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Nutrição de frutíferas

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Introdução
Diferente da maioria das culturas anuais, no processo de produção de frutas, a
produtividade representa apenas um fator. De nada adianta obter-se altos rendimentos, se a
qualidade dos frutos não é satisfatória. Por isso, a nutrição equilibrada constitui um fator
preponderante para a obtenção de frutas de excelente qualidade e com potencial de
armazenamento, principalmente quando destinados para fins de consumo in natura.
A adubação tem a finalidade de promover o crescimento e o aumento da resistência da
planta a pragas e doenças, assim como maior produção e melhor qualidade dos frutos. Os
nutrientes e as quantidades a serem utilizadas são determinados em função da análise do
solo, da análise foliar e da produção esperada para cada cultura (SENAR, 2011).
Apesar da indiscutível importância para a maioria das espécies frutíferas, são escassos os
critérios técnicos estabelecidos através de pesquisas científicas sobre o manejo adequado
de nutrientes. Além disso, tem-se o fato de que esse manejo varia muito conforme a
frutífera cultivada (ROZANE et al., 2017).
Métodos de avaliação do estado nutricional das plantas
Existem diversos métodos de avaliar o estado nutricional das plantas, sendo os principais a
diagnose visual e a diagnose foliar. Para um adequado monitoramento da fertilidade do solo
e da nutrição vegetal, recomenda-se conciliar os métodos da análise de solo e da diagnose
do estado nutricional das plantas, sendo os últimos, considerados complementares ao
primeiro.
- Diagnose visual
Consiste na comparação visual do aspecto (coloração, tamanho, forma) do órgão vegetal
(folha, ramo) com o padrão. Geralmente, o órgão comparado é a folha, por ser o que mais
reflete o estado nutricional da planta. Como nas folhas ocorrem os principais processos
metabólicos do vegetal, as mesmas são os órgãos da planta mais sensíveis às variações
nutricionais.
Se houver falta ou excesso de um nutriente, isto se manifestará em sintomas visíveis, os
quais são típicos para um determinado elemento. O motivo pelo qual o sintoma é típico do
elemento, deve-se ao fato de que um dado nutriente exerce sempre as mesmas funções em
qualquer espécie de planta. Esse é o princípio em que se baseia o método (FAQUIN, 2002).
Entretanto, os sintomas de origem nutricional, na prática, podem se confundir com outros
gerados por fatores não nutricionais, o que dificulta o diagnóstico. Fatores bióticos e
abióticos podem induzir sintomas parecidos com os nutricionais, citando-se pragas,
doenças, climáticos (sol, ventos frios, seca), físicos do solo (compactação, afloramento de
rocha, alagamento) e toxidez por produtos químicos (herbicidas, defensivos). Dessa forma,
não se deve usar unicamente esse método para determinar qual deficiência a planta
apresenta (FAQUIN, 2002).
- Diagnose foliar
A diagnose foliar é um método em que se analisam os teores dos nutrientes em
determinadas folhas, em períodos definidos da vida da planta, e os compara com padrões
nutricionais da literatura. Como já foi dito, na folha ocorrem os principais processos
metabólicos, portanto, é o órgão que melhor representa o estado nutricional da planta.
A análise química do solo, certamente, é a principal ferramenta para o diagnóstico da
fertilidade do solo e estabelecimento da necessidade de correção e adubação das culturas.
Mas, o solo é um meio complexo, heterogêneo e nele ocorrem inúmeras reações químicas,
físico-químicas e microbiológicas, que influenciam a disponibilidade e o aproveitamento dos
nutrientes aplicados com os fertilizantes. Os tecidos das plantas, por sua vez, mostram o
seu estado nutricional num dado momento, de modo que a análise dos tecidos aliada à
análise do solo permite um diagnóstico mais eficiente do estado nutricional da cultura e das
necessidades de alterações no programa de adubação. A análise de tecidos torna-se mais
importante ainda, no caso do N e dos micronutrientes, para os quais a análise do solo não
está bem consolidada (FAQUIN, 2002).
