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As células são participantes ativos em seu ambiente, ajustando constantemente sua estrutura e função para se adaptarem às demandas de alterações e de estresse extracelular. As células tendem a manter a homeostase normal, entretanto, podem sofrer alguns estresses fisiológicos ou estímulos patológicos, sendo submetidos a uma nova adaptação a fim de alcançar um novo estado constante, preservando suas visibilidades e função. As principais respostas adaptativas são: • Hipertrofia ↳ Aumento da célula e do órgão, sempre em resposta à elevação da carga de trabalho, induzida por estresse mecânico ou por fatores de crescimento ↳ Ocorre em tecidos incapazes de divisão celular • Hiperplasia ↳ Aumento do número de células em resposta a hormônios e outros fatores de crescimento ↳ Ocorre em tecidos cujas células são capazes de se dividir • Atrofia ↳ Diminuição da célula e do órgão, como resultado da diminuição do suprimento de nutrientes ou por desuso; ↳ Associado à diminuição de síntese e a aumento da quebra proteolítica das organelas celulares • Metaplasia ↳ Alteração do fenótipo em células diferenciadas, sempre em resposta à irritação crônica que torna as células mais capazes de suportar o estresse ↳ Em geral induzida por via de diferenciação alterada das células tronco nos tecidos; pode resultar em redução das funções Se a capacidade adaptativa é excedida ou se o estresse externo é inerentemente nocivo, desenvolve-se a LESÃO CELULAR Dentro de certos limites, a lesão celular é reversível e as células retomam a um estado basal estável. Entretanto, estresse grave ou persistente resulta em lesão celular irreversível e morte das células afetadas As lesões celulares reversíveis são acúmulos intracitoplasmáticos de substâncias, geralmente, consequentes a distúrbios metabólicos. Subtipos: • Hidrópica • Gordurosa • Hialina • Mucoide • Glicogênica Mecanismo: • Falha na manutenção do volume celular por deficiências no funcionamento da bomba de NA/K/ATPase Causas: • Redução da oferta de O2, de ATP e lesão mitocondrial • Redução da oferta de substratos • Disfunção de enzimas de oxidação • Lesão da membrana (vírus) • Soluções hipertônicas • Hipocalemia (vômitos, diarreia) Aspectos Morfológicos • Macroscópica: Órgão torna-se pesado, volumoso, pálido • Microscopia: Citoplasma amplo, claro, com vacúolos pequenos, claros (tumefação de organelas: RE e Complexo de Golgi) Dispersão de ribossomos (perda de RNA – redução da síntese proteica – perda da coloração rósea habitual do citoplasma ao HE) Tumefação das cristas mitocondriais – redução da síntese de ATP – grânulos à MO As causas da lesão celular variam de um trauma físico de um acidente de automóvel a um defeito em um único gene que resulta em uma enzima defeituosa, caracterizando uma doença metabólica específica. A maioria dos estímulos causadores de lesão pode ser agrupada nas seguintes categorias • Privação de oxigênio ou hipóxia • Agentes Químicos • Agentes Infecciosos • Reações imunológicas • Defeitos Genéticos • Desequilíbrios Nutricionais • Agentes físicos • Envelhecimento Todos os estresses e as influências nocivas exercem seus efeitos primeiro em nível molecular ou bioquímico, sendo assim, a função celular pode ser perdida antes que ocorra a morte celular e as alterações morfológicas na lesão (ou morte) celular surgem mais tarde que ambas O mecanismo de resposta celular à agressão pode ser ativado por diferentes estímulos nocivos, os componentes mais afetados são: 1. Mitocôndrias e suas habilidades em gerar ATP e ERO em condições patológicas 2. Desequilíbrio na homeostasia do Cálcio 3. Danos às membranas celulares (plasmática e lisossômica) 4. Danos ao DNA e ao dobramento das proteínas Os desarranjos celulares da lesão reversível podem ser reparados e, se o estímulo nocivo acaba, a célula retoma à sua normalidade. Entretanto, a lesão persistente ou excessiva faz com que as células passem do “ponto de não retorno” para a lesão irreversível e morte celular A relevância clínica dessa questão é: capacidade de traçar estratégias para prevenir que a lesão celular tenha consequências nocivas permanentes O ATP é produzido sobretudo por fosforilação oxidativa do ADP durante a redução do oxigênio no sistema de transporte de elétrons das mitocôndrias. Além disso, a via glicolítica pode gerar ATP na ausência de oxigênio usando a glicose derivada ou a partir da circulação ou da hidrólise do glicogênio intracelular As principais causas de depleção de ATP são: • Redução do suprimento de oxigênio e nutrientes • Dano mitocondrial • Ações de algumas toxinas (ex: cianeto) A atividade da bomba de sódio na membrana plasmática dependente de energia é reduzida, resultando em acúmulo intracelular de sódio e o efluxo de potássio. O ganho de soluto é acompanhado de um ganho isosmótico de água, causando TUMEFAÇÃO CELULAR E DILATAÇÃO DO RE Há também um aumento compensatório na glicose anaeróbica, na tentativa de manter as fontes de energia celular. Como consequência, os estoques de glicogênio intracelular são rapidamente depletados e o ácido lático se acumula, levando a diminuição do pH intracelular e da atividade de muitas enzimas celulares A depleção prolongada ou crescente de ATP causa rompimento estrutural do aparelho de síntese proteica, manifestado como desprendimento dos REG (retículo endoplasmático granular), com consequente redução da síntese proteica. Por fim, há um dano irreversível às membranas mitocondriais e lisossômicas e a célula sofre necrose Os radicais livres são espécies químicas que possuem um único elétron não pareado, esses estados químicos são muito instáveis e reagem prontamente com ácidos nucleicos, proteínas, e lipídios celulares. Além disso, os radicais livres iniciam reações auto catalíticas, ou seja, as moléculas que reagem com eles são, por sua vez, convertidas em radicais livres, propagando, assim, uma cadeia de danos O excesso de radicais livres leva a uma condição chamada ESTRESSE OXIDATIVO, e ocorrem 3 reações principais que causam lesão celular mediadas por radicais livres • Peroxidação lipídica das membranas: as membranas são vulneráveis ao ataque por radicais livres derivados do oxigênio. • Ligação cruzada das proteínas: os radicais livres promovem ligação cruzada das proteínas, resultando no aumento da degradação ou na perda da atividade enzimática • Fragmentação do DNA As mitocôndrias são os fornecedores de energia das células na forma de ATP, mas são também componentes importantes na lesão e morte celular. As mitocôndrias podem ser danificadas por aumentos de cálcio citosólico, por espécies reativas de oxigênio e privação de oxigênio, sendo sensíveis a virtualmente todos os estímulos nocivos, incluindo hipóxia e toxinas Há 2 principais consequências aos danos mitocondriais: • Formação de um canal de alta condutância na membrana mitocondrial,chamado de “poro de transição de permeabilidade mitocondrial” A abertura desse canal determina a perda do potencial de membrana da mitocôndria e alteração do pH, resultando em falha na fosforilação oxidativa e depleção progressiva de ATP, culminando na necrose da célula • Extravasamento de proteínas apoptóticas para o citosol e morte por apoptose As mitocôndrias contêm também varias proteínas que ativam as vias apoptóticas, incluindo o citocromo C (principal proteína envolvida no transporte de elétrons). O citocromo C exerce um papel chave na sobrevivência e morte da célula, geralmente fica localizado na mitocôndria e ele é essencial para a geração de energia e para a vida da célula, mas quando a mitocôndria é gravemente danificada ao ponto dele extravasar, ele sinaliza as células para a morte