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PROJETO DE ESTRADAS Fernanda Dresch Revisão técnica Shanna Trichês Lucchesi Mestre em Engenharia de Produção (UFRGS) Professora do curso de Engenharia Civil (FSG) Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147 D773p Dresch, Fernanda. Projeto de estradas / Fernanda Dresch ; [revisão técnica : Shanna Trichês Lucchesi]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. 204 p. : il. ; 22,5 cm ISBN 978-85-9502-303-1 1. Engenharia civil. 2. Estradas. I. Título. CDU 625.7 NOTA As Normas ABNT são protegidas pelos direitos autorais por força da legislação nacional e dos acordos, convenções e tratados em vigor, não podendo ser reproduzidas no todo ou em parte sem a autorização prévia da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. As Normas ABNT citadas nesta obra foram reproduzidas mediante autorização especial da ABNT. Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar tráfego rodoviário no dimensionamento de pavimentos. � Categorizar os tipos de veículos e as equivalências de cargas, além de aplicar o conceito de eixo-padrão rodoviário. � Reconhecer e calcular o número N (número equivalente de operações do eixo-padrão). Introdução No meio rodoviário, desde a fase de projeto até a fase de dimensiona- mento do pavimento, devemos considerar o tráfego presente e uma taxa de crescimento para o período de projeto. Além disso, devemos lembrar de que as cargas dos veículos são transmitidas ao pavimento por meio das rodas dos pneumáticos. Portanto, para um projeto geométrico são considerados tanto o tráfego de veículos comerciais quanto o tráfego de veículos de passageiros, constituindo o tráfego total. Já, para o efeito de dimensionamento de pavimentos, o tráfego de veículos comerciais é de fundamental importância, pois é através deste que conseguimos calcular o número de repetições de carga de um eixo-padrão para um determinado horizonte de projeto. Neste capítulo, você aprenderá as definições de tráfego rodoviário no dimensionamento de pavimentos e, também, conhecerá os tipos de veículos e as equivalências de cargas, além de aplicar o conceito de eixo-padrão rodoviário. Além disso, você vai aprender a definição e o cálculo do número N que representa o número equivalente de operações do eixo-padrão. Tráfego rodoviário no dimensionamento de pavimentos As rodovias são classificadas em função de sua importância e do tipo de tráfego a qual deverá suportar. Dessa forma, muitos tipos de pesquisa devem ser realizados para a identificação do tráfego no trecho. Para tanto, deve-se elaborar o objetivo do estudo de tráfego, que pode ser através de pesquisas para identificar o tráfego existente na rodovia ou por meio de pesquisas, objetivando estimar um tráfego futuro. Assim, quando falamos em rodovias, um dos principais elementos utilizados para determinar as suas futuras características físicas e estruturais é o tráfego que essa irá suportar. Ao iniciarmos um projeto geométrico de estradas de rodagem, este é condicionado, principalmente, pelo tráfego previsto para circular nela. É através do tráfego que conseguimos estabelecer a classe de projeto de uma estrada e, assim, o adequado dimensionamento de todos os elementos. Dessa forma, entre os principais aspectos que devemos considerar na classificação técnica de uma estrada está o aspecto operacional, que depende, basicamente, da demanda de tráfego, isto é, do volume de tráfego, além dos aspectos da oferta, como a capacidade de tráfego da rodovia. Sendo assim, no estudo do tráfego rodoviário, de acordo com o Manual de Estudos de Tráfego do DNIT (BRASIL, 2006) são comuns as definições de volume de tráfego, VDM, volume diário de tráfego e capacidade de tráfego de uma faixa. Para o dimensionamento de pavimento, em específico, são mais importantes o volume de tráfego e o VMD. Dependendo do objetivo do estudo, o volume do tráfego pode ser referido a um ou dois sentidos do movimento, em que os volumes mais utilizados são o volume total anual e o próprio VMD anual. O volume anual, sendo a quantidade total de veículos que passa em uma rodovia durante o período de um ano, é mais utilizado quando se deseja estimar a receita para a implantação de pedágios, ou, ainda, quando se quer determinar o índice de acidentes e, também, estudar as tendências de crescimento do volume visando determinar o volume de tráfego no ano-horizonte de projeto. Já, o VMD corresponde a quantidade média de veículos que trafega em uma determinada seção da rodovia durante o dia. Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações134 Além do volume do tráfego, que é necessário para que tenhamos noção da capacidade de escoamento do tráfego, esta corresponde ao número máximo de veículos que pode passar por uma determinada seção, em uma direção ou em ambas, durante a unidade de tempo, nas condições normais de tráfego e da via. Por sua vez, a capacidade da via depende de quanto as condições físicas e de tráfego se distanciam das condições consideradas como ideais. Entre as condições físicas estão a largura da faixa de tráfego, a qual deve ter dimen- sões de acordo com a classe da rodovia a ser projetada associada ao relevo da região, bem como a existência de acostamento e canteiro central, existência de faixas especiais de aceleração, desaceleração e de retorno nos cruzamentos e, ainda, um pavimento em boas condições de uso e com rampa máxima de 2%. De acordo com o DNIT (BRASIL, 2006), a determinação da capacidade de uma via quantifica o seu grau de suficiência para acomodar os volumes de trânsito existentes e previstos, permitindo a análise técnica e econômica de médias que assegurem o escoamento de volumes em condições aceitá- veis, sendo expressa pelo número máximo de veículos que pode passar por uma determinada faixa de tráfego durante um período de tempo estipulado. Além disso, embora seja um dado básico, a capacidade por si só não traduz plenamente as condições de utilização da via pelos usuários, pois se refere somente ao número de veículos que pode circular e ao intervalo de tempo dessa circulação. Portanto, no sentido de melhor traduzir a utilização da via pelo usuário, foi criado o conceito de níveis de serviço, que possibilita a avaliação do grau de eficiência do serviço oferecido pela via. No manual do DNIT (BRASIL, 2006) constam os seis níveis designados pelas seis primeiras letras do alfabeto, em que o nível A corresponde a melhor condição de operação, com fluxo livre, baixa densidade de tráfego e veloci- dade controlada pelo motorista conforme limites da via e condições físicas, passando em seguida para o nível B em que o fluxo é estável e os motoristas ainda têm condições de ultrapassagem. Já o nível C representa maiores acrés- cimos de fluxo, e que apesar de o fluxo ainda se manter estável, a seleção de velocidade já é afetada pela presença de outros veículos com velocidades e ultrapassagens controladas pelo alto volume de tráfego. O nível D descreve um fluxo instável com velocidade de operação afetada e manobras muito restritas, enquanto o nível E corresponde ao nível de capacidade, ou seja, as condições operacionais da via se encontram na capacidade ou muito próximo dela. As velocidades são reduzidas e apresentam condições operacionais instáveis, não tendo condições para ultrapassagem. Por fim, o nível F representa o fluxo muito congestionado. Este apresenta fluxo forçado, velocidades baixas e com 135Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações volumes acima da capacidade da via. Em situações extremas, as velocidades e o fluxo podem ser reduzidos a zero. Leia mais sobre o tráfego rodoviário na obra Manual de Estudos de Tráfego (BRASIL, 2006). Tipos de veículos, fator de equivalência de carga e eixo-padrão rodoviário A composiçãodo tráfego é feita por veículos que diferem entre si quanto ao tamanho, peso e velocidade, a qual corresponde à medida, em porcentagem, dos diferentes tipos de veículos que a formam. Esses veículos, geralmente, são classificados como leves e pesados. Os veículos leves (carros de passeio e utilitários) são importantes para a capacidade viária, no entanto, em geral, são desconsiderados no dimensiona- mento estrutural de pavimentos. Já, os veículos pesados, mais lentos e ocupando maior espaço na pista, interferem na mobilidade dos outros veículos, o que acarreta em uma diminuição da vazão de tráfego. De acordo com Medina (1997), a mecânica dos pavimentos corresponde a uma área da engenharia civil a qual estuda os pavimentos como sistemas em camadas e sujeitos às cargas dos veículos. Estas cargas são transmitidas ao pavimento por meio do contato entre os pneus dos veículos e o revestimento do pavimento. Faz-se o cálculo de tensões, deformações e deslocamentos, e verifica-se o número de aplicações de carga que leva o revestimento asfáltico ou a camada cimentada à ruptura. Por isso, é importante que saibamos qual é o número de aplicação de carga relacionado a cada eixo rodoviário. Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações136 Os eixos são divididos em simples e tandem, os simples correspondem a um conjunto de duas ou mais rodas, cujos centros estão em um plano trans- versal vertical ou podem ser incluídos entre dois planos transversais verticais, distantes de 100 cm, se estendendo por toda a largura do veículo. Já os eixos são classificados como tandem quando dois ou mais eixos consecutivos, cujos centros distam 100 a 240 cm, são ligados a um dispositivo de suspensão que distribui a carga igualmente entre os eixos. Entre simples e tandem, os eixos são ainda divididos em quatro classificações: Eixo Simples de Rodas Simples (ESRS), Eixo Simples de Rodas Duplas (ESRD), Eixo Tandem Duplo (ETD) e Eixo Tandem Triplo (ETT), conforme é apresentado na Figura 1. Figura 1. Tipos de Eixos Rodoviários. Fonte: Balbo (2007). Eixo tandem duplo (ETD) 1810 1810 13 60 13 60 13 60 1810 1810 340 340 340 Eixo tandem triplo (ETT) Eixo simples de rodas simples (ESRS) Eixo simples de rodas duplas (ESRD) Além disso, é importante lembrar de que cada veículo comercial deve obedecer a certos limites e cargas por eixo, as quais não podem ser superiores a determinados valores, segundo a legislação em vigor, conforme consta na Figura 2. 137Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações Figura 2. Tabela com cargas máximas legais. Fonte: CONTRAN (2006). Con�guração do semieixo Descrição do eixo Limite do Peso Bruto (kg) 1 6.000eixo simples isolado dois eixos simples (direcional) dois eixos simples (pneus extralargos) três eixos simples (pneus extralargos) eixo simples de quatro rodas dois eixos de quatro rodas (em tandem) dois eixos de quatro rodas três eixos em tandem de quatro rodas conjunto de dois eixos (especial) 12.000 17.000 10.000 17.000 15.000 25.500 13.500 25.500 2 3 4 5 6 7 8 9 Portanto, o efeito de um caminhão ou ônibus, que são os veículos comer- ciais, é equivalente ao efeito de mais de um veículo leve, por exemplo. Em virtude disso, é comum adotarmos um fator de equivalência entre cargas para transformar um volume misto em um volume equivalente de veículo de projeto, em que se observa, para estruturas idênticas de pavimento, os efeitos destrutivos ocasionados ao longo do tempo, por veículos diferentes, que são desiguais, surgindo então um critério comparativo entre veículos, conforme afirma Balbo (2007). Yoder e Witczak (apud BALBO, 2007) indicam que os fatores de equivalência de cargas definem o dano causado pela passagem de um veículo qualquer, para um tipo específico de pavimento, em relação ao dano causado pela passagem de um veículo, arbitrariamente tomado como padrão, para o mesmo tipo de pavimento considerado. Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações138 O DNIT (BRASIL, 2006) apresenta no manual Quadro de Fabricantes de Veículos, uma classificação dos veículos comerciais que circulam no país e suas características especí- ficas conforme os diversos fabricantes instalados no Brasil. A classificação dos veículos adotada pelo DNIT, conforme o exemplo da Figura 3, apresenta as configurações básicas de cada veículo ou combinação de veículos, bem como o número de eixos, seu PBT (Peso Bruto Total) máximo e sua classe. Entende-se por configuração básica a quantidade de unidades que compõem o veículo, os números e grupos de eixos, independentemente da rodagem, sendo essa é definida pela quantidade de pneu- máticos por eixo. As diversas classes são representadas por um código alfanumérico, por exemplo, 2S3. No código adotado, o primeiro algarismo representa o número de eixos do veículo simples ou da unidade tratora, enquanto que o segundo algarismo, caso exista, indica a quantidade de eixos da(s) unidade(s) rebocada(s). Figura 3. Alguns veículos adotados na classificação do DNIT. Fonte: DNIT (BRASIL, 2006). SILHUETA Nº DE EIXOS PBT/CMT MÁX.