Dessa forma, a análise foliar possibilita estimar a absorção que as plantas estão alcançando
do nutriente disponível no solo.
A amostragem, devido à interferência de diversos fatores sobre a composição da folha,
deve ser obtida de talhões homogêneos, em época adequada, retirando-se folhas de
posições e idade definidas da planta e em número suficiente, variando a metodologia a
depender da cultura.
- Análise de solo
A análise de solos é o único método que permite, antes do plantio, conhecer a capacidade
de um determinado solo suprir nutrientes para as plantas. É a forma mais simples,
econômica e eficiente de diagnose da fertilidade das terras e constitui base imprescindível
para a recomendação de quantidades adequadas de corretivos e fertilizantes para aumentar
a produtividade das culturas e, como consequência a produção e a lucratividade das
lavouras.
A amostragem do solo é considerada a etapa mais crítica de todo o processo de análise do
solo, haja vista que uma pequena porção de terra representará alguns hectares, e não há
meios para se corrigir possíveis erros cometidos durante a amostragem (FURTINI NETO et
al., 2001). Para que os resultados da análise de solos realmente representem de forma
confiável a gleba amostrada e possam servir de base para a recomendação de uma
calagem e adubação adequadas, a amostragem da área deve ser realizada corretamente.
Os cuidados com a amostragem devem merecer atenção especial, portanto, é fundamental
que a pessoa encarregada de realizar a coleta das amostras no campo tenha pleno
conhecimento dos procedimentos necessários para uma amostragem adequada e
representativa (CARDOSO et al., 2009).
Após a realização da coleta, a amostra será encaminhada ao laboratório, e depois de
analisada os produtores poderão buscar orientação para o adequado manejo da fertilidade
dos diversos talhões da propriedade.
Calagem
A calagem é uma prática reconhecidamente benéfica em condições de solo ácido, porém,
nem sempre é realizada ou é feita de modo inadequado. A aplicação do calcário promove a
elevação do pH, a neutralização do Al tóxico, fornece Ca e Mg e propicia maior
desenvolvimento do sistema radicular das plantas, melhorando a eficiência de uso dos
nutrientes e de água presentes no solo (ERNANI, 2008). Nos solos das regiões tropicais, a
reação ácida e a pobreza em cátions básicos, como o Ca, é uma constante. Nessas
condições, a aplicação de calcário é o meio mais barato e eficiente para resolver ambos os
problemas (RAIJ, 2011).
Na implantação do pomar de frutíferas temperadas, preconiza-se que o valor de pH em
água seja igual a 6,0 para a maioria das espécies frutíferas, porém, 6,5 para aquelas
culturas exigentes em cálcio, como é o caso da macieira. Para pomares já implantados,
para as frutíferas como o pessegueiro, ameixeira e videira, as quais requerem pH igual a
6,0, a reaplicação de calcário deve ocorrer sempre quando o pH do solo (em água) for <
que 5,5, sendo a dose de calcário equivalente a ½ do que o índice SMP indicar para pH 5,5,
nunca excedendo a quantidade de 5 t ha-1 , o qual deverá ser aplicado em superfície e em
área total (NAVA & NACHTIGALL, 2017).
Adubação
À semelhança da calagem, recomenda-se que a adubação de implantação (pré-plantio) seja
feita por ocasião das operações de preparo do solo, antes do plantio das mudas,
normalmente com aplicações de P e K e, para algumas espécies, também com Zn e B. Eles
devem ser incorporados ao solo preferencialmente com uso de arado e grade pesada. Os
fertilizantes devem ser espalhados a lanço, preferencialmente sobre toda a superfície do
solo. Salienta-se que foram uniformizadas as quantidades de P e K a serem aplicadas,
sendo iguais para todas as espécies frutíferas e, somente variando em função dos
respectivos teores no solo (NAVA & NACHTIGALL, 2017).
