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110 1 Prof. Rodrigo Andres de Souza Penaloza Período antigo ou lendário Aula 1 110 2 Introdução aos manuscritos, comacinos e Collegia 110 3 Todas as nossas constituições, estatutos, leis, regulamentos e jurisprudências, de um modo ou de outro, remontam às Antigas Obrigações Tradição Importância 110 4 Outros nomes: manuscritos antigos, antigas constituições, lenda da corporação (Legend of the Craft), manuscritos góticos, old records etc. O que são as Antigas Obrigações? 110 5 São documentos antigos que chegaram a nós – datados do século XIV – em que estão incorporados a história tradicional, as lendas, as leis e regulamentos da Maçonaria 110 6 Classificação dos MMS (127), fim do século XIV a meados do século XVIII: A – MS Regius (1) B – Família Cooke (3) C – Família Plot (6) T – Família Tew (9) Janela de tempo 110 7 D – Família Grand Lodge (53) E – Família Sloane (21) F – Família Roberts (6) G – Família Spencer (6) H – Sem família (8) X – Desaparecidos (14) 110 8 Edito de Rothari (643) MS Regius (c. 1390) MS Cooke (c. 1450) Ordenações de Torgau (1462) MS Strasbourg (c. 1464) MS Watson (c. 1535) 110 9 MS Lansdowne (1560-1600) Estatutos Schaw (1º e 2º) (1598 e 1599) Cartas patentes de St. Claire (1º e 2º) (1601 e 1628) MS Harleian (início do século XVII) MS Sloane 3848 (1646) MS Inigo Jones (1655) 110 10 MS Thomas Tew (1680) MS Edinburgh Register House (1696) MS Sloane 3329 (1700) MS Chetwood Crawley (1700) MS Dumfries 4 (1710) MS Trinity College, Dublin (1711) 110 11 MS Kevan (c. 1714-1720) Constituições de Anderson (1723) MS Graham (1726) MS Wilkinson (1727) MS Chesham (1740) MS Essex (c. 1750) 110 12 A maioria está em poder do British Museum A segunda maior coleção é da Biblioteca Maçônica de West Yorkshire Onde estão guardados? 110 13 Cópias dos originais e transcrições foram publicadas pela AQC em diversos volumes em 1895 Early Masonic Manuscripts, disponíveis em: <https://www.quatuorcoronati.com/researc h-resources/> Onde estão guardados? 110 14 Acredita-se que eram usadas na formação do maçom no período operativo (lidas na admissão do obreiro na associação) Serviam como constituição nas lojas Eram algo semelhante às cartas constitutivas Para que serviam? 110 15 Mostravam a antiguidade da maçonaria Ensinavam a história da arte e regulavam o exercício da profissão Serviam como regras de comportamento 110 16 “Uma das características que distinguem as constituições manuscritas das ordenanças codificadas de outros ofícios é a inclusão, nas regulamentações, de vários itens feitos especificamente para preservar e elevar o caráter dos obreiros. É essa extraordinária combinação de história, profissão e regulamentos morais que torna esses antigos manuscritos únicos entre os documentos contemporâneos de ofício.” (Carr, in Prestonian Lectures, 1957, citado por Nascimento, 1999) ) 110 17 O estudo sistemático dos MMS começou em meados do século XIX Havia poucos: 32 na lista de William Hughes em 1872 Descoberta e catalogação 110 18 Roderick Baxter, AQC, v. 3, 1918, lista 98 Para comparar as cópias, Begemann classificou as versões em quatro famílias: Grand Lodge, Sloane, Roberts e Spencer 110 19 A primeira impressão conhecida das Antigas Obrigações foi feita por Robert Plot, em Natural History of Staffordshire, 1686 As Antigas Obrigações são inglesas Nenhum MS jamais foi encontrado na Irlanda 110 20 Os encontrados na Escócia têm origem inglesa Certos autores, como Findel, defendem a tese de que descendem de MMS alemães (ex.: MS Torgau), mas isso foi refutado A única ligação é a “Lenda dos Quatro Coroados”, mas, nos MMS ingleses, esta é encontrada somente no MS Regius 110 21 Haywood, “Freemasonry and the comacine masters”, The Builder, 1923 Teoria comacina: a guilda dos construtores comacinos seria uma ponte entre a antiga