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E A D Aprendizagem 2 1. OBJETIVOS • Entender o que é aprendizagem individual e organizacional. • Conhecer os diferentes estilos de aprendizagem individual. • Compreender como ocorre a transferência do conheci- mento na organização 2. CONTEÚDOS • Aprendizagem. • Transferência do conhecimento. • Estudo de caso: Banco do Brasil. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: © Gestão do Conhecimento 74 1) Faça um exercício, aproveite o conteúdo desta unidade e descubra o seu perfil de aprendizagem. 2) Para maximizar seu desenvolvimento e aproveitamento no curso, identifique o melhor horário para a realização de leituras e atividades, ou seja, um horário em que você obtenha o seu maior rendimento. 3) Não fique limitado aos conhecimentos disponibilizados neste Caderno de Referência de Conteúdo , explore sua curiosidade na busca por conhecimentos que comple- mentarão sua formação. 4) Organize seu cronograma para não atrasar a entrega das atividades. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Todas as pessoas têm potenciais que, se desenvolvidos, be- neficiam tanto a elas quanto as organizações para as quais tra- balham. É por essa razão que, durante o estudo desta unidade, iremos identificar e analisar as diferentes tipologias de aprendiza- gem, inclusive pontos fortes e fracos relacionados às suas habilida- des de aprendizagem. Também avançaremos na compreensão do processo de transferência do conhecimento no contexto organizacional, que é essencial à aprendizagem individual, de grupo e organizacional. A importância conferida à aprendizagem no contexto da teo- ria organizacional não foi sempre tão grande quanto o é atualmente. O modelo taylorista de organização do trabalho, com base na fragmentação de tarefas e no treinamento específico para exe- cução de movimentos padronizados, tinha como problemas a falta de visão do todo e a limitação do desenvolvimento de habilidades dos indivíduos. Você já deve ter ouvido falar ou assistido ao filme Tempos modernos , com Charles Chaplin, em que um operário de um fá- 75 Claretiano - Centro Universitário © U2 – Aprendizagem brica (representado pelo próprio Chaplin) executava uma tarefa repetitiva, a tal ponto que se confundia com a própria máquina. Nesse modelo de organização do trabalho, aprender signifi- cava ser bom no cumprimento de uma função específica que era previamente designada ao empregado por seu superior imediato. Esse modelo, comprometido com a produtividade, foi segui- do durante anos e ainda é utilizado em vários setores. Contudo, com o passar do tempo e com os novos estudos que apontaram a existência de diferenças entre a organização formal e a organização informal, entre o que se diz que deve ser feito e as práticas concretas na organização, passou-se a valori- zar a aprendizagem e a autonomia como elementos importantes, enfatizando-se o desenvolvimento do indivíduo (MOTTA; VASCON- CELOS, 2002). Em se tratando de autonomia podemos defini-la como a ca- pacidade individual de lidar com informações complexas, de dar sentido a elas, formulando um pensamento próprio e defenden- do-o. Argumenta-se que, a partir da adoção de um modelo de gestão de pessoas com base na valorização do indivíduo e na sua capacidade de aprendizado, como o da gestão de pessoas por competências (apresentado a você na Unidade 1), obtém-se um aumento do número de pessoas que "pensam" na organização. Dessa forma, a valorização da capacidade de reflexão e de processamento de informações dos indivíduos aumentaria o pro- cessamento de informações da organização, promovendo uma vantagem competitiva sustentável baseada no conhecimento, sen- do, pois, difícil de ser copiada (MOTTA; VASCONCELOS, 2002). Nesse sentido, segundo Motta e Vasconcelos (2002, p. 339): O ser humano autônomo é reconhecido como um ser capaz de analisar informações, dar sentido a elas e encontrar soluções, aprendendo com as suas experiências e sendo capaz de formular um pensamento próprio. © Gestão do Conhecimento 76 [...] O correlato desta maior autonomia, no entanto, é a responsabi- lização pelos resultados da própria ação e a descentralização ad- ministrativa. O ator social (o indivíduo que interage com outros, construindo a sociedade onde vive) passa a ser responsável por sua carreira, seu aprendizado e suas realizações. 