da Terra. Combustíveis fósseis. Política energética. Geologia dos depósitos minerais. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Em que consiste o ensino das Ciências da Terra? Qual a sua importância para se pensar a formação dos jovens e adolescentes da escola básica brasileira? É possível ensinar tópicos de Geologia e Astronomia nas aulas de Ciências? Esses serão os desafios que teremos pela frente no desenvolvimento desta obra. As Geociências possuem um campo vasto e dinâmico de sig- nificados, características e peculiaridades, cujo objetivo está em tra- balhar os aspectos relacionados ao nosso planeta. Nesse sentido, estudá-las significa ir além das possibilidades de uma reflexão sim- © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra8 plória das questões ambientais e geológicas. Neste estudo, o objeti- vo será justamente este: possibilitar uma reflexão criteriosa acerca dos fundamentos do ensino das Ciências da Terra, no sentido de en- tender suas características e aplicá-las no ensino de Ciências. Nas unidades que se seguirão, você terá a possibilidade de compreender esse universo conceitual, além dos seus desafios, para promover uma metodologia sistematizada da prática educativa. O conteúdo programático do curso está dividido em três unidades e foi assim distribuído: • Unidade 1: trataremos de questões introdutórias ao estu- do da Terra e do Universo. • Unidade 2: estudaremos as especificidades da Geologia, como as rochas e os minerais, o solo e o tempo geológico. • Unidade 3: discutiremos as tendências e as aplicações das Ciências da Terra em nosso cotidiano. Após essa introdução aos conceitos principais, apresentare- mos, a seguir, no Tópico Orientações para estudo, algumas orienta- ções de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo. Desse modo, desejamos que se sinta motivado(a) e desafiado(a) neste estudo que agora iniciamos. Bom proveito e muito êxito neste caminho que juntos per- correremos. 2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Prof. Ms. Carlos Adriano Martins Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será es- tudado. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de Claretiano - Centro Universitário 9© Caderno de Referência de Conteúdo aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um refe- rencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que fundamentam este conteúdo. Iniciaremos nossos estudos sobre os Fundamentos e os Mé- todos do Ensino das Ciências da Terra, uma viagem que contempla a Terra e o Universo, nosso solo, atmosfera e hidrosfera. A abordagem começa pela grande explosão, o Big Bang, e todas as características pertinentes ao estudo da origem do Uni- verso. Seguiremos estudando o sistema solar e os movimentos da Terra, passando pelas estruturas interna e externa do planeta, che- gando aos processos dinâmicos da Terra, da tectônica de placas e da deriva continental. Nossa viagem segue para os estudos geológicos, voltados às rochas e aos minerais existentes na superfície terrestre, passando pelo clima (fatores intempéricos) e chegando ao estudo do solo, com suas classificações e tipologia. Em seguida, conheceremos as características dos fósseis e os processos de fossilização conhecidos, passando pelas escalas do tempo geológico. Finalmente, vamos identificar os ciclos hidrológicos, os pro- cessos ligados aos ventos e desertos e chegaremos às reservas energéticas e recursos materiais de nossa crosta. Todos esses conceitos são pertinentes ao estudo da Geolo- gia, mas é de extrema importância que saibamos aplicar tais co- nhecimentos no ensino das Ciências Naturais, contribuindo para a emancipação da educação no Brasil. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra10 Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá- pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados em Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra. Veja, a seguir, a definição dos princi- pais conceitos: 1) Astronomia: "etimologicamente significa ‘lei das estre- las’ com origem grega: (άστρο + νόμος) povos que acre- ditavam existir um ensinamento vindo das estrelas, é hoje uma ciência que se abre num leque de categorias complementares aos interesses da geografia, da física, da matemática e da biologia. Envolve diversas observa- ções procurando respostas aos fenômenos físicos que ocorrem dentro e fora da Terra bem como em sua atmos- fera e estuda as origens, evolução e propriedades físicas e químicas de todos os objectos que podem ser observa- dos no céu (e estão além da Terra), bem como todos os processos que os envolvem. Observações astronômicas não são relevantes apenas para a astronomia, mas tam- bém fornecem informações essenciais para a verificação de teorias fundamentais da física, tais como a teoria da relatividade geral". Disponível em: <http://pt.wikipedia. org/wiki/Astronomia>. Acesso em: 15 dez. 2011. 2) Fósseis: "os fósseis são restos ou vestígios de seres vivos (animais ou vegetais) que foram preservados até a atua- lidade por milhares ou até milhões de anos. Esta conser- vação do fóssil ocorre graças aos fenômenos da natureza (gelo, argila. aridez do solo). Esta conservação aconte- ce de forma natural. Exemplo de formação de um fós- sil: um peixe que morreu há três milhões de anos atrás, pode ter sido preservado pelo processo de petrificação (em pedra, argila ou rocha) até a atualidade. Ao escavar um sítio arqueológico, o arqueólogo descobre este fóssil que será muito importante para o estudo de um perío- do do planeta. Além da conservação em rochas e pedras, os seres vivos podem ser transformados em fósseis pelo Claretiano - Centro Universitário 11© Caderno de Referência de Conteúdo processo de congelamento ou conservação em âmbar (resina fóssil de origem vegetal). Neste último caso é co- mum encontrarmos fósseis de insetos. Os ossos humanos e de animais, que viveram há muitos anos atrás, também são considerados fósseis. Na maioria das vezes, a maté- ria orgânica do fóssil, principalmente dos preservados em pedras e rochas, não existem mais. Fica apenas o forma- to do animalou vegetal. Quando há vestígios de matéria orgânica é possivel fazer a datação através do processo do Carbono 14". Disponível em: <http://www.suapesquisa. com/o_que_e/fosseis.htm>. Acesso em: 15 dez. 2011. 3) Geologia: "é a ciência que estuda a crosta terrestre, a matéria que a compõe, sua estrutura e textura, sua for- mação e as alterações que ocorreram desde sua origem. Os conhecimentos geológicos são aplicados em diver- sas áreas como, por exemplo, exploração de minérios, construção civil e obtenção de energia geotérmica. A geologia também é muito importante para o estudo dos abalos sísmicos (terremotos), possibilitando identificar áreas de risco e intensidade de terremotos. O profis- sional que atua nesta área é conhecido como geólogo. A geologia possui várias disciplinas de estudo como, por exemplo: Cristalografia, Espeleologia, Geomorfologia, Estratigrafia, Geoquímica, Geofísica, Geologia do pe- tróleo, Hidrogeologia, Sedimentologia, Sismologia, Vul- canologia". Disponível em: <http://www.suapesquisa. com/o_que_e/geologia.htm>. Acesso em: 15 dez. 2011. 4) Intemperismo: "também conhecido como meteoriza- ção, é o conjunto de fenômenos físicos e químicos que levam à degradação e enfraquecimento das rochas. O termo intemperismo é aplicado às alterações físicas e químicas a que estão sujeitas as rochas na superfície da Terra, porém esta alteração ocorre in situ, ou seja, sem deslocamento do material. Este fenômeno é de grande importância para a formação e constante mudança no relevo terrestre, junto com a erosão. O intemperismo é de grande importância também na formação dos solos, pois em algumas regiões onde há grandes formações ro- chosas a fixação de plantas é mais difícil em relação a re- © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra12 giões de solo estruturalmente menos rochosos". Dispo- nível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Intemperismo>. Acesso em: 15 dez. 2011. 