cultura clássica de Roma e a civilização medieval Mestres Comacinos 110 22 Origem da teoria comacina: Sra. Lucy Baxter (ps-n. “Leader Scott”), “The Cathedral Builders”, 1899 110 23 110 24 No Império Romano, as artes estavam organizadas em guildas (collegia) Cada collegium ofertava seus serviços, tinha regras de entrada, de aprendizado etc. Essa estrutura foi destruída com as invasões bárbaras junto com as cidades em que se localizavam 110 25 Alguns collegia sobreviveram, particularmente em Roma e em Constantinopla Dentre estes, collegia de construtores e arquitetos continuaram na diocese de Como (Lombardia, norte da Itália) 110 26 Por quê? Não se sabe, mas há duas causas hipotéticas Existência de pedreiras na região Alto desenvolvimento dos estados lombardos 110 27 A expressão magistri comacini aparece pela primeira vez no código do rei lombardo, Rotharis (636-652) Nos artigos 143 e 144, eles figuram como mestres maçons (construtores) com poderes plenos e ilimitados para contratar e subcontratar para os trabalhos de construção 110 28 Esse código é conhecido por Edito de Rothari e data de 643 São 388 artigos em latim 110 29 143. Sobre os mestres comacinos. Se um mestre comacino, com seus associados (colligantes) vier a restaurar ou construir uma casa de uma pessoa qualquer, o contrato de pagamento já tendo sido feito, e acontecer de alguém morrer em razão da queda da casa ou de material ou pedra desta, (...) Edito de Rothari (643) 110 30 (...) nenhuma queixa deverá ser feita contra o dono da casa pelo mestre comacino ou os que trabalharem com ele como compensação pela morte ou dano; porque quem contratou o trabalho para seu ganho próprio não imerecidamente deve arcar com o dano 110 31 144. Sobre os mestres convocados ou conduzidos. Se alguém convocar ou levar um ou vários mestres comacinos para projetar obras ou para prestar orientação diária aos seus servos na construção de seu palácio ou casa e acontecer de, em razão da obra, um dos comacinos ser morto, o dono da casa não deverá ser responsabilizado. (...) 110 32 (...) Se, porém, o desmoronamento de madeira ou pedra vier a matar um estranho ou causar dano a quem quer que seja, a culpa não deverá ser imputada aos mestres, mas àquele que os trouxe, e ele será responsabilizado pelo dano 110 33 110 34 Essas leis provam que no século VII os comacinos formavam uma guilda compacta e poderosa, capaz de asseverar seus direitos, que eram organizados e tinham diferentes graus 110 35 Os magistri (hierarquicamente superiores) podiam contratar obras e projetar construções (ou seja, atuar como arquitetos) Os colligantes eram-lhes subalternos 110 36 Não existe confirmação em bulas papais ou atos de reis carolíngios outorgando à guilda dos comacinos independência total das restrições medievais de ir e vir livremente Sabe-se, entretanto, que missionários levavam consigo vários pedreiros para a construção de igrejas 110 37 Quando São Bonifácio viajou para a Alemanha como missionário, recebeu do Papa Gregório II (no ano de 718) credenciais e instruções, além de uma leva de monges versados na arte da construção e arquitetos 110 38 Quando o monge Augustinus (mais tarde arcebispo de Canterbury) foi enviado à Inglaterra, em 598, para converter os bretões, o Papa Gregório enviou junto com ele vários maçons (construtores) Leader Scott acredita que esses construtores eram comacinos 110 39 Na página 159, ela resume a história dos comacinos em dez pontos 1. Quando a Itália foi tomada pelos bárbaros, os collegia romanos foram suprimidos 2. O collegium dos arquitetos de Roma mudou-se para Comum 110 40 3. No início da Idade Média, a sociedade dos mestres comacinos era uma das mais importantes da Europa Em sua constituição e método de trabalho era essencialmente romana, uma sobrevivente dos collegia110 41 4. Cronistas italianos asseguram