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Livro Patologia

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PATOLOGIA DAS 
ESTRUTURAS
Maurício Thomas
 
Conceitos, definições 
e terminologia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Expressar os principais conceitos de patologia voltada às edificações.
  Identificar e conceituar as terminologias utilizadas no diagnóstico de 
patologias das estruturas.
  Definir os principais conceitos relacionados ao desempenho ao longo 
da vida útil das estruturas.
Introdução
Para a engenharia civil, a área de estudo da patologia relacionada às 
estruturas é de extrema importância, uma vez que nenhuma edificação 
é eterna. A casa ou o edifício em que você mora, as lojas e os supermer-
cados que você frequenta, e, até mesmo, as pontes e os viadutos pelos 
quais você cruza: todas essas edificações se deterioram com o passar do 
tempo. As estruturas precisam ser muito bem projetadas e executadas 
por engenheiros e profissionais especializados e, após a sua construção, 
devem ser preservadas pelos usuários, a fim de evitar ao máximo a neces-
sidade de manutenção. Quanto maior o número de falhas nessas etapas, 
maior a chance de as edificações apresentarem defeitos antes do tempo 
previsto — considerando a vida útil para que foram planejadas — e maior 
a necessidade de gastos com reparos, para que sejam mantidas as suas 
condições de uso e segurança.
Neste capítulo, você vai conhecer e saber diferenciar os principais 
conceitos relacionados à patologia nas construções e vai compreender 
a importância de se projetar e executar corretamente as estruturas, além 
das causas que podem levá-las à deterioração.
U N I D A D E 1 
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 13 25/04/2018 11:43:48
Patologia das estruturas: 
principais conceitos e diagnóstico
Há bastante tempo, o homem se envolve com a construção de estruturas, sejam 
elas casas, edifícios, indústrias, galpões, escritórios, pontes, barragens, as 
quais são adaptadas de acordo com as suas necessidades. O passar do tempo 
permitiu que um grande desenvolvimento tecnológico ocorresse na área da 
construção civil, tanto na concepção estrutural, no cálculo, na análise e no 
detalhamento, como também nos materiais e nas técnicas de construção.
Alguns países tiveram um crescimento bastante acelerado no ramo da 
construção civil e precisaram implementar inovações, as quais vieram acom-
panhadas de maiores riscos. Dessa forma, obras tiveram de ser executadas 
muito rapidamente, reduzindo assim o controle de materiais e de serviços. 
O desenvolvimento tecnológico ocorreu de maneira genuína, uma vez que a 
expansão do conhecimento acerca das estruturas e dos materiais que as com-
põem se deu por meio da investigação das falhas verificadas, como acidentes 
e deterioração precoce em edificações.
Além das falhas, observa-se que muitas estruturas não apresentam um 
comportamento satisfatório diante do propósito para que foram construídas. 
O conjunto de fatores involuntários, que incluem tanto o desgaste natural em 
estruturas, como acidentes e casos de imprudência, ao se utilizarem materiais 
inadequados por questões de economia, promovem a deterioração das estruturas. 
Nesse contexto, percebeu-se a necessidade da realização de estudos científicos 
sobre o comportamento das estruturas e os problemas que eram averiguados 
nelas, surgindo então a área de patologia no âmbito da engenharia civil.
Define-se como patologia das estruturas a área responsável pelo estudo das 
origens, formas de manifestação e consequências, bem como dos mecanismos 
responsáveis pela ocorrência dos defeitos em construções civis. De maneira aná-
loga à patologia na área da medicina, além do estudo e da identificação das causas 
desses defeitos, há outros termos que podem ser empregados em edificações:
  Profilaxia: é o conjunto de precauções que devem ser tomadas para 
evitar uma manifestação patológica e a sua propagação.
  Diagnóstico: é a classificação do problema, ou seja, a identificação 
da causa, da origem e do mecanismo responsável pela manifestação 
patológica.
  Prognóstico: é a previsão de evolução do problema, com base no diag-
nóstico e na terapia, com relação ao progresso da manifestação patológica.
  Terapia: é o tratamento e a correção de uma manifestação patológica.
Conceitos, definições e terminologia14
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 14 25/04/2018 11:43:48
  Anamnese: é a informação sobre o princípio e a evolução de uma 
manifestação patológica, de modo a relembrar todos os fatos que podem 
estar relacionados ao problema.
Os termos patologia e manifestação patológica têm significados diferentes! Pato-
logia é denominada uma área de estudo dentro da engenharia civil e manifestação 
patológica é o sintoma (defeito) que a estrutura apresenta.
De acordo com Helene (1988), o diagnóstico de uma manifestação pato-
lógica deve ser feito de modo a abranger os vários aspectos do problema que 
a estrutura está tendo. Ele é composto pela identificação dos seguintes itens:
  Sintomas: caracterizam a manifestação patológica em si, as lesões 
ou os defeitos, que podem ser caracterizados e classificados mediante 
inspeções visuais. Entre os sintomas mais comuns, encontram-se as 
fissuras ou trincas, as eflorescências, as deformações ou flechas ex-
cessivas, a corrosão de armaduras, os ninhos de concretagem devido 
à segregação dos materiais que constituem o concreto e também as 
manchas em estruturas de concreto. A Figura 1 apresenta um tipo de 
manifestação patológica bastante comum: as fissuras.
Figura 1. Manifestação patológica (fissuração) em uma 
parede de alvenaria.
Fonte: Buffy1982/Shutterstock.com.
15Conceitos, definições e terminologia
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 15 25/04/2018 11:43:49
  Causa: as manifestações patológicas podem ter agentes causadores 
bastante distintos, como as cargas a que estão sujeitas as estruturas, a 
variação de umidade e de temperatura, agentes biológicos e atmosféri-
cos, incompatibilidade de materiais, etc. As fissuras em uma viga, por 
exemplo, têm a carga como o agente causador, independentemente da 
origem do problema (projeto inadequado, materiais menos resistentes 
ou sobrecarga); se não houver a carga, a fissura não aparecerá.
  Origem: algumas das etapas que envolvem o processo construtivo são o 
planejamento, o projeto, a fabricação de materiais e demais componentes 
(fora do canteiro de obras), a execução da edificação e, por fim, o seu 
uso — que é a etapa mais longa. Um diagnóstico adequado deverá 
identificar em qual etapa o fenômeno patológico teve início, sendo 
possível constatar, por exemplo, se as fissuras em uma viga foram con-
sequência de um projeto inadequado, de um aço de qualidade inferior, 
da utilização de concreto de baixa resistência ou ainda da colocação 
de sobrecarga sobre a estrutura.
  Mecanismo: toda manifestação patológica decorre de um processo 
(mecanismo) que envolve agentes agressivos externos ou internos à 
estrutura, sendo de extrema importância a sua identificação, para que 
se possa contornar o problema. A corrosão de armaduras, por exem-
plo, é o resultado de um processo que envolve a presença de ar e água 
(agentes externos) e de características da estrutura de concreto armado 
(agentes internos).
  Consequências: o comportamento geral de uma estrutura sujeita a 
manifestações patológicas pode ser afetado, fundamentalmente, de 
duas maneiras: quando envolvem as condições de segurança (estados 
limites últimos) ou quando envolvem apenas as condições de utilização 
e funcionamento da construção (estados limites de serviço). Os danos 
já existentes tendem a piorar com o tempo e causar mais transtornos 
ainda, devendo ser remediados o quanto antes.
Conceitos, definições e terminologia16
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 16 25/04/2018 11:43:49
As estruturas são dimensionadas de modo a atender a duas situações: coeficientes 
apropriados de segurança relacionados ao colapso e comportamento satisfatório 
sob ação de cargas de serviço. Tais situaçõesestão relacionadas aos estados limites 
últimos (ELU) e aos estados limites de serviço (ELS), respectivamente. Os estados limites 
são utilizados para verificar o comportamento e a conformidade da estrutura para o 
seu uso, tornando-a inadequada quando eles são atingidos. Segundo Pfeil (1988), os 
estados limites têm relação com as seguintes condições:
Estados limites últimos (ELU): relacionados ao máximo da capacidade portante 
da estrutura, determinando a paralisação do uso da edificação. O ELU é caracterizado 
basicamente por perda de equilíbrio da estrutura (risco de tombamento, escorrega-
mento) e deformações excessivas dos materiais (causando instabilidade ou ruptura).
Estados limites de serviço (ELS): relacionados com as condições de utilização 
normal da estrutura e com a sua durabilidade. O ELS é caracterizado basicamente 
pela abertura de fissuras, por deformações e vibrações excessivas.
Desempenho, durabilidade e vida 
útil das edificações
De acordo com a ABNT NBR 15575-1:2013, conceitua-se desempenho como 
o “[...] comportamento em uso de uma edifi cação e de seus sistemas [...]” (p. 6). 
Ainda segundo a norma, há uma série de requisitos exigidos pelos usuários, 
relacionados a segurança, habitabilidade e sustentabilidade. É requerido um 
nível mínimo de desempenho, o qual dependerá, muitas vezes, dos materiais 
utilizados. Assim, pode-se inferir que, para que uma edifi cação tenha um bom 
desempenho, além de atender às exigências e necessidades dos usuários, é 
fundamental que o comportamento dos materiais e de todos os componentes 
e elementos que a compõem sejam igualmente avaliados.