5) Minerais e Rochas: "os minerais são substâncias encon- tradas na natureza, formados por uma composição quími- ca equilibrada, resultante de milhões de anos de proces- sos inorgânicos (ação do calor, pressão, etc). A maioria dos minerais é sólido, como feldspato, mica, quartzo, mas há alguns líquidos, como a água e o mercúrio. As rochas são formadas por dois ou mais minerais agrupados. Existem três classificações para as rochas, de acordo com a sua formação: magmáticas, sedimentares e metamórficas." Disponível em: <http://www.infoescola.com/geografia/ tipos-de-rochas-e-minerais/- >. Acesso em: 15 dez. 2011. 6) Sistema Solar: "é constituído pelo Sol e por um con- junto de objetos astronômicos que se ligam ao Sol atra- vés da gravidade. Acredita-se que esses corpos tenham sido formados por meio de um colapso de uma nuvem molecular gigante há 4,6 bilhões de anos atrás. Entre os muitos corpos que orbitam ao redor do Sol, a maior par- te da massa está contida dentro de oito planetas relati- vamente solitários, [e] cujas órbitas são quase circulares e se encontram dentro de um disco quase plano, deno- minado plano da eclíptica. Os quatro menores planetas (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) são conhecidos como planetas telúricos ou sólidos, encontram-se mais próxi- mos do Sol e são compostos principalmente de metais e rochas. Os quatro maiores planetas (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) encontram-se mais distantes do Sol e concentram mais massa do que os planetas telúricos, sendo também chamados de planetas gasosos. Os dois maiores, Júpiter e Saturno, são compostos em sua maior parte de hidrogênio e hélio. Urano e Netuno, conheci- dos também como ‘planetas ultraperiféricos’, são cober- tos de gelo, sendo às vezes referidos como ‘gigantes de gelo’, apresentando também em sua composição água, amônia e metano." Disponível em: <http://pt.wikipedia. org/wiki/Sistema_Solar>. Acesso em: 15 dez.2011. Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Claretiano - Centro Universitário 13© Caderno de Referência de Conteúdo Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com- plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or- denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque- mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen- to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra14 e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor- nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe- cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele- cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon- ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). CIÊNCIAS DA TERRA Astronomia Estrelas e galáxias Geologia Rochas e minerais Estrutura da Terra Planetas Sistema solar Intemperismo Fósseis Solo Tempo geológico Fossilização e Hidrologia Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Fundamentos e Metodos do Ensino das Ciencias da Terra. Claretiano - Centro Universitário 15© Caderno de Referência de Conteúdo Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu pro- cesso de ensino-aprendizagem. Por exemplo, o Conceito Ciências da Terra implica conhecer as etapas e subdivisões pertinentes ao seu estudo, que veremos ao longo desta obra. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento.Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do ensino de Biologia pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re- solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhe- cimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profis- sional. Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari- to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões autoavaliativas de múltipla escolha. As questões de múltipla escolha são as que têm como respos- ta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra16 inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por res- posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte- grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra- tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con- teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con- ceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) O estudo desta obra convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno dos Cursos Graduação na modalidade EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri- Claretiano - Centro Universitário 17© Caderno de Referência de Conteúdo mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARMSTRONG, D. L. P.; BARBOZA, L. M. V. Metodologia do Ensino de Ciências Biológicas e da Natureza. Curitiba: Ibpex, 2011. PRESS, F. Para entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. SALLES, G. D. Metodologia do Ensino de Ciências Biológicas e da Natureza. Curitiba: Ibpex, 2007. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra18 4. E-REFERÊNCIAS ASTRONOMIA. Disponível em: <http://www.infoescola.com/geografia/tipos-de-rochas- e-minerais/>. Acesso em: 15 dez. 2011. FÓSSEIS. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/fosseis.htm>. Acesso em: 15 dez. 2011. GEOLOGIA. Estudo da Crosta Terrestre. Disponível em: <http://www.suapesquisa. com/o_que_e/geologia.htm>. Acesso em: 15 dez. 2011. INTEMPERISMO. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Intemperismo>. Acesso em: 15 dez. 2011. MINERAIS E ROCHAS. Disponível em: <http://www.infoescola.com/geografia/tipos-de- rochas-e-minerais/>. Acesso em: 15 dez. 2011. SISTEMA SOLAR. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Solar>. Acesso em: 15 dez.2011. 1 EA D Introdução ao Estudo da Terra 1. OBJETIVOS • Apresentar aspectos básicos associados à origem e à for- mação do Universo e do Sistema Solar. • Conhecer as definições e as características dos compo- nentes e da organização do Sistema Solar. • Compreender como ocorrem os componentes e os movi- mentos de rotação e translação da Terra. • Compreender a organização da estrutura estática e dinâ- mica da Terra. • Identificar e compreender a composição e a estrutura da Atmosfera e da Hidrosfera. • Identificar a estrutura litosférica e a tectônica das placas. • Conhecer a teoria da deriva continental. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra2020 2. CONTEÚDO • Universo – o Big Bang e a origem do Universo. • Estrelas, galáxias e outros componentes do Universo. • Organização, estrutura e planetas do Sistema Solar. • Movimentos da Terra – o dia e a noite, as estações do ano e as fases lunares. • Estrutura interna da Terra: estrutura estática e dinâmica. • Estrutura externa da Terra: Atmosfera e Hidrosfera. • Processos dinâmicos da Terra – Tectônica de Placas e De- riva Continental. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Você é a figura central do curso e, por isso, alguns re- cursos foram elaborados para você! Conte com o auxílio de seu tutor, utilize o Glossário, as obras sugeridas na Bibliografia Básica e Complementar e claro, sites confiá- veis! Todos esses recursos lhe darão apoio além de com- plementar sua formação. 2) A compreensão dos conteúdos é muito importante para sua formação. Por isso, quando surgirem dúvidas, fale com seu tutor, discuta com seus colegas e compartilhe suas experiências. Lembre-se sempre de que a constru- ção de conhecimentos é um processo dinâmico e essen- cial para nosso aprendizado. 