que arquitetos e maçons acompanharam Augustinus à Inglaterra 5. Era comum que missionários levassem consigo maçons e arquitetos 110 42 6. Monges maçons não eram coisa incomum, e havia monges maçons entre os comacinos, de forma que arquitetos qualificados eram encontrados nas ordens religiosas 7. Beda narra a missão de Augustinus na Britânia, e que ele levou arquitetos maçons 110 43 8. É mais provável que o Papa Gregório tenha enviado maçons comacinos em vez de bizantinos, já que aqueles mantinham as tradições romanas. A presença deles na Britânia é documentada 110 44 9. Tanto na Saxônia como nas antigas esculturas comacinas, existem representações de monstros fabulosos, pássaros e bestas simbólicos de origem latina 110 45 10.Nos escritos do Venerável Beda e de Richard, prior de Hagustald, há frases e palavras que também estão no edito de Rothari (643) e no Memoratório de 713 do Rei Luitprand, o que mostra que esses autores tinham familiaridade com os termos usados pelos mestres comacinos 110 46 Haywood ressalta que essa teoria não deve ser tomada como certa, mas como uma teoria plausível 110 47 Leader Scott conclui similarmente, dizendo que, embora não exista prova certa de que os comacinos foram a fonte donde nasceu a maçonaria atual, deve-se admitir que, pelo menos, foram um elo entre os collegia e as guildas medievais de maçons 110 48 Haywood passa, então, a analisar a relação entre os comacinos e a maçonaria Ele estabelece um ponto de vista sob o qual se deve analisar essa relação Sabemos que a maçonaria surgiu gradualmente 110 49 Ao mesmo tempo temos interesse em observar o crescimento de instituições similares A cooperação, a fraternidade e o requerimento do silêncio são aspectos inspiradores 110 50 A história dos comacinos tem valor não como um capítulo na história da Maçonaria, tampouco por serem os pais das guildas maçônicas, mas por serem similares às guildas que vieram depois e que serviram de fonte da maçonaria simbólica 110 51 Haywood, em The Builder (1923), explora a tese da origem das guildas nos collegia romanos Muitos historiadores maçônicos do passado, no intuito de encontrar as origens da maçonaria, tentaram recuar ainda mais longe que as corporações medievais, inclusive os comacinos, chegando até os collegia 110 52 Embora essa tese já não seja aceita, ainda é importante conhecer os collegia 110 53 O que era um collegium? Uma associação de pelo menos três pessoas para algum propósito, geralmente de natureza religiosa, social ou comercial, organizados de acordo com a lei Collegia artificum 110 54 Tinha seus próprios regulamentos e local de reuniões (schola) Existiram em toda Antiguidade, mas tiveram seu ápice em Roma 110 55 Não havia, porém, problema para um trabalhador atuar na área sem pertencer ao respectivo collegium Os oito collegia mais antigos eram o de peles, dos sapateiros, carpinteiros, ourives, ferreiros, oleiros (cerâmica), tintureiros e flautistas 110 56 Todos remontam aos tempos de Numa Pompilius (753-673 a.C.), segundo rei de Roma Depois surgiram outros, inclusive religiosos 110 57 No final da república, muitos collegia foram suprimidos, pois haviam passado a ter finalidades políticas, mas não houve restrições à formação de sociedades de auxílio fúnebre Os collegia eram diferentes das guildas medievais: não havia um sistema de aprendizes 110 58 Eram associações para Unir homens dedicados a uma atividade Prover vida social Auxílio funeral: lugar comum para enterrar seus membros 110 59 Mackey (Encyclopedia): collegia artificum Foram autores alemães (Krause, Heldmann, entre outros) que propuseram a tese da conexão entre os collegia romanos e a maçonaria Tese de Krause (1781 –1832), Die drei Ältesten Kunstererkunden 110 60 Tese de Krause: a maçonaria, tal como já existia em sua época (séc. XIX), deve aos collegia artificum todas as