5. APRENDIZAGEM O termo "aprender" vem do latim ad prendere e significa "dar formas às coisas", "dominar o caos". Essa capacidade de controlar a desordem diante de um universo caótico utilizando o conhecimento disponível e procurando aplicá-lo de maneira produtiva está, sem dúvida, relacionada com os desafios do trabalhador contemporâneo autônomo e responsável (PASCHOA, 2001, p. 21). Dessa forma, podemos conceituar a aprendizagem como um processo de aquisição de competências, resultado da prática, da experiência e da reflexão crítica do indivíduo. A aprendizagem pro- duz mudanças significativas no comportamento das pessoas. O que significa aprender? O modelo clássico de aprendizagem comportamentalista (behaviorista) tem por base que a aprendizagem implica uma série de operações precisas e reguladas que fundamentam a aquisição de novas aptidões ou comportamentos. Assim, o indivíduo progride por ensaio e erro e evolui em resposta a estímulos que orientam o sentido de suas tentativas. A eficiência da aprendizagem é influenciada pelas leis do reforço e pela exis- tência de uma situação onde o controle sobre os estímulos seja o maior possível. (MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p. 339) Seu foco principal é o comportamento. Portanto, planejar o processo de aprendizagem implica estruturar esse processo em termos passíveis de observação, mensuração e réplica científica. Complicado? Imagine como fazer isso com ratos de laboratório, ou no adestramento de cães. 77 Claretiano - Centro Universitário © U2 – Aprendizagem Você se deparará com muitas histórias engraçadas que o ajudarão na compreensão do modelo de aprendizagem comportamentalista. Certa vez foi realizado um experimento em que se colocaram três macacos em uma cela. Lá, adicionaram uma escada e um cacho de bananas no teto. Assim que os macacos avistaram as bananas, tentaram pegá-las subindo pela escada. Contudo, toda vez que algum macaco tentava subir a escada para pegar as bananas, dirigia- se um jato d'água em todos eles. Logo, se algum macaco subisse as escadas, todos ficavam molhados. Esse episódio repetiu-se por várias vezes, até que, em um dado momento, quando um dos macacos tentava pegar as bananas, os outros dois o espancavam, para impedir que ele subisse na escada e, consequentemente, não recebessem o jato d'água. Na sequência, um dos três macacos foi substituído por outro, que não havia tido a experiência com o jato d'água. Este, ao ver as bananas, tentou alcançá-las, mas logo foi espancado pelos outros dois. Depois de algum tempo, um segundo macaco foi substituído, e a situação repetiu-se. Ao final, todos os macacos que iniciaram a experiência foram substituídos por outros. A cela ficou, então, com três macacos que nunca haviam levado um jato d'água. Todavia, quando algum deles tentava subir a escada, os outros o impediam, espancando-o. As teorias sobre aprendizagem evoluíram com as teorias da personalidade para um modelo cognitivo com base no conceito de Gestalt. Surge, assim, o conceito de insight ou "instante de compreensão", no qual o indivíduo reestrutura a sua percepção das relações lógicas que constituem o objeto que busca apreender. (MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p. 338) O modelo cognitivo é, contudo, mais abrangente do que o behaviorista, pois busca explicar fenômenos mais complexos, como a aprendizagem de conceitos e a solução de problemas. Tal modelo procura utilizar tanto dados objetivos e comportamentais © Gestão do Conhecimento 78 quanto dados subjetivos, levando em consideração as crenças e as percepções do indivíduo que influenciam seu processo de apreensão da realidade.Chris Argyris (1992 apud MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p. 340), dentro de uma perspectiva cognitivista, definiu os conceitos de aprendizagem de circuito simples e de circuito duplo: