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UNIFACEX CURSO DIREITO DISCIPLINA: DIREITO CIVIL III. ACADÊMICO(A): MELLANIE KALIANNY PAIVA MARTINS TURMA: DIR4MA As respostas aos questionamentos abaixo, deverão ser devolvidas pelo sistema AVA, até o dia da primeira avaliação. O trabalho deverá conter nome, turma e deverá indicar a referência bibliográfica alvo da consulta para formular as respostas. Cada pergunta deverá conter um mínimo de 10 linhas. Caso sejam respondidas fora da forma solicitada, a questão não terá correção. Por fim, bom salientar que o presente trabalho valerá 3,00 pontos. 1) Explique o que se entende por função social dos contratos. Segundo a doutrina como se perfaz na prática o princípio? 2) Quais são as regras aplicáveis em decorrência do princípio da força obrigatória dos contratos (Pacta Sunt Servanda)? O princípio comporta alguma exceção? 3) Explique, sucintamente, quais são os deveres anexos de conduta, decorrentes do princípio da boa-fé objetiva. 4) Quais são os requisitos de existência do contrato? Discorra. 5) Na fase de formação dos contratos quais são as teorias citadas pela doutrina acerca da formação do consenso nos contratos propostos entre pessoas ausentes? 6) Quais são as semelhanças e diferenças existentes entre as estipulações em favor de terceiro e o contrato com pessoa a declarar? RESOLUÇÕES: Questão 1 – A ideia da função social dos contratos, se materializa através do nosso Código Civil, mais precisamente em seu artigo 421, que atesta: “A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.”. Tal princípio é também reconhecido como sendo o “Princípio da Supremacia da Ordem Pública”, que traz em seu âmago o entendimento de que a liberdade contratual é limitada no tocante ao que se tem por interesse público, ou seja, o interesse social ou da sociedade se sobrepõe a ponto de prevalecer sobre os interesses individuais. De forma que isto, não implica de forma alguma em diminuições de garantias ou interferência no “pacta sunt servanda”, posto que o princípio supracitado, não contesta o Princípio da Autonomia Contratual, apenas trata de atenuar e até delimitar o campo de sua atuação em casos em que haja oposição a interesses coletivos ou metaindividuais. O princípio atinge seu escopo de função social, na altura em que o contrato não transgride o interesse coletivo e respeita a dignidade da outra parte. Na prática, a omissão do valor social do contrato, conforme salienta Reale (2003): “[...] implicaria o esquecimento do papel da boa-fé na origem e execução dos negócios jurídicos, impedindo que o juiz, ao analisá-los, indague se neles não houve o propósito de contornar ou fraudar a aplicação de obrigações previstas na Constituição e na Lei Civil.”; de forma que, tal princípio não colide com a liberdade e autonomia de avençar contratos, apenas este assegura que seja válido e consequentemente eficaz. Questão 2 – O Princípio da Obrigatoriedade dos Contratos, comumente conhecido como “pacta sunt servanda”, trata exatamente do que é proposto em seu título “os pactos devem ser cumpridos”. Desta forma, é fixado que os contratos e/ou suas cláusulas contratuais devem ser cumpridas como “força de lei” entre as partes negociantes. Entretanto com o advento da ruptura do entendimento individualista acerca dos contratos, houve uma relativização e a observância da cláusula “rebus sic standibus” (teoria da imprevisão), trazendo consigo a apreciação contratual pautada nas necessidades sociais do coletivo social, possuindo assim o intuito de dirimir situações de desequilíbrio contratual, subjugando, de certa forma, a força obrigacional presente em avenças contratuais em detrimento da proteção do bem comum e consequentemente a função social presente na seara contratual, quando este se fizer necessário para que se faça valer a equidade no âmbito judicial. Existindo, dessa forma, duas maneiras de “desobrigação”, são elas: a revisão contratual (art. 317 CC, art. 478 CC) e a exceção do contrato não cumprido (art. 476 CC, art. 477 CC). Questão 3 – O Princípio da boa-fé objetiva, versa sobre a convicção que o indivíduo possui acerca de sua demanda, ou seja, a certeza da justiça no que tange ao seu direito, ao que postula, etc. No Código Civil, é possível identificar mais de 50 citações para “boa- fé”, logo no artigo 113 temos: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.”; já o artigo 187, que compõe a seção de atos ilícitos nos diz que: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”; e por fim, temos o artigo 422, fundamento basilar da seara contratual, que traz: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”. A importância de tal princípio é evidenciada ao longo do ordenamento jurídico, o que faz gerar a padronização da postura dos indivíduos perante uma situação contratual ou postulatória de direitos diante da justiça. Postura esta, que