suas características Religiosas, sociais, políticas, profissionais Organização interna Modo de pensar e agir Desenho e objetivo 110 61 Em suma: uma identidade entre os collegia romanos desde Numa Pompilius (século VII a.C.) até as lojas do século XIX 110 62 Com base em Plutarco, foi Numa, segundo rei de Roma, quem primeiro deu forma e organização aos collegia Numa quis criar uma identidade nacional que unisse os povos formadores de Roma 110 63 Para isso Criou uma religião comum Dividiu a população em cúrias e tribos, cada cúria contendo um mix de cidadãos de diversas origens Distribuiu os artesãos em corporações (collegia) 110 64 Forma e organização dos collegia e analogia com as lojas maçônicas A primeira regra era o número mínimo de três. “Tres faciunt collegia” tornou-se uma máxima da lei civil romana. Na Maçonaria, três luzes constituem uma loja 110 65 O collegium era presidido pelo magister, auxiliado por dois decuriones, cujas funções eram análogas às dos vigilantes, pois cada um presidia uma seção do collegium – ou coluna – e pelos quais as ordens do magister eram passadas para os membros 110 66 Também havia o scriba (secretário), que escrevia a ata, o thesaurensis (tesoureiro), o tabularius (arquivista) e o sacerdos (capelão) Divisão em graus: seniores, operários e aprendizes É certo que não se chamavam de irmãos (fratres), mas se viam como uma família 110 67 Pelo caráter semirreligioso, muitas das oficinas eram abertas perto de um templo, cuja divindade se tornava o patrono do collegium ou da arte Com a ascensão do cristianismo, os deuses deram lugar aos santos cristãos 110 68 Os collegia conduziam sessões secretas para a iniciação de neófitos e a transmissão de instruções esotéricas aos aprendizes e operários Contribuições periódicas dos membros para a manutenção do collegium e sustentação de um fundo para auxílio a estranhos em necessidade, mas pertencentes à mesma ordem 110 69 Tinham a permissão oficial para fazer suas próprias constituições, leis, regulamentos e estatutos Tal como hoje há lojas regulares e espúrias, havia na época collegia licita e collegia illicita 110 70 Os membros do collegium também indicavam um candidato à admissão, que era aprovada internamente Quando um candidato era admitido na fraternidade do collegium, ele era dito cooptatus in collegium 110 71 O verbo cooptare era usado em latim para denotar a eleição para um collegium, e deriva do verbo grego óssomai (ὄσσομαι), que significa “ver”, “contemplar” (fut.= ὄψομαι, perf.= ὄπωπα), que deu origem a ἐπόπτης (< ἐπόψομαι), “espectador”, iniciado nos Mysteria 110 72 O sentido geral de cooptatus era “admitido e aceito na fraternidade”, que Krause conecta com “livre e aceito” Os membros cultivavam o simbolismo com seus instrumentos de trabalho. Pela sua natureza semirreligiosa, os collegia tinham isso em comum com as escolas de mistérios 110 73 Em seguida, Mackey analisa a tese de Krause Papel civilizatório dos romanos: às conquistas sucediam os assentamentos e formação de cidades Os cooptati dos collegia artificum eram chamados para construir. Muitas vezes, acompanhavam as legiões 110 74 Roma ocupou a Britânia e para lá levou os collegia Quando Roma deixou a Britânia e esta foi cristianizada, os collegia se cristianizaram também 110 75 Quando a Inglaterra foi tomada pelos saxões, os bretões, liderados pelos monges e acompanhados dos arquitetos, fugiram para a Irlanda e para a Escócia, civilizando-os e ensinando-lhes a arte de construir 110 76 Em pouco tempo, todo o conhecimento religioso e de construção do norte da Europa estava concentrado na Irlanda e na Escócia, de onde missionários voltaram para a Inglaterra para converter os saxões, comonarra Beda (Hist. Eccl., III, 4-7), junto com arquitetos 110 77 Em 926, uma assembleia geral desses construtores se deu em York Segundo Krause, a