Aprendizagem de circuito simples: baseia-se na detecção do erro e na sua correção, preservando-se, no entanto, os pressupostos do sistema operacional, ou seja, os valores de base que inspiram o funcionamento do sistema. Em se tratando de processos de produção ou administrativos, pode-se dizer que se trata da melhoria contínua de processos, na qual se aprimora cada vez mais a eficiência de um dado processo, até um nível ótimo, sem questionar, os valores de base do processo ou as suas etapas de funcionamento. Em se tratando de processos cognitivos individuais, pode-se também utilizar este conceito. A aprendizagem de circuito simples refere-se ao indivíduo que incorpora novas práticas à medida que elas não contradigam os seus pressupostos e valores de base, não há questionamento de seus valores e práticas anteriores, não há incorporação de novos comportamentos que questionam o seu sistema cognitivo, que bloqueiem a incorporação de informações contrárias aos mesmos, que ameaça a sua imagem ou elementos constitutivos de sua identidade. [...] Aprendizagem de circuito duplo: envolve um processo de percepção e exploração das possibilidades do ambiente. Em primeiro lugar, o indivíduo tem acesso a novas informações e/ou conhecimentos. Em segundo lugar, comparam-se as informações e/ou os conhecimentos obtidos com as normas em funcionamento de um dado sistema ou processo, e depois se questiona a pertinência das normas de funcionamento do sistema e a iniciação de ações corretivas apropriadas, que podem envolver mudanças das práticas, valores e pressupostos do sistema ou processo antigo. Assim, para que o aprendizado seja efetivo, ele deve sempre envolver mudanças de comportamento e modelos mentais. Atente para o fato de que o circuito simples enfatiza excessivamente as ideias, a racionalidade, enquanto o circuito duplo envolve uma indissociável ligação entre os aspectos emocionais e intelectuais do ser humano. A Figura 1, a seguir, ilustra os circuitos de aprendizagem. 79 Claretiano - Centro Universitário © U2 – Aprendizagem Fonte: Adaptado de Paschoa (2001). Figura 1 Circuitos de aprendizagem . No que se refere aos processos produtivos e gerenciais, propõe-se questionar habilmente suas bases de funcionamento, a partir de novas informações obtidas, redesenhando-se o proces- so ou incluindo modificações relevantes no sistema (desde que se faça necessário), reconfigurando o processo produtivo, a tecnolo- gia ou a organização. Já no que diz respeito ao sistema cognitivo dos indivíduos, a aprendizagem de circuito duplo leva ao questionamento das pró- prias formas de comportamento e à mudança. Veja, no Quadro 1, uma síntese dos circuitos simples e duplo de aprendizagem. Quadro 1 Síntese dos circuitos simples e duplo de aprendizagem. APRENDIZAGEM DE CIRCUITO SIMPLES APRENDIZAGEM DE CIRCUITO DUPLO Não questiona os pressupostos básicos do sistema (valores e modo de funcionamento). Aperfeiçoamento do sistema atual (melhoria do processo). Percepção e exploração do ambiente e acesso a novas informações. Comparação com o funcionamento do sistema atual. Questionamento e reconfiguração do sistema. Institucionalização da mudança. Fonte: adaptado de Motta; Vasconcelos (2002). © Gestão do Conhecimento 80 A aprendizagem organizacional acarreta questionamento e mudança dos padrões de ação e de formas de comportamento nas organizações, gerando inovação. Se aprendizagem implica mudan- ça, a primeira questão que surge é a seguinte: Como é possível a mudança do comportamento dos indivíduos nas organizações e a inovação? Argyris e Schön (1992 apud MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p. 340), em sua teoria da perspectiva da ação, defendem que: [...] os indivíduos agem de acordo com suas crenças e pressupostos – valores que embasam sua ação e oferecem padrões de interpre- tação da realidade. Parte desses padrões, crenças e pressupostos podem ser modificados, mudando, pois, a ação e o comportamen- to dos indivíduos, pressuposto da aprendizagem. Além disso, devemos saber que: [...] aprender significa, para a linha cognitivista, mudar o seu com- portamento e, em