3) Para uma maior compreensão do Universo, sugerimos que você consulte o site da Nasa (Disponível em: <http:// www.nasa.gov/>. Acesso em: 15 dez. 2011). Claretiano - Centro Universitário 21© U1 - Introdução ao Estudo da Terra 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Desvendar os segredos do Universo sempre foi, para o ho- mem, desvendar os segredos de sua própria origem e, por isso, é, sem dúvida alguma, um assunto fascinante. Vamos conhecer e discutir brevemente os principais aspec- tos e modelos que procuram explicar a origem do Universo, das galáxias e de seus componentes. Posteriormente, o nosso planeta será o enfoque de nossos estudos e teremos a oportunidade de estudar a estrutura e a dinâmica da Terra. Vamos lá? 5. INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA Para iniciarmos nossos estudos sobre a origem da Terra, é preciso antes que tomemos contato com a Astronomia, ciência esta que apresenta um campo extremamente grande de estudo caracteristicamente multidisciplinar.Etimologicamente, o termo Astronomia tem sua origem na língua grega e significa "lei das estrelas". Como ciência, a Astro- nomia constrói muitos e diversos conhecimentos por meio de ob- servações investigativas bem como de análises espaciais dos fenô- menos físicos, químicos e biológicos que ocorrem dentro e fora da Terra. A Astronomia ainda se ocupa do estudo e da compreensão da origem e da evolução de todos os corpos e objetos que podem ser observados no céu. Em outras palavras, a Astronomia é a ciên- cia da observação do céu, das estrelas e do universo (TEIXEIRA et al., 2003). Mas por que estudar Astronomia? Bem, a resposta pode parecer simplista, mas essa é a ciên- cia que busca respostas para questões que enfrentamos há muito tempo. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra2222 Provavelmente, quando ainda era uma criança, olhou muitas vezes para o céu e, observando as estrelas, se perguntou: "Como surgiram as estrelas?", "De onde viemos?" ou "Será que existe algo além do que nossos olhos podem ver?". Perguntas tais como essas são óbvias e supostamente simples. Algumas já foram respondidas pela Astronomia, outras ainda continuam sem respostas ou com respostas bastante controversas, e ainda há aquelas cujas respos- tas estão longe do nosso alcance. Vale lembrar que o conhecimen- to e as repostas que temos e que foram dadas pela astronomia es- barram, muitas e muitas vezes, em questões filosóficas, religiosas e metafísicas, entretanto todas as ciências são baseadas apenas em aspectos científicos, e são eles que serão estudados nesta obra (TEIXEIRA et. al., 2003). Astronomia Antiga ––––––––––––––––––––––––––––––––––– As especulações sobre a natureza do Universo devem remontar aos tempos pré-históricos, por isso a astronomia é frequentemente considerada a mais an- tiga das ciências. Desde a antiguidade, o céu vem sendo usado como mapa, calendário e relógio. Os registros astronômicos mais antigos datam de aproxi- madamente 3.000 a.C. e se devem aos chineses, babilônios, assírios e egípcios. Naquela época, os astros eram estudados com objetivos práticos, como medir a passagem do tempo (fazer calendários) para prever a melhor época para o plantio e a colheita, ou com objetivos mais relacionados à astrologia, como fazer previsões do futuro, já que, não tendo qualquer conhecimento das leis da natu- reza (física), acreditavam que os deuses do céu tinham o poder da colheita, da chuva e mesmo da vida. Vários séculos antes de Cristo, os chineses sabiam a duração do ano e usavam um calendário de 365 dias. Deixaram registros de anotações precisas de come- tas, meteoros e meteoritos desde 700 a.C. Mais tarde, também observaram as estrelas que agora chamamos de novas. Os babilônios, assírios e egípcios também sabiam a duração do ano desde épocas pré-cristãs. Em outras partes do mundo, evidências de conhecimentos astronômi- cos muito antigos foram deixadas na forma de monumentos, como o de Newgran- ge, construído em 3.200 a.C. (no solstício de inverno, o sol ilumina o corredor e a câmara central) e Stonehenge, na Inglaterra, que data de 3.000 a 1.500 a.C. O ápice da ciência antiga se deu na Grécia, de 600 a.C. a 400 d.C., a níveis só ultra- passados no século 16. Do esforço dos gregos em conhecer a natureza do cosmos, e com o conhecimento herdado dos povos mais antigos, surgiram os primeiros con- ceitos de Esfera Celeste, uma esfera de material cristalino, incrustada de estrelas, tendo a Terra no centro. Desconhecedores da rotação da Terra, os gregos imagina- ram que a esfera celeste girava em torno de um eixo passando pela Terra. Observa- ram que todas as estrelas giram em torno de um ponto fixo no céu e consideraram esse ponto como uma das extremidades do eixo de rotação da esfera celeste. Claretiano - Centro Universitário 23© U1 - Introdução ao Estudo da Terra Há milhares de anos, os astrônomos sabem que o Sol muda sua posição no céu ao longo do ano, se movendo aproximadamente um grau para leste por dia. O tempo para o Sol completar uma volta na esfera celeste define um ano. O ca- minho aparente do Sol no céu durante o ano define a eclíptica (assim chamada porque os eclipses ocorrem somente quando a Lua está próxima da eclíptica). Como a Lua e os planetas percorrem o céu em uma região de 18 graus centrada na eclíptica, essa região é definida como o Zodíaco, dividida em 12 constela- ções, várias com formas de animais (atualmente, as constelações do Zodíaco são: Áries, Touro, Gêmeos, Cancer, Leão, Virgem, Escorpião, Ofiúco, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes). As constelações são grupos aparentes de estrelas. Os antigos gregos, e os chi- neses e egípcios antes deles, já tinham dividido o céu em constelações. Os astrônomos da Grécia antiga Tales de Mileto (624-546 a.C.): introduziu na Grécia os fundamentos da Geome- tria e da Astronomia, trazidos do Egito. Pensava que a Terra era um disco plano em uma vasta extensão de água. Pitágoras de Samos (572-497 a.C.): acreditava na esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Achava que os planetas, o Sol, e a Lua eram transportados por esferas separadas da que carregava as estrelas. Foi o primeiro a chamar o céu de cosmos. Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.): explicou que as fases da Lua dependem de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a Terra. Explicou, também, os eclipses: um eclipse do Sol ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse da Lua ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra. Aristóteles argumentou a favor da esfericidade da Terra, já que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar é sempre arredondada. Afirmava que o Universo é esférico e finito. Aperfeiçoou a teoria das esferas concêntricas de Eudoxus de Cnidus (408-355 a.C.), propondo em seu livro De Cælo, que "o Uni- verso é finito e esférico, ou não terá centro e não pode se mover.". Heraclides de Pontus (388-315 a.C.): propôs que a Terra gira diariamente sobre seu próprio eixo, que Vênus e Mercúrio orbitam o Sol, e a existência de epiciclos. Aristarco de Samos (310-230 a.C.): foi o primeiro a propor que a Terra se movia em volta do Sol, antecipando Copérnico em quase 2.000 anos. Entre outras coi- sas, desenvolveu um método para determinar as distâncias relativas do Sol e da Lua a Terra e mediu os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua. Eratóstenes de Cirênia (276-194 a.C.): bibliotecário e diretor da Biblioteca Ale- xandrina de 240 a.C. a 194 a.C., foi o primeiro a medir o diâmetro da Terra. Ele notou que, na cidade egípcia de Siena (atualmente chamada de Aswân), no primeiro dia do verão, ao meio-dia, a luz solar atingia o fundo de um grande poço, ou seja, o Sol estava incidindo perpendicularmente a Terra em Siena. Já em Alexandria, situada ao norte de Siena, isso não ocorria; medindo o tamanho da sombra de um bastão na vertical, Eratóstenes observou que em Alexandria, no mesmo dia e hora, o Sol estava aproximadamente sete graus mais ao sul. A distância entre Alexandria e Siena era conhecida como de 5.000 estádios. Um estádio era uma unidade de distância usada na Grécia antiga. Um camelo atra- vessa 100 estádios em um dia, e viaja a cerca de 16 km/dia. Como sete graus corresponde a 1/50 de um círculo (360 graus), Alexandria deveria estar a 1/50 da circunferência da Terra ao norte de Siena e a circunferência da Terra deveria ser © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra2424 50×5.000 estádios. Infelizmente, não é possível se ter certeza do valor do estádio usado por Eratóstenes, já que os gregos usavam diferentes tipos de estádios. Se ele utilizou um estádio equivalente a 1/6 