Vale salientar que os adubos a serem utilizados, a quantidade e a época de aplicação
devem seguir as orientações técnicas. Para se obter uma boa recomendação de adubação,
deve-se realizar anualmente a análise de solo e de folhas (SENAR, 2011).Em relação às adubações de manutenção, estas devem levar em conta as quantidades de
nutrientes exportadas do solo pelas culturas, acrescidas das perdas que naturalmente
ocorrem, principalmente por lixiviação. Ela é feita todos os anos, normalmente com N e K,
uma vez que a maioria das espécies frutíferas é pouco exigente em P (resultados de
pesquisa são discutidos adiante e esclarecem este comportamento). As quantidades de
cada nutriente a serem aplicadas variam com a exigência de cada espécie frutífera e com a
produtividade estimada para cada talhão. A quantidade total de N, em algumas frutíferas, é
fracionada em 2 a 4 vezes, dependendo da dose, da espécie frutífera e do tipo de solo. Os
fertilizantes potássicos e, quando necessário, fosfatados, podem ser aplicados em uma
única vez em solos argilosos ou de textura média. Em solos arenosos, os adubos
potássicos podem ser fracionados e aplicados juntamente com o adubo nitrogenado, nas
mesmas épocas (NAVA & NACHTIGALL, 2017).
Manejo da nutrição de plantas frutíferas
- NITROGÊNIO
As respostas à adubação nitrogenada em fruteiras de clima temperado no sul do Brasil têm
sido variadas, ocorrendo respostas positivas em determinadas situações e culturas e em
outras situações não apresentando efeito positivo em função da aplicação deste nutriente.
Para a cultura do pessegueiro, principalmente em solos com baixo teor de matéria orgânica,
o nitrogênio geralmente é o nutriente que mais causa impactos na produtividade e no
crescimento das plantas.
Estudo em andamento que vem sendo realizado na região de Pelotas, RS, para pêssegos
destinados à indústria, em um solo com aproximadamente 20 g kg-1 de matéria orgânica,
indica claramente a necessidade de suplementação anual com nitrogênio para a obtenção
de rendimentos satisfatórios. Por outro lado, o uso excessivo de adubos nitrogenados
podem causar problemas relacionados ao excesso de vigor (superbrotamento), o que pode,
também, favorecer a ocorrência de podridões como a podridão parda.
A cultura da macieira é aquela que detém o maior número de experimentos com adubação
nitrogenada em manutenção. Os resultados obtidos com esta cultura são diferenciados e
refletem os diferentes tipos de solo e clima das regiões produtoras de maçã. Diversos
experimentos realizados em áreas de solo profundo, mostram a ausência de resposta à
adição de fertilizantes nitrogenados. A ausência de resposta da macieira à adubação
nitrogenada pode estar associada a fatores climáticos, sendo assim, pode variar de acordo
com a região (NAVA & NACHTIGALL, 2017).
- FÓSFORO
Independentemente da fruteira considerada, a adubação com fósforo tem recebido muito
menor importância do que as adubações realizadas com outros macronutrientes como o
nitrogênio e o potássio. Isto se deve, em parte, pela menor demanda das frutíferas quando
comparada às de nitrogênio e de potássio.
Resultados obtidos por Brunetto et al. (2015), com a cultura da pereira, onde a aplicação de
doses crescentes do fertilizante fosfatado na linha de plantio, durante três anos
consecutivos, proporcionaram aumento do teor de fósforo total nas folhas em duas safras,
porém não influenciou o número de frutos por planta, a massa dos frutos e a produtividade.
Os baixos rendimentos obtidos neste experimento, principalmente durante as duas
primeiras safras, refletem mais a falta de adaptação das cultivares de pereiras europeias no
Brasil do que do que propriamente a falta do nutriente no solo.