(t) CARACTERIZAÇÃO CLASSE 2 E1 E2 d12 E1 E2 E3 E1 E2 E3 E1 E2 E3 E4 E1 E2 E3 E4 E1 E2 E3 E4 d12 d23 d12 d23 d12 d23 d34 d12 d23 d34 d12 d23 d34 3 3 4 4 4 16(16,8) 23(24,2) 26(27,3) 31(33,1) 29(30,5) 33(34,7) 2C 3C 4C 4CD 2S1 2S2 CAMINHÃO E1= eixo simples (ES), rodagem simples (RS), cada máxima (CM) = 6t ou capacidade declarada pelo fabricante do pneumático E2 = E2, rodagem dupla (RD), CM = 10t d12≤3,50m CAMINHÃO TRUCADO E1 = ES, RS, CM = 6t E2E3 = ES, conjunto de eixos em tandem duplo TD, CM = 17t d12>2,40m 1,20m < d23 ≤ 2,40m CAMINHÃO TRATOR + SEMI REBOQUE E1 = ES, RS, CM = 6t E2 = ED, RD, CM = 10t E3 = ED, RD, CM = 10t d12, d23 > 2,40m CAMINHÃO SIMPLES E1 = ES, RS, CM 6t E2E3E4 = conjunto de eixos em tandem triplo TT; CM = 25,5t d12>2,40 1,20 < d23, d34 ≤ 2,40m CAMINHÃO DUPLO DIRECIONAL TRUCADO E1E2 = conjunto de eixos direcionais CED, CM = 12t E3E4 = TD, CM = 17t 1,20m < d34 ≤ 2,40m CAMINHÃO TRATOR + SEMI REBOQUE E1 = E2, RS, CM 6t E2 = ED, RD, CM 10t E3E4 = TD, CM = 17t d12, d23 > 2,40m 1,20m < d34 ≤ 2,40m 139Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações As letras apresentadas são: � C para veículo simples (caminhão ou ônibus) ou veículo trator + reboque. � S para veículo trator (cavalo mecânico) + semirreboque. � I para veículo trator + semirreboque com distância entre eixo maior que 2,40 m. � J para veículo trator + semirreboque com um eixo isolado e um eixo em tandem. � D para combinação dotada de duas articulações. � T para combinação dotada de três articulações. � Q para combinação dotada de quatro articulações. � X para veículos especiais. � B para ônibus. Além dessas classes de veículos comerciais são incluídas as definições usuais para veículos leves, onde P é carro de passeio, U é veículo utilitário, M são motocicletas e B são as bicicletas. Sendo assim, através da obtenção de dados de volume, tendo a quantidade total de veículos comerciais que trafegarão na faixa de rolagem da via ao longo do período de projeto, precisamos transformar as solicitações dos veículos comerciais em solicitações de um eixo-padrão. O conceito de eixo-padrão rodoviário é bastante simples e é representado pelo ESRD com características definidas, ou seja, deve apresentar 80 kN de carga, sendo 20 kN por roda, com pressão de inflação dos pneus de 0,55 MPa ou 80 lb/in2, pressão de contato pneu-pavimento de 5,6 kgf/cm2, raio da área de contato pneu-pavimento de 10,8 cm e afastamento entre pneus por roda de 32,4 cm. Assim, poderemos realizar a transformação de solicitações. Para tanto, precisamos entender o que fora realizado em um dos mais importantes expe- rimentos rodoviários da história: a AASHO Road Test, através do conceito de equivalência de cargasou Fator de Equivalência de Cargas (FEC). O FEC é obtido através da relação entre o número de repetições de carga de um eixo-padrão pelo número de repetições de carga de um eixo qualquer, em que, caso o eixo qualquer seja mais pesado que o eixo-padrão, e ambos possuírem a mesma geometria, resulta em um FEC maior que 1,0. O FEC é calculado por meio de equações específicas para cada tipo de eixo, em função da carga dos veículos, a qual é obtida através de pesagens, e de acordo com o mecanismo de ruptura que foi assumido. Para Albano (2005), as cargas por eixo provocam efeitos destrutivos nos pavimentos e reduzem a vida remanescente dos mesmos. Os FEC por eixo são utilizados para fazer conversões em deslocamentos de eixo-padrão diante das diversas magnitudes das cargas por eixo e das diferentes configurações dos Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações140 conjuntos de eixos. Dessa forma, o Fator de Eixos (FE) é um parâmetro que multiplicado pela quantidade total de veículos de carga fornece a quantidade de conjuntos de eixos da frota. O FE interfere no cálculo do número N, sendo importante destacar que as alterações do FE, quando consideradas as situações de com e sem pesagem, são insignificantes. Para calcularmos o FEC precisamos conhecer e assumir qual o critério de ruptura iremos considerar no dimensionamento do pavimento, qual o tipo de eixo e sua frequência de ocorrência e qual o peso do eixo e sua frequência de ocorrência. A AASHTO assume o mecanismo de ruptura em função da perda de serventia. Por meio disso, é que dimen- sionamos uma restauração de pavimentos peloo PRO 11/79, por exemplo. Já a USACE e, também, o DNER e o DNIT, assumem o afundamento plástico no subleito a partir da ruptura por cisalhamento do subleito e demais camadas abaixo do