km, o valor está a 1% do valor correto de 40.000 km. O diâmetro da Terra é obtido dividindo-se a circunferência por π. Hiparco de Nicéia (c.190-c.120 a.C.): considerado o maior astrônomo da era pré-cristã, construiu um observatório na ilha de Rodes, onde fez observações durante o período de 147 a 127 a.C. Como resultado, ele compilou umcatálogo com a posição no céu e a magnitude de 850 estrelas. A magnitude, que especifi- cava o brilho da estrela, era dividida em seis categorias, de um a seis, sendo um a mais brilhante, e seis a mais fraca visível a olho nu. Hiparco deduziu correta- mente a direção dos pólos celestes, e até mesmo a precessão, que é a variação da direção do eixo de rotação da Terra devido à influência gravitacional da Lua e do Sol, que leva 26.000 anos para completar um ciclo. Para deduzir a preces- são, ele comparou as posições de várias estrelas com aquelas catalogadas por Timocharis de Alexandria e Aristyllus de Alexandria 150 anos antes (cerca de 283 a.C. a 260 a.C.). Estes eram membros da Escola Alexandrina do século III a.C. e foram os primeiros a medir as distâncias das estrelas de pontos fixos no céu (coordenadas eclípticas). Foram, também, os primeiros a trabalhar na Biblioteca de Alexandria, que se chamava Museu, fundada pelo rei do Egito, Ptolémée Sô- ter Ier, em 305 a.C. Hiparco também deduziu o valor correto de 8/3 para a razão entre o tamanho da sombra da Terra e o tamanho da Lua e também que a Lua estava a 59 vezes o raio da Terra de distância; o valor correto é 60. Ele determi- nou a duração do ano com uma margem de erro de 6 minutos. Ptolomeu (Claudius Ptolemaeus – 85 d.C.-165 d.C.): foi o último astrônomo importante da antiguidade. Não se sabe se ele era egípcio ou romano. Ele com- pilou uma série de 13 volumes sobre astronomia, conhecida como o Almagesto, que é a maior fonte de conhecimento sobre a astronomia na Grécia. Adaptado do site disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/antiga/antiga.htm>. Aces- so em: 15 dez. 2011. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Para compreendermos os aspectos da Astronomia que são importantes para o ensino de Ciências e Biologia, vamos conhecer como podemos responder aos nossos alunos a seguinte pergunta: como o Universo surgiu? 6. ORIGEM DO UNIVERSO Como já disse Caetano Veloso: "[...] No início não havia nada, nem gente nem parafuso, o céu era então confuso, e não havia nada [...]". Mas não existia nada mesmo? Não existia o céu, o ar, a água, o fogo, a terra, nada? Claretiano - Centro Universitário 25© U1 - Introdução ao Estudo da Terra Não é bem assim. Vamos conhecer as explicações sobre a origem do Universo. A palavra "Universo" ou o "conjunto de objetos celestes", como era inicialmente chamado, teve sua origem no latim com a expressão unus verterem, que significa "aquilo que gira como uma coisa só". Essa denominação retrata o pensamento medieval equivocado de que a Terra era o centro de tudo, e mesmo com a queda de tal concepção e, em virtude das valiosas contribuições de cientistas como Copérnico, Kepler e Newton, o uso da palavra persistiu (CHERMAN, 2005). Você sabe o que é Big Bang? Esse é o nome pela qual fi- cou conhecida a teoria que explica a origem do Universo. Foi essa grande explosão que tornou possível nossa existência. De repente, surgiu a Terra, se é que, por "de repente", podemos entender a permanência de um período de bilhões de anos, quando surgiram as quatro forças fundamentais da natureza, que incluem a força eletromagnética, a força nuclear forte, a força nuclear fraca e a força gravitacional. Antes disso, toda a matéria que estava reunida sob condições de temperatura e densidade virtualmente elevadas explodiu em um evento único denominado Grande Explosão ou Explosão Primordial que, posteriormente, tornou-se conhecido pela expressão Big Bang (TEIXEIRA et al., 2003). A ideia de que toda a matéria do Universo estava confina- da em um grande bloco foi proposta por Georges-Henri Édouard Lemaître, que desenvolveu um modelo conhecido por "teoria cos- mogônica". O grande bloco que confinava a matéria foi chamado por ele de "ovo primordial". Como a matéria ficou confinada? Leia o trecho a seguir: [...] Novas teorias consideram o início da expansão como a ori- gem desta fase do universo. Ou seja, antes do Big Bang já havia um Universo, que podia ou não ser parecido com o que hoje re- conhecemos como tal. Antes do Big Bang, por exemplo, pode ter havido um período de contração universal. Todos os componentes do Universo se reunindo em um espaço muito pequeno para, logo em seguida, se repelirem mutuamente dando origem à expansão (CHERMAN, 2005). © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra2626 O fundamento do Big Bang refere-se à expansão da matéria desde o instante da explosão até o presente, ou seja, o Universo continua a expandir-se. Foi assim, pela contínua expansão do Uni- verso, que estrelas, planetas e outros corpos celestiais se forma- ram e ainda se formam continuamente. Aprendemos que o nosso planeta surgiu há cerca de 15 bi- lhões de anos, mas qual a idade do Universo? Ao estabelecermos a linha cronológica com a sucessão dos principais episódios do Big Bang, podemos entender um pouco melhor essas e outras ques- tões! Observe, na figura a seguir, os principais eventos após a gran- de explosão: Figura 1 Escala de tempo e principais eventos após a grande explosão. O Universo surge no tempo zero, ou seja, imediatamente após a explosão. O primeiro evento gerado pelo Big Bang é o apa- recimento das grandezas: espaço, tempo e energia. Nos primeiros três segundos após a redução da temperatura, que era extrema- mente elevada e impedia a estabilização da matéria, toda radiação foi liberada em todas as direções e com temperaturas iguais. Uma das maiores evidências que sustentam a liberação da radiação nes- se modelo é a existência da radiação cósmica de fundo, observada por Arno Penzias e Robert Wilson em 1965. A radiação cósmica de fundo constitui uma das provas remanescentes da radiação origi- nal, isto é, do exato instante da explosão, e pode ser captada no espectro de radiação das microondas (DIAS, 2003). Após os três primeiros minutos, a temperatura decai de 100 para cerca de 1 bilhão de graus Célsius e o Universo entra em um Claretiano - Centro Universitário 27© U1 - Introdução ao Estudo da Terra período de evolução. A estabilização da matéria permitiu que, por meio da nucleogênese, se formassem os átomos de hidrogênio (H) e de hélio (He), que são os principais elementos da matéria que compõem o Universo. A partir daí, de 300 mil a 1 bilhão de anos após a explosão, surgem as primeiras estrelas e, com 800.000 anos, o Universo se torna, gradualmente, transparente, permitin- do a passagem da luz. De 1 a 5 bilhões de anos, aparecem as pri- meiras galáxias, culminando no nascimento do Sol e, depois, aos 13 bilhões de anos, surge a Terra e nosso sistema planetário (TEI- XEIRA et al., 2003). Para seguirmos adiante com nossos estudos sobre a origem do nosso planeta e, claro, sobre a nossa própria origem, precisa- mos conhecer outros conceitos e componentes do Universo. Os componentes do Universo As estrelas sempre foram para nós fonte de inspiração poéti- ca, fascínio, únicas guias pelas quais muitos viajantes se orientaram em uma época em que ainda não havia bússolas, nem, é claro, GPS. Mas o que é uma estrela? As estrelas são componentes essenciais do Universo, mas foi apenas no século 20 que os cientistas puderam responder a essa pergunta e conhecer a composição e a estrutura desses obje- tos celestes. As estrelas são corpos brilhantes, esféricos e gasosos constituídos, principalmente, por hidrogênio e hélio com tempe- ratura extremamente elevadas. As reações nucleares produzem a energia que mantém a estrela brilhando por milhões de anos e que nos permite estudá-las, ou seja, conhecemos as estrelas pelo brilho que produzem e, assim, podemos classificá-las e compreen- der seu ciclo evolutivo, assunto este que vamos tratar mais adiante (JANONI, 2008). As constelações formam-se quando as estrelas aparente- mente se agrupam, mas apenas sob o ponto de vista de quem as © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra2828 observa da Terra, isto é, as estrelas que formam uma constelação não estão próximas ounecessariamente ligadas entre si. O concei- to de constelação é uma concepção criada pelo homem que nos permitiu dividir o céu em regiões menores para serem observadas e estudadas (DIAS, 2003). Mas, se as estrelas estão distantes, o espaço entre elas é vazio? Não. Chamamos esse espaço de meio interestelar, que é constituído por grandes quantidades de gás e que contém, essen- cialmente, hidrogênio e poeira cósmica composta por grãos de grafite e silicatos. O conjunto formado pelas estrelas e pelos ele- mentos do meio interestelar é chamado de galáxia, que pode ter a forma elíptica ou espiral (MARAN, 2010). Note a grande quantida- de de poeira que pode ser vista nas galáxias da imagem a seguir: Figura 2 Morfologia das galáxias: (A) Via Láctea, uma galáxia espiral e em (B) uma galáxia elíptica. a) Galáxias elípticas: as galáxias de forma elipsoidal são ca- racterizadas por possuírem pouca ou nenhuma matéria interestelar e, predominantemente, estrelas velhas (po- pulação II). b) Galáxias espirais: são galáxias com uma área densa cen- tral da qual partem braços que espiralam em torno dela. Configuram-se como um grande disco plano com muita matéria interestelar e estrelas jovens (população I) e ve- lhas (população II) no disco. A Via Láctea e a galáxia M 31, mais conhecida como galáxia Andrômeda, são dois exemplos de galáxias espirais bem conhecidas. Claretiano - Centro Universitário 29© U1 - Introdução ao Estudo da Terra Quando as galáxias se agrupam, formam grandes conjuntos denominados Aglomerados. Esses conjuntos são agrupados con- forme a proximidade das galáxias. Assim, por exemplo, a Galáxia de Andrômeda, a Via Láctea e a Nuvem de Magalhães formam um aglomerado chamado Grupo Local. Quando um número grande de galáxias se agrupa, chamamos esse conjunto de Superaglomerado, sendo este o maior nível hierárquico astronômico (DIAS, 2003). Estrelas Como nós, as estrelas nascem, amadurecem e morrem, mas acompanhar sua evolução é um processo difícil e que depende de ferramentas avançadas para sua observação. Outro aspecto que dificulta acompanhar o ciclo de vida estelar é a escala de tempo que rege a vida de uma estrela, que, em média, requer cerca de 10 milhões de anos em todo processo de sua evolução. Dessa forma, para conhecer todo o processo evolutivo das estrelas, os astrô- nomos observam estrelas diferentes em diferentes fases de sua evolução. O avanço das tecnologias de observação possibilitou aos astrônomos concluir que as estrelas nascem a partir de imensas nuvens, formadas por gases e poeira estelar, chamadas de nebu- losas. As nebulosas apresentam regiões menores com densidades elevadas e que se contraem fragmentando a grande nebulosa em aglomerados ou regiões menores e altamente turbulentas. Para compensar a perda de calor em sua superfície e, assim, equilibrar a tendência à autocontração, as nebulosas precisam atingir tem- peraturas ainda mais elevadas em seu centro e isso acontece por meio de reações termonucleares que consomem o hidrogênio. A elevação da temperatura e da densidade pela massa acumulada na região central faz com que mais massa seja atraída para o centro que se contrai e colapsa rapidamente, restando um núcleo denso e quente cercado por poeira e gás que os astrônomos denominam protoestrela (TEIXEIRA et al., 2003). © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra3030 Podemos observar, na Figura 3, o Aglomerado do Trapézio na nebulosa de Orion. Figura 3 Aglomerado do Trapézio. Imagem obtida pelo o Very Large Telescope (VLT) do European Southern Observatory (ESO) da região central da nebulosa de Orion. O material estelar continua se acumulando na região central e, após milhões de anos, a temperatura torna-se extremamente elevada, iniciando as reações de fusão dos átomos de hidrogênio produzindo átomos de hélio. A energia liberada pelas reações de fusão permite que o núcleo se torne visível e, assim, nasce uma estrela! Quando as reservas centrais de hidrogênio terminam, a formação dos átomos de He, pela fusão sucessiva de átomos de hidrogênio, intensifica-se nas regiões mais periféricas da estrela elevando a temperatura e ocasionando intensa expansão na estre- la. Por sua vez, ao expandir-se, a estrela torna-se muito grande e sua temperatura diminui, tornando-a avermelhada. Nessa fase, a estrela é chamada de gigante vermelha (Figura 4) (MARAN, 2010). Figura 4 Estrela Betelgeuse, uma gigante vermelha na constelação de Órion. É importante ressaltar que a cor de uma estrela varia em função de sua temperatura, ou seja, quanto mais quente for a es- trela, mais azulada será sua cor e quanto mais fria, mais averme- lhada ela será. Claretiano - Centro Universitário 31© U1 - Introdução ao Estudo da Terra Depois de expandir-se e se tornar uma gigante vermelha, sua região central passa a se contrair mais rapidamente que as re- giões periféricas, resultando na formação de uma pequena estrela central envolta por poeira gasosa chamada nebulosa planetária. A nebulosa planetária continua a se contrair, mas como sua massa já não é suficiente para as reações de fusão do hidrogênio para a pro- dução de hélio em seu centro, elas passam a ocorrer lentamente nas regiões mais superficiais, elevando a temperatura e tornando- -se azulada até ficar esbranquiçada, quando será uma anã branca (Figura 5) (MARAN, 2010). Figura 5 A constelação da Popa, cuja estrela central evoluiu para anã branca. Essa anã branca é uma das estrelas mais quentes que se conhece, com uma temperatura superficial próxima aos 200 000 °C. As estrelas queimam continuamente seu estoque de hidro- gênio, consumindo todas as reservas quando passam a utilizar outros componentes até restarem apenas núcleos ricos em ferro. Quando esgota todo o combustível nuclear, a anã branca sofre uma intensa contração, lançando suas camadas externas para o espaço e explodindo tão violentamente que o brilho da explosão pode ultrapassar uma galáxia. É a fase final da vida de uma estrela, chamada supernova (Figura 6). Figura 6 Remanescente de uma supernova que restaram da estrela N 63A, que explodiu, expelindo as suas camadas gasosas para fora em uma região já turbulenta. Imagem capturada pelo Telescópio Espacial Hubble. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra3232 A estrela cuja massa é insuficiente para elevar a temperatura não é capaz de promover reações termonucleares e transforma- -se em um aglomerado de matéria denso e frio, chamado de anã marrom (TEIXEIRA et. al. 2003). Além das estrelas, existem muitos outros corpos ou objetos celestiais que compõem o Universo. Por ora, é importante conhecer o sistema ao qual pertence nosso planeta, ou seja, o sistema solar. Vamos conhecê-lo melhor? 