Nesse sentido, durabilidade e vida útil são termos correlacionados, mas que 
possuem significados distintos. A durabilidade é a característica relacionada 
à deterioração dos materiais e elementos estruturais e depende do ambiente em 
17Conceitos, definições e terminologia
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 17 25/04/2018 11:43:49
que estes estão inseridos — sendo determinante, portanto, para a vida útil das 
edificações. A vida útil, por sua vez, é o tempo em que a edificação apresenta 
níveis de desempenho satisfatórios para o uso que lhe foi determinado, levando 
em conta a execução adequada dos procedimentos de manutenção necessários.
Para entender melhor esses conceitos, a Figura 2 apresenta um gráfico que 
relaciona o desempenho ao longo da vida útil de três edificações. A edifica-
ção que sofreu perda de desempenho devido ao desgaste natural volta a ter 
desempenho acima do mínimo exigido para o seu uso, depois de realizada 
a intervenção técnica (manutenção). No caso da edificação que sofreu um 
acidente, a intervenção técnica precisou ser imediata, para que o desempenho 
voltasse a ser satisfatório. No último caso, a edificação possuía falhas já na 
fase de projeto ou execução — ou precisou se adaptar a outro tipo de uso — e 
teve de ser reforçada logo no início da sua vida útil.
Figura 2. Desempenho ao longo da vida útil de diferentes edificações.
Fonte: Souza e Ripper (1998).
Conceitos, definições e terminologia18
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 18 25/04/2018 11:43:49
Uma condição ideal de edificação a ser construída deve possuir um projeto que possi-
bilite uma boa execução e que simplifique a realização da manutenção, preservando 
um desempenho satisfatório ao longo da vida útil, ao minimizar a deterioração.
As manifestações patológicas, diretamente ligadas à perda de desempenho 
de uma estrutura, costumam aparecer somente após o início da execução 
das edificações, sendo mais comuns durante a etapa de utilização. Estudos 
realizados em diversos países mostram que, entre as três etapas básicas do 
processo construtivo — concepção, execução e utilização —, a maioria das 
manifestações patológicas têm origem nas fases de concepção (projeto) e de 
execução (construção).
Durante a etapa de concepção da edificação, as falhas podem acontecer ao 
longo do estudo preliminar (lançamento da estrutura), durante o anteprojeto ou 
ainda na composição do projeto de execução (projeto final). Erros no estudo 
preliminar ou no anteprojeto costumam encarecer o processo construtivo, 
enquanto erros no projeto final costumam ser os responsáveis pelo apareci-
mento de manifestações patológicas. Má avaliação de cargas atuantes ou de 
resistência do solo, deficiência de cálculo das estruturas, incompatibilização 
entre projetos arquitetônicos e estruturais, materiais especificados inadequa-
damente, detalhamento de armaduras insuficiente são alguns dos exemplos 
de falhas que ocorrem nessa fase do processo construtivo.
Já durante a etapa de execução da edificação, a não qualificação da mão de 
obra, a falta de cuidado com as condições de trabalho e consequente desmo-
tivação dos trabalhadores, a ausência de controle de qualidade da execução, 
materiais e componentes de qualidade ruim e irresponsabilidades técnicas são 
alguns exemplos das falhas dessa fase do processo construtivo.
Há uma série de normas de desempenho disponíveis para evitar a ocor-
rências das falhas mencionadas, a exemplo da ABNT NBR 15575-1:2013 
(Edificações habitacionais – desempenho), dividida em seis partes. O foco 
dessa norma é atender aos requisitos dos usuários e também ser utilizada como 
procedimento de avaliação do desempenho de sistemas construtivos, devendo 
ser complementada por normas específicas. Nesse sentido, há a ABNT NBR 
6118:2003 (Projeto de estruturas de concreto – procedimento) para o projeto 
e a ABNT NBR 14931:2004 (Execução de estruturas de concreto – procedi-
mento) para a execução.
19Conceitos, definições e terminologia
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 19 25/04/2018 11:43:49
A qualidade de uma edificação nada mais é do que as características que 
ela possui, levando em conta a satisfação do usuário, a economia de insumos 
(materiais, mão de obra, equipamentos), a proteção dos trabalhadores e a 
preservação da natureza. Ela é função direta de como se realizam o projeto 
e a construção das edificações. Os requisitos de desempenho, por sua vez, 
representam qualitativamente os atributos que uma edificação deve ter, de 
acordo com os requisitos do usuário. Estes são classificados em (ABNT NBR 
15575-1:2013):
  Requisitos de segurança: segurança estrutural, contra fogo e durante 
o uso.
  Requisitos de habitabilidade: estanqueidade; desempenho térmico, 
acústico e lumínico; saúde, higiene e qualidade do ar; funcionalidade 
e acessibilidade; conforto tátil e antropodinâmico.
  Requisitos de sustentabilidade: durabilidade, manutenibilidade e 
impacto ambiental.
Principais causas de deterioração das estruturas
A deterioração, como já mencionado, é o resultado das transformações dos 
materiais de construção ao longo do tempo, as quais comprometem o de-
sempenho de uma estrutura. Esse desempenho — que é basicamente o seu 
comportamento durante o uso — pode ser satisfatório ou insatisfatório, em 
função da deterioração.
O processo de deterioração das estruturas precisa ser entendido para que, 
além de realizar a correta manutenção por meio do seu reparo, seja possível 
evitar que os mesmos problemas venham a aparecer novamente na estrutura. 
Se dividirmos o processo construtivo nas três etapas principais (concepção, 
execução e utilização), as causas dos processos de deterioração das estruturas 
podem ter duas classificações, de acordo com a sua origem:
Causas intrínsecas
São aquelas diretamente relacionadas à própria estrutura, decorrentes dos 
materiais e das peças utilizadas durante a construção e a utilização das edifi -
cações. As causas intrínsecas podem ser inerentes ao material ou resultantes 
de falhas humanas e de ações externas, veja a seguir: 
Conceitos, definições e terminologia20
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 20 25/04/2018 11:43:49
  Falhas humanas na etapa de construção: resultado do trabalho equi-
vocado das equipes técnicas.
 ■ Deficiências na execução das partes de uma edificação e seus sub-
sistemas: não atendimento ao que foi especificadono projeto de 
fundações, lajes, pilares, vigas e paredes de alvenaria, pinturas, 
coberturas, instalações elétricas e hidráulicas.
 ■ Utilização incorreta dos materiais de construção: de responsabilidade 
dos projetistas, as falhas mais frequentes são o uso de fck menor e 
de aço diferente do especificado, fundações executadas em solo de 
menor capacidade resistente, a dosagem desajustada do concreto, a 
utilização de blocos de vedação em paredes estruturais.
 ■ Ausência de controle de qualidade: pode ser considerada a mais 
relevante de todas as falhas humanas relacionadas na etapa de cons-
trução. Ela tem influência inclusive sobre as demais falhas citadas 
nos itens acima, visto que, caso houvesse o controle da qualidade, 
muitas delas seriam minimizadas.
  Falhas humanas na etapa de utilização: há apenas um ponto, em 
termos de causas intrínsecas, que relaciona falhas humanas com o 
uso da edificação, que é a ausência de manutenção. A manutenção 
corresponde a uma série de providências que são tomadas, para que 
os materiais e as estruturas permaneçam íntegros e tenham o desem-
penho esperado.
  Causas naturais: dependem apenas do comportamento dos materiais 
frente ao ambiente e a esforços solicitantes, não sendo decorrentes de 
falhas humanas.
 ■ Próprias dos materiais e das estruturas: no caso do concreto, tem-se a 
porosidade, a permeabilidade, as reações internas, bem como questões 
relacionadas à má qualidade de todos os materiais de construção, 
como o cimento e os blocos de alvenaria.
 ■ Físicas: durante o endurecimento do concreto (cura), a variação da 
temperatura, a insolação, o vento, a chuva, o gelo e a umidade são 
causas da deterioração de estruturas na etapa de construção das 
edificações.
 ■ Biológicas: o crescimento e a instalação de raízes de plantas, al-
gas ou fungos em fissuras, assim como grandes poros resultantes 
do ataque químico por ácidos e a ação de sulfetos, por meio de 
bactérias de esgotos, promovem a degradação do concreto e de 
outros materiais.
21Conceitos, definições e terminologia
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 21 25/04/2018 11:43:49
Causas extrínsecas
São aquelas que independem da própria estrutura, sendo provocadas por 
fatores que agridem as edifi cações “de fora para dentro”. As causas extrínsecas 
podem ser resultantes de falhas humanas e de ações externas, veja a seguir 
(SOUZA; RIPPER, 1998): 
  Falhas humanas na etapa de projeto: em um projeto estrutural, há 
diversos aspectos que podem resultar em problemas graves, se não 
forem avaliados corretamente.
 ■ Modelização estrutural inadequada: questões de segurança e de 
comportamento estrutural devem ser avaliadas na escolha do sistema 
que melhor se adapta à situação de obra. É preciso definir as condições 
de engastamento que serão utilizadas em cada elemento estrutural, 
conhecendo as suas inércias e deformações, bem como o uso de 
coeficientes de majoração das cargas e minoração das resistências 
compatíveis com a segurança.
 ■ Avaliação incorreta das cargas: todos os tipos de carregamentos 
(permanentes, variáveis, acidentais e climáticos) podem ser corre-
tamente avaliados por meio da utilização das normas na realização 
do projeto, garantindo que não serão superados durante a vida útil 
da estrutura.
 ■ Detalhamento deficiente de armaduras: um detalhamento falho pode 
levar a vários erros de execução e comprometer seriamente a estru-
tura. Por isso, os desenhos devem ser realizados pelo profissional 
responsável (o projetista), em escala adequada e com precisão de 
detalhes, para a correta interpretação de quem for construir (mestre 
de obras ou armador).
