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Teoria Geral do Processo – Aula 10 AULA 10: NORMAS FUNDAMENTAIS E PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO, SEGURANÇA JURÍDICA, FUNDAMENTAÇÃO E IGUALDADE PROCESSUAL A COISA JULGADA Ideia-chave: As decisões judiciais exigem estabilidade para garantia da segurança jurídica. A segurança jurídica deve ser compreendida como estabilidade- continuidade do direito. A coisa julgada é um dos mais antigos institutos jurídicos. É uma situação jurídica que se caracteriza pela proibição de repetição do exercício da mesma atividade jurisdicional, sobre o mesmo objeto, pelas mesmas partes em processos futuros. O conceito de coisa julgada está prevista no art. 502 do CPC, que a descreve como sendo uma autoridade que impede a modificação ou discussão de decisão de mérito na qual não cabe mais recursos. Decorre diretamente do esgotamento ou dispensa das vias recursais, tornando definitiva a decisão que enfrentou a questão principal do processo. O valor jurídico protegido pela coisa julgada é a segurança jurídica, um dos mais importantes imperativos do Estado de Direito - o qual, numa perspectiva constitucional, situa-se para além de contornos axiológicos, possuindo inegável conteúdo normativo. Enfim, o acolhimento desse instituto visa, acima de tudo, trazer estabilidade ao exercício da jurisdição. Aliás, a segurança que o sistema imprime ao resultado do exercício da jurisdição é tamanha que a própria CF diz que nem mesmo a lei nova pode alterar a coisa julgada. FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS Não basta que a sentença sozinha seja lógica, faça sentido. A sentença deve dialogar com a discussão feita ao longo do processo sobre as questões de fato e de direito com as partes. Muito embora essa premissa esteja normativizada, muitas decisões do STJ descartam essa necessidade. O juiz deve enfrentar todos os argumentos. Teoria Geral do Processo – Aula 10 Argumento não é capaz de mudar a decisão. O fundamento é o argumento qualificado capaz de fundamentar e mudar a decisão. O parágrafo primeiro do artigo 489 do CPC trouxe um rol de situações nas quais a decisão interlocutória, a sentença, ou o acórdão não serão considerados fundamentados. E, caso tal situação ocorra, poderá a parte prejudicada interpor embargos de declaração, sem o risco de os mesmo serem considerados protelatórios, pois o artigo 1022, parágrafo único, inciso II, versa sobre essa hipótese de omissão. A maioria dos ordenamentos jurídicos impõe o dever de motivação das decisões judiciais. No Brasil, a CF dispõe de forma clara que toda decisão judicial deve ser fundamentada, em atenção ao contido no artigo 93, inciso IX, pois todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário devem ser públicos, com a devida fundamentação de todas as decisões judiciais, sob pena de nulidade, respeitadas as exceções legais de preservação do direito à intimidade do interessado, desde que o sigilo não prejudique o interesse público à informação. A fundamentação das decisões se trata de um direito fundamental do cidadão. As decisões judiciais devem estar justificadas com razões e argumentos jurídicos, e servem para evitar julgamentos arbitrários. A motivação está vinculada aos direitos dos cidadãos de obterem o provimento à tutela judicial efetiva. Tamanha é sua importância que o TEDH considera a motivação como um direito fundamental a um processo equitativo. A IGUALDADE PROCESSUAL A CF é a fonte normativa do princípio da igualdade processual. Da primeira parte do art. 7o do CPC decorre, diretamente, em um plano infraconstitucional, o princípio da igualdade processual. A redação é prolixa, mas o propósito é semplis: as partes devem ser tratadas com igualdade. A igualdade processual deve observar os aspectos: ❖ imparcialidade do juiz (equidistância em relação às partes); Teoria Geral do Processo – Aula 10 ❖ igualdade no acesso à justiça, sem discriminação (gênero, orientação sexual, raça, nacionalidade etc) ❖ redução das desigualdades que dificultam o acesso à justiça, como a financeira, a geográfica, a de comunicação, etc. ❖ igualdade no acesso às informações necessárias ao exercício do contraditório. É importante registrar que o princípio da igualdade no processo costuma revelar-se com mais clareza nos casos em que se criam regras para tratamento diferenciado, pois, em alguns casos, a única forma de igualar as partes é dando a elas tratamento diferenciado. A partir da noção de contraditório como potencialidade de influência, a igualdade passa a ser compreendida como oportunidades equilibradas de influência, análogos poderes de influenciar a formação da decisão.
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