7. SISTEMA SOLAR Há cerca de 4,6 bilhões de anos, o Sol, nossa maior estrela, queima seus átomos de hidrogênio, transformando-os em átomos de hélio e, provavelmente, deve permanecer assim por mais alguns bilhões de anos até morrer. Outros corpos celestiais, tais como os planetas, satélites naturais, cometas, asteróides, poeira estelar e gás, formaram-se ao mesmo tempo em que o Sol, conferindo ao sistema solar uma organização harmônica em relação às massas e às órbitas planetárias e de seus satélites (TEIXEIRA, 2000). Os corpos celestiais são os componentes do sistema solar, um dos muitos sistemas que formam o Universo. Aprendemos que a Terra e os outros planetas gravitam ao redor do sol e formam o sistema solar, contudo, a concepção de que os planetas giram ao redor de uma estrela nem sempre foi aceita. A concepção medieval sobre a Terra considerava nosso pla- neta um corpo estático, maciço e com dimensões limitadas de espaço e de tempo que foi criada como um reino puro, etéreo e paradisíaco. Nesse reino, que incluía a lua, os planetas, todas as estrelas e corpos celestes, a Terra era o centro de todo o Universo e, ao seu redor, esses satélites, estrelas e corpos celestiais orbita- vam uma vez ao dia. Essa concepçãoou modelo ficou conhecido como Geocentrismo e foi proposto por Cláudio Ptolomeu no sé- Claretiano - Centro Universitário 33© U1 - Introdução ao Estudo da Terra culo 2º. Esse pensamento foi extinto lentamente até meados do século 17, cedendo lugar à ideia de uma Terra dinâmica quando, diferentemente de Ptolomeu, o astrônomo e matemático Nicolau Copérnico postulou que os planetas gravitam ao redor do Sol em órbitas circulares, e não o contrário. O modelo criado por Copérnico foi, posteriormente, apri- morado por Kepler e Galileo Galilei (que, com o recém-inventado telescópio, revolucionou a Astronomia), que aperfeiçoaram os fundamentos do modelo do sistema solar heliocêntrico ou Helio- centrismo, no qual a Terra, os planetas, as estrelas e os corpos ce- lestiais orbitam ao redor do Sol. Movimento dos Planetas –––––––––––––––––––––––––––––– Os planetas estão muito mais próximos de nós do que as estrelas, de forma que eles parecem se mover, ao longo do ano, entre as estrelas de fundo. Esse movi- mento se faz, geralmente, de oeste para leste (não confundir com o movimento diurno, que é sempre de leste para oeste!), mas, em certas épocas, o movimento muda, passando a ser de leste para oeste. Esse movimento retrógrado pode durar vários meses (dependendo do planeta), até que fica mais lento e o planeta reverte novamente sua direção, retomando o movimento normal. O movimento observado de cada planeta é uma combinação do movimento do planeta em torno do Sol com o movimento da Terra em torno do Sol, e é simples de explicar quando sabemos que a Terra está em movimento, mas fica muito difícil de des- crever num sistema em que a Terra esteja parada. O modelo Geocêntrico Apesar da dificuldade de compreender e explicar o movimento observado dos planetas do ponto de vista geocêntrico (a Terra no centro do Universo), o geocen- trismo foi uma ideia dominante na Astronomia durante toda a Antiguidade e Idade Média. O sistema geocêntrico também é conhecido como sistema ptolomaico, pois foi Cláudio Ptolomeu, o último dos grandes astrônomos gregos (150 d.C.), quem construiu o modelo geocêntrico mais completo e eficiente. Ptolomeu expli- cou o movimento dos planetas através de uma combinação de círculos: o planeta se move ao longo de um pequeno círculo chamado epiciclo, cujo centro se move em um círculo maior chamado deferente. A Terra fica numa posição um pouco afastada do centro do deferente (portanto o deferente é um círculo excêntrico em relação a Terra). Para dar conta do movimento não uniforme dos planetas, Ptolo- meu introduziu, ainda, o equante, que é um ponto ao lado do centro do deferente oposto à posição da Terra, em relação ao qual o centro do epiciclo se move a uma taxa uniforme. O objetivo de Ptolomeu era produzir um modelo que permitisse prever a posi- ção dos planetas de forma correta, e nesse ponto ele foi razoavelmente bem sucedido. Por essa razão, esse modelo continuou sendo usado sem mudança substancial por 1300 anos. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra3434 O Modelo Heliocêntrico Em 1492, termina a ocupação árabe (mouros) da península ibérica, que se ini- ciou em 711, e começa a Renascença. Inicia-se a tradução dos textos árabes e gregos, trazendo para a Europa os conhecimentos clássicos de Astronomia, Matemática, Biologia e Medicina. Nicolau Copérnico representou o Renascimento na Astronomia. Copérnico (1473-1543) foi um astrônomo polonês com grande inclinação para a matemá- tica. Estudando na Itália, ele leu sobre a hipótese heliocêntrica proposta (e não aceita) por Aristarco (300 a.C.), e achou que o Sol no centro do Universo era muito mais razoável do que a Terra. Copérnico registrou suas idéias num livro - De Revolutionibus - publicado no ano de sua morte. Os conceitos mais importantes colocados por Copérnico foram: • Introduziu o conceito de que a Terra é apenas um dos seis planetas (então conhecidos) girando em torno do Sol. • Colocou os planetas em ordem de distância do Sol: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno (Urano, Netuno e o planeta anão Plutão). • Determinou as distâncias dos planetas do Sol em termos da distância Terra-Sol. • Deduziu que quanto mais perto do Sol está o planeta, maior é sua velocida- de orbital. Dessa forma, o movimento retrógrado dos planetas foi facilmen- te explicado sem necessidade de epiciclos. Copérnico manteve a idéia de que as órbitas dos planetas eram circulares, e embora o movimento dos planetas ficasse simples de entender no seu sistema, as posições previstas para os planetas não eram em nada melhores do que as posições previstas no sistema de Ptolomeu. Adaptado site disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/p1/p1.htm>. Acesso em: 15 dez. 2011. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Mas como os componentes do sistema solar se mantêm organizados? E, uma vez que os planetas giram ao redor do Sol, como não se chocam? Para responder a essas questões, precisamos conhecer os conceitos de massa e órbita. A massa de um corpo ou objeto corresponde à quantidade de matéria que o constitui e, sendo assim, todos os corpos celes- tiais possuem uma massa. O peso de um corpo é usualmente as- sociado à massa, porém o peso deve ser compreendido como o resultado da interação entre a massa e a força da gravidade. Vamos ao próximo conceito! Claretiano - Centro Universitário 35© U1 - Introdução ao Estudo da Terra A trajetória ou o percurso que o corpo realiza ao redor de outro é chamado de órbita e o plano no qual se descreve a órbita de um corpo é chamado plano orbital (Figura 7a). A Terra percorre uma órbita elíptica quase circular ao redor do sol (Figura 7b). Figura 7 (A) Ilustração artística do plano orbital da Terra e (B) ilustração artística da órbita da Terra. Essa ilustração não representa os tamanhos da órbita terrestre ou da Terra e do Sol. Então, voltando às questões anteriores, como os planetas se mantêm posicionados em suas órbitas e não se chocam ao percor- rê-las? Essa organização é mantida pela ação de uma força funda- mental chamada de gravitação universal ou força de atração gra- vitacional que atua sobre todos os corpos e mantém unido todo o Universo. A força de atração gravitacional, cuja teoria foi formu- lada pelo físico inglês Isaac Newton, resulta da atração recíproca entre as massas que constituem todos os corpos e, dessa forma, a atração gravitacional entre os componentes do sistema solar é a força responsável por sua organização. Conhecemos alguns aspectos fundamentais sobre a organi- zação do sistema solar. Vamos, agora, conhecer quem são os com- ponentes que fazem parte desse sistema? O homem sempre observou o céu, reconhecendo nele dois componentes essenciais: o Sol e a Lua. Entretanto, durante, as noi- © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra3636 tes, o homem, além da Lua, tem como companhia outros corpos celestiais. Como não eram conhecidos, esses corpos ou objetos observados no céu foram considerados por muitas culturas como seres divinos ou mesmo mensageiros celestiais enviados pelos deuses, mas o conhecimento científico ampliou nosso conheci- mento e nossa percepção sobre os objetos observados no céu. Originalmente, o termo planeta, do grego "errante", foi usa- do para descrever os objetos ou corpos celestiais que eram conhe- cidos como "pontos luminosos que se moviam no céu". Segundo a União Astronômica Internacional (2011), um planeta é um corpo celestial com forma esférica e massa suficiente que o permita gra- vitar ao redor de uma estrela e que tenha a região vizinha à sua órbita livre. Os planetas também se movimentam e não são corpos luminosos, ou seja, não possuem luz própria. Todos os planetas possuem nomes associados aos deuses mi- tológicos e estão posicionados a partir do sol da seguinte maneira: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno. Podemos classificá-los em dois tipos básicos: 1) Planetas internos ou terrestres, também chamados de telúricos:são os planetas que estão mais próximos ao sol, como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. 