 ■ Inadequação ao ambiente: apesar de bem dimensionadas, as es-
truturas às vezes se tornam vulneráveis, dependendo do ambiente 
em que estão inseridas. Por isso, devem ser utilizados cobrimentos 
compatíveis com a classe de agressividade do ambiente. Além disso, 
as questões arquitetônicas devem prever a interação da estrutura 
com a água, com pingadeiras e sistemas de escoamento e drenagem.
 ■ Interação solo-estrutura defeituosa: o terreno deve resistir aos es-
forços a que será submetido pela estrutura. Ele deve ser investigado 
por meio de sondagens, e as fundações devem ser corretamente 
escolhidas e dimensionadas, evitando recalques de apoio e con-
sequentes danos.
Conceitos, definições e terminologia22
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 22 25/04/2018 11:43:49
 ■ Juntas de dilatação falhas: se forem mal vedadas, permitem a entrada 
de água em estruturas de concreto armado ou alvenaria estrutural, 
podendo comprometer armaduras ou danificar aparelhos de apoio 
em pontes.
  Falhas humanas na etapa de utilização: proprietários acabam por cau-
sar danos nas estruturas, ao realizar intervenções sem respaldo técnico.
 ■ Alterações nas estruturas e nas condições do terreno: remoção de 
paredes, aberturas em elementos estruturais (vigas ou lajes), adição 
de andares em edifícios sem avaliar se as estruturas existentes supor-
tam, e realização de escavações no terreno, alterando as condições 
de estabilidade.
 ■ Sobrecargas excessivas: locais com estrutura dimensionada para 
determinado fim, previamente definido pelo usuário, acabam por 
receber cargas acimas das previstas no projeto.
  Ações mecânicas:
 ■ Recalque de fundações: qualquer edificação está submetida a 
deslocamentos verticais por algum tempo, até que o equilíbrio 
entre os carregamentos atuantes e o solo se estabeleça. Por isso, 
devem ser tomadas medidas para evitar o aparecimento de trincas 
nas estruturas.
 ■ Acidentes: episódios inesperados podem causar grandes solicitações 
nas estruturas, como choques de veículos, sismos e ventos. Além 
disso, podem promover a perda de resistência do concreto, após certo 
tempo, como no caso dos incêndios.
  Ações físicas: variações de temperatura ambientais e gradientes térmi-
cos (insolação), movimentos relativos entre dois materiais com coefi-
cientes de dilatação térmica distintos e a água (umidade, chuva, gelo) 
são os agentes agressores das estruturas.
  Ações químicas: são as mesmas que as consideradas para a etapa de 
construção (e por isso foram consideradas como causas intrínsecas), 
mas agora agem durante a etapa de uso da edificação, sendo os am-
bientes industriais mais suscetíveis a danos. Ar, gases, águas puras e 
agressivas, contato com ácidos, sais e sulfatos são os agentes agressores 
das estruturas.
  Ações biológicas: o crescimento da vegetação que se estabelece em 
fissuras e juntas promove o aparecimento de microrganismos. Além 
disso, cupins e formigas são capazes de danificar certos materiais e 
comprometer as estruturas.
23Conceitos, definições e terminologia
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 23 25/04/2018 11:43:50
1. A patologia das estruturas pode 
ser entendida, de forma sucinta, 
como um estudo da deterioração 
de edificações. O diagnóstico 
adequado e completo consiste 
em estabelecer os seguintes 
aspectos do problema:
a) mecanismo, origem, causas, 
sintomas e comportamento.
b) sintomas, mecanismo, origem, 
projeto e execução.
c) sintomas, causas, origem, 
mecanismo e consequências.
d) causas, origem, construção, 
mecanismo e consequências.
e) patologia, causas, origem, 
mecanismo e comportamento.
2. Caso as edificações não apresentem 
níveis mínimos de desempenho 
ao longo da sua vida útil, devem 
ser submetidas à manutenção. A 
alternativa que apresenta o melhor 
conceito para desempenho é:
a) o nível de deterioração 
de uma estrutura.
b) a durabilidade que os materiais e 
elementos estruturais possuem.
c) o tempo que uma edificação 
demora até se deteriorar.
d) o comportamento de uma 
edificação durante o seu uso.
e) a qualidade de uma edificação.
3. A deterioração é o resultado das 
modificações que acontecem nos 
materiais e componentes de uma 
estrutura, tendo como origem 
causas que podem ser classificadas 
em intrínsecas ou extrínsecas. A 
alternativa que apresenta apenas 
exemplos de causas intrínsecas é:
a) deficiências de concretagem,reações internas do concreto e 
avaliação incorreta das cargas.
b) execução não adequada do 
projeto, porosidade do concreto 
e ausência de controle de 
qualidade na construção.
c) utilização incorreta dos materiais, 
sobrecargas exageradas e 
recalque de fundações.
d) má qualidade dos materiais, 
deficiências de concretagem 
e sobrecargas exageradas.
e) ausência de controle de qualidade 
na construção, reações internas do 
concreto e choques de veículos.
4. De acordo com a ABNT NBR 15575-
1:2013, denomina-se __________ “o 
período de tempo que um edifício 
e/ou seus sistemas se prestam 
às atividades para as quais foram 
projetados e construídos, com 
atendimento dos níveis de _________ 
previstos nesta Norma”. As palavras 
que preenchem corretamente as 
lacunas são, respectivamente:
a) vida útil; desempenho.
b) durabilidade; desempenho.
c) desempenho; durabilidade.
d) vida útil; durabilidade.
e) desempenho; vida útil.
Conceitos, definições e terminologia24
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 24 25/04/2018 11:43:50
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2003. Projeto de 
estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14931:2004. Execução de 
estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575-1:2013. Edificações 
habitacionais – desempenho – parte 1: requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.
HELENE, P. R. L. Manual prático para reparo e reforço de estruturas de concreto. São 
Paulo: Pini, 1988.
PFEIL, W. Concreto armado 1: introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1988.
SOUZA, V. C. M.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. 
São Paulo: Pini, 1998.
Leitura recomendada
VERÇOSA, E. J. Patologia das edificações. Porto Alegre: Sagra, 1991. 173 p.
5. O processo construtivo pode ser 
dividido em três etapas básicas. 
Estudos demonstraram que a maior 
parte das manifestações patológicas 
nas estruturas são originadas em 
duas delas, que são as fases de:
a) concepção e projeto.
b) construção e utilização.
c) projeto e construção.
d) execução e utilização.
e) construção e execução.
25Conceitos, definições e terminologia
Patologia_das_Estruturas_Book.indb 25 25/04/2018 11:43:51
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
C04_Patologia_das_Estruturas.indd 24 22/03/2018 11:55:45
PATOLOGIA DAS 
ESTRUTURAS
Bianca Funk Weimer
 
Patologias das fundações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar as falhas no processo de sondagem do subsolo.
  Relacionar o subsolo à solução construtiva escolhida.
  Comparar falhas de projeto e execução a recalques e/ou falência da 
infraestrutura.
Introdução
Denomina-se fundação o elemento que faz a transição entre uma edifica-
ção e o solo, ou seja, é uma estrutura que transfere as cargas provenientes 
de uma edificação para o solo em que ela está assentada. Dependendo de 
como a carga é transmitida ao solo, as fundações podem ser classificadas 
em superficiais ou profundas. Elas estão sujeitas a alterações de compor-
tamento e ocorrência de problemas, que vão desde a caracterização do 
solo, durante a fase de análise e projeto, até a execução das estruturas e 
também de eventos após a sua conclusão, incluindo a possível degra-
dação dos materiais que constituem esses elementos. A concepção e a 
execução de fundações envolvem inúmeras atividades, que, em geral, 
são desempenhadas por profissionais com formações distintas. Por isso, 
é muito importante o conhecimento de todas as possibilidades de pro-
blemas ao longo da vida útil dessas estruturas, a fim de permitir ações 
mais qualificadas de cada um dos profissionais.
Neste capítulo, você vai aprender a diferenciar os principais tipos de 
fundações existentes e conhecerá as diferentes etapas de origem de 
problemas em uma fundação e quais as falhas que costumam ocorrer.
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Investigação do subsolo
Todas as edifi cações, seja durante a sua construção ou após a sua conclusão, 
estão submetidas a deslocamentos verticais lentos — os recalques — até que 
seja atingido o equilíbrio entre as cargas que chegam às fundações e o solo 
sob o qual elas estão construídas. Quando as fundações são mal concebidas, 
podem ocorrer recalques distintos entre os diversos apoios da edifi cação, 
denominados de recalques diferenciais, podendo ocasionar a abertura de 
trincas nas alvenarias e nas estruturas. 
Os problemas em fundações podem ter origem, basicamente, na investigação 
do subsolo, durante a análise e o projeto, na sua execução e em eventos após 
a sua construção, englobando a degradação do solo. Problemas patológicos 
em fundações de construções civis têm acontecido com frequência no mundo 
todo. Na Figura 1, é possível verificar o desaprumo ocorrido em um famoso 
monumento italiano, a Torre de Pisa. Construída há mais de 600 anos, quando 
ainda não se realizavam estudos tão aprofundados do solo, a Torre de Pisa 
começou a sofrer recalques ainda na sua construção, pois o tipo de fundação 
escolhida não era apropriado para o solo do local.
Figura 1. Caso típico de problemas em 
fundações: a Torre de Pisa, na Itália.
Fonte: Fedor Selivanov/Shutterstock.com.