primeira notícia desses construtores na Alemanha ocorre quando, sob o comando de Erwin von Steinbach, os melhores arquitetos se congregaram para a construção da catedral de Strasbourg 110 78 Eles tiveram suas assembleias gerais, como em York; fizeram suas constituições e estabeleceram uma Grande Loja, para a qual várias Lojas na Alemanha, Hungria, França, Bohemia e outros países deviam obediência Mackey aponta como referência George Kloss, Freimaurerei in ihrer wahren Bedeutung (1846) e, assim, a história vai até 1717 110 79 Qual a posição de Mackey? Se vista apenas sob a forma externa e o modo de trabalho das lojas, a teoria de Krause, segundo a qual os collegia artificum são a incunabula da Maçonaria, é correta 110 80 Porém, se virmos a maçonaria sob o aspecto maior do simbolismo, dirigido para a doutrina da imortalidade da alma, vamos além dos collegia, rumo às escolas de mistérios da Antiguidade, que também ensinavam essa doutrina Krause dá uma preeminência aos collegia a que eles, de fato, não fazem jus 110 81 McLeod, “The Old Charges”, in Collected Prestonian Lectures, v. 3, 1986 Modelo padrão das Antigas Obrigações 110 82 1. Invocação MS Cooke (c. 1450): “Louvado seja Deus, nosso Pai glorioso, fundador e criador do céu e da terra e de tudo que nela existe, porquanto Ele condescendeu, em Sua gloriosa divindade, em fazer tantas coisas de tão variegada virtude para uso da humanidade” 110 83 MS Strasburg (c. 1464): “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e de nossa graciosa Mãe Maria e também de seus abençoados servos, os sagrados quatro coroados, de eterna memória [...]” 110 84 MS Watson (c. 1535): “Que o poder do Pai Celestial, com a sabedoria do Filho abençoado, pela graça de Deus e a bondade do Espírito Santo, que são as três pessoas em uma única divindade, (...) 110 85 (...) esteja conosco em nosso começo e nos dê a graça de modo a nos governar aqui nesta vida, para que possamos cair sob Suas bênçãos, as quais nunca hão de ter fim” 110 86 MS Inigo Jones (c. 1655): “Que o poder do Pai Celestial e a sabedoria do glorioso Filho, pela graça e bondade do Espírito Santo, três pessoas e um único Deus, esteja conosco e nos dê a graça, para que nos governe em nosso viver, e que possamos cair sob seu êxtase, o qual nunca deverá ter fim. Amém” 110 87 MS Sloane 3848 (1646): “Que o Poder do Pai celestial, com a sabedoria do glorioso Filho, pela bondade do Espírito Santo, três pessoas em um Deus, esteja em nosso começo e nos dê a Sua graça, para que governe em nosso viver, e que possamos cair sob Seu êxtase, o qual nunca deverá ter fim” 110 88 2. Finalidade e teor do documento e, em seguida, uma descrição das sete artes liberais 110 89 MS Cooke (c. 1450): “Como e de que modo essa valorosa ciência da Geometria surgiu, é o que vos direi, como mencionei antes. Deveis saber que existem sete ciências liberais, das quais todas as outras derivam, (...) 110 90 (...) mas é a Geometria, especialmente, a causa primeira de todas as outras ciências, quaisquer que elas sejam. Essas sete ciências são: [...]” 110 91 MS Watson (c. 1535): “Queridos irmãos e companheiros, nosso propósito é dizer-vos como e de que modo essa valorosa ciência da maçonaria foi inicialmente fundada e depois como ela foi preservada e apoiada por valorosos reis e príncipes e por muitos outros veneráveis homens. (...) 110 92 (...) E também, para aqueles que aqui estejam, vamos declarar as obrigações que cabem a todo franco-maçom com certeza preservar em boa-fé. Portanto, prestai atenção doravante, pois é uma ciência que vale a pena apreender, é uma arte valorosa e uma das sete ciências liberais” 110 93 MS Sloane 3848 (1646): “Queridos irmãos e companheiros, nosso propósito é dizer-vos como e de que modo esta arte da maçonaria começou e depois apoiada por valorosos reis e príncipes e tantos outros homens de valor. (...) 