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Universidade Estadual da Paraíba
Centro de Ciências Jurídicas
Curso de Bacharelado em Direito
Componente Curricular: Psicologia Jurídica e Psiquiatria Forense
Docente: Adriana Torres Alves de Jesus
Discente: Arthur Paulino Ferreira - Matrícula: 142228290
ENTREVISTA
Entrevistada: Daniella E. V. Freitas (Psicóloga)
1. Qual a importância do psicólogo jurídico no processo de adoção?
R. O psicólogo é de extrema importância, até porque ele vai nortear o juiz e os promotores sobre a realidade emocional dos futuros pais, suas reais intenções com a adoção e o preparo desses em desenvolverem a complicada tarefa de educar. O juiz baseará sua sentença em cima dos laudos da equipe multidisciplinar, na qual o psicólogo está inserido.
2. Quais são os principais desafios do psicólogo jurídico no processo de adoção?
 	R. O psicólogo tem muitos desafios num processo de adoção como perito de uma vara da infância e juventude. Desafios estes como, ter total consciência de seu importante papel, saber que neutralidade absoluta não existe e como pode atuar neste cenário da melhor forma.
 	Nós, como psicólogos, ser capazes de enxergar com uma visão ampliada, trabalhar seus próprios preconceitos cotidianos, desenvolver uma atuação transdisciplinar, enxergar os modelos e tendências reducionistas, elementares, usar uma lupa com humildade.
 	Desafio também é saber que esperam que tragamos certezas para respaldar atitudes jurídicas em um campo com infinitas possibilidades de mudanças e aprendizados que envolvem a alma humana, inseridas em sistemas que são móveis.
 	Outras dificuldades estão em saber lidar com o estresse que isso causa, saber lidar com as exigências do Judiciário. Ter noção do tamanho da sua responsabilidade e ainda assim não perder a humanidade e o compromisso em ajudar. Não perder jamais as esperanças e a sensibilidade no trato humano.
 	
3. Quais são os limites de atuação do psicólogo jurídico nas Varas da Infância e da Juventude?
 	R. A função dos psicólogos profissionais na área jurídica é assessorar os Magistrados nas decisões judiciárias.
 	Assim, o psicólogo jurídico pode utilizar de seus conhecimentos e coloca-los a serviço do juiz, o mesmo então vai julgar e avaliar os aspectos relevantes que serão utilizados em algumas ações, com o conhecimento da realidade psicológica dos envolvidos nessas ações assessorando o seu julgamento da melhor forma possível.
 	Muitas vezes, cabe ao psicólogo jurídico à confecção de laudos, pareceres e relatórios que possam assessorar os procedimentos jurídicos, principalmente o juiz. Entretanto os psicólogos não tem poder de decisão, mas realizam avaliações psicológicas e dão pareceres em questões jurídicas.
4. Como o psicólogo jurídico pode contribuir com o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente?
R. Atualmente a Psicologia Jurídica não se restringe na elaboração de psicodiagnóstico, está presente em quase todos os Tribunais de Justiça do país incluindo organizações que integram os poderes Judiciário, Executivo e o Ministério Público, em várias áreas de atuação: Varas de Família, Infância e Juventude, Práticas de adoção, Conselhos Tutelares, prisões, abrigos, unidades de internação, entre outras.
 	Com a contribuição de psicólogos, dentre outras atividades, são resolvidos conflitos familiares, realizadas adoções, solucionadas disputas de guarda, atendidos adolescentes em conflitos com a Lei, entre outros meios que podem contribuir para a garantia de direitos da criança e do adolescente.
5. Como a atuação do psicólogo é recebida pelos profissionais do Direito e da Assistência Social?
 	A partir dos anos 2000 os psicólogos passaram a ser parte importante das politicas publicas e assistenciais do Brasil, que anteriormente eram basicamente atendidas por profissionais da Assistência Social. Mas, ao meu ver, a receptividade dos Assistentes Sociais para conosco foi extremamente satisfatória. Há uma interdisciplinaridade no trabalho, o que o torna bastante produtivo.
 	Em relação aos profissionais da área do Direito, muitas vezes tem-se o desconhecimento da função e relevância da Psicologia Jurídica, que é uma área relativamente recente no Brasil. Geralmente o jurista visualiza o direito a partir de concepções estritamente legalistas, mas a grande maioria já tem aceitado e assimilado bem a atuação do profissional da psicologia jurídica.
6. Como o psicólogo pode lidar com as idealizações e exigências dos pais que desejam o filho ideal partindo para o filho possível?
R. O processo de avaliação psicológica normalmente é feito em forma de entrevista psicológica, onde o profissional saberá o número necessário de encontros, que pode variar entre um ou mais, onde são verificados estrutura familiar dos requerentes, comportamento, pensamentos, crenças, inseguranças, medos, preconceitos, se as expectativas condizem com a realidade, perfil da criança desejada, os motivos deste perfil, o que pensam da paternidade, maternidade e educação e a motivação verdadeira (inconsciente) que leva o requerente a pleitear a adoção, que deve ser baseada em cima de um desejo legítimo de ter um filho, não por outros motivos, como companhia, caridade ou filho “salvação”. Filho não deve ser visto como companhia, ele é quem precisa de companhia e cuidados; caridade é algo pontual e um filho é para vida toda, é uma relação fortíssima que irá se estabelecer durante a vida toda, assim como na parentalidade biológica e para “salvação” seria muito cruel usar um ser indefeso para “salvar” a vida dos outros, isso não se iniciaria de modo saudável.
O psicólogo deverá utilizar técnicas de avaliação como um teste projetivo de personalidade para a análise mais aprofundada dos requentes. Eu, além das entrevistas e do teste HTP, realizava reuniões, dava palestras, acolhia as dúvidas, respondia a todas perguntas e conversávamos sobre os sentimentos que surgem no processo de “gestação emocional”, com a espera do filho adotivo, sempre explicando que o filho ideal, com todas as características desejadas por eles, provavelmente não seria possível, mas que um outro poderia satisfazer os seus anseios.
7. Como o psicólogo deve avaliar o perfil psicológico dos pais que desejam adotar, atuando de forma ética, e pensando sempre no melhor interesse da criança e/ou do adolescente?
 	R. Nas avaliações com os pretendentes a adoção, o psicólogo busca descobrir qual o real motivo para desejo da adoção, suas condições emocionais, sociais e financeiras. Como também históricos familiares e também do relacionamento do casal. Bem como sua preferência por idade, sexo e raça das crianças a serem adotada pelos pretendentes. 
 	Além do suporte fornecido aos pretendentes, juízes o psicólogo também
atua dando suporte emocional a criança ou adolescente. Estes por sua vez realizam atendimentos e orientações, visando facilitar a adaptação entre a criança e a família.

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