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A grande maioria dos problemas em fundações se dá na investigação do 
subsolo. É necessário que exista uma programação apropriada, para que a in-
vestigação seja realizada de modo a identificar e caracterizar o comportamento 
do solo. É realizado um programa preliminar, um programa complementar e, 
eventualmente, um programa especial de ensaios geotécnicos, de modo que 
o local de implantação da obra seja adequadamente reconhecido. 
De acordo com Milititsky, Consoli e Schnaid (2015), no Brasil, o ensaio de 
campo mais utilizado para a fase preliminar é o SPT (Standard Penetration 
Test). O ensaio consiste na medição da resistência dinâmica do solo, medida 
pelo número de golpes para cravar um amostrador padrão nele, combinada 
com uma sondagem de simples reconhecimento, por meio da amostra de solo 
coletada pelo amostrador.
Para saber mais sobre o ensaio SPT, leia a ABNT NBR 6484:2001, “Solo – Sondagens de 
simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio”.
Falhas no processo de investigação do solo podem acarretar muitos pro-
blemas durante a execução das fundações. Por isso, é imprescindível que 
sejam contratadas empresas íntegras e capacitadas, cujo trabalho deverá ser 
supervisionado pelo contratante. A imprecisão com relação às condições do 
subsolo — e o consequente aparecimento de manifestações patológicas por 
problemas nas fundações — pode ter os seguintes motivos (MILITITSKY; 
CONSOLI; SCHNAID, 2015): 
  Falta de investigação do subsolo: considerada uma prática inadmissí-
vel, costuma ocorrer em obras de pequeno e médio porte, geralmente por 
questões econômicas. O desempenho insatisfatório de fundações, em 
mais de 80% dos casos, é devido à ausência completa de investigação 
do solo e à escolha de uma solução imprópria.
  Investigação insuficiente do subsolo: mesmo sendo realizadas as 
investigações, elas podem não contemplar a identificação de aspectos 
cruciais, relativos ao comportamento da fundação a ser projetada:
 ■ número insuficiente de sondagens, em áreas extensas ou que possuem 
o subsolo diversificado, e realização deficiente de ensaios — quando 
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apenas o SPT não fornece todas as informações necessárias e pre-
cisaria ser complementado com outros ensaios (CPT ou ensaio de 
Palheta);
 ■ profundidade de investigação insuficiente, não contemplando cama-
das normalmente de pior desempenho,que também serão afetadas 
pelo carregamento;
 ■ propriedades de comportamento do solo não determinadas, por 
ausência de ensaios especiais (expansibilidade, colapsividade, etc.);
 ■ casos de grande variação das propriedades do solo, anomalias loca-
lizadas ou situações não identificadas.
  Realização insuficiente de ensaios ou falhas na investigação do sub-
solo: execução de sondagem em local diferente, localização incompleta, 
aplicação de procedimentos indevidos ou ensaios não padronizados, 
equipamentos defeituosos, descrição malfeita do tipo do solo, desvio 
de prumo na colocação de equipamentos no solo (cravação do SPT) 
pode gerar a identificação errada das camadas do subsolo. Também 
estão inclusos os casos de fraude, com a geração de resultados que 
não existem.
  Casos especiais: a investigação, mesmo bem planejada, está sujeita a 
ocorrências singulares, que são mais difíceis de identificar:
 ■ Influência da vegetação: a interferência pode ser física, no caso das 
raízes, ou pode haver modificações na umidade do solo, causando 
mudanças volumétricas no solo e nos recalques.
 ■ Colapsividade: propriedade de materiais que estão sujeitos à rea-
comodação brusca de suas partículas e redução do volume, quando 
saturados. O colapso depende da estrutura do solo, das tensões exis-
tentes e do rompimento dos agentes cimentantes.
 ■ Expansibilidade: alguns argilo-minerais têm a propriedade de se 
expandir, devido a mudanças no teor de umidade do solo.
 ■ Zonas de mineração: pelo fato de a extração de minérios se dar em 
pequenas profundidades, é importante que se tenha a sua exata loca-
lização, pois essas zonas estão sujeitas a fenômenos de instabilidade.
 ■ Zonas cársticas: rochas que contenham carbonato de cálcio e mag-
nésio (rochas calcárias ou dolomíticas) possuem características que 
as diferem das demais, pois essas substâncias possuem solubilidade 
em água, e tais rochas podem ter grandes cavidades e porosidades. Se 
estiverem localizadas abaixo de camadas rochosas com sedimentos 
não solúveis e solos residuais, podem causar uma falsa impressão 
de segurança.
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 ■ Ocorrência de matacões: blocos de rochas ainda não decompostos, 
localizados em solos residuais originados do processo de intem-
perismo, são conhecidos por matacões. Sua presença no solo pode 
ser confundida com um perfil contínuo de rocha, causando uma 
interpretação equivocada do terreno e produzindo uma solução não 
compatível com o comportamento real do solo.
Os tipos de fundações
O solo é o meio de suporte dos carregamentos, e é de suma importância co-
nhecer o seu comportamento. Sua capacidade de carga e de deformabilidade 
são variáveis e dependem dos seguintes fatores principais:
  tipo e estado do solo (areais em vários estados de compacidade e argilas 
em vários estados de consistência);
  situação (cota) do lençol freático;
  carga aplicada;
  tipo de fundação (superficial ou profunda);
  interferência das fundações próximas.
A composição dos solos se dá, essencialmente, pela presença de partículas 
sólidas com água, ar e material orgânico incorporados. Sob a presença de 
carregamentos externos, ele se deformará. No caso de o solo ser uma argila 
dura ou uma areia compacta, os recalques serão ocasionados por deformações 
e pela consequente modificação do formato do solo, dependendo da carga que 
está atuando e do módulo de deformação do solo. Já para os solos de areia fofa 
e argila mole, a redução de volume é a causa dos recalques.
As fundações, que são os elementos de transição entre a estrutura e o 
solo, podem ser classificadas em dois tipos, de acordo com a forma como 
transmitem as cargas ao solo:
  Superficiais, rasas ou diretas: a carga é transmitida ao solo por meio 
de pressões na base das fundações. Os tipos de fundações superficiais 
são bloco, sapata, viga de fundação, grelha e radier.
  Profundas: a carga é transmitida ao solo por pressões sob a base das 
fundações, chamada de resistência de ponta, e também por atrito na 
superfície lateral, chamada de resistência de fuste. Os tipos de fundações 
profundas são estaca, tubulão e caixão.
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Fundações superficiais
As fundações superfi ciais são mais utilizadas em obras de pequeno porte (cargas 
baixas), para solos rígidos e rochosos, e são assentadas em profundidades de até 
duas vezes a sua menor dimensão em planta. Os principais tipos de fundação 
superfi cial são apresentados a seguir e podem ser visualizados na Figura 2:
  Bloco: elemento de fundação feito de concreto simples ou rocha arga-
massada, que vai resistir às tensões de tração sem o auxílio de armadura. 
Os blocos são utilizados em solos de alta resistência e possuem custo 
mais baixo, em relação a outros tipos de fundação. 
  Sapata: difere do bloco pela presença de armadura, a qual vai suportar 
as tensões de tração; é feita, portanto, de concreto armado e geralmente 
possui altura menor que o bloco. As sapatas são utilizadas em solos 
resistentes e possuem custo baixo.
  Radier: trata-se de uma laje de concreto armado que recebe todos 
os pilares da edificação, executada sobre o solo e ao longo de toda a 
construção. Os radiers são utilizados em solos de baixa resistência e 
possuem custo alto, pois é necessário muito material.
Figura 2. Principais tipos de fundações superficiais: bloco, sapata e radier, respectivamente.
Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Cimento Portland (2002).
Fundações profundas
As fundações profundas são mais utilizadas em obras grandes ou para solos 
mais instáveis, em que muita carga será depositada no terreno. Elas são as-
sentadas em profundidades maiores que duas vezes a sua menor dimensão em 
planta. Os tipos de fundação superfi cial são apresentados a seguir e podem 
ser visualizados na Figura 3:
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  Estacas: elemento de fundação enterrado no solo por meio de cravação, 
escavação ou ambas. Os principais tipos de estacas são:
 ■ Pré-moldadas (estacas do tipo cravadas): são cravadas no terreno e 
podem ser de concreto simples, armado ou protendido, ou metálicas. 
Aumentam a capacidade de carga em solos não coesivos, pois estes 
são compactados durante a cravação.
 ■ Moldadas in loco (estacas do tipo cravadas e escavadas):
 – Tipo Franki: são cravadas no solo, por meio da colocação de um 
tubo de revestimento com ponta fechada, o qual é posteriormente 
preenchido com concreto. Não possuem limitação de profundidade 
na presença de água no subsolo.
 – Tipo Stauss: após a inserção de uma camisa metálica (coroa) no solo, 
que define o diâmetro da estaca, a escavação se dá por meio de uma 
sonda mecânica que retira o solo; depois de escavado, faz-se a con-
cretagem. Não é recomendada a sua execução abaixo do nível d’água 
(principalmente em solos arenosos), nem em solos de argila mole.
 – Hélice contínua: escavada mecanicamente, com a injeção simultâ-
nea de concreto à medida que a hélice é extraída do solo, trazendo 
consigo o material escavado. Sua execução pode ser feita em 
terrenos coesivos e arenosos, com ou sem a presença de água no 
subsolo, e pode ser utilizada até em solos resistentes.
 – Estaca-raiz: escavada mecanicamente com uma perfuratriz e um 
tubo de revestimento em volta, com circulação de água, lama ben-
tonítica ou ar, para eliminar o material escavado continuamente; 
depois de completada a perfuração, faz-se a concretagem. Possui 
diâmetro pequeno e pode ser executada em terrenos de qualquer 
natureza, mesmo quando o solo tiver matacões ou rochas.