parte, seus valores, o ser humano, na redução de sua dissonância (ou desconforto produzido por suas contradi- ções internas), pode incorporar um novo conhecimento, questio- nando seus valores de base e adotando novas práticas, ou pode decidir preservar suas práticas, valores e hábitos antigos, não in- corporando o conhecimento novo e resistindo à mudança. Nesse caso, não há aprendizado. (MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p. 340) Podemos afirmar, então, que você mudará seu comporta- mento quando mudar aquilo em que acredita. Reflita sobre essa afirmação! Em se tratando de aprendizagem organizacional, ela ocorre quando se consegue implementar na organização um circuito du- plo de aprendizagem. Segundo Peter Senge (1998), a organização em aprendizagem pretende ser um viveiro de indivíduos autôno- mos, capazes de aprender e questionar conhecimentos, desdo- brando novas perspectivas futuras para si e para a organização. Compreenda que a aprendizagem tem grande importância para a gestão das organizações e, também, que existem, particu- larmente, dois aspectos que precisam ser cuidados por uma orga- nização. 81 Claretiano - Centro Universitário © U2 – Aprendizagem O primeiro aspecto diz respeito à capacitação de indivíduos para atuarem de forma eficaz no ambiente organizacional. O se- gundo aspecto trata da aprendizagem da organização como um todo, isto é, da capacidade de mudar para a melhoria do desem- penho diante de um ambiente em transformação constante: isso constitui o escopo da aprendizagem organizacional. Em suma, é por meio dos processos de aprendizagem que a organi- zação desenvolve as competências essenciais à realização de suas estratégias de negócio. (FLEURY; FLEURY, 2002, p. 193) Peter Senge (1998) reconhece que as organizações possuem ca- racterísticas que as incapacitam para a aprendizagem, por exemplo: 1) Preocupação excessiva das pessoas com sua própria po- sição dentro da empresa, sem preocupação com o todo. 2) Atribuição de culpa e responsabilidade a fatores exter- nos. Nesse sentido, pensa-se que as dificuldades são sempre criadas pelos outros – a concorrência é desleal –, ou seja, as deficiências internas nunca são reconheci- das, o que dificulta a capacidade de aprender. Lembre- -se disso quando tentar justificar a não entrega de um trabalho. 3) Preocupação com eventos imediatos, que impede a vi- são de padrões de mudança de longo prazo. 4) Incapacidade de perceber mudanças graduais, que re- presentam ameaças maiores aos eventos imediatos. 5) Ilusão de que a aprendizagem apenas resulta da experi- ência. 6) Mito de que a administração é coesa e tem consenso. Para combater tais dificuldades, Peter Senge (1998) propõe cinco disciplinas, ou seja, alguns elementos que precisam ser in- corporados por uma organização em aprendizagem: 1) Domínio pessoal: as pessoas precisam ter autocontrole ou disciplina pessoal, capacidade de entender a si pró- prias e ter clareza quanto a seus objetivos. A aprendiza- gem individual é a base da aprendizagem organizacional, pois as organizações não conseguem aprender mais do que seus integrantes. Entretanto, a maioria das organi- © Gestão do Conhecimento 82 zações não estimula a autodisciplina e, como resultado, se tornam enormes repositórios de energia humana e de potencial de aprendizagem que não são desenvolvidos. 2) Modelos mentais: compreendem o questionamento dos modelos mentais implícitos que os membros da organi- zação carregam. Senge (1998) define modelos mentais como as crenças, as atitudes e as percepções a respeito de clientes, produtos, ambientes, funcionários e outros aspectos da organização. Os modelos mentais se trans- formam em hábitos que dificilmente são questionados,muito menos abandonados. O sucesso da organização, no entanto, depende de sua capacidade de enxergar de maneira diferente e de mudar costumes e procedimen- tos arraigados em sua cultura. 3) Visão compartilhada: é o entendimento comum a res- peito do futuro da organização, ou seja, é saber aonde "a organização quer chegar". Uma visão genuína e aceita por todos os membros da organização é uma das chaves para o sucesso da organização. 