- POTÁSSIO
Diferente dos resultados relacionados à adubação nitrogenada e fosfatada, os trabalhos de
pesquisas têm sido unânimes em diagnosticar a necessidade de potássio para a
manutenção de rendimentos economicamente viáveis das frutíferas.
Na região de São Joaquim, SC, Nava & Dechen (2009) observaram que o rendimento de
maçãs foi aumentado pela adubação potássica em quatro dos oito anos de avaliação. O
incremento máximo de produção devido à adubação potássica variou de 8,4 t ha-1 a 17,5 t
ha-1 , representando 16,0% e 68,3%, respectivamente. No acumulado de oito safras de
avaliação (1998 a 2006), a produção de frutos foi 55,4 toneladas superior na dose de 100 kg
ha-1 , quando comparado ao tratamento que não recebeu adubação potássica,
representando um incremento aproximado de 17%. Além de aumentar a produtividade,
alguns parâmetros qualitativos dos frutos são influenciados positivamente pela adubação
potássica, como mostram os resultados Nava et al. (2008) para a cultura da macieira, os
efeitos positivos da adubação potássica sobre a coloração dos frutos.
Adubação foliar em fruteiras de clima temperado
Para o sistema produtivo de fruteiras de clima temperado, o uso da adubação foliar segue
as mesmas recomendações gerais dos demais cultivos, envolvendo a correção de
deficiências nutricionais durante o ciclo de crescimento, efetivamente detectadas pela
análise foliar, ou, então, o suprimento de nutrientes, principalmente micronutrientes, quando
as condições ambientais ou da cultura impedem o suprimento ideal para as plantas
(NACHTIGALL & NAVA, 2010).
Referências
BRUNETTO, G.; NAVA, G. AMBROSINI, V.G.; COMIN, J.J.; KAMINSKI, J. The pear tree
response to phosphorus and potassium fertilization. Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal, v. 37, n. 2, p.507- 516, 2015.
CARDOSO, E. V.; FERNANDES, A. H. B. M.; FERNANDES, F. A. Análise de Solos:
Finalidade e Procedimentos de Amostragem. Corumbá, MS: Embrapa (comunicado técnico
79), 2009.
ERNANI, P. R.Química do solo e disponibilidade de nutrientes. UDESC: Lages,SC, 2008.
230p.
FAQUIN, V. Diagnose do estado nutricional das plantas / Valdemar Faquin. Lavras:
UFLA/FAEPE, 2002.
FURTINI NETO, A. E.; VALE, F. R.; RESENDE, A. V.; GUILHERME, L. R. G.; GUEDES,
G.A.A. Fertilidade do solo. 2001. 252f. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em
Solos e Meio Ambiente) – Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão,
Universidade Federal de Lavras, Lavras.
NACHTIGALL, G.R.; NAVA, G. Adubação foliar: fatos e mitos. Agropecuária Catarinense,
Florianópolis, v. 23, n. 2, p. 87-97, 2010.
NAVA, G.; DECHEN, A.R. Long-term annual fertilization with nitrogen and potassium affect
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NAVA, G.; DECHEN, A.R.; NACHTIGALL, G.R. Nitrogen and potassium fertilization affect
apple fruit quality in Southern Brazil. Communication in Soil Science and Plant Analysis,
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NAVA, G.; NACHTIGALL, G. R. Avanços na nutrição de frutíferas temperadas. São Paulo:
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RAIJ, B. van. Fertilidade do solo e manejo de nutrientes.Piracicaba: IPNI, 2011. 420p.
ROZANE, D. E.; BRUNETTO, G.; NATALE, W. Manejo da fertilidade do solo em pomares de
frutíferas. 2017. Disponível em:
<http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/11422D5849073C7983258210003DA5A8/$FIL
E/Page16-29-160.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2021.
SENAR - Serviço nacional de Aprendizagem Rural. Frutas: Tratos culturais / Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural. 2. ed. Brasília: SENAR, 2011. 40P.

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