1) Planetas externos ou jovianos: são os planetas que estão mais distantes do sol, como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno (TEIXEIRA et al., 2003). Observe a Figura 8: Claretiano - Centro Universitário 37© U1 - Introdução ao Estudo da Terra Figura 8 Ilustração artística dos planetas do sistema solar. Da esquerda para a direita: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Esta ilustração não utiliza e não representa tamanhos relativos. Existem planetas chamados de "planetas anãos", que, por definição, também são corpos esféricos, têm massa suficiente para gravitar ao redor de uma estrela, mas não possuem livre a região vizinha à sua órbita. A União Astronômica Internacional, em 24 de Agosto de 2006, elaborou novas regras para a definição e a clas- sificação de planetas e outros astros. Assim, segundo a definição aprovada em 2006, Plutão não é mais definido como planeta, sen- do, desde então, definido como um Planeta Anão e denominado Plutão-Caronte. 8. OS MOVIMENTOS DA TERRA Há muito tempo, o homem aprendeu que a sucessão dos dias e das noites, as estações do ano e as fases lunares são ciclos naturais que se repetem com muita regularidade e concluiu que poderia utilizar a regularidade de repetição desses fenômenos para medir o tempo (estabelecendo a duração dos anos, dos me- ses e das semanas) e utilizar as condições climáticas para prever a época de estiagem, das chuvas, do plantio, da colheita etc. Mas como esses ciclos se repetem regularmente? Para compreender essas regularidades ou ciclos naturais, precisamos conhecer algumas propriedades e interações do nosso planeta e de seu satélite, a Lua. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra3838 A Terra, assim como outros planetas, possui muitos movi- mentos próprios que, aliados a outros fatores, determinam fenô- menos e regularidades naturais. Vamos, a seguir, conhecer dois movimentos realizados por nosso planeta – o movimento de rotação e o movimento de trans- lação – e ver como atuam em algumas das regularidades ou ciclos naturais da Terra. O dia e a noite A sucessão de dias e noites é uma regularidade determinada pela rotação da Terra. O movimento de rotação ocorre quando a Terra gira ao redor de si mesma, de oeste para leste, em torno de um eixo imaginário chamado "eixo da Terra". O eixo de rotação da Terra possui uma orientação espacial fixa na qual o lado do hemis- fério norte "aponta" para a Estrela Polar e o lado do hemisfério sul para a Estrela Sigma (Figura 9). Figura 9 Ilustração artística do Eixo de rotação da Terra, com os pólos Norte e Sul. O equador está situado na região central, dividindo o planeta em dois hemisférios: a metade de cima corresponde ao hemisfério Norte e a metade de baixo ao hemisfério Sul. O eixo de rotação da Terra está inclinado. Quando o plano orbital possui uma órbita desse tipo é chamado de Plano da Eclíp- tica. A velocidade de rotação da Terra é constante e a cada 24 ho- ras completa uma volta inteira ao redor de si mesma. Por isso é dia Claretiano - Centro Universitário 39© U1 - Introdução ao Estudo da Terra na parte do planeta que está virada para o sol enquanto no lado oposto e não iluminado é noite (Figura 10). Figura 10 ilustração artística da órbita da Terra em relação ao Sol. Esta ilustração não representa os tamanhos da órbita terrestre ou da Terra e do Sol Estações do Ano As estações do ano são períodos que, regularmente, se repe- tem ao longo do ano e são caracterizadas por alterações de tempera- tura, volume de chuvas e outras condições climáticas das quais mui- tos ciclos vitais, como a germinação de sementes, formação de flores e frutos, migração, reprodução e outros biológicos, dependem. É muito comum o pensamento de que as estações do ano são causadas pela proximidade e pelo afastamento da Terra em relação ao Sol. Entretanto, se isso fosse verdade, as condições cli- máticas seriam as mesmas em todo o mundo, e sabemos que não é isso o que ocorre. De fato, as estações do ano são causadas pela variação de calor que chega a Terra, mas essa variação não ocorre pela distância que a Terra está do Sol. O responsável pelo aparecimento das estações que ocorrem ao longo do ano é o "eixo de rotação da Terra", mais especificamen- te por ele se manter, há milhões de anos, paralelo a uma direção fixa no espaço e por sua inclinação em relação ao plano de órbita da Terra. Dessa forma, durante um ano, ao percorrer sua órbita, a Terra ocupa diferentes posições em relação ao sol, o que, conse- quentemente, implica variação da quantidade de energia térmica e luminosa que chega aos diferentes hemisférios do globo (Figura 11). © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra4040 Figura 11 Ilustração esquemática: as estações do ano Fases lunares Convivemos e utilizamos, de variadas formas, as influências dos períodos de Lua cheia, quarto minguante, quarto crescente e Lua nova, que são chamadas de fases da Lua ou fases lunares. Na verdade, as denominações que damos a essas fases se devem ao fato de que, ao longo do mês, temos a impressão de que a Lua muda de tamanho e nos parece ora maior e ora menor. Por que isso acontece? Para compreendermos melhor as mudanças no aspecto da lua durante o mês, precisamos conhecer algumas de suas caracte- rísticas, e, no caso, as que estão diretamente relacionadas a Terra e ao Sol. A Lua é o satélite natural do nosso planeta e está distante dele cerca de 385 milhões de quilômetros. Como nosso satélite, a Lua gravita ao redor da Terra percorrendo sua órbita pelo mo- vimento de translação em um período de, aproximadamente, 27 dias e oito horas. Como não tem luz própria, as mudanças que caracterizam as fases da Lua correspondem às mudanças em sua aparência de- correntes das condições de iluminação solar em sua superfície. Em outras palavras, em qualquer posição de sua órbita, a Lua terá so- mente um lado iluminado pelo Sol e, portanto, ao observá-la daqui da Terra, veremos uma Lua que ora corresponde à superfície ou ao Claretiano - Centro Universitário 41© U1 - Introdução ao Estudo da Terra lado iluminado e ora ao lado sem iluminação. Dessa forma, devido ao movimento de translação, a fase chamada de Lua nova muda sua aparência ao ser, gradualmente, iluminada pelo Sol até a fase de Lua cheia (Figura 12). Figura 12 Representação das fases lunares. Em (A), o aspecto do disco lunar com as faces iluminadas e não iluminadas e em (B) disco lunar iluminado visível. Vale ressaltar, ainda, que a Lua não possui apenas quatro fa- ses, mas muda seu aspecto constantemente e a variação gradativa das fases é nítida quando a observamos pelo telescópio. Até o momento, estudamos alguns conceitos sobre a origem, a organização e a composição do Universo, do Sistema Solar e da Terra. Iniciamos, agora, como não poderia deixar de ser, o estudo da estrutura e dinâmica do nosso planeta. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra4242 9. ESTRUTURA DA TERRA A Terra é o terceiro planeta do Sistema Solar. Trata-se de um planeta interno que apresenta constituição rochosa e metá- lica e possui forma esférica com os pólos levemente achatados em relação à região central denominada equador ou região equa- torial. A massa da Terra é de, aproximadamente, 6,0 x 1024Kg e sua densidade é de 5,515g/cm³. Seu raio na região equatorial é de 6.378,14km. Internamente, sabemos que o material que compõe a Terra está submetido a condições extremamente elevadas de temperatura e pressão (TEIXEIRA et al., 2003). Então, como o homem identificou a estrutura interna do planeta? As melhores informações são obtidas pelo estudo e pela análise dos sismogramas, técnica que consiste em analisar a pro- pagação de energia através da estrutura terrestre. Vamos entender melhor? A energia produzida por um terremoto, por exemplo, viaja através da estrutura da Terra sob a formade ondas que são cha- madas de ondas sísmicas e que podem ser detectadas por apare- lhos chamados sismógrafos. Com base no estudo e na análise da variação de velocidade de propagação dessas ondas através das rochas da crosta terrestre e do manto é possível identificar e com- preender a estrutura e a composição interna do planeta (TEIXEIRA et al., 2003). A estrutura interna da Terra pode ser descrita como um con- junto de capas ou camadas concêntricas que se diferenciam em suas características químicas e mecânicas. Dessa forma, podemos compreender a estrutura da Terra a partir de duas análises: 1) Estrutura estática: conforme as diferenças na composi- ção química e densidade das camadas que a compõem. 