4) Aprendizagem em equipe: em um ambiente cooperati- vo, o potencial de sinergia entre os membros da equi- pe é desenvolvido, possibilitando ao grupo ser mais inteligente que cada um dos seus integrantes individu- almente. Para que a inteligência coletiva se materialize, a cooperação deve substituir as guerras entre os feudos organizacionais. 5) Pensamento sistêmico: permite integrar e compreender as demais disciplinas. Para Senge (1998), é preciso racio- cinar de forma sistêmica, em vez de enxergar apenas o que está mais perto do observador. Assim, a contribui- ção principal da quinta disciplina é, em um sentido figu- rado, a arte de enxergar, ao mesmo tempo, "a floresta e as árvores", e não apenas ver a floresta, o que é usual quando se tem uma visão imediatista. Salientamos, a seguir, que a aprendizagem pode ocorrer in- dividualmente, em grupo ou no contexto organizacional: • contexto individual: a aprendizagem refere-se à mudan- ça de habilidades, conhecimentos, atitudes e valores ad- quiridos pelo indivíduo por meio do esforço próprio; 83 Claretiano - Centro Universitário © U2 – Aprendizagem • contexto de grupo ou organizacional: a aprendizagem está mais relacionada ao aumento das habilidades das competências que permeiam as atividades. A fim de ga- rantir que as organizações obtenham o conhecimento e/ ou as habilidades (competências) de que necessitam, é preciso que sejam capazes de criar, pensar e aprender como grupo, como se todos fossem apenas um. Dessa forma, a aprendizagem organizacional pode ser expres- sa em diversos artefatos organizacionais: na estrutura, no conjunto de regras, nos procedimentos e elementos simbólicos. As organizações desenvolvem memórias que retêm e recuperam informações. As organizações desenvolvem rotinas e procedimentos re- lativamente padronizados para lidar com os problemas internos e externos. Essas rotinas são incorporadas, de forma explícita ou inconsciente, na memória organizacional. Podemos apontar alguns indicadores de que a aprendizagem aconteceu, como a mudança em processos, estruturas ou compor- tamentos organizacionais, a possibilidade de recuperação do co- nhecimento pelos membros da organização, entre outros indica- dores (FLEURY; FLEURY, 2002). De acordo com Senge (1998), a organização só aprende por meio dos indivíduos que aprendem. Isso não quer dizer que o aprendizado individual garante o aprendizado organizacional; po- rém, sem ele, não há como as organizações aprenderem. Um aspecto importante a ser discutido no que concerne à aprendizagem individual é o reconhecimento de que diferentes in- divíduos possuem diferentes potenciais para aprender. Consoante Kolb (1997 apud PASCHOA 2003), as pessoas desenvolvem formas diferentes de aprendizagem, priorizando determinadas habilida- des em detrimento de outras, possuindo, assim, pontos fortes e fracos em relação ao processo de aprendizagem. © Gestão do Conhecimento 84 Para que o aprendizado seja efetivo, o aprendiz precisa de quatro tipos de habilidades: 1) Experiência concreta (EC): capacidade de envolver-se, vivenciando abertamente as experiências. 2) Observação reflexiva (OR): observa as experiências por diferentes ângulos. 3) Conceituação abstrata (CA): permite a construção de conceitos que integram as experiências. 4) Experimentação ativa (EA): utiliza-se das teorias para to- mar decisões e resolver problemas. Com a combinação dessas habilidades, Kolb (1997 apud PASCHOA, 2001, p. 46) obteve quatro dimensões, às quais ele denominou estilos de aprendizagem: 1) Convergente: estimula o pensamento, as ações, o me- lhor relacionamento com coisas do que com pessoas, a aplicação prática das ideias e o foco em problemas es- pecíficos. 2) Divergente: favorece a visualização de situações por diferentes perspectivas, o interesse em pessoas, o sen- timento, o pensamento, a geração de ideias, o viven- ciamento da prática, o brainstorming , a diversidade de interesses, o envolvimento com as tarefas. 