revestimento como mecanismo de ruptura. Essa metodologia é utilizada no dimensionamento de pavimentos novos pelo Método do DNER. Portanto, não devemos confundir os FEC’s da AASHTO e da USACE, pois eles assumem mecanismos de ruptura distintos. Número equivalente de operações do eixo-padrão Para efeito de dimensionamento de pavimentos, existem dois parâmetros de grande interesse: � o número de eixos que solicitam o pavimento durante o período de projeto (n); � o número de repetições de carga equivalente a um eixo-padrão de 8,2 t, que corresponde ao eixo-padrão rodoviário (N). O número N é o parâmetro mais importante na maioria dos métodos de dimensionamento de pavimentos. Ele representa o número de repetições de carga de um eixo-padrão a que o pavimento estará sujeito ao longo de sua vida útil (período de projeto), ou seja, ele indica a soma do potencial destrutivo de todos os eixos que passarão sobre o pavimento durante o período de projeto, incluindo as diferentes configurações de eixos e pesos expresso em relação ao eixo-padrão. 141Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações Existem duas formas de calcular esse número N, por meio de um cresci- mento linear do tráfego e por um crescimento geométrico do tráfego, sendo que o mais usual é utilizarmos o crescimento linear, representado pela equação: N = 365. VDM .[ ](1 + P.t)2 - 12 t . FV . Ff . Fs . Fd . Fr Onde o VDM é obtido por meio de contagens e corresponde ao Valor Diário Médio, o P simboliza o período de projeto e o t representa uma taxa de crescimento correspondente, normalmente, a 3% a.a. O Fator de Veículo (FV) é o índice representativo do potencial destrutivo médio dos veículos comerciais que trafegam na rodovia em relação ao eixo- -padrão. O FV é obtido através da equação: FV = ∑ (pi(%) × FECi,p) 100 n i = 1 Onde o pi representa a relação entre o número de eixos e o número de veículos comerciais amostrados. Dessa forma, o FV representa o quanto cada veículo comercial solicita com valor de potencial destrutivo comparado ao potencial do eixo-padrão. O Fator de frota (Ff) representa a porcentagem de veículos do VDM com- postos por veículos comerciais. O Fator de sentido (Fs), por sua vez, corresponde a porcentagem dos veículos do VDM que trafegam em um sentido, ou seja, vias com um sentido têm Fs igual a 1,0, enquanto as vias com dois sentidos têm Fs igual a 0,5. O Fator de distribuição (Fd) é a porcentagem dos veículos comerciais que trafegam na faixa mais carregada, sendo esta, normalmente, a faixa da direita. E por fim, o Fator regional (Fr) considera a variação da umidade dos materiais constituintes do pavimento durante o ano. Normalmente, adotamos Fr = 1,0, diante dos resultados de pesquisas desenvolvidas pelo IPR/DNER. Nn = 365 TMDA × FV × FR × FD Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações142 Ao nos depararmos com determinada amostragem de veículos comerciais pesados, por exemplo, sendo estes de ESRD, ETD e ETT, resultando em um FV de 2,36, significa que cada veículo comercial solicita o potencial destrutivo de 2,36 vezes o potencial do eixo-padrão. Além disso, para calcular o número de repetições de carga de um eixo-padrão de 80 kN, para um horizonte de projeto de 10 anos (P = 10), com base nos fatores de equivalência de cargas do DNER para um perfil de tráfego com dados de VDM de 1.300 veículos no ano de abertura da via, sendo essa via com dois sentidos de tráfego, resultando em um Fs de 0,5 distribuição do VDM e composta por 65% de veículos comerciais (Fs = 0,65), crescimento do tráfego linear com taxa anual de 3% (t = 0,03), distribuição por faixa dos veículos comerciais de 80% na faixa mais carregada (Fd = 0,8) e fator regional igual a 1,0. Ao inserirmos esses valores na fórmula do número N, obtemos um valor representativo de, aproximadamente, 3,35 x 106 solicitações, sendo este o valor de N utilizado para cálculo de dimensionamento de pavimentos flexíveis. 