  Tubulão: elemento de fundação cilíndrico, em que um operário desce 
durante a sua construção; é utilizado em obras de grande porte, como 
pontes e viadutos. Pode ser de dois tipos:
 ■ A céu aberto: escavado manualmente com a posterior concretagem 
de um poço aberto, com base alargadano terreno, dispensando es-
coramento, se o terreno for coesivo. Executado somente acima do 
nível d’água.
 ■ A ar comprimido: similar ao procedimento a céu aberto, com a 
diferença de que se pode ultrapassar o nível d’água, fazendo-se 
uso de ar comprimido e camisa de aço ou concreto, para evitar o 
desmoronamento das paredes. Pode ser utilizado em áreas com alta 
densidade de matacões.
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Dependendo da forma como as estacas são assentadas no solo, elas podem se classificar 
em estacas cravadas (ou de deslocamento) e estacas escavadas.
As estacas cravadas são introduzidas no terreno de forma que o solo não seja retirado, 
que é o caso das estacas pré-moldadas de concreto, metálicas, de madeira e também as 
do tipo Franki. As estacas escavadas são executadas in loco (no próprio local), mediante 
a retirada prévia do solo por algum processo de perfuração, que é o caso das estacas 
do tipo Strauss, hélice contínua e estaca-raiz.
As estacas cravadas possuem mobilização de resistência na ponta e de atrito lateral, 
imediatamente após inseridas no solo. Desse modo, costumam suportar cargas maiores 
que uma estaca escavada com as mesmas características. As estacas escavadas dependem 
de um pequeno recalque para que o atrito e a resistência de ponta sejam mobilizados.
Figura 3. Principais tipos de fundações profundas: estaca cravada (a1 e a2), estaca 
moldada in loco (b) e tubulão (c).
Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Cimento Portland (2002).
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Problemas em fundações
Partindo do pressuposto de que as fundações vão se movimentar, seja durante 
a construção ou após a conclusão, é muito importante saber distinguir os pos-
síveis movimentos a que estão suscetíveis. Um elemento de fundação poderá 
estar sujeito tanto a recalques absolutos, que são os deslocamentos verticais 
descendentes, quanto a recalques diferenciais, que representam a diferença 
entre recalques absolutos de quaisquer elementos de fundação.
O recalque diferencial causa distorções em uma estrutura e, conforme 
a sua magnitude, pode provocar o aparecimento de fissuras na edificação, 
a inversão da inclinação de uma tubulação de esgoto ou até o colapso da 
superestrutura, pela geração de esforços não suportados por ela. Se todos os 
elementos de fundação tiverem o mesmo recalque absoluto, não ocorrerão 
fissuras; no entanto, não é possível prever se outros danos poderão ser cau-
sados, como o rompimento de canais de água e esgoto ou o desnível entre 
a rua e a entrada da obra. Nesse contexto, surgiu o conceito de recalques 
admissíveis.
Durante a fase de análise e projeto de uma fundação, faz-se a estimativa 
dos recalques admissíveis, que são valores obtidos por meio de dados técni-
cos coletados de obras no passado e que servem apenas como recomendação, 
devendo ser utilizados com cautela. Os valores limites recomendados não 
indicam se os danos resultantes dos recalques são apenas visuais ou estéticos 
(sem risco), se comprometem o uso da edificação ou se são estruturais e 
oferecem risco aos usuários.
Como já mencionado, as manifestações patológicas mais comuns em 
elementos estruturais, resultantes do movimento relativo entre as fundações, 
são as fissuras. Geralmente inclinadas, podem ser confundidas com fissuras 
geradas por deflexão de componentes estruturais, mas estas não costumam 
ter aberturas tão grandes. A Figura 4 apresenta as configurações típicas de 
fissuras causadas por recalques de fundações de pilar interno (A), pilar de 
canto (B) e de extremidade de parede portante (C).
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Figura 4. Configurações típicas de fissuras causadas por recalque de fundações de pilar 
interno (A), pilar de canto (B) e de extremidade de parede portante (C).
Fonte: Adaptada de Milititsky, Consoli e Schnaid (2015). 
Falhas de projeto
Realizada a investigação do subsolo, o próximo passo é a determinação das 
solicitações ou cargas de projeto, levando em conta o comportamento do 
solo mediante carregamento (empuxo, atrito negativo, etc.) e como se dará a 
transmissão de esforços entre o elemento de fundação e o solo. Verifi ca-se a 
segurança com relação à ruptura e à deformação do solo, a qual pode ser feita 
por meio de métodos numéricos, e faz-se o dimensionamento estrutural do 
elemento de fundação, com a posterior elaboração de uma planta construtiva 
para a etapa de execução no canteiro.
No que se refere à etapa de análise e projeto, as falhas que podem acontecer 
com as fundações são relacionadas a (MILITITSKY; CONSOLI; SCHNAID, 
2015):
  Solo: são muitos os problemas que envolvem o comportamento do solo 
como causa. Por exemplo, a adoção de perfil otimista de solo, sem a 
caracterização adequada de todas as camadas, excluindo possíveis 
localizações de solos menos resistentes, ou o uso indevido dos resultados 
de ensaios de penetração (SPT e CPT) para a definição das propriedades 
do solo podem gerar recalques e danos à estrutura.
  Mecanismos: há problemas originados pela falta de identificação de 
mecanismos que podem causar um comportamento ruim ou o colapso do 
solo. Por exemplo, na interação solo-estrutura, pode haver sobreposição 
de tensões geradas no solo pela construção de fundações superficiais 
próximas, capazes de comprometê-las.
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  Desconhecimento do comportamento das fundações: os tipos de funda-
ções recebem cargas de formas distintas e se deformam de modo peculiar, 
o que influi diretamente no comportamento da estrutura que se apoia 
sobre elas. Por exemplo, a utilização de dois diferentes tipos de fundação 
para uma mesma estrutura, devido à variação de cargas atuantes ou da 
profundidade de camadas de subsolo resistentes, pode causar recalques 
diferenciais e danos à edificação, se as fundações distintas não forem 
unidas por meio de uma junta que harmoniza os seus comportamentos.
  Estrutura de fundação: o projeto ou detalhamento estrutural das 
fundações pode apresentar problemas. Por exemplo, o erro na definição 
das cargas que vão atuar sob as fundações, ou ainda no seu próprio 
dimensionamento, com elementos armados incorretamente, podem 
causar o colapso das fundações.
  Especificações construtivas: informações erradas ou a ausência delas 
no projeto podem causar problemas nas fundações. Por exemplo, a 
indicação equivocada ou inexistente do tipo e das características do solo 
que deverá ser encontrado na execução de uma fundação rasa, ou ainda 
as características que o concreto deve ter (resistência e trabalhabilidade) 
para que os elementos de fundação se mantenham íntegros ao longo do 
tempo pode trazer danos às fundações.
  Fundações sobre aterro: ocorrem devido ao desconhecimento dos me-
canismos que estão envolvidos, em projetos executados por profissionais 
não especialistas em geotecnia, que desconhecem dos efeitos relativos aos 
recalques nesses casos. Por exemplo, o corpo do aterro pode se deformar, 
com o seu peso próprio ou o carregamento derivado da superestrutura, e o 
solo abaixo do aterro pode se deformar, principalmente se for mole, pelas 
tensões criadas com a colocação do aterro, somadas às das fundações. 
Ainda, se as obras em aterros forem construídas sobre lixões ou aterros 
sanitários, poderá haver a degradação da matéria orgânica e dos demais 
componentes do solo, e a sua consequente deformação. Deve-se evitar o 
uso de fundações rasas nesses casos.
Falhas de execução
Depois da investigação do subsolo, a execução é a etapa que apresenta a maior 
ocorrência de falhas que geram problemas nas fundações. É muito importante 
que, além de a construção ser feita por profi ssionais experientes e equipamentos 
apropriados, sejam realizados a fi scalização da execução e o registro de todos os 
dados pertinentes,para que se possa verifi car a conformidade com as normas.
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Na etapa de execução, os problemas que podem acontecer com as fun-
dações são apresentados de acordo com os seguintes tópicos (MILITITSKY; 
CONSOLI; SCHNAID, 2015):
  Fundações superficiais: muitas dessas fundações não possuem projetos 
adequados e pessoas qualificadas para realizá-los, sendo utilizadas como 
base obras vizinhas ou uma abordagem empírica de publicações, e não 
sendo adequadas à situação real. Ocorre ainda o uso dessas fundações 
em locais proibidos pela norma, devido ao desconhecimento do solo pela 
ausência de ensaios de campos (muito comuns em obras residenciais). Os 
problemas relacionados à execução de fundações podem envolver o solo 
(falta de cuidado na escavação e destruição de estrutura do solo, aterros 
mal executados, fundações assentes em solos de comportamentos distin-
tos, etc.) e os elementos estruturais da fundação (concreto de qualidade 
ruim, geometria incorreta, presença de água durante a concretagem, etc.), 
podendo gerar recalques ou até o colapso das fundações.
  Fundações profundas: nem sempre essas fundações são executadas de 
acordo com o projeto, pois existem algumas limitações (em equipamentos, 
comprimento e diâmetro das fundações, por exemplo) que, aliadas às 
condições de campo, decretam mudanças no projeto original. Pode haver 
também casos de má fé das empresas, que executam estacas menores 
que as projetadas. Os problemas relacionados à execução de fundações 
profundas podem ter causas genéricas (erros de posição de estacas, de 
diâmetro, inclinação, relativos à armadura, etc.), assim como podem ser 
específicos de cada tipo de estaca: estacas cravadas (falta ou excesso de 
energia de cravação, levantamentos dos elementos já cravados pela exe-
cução dos novos, flexão dos elementos ao serem cravados, etc.), estacas 
escavadas (falha de concretagem ou desmoronamento das paredes, gerando 
problemas na integridade ou continuidade do elemento, traço inadequado 
do concreto, demora na concretagem, variação do diâmetro, etc.).