3) Assimilador: incentiva a observação, o pensamento, a pesquisa e o desenvolvimento (P&D), a criação de mo- delos teóricos a partir de informações desencontradas, o trabalho com conceitos abstratos, a divergência de ações práticas, a postura reflexiva, pouco ativa, e o ex- cesso de discussão teórica. 4) Acomodador: busca experiências novas e desafiadoras, tem suas preferências de aprendizagem baseadas na ex- perimentação ativa e concreta e apresenta facilidade de adaptação. 85 Claretiano - Centro Universitário © U2 – Aprendizagem Conforme discutido anteriormente, cada indivíduo é possui- dor de todas as habilidades, mas, em geral, prioriza a combinação de uma delas, o que torna possível o fato de ele possuir um dos estilos de aprendizagem mais acentuado. A fim de descobrir qual estilo de aprendizagem cada indiví- duo prioriza, Kolb (1986 apud PASCHOA, 2001, p. 45), desenvolveu um questionário denominado Inventário de Estilos de Aprendiza- gem . Ao associar indivíduos possuidores de diferentes estilos de aprendizagem às diferentes fases de um projeto, que geralmente requerem a utilização de tipos específicos, é possível aumentar a variabilidade de visões estratégicas, alavancando, dessa forma, a aprendizagem organizacional. Kolb (1997 apud PASCHOA, 2001, p. 47) ressalta que: ao aproximar indivíduos com estilos de aprendizagem opostos, pode haver uma grande dificuldade de comunicação, uma vez que cada um deles está direcionado a perceber uma determinada situ- ação de maneira distinta. Acreditamos que você já tenha participado de grupos de es- tudo ou de trabalho com seus colegas de graduação e que con- segue reconhecer com quais colegas possui mais afinidade ou divergências na realização dos trabalhos. Isso, certamente, está relacionado aos diferentes estilos de aprendizagem. Observe a Figura 2, que apresenta os diferentes estilos pelos quais pode ocorrer o processo de aprendizagem individual. © Gestão do Conhecimento 86 Fonte: Paschoa (2001). Figura 2 Diferentes estilos de aprendizagem individual . Podemos afirmar, então, que aprendemos lendo, ouvindo, errando, na prática, vivenciando situações, observando os outros. Inúmeras são as formas de aprender, e cada pessoa vê-se única nesse processo. No Quadro 2, apresentamos uma síntese sobre o processo de desenvolvimento de conhecimentos em uma organização. Quadro 2 Desenvolvimento de conhecimento na organização. TIPOFUNÇÃOCOMO DESENVOLVER Conhecimento teóricoEntendimento, interpretação. Educação formal e continuada. Exemplo: graduação em Gestão de TI. Conhecimento sobre os procedimentosSaber como proceder. Educação formal e experiência profissional. 87 Claretiano - Centro Universitário © U2 – Aprendizagem TIPOFUNÇÃOCOMO DESENVOLVER Conhecimento socialSaber como comportar-se.Experiência social e profissional. Conhecimento cognitivo Saber como lidar com a informação. Saber como aprender. Educação formal e continuada; experiência social e profissional. Fonte: adaptado de Le Boterf (2007). Vamos, a seguir, abordar a questão da transferência do co- nhecimento na organização essencial para a aprendizagem. 6. TRANSFERÊNCIA DO CONHECIMENTO Com base no trabalho de Davenport e Prusak (1998), vamos compreender como o conhecimento se movimenta pela organiza- ção. Os autores acreditam que as forças que impelem o conheci- mento trabalham de forma semelhante a mercados de bens mais tangíveis. Um mercado do conhecimento nas organizações possui compradores e vendedores que negociam para chegar a um preço mutuamente satisfatório para o conhecimento trocado. Assim, as pessoasbuscam o conhecimento porque esperam que ele as aju- de a ter sucesso em seu trabalho e em sua vida social, isto é, que traga algum benefício a elas. Você, por exemplo, procura seus colegas de graduação ou tutores dotados de conhecimento quando precisa solucionar al- gum problema que envolva certo grau de incerteza. É importante frisar que, quando fornecemos conhecimento, também esperamos nos beneficiar, ou seja, queremos algum tipo de recompensa. Estamos falando em motivação para o comparti- lhamento do conhecimento, assunto-chave para as iniciativas de sucesso em Gestão do Conhecimento.
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