2) Estrutura dinâmica: conforme as diferenças de rigidez das camadas que a compõem. Vamos conhecê-las mais detalhadamente a seguir. Claretiano - Centro Universitário 43© U1 - Introdução ao Estudo da Terra Estrutura estática da Terra A estrutura estática considera as diferenças da composição e densidade existentes nas camadas internas da Terra. De acordo com esse critério, as camadas que compõem nosso planeta são: núcleo (interno e externo), manto (inferior e superior) e crosta. Observe, na Figura 13, a disposição das camadas que formam a estrutura estática da Terra. Figura 13 Ilustração artística da estrutura interna estática da Terra baseada na composição do material que compõe as camadas. Vamos conhecê-las melhor? Núcleo O núcleo terrestre, a camada mais interna da Terra, está a cerca de 6.370km de profundidade, formando cerca de um terço da massa terrestre com um raio de, aproximadamente, 3.500km e constituído por um material muito denso. A estrutura do núcleo pode ser subdivida em duas porções: © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra4444 1) Núcleo interno: camada com cerca de 2.500km espessu- ra. Composto, essencialmente, por uma liga metálica de ferro e níquel. 2) Núcleo externo: camada com cerca de 2.200km de es- pessura. Composto provavelmente por oxigênio, magné- sio, silício e enxofre, sendo os dois últimos os elementos mais prováveis (TEIXEIRA et al., 2003). Manto A camada situada logo após a crosta denomina-se manto, o maior componente sólido da estrutura da Terra, composto por materiais silicáticos ricos em ferro e magnésio. É encontrado em profundidades que variam desde 40 até 2.900km com densidades que variam entre 3,5g/cm³ e 5,5g/cm³. A velocidade das ondas sísmicas varia conforme a viscosidade do material, que, por sua vez, é determinada pela variação da pressão interna que compõe o manto, permitindo subdividi-lo em: 1) Manto superior: camada de regiões de densidade dis- tintas e atenuadas pela pressão, chegando a 400km de profundidade. 2) Zona de transição: região caracterizada por diferenças significativas de densidade situada entre 400 e 1.000km de profundidade. 3) Manto inferior: região cuja viscosidade do material va- ria de acordo com a densidade, situa-se entre 1.000 e 2.900km de profundidade (TEIXEIRA et al., 2003). Crosta A camada superficial da Terra é denominada crosta e cons- titui a parte superficial sólida do planeta formada a partir de blocos ou de placas de rochas com espessuras variáveis que se apoiam, em maior ou menor grau, sobre o manto superior em uma região limite caracterizada pelo brusco aumento da veloci- dade sísmica chamada descontinuidade de Mohorovicic (TEIXEI- RA et al., 2003). Claretiano - Centro Universitário 45© U1 - Introdução ao Estudo da Terra De toda a superfície terrestre, aproximadamente 30% da crosta terrestre são terras emersas e os 70% restantes compõem o assoalho oceânico, denominadas: 1) Crosta continental: a porção emersa da crosta com- posta com placas mais densas e sismicamente estáveis. Ocorre em regiões mais antigas, chamadas de cratôni- cas. Sua espessura varia entre 30-40km e conforme sua localização, que, nas cadeias montanhosas, oscila entre 60-80km. Na crosta continental, principalmente em al- gumas das regiões cratônicas, as placas são separadas, pela descontinuidade de Conrad em uma porção supe- rior (crosta superior) composta, principalmente, por ro- chas basálticas e em uma região inferior (crosta inferior) composta por rochas graníticas (TEIXEIRA et al., 2003). 2) Crosta oceânica: é a região da crosta que apoia os ocea- nos e é formada por um conjunto de três camadas ro- chosas sobre o manto definidas cuja composição varia da seguinte forma: uma camada composta por sedimen- tos inconsolidados, uma camada composta por rochas vulcânicas máficas e uma camada composta por rochas plutônicas máficas (TEIXEIRA et al., 2003). Para ilustrar a estrutura da crosta terrestre, observe a figura a seguir: Figura 14 Ilustração artística da crosta continental e oceânica apoiada sobre o manto e a região chamada de descontinuidade de Mohorovicic. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra4646 Conhecemos, até aqui, a estrutura estática ou física da Terra que caracteriza as camadas ou regiões da Terra segundo a com- posição química e a densidade que apresentam. Vamos conhecer, agora, a estrutura dinâmica do nosso planeta. Estrutura dinâmica da Terra Como já foi comentado anteriormente, além da estrutura estática, também podemos estabelecer a estrutura dinâmica da Terra, definida conforme a rigidez do material encontrado em cada região de sua estrutura. Dessa forma, podemos subdividir a Terra em: litosfera, astenosfera, mesosfera e endosfera. Veja-as mais de- talhadamente a seguir. Litosfera A litosfera é a camada superficial sólida e rochosa da crosta que está dividida por em regiões ou placas menores chamadas de Placas tectônicas ou Placas litosféricas, encaixadas entre si como um enorme quebra-cabeça, apoiadas na superfície do manto supe- rior. Assim como a crosta, a espessura da litosfera varia de 200km, sob as regiões continentais, a 100km, sob as bacias oceânicas. Astenosfera Logo abaixo da litosfera situa-se a astenosfera, que atinge cer- ca de 700km de profundidade. Essa camada é caracterizada pela ri- gidez do material que a compõem e que pode ser classificado como um fluido viscoso na maior parte do tempo e como um sólido elás- tico durante curtos períodos. A base dessa camada é considerada o hipocentro dos terremotos mais intensos e profundos. Mesosfera A mesosfera, camada que chega a 2.900km de profundidade, caracteriza-se pela elevação da pressão que decorre do aumento da profundidade e eleva a viscosidade do material componente. Claretiano - Centro Universitário 47© U1 - Introdução ao Estudo da Terra Endosfera A endosfera corresponde ao núcleo situado na região cen- tral da Terra com a porção externa líquida e a interna sólida. Essas regiões foram definidas segundo o tipo de onda sísmica que se propaga em cada região, sendo que, no núcleo externo, se propa- gam somente ondas sísmicas longitudinais, ou do tipo P, enquanto, no núcleo interno, apenas as ondas transversais, ou do tipo S, se propagam. Observe, na Figura 15, a disposição das camadas que for- mam a estrutura dinâmica da Terra. Figura 15 Ilustração artística da estrutura interna dinâmica da Terra baseada na rigidez dos materiais que compõem as camadas. Até aqui, conhecemos as estruturas internas da Terra, mas nosso planeta é formado, também, por camadas externas, das quais dependem todas as formas de vida e do próprio planeta, são elas: 1) Litosfera: solos, rochas e sedimentos que formam o leito dos rios, córregos, lagos e lagoas. 2) Atmosfera: camada de ar que envolve a Terra. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Terra4848 3) Hidrosfera: toda água presente no planeta. 4) Biosfera: conjunto de seres vivos ou a camada viva da Terra. Destas, as que conheceremos a seguir são a Atmosfera e a Hidrosfera. 10. ATMOSFERA O planeta Terra é envolvido por uma camada gasosa chama- da Atmosfera responsável pela manutenção de condições essen- ciais à vida de todos os organismos. Acredita-se que a composição
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