110 94 (...) E também àqueles que aqui estão declararemos as obrigações que cabem a cada maçom cumprir [...], pois há sete artes liberais, das quais esta é uma” 110 95 MS Inigo Jones (1655): “Queridos irmãos e companheiros, nosso propósito é dizer-vos como e de que modo esta valorosa arte da maçonaria começou e como depois ela foi abraçada e encorajada por valorosos reis e príncipes e muitos outros homens de bem. (...) 110 96 (...) E também para aqueles que estejam aqui, nós cobraremos pelas obrigações que cabem a cada maçom cumprir, pois em boa- fé, se tomam Deus por testemunha, vale a pena cumpri-las bem, pois a maçonaria é uma arte valorosa e uma ciência interessante, e uma das artes liberais” 110 97 As descrições das artes liberais são, em geral, muito sintéticas 110 98 MS Cooke (c. 1450): “Essas sete ciências liberais são como seguem. A primeira, que é dita o fundamento de toda ciência, é a Gramática, que ensina a escrever e falar corretamente. A segunda é a Retórica, que ensina a falar elegantemente. (...) 110 99 (...) A terceira é a Dialética, que ensina a discernir o verdadeiro do falso [...]. A quarta é a Aritmética, que nos instrui na ciência dos números, reconhecer e fazer contas. (...) 110 100 (...) A quinta é a Geometria, que nos ensina tudo sobre mensuração, medidas e pesos [...]. A sexta é a Música, que nos ensina a arte de cantar, por notação (...). A sétima é a Astronomia, que nos ensina o curso do sol, da lua e das outras estrelas e planetas do céu” 110 101 Que a Gramática é tida como o fundamento de todas as ciência, já aparece nas Institutiones, de Cassiodoro, século VI 110 102 “In quo libro primum nobis dicendum est de arte grammatica, quae est videlicet origo et fundamentum liberalium litteraturum” (“Neste livro devemos primeiramente dizer sobre a Gramática, que é, evidentemente, a origem e o fundamento dos estudos liberais”) 110 103 No entanto, os MSS tomam a Geometria como a fonte de todas as ciências e a igualam à maçonaria 110 104 MS Cooke (c. 1450): “Não vos maravilheis porque vos disse que todas as ciências existem apenas através da ciência da Geometria, pois não há arte ou artesania forjada pelas mãos do homem que não seja forjada pela geometria. Se um homem trabalha com suas mãos, (...) 110 105 (...) ele emprega alguma sorte de ferramenta, e não existe instrumento, de qualquer material neste mundo, que não seja formado de terra e que à terra retorne, que não seja usado para trabalhar com aquilo que tem alguma proporção [...]. (...) 110 106 Proporção é medida [...] [e] a geometria é mensuração terrena. Portanto, eu afirmo que todos os homens vivem pela geometria. Muito mais provas eu poderia dar-vos de que a Geometria é a ciência pela qual todos os homens de razão vivem, mas me abstenho neste momento, porque escrever sobre isso seria algo muito longo” 110 107 MS Watson (c. 1535): “Essas são as sete ciências liberais, as quais são todas fundadas sobre uma, que é a Geometria. E isto poderia um homem provar: que a ciência de qualquer trabalho é fundada na geometria, (...) 110 108 (...) pois ela ensina o limite, a medida, a ponderação e o peso de tudo sobre a terra. (...) Dessarte, essa ciência pode bem ser chamada a ciência mais importante, pois fundamenta todas as outras” 110 109 Referências 110 110 AQC, 1895. CARR, H. (Ed.). The early masonic catechisms. 2. ed. USA: Kessinger Publishing Co., 1963. GOULD, R. The concise history of freemasonry. 2. ed. USA: Dover, 1920. HORNE, A. King Solomon's temple in the masonic tradition. [S.l]: The Aquarian Press, 1973. MACKEY, A. The history of freemasonry:its legendary origins. USA: Dover, 1898. NASCIMENTO, R. De um antigo e famoso documento da maçonaria operativa: notas de estudo. Brasília: GOB, 1999, n. 3. 110 111
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