1. Sobre o tráfego rodoviário no dimensionamento de pavimentos, marque a resposta correta: a) o volume anual, sendo a quantidade total de veículos que passa em uma rodovia durante o período de um dia é mais utilizado quando se deseja estimar a receita para a implantação de pedágios. b) um dos principais elementos utilizados para determinar as futuras características físicas e estruturais de um pavimento é identificar o tráfego que essa irá suportar. c) é através do da classe das rodovias que conseguimos estabelecer a trafego de projeto de uma estrada e, assim, o adequado dimensionamento de todos os elementos. d) entre os principais aspectos que devemos considerar na classificação técnica de uma estrada está, a capacidade de faixas de trafego, visto que esta depende, basicamente, da demanda de tráfego. e) as rodovias são classificadas em função do tipo de revestimento e não em relação ao tipo de tráfego. Desta forma, diversos são os tipos de pesquisa que se deve realizar para a identificação do tráfego no trecho. 2. Com relação aos fatores que são utilizados para o cálculo no número N, marque a resposta correta: a) o Fator de frota (Ff), representa o quanto cada veículo comercial solicita com valor de potencial 143Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações destrutivo comparado ao potencial do eixo padrão. b) o Fator de Veículo (FV) é o índice representativo do potencial destrutivo médio dos veículos comerciais que trafegam na rodovia em relação ao eixo padrão. c) o Fator de sentido (Fs), é a porcentagem dos veículos comerciais que trafegam na faixa mais carregada, sendo esta, normalmente, a faixa da direita. d) o Fator de distribuição (Fd), considera a variação da umidade dos materiais constituintes do pavimento durante o ano. e) e o Fator regional (Fr), representa a porcentagem de veículos do VDM compostos por veículos comerciais. 3. Sobre o conceito de eixo- padrão rodoviário: a) representado pelo ESRS. b) representado pelo ESRD. c) eixo Simples Isolado. d) representado pelo ETD. e) representadopelo ETT. 4. Sobre o Fator de Equivalência de Cargas (FEC), marque a alternativa correta: a) o FEC é obtido através da relação entre o número de repetições de carga de um eixo qualquer pelo número de repetições de carga de outro eixo qualquer. b) o FEC é calculado por meio de equações geral para todos os tipos de eixo, em função do número e da carga de veículos. c) o Fator de Eixos (FE) é um parâmetro que multiplicado pela quantidade total de veículos de carga fornece a quantidade de conjuntos de eixos da frota. d) os FEC por eixo não são utilizados para fazer conversões em deslocamentos de eixo padrão diante das diversas magnitudes das cargas por eixo e das diferentes configurações dos conjuntos de eixos. e) o FE não interfere no cálculo o número N, onde é importante destacar que as alterações do FE, quando se consideram as situações de com e sem pesagem são insignificantes. 5. Com relação as alternativas abaixo, marque a resposta CORRETA: a) para efeito de dimensionamento de pavimentos, existem apenas um método de grande interesse: O número de tráfego que solicitam o pavimento. b) o número N é um parâmetro relevante na maioria dos métodos de dimensionamento de pavimentos. c) o número N representa o número de repetições de carga de um eixo padrão a que o pavimento estará sujeito ao longo de sua vida útil. d) o número N exprime a divisão do potencial destrutivo de alguns dos eixos que passarão sobre o pavimento durante o período de projeto, incluindo as diferentes configurações de eixos e pesos, expresso em relação ao eixo padrão. e) existe uma forma de calcular esse número N, através de um crescimento linear das repetições de carga. Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações144 ALBANO, J. F. Efeitos dos excessos de carga sobre a durabilidade de pavimentos. 232 p. 2005 Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. BALBO, J. T. Pavimentação asfáltica: materiais, projeto e restauração. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. BRASIL. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Manual de estudos de tráfego. Rio de Janeiro: DNIT 2006. (IPR Publicação, 723). BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito, Resolução nº 21. Brasília: CONATRAN. Novem- bro, 2006. MEDINA, J. Mecânica dos pavimentos. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1997. Leitura recomendada BERNUCCI, L. B. et al. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. 3. ed. Rio de Janeiro: PETROBRAS; ABEBA, 2010. 145Tipos de veículos, tráfego, equivalência de cargas e definição do número de solicitações Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. 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