  Volumes concretados: por meio do controle preciso dos volumes de con-
creto, é possível identificar a ocorrência de falhas no processo de execução, 
uma vez que o volume real deve estar de acordo com o volume teórico pre-
visto; caso contrário, as fundações poderão apresentar problemas estruturais.
  Cabeça das estacas de concreto: geralmente, ao final da execução, os 
topos das estacas se encontram em diferentes níveis e, para que sejam 
reduzidos ao tamanho necessário, são utilizadas ferramentas pesadas e 
de impacto, que podem causar danos às estruturas, tanto no topo, quanto 
no fuste (corpo) das estacas, trincando-as.
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Para saber mais sobre quais são as especificações necessárias para o projeto e a exe-
cução das fundações, leia a ABNT NBR 6122:2010, “Projeto e execução de fundações”.
1. Considerando-se o processo 
construtivo de uma fundação, 
qual é o evento em que a maior 
parte dos problemas podem 
acontecer ou ser originados? 
a) Investigação do subsolo.
b) Análise e projeto das fundações.
c) Execução das fundações.
d) Eventos pós-conclusão 
das fundações.
e) Degradação dos materiais.
2. As fundações _________ são aquelas 
em que o carregamento chega ao 
solo por meio de pressões na sua 
base, e as fundações _________ são 
aquelas em que o carregamento 
é transmitido ao solo por meio de 
pressões na base e também por 
atrito no fuste. As palavras que 
preenchem corretamente as lacunas 
são, respectivamente: 
a) profundas – rasas
b) escavadas – cravadas
c) superficiais – profundas
d) superficiais – diretas
e) diretas – cravadas
3. Define-se recalque como um 
movimento vertical descendente de 
um elemento estrutural, inerente ao 
processo construtivo de fundações. 
Com relação aos recalques, 
marque a opção correta. 
a) A diferença entre recalques 
absolutos de dois elementos 
de fundação chama-se 
recalque diferencial.
b) O aparecimento de fissuras pode 
ser consequência da diferença 
entre dois recalques diferenciais.
c) Os recalques absolutos 
representam os valores 
limites para que a estrutura 
não apresente danos.
d) Os recalques admissíveis 
são obtidos por meio de 
cálculos precisos e dependem 
da configuração do solo e 
da fundação utilizada.
e) Dados técnicos de obras 
antigas servem para definir 
os valores de recalque 
diferencial a ser adotado.
4. Durante a etapa de análise e projeto 
de fundações, basicamente, são 
determinadas as solicitações a 
que estarão sujeitas as estruturas 
e a forma de transmissão desses 
esforços para o solo, e é realizado o 
dimensionamento do elemento de 
fundação. Qual alternativa apresenta 
uma possível falha que pode 
ocorrer nessa etapa? 
a) Presença de água durante a 
concretagem da fundação.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Manual de estruturas: fundação. 
São Paulo: ABCP, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6122:2010. Projeto e 
execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6484:2001. Solo – son-
dagens de simples reconhecimento com SPT – método de ensaio. Rio de Janeiro: 
ABNT, 2001.
MILITITSKY, J.; CONSOLI, N. C.; SCHNAID, F. Patologia das fundações. 2. ed. São Paulo: 
Oficina de Textos, 2015.
Leituras recomendadas
ALONSO, U. R. Previsão e controle das fundações: uma introdução ao controle da 
qualidade em fundações. São Paulo: Edgard Blücher, 1991.
SILVA, D. A. Levantamento de problemas em fundações correntes no Estado do Rio Grande 
do Sul. 1993. 127 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Programa de Pós-Gradua-
ção em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1993.
SOUZA, V. C. M.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. 
São Paulo: Pini, 1998.
THOMAZ, E. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Pini, 1989
b) Elementos estruturais 
incorretamente armados.
c) Número insuficiente de 
sondagens do subsolo.
d) Falha de concretagem em 
estacas escavadas.
e) Colapsividade dos materiais 
que compõem o solo.
5. As estacas cravadas pré-moldadas, 
de concreto ou metálicas, mobilizam 
resistência de ponta e atrito lateral 
assim que inseridas no solo. Se 
em um perfil de subsolo houver a 
presença de água e for usada uma 
estaca cravada metálica, sem um 
tratamento superficial adequado do 
aço, o que pode acontecer? 
a) Fissuração da estaca.
b) Interferência nas 
fundações próximas.
c) Aumento de resistência do solo.
d) Rebaixamento do lençol freático.
e) Corrosão e diminuição 
da seção da estaca.
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PATOLOGIA DAS 
ESTRUTURAS
Bianca Funk Weimer
 
Patologias das estruturas 
em concreto armado
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Identificar as causas de fissuração das estruturas (falhas de projeto
e/ou execução).
 Relacionar a fissuração à corrosão das armaduras.
 Expressar os fatores geradores de lixiviação, desplacamento e
carbonatação.
Introdução
Como qualquer outro material, o concreto armado vai se degradando 
com o tempo. Se a sua concepção e construção forem executadas ade-
quadamente e ele for apropriado para o ambiente em que está inserido, 
sua vida útil pode ser muito grande. Contudo, a durabilidade dos seus 
materiais também pode ser afetada pela ação de intempéries, de agentes 
físicos, químicos e biológicos naturais, por ações mecânicas imprevisíveis 
ou por sobrecargas. As causas da deterioraçãodo concreto armado, na 
maior parte das circunstâncias, poderiam ser evitadas com a elaboração 
de um projeto consistente, a execução e escolha de materiais cuidadosa, 
e a realização de manutenções preventivas. As manifestações patológi-
cas, na sua grande maioria, são singulares e facilmente evidenciadas na 
estrutura. Por meio das características das lesões, é possível identificar a 
sua origem, a causa, o mecanismo de formação e as suas consequências, 
se não forem reparadas.
Neste capítulo, você vai conhecer as principais manifestações patoló-
gicas em estruturas de concreto armado, entender o seu mecanismo de 
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ocorrência e identificar as possíveis causas do aparecimento de fissuras 
e como elas se relacionam com a corrosão das armaduras.
Deterioração das estruturas de concreto armado
Existe uma infi nidade de fatores (agentes) que podem causar danos ou destruir 
o concreto armado, o que torna bastante complicada a sua classifi cação, já
que alguns desses agentes só atuam no concreto, outros atingem apenas a
armadura e alguns deterioram ambos. Sob outra interpretação, também é
possível classifi car os agentes em mecânicos (como sobrecarga), físicos (como
variação da temperatura), químicos (como reações internas do concreto) e
biológicos (como raízes de plantas), ou ainda em agentes intrínsecos (inerentes
à própria estrutura, que agem “de dentro pra fora”) e extrínsecos (independem
da estrutura, agem “de fora para dentro”).
O aparecimento de manifestações patológicas nas estruturas é consequência 
dos agentes de deterioração do concreto armado e, na maioria dos casos, po-
deria ser evitado, por meio da realização de um bom projeto, de uma execução 
cuidadosa, feita com materiais adequados, e de um plano de manutenção 
apropriado. Algumas das principais manifestações patológicas (sintomas) que 
podem aparecer nas estruturas de concreto armado são:
 fissuras e trincas no concreto;
 corrosão de armaduras;
 desagregação e disgregação (desplacamento) do concreto;
 desgaste do concreto (abrasão, erosão e cavitação);
 eflorescência e manchas no concreto.
Para saber mais sobre o desgaste do concreto, leia o capítulo 5 do livro “Concreto: 
estrutura, propriedades e materiais” de Mehta e Monteiro (1994).
Fissuração
As fi ssuras representam a manifestação patológica mais característica, com 
elevada ocorrência nas estruturas de concreto armado. Independentemente 
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da causa da fi ssuração, elas estarão situadas nos pontos em que há esforços 
de tração na estrutura. O concreto, por ser um material frágil, apresenta baixa 
resistência à tração e, naturalmente, apresentará fi ssuras mesmo em situações 
em que não existem falhas estruturais.
A análise das fissuras presentes em uma estrutura deverá ser feita de forma 
que se identifiquem as suas causas e os seus efeitos; por isso, é preciso saber 
a dimensão das aberturas, sua extensão e se elas ainda então em movimento 
ou se já estabilizaram. A definição desses aspectos é muito importante, ao 
se realizar a manutenção da estrutura, pois ela só será efetiva se a causa da 
fissuração for eliminada.
As fissuras podem ocorrer tanto na fase em que o concreto está fresco, 
quanto na fase em que ele já se encontra endurecido. De acordo com Souza e 
Ripper (1998), as principais causas do aparecimento de fissuras em estruturas 
de concreto armado são descritas a seguir:
a) Projeto malfeito: elementos estruturais dimensionados de maneira
incorreta e detalhamento deficiente de armaduras podem causar o
aparecimento de fissuras em vigas, lajes e pilares (Figura 1).
Figura 1. Fissuração de uma viga sujeita à flexão: (a) com armadura positiva insuficiente; (b) de 
um pilar comprimido com estribos subdimensionados; (c) de uma laje sem armadura negativa.