evoca a ação conforme “combinado” contratualmente, frente a um negócio jurídico. Consonante com o supracitado, o Desembargador Rui Portanova, em um julgamento do Agravo de Instrumento nº 70012352811, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, atestou que: “A cláusula geral da boa-fé objetiva é a técnica legislativa que se constitui em instrumento que possibilita o cotejo das relações jurídicas obrigacionais não mais sob o ângulo da descrição puramente legal ou da tutela do interesse individual, mas sob o influxo da finalidade social e ética da obrigação, tanto do objeto da relação, quanto daqueles que se obrigam”. Dessa forma, conclui-se que a boa-fé objetiva nada mais é que um instrumento, através do qual, se mantém a ética processual, anexando a esta os deveres de respeito, lealdade, cuidado em relação ao outro polo, confiabilidade, probidade, cooperação, honestidade, razoabilidade e equidade. Questão 4 – Para a existência de um contrato válido, são requisitados no artigo 104 CC os seguintes pontos: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei. Por ser necessariamente um negócio jurídico bilateral (posto que não é possível ser credor e devedor, simultaneamente, de si – admitindo-se apenas o autocontrato) , é necessária a capacidade das partes (capacidade e legitimidade), o acordo de vontades (ou consentimento entre as partes), idoneidade do objeto (lícito, possível, determinado ou determinável), causa (representada por controvérsias; pelo resultado objetivo pleiteado por ambas as partes ao estipular tal avença; e razão que determina a ação que impele as partes para a celebração contratual), forma (trata de seguir as definições conforme proposto em lei, acerca de satisfazer todos os requisitos, exemplo: escrito e prazo de cinco anos), transitoriedade (posto que todo contrato nasce com a finalidade de satisfazer-se em si mesmo, de forma que é efêmero, podem até ser duradouro, mas nunca permanente como os direitos reais) e valor econômico (para que em caso de descumprimento contratual, possa o inadimplente ser responsabilizado patrimonialmente por sua dívida). Questão 5 – O contrato entre pessoas ausentes ou inter absentes, é aquele que se dá por meio indireto, ou seja, por meio de fax, correio eletrônico (e-mail), carta ou intermediários; o que pode levar a certa demora para que se chegue até o conhecimento da parte que o propõe. Por não ser instantânea, acaba por dificultar em demasia o conhecimento do momento exato em que a avença é feita. Dessa forma, foram elaboradas duas teorias com o intuito de explicar tal momento (conclusão da avença): Teoria da Informação ou Cognição e Teoriada Declaração ou Agnição, sendo que da última subdivide-se mais três sub-teorias: a da declaração propriamente dita, da expedição e da recepção. A da informação dispõe que considera-se aceito o contrato apenas quando o aceite da parte, chega ao conhecimento da parte proponente. Já a da declaração, não é necessário que a resposta chegue a parte propositora, isto é dispensado. Na declaração propriamente dita, só é possível a formação o contrato, quando o aceite é através da redação de sua resposta. Na expedição, além de redigida necessita também ser expedida, para que seja considerada a avença das partes. E por fim, a da recepção que é necessário que além de redigida e expedida, a resposta seja recebida, constando assim a avença no momento de seu recebimento. Questão 6 – Nos contratos em que há a estipulação em favor de terceiro, a figura de um terceiro surge apenas como beneficiado, não é parte atuante para celebrar o contrato em si, apenas colhe seus “frutos”; podendo este, exigir o cumprimento de determinada estipulação em seu favor (caso não haja convenção em contrário), exemplo: seguro de vida (Art. 436 CC). Já no contrato com pessoa a declarar, a existência do terceiro é amplificada pela indicação de uma das partes para que este possa assumir a posição jurídica em seu lugar (pro amico eligendo), caso queira. Assumindo assim, as obrigações e os direitos inerentes ao negócio, no caso da aceitação (Art. 467 CC). A semelhança entre ambas, é de que nas duas é evidenciada a presença de um terceiro individuo, sujeito este que atua de diferentes formas (a saber cada qual) nos contratos “assumidos”. BIBLIOGRAFIA BEVILAQUA, Newton. Direito das obrigações: pacta sunt servanda. 2018. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/65895/direito-das-obrigacoes-pacta-sunt- servanda. Acesso em: 29 mar. 2020. BORNHOLDT, Rodrigo Meyer; GLITZ, Frederico Eduardo Zenedin. Novo Código Civil e revisão dos contratos. 2018. Disponível em: https://fredericoglitz.adv.br/2018/05/29/novo-codigo-civil-e-revisao-dos-contratos/. Acesso em: 29 mar. 2020. BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 29 mar. 2020. ESCOLA BRASILEIRA DE DIREITO. 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