Fonte: Adaptada de Thomaz (1989).
b) Dessecação superficial do concreto: a evaporação acentuada da água
após o lançamento do concreto, antes do início de sua pega, pode causar o
aparecimento de fissuras superficiais, resultantes da contração da massa
de concreto em elementos de grande superfície, como lajes e paredes, com
fissuras paralelas entre si, estabelecendo ângulos de 45° com os cantos.
c) Assentamento plástico do concreto: o movimento natural da massa de 
concreto, por gravidade, durante as primeiras horas após a concretagem, 
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é impedido pela presença de fôrmas, de agregados de maior dimensão 
e das armaduras, gerando fissuras de assentamento coincidentes com a 
extensão das barras. Isso pode prejudicar a aderência entre os materiais 
e expor a armadura ao ambiente.
d) Movimentação de escoramentos e fôrmas: a deformação das fôrmas
e dos escoramentos causa a alteração da geometria da peça de concreto
ainda fresco, o que pode resultar na perda de resistência pela formação
de fissuras e na criação de juntas de concretagem não previstas.
e) Retração por secagem do concreto: os movimentos genuínos da
massa de concreto, que se contrai pela saída da água, são barrados
pela existência da própria armadura ou pela vinculação com outros
elementos estruturais, podendo ocasionar o aparecimento de fissuras
após o endurecimento do concreto, durante longos períodos de tempo,
em peças mais esbeltas, como lajes e paredes.
f) Falhas de execução: o trabalho equivocado das equipes técnicas durante 
a concretagem e a instalação do sistema de escoramentos, a interpretação
errônea do projeto (armaduras deficientes), o mau posicionamento de
armaduras, o cobrimento insuficiente, a incorreta utilização de materiais
(cimento de menor resistência, agregados reativos, dosagem desajustada
do concreto), a realização de juntas de concretagem em lugar inadequado, 
a segregação do concreto (lançamento acima da altura máxima em pilares)
e a ausência de controle de qualidade são algumas das falhas que podem
provocar, entre outros problemas, o aparecimento de fissuras.
g) Reações expansivas do cimento: alguns componentes do cimento e dos
agregados podem reagir de modo expansivo, prejudicando a coesão e cau-
sando o aparecimento de fissuras. Isso ocorre nas reações álcali-agregados
(álcali-sílica) e álcali-dolomita, na reação de algumas rochas com íons do
próprio concreto ou de componentes externos e no ataque por sulfatos.
h) Corrosão de armaduras: ocorre a despassivação da armadura inserida
no concreto. Por estar em contato com a água, essa armadura sofre
corrosão, e o aço, ao se oxidar, produz substâncias que exercem pressão
sobre o concreto que o confina, desagregando-o e agravando as fissuras.
i) Recalques diferenciais nas fundações: a interação solo–estrutura,
quando avaliada equivocadamente, pode causar o aparecimento de recal-
ques ao longo de toda a vida da fundação, os quais são responsáveis pela
falha dos apoios das estruturas de concreto armado, causando fissuras.
j) Variação da temperatura: considerações imprecisas a respeito do
meio ambiente, falha no detalhamento de armaduras ou na colocação
de juntas de dilatação, e até a escolha equivocada da cor da pintura são
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fatores que poderão favorecer o aparecimento de fissuras nos elementos 
estruturais submetidos à variação de temperatura e os consequentes 
estados de tensão diferentes em uma mesma peça.
k) Ações externas: ações localizadas, como cargas de pilares e vigas, bem
como acidentes envolvendo a estrutura, podem ocasionar fissuras nos
elementos estruturais de concreto armado.
De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, a espessura do cobrimento das armaduras 
depende do nível de agressividade do local em que a estrutura estiver localizada.
Cobrimento nominal (mm) para estruturas de concreto armado
Classe de 
agressividade
I II III IV
Agressividade Fraca Moderada ForteMuito forte
Tipo de ambiente Rural 
submerso
Urbano Marinho; 
industrial
Industrial; 
respingos 
de maré
Risco de deterioração Insigni-
ficante
Pequeno Grande Elevado
Compo-
nente ou 
elemento
Laje 20 25 25 45
Viga ou 
pilar
25 30 40 50
Elementos 
estruturais 
em con-
tato com 
o solo
30
40
50
Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014).
A corrosão de armaduras e as fissuras 
A corrosão é um processo de deterioração do material por meio de reações 
químicas e eletroquímicas de oxidação. A corrosão do aço é a sua transformação 
em ferrugem, que é um material fraco e escamado, sem aderência ou coesão, 
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o qual aumenta de volume enquanto é formado e pode alcançar até 10 vezes
o volume do aço original. A corrosão das armaduras é umas das principais
manifestações patológicas nas estruturas de concreto armado.
As armaduras se tornam sujeitas a degradação quando a camada protetora 
que existe na superfície das barras é destruída. O meio aquoso no interior do 
concreto é alcalino — ou seja, possui pH alto — e sempre que isso ocorrer, 
as barras de aço estarão protegidas por uma película passivante de óxidos de 
ferro, gerada pela própria ferrugem superficial do aço em contato com a água.
A corrosão ocorre quando essa camada protetora de óxidos de ferro é 
destruída, fazendo com que as barras de aço fiquem desprotegidas. No caso 
de estruturas de concreto armado, uma das formas de corrosão é oportunizada 
pela presença de íons agressivos no concreto, em especial os cloretos (Cl-), 
os quais, em um concreto permeável e na presença de ar e água, destroem a 
película passivante. Os cloretos podem ser adicionados ao concreto por meio 
de aditivos, aceleradores de pega, agregados contaminados por sais e pela 
penetração de água do mar. Uma vez que a passividade da armadura não existe 
mais, a disponibilidade de oxigênio e a umidade controlam a taxa de corrosão.
Quando não há a presença de cloretos, a película protetora é estável (pH 
acima de 11,5), pois o hidróxido de cálcio — Ca(OH)2 — que está no concreto 
confere a ele a alcalinidade suficiente para manter o pH alto. Quando o concreto 
é poroso ou possui fissuras, a ação do dióxido de carbono (CO2) presente na 
atmosfera reage com o hidróxido de cálcio, formando o carbonato de cálcio 
(CaCO3). Esse processo é chamado de carbonatação do concreto e implica na 
redução do pH e na consequente destruição da passividade do aço, tornando-o 
suscetível à corrosão.
Processo de corrosão
A corrosão do aço das armaduras no concreto armado é um processo ele-
troquímico, em que um potencial elétrico é formado pela barra de aço e 
um eletrólito, o qual é um condutor elétrico e corresponde ao meio aquoso 
existente no concreto. A diferença de potencial é gerada quando os átomos 
de ferro da barra de aço entram em contato com o meio aquoso e se oxidam, 
transformando-se em íons de ferro (Fe++). Esses íons positivos se locomovem 
em direção a íons negativos, formando uma célula (pilha) de corrosão no meio 
do concreto armado, de acordo com a Figura 2. Dessa forma, a geração de 
corrente elétrica se dá pela passagem de íons do ânodo para o cátodo, pelo meio 
aquoso, e do cátodo para o ânodo, pela diferença de potencial, promovendo a 
corrosão das barras de aço.
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Denomina-se pilha qualquer dispositivo no qual uma corrente elétrica é gerada pelo 
fluxo de elétrons provenientes de uma reação química de oxirredução.
O polo positivo da pilha é o cátodo: o eletrodo no qual há reação de redução (ganho 
de elétrons). O polo negativo da pilha é o ânodo: o eletrodo no qual há reação de 
oxidação (perda de elétrons). Os elétrons saem do polo negativo (ânodo) e vão para 
o polo positivo (cátodo) da pilha.
Figura 2. Célula de corrosão formada no concreto armado.
Fonte: Souza e Ripper (1998).
Os íons positivos de ferro (cátions Fe++), quando reagem com os íons 
negativos da água (ânions OH-), geram o hidróxido ferroso — Fe(OH)2. Ele 
possui cor amarelada e é depositado no ânodo (zona anódica/corroída). No 
cátodo (zona catódica/não corroída), é depositado o hidróxido férrico — 
Fe(OH)3, que possui cor avermelhada. Essas duas substâncias são indícios 
claros de corrosão do aço.
É importante salientar que a reação que ocorre na zona anódica (ionização 
do ferro da armadura) só continuará acontecendo se o fluxo de elétrons (e-) 
do ânodo para o cátodo continuar existindo. Para isso, é necessário que haja 
a presença simultânea de ar (CO2) e água na superfície da zona catódica 
(Figura 2).
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Degradação das estruturas por corrosão das armaduras
A corrosão do aço das armaduras avança a partir da superfície da barra em direção 
ao seu interior, onde ocorre a gradativa substituição da seção de aço por ferrugem. 
A corrosão do aço das armaduras pode levar ao aparecimento de manchas no 
concreto, mas a sua consequência mais grave é relacionada à expansão.
A Figura 3 apresenta as fases que envolvem o processo de degradação das 
estruturas de concreto devido à corrosão das armaduras. A ação dos agentes agres-
sivos (A) se dá pela presença de cloretos (Cl-) no próprio concreto ou pela entrada 
de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. As barras de aço estão confinadas 
ao concreto e, quando há corrosão, a primeira grande consequência é a perda 
de aderência entre o aço e o concreto, comprometendo o elemento estrutural. A 
continuidade da corrosão gera a expansão da barra, por meio da ferrugem que 
pressiona o concreto, o qual vai fissurar (B) e se desintegrar (C) ao longo do tempo.
Figura 3. Fases do processo de corrosão de uma barra de armadura: (a) acesso do agente 
agressivo ao concreto, (b) fissuras pela expansão da barra e (c) perda da seção da armadura 
e destruição do concreto que a envolve.
Fonte: Adaptada de Souza e Ripper (1998).
As estruturas mais suscetíveis à corrosão são aquelas que estão em cons-
tante molhagem e secagem, principalmente quando essa água estiver conta-
minada com sais. Para que não exista a corrosão, portanto, é preciso e que a 
carbonatação do concreto seja limitada, de forma que o pH se mantenha alto 
(meio alcalino) e os agentes agressores (cloretos) não atinjam as armaduras. 
Para uma carbonatação mínima, deve haver um controle da porosidade do 
concreto, bem como uma manutenção adequada das tensões ao longo de sua 
vida. Nesse sentido, deve haver um controle da permeabilidade do concreto, 
bem como dos materiais que o compõem (aditivos e agregados), de modo que 
os cloretos não causem danos. O aparecimento de fissuras no concreto, nesse 
contexto, pode tanto ser uma consequência do processo de corrosão, como 
também a sua causa, quando as fissuras surgem por outros motivos (recalque 
de fundações, variação da temperatura) e expõem a armadura ao ambiente.
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Desagregação do concreto e eflorescência
As manifestações patológicas nas estruturas de concreto armado costumam 
dar indícios de quando as coisas não vão bem e, de maneira geral, é fácil de 
visualizá-las. Além das fi ssuras, a desagregação do concreto e a efl orescência 
são manifestações bastante comuns.
Define-se como desagregação a separação física do concreto, por meio 
de placas ou fatias, em que ocorre a perda da sua função ligante, podendo 
ele se desprender do resto da estrutura. Os motivos pelos quais o concreto se 
desagrega podem ser vários: corrosão das armaduras, ataque por sulfatos e 
reação álcali-agregado — que são fenômenos associados a reações químicas 
expansivas. Pode ocorrer também pelo aumento do volume, quando o concreto 
absorve água, ou ainda devido a movimentações estruturais e choques. É 
possívelafirmar que a desagregação do concreto tem como uma de suas causas 
a fissuração, possuindo, na maioria dos casos, os mesmos fatores de origem 
(deficiência de projeto, reações expansivas). Quando ocorre a desagregação do 
concreto, a capacidade de resistir aos esforços pela estrutura fica comprometida.
A eflorescência é o fenômeno resultante da lixiviação do concreto, perce-
bido por meio da mudança de cor da área afetada, a qual fica esbranquiçada, 
devido à precipitação de crostas brancas de sais. Os sais que constituem a 
eflorescência resultam da degradação do concreto e do contato da estrutura 
com a água. Na Figura 4, é possível visualiza a ocorrência de eflorescência 
em uma estrutura de concreto.
Figura 4. Eflorescência em estru-
tura de concreto.
Fonte: Andrew Sabai/Shutterstock.com.
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Ataque por sulfatos
Os sulfatos podem ter sua origem em diversas fontes, como águas contaminadas 
(subterrâneas ou que contêm resíduos industriais), água do mar e também o 
próprio solo. As reações químicas envolvendo o cimento do concreto e os 
íons de sulfato causam a degradação do concreto por meio da sua expansão.
Quando ocorre a fissuração do concreto, sua permeabilidade aumenta, e 
a entrada de águas agressivas fica ainda mais facilitada, o que pode agravar 
o processo de deterioração, como a corrosão das armaduras e desagregação 
do concreto. O concreto pode ser acessado pela penetração da água da chuva 
em superfícies mal impermeabilizadas ou pela absorção da umidade.
Reação álcali-agregado
Também conhecida como reação álcali-sílica, é o resultado da interação entre 
a sílica reativa de alguns minerais presentes em agregados utilizados no con-
creto, os íons álcalis (alcalinos; Na+ e K+) e íons hidroxila (OH-) do cimento. 
A reação envolve a formação de géis de sílica que absorvem água, e a pressão 
gerada leva à expansão do agregado, causando a fi ssuração do concreto, a 
desagregação e a perda de sua resistência.
Um grande número de exemplos mostra que a reação álcali-agregado está 
relacionada, principalmente, à deterioração do concreto de estruturas loca-
lizadas em ambientes úmidos, como estruturas no mar, barragens e estacas 
de pontes.
Hidrólise e lixiviação dos componentes do concreto
Águas subterrâneas, de lagos e de rios são ditas duras quando contêm, prin-
cipalmente, alta concentração de íons de cálcio e magnésio, não agredindo os 
componentes do cimento. As águas puras ou que tenham poucas impurezas, 
como águas de condensação de neblina ou vapor, águas moles (de chuva e 
derretimento de gelo e neve) e águas ácidas, tendem a hidrolisar ou dissolver 
os elementos que possuem cálcio no concreto.
O hidróxido de cálcio — Ca(OH)2, também conhecido como cal hidratada 
— é o componente mais suscetível à hidrólise. A reação de hidrólise prossegue 
até o momento em que grande parte do hidróxido de cálcio tenha sido removida 
por lixiviação. A lixiviação do hidróxido de cálcio do concreto, além da perda 
de resistência, é indesejável por questões estéticas, pois o produto lixiviado 
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interage com o gás carbônico (CO2) presente na atmosfera, gerando a preci-
pitação de crostas brancas de carbonato de cálcio (CaCO3) na superfície das 
estruturas, conhecida como eflorescência (Figura 4). Esse acontecimento expõe 
os outros constituintes do concreto à decomposição, o que gera o aumento da 
porosidade do concreto, o qual pode vir a se desintegrar com o tempo.
Hidrólise é uma reação química em que ocorre a quebra da ligação de dada molécula 
por ação de uma molécula de água. Para o concreto, a água quebra a molécula de 
hidróxido de cálcio.
Lixiviação é a extração ou dissolução dos constituintes químicos de um sólido pela 
ação de um fluido. Para o concreto, a água extrai as moléculas de hidróxido de cálcio.
1. As causas do aparecimento de 
fissuras no concreto armado 
podem ser várias e se manifestar 
em tempos diferentes. A alternativa 
que apresenta apenas as causas que 
levam ao aparecimento de fissuras 
no concreto ainda fresco é: 
a) retração por secagem, 
projeto malfeito e dessecação 
superficial do concreto.
b) corrosão de armadura, 
movimentação de escoramentos 
e fôrmas e recalques 
diferenciais nas fundações.
c) assentamento plástico do 
concreto, movimentação de 
escoramentos e fôrmas e retração 
por secagem do concreto.
d) reações expansivas do 
cimento, corrosão de 
armaduras e assentamento 
plástico do concreto.
e) movimentação de escoramentos 
e fôrmas, dessecação 
superficial e assentamento 
plástico do concreto.
2. As armaduras se tornam vulneráveis 
ao processo de corrosão quando 
a camada protetora que existe nas 
superfícies das barras (película 
passivante) é destruída, e o aço 
vai sendo transformado em 
ferrugem. Essa película protetora 
pode ser destruída por: 
a) ação de íons agressivos (cloretos) 
e carbonatação do concreto.
b) carbonatação do concreto 
e perda de aderência.
c) ação de íons agressivos 
(cloretos) e óxido de ferro.
d) perda de aderência e 
processo eletroquímico.
e) perda de aderência e 
processo eletroquímico.
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3. Uma das formas de se evitar a 
corrosão do aço é a realização do 
controle da _________ do concreto, 
para evitar o processo de _________, 
que fará com que o pH do concreto 
_________ e ocorra a despassivação 
das armaduras. As palavras que 
preenchem corretamente as 
lacunas são, respectivamente:
a) carbonatação – 
ferrugem – diminua
b) porosidade – carbonatação 
– diminua
c) ferrugem – carbonatação 
– aumente
d) porosidade – aderência 
– diminua
e) carbonatação – ferrugem 
– aumente
4. A desagregação é uma manifestação 
patológica que pode ser observada 
frequentemente nas estruturas 
de concreto armado e consiste na 
separação física de placas ou fatias 
de concreto. Os motivos que levam à 
desagregação são vários, mas alguns 
fenômenos envolvem a formação de 
produtos expansivos, como: 
a) carbonatação e corrosão.
b) reação ácali-agregado 
e lixiviação.
c) ataque por sulfatos e 
reação álcali-agregado.
d) corrosão e lixiviação.
e) carbonatação e ataque 
por sulfatos.
5. Com relação ao fenômeno da 
eflorescência, marque a opção correta.
a) A hidrólise do hidróxido de 
cálcio é oportunizada pela 
presença de águas duras.
b) A lixiviação do concreto causa 
a expansão dos agregados.
c) Os sais esbranquiçados se 
formam por meio de reações 
químicas expansivas.
d) A reação álcali-agregado 
causa a precipitação de sais 
de cor esbranquiçada.
e) O carbonato de cálcio é uma 
consequência da lixiviação.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2014. Projeto de 
estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNR, 2014.
MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São 
Paulo: Pini, 1994.
SOUZA, V. C. M. de.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. 
São Paulo: Pini, 1998. 255 p.
THOMAZ, E. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Pini, 1989.
Patologias das estruturas em concreto armado12
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Leituras recomendadas
DAL MOLIN, D. C. C. Fissuras em estruturas de concreto armado: análise das manifes-
tações típicas e levantamento de casos ocorridos no estado do Rio Grande do Sul. 
1988. 220 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Programa de Pós-Graduação 
em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1988.
HELENE, P. R. L. Manual prático para reparo e reforço de estruturas de concreto. São 
Paulo: Pini, 1988.
VERÇOSA, E. J. Patologia das edificações. Porto Alegre: Sagra, 1991.VITÓRIO, A. Fundamen-
tos da patologia das estruturas nas perícias de engenharia. Recife: Instituto

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